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Curso de Sistematização da Assistência de Enfermagem MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 67 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO II EXAME FÍSICO Quando falamos em semiologia em enfermagem, estamos nos referindo ao estudo dos sintomas apresentados por nossos clientes. Estes sintomas podem ser subjetivos ou objetivos, verbalizados pelos clientes ou observados pelo Enfermeiro. Na maioria das vezes, os sintomas de maior importância se apresentam ao Enfermeiro através do próprio cliente que o procura para relatar suas queixas. Este vem buscar ajuda ou orientação com relação ao que está sentindo e procura, na grande maioria das vezes, respostas e/ou a execução de procedimentos que façam com que os sintomas desaparecem ou, minimamente, sejam amenizados. Para que os Enfermeiros possam propor atividades que resultem em benefícios a saúde de seus clientes, existe a necessidade de se conhecer holisticamente este cliente. Isto é, o Enfermeiro deverá ter a habilidade de reunir as informações relatadas pelo cliente durante a entrevista com os dados coletados durante o exame físico, o que trará as reais necessidades físicas, psicológicas, emocionais, intelectuais, sociais, culturais e espirituais dos clientes. Juntamente com a entrevista, o exame físico compõe a primeira parte da Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE, o Histórico de Enfermagem. Esta é a principal etapa da SAE; é onde o Enfermeiro irá embasar todo o restante do processo, isto é, a partir do Histórico de Enfermagem o Enfermeiro irá determinar o Diagnóstico de Enfermagem que, por sua vez, irá subsidiar as intervenções de enfermagem propostas na Prescrição de Enfermagem. Após a decisão e implementação das intervenções de enfermagem, periodicamente, estas devem ser avaliadas para se detectar possíveis mudanças no estado geral dos clientes e assim, suspender ou alterar estas intervenções. A esta etapa da SAE se dá o nome de Evolução de Enfermagem, onde o exame físico também é utilizado. Além de possibilitar a identificação de problemas e o levantamento de percepções e expectativas que necessitam de intervenções de enfermagem, o exame físico também possibilita: individualizar a assistência de enfermagem; estabelecer uma 68 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores relação interpessoal de confiança, diminuir o nível de ansiedade do cliente e aumentar o grau de satisfação do Enfermeiro no desenvolvimento de suas atividades. O exame físico, assim como as demais etapas da SAE, somente poderá ser desenvolvido por Enfermeiros, pois solicita um amplo conhecimento científico e prático para sua realização eficaz. Alguns cuidados devem ser tomados pelo enfermeiro para que o exame físico seja realizado com eficiência e que se gaste o mínimo de tempo necessário. Abaixo descreveremos alguns destes cuidados: • Explicar o que será feito e o porquê ao paciente, pedindo-lhe permissão e colaboração; • Proporcionar ambiente adequado: tranqüilo e confortável, com iluminação homogênea e que permita privacidade; • Evitar ao máximo as interrupções; • Manter as mãos limpas, aquecidas, com as unhas curtas. • Adequar a altura da maca ou leito ao biótipo do Enfermeiro para facilitar a execução do exame; • Procurar realizar o exame físico no sentido céfalo-caudal, deixando a região onde o cliente refere dor ou alguma alteração para ser examinada por último; • Ficar atento à comunicação não verbal do cliente para se detectar possível desconforto e dor, principalmente às expressões faciais. Técnicas para exame físico Para realização do exame físico utilizamos quatro técnicas básicas, a inspeção, a ausculta, a palpação e a percussão. Nestas técnicas utilizamos nossos sentidos de visão, audição, tato e olfato. A inspeção é a mais importante de todas as técnicas, por isso deverá ser utilizada no início de cada fase do exame físico. Inicia-se no primeiro encontro com o 69 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores cliente, onde o Enfermeiro começa a analisar o comportamento e o organismo do cliente. Por exemplo, verifica-se simetria de olhos, coloração de pele, distribuição de cabelos, movimentos físicos que podem indicar ansiedade, etc. Utilizando seus conhecimentos e adquirindo experiência, o Enfermeiro poderá tornar-se sensível aos indícios visuais. É importante realizar uma avaliação no local onde o exame físico irá ser realizado. A iluminação é de fundamental importância, podendo em alguns momentos dificultar a inspeção realizada pelo Enfermeiro. A ausculta é utilizada para se ouvir os sons produzidos pelo nosso organismo. Geralmente utiliza-se o estetoscópio para ampliar o sentido da audição. Com a prática da ausculta, o Enfermeiro torna-se sensível às alterações sonoras produzidas pelo nosso organismo, conseguindo realizar a diferenciação dos sons normais dos anormais e, dentro dos anormais, quais são indicativos de determinadas patologias. O Enfermeiro necessita de um estetoscópio de boa qualidade, que seja adaptável a ele. As olivas devem ser confortáveis, o tubo deve medir cerca de 30 centímetros e sua cabeça deve possuir um diafragma e uma campânula. A campânula é utilizada para se ouvir sons graves (sopros cardíacos, por exemplo) e o diafragma para sons de alta freqüência, como os sons respiratórios. A técnica de palpação é utilizada para verificar a posição e forma de várias estruturas e órgãos. Implica no toque da região ou parte do corpo que se quer examinar. Com a utilização dos conhecimentos de fisiologia, fisiopatologia e principalmente anatomia, junto à experiência da realização do exame físico, o Enfermeiro terá capacidade de diferenciar variações da normalidade. Existem várias técnicas de palpação, que são utilizadas de acordo com a região e o que se deseja examinar. As mais utilizadas são: • Mãos espalmadas, utilizando toda palma da mão; • Mãos espalmadas, sendo utilizadas apenas as polpas digitais, com uma mão superpondo-se a outra; • Mãos em garra – para palpação de órgãos profundos; 70 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores • Em forma de pinça – utilizando o polegar e o indicador; • Digito pressão: comprimir uma área corporal utilizando a polpa digital do indicador ou polegar, e; • Palpação bimanual – uma das mãos aproxima a estrutura que será examinada pela outra. Sempre que certa região necessitar ser auscultada é importante realizar esta técnica antes da palpação, pois com a palpação, as estruturas são mobilizadas e estimuladas, interferindo na produção dos sons. Deste modo, podemos identificar sons que não verdadeiros e sim foram produzidos naquele momento, pelo estímulo que provocamos. Se o cliente verbalizar dor ou desconforto em uma determinada região, deixe-a para o final do exame, pois o cliente apresentará certodesconforto além da possibilidade da erradicação da dor e conseqüentemente verbalização de dor em local onde esta não se encontrava antes. Quando o Enfermeiro detectar certa ansiedade ou inquietação por parte do cliente, deverá iniciar a palpação com as mãos deles por debaixo das suas, até que este se tranqüilize. A percussão é utilizada quando o examinador deseja saber se a região examinada possui no seu interior ar, líquido ou se são sólidos. Através da movimentação de tecidos subjacentes, são produzidos sons audíveis e vibrações palpáveis que podem ser distinguidas pelo Enfermeiro. Podem-se diferenciar três tipos de sons: o maciço, o submaciço e o timpânico. O som maciço é produzido quando se percuti uma região sólida, desprovida de líquido e ar como, por exemplo, o fígado. O submaciço é produzido em regiões com quantidade restrita de ar, como a região localizada entre o parênquima pulmonar e um órgão sólido. O som timpânico é identificado quando percutimos estruturas repletas de ar como o estômago e alças intestinais. Para realização desta técnica utilizamos principalmente a percussão direta e a indireta. Na percussão direta, a polpa digital do dedo médio golpeia diretamente a região 71 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores que está sendo examinada. O dedo deve estar fletido e os movimentos de golpe são provenientes da articulação do pulso. Na percussão indireta, o examinador utilizar o dedo médio de uma das mãos para golpear a falange distal do dedo médio da outra mão que se encontra posicionada sobre a região examinada. A mão utilizada para receber os golpes deve estar espalmada e apenas o dedo médio deve estar em contato com a região a ser examinada. Assim como na percussão direta, os movimentos de golpe são provenientes da articulação do pulso. Posições para exame físico Existem várias posições utilizadas para realização do exame físico. Estas posições são utilizadas de acordo com