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Módulo
Iniciação à Vida Universitária
Universidade Católica do Salvador
UCSal
Salvador, Bahia.
2015
UCSal. Sistema de Bibliotecas
Setor de Cadastramento
U58 Universidade Católica do Salvador.
 Iniciação à vida universitária: módulo EAD. 
 Salvador: UCSal, 2015. 
 200p.
 ISBN 978-85-88480-44-5
 1. Ensino à distância – Iniciação à vida universitária. 
 2. Metodologia da Pesquisa. 3. Universidade Católica do 
 Salvador. I. Título.
 
 CDU 378.147
Universidade Católica do Salvador – UCSAL
Grão-Chanceler
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger
Reitor
Mauricio da Silva Ferreira
Superintendência Acadêmica 
Silvana de Sá Carvalho
Coordenação Geral de Educação a Distância
Lismara Macêdo
Revisão Textual
Lícia Margarida Oliveira
 Mensagem do Reitor
 
 Caro estudante,
 Seja bem vindo!
 Desejo que este semestre e os próximos em que você estará 
conosco sejam momentos de realização, integração, acolhimento, 
partilha, solidariedade, compreendendo a importância de ingressar 
em uma Instituição de Ensino Superior, que, ao longo dos seus 50 anos, 
têm por princípio o respeito à ética e à tradição e a responsabilidade 
e seriedade em todas as suas ações junto à sociedade.
 Primeiramente quero parabenizá-lo pela excelente escolha 
que você fez, por fazer parte da Universidade Católica do Salvador, 
em especial, por ter oportunidade de iniciar o seu curso com o 
componente curricular – Iniciação à Vida Universitária que dá suporte 
ao aluno na sua relação com os demais componentes curriculares, 
subsidiando-o com saberes e técnicas necessárias ao seu trânsito 
na Universidade. Tenho certeza que estarão valorizando, em muito, 
seus currículos e seus conhecimentos de forma a entender como 
funciona a sua universidade enquanto espaço de aquisição, produção 
e socialização de conhecimento – ensino, pesquisa e extensão.
 Em segundo lugar, como sabe, a realização do componente 
curricular - Eixo de Formação Geral - dar-se-á na modalidade a 
distância (EAD). Penso que a interação entre os colegas seja não 
somente uma fonte riquíssima de networking com colegas de outros 
cursos, mas também um estímulo bem forte ao compartilhamento de 
conhecimentos e experiências. 
 A Universidade Católica do Salvador acolhe você com alegria e 
confiante de que, juntos, temos muito a construir e deseja-lhe sucesso 
nesta nova jornada acadêmica.
Reitor Pe. Mauricio Ferreira da Silva
 APRESENTAÇÃO
 
 Caro aluno,
 Você já deve ter percebido que os estudos para a Universidade 
diferem muito daqueles realizados ao longo do segundo grau. Na 
universidade, não basta consumir conteúdos e reproduzi-los nas 
avaliações; Aqui, além de absorver novas informações, somos provocados 
a produzir o nosso próprio conhecimento. Além disto, há toda uma gama 
de normas e técnicas, ainda pouco conhecidas, que precisa ser dominada 
para que você possa lidar com a linguagem científica, vigente no ambiente 
universitário. Estas normas são estabelecidas pela ABNT (Associação 
Brasileira de Normas Técnicas), para que a linguagem científica 
brasileira seja, por um lado, homogênea e, por outro, compatível com a 
normatização internacional. 
 O objetivo deste componente curricular é favorecer a sua 
ambientação neste novo mundo (a Academia). Assim, pensamos cada 
elemento deste módulo para que você possa compreender o que é a 
vida universitária e como lidar com as suas demandas, a partir deste 
momento. Leia atentamente cada Seção do módulo, veja as indicações 
complementares sugeridas, tire as suas dúvidas com o seu tutor e não 
perca os prazos das avaliações. Cumprindo tudo isso direitinho, você 
otimizará os seus conhecimentos na Introdução à vida universitária.
 
 Bons estudos!
 CONTEÚDO
 
 Unidade 1
 Seção 1 – Universidade: origem e finalidade.
 Seção 2 – A Universidade Católica do Salvador (UCSal).
 Seção 3 – O percurso de estudo na universidade.
 Seção 4 – A leitura.
 Seção 5 – Leitura e poder na universidade.
 
 Unidade 2
 Seção 1 – Suportes de arquivamento de leituras: resumo,
 resenha e fichamento.
 Seção 2– A escrita.
 Seção 3 – A produção do texto científico.
 Seção 4 – Publicações científicas e suas normas de apresentação.
 Seção 5 – Referências, citações e notas de rodapé.
10
Professores
 Alfons Heinrich Altmicks
 Graduado em Comunicação Social (UCSal) e em Pedagogia (FZG), 
especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior (UCSal) e em 
Educação e Novas Tecnologias (ESAB) , mestre em Ciências da Educação 
(Universidad San Carlos). Docente da graduação da UCSal.
 Marcelo Couto Dias
 Licenciado em Ciências Sociais (UFBA), mestre em Família 
na Sociedade Contemporânea (UCSal). Co-autor do livro Família no 
debate cultural e político contemporâneo. Docente da graduação e 
pós-graduação da UCSal.
12
 
 
 Seção 1
 Universidade: origem e finalidade
 
 
 As primeiras universidades
 Poucas pessoas discordariam se disséssemos que o sistema 
universitário está entre as principais contribuições intelectuais da civilização 
ocidental para o mundo. Porém, se perguntarmos a um estudante 
universitário o período em que surgiram as primeiras universidades é muito 
provável que ele não saiba responder. 
 Foi por volta do século XII, em plena Idade Média, que as primeiras 
universidades surgiram na Europa (Paris, Bolonha, Cambridge e Oxford). 
Elas “tiveram os seus primórdios nas escolas das catedrais e nas posteriores 
reuniões informais de professores e alunos” (WOODS JR, 2008, p. 46).
 Diferentemente daquilo que em geral se aprende, a Igreja Católica 
13
está diretamente ligada ao desenvolvimento do sistema universitário. Como 
afirma o historiador Lowrie Daly no livro The Medieval University, ela era “a 
única instituição na Europa que manifestava um interesse consistente pela 
preservação e cultivo do saber” (apud WOODS JR., 2008, p. 46). 
 
 Outro fato curioso a respeito das primeiras universidades é que, 
neste período, muitos dos seus estudantes vinham de famílias de poucas 
posses, eram bastante jovens e procuravam se preparar para uma profissão 
(WOODS JR., 2008).
 
 Em geral, as universidades medievais possuíam um núcleo de textos 
obrigatório, currículos acadêmicos bem definidos e conferiam diplomas 
e títulos. O historiador Thomas Woods Jr. (2008) lembra que o título de 
“mestre”, concedido por uma universidade, permitia a passagem do 
estudante para o grêmio dos docentes.
 
 Do ponto de vista curricular, a universidade medieval começava 
com “um ciclo básico composto pelo ensino das sete artes liberais, divididas 
em dois blocos: o trivium (Gramática, Retórica e Dialética) e o quadrivium 
(Aritmética, Geometria, Astronomia e Música)” (ALMEIDA FILHO, 2008). Em 
seguida, os estudos prosseguiam com o direito civil e canônico, a filosofia 
natural, a medicina ou a teologia (WOODS JR., 2008).
 
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
14
 Observando um pouco as características da vida acadêmica 
nas primeiras universidades é interessante notar que já ali podemos 
encontrar uma forte interação entre o ensino e a pesquisa. Para obter 
o seu diploma, além de assistir às aulas e ler os textos clássicos, o aluno 
precisava investigar um problema de pesquisa e defender uma tese. Só 
depois desse processo é que ele recebia o título de bacharel.
 SAIBA MAIS
 
