Buscar

Direito Antigo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 121 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 121 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 121 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEORIA E HISTÓRIA 
DO DIREITO 
Direito Antigo
Introdução 
Mais antigos documentos de natureza jurídica: cerca de 
3000 a.C., por um lado no Egito, por outro na 
Mesopotâmia. É possível seguir a evolução do direito 
nessas duas regiões durante toda a antiguidade. 
Em 2000 a.C. outras regiões acordam para a história do 
direito, como, por exemplo, a Fenícia, Israel, Creta e Grécia.
Já em torno de 1000 a.C., Grécia e Roma dominam o 
cenário, até que quase todos os países citados sejam 
reunidos no Império Romano, durante os cinco primeiros 
séculos d.C. É também nessa época que a Índia e a China 
conhecem o nascimento dos seus sistemas jurídicos. 
Introdução 
É interessante lembrar que, até pouco mais de cem anos, 
não se conhecia outros direitos da antiguidade, senão os 
direitos romano, grego e hebraico. Foi só a partir de 
descobertas arqueológicas e da publicação e tradução de 
cada vez mais documentos jurídicos que se pôde 
reconstituir o desenvolvimento do direito egípcio e dos 
diferentes direitos cuneiformes.
Graças a isso, poderemos falar hoje sobre cinco sistemas 
jurídicos que muito colaboraram com o progresso do 
direito e das ciências jurídicas. 
Introdução 
1. Egito: não nos transmitiu códigos ou livros jurídicos, mas 
foi a primeira civilização da história que desenvolveu um 
sistema jurídico individualista, muito parecido como o 
direito romano clássico. 
2. Mesopotâmia: foi o país que conheceu as primeiras 
formulações do direito. Os Sumérios, os Acadianos, os 
Hititas, os Assírios, redigiram textos jurídicos que se 
podem chamar de “códigos”, chegando a formular regras 
de direito mais ou menos abstratas. 
Introdução 
3. Hebreus: situados entre o Egito e a Mesopotâmia, não 
atingiram um desenvolvimento do direito tão grande como 
os vizinhos, porém registraram na Bíblia, seu livro religioso, 
um conjunto de regras morais e jurídicas que foram 
perpetuadas não somente no seu próprio sistema jurídico 
até os dias de hoje, como também no direito canônico 
(conjunto de leis e regulamentos feitos pelos líderes da 
Igreja, como forma de guiar os cristãos quanto a seus 
direitos e deveres) e no direito muçulmano. 
Introdução 
4. Grécia: assim como o Egito, não deixou grandes legados 
jurídicos ou vastas codificações. Porém, com seus 
pensadores, em especial Platão e Aristóteles, fundou a 
ciência política, a ciência do governo, base do nosso direito 
público moderno. 
5. Roma: na época da República e em especial no tempo do 
Império, sintetizou tudo que os outros direitos da 
antiguidade haviam trazido. 
1. Egito 
A civilização Egípcia, da beira do Nilo, tem uma história de 
milhares de anos, dentro dos quais a evolução do direito, 
em especial na antiguidade, passou por fases ascendentes e 
descendentes, mais ou menos correspondentes às grandes 
oscilações de poder dos faraós. 
O conhecimento que temos do direito egípcio é baseado 
quase exclusivamente em atos de prática jurídica: 
contratos, testamentos, decisões judiciais, atos 
administrativos, etc. 
1. Egito 
Praticamente não se tem notícia de livros de direito 
escritos pelos egípcios ou de complicações de leis ou de 
costumes. No entanto, isso não significa que eles tenham 
deixado de referir a suas leis, muitas vezes sob a forma de 
“instruções” e “sabedorias” contendo os elementos da 
teoria jurídica tendentes a assegurar o respeito das 
pessoas e dos bens. 
1. Egito 
A história do Egito faraônico compreende três grandes 
períodos: Antigo Império (da III à VI dinastia – séculos 28 a 
23 a.C.); Médio Império (cujo centro é a XII dinastia – 
séculos 22 a 17 a.C); e Baixo Império (da XVIII à XX 
dinastia – séculos 16 a 11 a.C.). 
Esses três momentos compreenderam a alternância de 
períodos individualistas e de períodos feudais na evolução 
do direito das instituições egípcias. 
1. Egito 
No Antigo Império, a monarquia é única e poderosa, a 
nobreza feudal havia desaparecido. O setor administrativo 
é bastante organizado, agrupado por departamentos: 
fianças, registros, domínios, obras públicas, irrigação, culto, 
intendência militar, etc. Todos os funcionários são 
remunerados e podem ascender a funções mais altas, 
seguindo uma rigorosa carreira administrativa. 
Já o direito privado experiencia um certo individualismo, 
favorecido pelo desenvolvimento de uma economia de 
trocas. Todos os cidadãos são iguais perante o direito, com 
exceção dos prisioneiros de guerra, utilizados nas obras 
públicas e nas minas, em situação próxima à da escravatura. 
1. Egito 
Na esfera familiar tudo está em pé de igualdade, tanto 
en t re h imens e mu lhere s , quan to o s fi l hos , 
independentemente da ordem do nascimento e do sexo. 
O direito dos contratos é bastante desenvolvido, havendo 
atos de venda, de arrendamento, de doação. 
O direito penal é pouco severo, comparado a outros 
períodos da antiguidade. Praticamente não se encontra 
representação da pena de morte. 
1. Egito 
A partir do final do Antigo Império e início do Médio, 
houve um restabelecimento do regime senhorial e em 
parte feudal, com a divisão da autoridade entre os régulos. 
Formou-se uma oligarquia social baseada numa nobreza 
sacerdotal, com desenvolvimento da hereditariedade dos 
cargos e diversas formas de imunidade. 
Já no direito privado foi reforçado o poder paternal e 
marital, com desigualdade nas sucessões em razão do 
direito de progenitura e privilégio de masculinidade. 
1. Egito 
Muitas terras se tornaram inalienáveis e os contratos 
ficaram escassos.
Entra-se em um regime de economia fechada, com 
províncias se separando do poder central e um declínio 
estatal geral. 
Durante a XII dinastia se começa a assistir um 
renascimento da centralização do poder. 
A partir do século 16, e, portanto, no Baixo Império, 
reencontra-se um sistema jurídico parecido com o do 
Antigo Império, com preponderância das leis, igualdade 
jurídica dos habitantes e entre os filhos e filhas. 
1. Egito 
	
	
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
Há um lugar no mundo onde quase tudo que consideramos 
“civilizado” nasceu: o Crescente Fértil, região onde hoje está 
o Iraque, parte do Irã e de outros vizinhos. 
Esse lugar se chama “Crescente Fértil” em razão da 
fertilidade que os Rios Tigre e Eufrates davam à região, que 
parecia uma lua crescente de cabeça para baixo. 
Foi nesse pedaço do mundo que o homem dividiu as horas, 
os minutos e os segundos em sessenta, fez tijolos, ergueu 
com eles grandes construções, criou a jardinagem, inventou o 
Estado e o governo, fez as primeiras escolas, inventou a 
cerveja.
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
Mas a maior invenção dessa gente da Mesopotâmia foi 
passar para uma superfície símbolos que expressavam 
ideias, ou seja, a escrita. O tipo de escrita por eles 
inventada se chama cuneiforme.
Por que cuneiforme? 

Dá-se esse nome de “direitos cuneiformes” ao conjunto 
dos direitos da maior parte dos povos do Próximo 
Oriente que se serviram de um processo de escrita, 
parcialmente ideográfico, em forma de cunha ou prego.
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
Não é de espantar, portanto, que tenham sido essas as 
primeiras pessoas a terem leis escritas em códigos. 