a parte do corpo que se deseja examinar. As mais utilizadas são: - sentada; - ortostática ou em pé; - decúbito dorsal – cliente deitado de costas, com braços e pernas estendido ao longo do corpo; - decúbito ventral – cliente deitado com abdome para cima, com braços e pernas estendido ao longo do corpo; - Fowler – cliente semi-sentado no leito, recostado em travesseiros; - ginecológica – cliente deitado em decúbito dorsal, com as pernas flexionadas e afastadas; - Tredelemburg: decúbito dorsal, com as pernas e pés mais elevados que o corpo. Instrumentos necessários para realização do exame físico Alguns materiais e equipamentos podem ser utilizados para facilitar a realização do exame físico. Por exemplo: algodão, abaixador de língua, balança, estetoscópio, esfigmomanômetro, espátula, garrote, lanterna, luvas, martelo para reflexos, otoscópio, 72 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores oftalmoscópio, régua ou fita métrica, termômetro. EXAME FÍSICO GERAL No exame físico geral serão descritos tópicos referentes a sinais vitais e dados antropométricos. Os sinais vitais compreendem dados de temperatura, pressão arterial sistêmica, pulso e respiração. Estes dados nos fornecem uma visão geral do estado de saúde do cliente e possíveis alterações corporais. A seguir iremos analisá-los separadamente: - temperatura corporal - reflete o funcionamento do sistema termo-regulador, o equilíbrio entre a produção e a perda de calor do organismo. Pode ser verificada na região retal, bucal, inguinal ou axilar, sendo esta última a mais comumente utilizada. Em um adulto normal, a temperatura axilar varia entre 36 e 37,2º C. - pressão arterial – é a medida da pressão exercida pelo sangue na parede das artérias. Varia de acordo com a força contrátil do coração, a resistência da parede arterial e o volume de sangue circulante. Em um adulto normal, sua pressão arterial deverá estar em torno de 120/80 mmHg, com variação de um ponto para mais, ou menos. Vários são os fatores que interferem e alteram os níveis de pressão arterial: atividade física, barulho, dor, utilização e tabaco, café e outras drogas, temperatura do ambiente, estado emocional. - Também devemos estar atentos com o esfigmomanômetro que utilizamos. Este deve ter o manquito com largura de cerca de 40% da circunferência do braço e seu comprimento deve ter cerca de 80% desta circunferência. Se o manquito não respeitar estas proporções, obteremos leituras falsas, com medições elevadas. Outro fator importante é: se utilizamos aparelhos aneróides (mais comuns), devemos calibrá-lo periodicamente. - pulso – é a verificação da quantidade dos batimentos cardíacos, através da onda produzida nas artérias (dilatação e contração das paredes destas) com a passagem 73 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores de sangue. Para a verificação do pulso, pode-se utilizar a artéria, pediosa, poplítea, femoral, temporal, carótida ou, a mais utilizada, radial. O número considerado normal de pulsações em um adulto varia de 60 a 80 batimentos por minuto. - respiração – é o ato de inspiração e expiração, promovendo a troca de gasosa entre o ambiente e o nosso organismo. A freqüência respiratória considerada normal em um adulto varia entre 16 e 20 respirações por minuto. - Os dados antropométricos referem-se ao peso e altura dos indivíduos. Através de sua verificação o Enfermeiro consegue verificar dados nutricionais e possíveis alterações no equilíbrio entre peso e altura, entre outros. AVALIAÇÃO MENTAL Para realizarmos uma avaliação mental, devemos atentar para vários fatores prontamente observáveis, que em conjunto irão indicar a presença de alguma alteração mental. A seguir, serão descrito os tópicos a serem observados. Fala e Linguagem Devemos observar o conteúdo do discurso, se existe coerência no que está sendo dito. Também devemos analisar a velocidade da fala, o volume, o tom de voz e suas alterações e se este parece autêntico. Também devemos analisar a forma com que o discurso se expressa. Verificar a presença de logorréia (fala excessiva), o mutismo (silêncio total), a afasia (dificuldade em se expressar, não recorda palavras) e a verbigeração (repetir frases e palavras sem sentido). Humor 74 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Devemos descobrir qual o nível habitual de humor do cliente e qual foi à variação deste durante sua vida. Podemos nomear o estado de humor de acordo com os seguintes tipos: tristeza, melancolia, contentamento, alegria, euforia, raiva, ansiedade/preocupação, desinteresse e indiferença. Pensamento e Percepção Com relação às percepções, devemos atentar para a análise de todos os sentidos: a audição, a visão, a gustação e o tato. Avaliamos a intensidade das sensações, se estas são compreendidas e se existem a ocorrência de possíveis delírios ou alucinações. Função Cognitiva Neste momento verificamos se o cliente está orientado com relação ao tempo, ou lugar, as pessoas, e o comprometimento de sua memória remota e recente. Questionamos o cliente sobre a hora do dia, o dia da semana, o mês, o ano, a estação, quanto tempo trabalha na empresa, para verificarmossua orientação com relação ao tempo. Referente ao lugar, perguntamos sobre o endereço de sua residência, o endereço do trabalho, nome da cidade e do estado. Com relação às pessoas, solicitamos ao cliente que diga seu nome completo, de seus colegas de trabalho. Normalmente alterações nas respostas revelam a presença de delírios. Na avaliação da memória remota, questionamos datas de nascimento, escolas 75 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores que freqüentou outros empregos. Esta memória encontra-se comprometida, na fase inicial da demência. A memória recente refere-se a lembranças das atividades exercidas ou fatos acorridos no mesmo. Devemos perguntar qual foi o horário agendado para a consulta de enfermagem, quem o recepcionou, a que horas chegou ao serviço. Alterações nessas respostas indicam a presença de demência e de delírio. Durante o exame mental, devemos sempre checar as respostas dadas, pois o cliente pode estar confabulando, isto é, criando fatos para compensar a falha na memória. EXAME FÍSICO ESPECÍFICO Pele Função Revestimento e proteção dos tecidos subjacentes e órgãos, retenção de líquidos corporais dentro de seus limites, regulação da temperatura corporal, sintetização de vitamina D. Composição Composta por três camadas sendo: • Epiderme: camada mais superficial isenta de vasos sanguíneos que se subdivide em duas outras camadas: camada córnea externa formada de células ceratinizadas mortas e outra celular interna onde são formadas a melanina e a queratina. A nutrição da epiderme depende da derme subjacente. • Derme: Composta de tecido conjuntivo, bem vascularizada, apresenta glândulas sebáceas e folículos pilosos • Tecido subcutâneo: contém gordura, glândulas sudoríparas e o restante dos folículos pilosos e se encontra fundido a derme. 76 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Coloração Resultado da presença de quatro pigmentos basicamente sendo: melanina, caroteno, oxiemoglobina e desoxiemoglobina. A quantidade de melanina (pigmento acastanhado da pele) é determinada geneticamente e aumenta pela exposição à luz solar. A cor da pele varia de acordo com a raça, região do corpo e irrigação sanguínea. Com o envelhecimento a vascularização da derme diminui e as pessoas de pele clara podem adquirir um aspecto mais claro e opaco. A cianose possui dois tipos sendo: • Cianose Central: devido ao baixo nível de oxigênio no sangue arterial. • Cianose Periférica: devido à diminuição e lentidão do fluxo sangüíneo cutâneo, os tecidos absorvem mais oxigênio do que o habitual do sangue. Geralmente encontrada como resposta normal a ambientes frios ou ansiedade. Superfície, Integridade e Espessura A superfície da pele varia de acordo com a idade e a região do corpo. Normalmente é lisa e elevações, não é depressível, possuindo elasticidade e é íntegra o que garante a proteção aos tecidos subjacentes e órgãos. Com o envelhecimento enruga- se e torna-se frouxa, perdendo o turgor. Suor Em condições normais é inodora, sua quantidade aumenta em situações de elevação da temperatura ambiente e situações estressantes. 