 A vida acadêmica nas primeiras universidades
 
 “O graduando ou artista (isto é, o estudante das artes liberais), 
assistia a conferências, participava dos debates que eventualmente se 
15
organizavamnas aulas e assistia aos que eram entabulados por outros. As 
preleções versavam geralmente sobre textos importantes, muitas vezes 
dos clássicos da Antiguidade. Além dos comentários sobre esses textos, 
os professores passaram a incluir gradualmente uma série de questões 
que deviam ser resolvidas pelo recurso ao pensamento lógico. Com o 
tempo, a análise dessas questões substituiu basicamente os comentários 
de textos. Esta foi a origem do método escolástico de argumentação por 
meio da discussão de argumentos contrapostos, tal como a encontramos 
na Summa theologiae de São Tomás de Aquino.
 O mestre designava alunos para defenderem aspectos contrários 
de uma questão. Quando acabava a interação entre as partes, cabia 
ao professor “definir” ou resolver a questão. Para obter o diploma de 
bacharel em Artes, o aluno devia resolver satisfatoriamente uma questão 
perante os examinadores, depois de provar, naturalmente, que possuía 
a preparação adequada e que estava apto para ser avaliado. Essa ênfase 
na argumentação meticulosa, na exploração de um “caso” (um exemplo) 
pela discussão de cada um dos seus aspectos com argumentos racionais, 
soa como o oposto daquilo que se costuma associar a vida intelectual 
do homem medieval. Mas era assim que funcionava o processo para a 
obtenção de um diploma.
 Uma vez que o examinando dirimia satisfatoriamente a questão, 
era-lhe conferido o diploma de bacharel em Artes. O processo levava 
normalmente quatro ou cinco anos. Chegado a este ponto, o estudante 
podia simplesmente dar por terminada a sua formação, como faz hoje 
em dia a maior parte dos bacharéis, e sair em busca de um trabalho 
remunerado (até mesmo como professor nalguma das escolas menores 
da Europa), ou decidir continuar os seus estudos e obter um diploma 
de pós-graduação, o que lhe conferiria o título de mestre e o direito de 
lecionar em uma universidade.”
WOODS JR., Thomas E. A Igreja e a universidade. In: ______. Como a Igreja Católica 
construiu a civilização Ocidental. Trad. Élcio Carillo. São Paulo: Quadrante, 2008.
16
 Esse espírito de pesquisa talvez seja a grande marca da 
universidade, o seu DNA, e aquilo que nos permite identificar aquelas 
instituições de maior destaque. Seria difícil enumerar todos os 
benefícios em termos de desenvolvimento científico que este espírito 
investigativo gerou para a civilização. O historiador Eduard Grant, em 
seu livro God and reason in the middle ages, afirma:
 Em síntese, aqueles elementos que identificamos como 
a essência das primeiras universidades, a ênfase posta na razão 
(entendida como capacidade de conhecer a realidade segundo a 
totalidade dos seus fatores) e o espírito de pesquisa, devem ser a marca 
registrada de toda instituição que queira receber este nome. A esse 
compromisso são chamados todos os que estão numa universidade: 
“O que foi que tornou possível à civilização ocidental 
desenvolver a ciência e as ciências sociais de um 
modo que nenhuma outra civilização havia conseguido 
até então? Estou convencido de que a resposta está 
no penetrante e profundamente arraigado espírito 
de pesquisa que teve início na Idade Média como 
consequência natural da ênfase posta na razão. Com 
exceção das verdades reveladas, a razão era entronizada 
nas universidades medievais com árbitro decisivo para 
a maior parte dos debates e controvérsias intelectuais. 
Os estudantes, imersos em um ambiente universitário, 
consideravam muito natural empregar a razão para 
pesquisar as áreas do conhecimento que não haviam 
sido exploradas anteriormente, assim como discutir 
possibilidades que antes não haviam sido consideradas 
seriamente” (apud WOODS JR., 2008, p. 62).
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
17
tanto aqueles que têm nela o seu ofício, como também os que iniciam 
o seu percurso acadêmico.
 A universidade: lugar de ensino, pesquisa e extensão
 Não resta dúvida acerca da forte ligação entre universidade e 
formação profissional. Sabemos que uma das tarefas da universidade 
hoje é preparar profissionais e técnicos para usarem o conhecimento 
adquirido na solução dos diferentes problemas da sociedade. Porém, 
seria um equívoco a redução da tarefa do ensino superior à simples 
preparação de profissionais e técnicos executores do conhecimento. 
Faz parte da missão da universidade estimular nos seus estudantes a 
capacidade de pensar acerca dos mais diversos âmbitos da realidade. 
Só assim ele poderá ser, além de um executor do conhecimento 
produzido por outros, um sujeito apto a produzir e refletir sobre os 
conhecimentos das diversas áreas.
 Além disso, se a universidade, como via de formação 
profissional, implica a aprendizagem de um conjunto de conhecimentos 
e domínios metodológico-técnicos, ela não pode deixar de oferecer 
aos estudantes universitários os meios para refletirem acerca das 
condições histórico-sociais nas quais esse exercício profissional 
ocorrerá (MARTINS, 2012).
 Se a universidade é viva quando, dentro dela, a pesquisa 
intenciona compreender aspectos da realidade e a argumentação 
racional busca apresentar aquilo que os indivíduos encontram em 
seus exercícios de investigação, é possível, então, que a universidade 
perca a sua vitalidade quando estes elementos (racionalidade e 
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
18
argumentação racional) perdem a sua essência ou razão de existir 
dentro dos espaços acadêmicos.
 Verificam-se na história das universidades momentos de crise 
ou tensão nos quais a proposta inicial, de um espaço para formação 
plena e humana dos estudantes, é perdida ou corrompida. Em 
alguns momentos, as universidades apresentam-se como espaços de 
capacitação técnica para determinadas profissões, sem preocupação, 
por exemplo, com a prática da pesquisa e a capacitação científica. 
Em outros momentos, docentes e alunos apegaram-se ao discurso, 
transformando a universidade em espaços de debates onde as 
palavras e conceitos não apresentavam correlação verdadeira com os 
problemas reais dos indivíduos e da sociedade.
 Os riscos que se correm são a de uma redução da proposta 
acadêmica a um simples discurso ou a um processo de aquisição 
de determinada técnica dentro da qual não se faz um necessário 
encadeamento com nenhum outro conhecimento humano, com as 
necessidades da época e com as exigências elementares de cada 
estudante em particular. Estes riscos são vivenciados tanto pela 
Universidade enquanto instituição, quanto pelos seus membros: 
professores e estudantes.
 Para que a tarefa de compreender a realidade seja cumprida, 
sem dúvida uma primeira etapa é aquela de transmitir o conhecimento 
acumulado em cada área de pesquisa, colocando o estudante 
universitário em contato com o produto da ciência, com as teorias e 
tecnologias. A aula aparece aqui como um espaço fundamental para a 
aprendizagem. Essa é a primeira dimensão da universidade: o ensino. 
Lígia Martins (2012, p. 5) lembra que
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
19
 Se o ensino permite ao estudante universitário entrar em 
contato com o conhecimento produzido pela ciência é a pesquisa que 
irá apresentá-lo a um outro horizonte: aquele do desenvolvimento e 
da revisão crítica desse mesmo conhecimento.
 Gerhardt e Souza (2009, p. 12) afirmam que “só se inicia uma 
pesquisa se existir uma pergunta, uma dúvida para a qual se quer 
buscar a resposta. Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar resposta 
para alguma coisa”. As mesmas autoras continuam explicando que “as 
razões que levam à realização de uma pesquisa científica podem ser 
agrupadas em razões intelectuais (desejo de conhecer pela própria 
satisfação de conhecer) e razões práticas (desejo de conhecer com 
vistas a fazer algo de maneira mais eficaz)” (GERHARDT & SOUZA, 
2009, p. 12).
 Outro esclarecimento interessante acercada pesquisa é dado 
por Saviani (apud MARTINS, 2012, p. 6) ao definir a pesquisa como 
“uma incursão no desconhecido que só se define por confronto 
com o conhecido; assim sendo, sem o domínio do conhecido não é 
possível incursionar no desconhecido”. Portanto, fica claro que ensino 
e pesquisa são realidades inter-relacionadas. Não teremos pesquisas 
relevantes caso não exista um ensino sólido e abrangente.
nesses processos, o professor desempenha o papel 
insubstituível de ensinar, conduzindo os alunos em 
assimilações cada vez mais complexas do acervo 
científico-cultural e metodológico-técnico necessários 
aos domínios da realidade da qual faz parte como ser 
social e sobre a qual irá intervir.
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
20
 Mas nessa altura podemos nos perguntar: de onde surgem as 
perguntas que estão na origem das pesquisas? Sem dúvida é da vivência 
da realidade por parte do pesquisador que nascem os problemas 
mais interessantes de serem pesquisados. Assim, nos deparamos 
com a última destas dimensões da universidade: a extensão. Se é 
na realidade que encontramos os problemas que alimentam nossas 
pesquisas é para a realidade que devem retornar os resultados delas. 
 É nesse contexto que podemos entender o objetivo de 
“reafirmar a extensão universitária como processo acadêmico definido 
e efetivado em função das exigências da realidade, indispensável na 
formação do aluno, na qualificação do professor e no intercâmbio 
com a sociedade” (FORPROEX, 2012).
 Assim, podemos dizer que uma formação superior sólida 
constitui-se como uma síntese desses três processos: a transmissão/
aquisição do conhecimento (ensino), a produção/desenvolvimento de 
novos saberes e a revisão dos existentes (pesquisa) e a promoção do 
diálogo entre estes conhecimentos e as exigências das pessoas e da 
sociedade (extensão).
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
21
 SAIBA MAIS
 
