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ESCOLA DE ENFERMAGEM NOVA ESPERANÇA CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM ANDRÉA GOMES DOS SANTOS DAMIANA STEFFANE REGIS DA SILVA EMILLY CAROLINE GOMES DOS SANTOS SÔNIA RENATA DE ALENCAR AUGUSTO ASCARIDÍASE JOÃO PESSOA – PB 2018 ANDRÉA GOMES DOS SANTOS DAMIANA STEFFANE REGIS DA SILVA EMILLY CAROLINE GOMES DOS SANTOS SÔNIA RENATA DE ALENCAR AUGUSTO ASCARIDÍASE Trabalho apresentado à professora Maria Fernanda Rocha na disciplina de Microbiologia e Parasitologia Humana para obtenção de nota. JOÃO PESSOA – PB 2018 INTRODUÇÃO Parasitas intestinais estão entre os patógenos mais frequentemente encontrados em seres humanos. As enteroparasitoses, ou seja, parasitoses intestinais, representam, mundialmente, um sério problema de saúde pública. (Ludwing et al 1999). Elas estão relacionadas a baixos marcadores socioeconômicos, visto que tem maior incidência em países subdesenvolvidos, principalmente onde há pobreza, baixa qualidade de vida e condições precárias de saneamento básico. No Brasil, muitos estudos demonstram que essas doenças ocorrem nas diversas regiões do país, acometendo principalmente as crianças e comprometendo seu desenvolvimento devido aos problemas que elas causam, como desnutrição, retardo escolar entre outros. A Parasitose intestinal mais recorrente é a Ascaridíase, Ascariose ou Ascaridose. Essa doença é causada pelos helmintos Ascaris suinus e Ascaris lumbricoides, sendo apenas este último a infectar o ser humano e popularmente conhecido como lombriga. Morfologicamente, o macho e a fêmea possui algumas diferenças. O macho é ligeiramente menor, medindo de 15-31cm, de cor leitosa, com boca possuindo 3 lábios com serrilhas, favorecendo a lesão e fixação no intestino. Possuem esôfago, intestino retilíneo e presença de 2 espículas, órgãos acessórios da cópula. Além disso, apresentam extremidade posterior encurvada para a face ventral. As fêmeas possuem cor, boca e aparelho digestivo iguais ao macho, porém são mais robustas, medindo de 20-35cm, com extremidade posterior retilínea e reprodução sexuada (Neves 2005; Moraes 2008). Os ovos podem ser classificados em fértil, embrionário e infértil (quando não geram larvas), tem cor castanha, são grandes, ovais e possuem uma capsula espessa. Além disso, a casca do ovo é composta por três camadas, a interna, média e externa, e possui em seu interior células germinativas. Como falado inicialmente, uma vez no intestino humano, esses parasitas copulam, gerando diversos ovos que vão para as nossas fezes. Quando são depositadas em lugares impróprios, contaminam o solo e água. Ao ter contato com os ovos, o homem, como hospedeiro definitivo, é acometido pela doença que no início é assintomática, mas ao se manifestar gera diversas consequências. 1. Causas e Transmissão O agente etiológico, ou seja, o agente causador da Ascaridíase é o helminto Ascaris lumbricoides. Ele pertence ao grupo dos nematoides, fazem parte do filo Nematoda e da família Ascarididae. São caracterizados pelo seu corpo cilíndrico e por serem grandes. Seu ciclo biológico é monoxênico, ou seja, possui um único hospedeiro, o homem. Diversos estudos mostram que a prevalência de Ascaris lumbricoides está associada à regiões em que as condições de saneamento são precárias, visto que a eliminação de fezes humanas em lugares inapropriados contendo ovos de A. lumbricoides contamina o solo e a água. Dessa forma, a veiculação desse parasita se dá através da ingestão tanto de água contaminada como de alimentos não higienizados, devido a presença dos ovos. Para que os ovos de A. lumbricoides amadureçam e haja acometimento e consequente transmissão da doença, é necessário condições externas e ambientais favoráveis, como umidade, locais quentes, sombreados e com presença de oxigênio. Sendo assim, de acordo com o ciclo biológico do parasita, no meio externo acontece no ovo o amadurecimento da larvas em três estágios: L1, L2, e L3. Quando estabelecida a forma L3 nos ovos, se tem a larva que constitui a forma infectante da doença. Assim, quando há