77 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Apêndices Cutâneos São considerados apêndices, as pêlos, unhas e glândulas sebáceas e sudoríparas. • Pêlos: nos adultos encontramos dois tipos de pêlo sendo a lanugem (curto, fino e pouco aparente) e um pêlo mais grosseiro e pigmentado, denominado de terminal, como exemplo deste pêlo podemos citar as sobrancelhas. • Unhas: tem a função de proteger as extremidades distais dos dedos e artelhos. Composta por placa ungueal geralmente encurvada, e coloração rósea no leito ungueal. A placa ungueal é firmemente ligada à placa ungueal e aproximadamente um quarto da placa ungueal onde se localiza a raiz ungueal é recoberta pela prega ungueal proximal. As pregas ungueais laterais protegem os lados da placa e a cutícula tem função de lacre e proteção destes espaços. Com o envelhecimento, as unhas perdem parte de seu brilho e podem tornar-se espessadas e amareladas. As unhas das mãos apresentam crescimento mais rápido do que as unhas dos pés, sendo seu crescimento de aproximadamente 0,01mm ao dia. • Glândulas Sebáceas: tem como função a produção e excreção de substância gordurosa que serve como proteção. Presentes em toda superfície cutânea com exceção das regiões palmares e plantares. • Glândulas Sudoríparas: subdividem-se em dois tipos, sendo denominadas glândulas écrinas e apócrinas. Glândulas Écrinas: desembocam diretamente e extensamente por toda superfície cutânea e são responsáveis pela produção e excreção do suor que ajuda a controlar a temperatura corporal. Glândulas Apócrinas: localizam-se principalmente na região axilar e genital, desembocam em folículos pilosos e são estimuladas pela tensão emocional. A responsabilidade pelo suor dos adultos é a decomposição bacteriana do suor apócrino. 78 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Anormalidades Para realização do exame da pele é importante familiarizar-se com alguns tipos de colorações, lesões e tumores cutâneos, assim como, algumas anormalidades encontradas nas unhas e adjacências, sendo as alterações abaixo as mais comumente encontradas: Técnica do Exame O exame físico da pele deve ser correlacionado com a informação obtida no histórico do cliente e em outras partes do exame físico. É necessário examinar a pele na medida em que prosseguir por cada sistema orgânico. A superfície cutânea deve ser inspecionada com boa iluminação e de preferência com luz natural ou artificial semelhante à natural. A luz artificial costuma distorcer as cores e mascarar a icterícia. Inspeção Observe e anote a coloração geral da pele antes de efetuar a palpação e digitopressão e pesquise alterações generalizadas: albinismo, pletora, palidez, cianose, icterícia e integridade da pele. Palpação Palpe superficialmente cada segmento e após, se preciso, utilize a técnica de digitopressão e realize testes de sensibilidade tátil, dolorosa e térmica para as manchas hipocrômicas e acrômicas na medida em que proceder com o exame físico e observando aspectos relacionados com a coloração, superfície, hidratação, espessura e integridade. É importante verificar a existência de enfisema subcutâneo. Coloração Pesquisar a presença de manchas vásculo-sanguíneas que se origina de vasodilatação em área limitada ou a efusão de sangue para a derme e as pigmentares 79 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores que se estabelecem de acordo com o pigmento melanina, conforme abaixo: • Manchas Vásculo-sanguíneas Eritema: rubor congestivo da pele em área limitada que desaparece a digitopressão. Púrpura: originária da efusão de sangue para a derme. De acordo com seu tamanho e posição recebe denominações sendo: menor do que um cm é chamada de petéquia, maior, de equimose e se linear, víbice (popularmente conhecido como vergão). • Manchas Pigmentares Hipercromia: pigmentação excessiva. Geralmente devido ao aumentode melanina. Hipocromia: de coloração mais clara do que o restante da pele, geralmente devido à diminuição de melanina. Acromia: descoloração total da pele na região da mancha, devido à ausência de melanina. Testes de Sensibilidade • Sensibilidade Tátil: utilize a técnica de puntipressão ou mecha de algodão seco. • Sensibilidade Dolorosa: utilização de técnica de puntipressão ou empregando uso de agulha. • Sensibilidade Térmica: utilize fontes calor e frio no local. Superfície, espessura e integridade Palpar a superfície observando as condições de hidratação (umidade, oleosidade, xerodermia (seca) e hiperidrose (sudorese excessiva, geralmente se acumula formando 80 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores gotas visíveis na pele) e o aumento volumétrico, geralmente associado à presença de edema ou cicatrizes. Observar localização anatômica e distribuição (localizadas ou generalizadas) das lesões, se em superfície expostas ou em regiões intertriginosas (pregas cutâneas), ou ainda se estão localizadas em áreas expostos a alérgenos ou irritantes específicos, como pulseiras, anéis, produtos químicos e produtos de limpeza, avaliando seu tamanho, forma, aspecto, coloração, profundidade, conteúdo (sólido ou líquido), volume de secreção e aspecto e odor. Na pesquisa procure observar lesões recentes, que não tenham sofrido alterações por coçadura ou tenham sofrido outro tipo de alteração. É importante lembrar que algumas lesões apresentam distribuições típicas, a exemplo da psoríase que pode afetar várias áreas do corpo e entre estas é freqüentemente encontrada na região dos cotovelos e joelhos. Já as infecções causadas por Cândida são freqüentemente localizadas em região intertriginosas. Unhas Inspecionar e palpar avaliando coloração, forma, resistência, presença de manchas, lembrando que baqueteamento sugere cliente com problemas do sistema respiratório. Pêlos Inspecionar distribuição, quantidade, consistência. Observação: Pode-se ainda realizar o teste de prega cutânea para mensuração do estado nutricional (obesidade e magreza) para determinação do percentual de gordura, utilizando compassos especiais, sendo os mais conhecidos os de Harpenden e o de Lange, devendo-se utilizar tabelas existentes para cada estrutura examinada. 81 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Cabeça A familiarização com a anatomia do crânio possibilita localizar e descrever os achados, tendo em vista que as regiões da cabeça têm seus nomes derivados dos ossos subjacentes. Técnicas de Exame Importante perguntar ao cliente se este observou alguma alteração no couro cabeludo e nos cabelos. Inspeção e Palpação A palpação deverá ser realizada com as polpas digitais em todo o crânio. Observar e anotar: Cabelos • Distribuição; • Textura (finos ou grossos), lembrando que a textura e a cor podem variar de acordo com a raça. No hipertireoidismo as pessoas apresentam cabelos finos e no hipotireoidismo cabelos grossos, sendo importante correlacionar esses achados com os demais durante o exame físico. • Processo de queda: se positivo perguntar ao cliente o início e período de ocorrência. • Brilho: em condições normais devem apresentar brilho. • Higienização: observar a presença de oleosidade, presença de caspas, 82 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores piolhos e lêndeas. Couro Cabeludo Reparta o cabelo em diferentes locais e observe a presença de descamação, lesões, protuberâncias e higienização. Crânio Inspecione e palpe todo o crânio observando: deformidades, protuberâncias, depressões, hipersensibilidade e tamanho. Face As alterações na coloração e simetria da face podem indicar patologias, sendo importante observar: • Coloração da pele (cianose, palidez, icterícia). • Textura. • Edemas. • Massas e nodulações. • Movimentos involuntários. • Paralisias. • Simetria. • Distribuição de pêlos. • Expressões da face: apática, colérica, tensa, inexpressiva, triste, alegre, tranqüila. 83 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Olhos e Visão É importante perguntar ao cliente se este observou alguma alteração em sua visão, com perguntas como “que tal sua visão”. Se este referir algum distúrbio, outras perguntas se fazem necessárias para elucidação do distúrbio tais como: • Começou de repente ou aos poucos? • Dificuldade de visão de longe ou perto? • As imagens apresentam-se embaçadas? Em sua totalidade ou em parte? • Existem pontos na sua visão? (estocomas) • Existem pontos de luz cintilantes? • Visão dupla? (diplopia) • Utiliza óculos ou lentes de contato? • Submeteu-se à cirurgia ocular? É importante informar ao cliente sobre os procedimentos que serão realizados, levando-se em conta que esta é uma região muito sensível. Pálpebras e Cílios Observar que em condições normais a pálpebra superior cobre uma parte da íris, porém, não recobre a pupila. O espaço de abertura entre as pálpebras é denominado fissura palpebral. As pálpebras se fecham e abrem simetricamente. A distribuição dos cílios é uniforme. Ao exame observar: • Edemas. • Xantelasma. 84 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores • Ptose. • Blefarite. Inspeção da Conjuntiva Palpebral Globo Ocular Em condições normais se apresentam simétricos, ocupando a cavidade orbitária e anteriormente localizada tangente à margem dos cílios. Ao exame observar: • Exoftalmia (protusão); • Enoftalmia (retração); • Sensibilidade e tensão. Técnicas de Exame Posicionamento do cliente: sentado. Posicione-se por trás do cliente, tendo desta forma, condições de observar o globo ocular de cima para baixo. Com delicadeza puxe as pálpebras superiores para cima, observando a relação das córneas com as pálpebras inferiores. Lembrete: existem variações nos limites superiores da normalidade para protusões oculares, sendo maiores nas pessoas da raça negra. Observar ainda a existência de desvios oculares. 