 Para nos ajudar a entender a relação entre ensino e 
pesquisa Tullo Vigevani (2001) nos oferece dois exemplos 
bastante ilustrativos:
 “É conhecida a lenda segundo a qual Galileu fez suas 
descobertas, no início do século XVII, sobre o movimento 
dos corpos depois de observar a oscilação de um lustre 
na Catedral de Pisa. No entanto, se não fosse professor 
de matemática na universidade da mesma cidade, 
dificilmente poderia provar cientificamente a correção 
de suas idéias. Assim como Newton, no final do mesmo 
século, teria desenvolvido a teoria da gravidade depois 
de observar a queda de uma maçã de uma árvore. Se não 
tivesse estudado em Cambridge provavelmente não teria 
adquirido a metodologia necessária para sistematizar as leis 
da gravidade.”
 VIGEVANI, Tullo. Pensar a crise na universidade para além das 
questões conjunturais. In: LOUREIRO, I; DEL-MSSO, M. C. (Orgs). Tempos 
de greve na universidade pública. Marília: UNESP Marília publicações, 
2001.
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
22
 A universidade e os desafios atuais
 Retornar à origem e à essência desta instituição pode nos 
ajudar a entender o papel das universidades e, consequentemente, 
dos universitários, no que diz respeito ao enfrentamento dos desafios 
que o atual momento histórico nos apresenta. A fidelidade a esta 
atitude crítica, investigativa e ética, por parte dos sujeitos que vivem 
e fazem a universidade, certamente representa uma esperança para 
as sociedades contemporâneas.
 Ao expressar a sua visão sobre o papel da Universidade Católica 
do Salvador, por ocasião da sua posse como Grão-Chanceler desta 
instituição, Dom Murilo Krieger afirma que o motivo da existência de 
uma universidade é o desejo, que todo ser humano traz consigo, de 
conhecer a verdade. Assim, a sua missão deve ser “a procura contínua 
da verdade, a conservação e a comunicação do saber para o bem da 
sociedade” (KRIEGER, 2011, p. 44). 
 Relembrando grandes desafios atuais, como a promoção da 
dignidade humana, da justiça, da paz, a proteção da natureza, a busca 
de uma nova ordem política e econômica, Dom Murilo Krieger afirma 
que “quem nos pode ajudar nesse trabalho são aqueles homens e 
mulheres que estudam, pesquisam e vivem inquietos, procurando 
resposta para os desafios de cada época” (KRIEGER, 2011, p. 45).
 Nessa mesma perspectiva segue Dom Giancarlo Petrini (2010), 
professor da UCSal, ao refletir sobre a “A identidade da Universidade 
Católica e sua contribuição à vida acadêmica e social”, durante o 
Colóquio “O lugar da Universidade Católica no contexto atual”, que 
aconteceu na PUC-SP em 2010.
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
23
Encontramo-nos, no início do século XXI, diante de 
possibilidades jamais vistas de desenvolvimento, 
quer pelos avanços da ciência e da tecnologia, quer 
pelo aprimoramento dos recursos humanos, graças 
ao crescimento do ensino e da pesquisa no Brasil, 
especialmente em nível de pós-graduação, quer 
pela possibilidade de uso de recursos naturais antes 
desconhecidos ou considerados fora do alcance das 
nossas possibilidades.
Estas oportunidades acendem a esperança de superar 
a pobreza, reduzir as desigualdades e de colocar o 
Brasil no contexto das grandes potências. Elas nos 
atribuem novas e maiores responsabilidades para 
podermos orientar o processo de desenvolvimento 
para a justiça e a paz, quer no Brasil, quer no contexto 
da convivência entre diferentes povos.
Ao mesmo tempo, não podemos ignorar graves 
problemas, alguns de âmbito global e outros próprios 
da nossa realidade brasileira, que lançam desafios 
inéditos à inteligência humana.
A racionalidade moderna, desde a construção da 
máquina a vapor até o mapeamento do genoma 
humano, de um lado realiza conquistas deslumbrantes, 
que parecem concretizar nova etapa da história, 
vitoriosa sobre limites da natureza e sobre deficiências 
humanas. De outro lado, especialmente ao longo 
do século XX, emergem guerras de alcance mundial, 
experiências totalitárias e regimes ditatoriais, 
violação dos direitos humanos, desastre ecológico 
de dimensões planetárias, produção de armas de 
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
24
grande poder destrutivo, extensão do comércio de 
armas e de drogas, além de outros problemas que são 
compreendidos como sintomas da crise da razão de 
matriz iluminista e positivista.
O desenvolvimento da ciência moderna e a organização 
social que dele resulta caracterizam-se por um mal-
estar bastante difuso . Com efeito, realizou-se um 
grande desenvolvimento nos domínios das ciências e 
da técnica, mas o esforço para dominar a natureza e 
a história acabou conduzindo a razão a servir o poder. 
Tendo abandonado as exigências elementares como 
ponto de referência para a sua atividade, restou à 
razão colocar-se a serviço do poder e do mercado.
Alguns pensam que a sociedade moderna entra em crise 
por um excesso de racionalidade, que tornaria árida 
a convivência social, devendo-se dar mais espaço ao 
sentimento para equilibrar a situação. Pelo contrário, 
a sociedade moderna entra em crise por uma carência 
da razão, usada segundo o paradigma iluminista/
positivista, que não é mais capaz de dar conta de todos 
os fatores da realidade, de orientar suas conquistas 
para responder às exigências humanas.
O objetivo do nosso encontro é compreender, diante 
dessa realidade, que será aprofundada em seguida, 
que contribuição a Universidade Católica pode dar à 
sociedade e à cultura, contribuição própria, específica 
e original que a universidade pode oferecer, tendo 
em vista sua história e suas peculiaridades que já 
a colocaram em lugar de destaque em momentos 
decisivos de nossa história.
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
25
[...]
Essas contribuições das universidades foram possíveis 
graças aum método de usar a razão que não se impunha 
limites, com efeito, ela podia pensar, para além dos 
seus limites naturais, o fundamento e o significado de 
toda a realidade, a origem e a meta última da aventura 
humana. A razão podia avançar segundo o rigor do 
método que lhe é próprio, até o limiar do mistério, 
estabelecendo uma ponte entre a realidade observada 
e a profundidade de seus significados, acolhendo a 
revelação como modo de potencializar a razão, dando 
prosseguimento à sua busca da verdade em direção 
àquelas realidades que ela não poderia desvendar.
[...]
Contribuições significativas para uma nova ciência e 
uma nova cultura só podem florescer como fruto de 
uma reflexão crítica e sistemática sobre uma nova 
maneira de viver os diversos aspectos da existência 
quotidiana e de conviver com os outros. A Universidade 
pode ser o lugar onde o desafio de despertar a própria 
humanidade pode ser aceito, para levar a sério as 
exigências mais profundas do coração que percebemos 
como desejos (de verdade, liberdade, justiça, 
realização humana, amar e ser amado). É o lugar onde 
também se pode começar a usar a razão com audácia, 
tudo comparando com essas exigências, em busca 
daquilo que mais corresponde ao nosso coração. É o 
lugar onde é possível construir com liberdade cada dia 
e cada hora segundo o ideal de paz e de bem comum 
que podemos compartilhar.
 PETRINI, Giancarlo. Mudanças sociais e mudanças familiares. In: PETRINI, G., CAVALCANTI, V. Família sociedade e subjetividade. Petrópolis: Vozes, 2005, p. 33-34.
Alguns autores consideram ainda válidos os ideais da primeira modernidade, outros entendem que se trata de uma etapa histórica já concluída. Para ter uma 
primeira aproximação do tema ver: TOURAINE, Alaine. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994. HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 
1992. SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela Mão de Alice. O social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez Ed., 1999. ROUANET, Sergio Paulo. Mal-Estar 
na Modernidade. São Paulo: Companhia das Letras: 1993. IANNI, Octávio. A Sociedade Global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992. CONNOR, Steven. Cultura 
Pós-Moderna. Introdução às teorias do contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1993. ZYGMUNT, Bauman. Mal-Estar da Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar 
Editor, 1998. KAPLAN, E. Ann. O Mal-Estar no Pós-Modernismo. Teorias, práticas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993. TAYLOR, Charles. Il disagiodellamodernitá. 
Roma-Bari: Laterza, 2ª Ed. 2002. PETRINI, João Carlos. Pós-Modernidade e Família. Um itinerário de compreensão. Bauru: EDUSC, 2003.
 PETRINI, João Carlos. Pós-Modernidade e Família. Um itinerário de compreensão. Bauru: EDUSC, 2003.
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
26
 O início do percurso acadêmico nos oferece a oportunidade 
de colocar entre os nossos objetivos, além do aprendizado de uma 
profissão e a obtenção de um diploma, o cultivo das atitudes indicadas 
pelos verbos observar, analisar, problematizar, pesquisar, refletir, 
pensar... Assim, os anos passados na universidade se tornarão uma 
grande aventura.
 EM SÍNTESE
 As universidades surgem por volta do século XII na Europa no contexto de 
um interesse consistente pela preservação e cultivo do saber. As suas principais 
características são: a ênfase posta na razão (entendida como capacidade de 
conhecer a realidade segundo a totalidade dos seus fatores) e o espírito de 
pesquisa. Inúmeros são os benefícios, em termos de desenvolvimento científico, 
que este espírito investigativo gerou para a civilização.
 Além de preparar profissionais e técnicos para usarem o conhecimento 
adquirido na solução dos diferentes problemas da sociedade, faz parte da 
missão da universidade estimular nos seus estudantes a capacidade de pensar 
a realidade, tornando-os sujeitos da produção do conhecimento empenhados 
no enfrentamento dos desafios da sociedade.
 Assim, uma formação superior sólida constitui-se como uma síntese de 
três processos: a transmissão/aquisição do conhecimento (ensino), a produção/
desenvolvimento de novos saberes e a revisão dos existentes (pesquisa) e a 
promoção do diálogo entre estes conhecimentos e as exigências das pessoas e 
da sociedade (extensão).
 A solução dos mais variados problemas das sociedades exige a 
contribuição do trabalho daqueles homens e mulheres que estudam, pesquisam 
e vivem inquietos, procurando resposta para os desafios de cada época.
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
27
 Enfim, a missão da universidade deve ser a procura contínua da verdade, 
a conservação e a comunicação do saber para o bem da sociedade.
LEITURA COMPLEMENTAR
PETRINI, Giancarlo. A identidade da Universidade Católica e sua 
contribuição à vida acadêmica e social. Disponível em: <http://www.
pucsp.br/fecultura/Nova%20pasta/13_a_identidade.pdf>
REFERÊNCIAS
ALMEIDA FILHO, Naomar de. Universidade nova no Brasil. In: SANTOS, 
Boaventura de S.; ALMEIDA FILHO, Naomar de. A universidade no 
século XXI: para uma universidade nova. Coimbra: 2008.
FORPROEX – Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades 
públicas brasileiras. Política Nacional de Extensão Universitária. 
Manaus: 2012.
KRIEGER, Murilo S. R. Posse como Grão-Chanceler na Universidade 
Católica do Salvador. In: ______. Posso entrar? Início do pastoreio de 
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
28
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ na Arquidiocese de São 
Salvador da Bahia. Salvador: UCSal, 2011.
MARTINS, Lígia Márcia. Ensino-pesquisa-extensão como fundamento 
metodológico da construção do conhecimento na universidade. São 
Paulo: Unesp, 2012. Disponível em: <http://www.umcpos.com.br/
centraldoaluno/arquivos/07_03_2014_218/2_-ensino_pesquisa_
extensao.pdf > Acesso em: 20/11/2014.
PETRINI, Giancarlo. A identidade da Universidade Católica e sua 
contribuição à vida acadêmica e social. In: VALENTINI, Vando; RIBEIRO 
NETO, Francisco Borba; ALVES, José Antônio de Souza (Orgs.). A missão 
e a identidade da Universidade Católica no mundo atual. São Paulo: 
EDUC; Núcleo de Fé e Cultura da PUC-SP, 2010.
WOODS JR. Thomas E. A Igreja e a universidade. In: ______. Como a 
Igreja Católica construiu a civilização Ocidental. Trad. Élcio Carillo. São 
Paulo: Quadrante, 2008.
GERHARDT, Tatiana Engel; SOUZA, Aline Corrêa de. Aspectos teóricos 
e conceituais. In: GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo 
(Orgs). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
Unidade 1 > Seção 1 > Universidade: origem e finalidade
29
 Seção 2
 A Universidade Católica do Salvador
 