É importantíssimo lembrar, no entanto, que não há um 
direito cuneiforme único, e sim um conjunto de sistemas 
jurídicos, de diferentes períodos e regiões, apresentando 
uma certa unidade: direitos das diversas regiões da 
Suméria, da Acádia, da Babilônia, da Assíria, dos Hititas, 
dentre outros. 
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
É claro que há códigos que se destacaram, como o Código 
de Hammurabi. Porém, ainda que tenha sido o mais famoso 
de todos, é interessante falar um pouco sobre as 
características das leis escritas que vieram antes.Na região da Suméria, a lei e a justiça eram conceitos 
fundamentais, que impregnavam a vida social e econômica 
tanto na teoria quanto na prática. Nos últimos séculos 
foram encontradas milhares de pequenas tábuas contendo 
documentos de ordem jurídica, como contratos, atos, 
testamentos, recibos, notas promissórias. 
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
Para que se tenha uma ideia do direito privado, o divórcio 
era realizado por meio de decisão judicial e poderia 
favorecer qualquer um dos cônjuges. O adultério era um 
delito, porém sem consequências se havia o perdão do 
marido. O filho que renegasse o pai poderia ter a mão 
cortada ou ser vendido como escravo. A esposa era 
responsável pelas dívidas do marido. 
Já no campo penal, as leis muitas vezes possibilitavam 
substituir a Pena de Talião por multas ou indenizações 
legais. 
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
A Babilônia de Hammurabi
Embora a Babilônia mais famosa seja a do rei 
Nabucodonossor, por ter participado da história dos 
Hebreus contada na Bíblia, a história da região é pré-Cristã 
e, cerca de mil anos antes, contou com a ascensão ao poder 
de Hammurabi, um rei com imensa habilidade política de 
alianças, que dobrou o território recebido do seu pai. 
Hammurabi construiu um grande império, abrangendo 
diversas outras regiões da Mesopotâmia, e não apenas 
angariou terras, como foi um exímio administrador. 
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
Em seu território havia diversos povos, línguas, raças e 
culturas. Para exercer seu poder sobre todos, criou 
mecanismos de unificação por meio de três elementos: a 
língua, a religião e o direito. 
A língua oficial se tornou o acádio, acordou-se a existência 
de um panteão de deuses e o Código de Hammurabi foi 
feito a partir da legislação precedente. Ele foi amplamente 
aceito e utilizado. Para que se tenha uma ideia, mil anos 
depois ele ainda era aplicado. 
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
Com Hammurabi se teve, além da criação do Código, uma 
reorganização da justiça: o poder judiciário, anterior ao 
reinado de Hammurabi, era exercido nos templos pelos 
sacerdotes em nome dos deuses. Na Babilônia, desde o 
início da I dinastia, começaram a ser organizados, parecido 
com o que já havia na Suméria, tribunais civis diretamente 
dependentes do soberano. Hammurabi conferiu à justiça real 
supremacia sobre a justiça sacerdotal; deu-lhe uniformidade 
de organização e regulamentou cuidadosamente o 
processamento das ações, compreendendo a propositura, o 
recebimento ou não pelo juiz, instruções sobre a tomada de 
depoimento de testemunhas, a sentença; foi estabelecida 
uma organização judiciária que incluía até o ministério 
público e um direito processual. 
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
A sociedade no período era dividida em três estratos: 
1) awilum: constituído pelos homens livres, com direitos 
de cidadãos; 
2) muskênum: classe intermediária, composta por 
funcionários públicos; 
3) escravos: formado por prisioneiros de guerra. 
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
Alguns Pontos do Código de Hammurabi… 
Escrito em uma pedra, por volta de 1	 792 a.C., é um 
conjunto de leis com 282 artigos.
	
	
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
a) Pena de Talião – Art. 229. Se um construtor edificou 
uma casa para um awilum, mas não reforçou seu 
trabalho, e a casa que construiu caiu e causou a morte 
do dono da casa, este construtor será morto. 
Obs. É na Bíblia que encontramos a expressão “olho por 
olho, dente por dente”.
No Brasil há o crime de exercício arbitrário das próprias 
razões para quem quiser fazer justiça pelas próprias mãos 
(art. 345 CP).
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
b) Roubo e receptação – Art. 6º. Se um awilum roubou 
um bem de propriedade de um deus ou do palácio, esse 
awilum será morto, e aquele que recebeu de sua mão o 
objeto roubado será morto.
No Brasil há uma divisão para as duas condutas: para quem 
rouba, a pena será de 4 a 10 anos de reclusão mais multa 
(art. 157 CP); já para quem recebe a mercadoria roubada, 
será de 1 a 4 anos de reclusão mais multa (art. 180 CP).
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
c) Estupro: o estupro era previsto apenas e tão somente 
para as chamadas “virgens casadas”, ou seja, para as 
mulheres que ainda não coabitavam com os maridos. Para 
o homem livre que praticasse o estupro, a pena seria a 
morte. 
Art. 130. Se um awilum amarrou a esposa de um (outro) 
awilum que (ainda) não conheceu um homem e mora na 
casa de seu pai, dormiu em seu seio, e o surpreenderam, 
esse awilum será morte, mas a mulher será libertada.
No Brasil, qualquer mulher pode ser vítima de estupro, 
inclusive a prostituta. O art. 213 do CP estipula uma pena de 
reclusão de 6 a 10 anos. Se do estupro resultar gravidez, há a 
possibilidade de aborto. (art. 128, II, CP). 
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
d) Adultério: o crime de adultério era cometido somente 
pela mulher casada e não pelo homem. Caso um homem 
saísse com uma mulher casada, ela seria acusada de 
adultério e ele de cúmplice de adultério. 
Já se o homem casado saísse com uma mulher solteira, não 
havia crime, pois na Babilônia o concubinato era admitido. 
O marido traído poderia perdoar a mulher, caso em que ela 
não seria morte, nem seu cúmplice. 
Art. 129. Se a esposa de um awilum for surpreendida 
dormindo com outro homem, eles os amarrarão e lançarão 
n’água. Se o esposo deixar viver sua esposa, também 
deixará viver o seu servo.
2. Mesopotâmia e os Direitos 
Cuneiformes 
No Brasil, durante mais de 60 anos, tanto o homem quanto a 
mulher poderiam ser acusados de adultério. No entanto, o 
adultério foi revogado pela Lei nº 11.106/05 e, atualmente, não 
é crime, podendo apenas causar dissolução do casamento. 
3. Direito Hebraico 
Os Hebreus são um povo de origem semita que vivia na 
Mesopotâmia (entre os rios Tigre e Eufrates no Crescente 
Fértil) no final do segundo milênio a.C. Por esta época 
iniciaram um deslocamento que terminou por volta do 
século XVIII a.C., na região da Palestina.
A terra dos Hebreus tem o Mediterrâneo de um lado, o 
deserto de outro e a qualidade de ter sido local de 
passagem entre a África (Egito) e a Ásia (Mesopotâmia).
3. Direito Hebraico 
Os Hebreus, como a maioria dos povos da região, eram 
agricultores-pastores. Viviam do pastoreio de ovelhas e 
cabras e do plantio de uvas, trigo e outros produ tos. 
Além disso, é um povo que tem no comércio uma grande 
presença, em especial nos períodos de Davi e Salomão, 
tendo em vista que a região que habitam pe uma 
encruzilhada nas rotas da Mesopotâmia, Egito, Mar Vermelho 
e deserto. 
O seu grande diferencial dos demais povos estava no fato de 
serem monoteístas, ou seja, de acreditarem em um deus 
único. Essa característica marca toda a história do povo, bem 
como toda e qualquer produção cultural. 