85 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Conjuntiva Ocular, Esclerótica, Córnea, Íris e Pupilas A conjuntiva ocular apresenta duas porções sendo: a conjuntiva bulbar que recobre a maior parte do globo ocular e se adere frouxamente ao tecido subjacente e a conjuntiva palpebral que reveste as pálpebras. As junções destas duas porções permitem a movimentação do globo ocular. A esclerótica localiza-se subjacente à conjuntiva bulbar, sua coloração normal é esbranquiçada. A córnea é constituída por camada lisa e transparente que recobre a íris. A íris é uma camada pigmentada localizada subjacente a córnea. A pupila é um orifício circular no centro da íris, em condições normais seu diâmetro varia de 2 a 4 milímetros. Técnica de Exame Posicionamento do cliente: sentado. Peça ao cliente que olhe para cima, com o dedopolegar comprima ambas as pálpebras inferiores, expondo a esclerótica e a conjuntiva. Para se obter uma visão global do olho, utilize os dedos indicador e polegar e afaste as pálpebras sobre os ossos e solicite ao cliente olhar para cima, para baixo e para os lados. Conjuntiva Ocular, Esclerótica e Córnea Observe a presença de anormalidades de acordo com as ilustrações: Técnica de Exame para Inspeção da Conjuntiva Palpebral Superior 86 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Exame realizado quando existe a suspeita de corpo estranho, que exige a eversão da pálpebra: Solicite ao cliente olhar para baixo e solicite que este relaxe os olhos, realize a técnica com movimentos firmes e com delicadeza. Levante um pouco a pálpebra superior de forma que possa segurar os cílios superiores e puxe-os delicadamente para baixo e para frente, conforme ilustração; Coloque uma espátula (abaixador de língua) ou um cotonete a uma distância de aproximadamente 1 cm acima da borda palpebral. Empurre delicadamente o abaixador para baixo ao mesmo tempo em que eleva a borda da pálpebra, evertendo-a. Deve-se tomar muito cuidado para que não ocorra compressão do globo ocular. Segure os cílios superiores contra a sobrancelha, com o dedo polegar e indicador e examine a conjuntiva palpebral. Observe a conjuntiva e pesquise a existência de corpos estranhos ou cílios. Após o término do exame, segure os cílios superiores e puxe-os para frente de forma delicada, desta maneira a pálpebra irá retornar a sua posição normal. Íris e Pupilas Observar: • Diâmetro pupilar; • Realizar teste de fotorreação (descrito nas técnicas de exame neurológico); • Anormalidades pupilares; Teste de Visão Ocupacional Tem como finalidade verificar as condições de saúde visual para o trabalho e quando da evidência de complicações, encaminhar o mais precocemente para avaliação do oftalmologista. Assim como, avaliar a melhora após o tratamento prescrito pelo médico ou pelo uso de lentes corretivas. 87 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Importância Dos nossos cinco sentidos a visão é o mais utilizado pelos empregados em geral, para a execução de suas atribuições. Em muitos casos é decisiva para que exista desempenho ideal das atribuições exigidas pelo cargo. Podemos citar como exemplo a operação de máquinas, equipamentos, veículos, inspeções em desenhos, observação de reações químicas e realização de consertos e reparos. Um distúrbio não identificado pode gerar graves prejuízos econômicos, envolvendo perda de materiais e em alguns casos propiciar acidentes com o funcionário, possibilitando em determinadas circunstâncias colocar em risco a vida dos demais funcionários, ou ainda expor a risco as demais pessoas a exemplo dos motoristas de veículos que transitam fora da Empresa. Podemos concluir que avaliar a função visual é da maior importância para a saúde ocupacional. O teste de visão ocupacional é realizado com um aparelho chamado Ortho-rater. Pode-se utilizar ainda para o teste de acuidade visual a tabela de Snellen O ortho-rather possibilita a realização do exame em pequeno espaço, como se fora a uma distância de 6 metros no exame para longe e 35 cm para perto. As doze etapas possuem dificuldade crescente, sendo estas: 1) Acuidade visual - 06 provas Capacidade para distinguir os objetos e a sua forma, significando o grau de detalhes que o olho pode perceber através de uma imagem. Ao exame essas imagens são representadas por letras, símbolos ou figuras e constituídas de modo a poder indicar, uma medida angular. A acuidade visual igual a 1 normal (índice de visão normal) representa a medida de um ângulo visual de sessenta segundos, ou 1 minuto. 88 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Técnica de Exame Posicionamento do cliente: sentado. O examinador solicita ao cliente que fale, ou indique com a mão se o símbolo maior está voltado para direita, esquerda, para cima ou para baixo. Realizar o teste primeiramente com ambos os olhos e após separadamente, esse processo é realizado tanto para longe como para perto. Quando o cliente possui visão normal, distingue sem dificuldade o símbolo e a sua posição. Como o grau de dificuldade crescente, sendo que, se na décima segunda, consegue visualizar corretamente a posição, possui acuidade visual superior a 1. 2) Foria Foria representa o paralelismo permanente dos eixos oculares. Somente olhos perfeitamente posicionados na cavidade orbitária mentem equilíbrio postural em quaisquer direções que tomem em estado de vigília, desta forma sendo considerado normal à função visual binocular. • Foria Lateral – 02 provas O teste de foria lateral é realizado mediante a visualização de imagens dissociadas (uma para cada olho), são capazes de se fundirem numa só se o paralelismo for mantido. • Foria Vertical – 02 provas No teste de foria vertical em condições de normalidade o examinado deverá ver a linha pontilhada cruzando a escada luminosa e indicará o número do degrau mais próximo ao cruzamento. 89 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 3) Percepção de Profundidade – 01 prova É a capacidade visual para avalia distância. Os principais mecanismos responsáveis pela percepção de profundidade são a disparidade e o mecanismo de ajuste de amplitude, só funcionam graças à participação de ambos os olhos, portanto a visão binocular (foria) é necessária à percepção de profundidade. No ortho-rater, este teste consiste em mostrar ao examinado uma figura contendo 9 séries numeradas, 8 delas identificadas por letras, onde este deve informar, em cada série, qual o número que ele vê mais próximo de seus olhos. O teste de percepção de profundidade possui 9 etapas com dificuldade progressiva. 4) Distinção de Cor (Visão Colorida ou cromática)– 01 prova Avalia a capacidade dos olhos de distinguir cores. Das funções visuais, a mais complexa é a de distinguir cores. As alterações do senso cromático são denominadas de discromatopsias, utilizando-se ainda o termo daltônico aos que apresentam problemas na distinção das cores. A mais freqüente confusão cromática se dá entre o vermelho e o verde, embora outras confusões sejam possíveis entre o amarelo e o azul. Atinge preferentemente homens e raramente ocorre em mulheres. As razões ainda não são claras, mas é certo tratar-se de imperfeição hereditária. O teste consiste em solicitar ao examinador para identificar números que se encontram descritos dentro de dois círculos e dois quadrados, sendo que o aparelho reproduz quadro das mais selecionadas estampas pseudo-isocromáticas. A dificuldade de leitura em todos, ou em alguns, indica anormalidade. Total de provas: 12 Existe ainda o exame de Tonometria que tem como objetivo mensurar a tensão do globo ocular, contribuindo para verificação do nível de normalidade e detecção precoce de possíveis casos de hipertensão ocular e ainda contribuir para o diagnóstico precoce e tratamento eficaz do glaucoma. O nome do instrumento utilizado é Tonômetro de Schiot. 