 Breve Histórico
 A Universidade Católica do Salvador (UCSal), mantida pela 
Associação Universitária e Cultural da Bahia, é uma instituição educacional 
de direito privado, sem fins lucrativos, criada e reconhecida em 1961, 
como Universidade Livre Equiparada, sendo a segunda Universidade 
instalada no Estado.
 A UCSal surgiu em decorrência da preocupação da Igreja Católica 
com a formação de uma cultura universitária a serviço do desenvolvimento 
Figura 1: Brasão da UCSal
30
social e econômico da sociedade, inspirada no ideário cristão e num 
momento em que se travava, no Brasil, a grande polêmica a respeito da 
Reforma Universitária. 
 A Instituição foi implantada pela justaposição de escolas 
profissionais, seguindo a tônica dos processos de implantação de 
universidades no Brasil, sendo estruturada a partir da incorporação e 
agregação de Escolas e Faculdades existentes na cidade de Salvador4. 
 
 A sua expansão ocorreu, 
basicamente, por intermédio 
do ensino de graduação, da 
extensão universitária e dos 
cursos de especialização, como a 
grande maioria das universidades 
brasileiras.
 Dessa forma, os cursos 
oferecidos pela Instituição, tanto 
noâmbito da Graduação como 
da Pós-Graduação, expressam 
uma concepção coerente com a 
sua Missão, Vocação e Princípios, 
uma vez que atendem as 
necessidades surgidas no seio da 
sociedade, identificadas a partir 
dos trabalhos extensionistas e 
transformadas em programações 
acadêmico-pedagógicas expressas nos currículos dos cursos e nas ações 
diretas junto às comunidades.
Figura 2: Vista aérea do campus da Lapa
4Escola de Serviço Social (1944), Faculdade Católica de Direito (1956), Faculdade Católica de 
Filosofia (1952), Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública (1953) e Faculdade de Ciências 
Econômicas (1960). Estas duas últimas unidades desligaram-se posteriormente da Católica.
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
31
 A UCSal desenvolve atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, 
próprias de uma Universidade, distribuídas por 05 campi (Palma, Lapa, 
Garibaldi, Federação e Pituaçu) e procura desenvolver essas atividades 
de forma conjunta, envolvendo a comunidade – as unidades acadêmicas 
e administrativas, as entidades representativas do corpo docente 
(Aducsal), discente (DCE, DA, e CA) e dos funcionários (Assucsal), além 
dos Conselhos Institucionais: Conselho Universitário (Consun), Conselho 
de Ensino e Pesquisa (Consep).
 Mais recentemente, a UCSal verticalizou o seu Projeto Pedagógico 
na direção da Pós-Graduação Stricto Sensu, criando as bases efetivas 
para o desenvolvimento acadêmico-científico, por meio da instalação 
de núcleos temáticos e de programas de apoio à pesquisa, assim 
como, da implantação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação 
Científica (PIBIC). Inicialmente, foram oferecidos cursos de Mestrado 
Interinstitucional. Em seguida, foram instalados os cursos promovidos 
pela própria Universidade: o Programa de Pós-graduação em Família 
na Sociedade Contemporânea (mestrado e doutorado), o Mestrado em 
Políticas Sociais e Cidadania e Planejamento Territorial e Desenvolvimento 
Social e o Mestrado Profissional em Planejamento Ambiental.
 Em março de 2009, a UCSal foi avaliada pela Comissão de Avaliação 
Externa do MEC/INEP, para fins de Renovação de Recredenciamento da 
Universidade, conforme estabelecido pela legislação vigente. Em Parecer 
Final a Comissão de Avaliadores foi favorável ao Recredenciamento da 
Universidade por 10 anos.
 Ao longo de sua existência e de contínuas realizações, conquistou 
a credibilidade do alunado, contribuindo para formar mais de 50.000 
profissionais das diversas áreas do saber, sempre em conformidade com 
os princípios que norteiam sua atuação: caráter comunitário e filantrópico, 
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
32
revelando forte compromisso social; autonomia universitária; gestão 
participativa; e, indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão.
 Missão
 A UCSal ressalta como valor fundamental a dimensão 
comunitária que dá sentido à sua missão como universidade e como 
uma universidade católica, destacando o compromisso com a busca 
da verdade e com o significado humanístico da vida universitária, 
ficando assim definida a sua missão: 
“Contribuir para a transformação da sociedade formando 
profissionais cidadãos, críticos e comprometidos com solução 
dos problemas e desafios da realidade social, privilegiando as 
dimensões ética, social e humana, a inclusão e a produção de 
conhecimentos científico-tecnológicos.”
 
 Graduação
 BACHARELADO E LICENCIATURA
 Os cursos de graduação oferecidos pela Católica buscam 
proporcionar oportunidades para o estudante “aprender a aprender”, 
construir conhecimentos a partir da reflexão e da crítica para o 
desenvolvimento do domínio do saber.
 O Projeto Pedagógico da UCSal está focado nos valores 
humanos, na relação com a sociedade e com visão mais completa 
sobre o mundo do trabalho, preparando o aluno para o exercício 
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
33
de uma profissão e para intervir na sociedade, interpretando os 
acontecimentos e apresentando soluções para as questões sociais.
 A UCSal busca também desenvolver o compromisso com o 
social, incorporando no seu Projeto Pedagógico o espírito investigativo, 
para que o aluno seja capaz de integrar a teoria com a prática.
 Atualmente são oferecidos, entre licenciatura e bacharelado, 
os seguintes cursos: Teologia, Pedagogia, Direito, Música, Letras, 
Comunicação, Filosofia, Geografia, História, Serviço Social, Ciências 
Contábeis, Administração, Enfermagem, Educação Física, Fisioterapia, 
Nutrição, Ciências Biológicas, Biomedicina, Matemática, Arquitetura 
e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia Química, Engenharia 
Mecânica e Engenharia de Software.
 GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA
 