3. Direito Hebraico 
A história dessas pessoas pode ser acompanhada pela 
Bíblia, no Antigo Testamento, que reúne a Torá (ou a Lei), os 
Profetas e os Escritos. O Novo Testamento inclui a história 
(e os ensinamentos) de parte dos Hebreus que 
acreditaram que Jesus é o Messias que o Antigo previa. 
Este relacionamento é de tal modo intrincado que não se 
pode compreender esse povo sem entrever a interferência 
de Deus em suas vidas. Para eles, Deus escolhia os líderes, 
o lugar onde ficariam, dava fartura ou não. Deus, 
dependendo do merecimento do povo, dava a vitória ou a 
derrota na guerra.
3. Direito Hebraico 
Para os hebreus, o direito é dado por Deus a seu povo. Há 
o estabelecimento de uma aliança entre Deus e o povo 
dito escolhido. O direito é, portanto, imutável; cabe apenas 
a Deus modificar – ideia reencontrada no direito canônicoe no direito muçulmano. Os intérpretes – rabinos – podem 
interpretá-lo para adaptá-lo à evolução social, mas não 
podem jamais modificá-lo. 
Não é de estranhar, portanto, que para este povo a lei 
tenha sido inspirada por Deus e ir contra ela seria o 
equivalente a ir contra Deus. Então, o leigo e o divino 
interagem de tal modo que pecado e crime se confundem.
3. Direito Hebraico 
Por volta de 1800 a.C., fortes secas obrigaram os Hebreus 
a saírem da Palestina em direção ao Egito. Nessa época, um 
povo chamado Hicsos, tentava conquistar as planícies do 
Nilo; não se sabe se os Hebreus enfrentaram ou se aliaram 
aos hicsos; sabemos, entretanto, que em 1580 a.C., depois 
da expulsão destes, os Hebreus passaram a ser 
perseguidos no Egito, passando a pagar pesados impostos e 
chegando até mesmo à escravidão. 
3. Direito Hebraico 
Moisés lideraria esse povo, aproximadamente em 1250 a.C., 
de volta à Palestina, em um episódio chamado êxodo, ou 
fuga. Conta a Bíblia que Moisés teria sido criado por uma 
princesa egípcia que o havia encontrado em uma cesta 
boiando no rio e que, após chegar à idade adulta, teria 
tomado consciência de suas raízes hebraicas e, depois de um 
exílio, teria voltado ao Egito para liderar a libertação dos 
Hebreus. 
Antes de chegarem à Palestina, segundo a Bíblia, os Hebreus 
teria passado quarenta anos no deserto e aí teriam forjado, 
sob a liderança de Moisés, toda a base de sua civilização, 
inclusive suas leis. Sua base moral está prevista nos 10 
mandamentos pronunciados por Deus. 
3. Direito Hebraico 
Formação do Direito Hebraico – da Legislação 
Mosaica aos Dias de Hoje: A tradição indica Moisés 
como autor do Pentateuco, portanto autor do 
Deuteronômio, das chamadas Leis Mosaicas. Esta obra 
deverá ter então a idade de seu criador e deverá ser datada 
no século XIII a.C. Mas os anos de 586 a.C. e seguintes 
foram primordiais também para a formação de uma 
legislação “extra mosaica”. 
Em 586 a.C., após um cerco que durou mais de um ano, o 
rei da Babilônia, Nabucodonossor, conquistou o reino dos 
hebreus e estes foram levados – em número pequeno, mas 
significativo, visto que representavam a elite social e religiosa 
da nação – para a Babilônia, como escravos. 
3. Direito Hebraico 
Este cativeiro foi ponto de partida para um direito 
hebraico novo, oral, visto que ao entrarem em contato 
com diversas culturas diferentes e fortes (notadamente 
persas, gregos e romanos) os hebreus sentiram a 
necessidade de afirmar sua cultura, ao mesmo tempo que 
procuraram adaptá-la dentro dos parâmetros das 
influências que estavam recebendo. Esse processo, iniciado 
na Babilônia, somente iria terminar 900 anos mais tarde. 
3. Direito Hebraico 
Principal pena prevista pela Torá
Lapidação: morte por apedrejamento. Reebiam esta pena 
os feiticeiros, os filhos rebeldes, as prostitutas e as 
mulheres adúlteras. 
O Brasil não admite a pena de morte, como regra geral. 
Há, no entanto, uma exceção prevista na CF, no art. 5º, 
XLVII, “a”. Caso ela ocorra, o meio de execução será o 
fuzilamento (art. 707 do Código Penal Militar). 
3. Direito Hebraico 
OBS. Individualização das Penas
“Os pais não serão mortos no lugar dos filhos, nem os filhos 
em lugar dos pais. Cada um será executado por seu próprio 
crime.”
Este princípio que individualiza as penas minimiza a ação do 
princípio da pena de Talião entre os Hebreus, fazendo com 
que aplicações da Pena de Talião como no caso visto em 
Hammurabi – que o filho do construtor morre por causa da 
casa que o pai fez, que ao cair matou o filho do dono da casa 
– não sejam possíveis.
Depois dos Hebreus, praticamente só no século XVIII d.C. 
vamos encontrar a aplicação deste princípio tão lógico e 
valoroso. 
4. Direito Grego 
Na Antiguidade, “Grécia” não indica um nome de um país ou 
de uma unidade política. Por suas condições geográficas, 
Grécia significava uma região. 
4. Direito Grego 
Quando se fala em Grécia, pode-se também falar em uma 
certa unidade cultural, com deuses, dialetos e alguns 
hábitos em comum. Portanto, compreender essa “não 
unidade” que era a Grécia significa buscar a compreensão 
do que seria uma cidade-Estado.
A cidade não tinha o significado que tem hoje. Cidade era 
a associação religiosa e política das famílias e das tribos. 
Era na cidade que o coração e a vida se centravam e o 
território era somente um apêndice. O Estado ateniense, 
por exemplo, compreendia todos os indivíduos livres que 
viviam em Atenas e mais todos aqueles que viviam nos 
territórios da Ática – região a qual pertencia Atenas.
4. Direito Grego 
Comum a todas as cidades-Estado gregas era a crença – 
independente dos regimes políticos a que se submetiam – 
de que na cidade-Estado governavam não os homens, mas 
as leis. A legitimidade da “lei consuetudinária para os 
gregos decorria da atividade venerável que lhe era 
atribuída em forma histórica ou, com maior frequência, 
miticamente. 
4. Direito Grego 
Entre os séculos VIII e VII a.C. as cidades gregas 
conheceram um grande desenvolvimento. Esse progresso 
gerou a queda das monarquias e o início de turbulências 
sociais que acabaram por produzir legislações e famosos 
legisladores.
Eram numerosas as cidades-Estado, assim como 
numerosos eram os legisladores, que, em diferentes 
momentos históricos se sobressaíam individualmente. 
Entretanto, duas cidades se apresentaram como as mais 
intrigantes, juridicamente falando: Esparta e Atenas. 
4. Direito Grego 
ESPARTA
Foi uma das primeiras cidades-Estado, fundada no século IX 
a.C., por invasores dórios nas margens do rio Eurotas, na 
Planície da Lacônia. 
Quanto à sua sociedade, Esparta apresentava três camadas 
sociais:
- Esparciatas: eram os dórios, guerreiros que recebiam 
educação militar especial;
- Periecos: eram os aqueus, tinham boas condições materiais 
de vida, mas nenhum direito políticos;
- Hilotas: eram escravos de propriedade do Estado, não 
tinham proteção da lei e sua condição humana era uma das 
mais insuportáveis de todo o mundo antigo. 