ingestão de alimentos ou água contaminados com esses ovos, há o rompimento deles através de fatores fisiológicos fornecidos pelo próprio hospedeiro, como pH, temperatura e concentração de CO2, liberando assim as larvas L3 no intestino delgado. Elas atravessam a parede intestinal atingindo o fígado através da circulação, depois o coração e finalmente os pulmões onde se transformam em L4, rompem os capilares, caem nos alvéolos e se transformando em L5. Assim chegam na arvore brônquica e posteriormente na faringe e traqueia, onde podem ser reingeridas ou expelidas. Se houver deglutição, ou seja, se forem novamente ingeridas, chegam no intestino delgado, e após um período de tempo amadurecem se tornando vermes adultos. No jejuno acontece a cópula entre o macho e a fêmea, que chega a depositar cem mil ovos por dia. Esses ovos vão para as fezes do hospedeiro (homem), que se forem depositadas em lugares inapropriados podem infectar água e alimentos, iniciando novamente o ciclo. Além da transmissão ocorrer através da ingestão de alimentos e água contaminadas, também pode ser por meio de irrigação, poeira, solo contaminado, uma vez que crianças, sendo as principais afetadas, brincam nesse tipo de local, sujando as mãos e objetos que possivelmente levará a boca, acontecendo assim a ingestão dos ovos. Ela também é favorecida pela dispersão de ovos por ventos, chuvas e insetos. 2. Sintomas Inicialmente a Ascaridíase é assintomática, porém a intensidade dos sintomas depende da quantidade de parasitas presente no intestino. Os sintomas mais fortes são os respiratórios, gastrointestinais e alérgicos, porém, existem sintomas característicos de acordo com o órgão ao qual foi atingido e o tipo de infecção, que pode ser moderada, intensa e crônica. As larvas estão associadas aos sintomas referentes as lesões hepáticas e pulmonares, enquanto os vermes adultos estão associados a (1) ação tóxica, produzindo enzimas que podem causar danos, (2) espoliadora, pois o hospedeiro serve de abrigo e fonte de alimento enquanto o parasita absorve os nutrientes e sangue e (3) mecânica, causando obstrução. Os sintomas mais comuns são os respiratórios, como tosse seca, dispneia, dor torácica, bronquite, síndrome de Loeffler (caracterizada pela presença de eosinófilos na região pulmonar), febre e hemorragias pulmonares. Os gastrointestinais estão relacionados com dor e desconforto abdominal gerando cólicas, além de vômito, náuseas, diarreia e má digestão, visto que há grande obstrução intestinal devido a presença dos vermes no intestino. Os sintomas alérgicos são dermatoses, com manchas arredondadas no rosto, tronco e braços, rinites e conjuntivites, e reações alérgicas devido a presença de células inflamatórias. Também há possibilidades de lesões hepáticas gerando hemorragias, necroses e fibrose. Outras alterações também são frequentes, como: anemias, devido à perda de sangue associada a localização do verme; retardo no desenvolvimento, desnutrição, emagrecimento e perca de apetite, devido a ação espoliativa; distensão do intestino e aumento no tamanho da barriga devido a presença de larvas. 3. Diagnóstico O método de diagnóstico mais utilizado é o laboratorial, visto que o diagnósticoclínico é mais difícil de ser obtido. O diagnóstico também pode ser obtido pela eliminação espontânea de vermes pelo reto, boca ou nariz, além de poder ser feito através de exames de imagens, como raio x, podendo ver a presença dos vermes no intestino e através de hemogramas, que evidencia o aumento da presença de eosinófilos no sangue. Quanto ao método laboratorial (parasitológico), é feito pela procura de ovos nas fezes. A técnica de Kato-Katz também se mostra bem eficiente no diagnóstico, feita através da clarificação das fezes com o auxílio de glicerina, fazendo com que os parasitas fiquem mais visíveis. 