 Os cursos nesta modalidade têm duração média de dois anos 
e, pela sua conclusão com aproveitamento, é conferido um diploma de 
Figura 3:
Centro de ensino II - 
campus Pituaçu
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
34
graduação e atribuído o título de tecnólogo, oferecendo a oportunidade 
àqueles que desejam se inserir mais rapidamente no mercado de trabalho 
ou aprimorar suas qualificações técnico-profissionais. 
 Conforme o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia 
do MEC, os tecnólogos são “profissionais de nível superior com formação 
para a produção e a inovação científico-tecnológica e para a gestão de 
processos de produção de bens e serviços”.
 Por ser uma formação de nível superior, o egresso dos cursos de 
Graduação Tecnológica está habilitado a cursar pós-graduação - MBA, 
Mestrado ou Doutorado.
 Atualmente a UCSal oferece os seguintes cursos de graduação 
tecnológica: Gastronomia; Logística; Rede de Computadores; Análise e 
Desenvolvimento de Sistemas; e Gestão de Recursos Humanos.
SAIBA MAIS
Para conhecer melhor os cursos de 
graduação oferecidos pela UCSal e 
as atividades por eles desenvolvidas 
acesse: www.ucsal.br/graduacao
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
35
 Pós-graduação
 A UCSal é uma Universidade que dispõe de muitas possibilidades 
para quem deseja continuar estudando depois da graduação. Os seus 
egressos podem realizar duas formas de forte investimento no incremento 
de sua formação continuada, tão exigida hoje pela sociedade: I. Nas 
especializações, chamadas de Lato Sensu, valorizadas pelo mercado de 
trabalho como diferenciais que os profissionais universitários formados 
possuem em seus currículos. Muitas empresas e órgãos de governo, 
inclusive, possuem uma política diferenciada de salário para os graduados 
que têm especialização e II. No Stricto Sensu, mestrados e doutorados.
 Para estimular o seu egresso a continuar a investir na sua 
formação, a UCSal oferece aos mesmos mais de 32 cursos nas áreas 
de: Direito, Saúde, Educação e Sociedade, Negócios e Exatas. E mais: a 
Universidade oferece descontos nas mensalidades para os estudantes 
que se formaram na UCSal, como forma de viabilizar ao nosso estudante 
a realização de seu Plano de Carreira. 
Figura 4: Biblioteca do campus da Garibaldi
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
36
 Mas para aqueles que quiserem, de fato, se tornar mestres e 
doutores, a UCSal oferece 110 vagas anuais de formação. Aqui temos 3 
Programas de Pós Graduação com 6 Cursos de Mestrado e Doutorado:
 Família na sociedade contemporânea, que em 2014 fez 10 
anos de existência, já formou 200 pesquisadores de alto nível que 
estão no mercado com performance profissional, reconhecimento 
e recompensas salariais diferenciadas. São advogados, médicos, 
enfermeiros, fisioterapeutas, historiadores, teólogos, pedagogos 
etc, que topam aprofundar, em 2 anos para o mestrado e 4 para 
o doutorado, investigações que compreendam a família. Com 
professores/pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, osestudantes são estimulados a enfrentarem as questões de direito de 
família, saúde da família, psicologia, filosofia, história e sociologia da 
família etc. Esse Programa é o único de Universidade particular com 
nota 5 na CAPES/Câmara Interdisciplinar.
 Políticas sociais e cidadania. O Programa já formou quase 100 
mestres e se dedica a compreender as políticas públicas e sociais 
vinculando-as ao debate da conquista da cidadania em um país 
carente de formação de gente especializada nessa área para atuar 
nos órgãos de governo e em instituições que intervêm diretamente 
na ordem social. Educação, saúde, segurança, sistema de organização 
familiar são os seus temas prioritários, e os professores vinculados 
ao Programa se dedicam a familiarizar os pesquisadores a manejar 
técnicas, conceitos, métodos de compreensão e intervenção da 
realidade social de nosso país.
 Planejamento Territorial e ambiental. Com quase 70 mestres 
e doutores formados, este Programa se especializou em pensar 
e atuar de forma planejada no espaço urbano, nos meios públicos 
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
37
de transporte em cidades complexas, no uso ordenado do solo das 
cidades, na circulação, nas questões de demografia e de história 
das cidades. Por isso atrai gente do direito, do meio ambiente, da 
biologia, da arquitetura e do urbanismo, da geografia, da história, da 
saúde, etc. Os profissionais que aqui trabalham são nomes relevantes 
do panorama internacional da área.
 O interessante é que o aluno de graduação tem várias 
formas de contato com este mundo especializado dos mestrados e 
doutorados: pode ser através das aulas de professores que atuam no 
Stricto Sensu (eles ensinam certas disciplinas obrigatórias e de tópicos 
especiais nos vários cursos de graduação); podem vir assistir defesas 
de mestrado e de doutorado, sempre divulgadas no Portal da UCSal, 
obtendo o certificado de ATIVIDADES COMPLEMENTARES para ver, 
concretamente, como os estudantes demonstram ter realizado suas 
investigações; podem ser monitores desses professores que atuam 
na graduação, sendo certificados para isso; podem participar como 
voluntários dos Grupos de Pesquisa que TODOS os doutores dos 
mestrados e doutorados possuem; podem ser pesquisadores juniores 
voluntários, ou bolsistas do PIBIC (Programa Institucional de Bolsas 
de Iniciação Científica). Vale dizer que, no Programa Ciências sem 
fronteiras, um dos requisitos para que os estudantes tenham acesso é 
realizar Iniciação Científica.
 É um mundo extraordinário
 que você merece conhecer.
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
38
 Uma Universidade Comunitária é isso aí: propõe formação de 
nível avançado em mestrados e doutorados, atenta às demandas sociais 
e em sincronia com os cursos de graduação que possui. Tudo isso porque 
a Universidade Católica se preocupa em formar de verdade. 
 Você pode fazer parte desse time. A casa é sua. Traga sua 
inteligência e sua energia positiva para fortalecer toda essa sinergia que 
constrói uma universidade inteiramente nova.
Figura 5: Pátio do campus da Federação
SAIBA MAIS
No site da pós-graduação você poderá 
encontrar mais informações sobre as atividades 
desenvolvidas pela UCSal neste âmbito.
Acesse: www.ucsal.br/pos-graduacao
39
 PESQUISA
 No processo de institucionalização da pesquisa, ao lado 
dos princípios éticos inerentes ao desenvolvimento das atividades, 
a UCSal assume referências básicas que se consolidam como 
concepção pedagógica para a produção de conhecimento científico: 
indissociabilidade; autonomia institucional; multirreferencialidade e 
interdisciplinaridade; articulação institucional.
 Duas referências se constituem indicadores para definição das 
áreas de pesquisa a serem institucionalizadas: o comprometimento da 
ciência com a sociedade e o tratamento interdisciplinar das questões de 
pesquisa, por se considerar possível, com essa abordagem, compreender 
de maneira mais inteira os problemas estudados, superando a 
disciplinaridade do conhecimento e requerendo interrelação entre as 
Unidades de Ensino.
Figura 6: Estudantes da graduação realizando experimentos em laboratório
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
40
 SEMANA DE MOBILIZAÇÃO CIENTÍFICA
 A Semana de Mobilização Científica – SEMOC é uma atividade 
promovida anualmente pela Universidade Católica do Salvador, 
organizada e executada democraticamente pelos diversos segmentos que 
compõem a comunidade acadêmica (professores, alunos e funcionários).
Integrando a programação regular de atividades do calendário acadêmico 
da UCSal, a série SEMOC tem gerado importantes desdobramentos para o 
fortalecimento da ambiência acadêmica, com repercussões na produção e 
socialização da pesquisa científica, no intercâmbio de atividades culturais 
e na articulação intercampi e interinstitucional de docentes, discentes, 
funcionários e pesquisadores em torno das temáticas selecionadas.
 A sucessão de temáticas centrais da série SEMOC demonstra um 
encadeamento lógico e tradutor do mérito privilegiado pela Universidade 
Católica do Salvador, circunscrito nas preocupações explícitas com 
as questões sociais e com princípios basilares de cunho universal, 
articulando-se, dessa forma, com a proposta pedagógica institucional, 
como também evidencia a tendência de colocar no centro dos debates 
temas de ampla abrangência, objetivando acolher a multiplicidade de 
áreas do conhecimento que integram o portfólio acadêmico da UCSal.
 Em 2014 a XVII SEMOC incluiu dentre os seus principais objetivos:
 a) contribuir para a difusão e o fortalecimento da diversidade 
científica no país;
 b) articular iniciativas de produção do conhecimento nos 
diversos cursos de graduação e pós-graduação da UCSal;
 c) promover o intercâmbio científico e cultural entre as 
Universidades e Centros de Pesquisa do país;
 d) contribuir para a reflexão sobre o papel da academia na 
resolução dos desafios que atormentam o cotidiano dos centros urbanos.
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
41
 Extensão
 A UCSal concebe a Extensão como uma prática acadêmica que 
promove a ação transformadora entre a universidade e a sociedade, 
desenvolvida de forma articulada com o ensino e a pesquisa. Neste sentido, 
constitui-se em espaço privilegiado de produção do conhecimento, de 
aprendizado mútuo e de intervenção, com vistas ao atendimento das 
demandas sociais. 
 Ao aproximar conhecimento acadêmico e senso comum, 
universidade e sociedade tornam-se parceiras no processo de ensino e 
aprendizagem, contribuindo para a formação de jovens empenhados na 
busca de respostas para os desafios do mundo contemporâneo.
 O Núcleo de Extensão e Ação Comunitária (NEAC) é o órgão 
responsável pela coordenação, fomento, articulação e acompanhamento 
das atividades de Extensão. Tem como atribuição atuar junto às 
Coordenações de Curso e a outros setores da estrutura acadêmica na 
implementação de programas, projetos, cursos e serviços voltados para 
o atendimento de demandas tanto da comunidade interna, quanto da 
comunidade externa.
 Além das empresas juniores e dos cursos de curta e média 
duração, a Extensão da UCSal desenvolve uma série de projetos e ações 
comunitárias, como:
 PROGRAMA ECONOMIA DOS SETORES POPULARES / INCUBADORA 
TECNOLÓGICA DE COOPERATIVAS POPULARES
 