4. Direito Grego 
Embora se possa, à primeira vista, subentender que os 
esparciatas estariam em uma situação privilegiada na 
sociedade, que sua vida seria tranquila, o formato 
extremamente militarista da sociedade e da ideologia do 
Estado fazia com que, não obstante não precisassem calejar 
suas mãos com um arado, o cotidiano não fosse nada 
sereno. 
Para que se tenha ideia do ponto a que o militarismo 
chegava, convém descrever a “educação espartana”, termo 
até hoje empregado com o sentido de rigidez extrema. 
4. Direito Grego 
Desde a primeira infância, o esparciata era educado para 
viver para o Estado. Um bebê, se julgado saudável por uma 
comissão especial de anciãos, estava imediatamente sob 
supervisão pública. As crianças que não eram aprovadas por 
este julgamento eram enjeitadas pelo governo e acabavam 
ou morrendo ou sendo acolhidas por algum hilota de bom 
coração.
Até os sete anos a criança recebias cuidados de sua mãe e 
de amas especiais do governo. Aos 7 os meninos eram 
afastados de suas famílias e integravam um grupo militar 
comandado por um jovem esparciata, onde marchavam, 
faziam ginástica e aprendiam alguma coisa de música e 
leitura. 
4. Direito Grego 
Dos 12 aos 17 anos, esses meninos deviam ir para o 
campo, onde teriam de se sustentar pelo próprio esforço. 
Eles comiam alimentos preparados por eles mesmos e 
duas camas eram uma forragem de palha recolhida às 
margens do rio Eurotas. Constantemente participavam de 
competições populares e de ginástica. 
Com o intuito de desenvolver a independência desses 
meninos, eles eram incentivados a roubar, principalmente 
alimentos. Entretanto, se mal sucedido, o garoto era 
impiedosamente surrado. Veja-se que a surra não era pelo 
roubo, e sim por ter sido pego.4. Direito Grego 
Aos 17 anos o rapaz passava pela Kriptia, que consistia em 
se esconder no campo, munido de punhais, para à noite 
degolar quantos escravos conseguisse. Quem passasse por 
essa prova era considerado adulto, recebia um lote de 
terra e ia viver no quartel, onde recebia uma refeição por 
dia ao final da tarde.
Os esparciatas não podiam se casar até os 30 anos, podiam 
apenas morar junto. Quando atingida a idade, podiam, além 
de casar, participar da Assembleia e deixar o cabelo 
crescer. 
4. Direito Grego 
Aos sessenta, aposentavam-se do exército e podiam tomar 
parte do Conselho de Anciãos. 
As meninas, por sua vez, recebiam praticamente o mesmo 
tratamento físico, porém com o objetivo de se tornarem 
boas mães de esparciatas. As mulheres de Esparta tinham 
mais liberdade do que as mulheres de outras cidades-
Estado da Antiguidade, podendo receber herança e 
enriquecer com o comércio, que era uma atividade 
proibida aos homens.
4. Direito Grego 
A partir do século VII a.C., a economia de Esparta se 
transformou, surgindo uma vasta propriedade estatal no 
lugar das antigas propriedades coletivas. Esta propriedade 
se dividia em cerca de 8 a 9 mil lotes, chamados cleros. Os 
lotes eram distribuídos entre os guerreiros dórios, que não 
as podiam ceder ou vender. O estado tinha a posse legal e 
o cidadão (esparciata) o seu usufruto. Para o trabalho 
nessa terra, o Estado emprestava seis escravos por lote, os 
quais também eram propriedade sua. 
4. Direito Grego 
Os periecos se dedicavam à agricultura e, um pouco, à 
criação de pequenos animais, ao artesanato, à mineração 
de ferro e ao comércio. Eles tinham a propriedade de suas 
terras, porém estas eram sempre da periferia, não das 
melhores. 
Quanto à política, a partir desse período, também se 
tornou extremamente conservadora. O poder passou a 
ser monopolizado pelo Conselho de Anciãos, 28 gerontes, 
cidadãos acima dos 60 anos, que tinham cargo vitalício e 
eram escolhidos por aclamação na assembleia. 
4. Direito Grego 
Esse Conselho escolhia o poder executivo: os Éforos, cinco 
magistrados com madato de um ano que tinham por 
função cuidar da educação das crianças esparciatas, 
fiscalizar a vida pública e julgar os processos civis. 
Fica claro que, culturalmente, a Esparta desse período 
tinha como característica cultural marcante o militarismo 
levado às últimas consequências. 
4. Direito Grego 
A esse militarismo se somava um esforço de manutenção 
do seu modo de vida, do status quo. Eles foram 
plenamente vitoriosos nesse sentido, gerando por séculos 
a sociedade provavelmente mais imóvel da história. 
Isso ocorria muito em razão de três características dos 
espartanos largamente incentivadas pelo Estado: a 
xenofobia (aversão a pessoas estranhas e a tudo que venha 
de outro lugar); xenelasia (impedimento da estadia de 
estrangeiros); e o laconismo (falar só o mínimo necessário, 
utilizando o mínimo de palavras possível).
4. Direito Grego 
ATENAS
Atenas se localiza na Península de Ática e se estende pelo 
mar na direção leste. É uma cidade separada do resto da 
Grécia por montanhas muito altas, ainda que de fácil 
acesso. Sua localização geográfica a protegeu de invasões, 
especialmente dos Dórios, e facilitou sua vida política, uma 
vez que a região favorecia a união de considerável 
território em torno de um centro político.
No século VIII a.C. a economia de Atenas era, basicamente, 
rural. Porém, as atividades artesanais e comerciais estavam 
em crescimento, ultrapassando os limites da região.
4. Direito Grego 
Com o desenvolvimento comercial, os agricultores que 
possuíam terras pouco férteis junto às montanhas se 
viram, cada vez mais, em situação difícil, pois a importação 
de cereais, aliada a algumas crises climáticas, aumentavam 
sua concorrência, gerando um endividamento para os 
eupátridas – que, além de monopolizar o poder, 
monopolizavam também as melhores terras, possuindo-as 
em latifúndios cultivados por rendeiros os escravos.
Este endividamento gerava não apenas a perda de terras, 
como também, caso houvesse a penhora do próprio corpo, 
escravidão por dívida. 
4. Direito Grego 
Os eupátridas monopolizavam o poder, tanto quando ainda 
existia um rei, quanto quando passaram a governar 
sozinhos, formando uma oligarquia. 
À medida em que o tempo passava, a situação de 
empobrecimento dos agricultores piorava, somando-se à 
insatisfação de comerciantes e artesãos que se tornavam 
cada vez mais ricos e desejavam participar da vida política. 
4. Direito Grego 
A oligarquia estava, portanto, situada entre dois problemas: 
de um lado, novos ricos querendo participar do governo 
que lhes era vedado; de outro, pobres exigindo o fim da 
escravidão por dívida e a repartição das grande 
propriedades. Os insatisfeitos formaram o Partido Popular 
e o governo oligárquico o Partido Aristocrático.
A crise era grave em razão de a aristocracia não ter mais o 
monopólio das armas. Com a chegada de armas mais 
baratas, os pobres puderam se armar e exigir a 
participação no exército.
4. Direito Grego 
No meio dessa luta entre os dois partidos, um aristocrata 
tentou (sem sucesso) tomar o poder à força, a reação do 
Partido Popular foi imediata e a oligarquia se viu obrigada a 
oferecer reformas para acalmar os ânimos. 