90 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudodeste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores É importante lembrar que existem padrões de visão ocupacional com requisitos necessários ao desenvolvimento da grande maioria das tarefas industriais, tendo sido agrupado por Bausch & Lomb, os trabalhadores em 6 diferentes grupos ocupacionais e para cada um destes elaborado um padrão visual. Nariz e Seios Paranasais Posicionamento do cliente: sentado Técnica de Exame Inspeção Examine as superfícies anteriores e internas do nariz. Com a mão enluvada, comprima suavemente a ponta do nariz com o seu polegar para alargar as narinas e com a ajuda de uma caneta luminosa ou da luz do otoscópio é possível visualizar os vestíbulos nasais. Observe se existe a presença de: deformidades, desvio do septo nasal, coloração da mucosa, secreções, lesões e edemas. Palpação Nariz: se houver algum indício de obstrução nasal, comprima alternadamente as asas do nariz solicitando que o cliente inspire. Seios da Face: Pressione para cima com os polegares a parte óssea das sobrancelhas, evitando comprimir os olhos, para palpar os seis frontais. Após, pressione para cima os seios maxilares. Observe a presença de: hipersensibilidade local, além de sintomas que podem 91 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores estar associados como febre, dor e secreção nasal, sugestivo de sinusite aguda. Boca Posicionamento do cliente: sentado Inspeção e Palpação Lábios Em condições normais se apresentam hidratados, com coloração que varia do róseo ao castanho e a pele íntegra. Observar as seguintes anormalidades: presença de cianose, lesões, ressecamento. É fundamental everter os lábios para exame da mucosa labial. Cavidade Oral Solicite ao cliente abrir a boca e observe as estruturas internas com o auxílio das mãos, utilizando espátula (abaixador de língua e lanterna). O uso destes instrumentos é imprescindível para que se obtenha uma visualização adequada da cavidade, lembrando que a ausência de luminosidade adequada pode mascarar ou impossibilitar a visualização de anormalidades principalmente àquelas ligadas à alteração de coloração. O olfato é muito importante para a detecção e caracterização do hálito do cliente que dependendo da característica apresentada sugere processos patológicos a exemplo do hálito cetônico sinal indicativo de diabetes. Na idade adulta, a dentição completa conta com 32 dentes. A mucosa oral e demais estruturas devem se apresentar hidratadas, coradas e íntegras. Caso o cliente faça uso de próteses, solicite a este sua retirada. 92 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Inspecione Mucosa Oral: observe presença de alteração de coloração, lesões, placas esbranquiçadas e nódulos. Gengiva e Dentes: observe alteração de coloração nas gengivas. Lembrando que a presença de uma linha negra sugere envenenamento por chumbo. Inspecione ainda as margens das gengivas e as papilas interdentárias e observe a presença de edemas, ulcerações, tártaros e resíduos alimentares. Inspecione os dentes e observe a presença de manchas, posição anormal e amolecimento dos dentes (verificar enluvando as mãos e utilizar os dedos indicador e polegar). Palato Duro Inspecione: alteração de coloração, hidratação, lesões, protuberâncias, depressões anormais. Língua e Assoalho da Boca Solicite ao cliente que exponha a língua para fora e observe: assimetria, coloração, textura, ulceração, nodulações, protusão assimétrica. Inspecione as laterais da língua e a superfície inferior e o assoalho da língua, pesquisando a presença de regiões esbranquiçadas, avermelhadas, nódulos e ulcerações. Em clientes etilistas e ou tabagistas é importante realizar a palpação da língua, pesquisando regiões endurecidas. Técnica de Palpação da Língua Enluve ambas as mãos, peça ao cliente para expor a língua para fora, com a mão direita segure a ponta da língua com o auxílio de uma gaze, afaste a língua para o lado esquerdo, inspecione e palpe com a mão esquerda, inverta o processo e inspecione o outro lado. 93 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Condições de Higiene Inspecione a presença de tártaro, resíduos alimentares e cáries e língua recoberta por placa de secreção evidenciando ausência de escovação da mesma. É importante lembrar que grande parte das endocardites bacterianas tem como causa originária a higienização inadequada que propicia cáries, acúmulo de tártaro e conseqüente proliferação bacteriana. Portanto, ao constatar esta situação é de extrema importância que o cliente seja orientado sobre a técnica correta de escovação dos dentes e língua. Faringe Solicite novamente ao cliente que abra a boca, mantendo a língua dentro da cavidade oral e solicite a ele que diga “ah” ou boceje, desta forma você poderá ter uma boa visualização, caso isso não seja possível, utilize uma espátula (abaixador de língua) e comprima a região média da língua para poder visualizar a faringe. É importante observar a distância correta da espátula para não provocar náuseas e vômitos. Já tendo visualizado toda a faringe (conforme ilustração), solicite ao cliente que diga “ah” e observe a elevação do palato mole e o posicionamento da úvula. É importante lembrar que na paralisia do 10º par de nervos, o palato não se eleva e a úvula fica desviada para um dos lados. Examine o palato mole, pilares anterior e posterior, amígdalas (que nem sempre são visíveis) e a faringe posterior. Inspecione: alterações da coloração, simetria da úvula, ulcerações e existência de exsudatos. 94 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Articulação Temporomadibular Técnica de Exame Posicionamento do cliente: sentado; Coloque a polpa dos seus dedos à frente do trago de cada pavilhão auditivo e peça ao cliente que abra a boca. Quando do movimento as pontas dos seus dedos devem cair nos espaços articulares, examine a amplitude do movimento, presença de edema e hipersensibilidade, estalidos “cliques” podem ser ouvidos em condições normais. A presença de edema, hipersensibilidade e amplitude diminuída, sugerem artrite. Ouvidos e Audição Perguntar ao cliente se sua audição é boa, se teve ou tem algum problema nos ouvidos, se percebeu alguma perda auditiva, caso positivo, se no ouvido direito, esquerdo ou em ambos e quando começou a perceber o início dos sintomas, se ocorreu de forma abrupta ou aos poucos e ainda sobre outros sintomas que podem estar associados e quais são eles a exemplo: dor (otalgia), vertigem, tinido (zumbido), etc. Lembrete: Existem dois tipos básicos de comprometimento auditivo sendo: 1) Perda Condutiva: resultante de problemas no ouvido médio ou externo. 2) Perda Sensorial: em decorrência de problemas no ouvido interno,no nervo coclear ou nas conexões centrais do cérebro. Indivíduos que apresentam perda sensorioneural, apresentam problemas principalmente na compreensão da fala. Pergunte ao cliente se está fazendo uso de algum medicamento, lembrando que alguns medicamentos podem afetar a audição, entre eles: aminoglicosídeos, aspirinas, quinino, furosemida,entre outros. 95 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Lembrete: Otalgia: sugere problema no ouvido externo ou médio, mas também pode ser referida a partir de estruturas próximas tais como a boca, garganta e pescoço. Tinido (zumbido): som percebido sem estímulo externo pode ser descrito como uma tonalidade musical, ruído pulsátil. Pode ser percebido em um ou em ambos os ouvidos. O tinido pode acompanhar a perda auditiva, porém, com freqüência permanece sem explicação. Pode-se perceber ainda som de estalido que origina, às vezes, na articulação temporomandibular, ou quando os clientes se conscientizam dos ruídos vasculares provenientes da região cervical. O tinido é um sintoma comum, sua freqüência aumenta com o avançar da idade e pode em casos mais graves estar acompanhado de perda auditiva e vertigem. Vertigem: é a falsa impressão de que o cliente ou o ambiente está rodando. Estas sensações indicam, basicamente, um problema no ouvido interno, no nervo coclear ou nas suas conexões. Técnica de Exame Inspeção e Palpação Pavilhão Auricular: inspecione a presença de deformidades, nódulos ou lesões cutâneas. Pergunte ao cliente se este tem dor e secreção anormal ou inflamação, em caso de dor faça a inserção do ostoscópio iniciando sempre pelo lado assintomático. 