 O Programa desenvolve ações de acompanhamento e assessoria a 
empreendimentos econômicos populares, visando fortalecer as condições 
necessárias à viabilidade e sustentabilidade dos empreendimentos da 
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
42
economia popular solidária. Com ênfase na dimensão do ensino, o “Curso 
de Extensão em Viabilidade e Sustentabilidade de Empreendimentos 
Econômicos Populares” tem por objetivocapacitar agentes multiplicadores 
para utilizar e desenvolver conhecimentos, instrumentos e práticas 
adequados à sustentabilidade dos empreendimentos econômicos 
solidários. 
 Em 2009, com o apoio da FINEP e da FAPESB, foi estruturada a 
Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP UCSal), com a 
finalidade de ampliar o alcance das ações do Programa.
 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - PREAM
 Este Programa tem como objetivo promover ações educativas 
voltadas para disseminar conhecimentos e sensibilizar as pessoas para 
a importância da participação de cada um na promoção da qualidade 
ambiental do meio em que vive, buscando consolidar uma postura 
inspirada na sustentabilidade.
 As atividades propostas configuram um processo educativo 
fundamentado na concepção de educação ambiental como uma 
modalidade de intervenção no mundo, que contribui para formar o 
cidadão crítico, consciente e proativo. Neste sentido, estimula-se a 
divulgação do Programa na comunidade acadêmica, especialmente junto 
aos alunos do Curso de Ciências Biológicas, desenvolvendo as seguintes 
ações: Projeto de Educação Continuada; Projeto Coleta Seletiva; Projeto 
Agentes Ambientais; e Projeto Sala Verde.
 UNIDADE DE ASSISTÊNCIA EM FISIOTERAPIA - UNAFISIO
 A Unidade de Assistência em Fisioterapia (UNAFISIO), vinculada 
ao Curso de Fisioterapia da UCSal, é um espaço onde se exercita 
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
43
a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão numa perspectiva 
interdisciplinar, possibilitando a aquisição de habilidades necessárias à 
realização da práxis dos estudantes do curso de Fisioterapia e Serviço 
Social. Tem como missão promover a saúde com qualidade e dignidade, 
através de parceria solidária entre universidade e comunidade.
 A UNAFISIO presta assistência fisioterapêutica nas disfunções 
ortopédicas, traumatológicas, reumatológicas, neurológicas e 
uroginecológicas, buscando integrar sua prática com a elevação da 
autoestima dos usuários, através de: inclusão social, reconstrução 
da identidade e autoimagem, aprendizado sobre como lidar com o 
preconceito, promoção do equilíbrio emocional.
 CENTRO DE ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO ANIMAL - ECOA
 O Centro de Ecologia e Conservação Animal (ECOA) desenvolve 
programas de monitoramento de comunidades animais e vegetais em 
Figura 7: Atendimento na UNAFISIO
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
44
várias regiões do Estado da Bahia e possui convênios com instituições 
públicas e privadas, com o objetivo de fortalecer a formação de seus 
pesquisadores e repassar o conhecimento produzido e os resultados 
alcançados às comunidades científicas e à sociedade. 
 NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ
 Criado em 1999, o NPJ funciona como um importante organismo 
jurídico e é um campo experimental que possibilita ao estudante da UCSal 
exercitar sua prática profissional, colocando-o em contato com situações 
concretas, que se expressam por intermédio da população assistida, 
requerente de serviços que perpassam a prestação de assistência jurídica 
gratuita, orientação de ações judiciais e realização de encaminhamentos 
no âmbito da relação com a sociedade. 
 LABORATÓRIO DE ESTUDOS EM MEIO AMBIENTE – LEMA
 O Laboratório de Estudos em Meio Ambiente (LEMA) constitui-
se em um espaço de pesquisa e extensão universitária, visando auxiliar 
em investigações relacionadas ao ensino de graduação e pós-graduação. 
Está equipado para desenvolver análises biológicas, químicas, 
geoquímicas, microbiológicas, bioquímicas, moleculares e toxicológicas. 
Atualmente, desenvolve pesquisas no campo da Biotecnologia, 
relacionadas à microbiologia ambiental, micropropagação de plantas, 
fisiologia de sementes, expressão gênica, cristalização de proteínas e 
oligonucleutídeos, dentre outros.
 LABORATÓRIO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO REITOR 
EUGÊNIO VEIGA - LEV
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
45
 O Laboratório de Conservação e Restauração Reitor Eugênio 
Veiga (LEV) tem como objetivo dar tratamento ao acervo do arquivo 
permanente da Cúria Metropolitana de Salvador. Trata-se de uma 
intervenção em conservação, restauração e tratamento arquivístico da 
documentação permanente da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, 
envolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão que propiciam a 
capacitação teórica e prática de professores, alunos e pesquisadores, sob 
a responsabilidade de professores dos cursos de História e Teologia da 
UCSal e vinculada à ACOPAMEC.
SAIBA MAIS
Para obter mais informações acerca das atividades 
de extensão desenvolvidas pela UCSal (cursos, 
projetos, ações comunitárias, empresa júnior 
etc.) você poderá acessar o site:
www.ucsal.br/extensao
 REFERÊNCIAS
 UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR. Plano de 
Desenvolvimento Institucional – PDI 2011-2015. Salvador, 2011.
 Portal institucional da UCSAL. Disponível em: <www.ucsal.br>
Acesso em: 26/11/2014.
Unidade 1 > Seção 2 > A Universidade Católica do Salvador
46
 Seção 3
 O percurso de estudo na Universidade 
 
 
 Uma das novidades do ensino superior é o fato de exigir do 
estudante uma maior autonomia em relação aos seus estudos. À medida 
que avança na sua formação o universitário tende a se tornar mais 
responsável pelo próprio percurso acadêmico, determinando inclusive 
os temas de estudo, o referencial teórico, os métodos de pesquisa etc. 
Por isso, para iniciarmos bem a vida acadêmica precisamos refletir 
um pouco sobre o caminho a percorrer para que o nosso estudo seja 
proveitoso. Para ajudar nessa reflexão a terceira seção de Iniciação à 
vida universitária apresentará o texto Método de estudo: uma questão 
pessoal, de Leonardo Lugaresi.
47
Método de estudo: uma questão pessoal
Leonardo Lugaresi
• 1. Acolher a realidade
 A universidade e o estudo fazem parte da nossa realidade. 
São um dado de fato, existem. Ora, diante da realidade, nós só 
temos uma alternativa: ou estamos passivos diante dela ou a 
acolhemos (que a realidade possa ser negada é somente uma 
ilusão perigosa). Estar passivos diante da realidade, no caso 
do estudo universitário, significa entender e praticar o estudo 
como uma espécie de mecanismo de transferência de alguns 
conteúdos de um lugar para outro. A maneira com a qual 
muitas vezes estudamos na universidade parece muito com a 
transferência de um conjunto de objetos de um espaço, o espaço 
gráfico do livro, para um outro espaço, o da mente do estudante, 
onde esses objetos transitam, para, no devido tempo, serem 
transferidos para um novo espaço gráfico de uma tarefa. A 
maior parte se perde na “terra de ninguém” daquilo que nós 
uma vez aprendemos e agora não lembramos mais. Nesse tipo 
de movimento, a mente e o coração da pessoa são implicados 
muito superficialmente. É como encher uma banheira de água: 
depois que nós destampamos a saída, a banheira fica úmida por 
um tempo e depois não fica resto algum de água. É evidente que 
estamos exagerando, mas não estamos muito longe da verdade.
 “Acolher” a realidade significa “assumi-la”, comprometer-
se, envolver-se com ela, deixá-la entrar e, sobretudo, deixar que 
ela modifique o nosso espaço interior (uma coisa depositada num 
quarto não modifica o quarto, mas uma semente plantada no 
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
48
chão o modifica). É esta a necessária passividade que está no início de 
cada atividade verdadeira, é este interesse que torna cada atividade 
nossa, inclusive o estudo, autenticamente humana. A realidade nos 
interessa, tem a ver conosco, toca-nos no fundo.
• 2. Interesse
 A primeira, fundamental (e talvez única) questão é, então, se 
a realidade nos interessa. A primeira palavra sobre a qual meditar, 
para aprender a estudar, é a palavra interesse. Olhe que nãolhes 
falo, em primeira instância, de técnicas, de macetes, de métodos 
particulares para tornar o estudo eficaz. Para isso existem manuais, 
alguns até bons, mas nós temos que nos lembrar que “as verdades 
mais preciosas não são aquelas que se descobrem por último; mas as 
verdades mais preciosas são os métodos” (Nietzsche). Se ficarmos em 
Figura 1: Eugène Burnand, Os discípulos Pedro e João correndo ao sepulcro na manhã do 
Ressurreição, 1898. Paris, Musée d’Orsay
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
49
uma posição verdadeira e perseverarmos no trabalho, os métodos, 
nós vamos descobri-los e iremos segui-los sozinhos.
 O ponto é que não parece nada óbvio que a realidade nos 
interesse. Quando criança era diferente, mas agora... A falta de apetite 
diante da vida é uma característica das nossas gerações; basta pensar 
em como respondemos banalmente às perguntas, muitas vezes 
colocadas banalmente, do tipo: “Como vai?”, “O que você fez hoje?”, 
“O que te aconteceu na sala de aula?” etc.; o nosso formulário de 
conversa cotidiana é espelho de uma alarmante indiferença diante da 
possibilidade de que a vida seja cheia de evento. Assim, desabituados 
ao interesse pela realidade, nós ficamos espantados quando acontece 
algo grande.
 Mas se não nos interessa (no sentido forte do termo, não 
naquele que normalmente usamos), com podemos pensar em 
estudar? É perfeitamente inútil que eu pense em estudar, mas é 
também inútil que eu pense em viver.
Então, perguntemo-nos (e é o primeiro “exercício” que proponho):
· o que nos interessa?
· que relação existe, ou pode existir, entre aquilo que me interessa e a 
circunstância, aquilo que tenho que estudar na universidade?
• 3. Amizade, escolha, perseverança
 