4. Direito Grego 
Drácon
Surgiram os legisladores, os primeiros a redigirem leis em 
Atenas, em torno de 621 a.C. O primeiro foi Drácon, 
famoso até hoje pela severidade das leis, tanto que até hoje 
a palavra “draconiano” significa algo que é muito rigoroso 
ou drástico. 
Essa severidade pode ser compreendida pelo fato de 
Drácon ser eupátrida, o que fazia com que conservasse os 
sentimentos da sua casta e o vínculo com um direito 
religioso. Não parece que ele tenha feito outra coisa senão 
passar para escrito os antigos costumes, sem alterá-los. 
4. Direito Grego 
Sua primeira lei era “honrar os deuses e os heróis e 
oferecer-lhes sacrifícios anuais sem nos afastarmos dos 
ritos seguidos pelos antepassados”.
Ao não criar nenhuma novidade, Drácon reproduziu o 
direito ditado por uma religião implacável, que via em todo 
erro uma ofensa às divindades e em toda ofensa às 
divindades um crime odioso. Assim, quase todos os crimes 
eram passíveis de pena de morte. 
4. Direito Grego 
Sólon
Embora as leis de Drácon tenham reconhecido uma 
existência legal aos cidadãos e indicado o caminho da 
responsabilidade individual, ele não atingiu – até por nem 
ser sua intenção – os problemas econômico-social e 
político da região. Dessa forma, pouco tempo depois o 
Partido Popular voltou a exigir reformas.
Em 594 a.C. foi indicado um novo legislador, chamado 
Sólon. Sólon era aristocrata de nascimento e comerciante 
de profissão, tendo cabeça de comerciante e assim 
legislando. 
4. Direito Grego 
Pode-se afirmar que suas leis trouxeram uma grande 
revolução social. A eunomia – igualdade de todos perante a 
lei – está presente em todos artigos escritos por ele, sem 
distinção entre eupátridas e não-eupátridas.
Sua reforma atingiu toda a estrutura do Estado Ateniense, 
política, social e economicamente.
Foi a legislação de Sólon que preparou Atenas para ser a 
potência econômico-comercial que foi, indicando um 
incentivo ao desenvolvimento comercial e industrial que 
fariam dela a principal e mais poderosa cidade-Estado da 
região. 
4. Direito Grego 
Para melhorar e simplificar as transações comerciais, Sólon 
dotou Atenas de um padrão monetário fixo e incentivou a 
exploração das minas de prata, para que a cidade tivesse 
uma melhor e maior circulação monetária. Além disso, 
instituiu um sistema de pesos e medidas único. 
Além disso, para minimizar os efeitos da crise política, Sólon 
concedeu anistia geral, estando perdoados os crimes 
políticosde todos que tivessem cometido um. Também 
suavizou a legislação draconiana, buscando apaziguar os 
ânimos exaltados da cidade. 
4. Direito Grego 
Ainda limitou o direito de herança dos primogênitos, 
sendo todos os filhos homens passíveis de recebê-la. As 
filhas mulheres não recebiam nem se fossem a única 
herdeira. 
E, para atingir definitivamente o problema que gerava a 
revolta do povo, o legislador decretou a suspensão dos 
marcos de hipoteca, a devolução das terras aos antigos 
proprietários e, principalmente, proibiu a escravização por 
dívidas em Atenas. 
4. Direito Grego 
No Brasil, a exemplo das leis de Drácon, temos as seguintes 
listas:
- Lista Draconiana de Maus Pagadores (lista do SPC e 
Serasa)
- Lista Draconiana dos culpados dos delitos – “rol dos 
culpados” no Direito Processual Penal. 
A instituição, na sociedade ateniense, da eunomia (igualdade 
de todos perante a lei), deu um passo importante no 
reconhecimento da cidadania, ao dizer “Todo homem livre, 
domiciliado em território ático, será considerado como 
cidadão ateniense”.
No Brasil a eunomia está presente no art. 5º da CF: “Todos 
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. 
Princípio da Igualdade.
5. Roma e o Direito Romano 
A história de Roma, hoje em dia, é muito pouco conhecida 
por nós. Há quem pense que os romanos eram apenas 
uma civilização violenta e há uma maioria que não sabe 
que no nosso DNA cultural há muito de lá. 
Somos romanos quando falamos, pois nossa fala vem do 
latim; somos romanos na nossa noção urbana, na nossa 
literatura, na política e na administração; somos romanos, 
principalmente, quando falamos em Direito e fundamos 
nossa sociedade em um Estado de Direito, Direito este 
sistematizado pelos romanos antigos. 
5. Roma e o Direito Romano 
“A importância do Direito Romano para o mundo atual 
não consiste só em ter sido, por um momento, a fonte ou 
a origem do direito: esse valor foi só passageiro. Sua 
autoridade reside na profunda revolução interna, na 
transformação completa que causou em todo nosso 
pensamento jurídico, e em ter chegado a ser, como o 
Cristianismo, um elemento da Civilização Moderna.” 
(VON IHERING, Rudolf. História de Roma. Petrópolis: Vozes, 
1968, p. 254)
5. Roma e o Direito Romano 
Juridicamente falando, a importância do estudo do Direito 
Romano fica muito clara quando o comparamos com o 
nosso Direito Civil. Cerca de 80% do nosso código se 
baseia direta ou indiretamente nas fontes jurídicas 
romanas. 
Antes de iniciarmos o estudo da história e das instituições 
romanas, ressalta-se duas características básicas desse 
povo, importantes de se ter em mente: 
5. Roma e o Direito Romano 
(i) a primeira é o fato de tudo sobre Roma ser enorme, 
superlativo. Roma conquistou toda a volta do 
Mediterrâneo, a ponto de chamá-lo de “mare 
nostrum” (nosso mar). Roma, império, conquistou quase 
que toda a Europa. Roma, cidade, chegou a ter mais de um 
milhão de habitantes por volta do século I;
(ii) A segunda é o fato de os romanos terem uma visão 
bastante elevada, quase arrogante, de si mesmos. 
Consideravam-se destinados a serem “caput mundi”, a 
cabeça do mundo. Sua vaidade estava em buscarem estar 
eternos através da história.
Mapa de Roma na Antiguidade
Mapa do Império Romano no seu ápice 
(117 d.C.)
5. Roma e o Direito Romano 
1. História de Roma: Divisão Política
Para que o Direito seja compreendido, há de se passar, 
ainda que superficialmente, pelo estudo de alguns 
conceitos e nomes referentes às Instituições Políticas dos 
diferentes momentos da história de Roma. 
A história se divide em: Realeza (da fundação de Roma a 
510 a.C.); República (de 510 a.C. a 27 a.C.) e Império (de 
27 a.C. até a morte de Justiniano em 566 d.C.). O Império 
ainda se subdivide em Alto Império (de 27 a.C. a 284 d.C) 
e Baixo Império (de 284 d.C. até a morte de Justiniano); 
esta subdivisão se baseia no absolutismo do imperador, 
que era menor no Alto Império e incondicional no Baixo. 
5. Roma e o Direito Romano 
1.a) A Realeza e suas instituições políticas: 
Segundo a mitologia romana, Roma teria sido fundada 
Rômulo, irmão gêmeo de Remo. Conta a lenda que os 
gêmeos eram filhos de Marte, deus da guerra, e da mortal 
Reia Sílvia, filha do rei Numitor. O irmão do rei teria dado 
um golpe de estado, feito de Numitor seu prisioneiro e 
condenado Reia à castidade, para que não houvesse 
descendentes da linhagem. Porém, Marte teria gerado com 
Reia os gêmeos Rômulo e Remo. Para salvar as crianças, 
estas foram colocadas em uma cesta e lançadas no Rio Tibre. 