96 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Técnica de Exame Inspeção do Canal Auditivo e Tímpano Segure o pavilhão auricular firme e delicadamente, tracione-o para cima, para trás e um pouco para fora da cabeça, conforme ilustração. Observe o diâmetro do canal auricular, escolha um espéculo com o maior diâmetro que o pavilhão auditivo puder acomodar. Antes de inserir o espéculo do ostoscópio, certifique-se do tamanho adequado e de ter acendido a luz, isto possibilitará a visualização de todo o conduto na medida em que se está procedendo à inserção. Mantenha o cabo do otoscópio seguro entre os dedos polegar e indicador e apóie a mão contra o rosto do cliente. Introduza o espéculo delicadamente no canal auditivo, direcionando a ponta para baixo e para frente, observando a presença de: rubor, descamações, secreções, edema, cerúmen e corpos estranhos. A coloração do cerúmen pode variar do amarelo ao preto e a consistência pode se apresentar escamosa, viscosa ou dura, podendo dificultar a visualização das demais estruturas de forma parcial ou total. Inspecione o tímpano registrando sua coloração e contorno. O cone luminoso, geralmente é de fácil visualização e ajuda na orientação. Palpação Palpe os pavilhões auriculares e verifique a consistência da cartilagem, sensibilidade e edema, iniciando sempre pelo lado assintomático, quando da presença de dor ou hipersensibilidade. Existe ainda outro exame específico sendo este: audiometria Audiometria Consiste em medir por meio do audiômetro a acuidade auditiva possibilitando a avaliação da função auditiva, encaminhamento precoce ao médico especialista quando da presença de anormalidades (hipoacusia), detectar a existência de problemas que desaconselhem a realização de tarefas onde as deficiências de audição exponham o 97 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores funcionário, os colegas e a empresa em risco e finalmente avaliar a melhora obtida após tratamento médico ou uso de aparelhos para surdez. Pescoço Breve Revisão de Anatomia Para fins descritivos o pescoço é dividido em dois triângulos pelo músculo esternomastóideo. Em regiões profundas situam-se a artéria carotídea e a veia jugular interna, apresentando esta última, trajeto diagonal sobre a superfície do músculo esternomastóideo. É importante relembrar o posicionamento de outras estruturas como o osso hióide, as cartilagens tireóide e cricóide, os anéis traqueais, a glândula tireóide, manúbrio, traquéia, clavícula, os gânglios linfáticos (cabeça e pescoço) assim como o fluxo da drenagem linfática (descritos na breve revisão de fisiologia do sistema linfático e gânglios linfáticos – Etapa do Exame Físico dos Membros Superiores e Inferiores). Os gânglios amigdalianos, submentoniano, submandibular e a cadeia cervical profunda devem ser palpados, devendo o examinador dobrar os dedos (formato de garra). Gânglios pequenos, móveis, indolores e isolados são palpados com freqüência em pessoas saudáveis. Gânglios dolorosos e aumentados sugerem inflamação. Gânglios duros ou fixos sugerem doença maligna. Técnica de Exame Posicionamento do cliente: sentado, relaxado, com o pescoço discretamente fletido para frente. 98 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Inspeção e Palpação Observe: simetria, massas, cicatrizes, aumento de glândulas e gânglios. Palpe utilizando a polpa digital dos dedos indicador e médio, movendo a pele sobre os tecidos subjacentes das regiões examinadas. Palpe os gânglios e pesquise: tamanho, formato, mobilidade e consistência e hipersensibilidade. Traquéia e Tireóide Técnica de Exame Inspeção e Palpação Identifique através da palpação as cartilagens tireóide, cricóide e a traquéia. Observe se a traquéia encontra-se posicionada na linha média ou se apresenta desvios. O desvio da traquéia indica processos patológicos. Com a ponta do dedo indicador em um dos lados da traquéia e observe o espaço entre a traquéia e o músculo esternomastóideo, proceda da mesma forma do lado oposto. Em condições normais os espaços devem ser simétricos e a traquéia posicionada na linha média. Tireóide Inspeção Incline levemente a cabeça do cliente para trás, inspecione a região abaixo da cartilagem cricóide, buscando a glândula tireóide. Para obter uma visualização adequada é necessário utilizar uma iluminação tangencial no sentido de cima para baixo a partir do queixo. A iluminação tangencial possibilita delinear o tamanho, podendo ser identificada à hipertrofia da glândula (bócio). Quando hipertrofiada aparecerá uma sombra na borda inferior indicando os lados da tireóide. Incline novamente a cabeça para trás e peça a ele 99 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores para deglutir. Observe a movimentação, contorno e simetria. Caso necessário ofereça um pouco de água para realização do movimento de deglutição. Durante a deglutição as cartilagens tireóide, cricóide e a glândula tireóide se elevam retornando em seguida a posição normal. Palpação Posicione-se por trás do cliente. Aproxime suas mãos do pescoço, devendo posicionar os dedos indicadores logo abaixo da cartilagem cricóide. Incline levemente a cabeça para trás. Solicite que o cliente degluta. Palpe a elevação à glândula sob suas polpas digitais. As características físicas da tireóide têm importância diagnóstica, porém para saber sobre seu funcionamento, são necessários exames laboratoriais além de outros sinais e sintomas detectados durante o exame físico. Observe o tamanho, formato, consistência, nódulos e hipersensibilidade. Solicite ao paciente retornar a cabeça à posição normal e solicite a ele que faça movimentos com o pescoço movimentosde rotação para a direita e esquerda, extensão e flexão (frente e trás) e inclinação para direita e esquerda. Artérias Carótidas e Veias Jugulares Inspecione e palpe: distensão venosa jugular e pulsações arteriais. Na presença destas, realizar exame detalhado com o cliente em decúbito dorsal quando do exame cardiovascular e se necessário elevar um pouco o decúbito de forma a mantê-lo confortável. Tórax e Pulmão É imprescindível uma boa coleta de dados que contenha informações detalhadas sobre a história familiar e a história ocupacional pregressa e atual, pois muitas doenças respiratórias e crônicas podem resultar da inalação de certos tipos de poeira ou a outras substâncias alérgenas, assim como a esporos e fungos. A exemplo os trabalhadores que 100 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores trabalharam ou trabalham em minas de carvão, pedreiras, algodão, cerâmica, fundição de aço e trabalhadores rurais e cavadores de poços. Cabe lembrar que o asbesto e poeira de rocha contem sílica que podem causar doenças e os sintomas irão se manifestar até anos mais tarde. É imprescindível que a coleta de dados conste do tempo de exposição, e a relação com o tempo da exposição e o início dos sintomas. O histórico social do qual devem constar as condições de moradia, hábitos como tabagismo e etilismo, assim como a criação de determinados animais é também fator importante, a exemplo das pessoas que fazem criação de pássaros como pombos, papagaios, periquitos e canários. Breve Revisão de Anatomia e Fisiologia Tórax Para descrevermos os achados com exatidão é necessário ter em mente a localização anatômica. É importante observar que os espaços intercostais são denominados de acordo com a costela que o antecede. Os achados do tórax devem ser descritos de acordo com as dimensões, ou seja, ao longo do eixo vertical em torno de sua circunferência. Eixo Vertical Torna-se necessário enumerar as costelas e os espaços intercostais. Para auxiliá- lo na localização tome como base o ângulo esternal, sendo que para encontrá-lo é necessário à palpação da chanfratura supra-esternal, e em seguida, deslize o dedo para baixo, cerca de uns 5 cm, até encontrar uma saliência óssea horizontal que é a ligação entre o manúbrio e o corpo do esterno. Desloque o dedo para a lateral e identifique a 2ª costela adjacente e a cartilagem costal. Partindo deste ponto, utilize dois dedos, podendo descer pelos espaços intercostais, percebendo um espaço por vez, seguindo sempre obliquamente conforme a ilustração abaixo. Não se devem contar os espaços intercostais, tendo como referência a borda inferior do externo, pois nesta região as costelas se encontram muito próximas uma das outras, possibilitando erro de localização. Em mulheres com mamas de grande volume, aconselha-se lateralizar um pouco a mama para 101 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores possibilitar a palpação. Região Anterior Observe que somente as cartilagens costais das sete primeiras costelas se articulam com o esterno. A oitava, nona e décima costelas articulam-se com as cartilagens costais que se localizam logo acima delas. A décima primeira e décima segunda costelas são chamadas de costelas flutuantes, por não apresentarem inserção anterior. A extremidade da décima primeira costela pode ser palpada lateralmente e a da décima segunda, palpada na região posterior. Não é possível diferenciar as cartilagens costais das costelas através da palpação. Região Posterior A partir da décima segunda costela, e possível realizar a contagem das costelas e de seus respectivos espaços intercostais. É de fundamental importância para a descrição exata de achados na região inferior e posterior do tórax, sendo ainda útil quando o exame da parte anterior estiver prejudicado ou for insatisfatório. Com os dedos localize a borda inferior da décima segunda costela e faça uma compressão para dentro e para cima, em seguida deslize os dedos para cima, e localize os espaços intercostais. Para auxiliá-lo na localização e descrição dos achados, tenha em mente que o ângulo inferior da escápula costuma se localizar ao nível da sétima costela