 Mas nós estamos aqui para nos ajudar e, então, além destas 
duas perguntas, que requerem um trabalho pessoal e contínuo, no 
tempo, para chegar a uma resposta qualquer, vamos nos fazer uma 
terceira pergunta à qual procuraremos responder juntos: como se faz 
para suscitar e deixar vivo um interesse para com a realidade? Como 
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
50
se faz para retomar continuamente a vontade de conhecer e, então, 
de estudar?
• 3.1. A nossa amizade
 O primeiro e mais poderoso meio é a nossa amizade, com a 
condição que seja verdadeira e, então, que queira investir toda a vida. 
Poderá parecer estranho que eu indique, como primeiro elemento de 
um bom método de estudo, a nossa amizade, com efeito, esta é uma 
sugestão que vocês não vão encontrar nos manuais. Mas a amizade é 
o paradigma do interesse pela realidade. Estando aqui todos juntos, 
é quase impossível que estejamos todos adormecidos, obtusos, 
mecânicos em perceber os estímulos que nos vêm da realidade. 
Deve haver alguém acordado e apaixonado, e talvez agora esteja 
escutando com inteligência estas perguntas, mil ideias... Tem sempre 
pelo menos um que está mais aberto do que os outros, talvez aberto 
para um aspecto só do real. O ponto é que ele acorde os outros e 
diga “olhe aqui, veja lá como é importante esta coisa, preste atenção 
para a outra...”. Depois, quando acontecer dele ficar adormecido 
(porque a vigilância para nós é cansativa, e não somos capazes de 
ficar atentos por muito tempo), vem um outro para chamar a atenção 
dele. Esta me parece a imagem mais bela possível da amizade como 
relacionamento educativo e de ficar juntos na universidade como 
companhia (as primeiras escolas universitárias da Idade Média eram 
chamadas de comitivae – companhia – e é um nome belíssimo, que 
procuramos retomar).
 Acordar de novo a mente e o coração do discípulo para o 
relacionamento com a realidade, ativar a inteligência e a afetividade 
do discípulo através do ensinamento (isto é, através dos “sinais”) é a 
missão fascinante e difícil do mestre.
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 Estão em amizade conosco, neste sentido, também certos 
autores, certos livros, às vezes uma música, um filme que nós 
assistimos... Podemos ser ajudados a aprender por todas as coisas. 
Regra prática: não segure nada para você: doe tudo aquilo que 
descobrir. Se existe uma coisa, mesmo pequena, que te marcou e por 
um instante te devolve interesse e vida, comunique-a e proponha-a 
para os outros. Neste esforço de você também ser mestre, vai aprender 
a aprender.
• 3.2. Escolha
 Naquilo que acabo de dizer tem o início da segunda indicação 
do método: escolher, isto é, “diligere”, amar algo. A gente ama só 
aquilo que a gente escolhe. Para aprender a amar (e por isso também a 
estudar) é preciso escolher. A ideia de um amor genericamente voltado 
para toda humanidade é uma armadilha. Como diz uma personagem 
de Dostoievsky: “Eu amo a humanidade, e fico maravilhado comigo 
mesmo: quanto mais amo a humanidade em geral, tanto menos 
amo os homens em particular, isto é, tomados separadamente como 
indivíduos... Para os homens talvez eu teria subido na cruz, se isso 
52
tivesse sido necessário, mas por enquanto não estou em condições de 
habitar com ninguém por dois dias no mesmo quarto”.
 Mas escolher não significa buscar de forma pirracenta algo que 
pode resolver o nosso caso; escolher quer dizer reconhecer aquele ponto 
no qual a vida nos pergunta.
 Regra prática: comece pelo ponto que lhe interessa, que lhe 
marcou, que talvez lhe tenha irritado. Não se descuide dele, mesmo 
que lhe pareça pequeno e secundário; procure não deixar aquele início 
de interesse que a vida lhe oferece. A grande tentação, na vida moral e 
intelectual, é aquela de passar por cima das intuições mais verdadeiras 
com o pretexto de não ter tempo, que temos mil coisas para fazer (e, 
verdadeiramente, também nisso a organização da universidade de hoje, 
com a sua obsessão pela quantidade, não ajuda muito).
 Se nós fizermos assim, o nosso horizonte, antes ou depois, se 
alarga, e começa-se a dar o passo para aquilo que nos interessa para 
aquilo que antes não nos interessava: não é uma coisa forçada, porque 
na realidade somos capazes de segurar tudo e é impossível se ocupar 
seriamente de algo e não perceber os mil laços que unem essas coisas 
com o resto da criação. Qual é a meta desse caminho? Tornarmo-nos 
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homens aos quais interessa tudo: pessoas que talvez possam sofrer – 
porque diante deste desejo as possibilidades humanas são infinitas – mas 
certamente pessoas que nunca ficam entediadas. A vida, assim, sempre 
tem gosto.
 Este “dilectio” (escolher) além de ser um critério para cultivar 
um interesse, torna-se uma estratégia de aproximação da matéria do 
estudo. Também na universidade, a apresentação dos assuntos nunca 
deveria ser extensiva – isto é, preocupada em alcançar uma presumida 
universalidade e, por isso, inevitavelmente, chata e uniforme, como uma 
carta geográfica – mas na tensão a evidenciar os nervos, os nós, os pontos 
vitais, os relevos e as depressões, como num material plástico: este 
esqueleto pode ser completado depois, adquirindo-se pacientemente 
noções e dados.
• 3.3. Perseverar
 Terceira conclusão: perseverar. Isto é, confiar, ter paciência e 
estar dispostos a pagar um preço. Tem que se acreditar que um certo 
empenho, uma certa fadiga, um certo tempo gasto seguindo a palavra 
de quem guia, é necessário para que nasça em nós o gosto por aquilo 
que estamos fazendo. Quase nada daquilo que é verdadeiramente 
importante é imediatamente “gostoso”: o que fica por fora nem 
imagina os prazeres que certas coisas dão àquele que está seriamente 
empenhado na experiência daquelas coisas. Isto vale para as 
coisas pequenas (por exemplo, penso no rico leque de sensações e 
pensamentos de um filatélico diante daquilo que, para mim, é só um 
pedacinho de papel que tenho que pregar num envelope), mas muito 
maisvale para as coisas grandes.
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 Porém, nós precisamos pelo menos ter a direção do nosso 
empenho. É o problema da consciência do sentido da nossa fadiga: 
eu posso estudar “diligentemente” (isto é, com “dilectio”) o solfejo 
enquanto estou apaixonado pela música.
 Regra prática: perguntar sempre por que são feitas as coisas. 
A famosa pergunta “de que me adianta estudar o latim” é, por um 
lado, mal colocada porque não se trata somente de um problema de 
utilidade prática, “isso serve e aquilo não serve”. Por outro lado, é 
justa na sua gênese como pergunta sobre o sentido de uma matéria.
Atenção, porém: é preciso também ter a humildade para aceitar e 
tomar como hipótese de trabalho uma resposta que na hora não 
nos convence ou não entendemos. Talvez se possa tornar a colocar a 
questão um pouco depois, se a verificação não nos satisfaz.
• 4. Maravilha e Pergunta
 Que tipo de inteligência da realidade gera em nós o interesse, 
quando ele está bem rico?
• 4.1. Capacidade de se maravilhar.
 Antes de mais nada, a capacidade de se maravilhar. “Maravilhar-
se” pelas coisas significa vê-las verdadeiramente. Vê-las como pela 
primeira vez, no milagre da existência delas e da forma que lhes é 
própria: as coisas existem e são assim, ao passo que poderiam não 
existir ou existir de uma forma completamente diferente. Somente 
no reconhecimento desta “evidência” existe um verdadeiro e fecundo 
conhecimento. Permitam-me uma lembrança pessoal. Quando minha 
mulher estava grávida do nosso primeiro filho acompanhei-a para 
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fazer a primeira ultrassonografia. A um certo ponto apareceu na tela 
do aparelho o perfil do rosto de uma criança, com uma expressão 
que – eu juraria – era já aquela que ele tem agora. Bem, naquele 
momento de forte emoção eu media a distância que separa um tipo 
de conhecimento do outro: eu já sabia antes que a criança estava 
ali, acreditava na existência dela e já lhe queria bem, mas não era a 
mesma coisa. Somente naquele momento a reconhecia. Não sei como 
dizer melhor e confio na intuição de vocês; aquele conhecimento 
tinha um peso completamente diferente.
 Este olhar que contempla e conhece “seriamente” as coisas 
é a mais alta imitação que o homem pode fazer do olhar criador de 
Deus (“E Deus viu que cada coisa era boa”). Os artistas e, às vezes, os 
filósofos, possuem este olhar, e justamente por isso nós os chamamos 
de “poetas”, isto é, criadores, embora seja uma analogia pálida do 
Criador. Mas este olhar, sob o qual nada é óbvio, pode ser também 
o nosso e então na nossa expressão – mesmo que não nos seja dado 
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
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alcançar a perfeição da forma – os nossos pensamentos e as nossas 
palavras terão uma pureza de acento que não pode deixar de ser 
percebida. Não se trata de uma retórica bem articulada: quem fala 
daquilo que “conhece” verdadeiramente tem um acento inconfundível 
de verdade nas suas palavras, embora sejam simples e modestas: 
“fique com a realidade, as palavras vão chegar” (Catão).
• 4.2. Capacidade de fazer perguntas
 O segundo aspecto é a capacidade de colocar perguntas. O 
maravilhar-se do qual estamos falando não é inércia, não é o assombro 
de quem está boquiaberto e depois sacode os ombros e retoma o 
Figura 2: Platão e 
Aristóteles ou A filosofia, 
de Luca della Robbia
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caminho de sempre: a admiração gera um movimento cuja primeira 
forma é a pergunta. Cada qual formula a pergunta como pode, no 
início talvez seja só um balbuciar, poderá parecer uma divagação que 
não tem nada a ver, mas é um passo que educa e aproxima da verdade. 
 