A correnteza teria os arremessado à margem do rio, onde 
uma loba teria os encontrado, amamentado e cuidado deles 
até que fossem achados por um pastor, de nome Fáustulo, 
que, junto à sua esposa, os criou como filhos. 
5. Roma e o Direito Romano 
A fundação da cidade data de 753 a.C. Nos séculos 
seguintes, assim como as outras cidades-Estado da região, 
Roma foi governada por um rei. 
A realeza de Roma era vitalícia, mas não era hereditária. A 
escolha do próximo rei ficava a cargo das assembleias, 
chamadas Comícios Curiatos, a partir de um nome 
proposto pelo Senado. O rei era, então, investido do 
“imperium”, um poder total, que abrangia os âmbitos civil, 
militar, religioso e judiciário. 
5. Roma e o Direito Romano 
O rei era juiz supremo, não havendo apelação contra suas 
sentenças. 
O Senado vem da palavra “senis”, que significa ancião. No 
final da realeza o senado era composto por trezentos 
membros, que atuavam como conselheiros do rei. Eles 
atuavam apenas quando solicitados e o rei não era 
obrigado a seguir o que diziam.
Já os Comícios Curiatos eram reuniões de todos os 
homens considerados como “povo”, ou seja, os patrícios e 
os clientes, ficando de fora os plebeus e os escravos. 
5. Roma e o Direito Romano 
Para que se compreenda cada uma dessas divisões sociais...
Patrícios: descendentes das primeiras famílias que 
povoaram Roma, eram proprietário de terras e ocupavam 
importantes cargos públicos. Estavam no topo da pirâmide 
social, eram a minoria da população, e possuíam muita 
riqueza e escravos. 
Clientes: embora livres, os clientes viviam “presos” aos 
patrícios, com o qual tinham uma forte relação de 
dependência. Tinham apoio econômico e jurídico dos 
patrícios, em troca de ajuda em trabalhos e questões 
militares. Essa classe era formada basicamente por 
estrangeiros e refugiados pobres. 
5. Roma e o Direito Romano 
Plebeus: a plebe era composta por pequenos comerciantes, 
artesãos e outros trabalhadores livres, que, juntos, 
formavam a maioria da sociedade romana. Possuíam 
poucos direitos políticos e de participação na vida religiosa. 
Escravos: camada sem direito social algum. Os escravos 
eram, na sua grande maioria, presos de guerra. Eram 
vendidos como mercadorias para patrícios e plebeus e não 
recebiam pagamento pelo seu trabalho, apenas comida e 
roupas. Executavam desde tarefas externas pesadas até 
serviços domésticos. 
5. Roma e o Direito Romano 
1.b) A República e suas instituições políticas:
Quando da fundação da República (res + publicae = coisa 
do povo), os romanos decidiram pulverizar o poder 
executivo para as mãos de muitos. A ideia era instituir 
mandatos curtos, a maioria de um ano, evitando que 
alguém pudesse ter um poder exacerbado nas mãos. 
A única instituição que continuava vitalícia era o Senado. 
Embora, nesse período, sua função principal tenha passado 
a ser cuidar de questões externas, a vitaliciedade fez com 
que possuísse uma autoridade permanente, tornando-se o 
centro do governo. 
5. Roma e o Direito Romano 
Quem detinha o poder executivo na Roma Republicana 
eram chamados de Magistrados e se dividiam em 
Magistrados Ordinários e Extraordinários, cada qual com 
suafunção específica. 
Os Magistrados Ordinários – Cônsules, Pretores, Edis e 
Questores – eram permanentes e eleitos anualmente. Os 
Extraordinários – como os censores – eram temporários e 
escolhidos somente quando havia necessidade. 
5. Roma e o Direito Romano 
Os candidatos a determinada magistratura tinham que 
obedecer a determinadas condições. Primeiramente, 
deveriam ser cidadãos plenos e, dependendo do cargo 
almejado, já ter exercido outras atividades públicas do 
“cursus honorum”.
O “cursus honorum”, ou caminho de honra, era uma escala 
de cargos que deveriam ser alcançados sucessivamente: 
primeiro a questura, depois a edilidade, a pretura e o 
consulado. As idades mínimas eram de 31 para a questura, 
37 para a edilidade, 40 para a pretura e 43 para o 
consulado. 
5. Roma e o Direito Romano 
1.c) O Império e suas instituições políticas
Durante o Império, a figura principal do governo era, 
evidentemente, o Imperador. O Imperador possuía o 
império em todos os seus aspectos: civil, militar e 
judiciário. 
As magistraturas ainda existem, mas não com o força e a 
importância que tinham antes. 
5. Roma e o Direito Romano 
O Senado continua existindo, mas cada dia com atribuições 
mais limitadas. Sua competência, porém, é ampliada para os 
terrenos legislativo, eleitoral e judicial, já que podia 
reconhecer qualquer delito, conforme a vontade dos 
senadores. 
Roma, portanto, começou como uma pequena cidade e foi 
se tornando a capital do mundo conhecido. Era uma cidade 
de agricultores que se tornaram os donos do mundo. 
A mistura com novos povos, a partir das grandes 
conquistas, foram transformando os romanos tradicionais 
em romanos cosmopolitas, mais voltados para o mundo e 
abertos a mudanças. 
5. Roma e o Direito Romano 
2. O Direito Romano
2.a. Definição e características
O Direito Romano é o conjunto de normas vigentes em 
Roma ddesde a fundação (século VIII a.C.) até Justiniano 
(século VI d.C.).
Para os romanos, a definição de direito passava por seus 
mandamentos: “viver honestamente, não lesar ninguém e 
dar a cada um o que é seu”.
5. Roma e o Direito Romano 
2.b. Períodos do Direito Romano
O Direito Romano pode ser dividido em três períodos ou 
fases de evolução: Período Arcaico (ou Pré-Clássico), 
Período Clássico e Período Pós-Clássico. 
5. Roma e o Direito Romano 
• Período Arcaico: vai da fundação de Roma, no século VIII 
a.C. até o século II a.C. Nessa época, o direito se 
caracteriza pelo formalismo, pela rigidez e pela ritualidade. 
As funções do Estado ainda eram limitadas a questões 
essenciais para sua sobrevivência, como guerra, punição 
dos delitos mais graves e observância de regras religiosas.
A família era o centro de tudo, até do Direito. Os cidadãos 
romanos eram vistos primeiro como membros de uma 
unidade familiar e só depois como indivíduos. 
5. Roma e o Direito Romano 
O mais importante marco deste período é a Lei das XII 
Tábuas, feita em 451 e 450 a.C. como resposta a uma das 
revoltas da plebe. Ela codificou regras costumeiras e, 
mesmo entrando rapidamente em desuso, foi chamada 
durante toda a história de Roma como fonte de todo o 
direito. 
5. Roma e o Direito Romano 
Alguns pontos da Lei das XII Tábuas…
Tábua IV: Pátrio Poder
“É permitido ao pai matar o filho que nasce disforme, 
mediante o julgamento de cinco vizinhos”. 

Os romanos não toleravam as pessoas que possuíam 
defeitos físicos. Há registro na história de Roma que o 
imperador Cláudio era ridicularizado por mancar. De lá 
vem a ideia de “mente sã, corpo são”.
5. Roma e o Direito Romano 
No Brasil: A expressão “pátrio poder” foi substituída por 
“poder familiar” no Código Civil, por força da igualdade 
entre homens e mulheres consagrada na CF/88. Os filhos 
estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores (art. 
1.630 CC/02). Se o pai ou a mãe matar o filho disforme, 
trata-se de homicídio (art. 121 CP); se a mãe matar o filho 
em estado puerperal, é infanticídio (art. 123 CP).