ou espaço intercostal. Outra forma de localização pode ser realizada e descrita de acordo com a relação com as apófises espinhosas das vértebras. Para esta palpação, solicite ao cliente que flexione o pescoço para frente, a apófise que se mostrar mais proeminente costuma ser a sétima vértebra cervical. Se duas apófises se apresentam proeminentes, estas correspondem à sétima vértebra cervical e à primeira torácica. Localização de achados em torno da circunferência torácica As linhas medioesternal e vertebral são precisas, e as demais estimadas. A linha hemiclavicular possui um trajeto vertical que se inicia no ponto médio da clavícula, portanto, é necessário localizar com exatidão ambas as extremidades da clavícula. As 102 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores linhas axilares anterior e posterior possuem trajeto vertical que inicia nas pregas axilares anterior e posterior e a linha axilar média inicia-se no ponto mais alto da axila. Na região posterior a linha vertebral se localiza sobre as apófises espinhosas das vértebras e as linhas escapulares iniciam-se no ângulo inferior das costelas. A inspiração normal em repouso é realizada pela contração dos músculos respiratórios (diafragma e os intercostais externos); a expiração normal é passiva e não depende de esforço muscular, resulta do recolhimento elástico dos pulmões e da caixa torácica. Um adulto normal em repouso respira calma e regularmente cerca de 14 a 20 vezes por minuto. Lembrando que o esforço físico e a tensão emocional alteram esse ritmo, assim como processos patológicos. Pode-se dividir o processo da respiração em três etapas principais sendo: 1) Ventilação Pulmonar - influxo e efluxo de ar entre a atmosfera e os alvéolos; 2) Troca Gasosa - difusão de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue; 3) Transporte – fluxo de oxigênio e dióxido de carbono do sangue e fluídos corpóreos para/e das células. A finalidade dos pulmões é a troca gasosa. Tem como função levar o oxigênio do ar ao sangue venoso sistêmico e permitir a saída de dióxido de carbono, produto de excreção do metabolismo celular, desta forma mantendo o equilíbrio metabólico das células. Este processo se dá através de uma série de processos bastante complexos. A partir da contração dos músculos inspiratórios o ar entra pela traquéia e brônquios até atingir os alvéolos pulmonares, onde o ar alveolar e o sangue capilar se encontram em contato íntimo, separados, apenas, por uma membrana alvéolocapilar ultrafina. O oxigênio espalha-se através da membrana alvéolocapilar para o sangue, enquanto o dióxido de carbono faz o caminho inverso. Os pulmões são órgãos que apresentam forma de um cone e preenchem totalmente os espaços pleurais. Os pulmões são divididos por fissuras oblíquas, sendo que estas subdividem os pulmões em lobos, sendo o direito subdividido em três lobos denominados superior, médio e inferior. O pulmão esquerdo subdivide-se em dois lobos sendo estes denominados superior e inferior. O ar entra e sai dos pulmões através das 103 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa.Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores vias aéreas, que se subdivide em: a) Vias Aéreas Condutoras: Podendo ainda ser denominada de árvore traqueobrônquica, que é formada pela traquéia, brônquios e bronquíolos. Sua principal função é levar os gases para dentro e para fora das unidades respiratórias terminais. Para que isso ocorra, o ar penetra pelo nariz e pela boca, em seguida passa pela laringe e sistema traqueobrônquico. As vias aéreas superiores filtram, ajustam a temperatura e umidificam o ar inspirado. Traquéia A porção extratorácica da traquéia localiza-se na linha média da região anterior do pescoço. Após a sua inserção no pescoço, desvia-se discretamente para a direita. Sua sustentação se dá através dos anéis de cartilagem em forma de ferradura que são unidos posteriormente por uma membrana maleável. Durante a tosse, ocorre o aumento da pressão intratorácica que empurra a membrana para dentro do espaço entre os ramos de cartilagem, estreitando o lúmen. Em conseqüência, a velocidade do fluxo aéreo aumenta criando uma grande força que desloca o material depositado na superfície da membrana. A traquéia divide-se ao nível da carina em brônquio fonte direito e brônquio fonte esquerdo, sendo que o brônquio direito apresenta seu ângulo com a traquéia menor do que o do brônquio esquerdo. Por esta razão os fluídos aspirados ou corpos estranhos, tendem a entrar no pulmão direito. Tendo em vista o deslocamento para a direita da traquéia, esta se afasta do pulmão esquerdo e aproxima-se mais do direito, e, portanto, o brônquio principal esquerdo é mais longo (5 cm) e o direito (3 cm). Brônquios Dividem-se em ramos lobares e segmentares. É de fundamental importância conhecer estas divisões, principalmente os segmentos broncopulmonares, pois certas 104 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores patologias, caracteristicamente, acometem determinados segmentos pulmonares, a exemplo da tuberculose pulmonar que freqüentemente afeta os segmentos apical e posterior dos lobos superiores ou o segmento superior dos lobos inferiores. Segmento broncopulmonar: é uma porção do tecido pulmonar que é suprido por um brônquio segmentar único e sua artéria correspondente. A drenagem venosa é variável, sendo que uma veia pode drenar mais de um segmento. Cada um dos segmentos funciona como uma unidade relativamente independente, embora ocorra a circulação colateral e a ventilação entre segmentos adjacentes. Os segmentos possuem forma e tamanhos diferentes e são separados por uma membrana fina e incompleta de tecido conjuntivo. Os brônquios subdividem-se em segmentos cada vez menores que são denominados gerações. Os últimos e menores brônquios, onde se originam as unidades respiratórias são denominados de bronquíolos terminais. b) Unidades Respiratórias Terminais: também conhecidas como parênquima pulmonar, ácinos ou lóbulos primários, têm como função principal à troca gasosa. Alguns Processos Patológicos e Alterações nos Pulmões Os processos patológicos e as alterações nos pulmões produzem sons denominados anormais. Abaixo um resumo sucinto dos mais comumente encontrados. Atelectasia Devido a não expansão de uma porção pulmonar, podendo acometer todo um pulmão, um lobo, ou apenas segmentos de um lobo. Existem três tipos de atelectasias denominadas: • Atelectasia Congênita: falta de expansão total dos pulmões no período neonatal é denominado de atelectasia congênita. • Atelectasia Funcional: insuflação incompleta dos pulmões durante a respiração em repouso. • Atelectasia Adquirida: pode ser obstrutiva ou compressiva sendo: a) Obstrutiva: resulta da obstrução da traquéia ou brônquio e pode ser causada 105 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores por aspiração de um corpo estranho, massa tumoral incluindo um brônquio, ou por exsudato. Uma grande área de atelectasia maciça pode ocasionar deslocamento do coração para o lado afetado. b) Compressiva: é resultado da compressão do pulmão por ar ou líquido nos espaços pleural ou pericárdico, que pode ser ocasionada por um grande tumor intratorácico ou por elevação do diafragma. Quando um pulmão atelectasiado se expande, ausculta-se pelo estetoscópio crepitações, em virtude da repentina abertura das vias áreas. Enfisema É uma dilatação anormal dos espaços aéreos acompanhados da destruição das paredes alveolares; em conseqüência destas alterações ocorre um aumento considerável no volume dos pulmões. A evolução da doença é lenta e o enfisema requer muitos anos até chegar a um estágio avançado que se caracteriza pela presença de dispnéia e pelo tórax em barril. A ausculta pulmonar e os ruídos respiratórios encontram-se diminuídos. O tabagismo é a maior e virtualmente a única causa de enfisema. Consolidação Pulmonar É a solidificação do tecido pulmonar devido à grande presença de líquido, característica da pneumonia. A ausculta os sons respiratórios são predominantemente brônquicos, com presença de egofonia, pectoriloquia áfona e broncofonia são auscultados no pulmão consolidado. Pneumotórax Ocorre quando o ar entra no espaço pleural, ocasionando um colapso parcial ou total do pulmão, geralmente em indivíduo jovem e saudável. O ar entra para o espaço devido à ruptura na superfície pulmonar. Pode resultar ainda de uma laceração pulmonar devido a ferimento puntiforme, tuberculose ou trauma (costela fraturada). Os ruídos respiratórios estarão ausentes no hemitórax quando o pulmão se encontrar totalmente colapsado. Quando acometidos de um pneumotórax, os clientes referem um início abrupto de dor torácica (tipo pleurítica) e certa dificuldade respiratória. Quando o pulmão encontra-se colapsado, a traquéia pode se desviar