 E por que acontece assim? Talvez seja porque a realidade que 
vem ao encontro do nosso olhar sempre excede a nossa medida. A 
realidade contém sempre um início que ultrapassa a nossa espera 
e a nossa reação e nos convida a ir além. Volto ainda para uma 
experiência pessoal: lembro-me que há uns quinze anos estava num 
acampamento em Macunhaga, aos pés do Monte Rosa. De lá, a vista 
do Monte Rosa é uma coisa estupenda. Depois dos primeiros cinco ou 
seis dias de neblina e de nevoeiro que fechavam a montanha como 
uma capa, o céu se abriu e chegou um dia muito límpido. Eu tinha 
saído sozinho e, deitado num prado, olhava para aquele espetáculo, 
procurando beber dele até o fundo, quase para me tornar uma coisa 
só com aquilo que meus olhos viam.
 O que eu me lembro distintamente depois de quinze anos, é 
de uma sensação de sutil e persistente dor que acompanhava aquela 
contemplação e a tornava cheia de melancolia: eu sentia que, por 
mais que olhasse não podia só olhar, eu sentia que entre a duração 
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
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do monte e da geleira e a minha havia uma desproporção, sentia os 
meus olhos de cego tão inferiores à necessidade... Quantas perguntas 
coloquei naquele me maravilhar!
 Aqui também a regra prática é simples, quase pleonástica: 
perguntar sempre. Certamente não é um convite para provocar a 
qualquer custo perguntas artificiosas ou forçadas, mas para não 
deixar de expressar nenhuma pergunta. Nenhuma pergunta sincera 
é desprezível: lembrem, além do mais, que um professor inteligente 
sabe avaliar não somente as respostas que vocês sabem dar às suas 
perguntas, mas também as perguntas que vocês sabem colocar.
• 5. Um percurso em cinco palavras
 Aquilo que nós estamos dizendo até agora identifica, mesmo 
que sumariamente, uma posição do intelecto e do coração. Se existe 
esta disposição intelectual e moral, já o dissemos no começo, o método 
entendido como técnica cada um faz sozinho. Todavia, acrescentando 
as regras práticas que nós sugerimos, podemos indicar um possível 
percurso cognitivo para ser levado em conta na nossa atividade de 
estudo, e que poderíamos sintetizar com os cinco verbos seguintes:
• 5.1. Recolher
 Todo conhecimento sai da observação da realidade e da coleta 
(reparem, esta coleta implica por si uma escolha: confira com o que 
falamos acima) dos elementos que ela nos fornece. Aqui é necessário 
introduzir uma breve observação sobre a escrita. Escrever é uma 
atividade absolutamente necessária para qualquer tipo de estudo 
(necessária, mas não suficiente). Infelizmente neste caso também a 
escola não nos acostumou bem, com uma rígida divisão entre provas 
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
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escritas e orais e com o hábito, assimilado pelos estudantes cedo 
demais, de reservar o exercício da escrita quase exclusivamente para 
a redação (a redação que se faz na sala de aula ou em casa) e de 
qualquer forma só para momentos especificamente avaliados pelo 
professor. Ao invés, é necessário escrever regularmente, todos os 
dias, como uma fase normal da atividade de estudo. A primeiríssima, 
elementar forma de escrita é sublinhar e anotar nos livros de texto. 
Não podem ser nunca operações mecânicas (há quem sublinha tudo, 
mais por uma espécie de reflexo condicionado ou de tique nervoso 
do que por um gesto consciente; mas então sublinhar seria a mesma 
coisa que coçar a cabeça ou colocar os dedos no nariz), mas seletivas, 
“dirigidas”, pensadas já como o resultado de uma primeira elaboração. 
 A segunda forma elementar de escrita funcional ao estudo é 
o apontamento. Sobre os apontamentos tomados na sala de aula os 
estudantes se dividem em dois partidos: há quem tome apontamentos 
desde o início até o fim da hora e registra tudo, inclusive a tosse e a 
eventual bobagem falada pelo professor na última aula do dia para 
acordar a turma que já está desfalecendo. Há outros que pegam a 
caneta só obrigados com as ameaças mais severas, conservando por 
todo oresto da aula a imperturbabilidade de um monge budista. 
 De qualquer forma, o apontamento tomado na sala de aula 
é um momento importantíssimo de aprendizagem, mas tem que 
constituir a fase terminal de um rapidíssimo, quase instantâneo 
processo de compreensão e assimilação do quanto foi falado pelo 
professor e representar já o primeiro grau de formulação pessoal 
(confira com o que vamos falar daqui a pouco sobre as formulações).
 Trata-se, então, de uma técnica difícil, que seria preciso ensinar 
e para a qual é preciso se exercitar. De qualquer forma, é melhor não 
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
60
tomar nota de tudo, contudo estar certos de compreender aquilo que 
conseguimos anotar, mais do que empregar todas as energias para 
uma impossível corrida atrás do fluxo verbal da aula do professor. 
Pode ser útil fazer esta proposta: que o professor reserve alguns 
minutos no finalzinho da aula para a sistematização-integração dos 
apontamentos tomados durante a explicação. Todavia apontamentos 
e notas têm que ser tomados também em casa, cada um por sua 
conta, e deve-se aprender a arquivá-los de modo ordenado e prático.
Não é possível agora aprofundar este ponto, entretanto queria frisar 
que tem que ser recolhidas, e, então, escritas e arquivadas, também 
observações pessoais, perguntas que esperam resposta, início de 
reflexões, reações também a alguma coisa extra-escolar, etc. 
 Por tudo isso não podemos absolutamente confiar na memória; 
ela é fundamental no passo seguinte.
• 5.2. Assimilar 
 Significa propriamente “tornar parecido a nós mesmos”, isto 
é, interiorizar, filtrar através das fibras da humanidade, quase diria 
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
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da nossa carne. A memorização desenvolve aqui um papel essencial, 
porque consente aquela “inseminação” da palavra ouvida no profundo 
da nossa alma da qual, com o tempo, pode voltar a aflorar idêntica e 
diferente ao mesmo tempo, porque já foi feita nossa.
 As palavras que decoramos vivem dentro de nós, são colocadas 
no terreno da nossa humanidade interior, e elas vivem “quer vigiemos, 
quer durmamos”, para brotar no tempo devido. Assim, não se pode 
estudar verdadeiramente um poeta sem decorar pelo menos um 
trecho de sua obra; mas poderemos dizer que compreendemos um 
pensador, se as ideias fundamentais da sua pesquisa não se tornarem 
para nós familiares também na forma com a qual ele as condensou? 
 E assim poderíamos continuar. É óbvio que, nessa concepção 
do uso da memória conta muito menos a exatidão fotográfica da 
reprodução: os antigos, que decoravam muito, quando citavam, 
muitas vezes eram imprecisos, mudavam as citações, mas isso 
faz parte da função re-criativa em que a personalidade se forma 
através da memória. Memória e escrita são, então, complementares 
e correspondem a funções e necessidades diferentes: trata-se de 
aprender a usar cada instrumento no modo apropriado e não pedir à 
memória aquilo que ela não nos pode dar.
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
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• 5.3. Formular 
 Cada conhecimento, quando é possuído com segurança, 
assimilado e convenientemente personalizado, pode ser condensado 
numa fórmula sintética, ou em um conjunto de fórmulas; tende, aliás 
quase naturalmente, a se recolher numa fórmula compacta e, por 
assim dizer, lapidada. Não é questão de amor cartesiano pelas ideias 
claras e distintas: mesmo a incerteza, a perplexidade, o susto diante 
da complexidade do real, tem uma fórmula própria (ao passo que 
não a tem a mera confusão mental, aquela “eu sei, mas não sei como 
dizer”: se você não sabe como dizer quer dizer que você não sabe). Esta 
capacidade de síntese e de construção formal pode ser considerada 
como a prova da alcançada maturidade de um pensamento. A ela 
tem que se tender em cada fase do nosso trabalho, procedendo aos 
poucos por aproximação e correções sucessivas.
 Duas regras práticas. A primeira: não considerar com demasiada 
suficiência aquelas fórmulas específicas que são os dizeres, os lemas, 
os slogans, os “pensamentos” etc.: repeti-los mecanicamente como 
substitutivos do esforço intelectual próprio é o máximo da estupidez 
(é aquela “cultura de pílulas” que se encontra dispensada, hoje 
também, de muitas “cátedras”, não apenas cátedras universitárias). 
Estudar bem os provérbios, procurar entender como são feitos, de 
onde tiram sua força: este é um ótimo exercício. Não saberia indicar 
um alimento melhor para a inteligência, nesse sentido, do que os 
pensamentos de Pascal. Segunda: que a pressa, as muitas coisas que a 
gente tem que fazer, não nos faça deixar de lado o esforço de “procurar 
as palavras”, de tirá-las mesmo com um trabalho cansativo da nossa 
mente. Quando vocês elaboram os seus conhecimentos, perguntem-
se sempre se sabem formulá-los, eventualmente tentem escrever os 
Unidade 1 > Seção 3 > O percurso de estudo na Universidade
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conhecimentos e depois vejam se é possível dizer melhor (pode-se 
sempre). Este esforço, com o tempo, será muito bem recompensado: 
é assim que se aprende a escrever.
 E aqui, falando de escrita, é preciso fazer uma outra breve 
digressão. Qual é a característica fundamental da palavra escrita que 
a diferencia da palavra falada? A palavra falada (a oral, como se diz) 
tem a ver com o tempo, é uma porção de tempo, e é indissoluvelmente 
ligada ao sujeito que a pronuncia. Certo, os meios de gravação dilatam 
este “aqui e agora” na qual o sujeito a pronuncia, mas cada vez que 
esta palavra é representada é representado o sujeito que a profere. 
Quando não existe mais o sujeito, não existe mais a palavra. Onde ela 
está? No espaço mutável da memória de quem a escuta, na qual ela 
é, variadamente, selecionada, modificada, interpretada, integrada, 
removida... O que aconteceu com as palavras que eu falei há poucos 
instantes? A maioria está perdida. Ao passo que a palavra escrita tem 
a ver com o espaço – aliás, em sentido físico, é uma porção de espaço 
e permanece no tempo de forma completamente independente do 
sujeito que a pôs no início. Um texto escrito, se vocês pensam bem, 
se apresenta antes de mais nada como um espaço organizado de uma 
certa forma.
 Teria muito a refletir sobre estas coisas e seria fascinante, mas 
aqui não é o caso. Vamos nos limitar a ver rapidamente duas ou três 
consequências práticas que investem diretamente a execução das 
operações intelectuais das quais estamos falando.
 1. O que nós escrevemos torna-se um objeto que está diante 
de nós. Por isso escrever significa objetivar aquilo que temos dentro e 
que, antes de ser escrito, faz parte só do sujeito. Assim, por exemplo, 
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escrevendo dizemos a nós mesmos, tornamo-nos nós em união com 
os nossos sentimentos e pensamentos, objeto do nosso próprio olhar. 
Isto, e só isto, permite a análise de si, o confronto, a comparação 
de si com a realidade. Ninguém pode ver os seus olhos a não ser no 
espelho. Aqui está a grande possibilidade da escrita de introspecção e 
de expressão pessoal.
 2. A outra consequência diz respeito à maneira de explorar 
plenamente as características “espaciais” da escrita: trata-se, de fato, 
de organizar um espaço físico (folha, tela do computador ou aquilo 
que vocês quiserem) de modo que reproduza de forma melhor, mas, 
ao mesmo tempo, ordene e esclareça um espaço mental. Explico-me: 
no espaço da mente, os conceitos coexistem e interagem em uma 
complexa rede de relacionamentos; ao passo que a oralidade os 
obriga à linearidade de um sistema que pode emitir um sinal de cada 
vez. A escrita, então, pode reproduzir (e, insisto, ajudar) o complexo 
contexto que existe dentro de nossa mente. Então é preciso ter uma 
atenção extrema para a impostação gráfica, para o “lay-out” da

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