5. Roma e o Direito Romano 
Tábua V: Herança
“Que as dívidas ativas e passivas sejam divididas entre os 
herdeiros, segundo o quinhão de cada um.”
Em Roma, os herdeiros respondiam pelas dívidas do 
falecido até a parte a que tinham direito de receber. Essa 
regra também está prevista na legislação brasileira. 
No Brasil: A herança responde pelo pagamento das dívidas 
do falecido, mas, feita a partilha, só respondem os 
herdeiros, cada qual em proporção da parte que na 
herança lhe coube (art. 1.997 CC).
5. Roma e o Direito Romano 
Tábua VII: Delitos
Se alguém fere a outrem, que sofra a pena de talião, salvo se 
houver acordo.”
Em Roma, havia a possibilidade de acordo para evitar a lei de 
talião. Esse acordo consistia no pagamento, em dinheiro, à 
vítima. Ou o agressor pagava ou tinha, por exemplo, um 
dedo cortado.
No Brasil: A lesão corporal é crime tipificado no art. 129 CP. 
É graduada em lesão leve, grave ou gravíssima. A lesão leve 
tem pena de 3 meses a 1 ano de detenção; a lesão grave, 
pena de 1 a 5 anos de reclusão; e a gravíssima, pena de 2 a 8 
anos de reclusão. Segundo a Lei Maria da Penha (Lei nº 
11.340/06), a violência doméstica contra a mulher tem pena 
de 3 meses a 3 anos de detenção. 
5. Roma e o Direito Romano 
• Período Clássico: vai do século II a.C. ao século III d.C. e 
foi o auge do desenvolvimento do Direito Romano. O 
poder do Estado foi centralizado e os pretores e os 
jurisconsultos, que adquiriram maior poder de modificar as 
regras existentes, puderam revolucionar o Direito. 
5. Roma e o Direito Romano 
• Período Pós-Clássico: vai do século XX d.C ao século VI. 
Nesse período, não houve grandes inovações, vivia-se do 
legado do período clássico. Porém, para acompanhar as 
situações, o direito se tornou comum e se sentiu a 
necessidade de codificar as regras. 
Houve uma série de tentativas, porém todas muito 
restritas. 
Foi somente após a queda do Império no Ocidente que 
Justiniano, Imperador no Oriente, conseguiu concluir a 
empreitada.
5. Roma e o Direito Romano 
A Codificação Justinianéia, chamada de Corpus Iuris Civilis, 
é considerada conclusiva, principalmente em razão de 
praticamente todos os códigos modernos trazerem marcas 
suas, e composta por quatro obras: o Codex, o Digesto, as 
Institutas e as Novelas. 
O Codex foi completado em 529 e reúne a coleção 
completa das Constituições Imperiais; o Digesto é a 
seleção das obras dos Jurisconsultos; as Institutas são um 
manual de Direito para estudantes e as Novelas são a 
publicação das leis do próprio Justiniano. 
5. Roma e o Direito Romano 
2.c. Fontes do Direito Romano
O Direito Romano, em função de sua extensão temporal, 
contou com muitas fontes.
•Costume: a forma mais espontânea e antiga de 
constituição do Direito. Os Romanos tinham como 
suporte fundamental e modelo do seu viver comum a 
tradição, no sentido da observância dos costumes dos 
antepassados.
5. Roma e o Direito Romano 
• Leis e Plebiscitos: para o Direito Romano a palavra lex 
tem um significado mais amplo do que se tem hoje em dia. 
Para eles, indica a deliberação da vontade com efeitos 
obrigatórios. Por exemplo, para uma cláusula em um 
contrato, fala-se em leges privatae (leis privadas).
No período republicano há duas espécies de leis, 
dependendo da origem: a Lex Data, proveniente do Senado 
ou de algum magistrado, e a Lex Rogatae, propostas pelos 
magistrados e votadas pelos cidadãos romanos reunidos 
em Comícios, depois ratificadas pelo Senado. 
5. Roma e o Direito Romano 
• Edito dos Magistrados: os Pretores (magistrados mais 
importantes no que se refere à Justiça), ao iniciar seu 
mandato, publicavam o edito para tornar pública a maneira 
pela qual administrariam a justiça durante seu ano. 
Com os editos acabavamsendo criadas novas normas que 
iam se estratificando, visto que os Pretores que entravam 
faziam uso das experiências bem-sucedidas dos anteriores. 
5. Roma e o Direito Romano 
• Jurisconsultos: no princípio da história romana, somente 
os sacerdotes conheciam as normas jurídicas e somente 
eles as interpretavam. A partir do fim do século IV a.C, 
esse monopólio caiu por terra e apareceram peritos leigos, 
os Jurisconsultos. 
Principalmente no período clássico, os Jurisconsultos 
foram personagens da mais profunda importância para o 
desenvolvimento do Direito. Sua principal característica e 
qualidade era o estudo profundo e sistemático e, 
consequentemente, o respeito advindo desta sabedoria. 
5. Roma e o Direito Romano 
Sua atividade consistia em indicar as formas dos atos 
processuais aos magistrados e às partes. Eles também 
auxiliavam na elaboração e escrita de instrumentos 
jurídicos e emitiam pareceres jurídicos a pedido de 
particulares e magistrados. 
Se inicialmente essa atividade só servia a cada caso 
específico, a partir do século I a.C. passou a ter força de 
lei, transformando-se a jurisprudência em fonte de direito. 
5. Roma e o Direito Romano 
• Senatus-Consultos: eram deliberações do senado 
mediante proposta dos magistrados que passaram a valer 
como lei após o século I a.C. 
•Constituições Imperiais: a partir do século II d.C., depois 
do Imperador Adriano, as decisões dos imperadores 
passaram a ser fontes de direito. Aos poucos, à medida em 
que o poder se centralizava cada vez mais, o Imperador 
passou a substituir as outras fontes de Direito, vindo a se 
tornar a única fonte. 
5. Roma e o Direito Romano 
Suas constituições poderiam ser nas formas de “edictas” – 
deliberações de ordem geral –; “mandatas” – instruções 
administrativas dadas aos funcionários imperiais e 
governadores de províncias; “decretas” – decisões 
proferidas em um processo no exercício do supremo 
poder jurisdicional, aplicadas e estendidas por juristas a 
casos semelhantes; “rescriptas” – respostas solicitadas ao 
Imperador a respeito de casos jurídicos a ele submetidos 
pelos magistrados ou particulares. 
5. Roma e o Direito Romano 
2.d. Divisão do Direito Romano
Os romanos reconheciam uma série de divisões de seu 
direito, baseando-se na História, na origem da norma, na 
aplicação ou no sujeito a quem a norma se destinava. 
A principal diferença entre os direitos era entre o Ius 
Civile e o Ius Gentium:
5. Roma e o Direito Romano 
2.d. Divisão do Direito Romano
Os romanos reconheciam uma série de divisões de seu 
direito, baseando-se na História, na origem da norma, na 
aplicação ou no sujeito a quem a norma se destinava. 
A principal diferença entre os direitos era entre o Ius 
Civile e o Ius Gentium:
Ius Civile: é o direito próprio do cidadão romano e 
exclusivo deste.
Ius Gentium: é o direito universal, aplicável a todos os 
homens livres, inclusive os estrangeiros. 
5. Roma e o Direito Romano 
•Divisão Baseada na Origem: baseando-se na fonte do 
Direito, os romanos diferenciavam o Ius Civile, o Ius 
Honorarium e o Ius Extraordinarium.
Ius Civile: direito tradicional que provinha dos costumes, 
das leis, dos plebiscitos e, na época imperial, dos sentatus 
consultos e das constituições imperiais.