4. Tratamento O tratamento é feito através do uso de anti-helmínticos, como Mebendazol, Albendazol, Pamoato de Pirantel, Piperzazina e Flubendazol sendo os três primeiros os mais utilizados. Em alguns casos, quando há muitos vermes, é necessário cirurgia para desobstrução do intestino O Mebendazol bloqueia captação de glicose e inibe divisão celular do parasita. Sua administração deve ser feita em 100mg duas vezes ao dia, durante três dias, por via oral. O albendazol bloqueia captação de glicose do parasita, e sua administração deve ser feita em dose única de 400mg. O palmoato de pirantel é um bloqueador neuromuscular que causa paralisia no parasita. Sua administração deve ser feita de 5 a 11mg/kg/dia, por via oral e em dose única. A piperazina promove paralisia no helminto, e sua administração deve ser de 75/mg/kg/dia, durante dois duas. 5. Profilaxia A forma de profilaxia mais citada é baseada no saneamento básico, visto que a forma de veiculação da doença é através de fezes humanas infectadas que são descartadas em lugares inadequados, contaminando o ambiente. Sendo assim, investir em redes de esgoto, principalmente onde reside a população de classe social mais baixa é fundamental. Além disso, é essencial o tratamento adequado da água utilizada para consumo humano, como beber e lavar os alimentos. Outra forma de profilaxia é educar a população quanto a existência das parasitoses através de campanhas, focando em meios de prevenção para evitar o desenvolvimento da Ascaridíase, além da orientação através de profissionais de saúde sobre práticas que reforcem a higiene e limpeza, evitando insetos como moscas, visto que podem veicular ovos. Além disso, é importante uma educação sobre essa parasitose acessível para as crianças, visto que são as mais afetadas pelo Ascaris lumbricoides. Para finalizar, é essencial investimento no tratamento de pessoas já infectadas, para que assim o ciclo seja reduzido ao máximo, evitando que mais fezes contaminadas sejam depositadas em lugares inapropriados, contaminando assim outras pessoas. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Ascaridíase, causada pelo Ascaris lumbricoides, é a parasitose intestinal mais comum nos seres vivos, acometendo a população de classe social mais baixa e principalmente crianças, gerando consequências que influenciam na qualidade e evolução de vida das pessoas acometidas. Tem maior prevalência em lugares subdesenvolvidos, com deficiência nos meios de saneamento básico, sendo considerada um grande problema de saúde pública. Dessa forma, é essencial investimentos que visem a profilaxia e tratamento dessa parasitose que muitas vezes é esquecida e negligenciada, mas que é extremamente prejudicial e gera muitos danos a população. Sendo assim, é essencial a educação quanto a esse tema, visando sempre diminuir o aparecimento de novos casos e tratar os já existentes. REFERÊNCIAS NEVES D. P., Parasitologia Humana, Ed. Atheneu, 11ª ed. 2005. MORAES R. G., Parasitologia e Micologia Humana, Ed. Guanabara Koogan, 5ª ed. 2008. CIMERMAN, B., CIMERMAN, S. Parasitologia humana e seus fundamentos gerais. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. SILVA J. C., et al. Parasitismo por Ascaris lumbricoides e seus aspectos epidemiológicos em crianças do Estado do Maranhão. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v. 44, n. 1, p. 100-102, jan./fev. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v44n1/22.pdf>. Acesso em 27 mar. 2019 BARBOSA, A. et al. A educação em saúde como instrumento na prevenção de parasitoses. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 22, n. 4, p. 272- 278, out./dez. 2009. Disponível em: < https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/1048> Acesso em 28 mar. 2019 MAMUS, C. N. C., et al. Enteroparasitoses em um centro de educação infantil do município de Iretama/PR. SaBios: Revista Saúde e Biol., v. 3, n. 2, p. 39-44, jul./dez. 2008. Disponível em: <http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/sabios2/article/viewFile/129/48>. Acesso em 28 mar. 2019 FERREIRA, H., LALA, E. R., MONTEIRO, M. 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Disponível em < http://www.spp.pt/Userfiles/File/App/Artigos/32/20120530172157_Consensos_Fernand es%20S_43(1).pdf> Acesso em 01 abril 2019
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