para o lado oposto do tórax e na 106 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores percussão o som será de hiper-ressonância. Derrame Pleural Acúmulo de líquido na cavidade pleural resultante do excesso de produção, deficiência dos mecanismos de drenagem que normalmente mantém o espaço pleura relativamente seco, ou combinação de ambos. O acúmulo de líquido pode ser proveniente de processos inflamatórios, fluxo venoso ou linfático ou mudanças de pressão oncótica sérica, entre as superfícies pleurais. O acúmulo substancial de líquido entre estas superfícies interfere na transmissão dos sons respiratórios e vocais, além de diminuir a ressonância. Quando o excesso de líquido ocasiona a compressão ocorre alteração dos sons. Os ruídos respiratórios estarão ausentes quando de um grande derrame pleural. Dor Existem vários tipos de dor que ocorrem na região torácica, podendo ser classificados como: • Dor Pulmonar Primária e Referida Ocorre quando são atingidas a pleura parietal, as vias aéreas principais, a parede torácica, o diafragma e as estruturas mediastinais por processo patológico. É importante lembrar que o tecido pulmonar e a pleura visceral são insensíveis à dor, podendo estas regiões ser insensíveis mesmo na presença de grandes tumores. A localização da dor está diretamente associada à área de inervação. Exemplo: dor referida e originada na pleura diafragmática na base do pescoço e ombros, sendo estas regiões inervadas pela terceira, quarta e quinta raízes cervicais que também formam o nervo frênico. • Dor Pleurítica Os clientes a descrevemcomo dor em “fisgada” na região lateral do tórax à movimentação, dificultando a respiração, tendo em vista que com a diminuição da expansão torácica a dor diminui. Encurvar-se, virar na cama, tosse e espirros aumentam em muito a intensidade da dor. Em pós-operatório recente pode ser indicativo importante de embolia pulmonar. Se associada à febre, tosse e expectoração são sugestivas de pneumonia aguda. Acompanhada de doença prolongada, associada à perda de peso, 107 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores tosse persistente e queda de energia, pode sugerir tuberculose ou neoplasia torácica. • Dor Muscular Para distinguir esta dor (sinal de inflamação muscular) de doença torácica interna é muito importante a localização do local que servirá como pista. • Dor Costocondral Existência de dor e ainda existência de dor a pressão e aumento palpável da cartilagem que liga o osso esterno às costelas. Qualquer parte cartilaginosa da borda inferior da caixa torácica pode estar envolvida, com maior freqüência nas segunda, terceira e quarta cartilagens. A dor é “surda” e freqüentemente descrita como sensação de roer, é mais perceptível durante a noite quando o cliente se encontra deitado é leve e pode persistir por meses ou anos, tem pouca relação com a movimentação. A síndrome de Tietze produz esta dor. • Dor de Neurite Intercostal Principalmente quando causada por herpes zoster, pode causar dor semelhante à da pleurite. É superficial, aumentando sua intensidade quando relacionada à tosse e espirros, mas não a outros movimentos. É freqüentemente descrita como sensação de choque elétrico não relacionado aos movimentos respiratórios e às vezes se encontra associada a áreas de pele torácicas anestesiadas ou hipersensíveis. • Dor Cardíaca Muitas vezes diagnosticada pela história, por ser característica. O cliente sente uma dor em aperto abaixo do esterno, à esquerda que se irradia para ombros e braços ou pescoço, aliviada por repouso ou nitroglicerina, é típica da angina de peito. Causada por ansiedade ou atividade. • Dor Pericárdica Assim como a dor cardíaca sua localização é retroesternal, se estende para a esquerda, pode estar relacionada com a atividade, porém é afetada pela respiração, semelhante à dor pleural. É aliviada com a inclinação do corpo para frente ou correção da postura. 108 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores • Dor Aórtica Descrita pelo cliente como profunda, entediante, agonizante e rasgada. Sua localização é retroesternal e às vezes interescapular, causada por aneurisma, principalmente o dissecante. • Embolia Pulmonar Pode eventualmente produzir dor, dispnéia, tosse e raramente hemoptise. • Tosse Sinal indicativo de doença pulmonar. Existem basicamente dois tipos de tosse sendo a produtiva e não produtiva. Tosse produtiva: limpa as vias aéreas e elimina secreções que se acumulam nas vias aéreas em diversas doenças pulmonares. É percebida como um som grave, semelhante ao de um chocalho e freqüentemente está associada a hábitos tabagistas, bronquite, grande volume de escarro e desempenho débil em testes respiratórios. É importante observar as características do escarro, pois este é sugestivo do processo patológico instalado sendo: Escarro com odor fétido: causado freqüentemente por bactérias anaeróbicas, a exemplo no abscesso de pulmão. Escarro abundante, espumoso, semelhante à saliva: é mais raro de ser encontrado e é sugestivo de carcinoma bronquialveolar. Escarro volumoso, róseo e espumoso: pode ser visualizado em portadores de edema de pulmão. Hemoptise: podem aparecer veios de sangue no escarro dos portadores de infecção aguda, e escarro grosseiramente sanguinolento em portadores de pneumonia. Cabe salientar que algumas pessoas com expectoração sanguinolenta podem se encontrar gravemente enfermos, podendo ter sido acometidos de bronquiectasia, tuberculose, estenose mitral, carcinoma broncogênico e mais comumente com bronquite. É muito importante a distinção da origem do sangue. Síncope da Tosse: em episódios graves de tosse que podem acarretar em exaustão muscular e perda da consciência. Geralmente acomete homens de meia idade, 109 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores fortes e que fumam em demasia. Freqüentemente associada à asma e bronquite. A causa é desconhecida, suspeitando-se de uma anormalidade circulatória. Técnicas de Exame do Tórax e da Respiração Posicionamento: Solicite ao cliente que vista um avental, com o cliente sentado, exponha totalmente o tórax, no caso de mulheres, enquanto estiver examinando a região posterior do tórax, mantenha a região anterior coberta. É de fundamental importância perguntar ao cliente sobre a existência de dor ou desconforto e caso positivo, sendo o exame sempre iniciado pelo lado assintomático e após o sintomático, lembrando a obrigatoriedade de comparação dos achados em ambos os lados. Após a inspeção, a primeira técnica a ser realizada é a ausculta, pois se palparmos e percutirmos uma região com presença de hipersensibilidade estaremos possibilitando a alteração dos movimentos respiratórios e cardíacos deste. Inspeção Posicionamento: sentado. Observe e anote as anormalidades encontradas com relação a: Condições da pele: (coloração, integridade, textura), observando e descrevendo os achados anormais como: presença de lesões, cicatrizes, atrofias, palidez, enfisema subcutâneo. Formato Observe a simetria dos hemitórax nas regiões anterior e posterior, lembrando que a má formação e deformidades encontradas nestas regiões (abaulamentos e retrações), são sugestivas de condições patológicas e podem comprometer a função respiratória e 110 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores cardíaca entre outras. Observar: tipo de respiração, ritmo respiratório e freqüência respiratória, lembrando que a freqüência respiratória no adulto normal é de 14 a 20 incursões por minuto em repouso. Lembrete: Não deixe que o cliente perceba que você está observando seus movimentos respiratórios, pois pode interferir no ritmo e na freqüência. A Natureza dos Sons Sons são vibrações audíveis, criadas por regiões de compressão e rarefação do ar, alternadas. O som tem quatro características principais: freqüência, intensidade e duração e qualidade, sendo: Freqüência: é a medida do número de vibrações por determinado período de tempo, ciclos por segundos. Um número grande de vibrações, como em um som de alta freqüência, serão auscultados e interpretados como um som agudo. Já um som de baixa freqüência, será interpretado como um som grave. Intensidade: Depende exclusivamente de quatro fatores sendo: a) amplitude das vibrações; b) fonte geradora de energia; c) distância a percorrer; d) meio de passagem das vibrações. Duração das Vibrações: Fator determinante para que o ouvido possa interpretar como um som longo ou curto. Qualidade: é também conhecida como timbre, e resulta da composição de freqüências que perfazem um som. A qualidade (timbre) permite diferenciar uma nota de outra. Na ausculta permite, por exemplo, que o examinador diferencie um som vesicular de um som brônquico, assim como permite avaliar a existência de egofonia.
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