Ius Honorarium: era o direito elaborado e introduzido 
pelos pretores.
Ius Extraordinarium: era derivado da atividade jurisdicional 
do Imperador na época do império, a partir de 
controvérsias diferentes da ordem natural dos juízos. 
5. Roma e o Direito Romano 
•Divisão Baseada na Aplicabilidade: depende de que forma 
as regras podem os não ser aplicadas, distinguindo-se o Ius 
Cogens e o Ius Dispositivum.
Ius Cogens: é a regra absoluta, sua aplicação não depende 
da vontade das partes interessadas. É o caso do direito 
público.
Ius Dispositivum: admitia a expressão da vontade dos 
particulares, com regras que podiam ser modificadas ou 
postas de lado a depender do desejo das partes.
5. Roma e o Direito Romano 
•Divisão Baseada no Sujeito: dependendo da regra, esta 
era aplicada a todos ou somente a alguns.
Ius Commune: é o conjunto de regras que regem de modo 
geral uma série de casos normais.
Ius Singulare: são as regras que valem para somente uma 
categoria de pessoas, grupos ou situações específicas. 
5. Roma e o Direito Romano 
2.e. Capacidade Jurídica de Gozo: chamada também de 
“capacidade de direito”, é a aptidão do indivíduo para ser 
sujeito de direitos e obrigações. 
Hoje em dia, na maioria dos países, todos têm capacidade 
de direito, porém em Roma não era assim. Havia uma série 
de condições para que o homem tivesse capacidade 
jurídica de gozo:
5. Roma e o Direito Romano 
• Status Libertatis: para ter capacidade jurídica, o indivíduo 
tinha que ser livre. Escravos não tinham direitos, nem 
privados nem públicos, podendo ser apenas objetos de 
relações jurídicas. 
• Status Civitatis: a cidadania romana era imprescindível 
para a capacidade jurídica plena. Era cidadão aquele que 
nascia de casamento válido pelo ius civile ou se a mãe fosse 
de família cidadã. Podiam se tornar cidadãos os indivíduos 
ou povos que recebessem a cidadania por lei ou por 
vontade do imperador. 
5. Roma e o Direito Romano 
• Status Familiae: para uma completa capacidade jurídica, 
era preciso que o indivíduo fosse independente do pátrio 
poder. Essa independência não tinha, necessariamente, 
relação com a idade ou com o fato de se ter paternidade, 
mas sim com a ausência de um ascendente masculino por 
morte ou por emancipação. 
5. Roma e o Direito Romano 
•OBS.: Causas Restritivas da Capacidade Jurídica de 
Gozo: a capacidade de gozo não era uma garantia vitalícia, 
podendo ser perdida ou obtida. A perda podia ir de total, 
quando um indivíduo se tornava escravo, por exemplo, 
passando por média, quando um sujeito era desterrado e 
se tornava sem-pátria, até mínima, no caso da pessoa 
mudar seu status familiar por emancipação, adrogação ou 
adoção.
Todos os casos falados acima se referem ao sexo 
masculino, uma vez que às mulheres não era permitida 
plena capacidade. 
5. Roma e o Direito Romano 
2.f. Direito de família
•O Pátrio Poder: quanto maior o poder do pai de família, 
menor o poder do Estado e vice-versa, dependendo do 
período da história romana. Durante quase toda a história 
do Direito Romano, esse poder era absoluto, de vida e 
morte sobre todos que estavam sob sua chefia, e 
englobava o poder sobre os filhos, sobre a esposa, sobre 
os escravos e sobre pessoas livres que passaram de um pai 
de família a outro pela venda, por exemplo. 
5. Roma e o Direito Romano 
O pátrio poder podia ser extinto pela morte do pai de 
família, pela sua perda de liberdade ou cidadania, pela 
morte ou adoção das pessoas alienadas, pela emancipação 
do filho ou casamento da filha. 
•O Casamento: para o romanos, o matrimônio era, antes 
de tudo, um ato consensual de convivência. Era um fato e 
não um estado de direito. Nesse sentido, os juristas 
romanos afirmavam, “não é a cópula em si, mas o afeto 
marital que constitui o matrimônio”; “não se contrai o 
matrimônio entre quem não deu consenso.”
5. Roma e o Direito Romano 
Consenso, aqui, era algo bastante limitado, bastando a 
futura noiva não se opor à vontade do pai, sendo que ela 
só poderia se opor em caso do homem escolhido ser 
indigno ou portador de alguma tara. 
•O Divórcio: o casamento na história de Roma jamais foi 
indissolúvel, tendo o divórcio sido previsto desde o direito 
romano arcaico, mesmo que com modificações ao longo 
do tempo. 
5. Roma e o Direito Romano 
2.g. Sucessão: questão intimamente ligada a tudo que 
envolve família, sua perpetuação e patrimônio. A expressão 
“sucessão” designava a transmissão de todos os direitose 
obrigações do defunto para outra pessoa, seu sucessor. Os 
sucessores naturais eram os filhos nascidos em “justas 
bodas” ou adotados. 
5. Roma e o Direito Romano 
2.hj. Delitos
No início da história de Roma, não havia limites para a 
represália quando um indivíduo cometia um crime. O 
ofendido era livra para se vingar, não havendo uma 
distinção nítida entre punição e ressarcimento. 
Com o fortalecimento do Estado, foram sendo 
estabelecidos limites à vingança, que só poderia ser 
efetuada se o criminoso fosse pego em flagrante e, mesmo 
assim, os limites foram aumentados. 
5. Roma e o Direito Romano 
Já havia alguma noção de causalidade (intenção; dolo x 
culpa), imputabilidade (aptidão do indivíduo praticar atos 
com discernimento), extinção da punibilidade (em caso de 
cumprimento de pena, obtenção do perdão, prescrição do 
crime, morte de quem cometeu o delito).
Quanto aos delitos, havia distinção entre delitos públicos – 
como traição, homicídio e incêndio – e delitos privados – 
como furto, roubo, injúria, coação.
5. Roma e o Direito Romano 
2.i. O Estudo do Direito e os Advogados em Roma
inicialmente, o método de ensino do direito era 
essencialmente prático. Os jovens assistiam às consultas 
que o mestre dava a seu cliente e às explicações sobre 
cada caso. 
Depois, em especial a partir do século I a.C., o ensino 
prático passou a ser complementado por um ensino 
sistematizado, com uso de recursos de lógica grega, com 
um corpo de doutrina, um conjunto de princípios, de 
divisões e classificações. 
5. Roma e o Direito Romano 
Com o crescimento da influência dos jurisconsultos, maior 
importância e atenção adquiriu o estudo do Direito, sendo 
seus escritórios tanto lugares de consultas quanto escolas 
públicas de Direito. 
Quanto aos advogados, havia dois tipos: os próprios 
jurisconsultos, especialistas no Direito, a quem cabia 
estudar o aspecto jurídico das controvérsias, e os oratores, 
que lutavam por seus clientes em juízo.
5. Roma e o Direito Romano 
Ser advogado em Roma era quase uma tendência natural, 
dado o apreço pela oratória que tinham os romanos. A 
popularidade dos advogados era proporcional à quantidade 
de litígios. 
“Durante duzentos e trinta dias por ano, para as instâncias 
civis, em todo o tempo para os processos criminais, a urbs 
se consumia com a febre judiciária que se apoderava não 
só dos litigantes ou dos acusados, mas também de seus 
advogados e da multidão de curiosos imobilizados durante 
horas à volta dos tribunais pela avidez do escândalo ou 
pelo gosto das controvérsias oratórias.”

Continue navegando