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DIREITO PROCESSUAL PENAL III ? 2005 1º Semestre EXPEDIENTE CURSO DE DIREITO – CADERNOS DE EXERCÍCIOS Coordenação Geral do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá Prof. Sérgio Cavalieri Filho Prof. André Cleofas Uchôa Cavalcanti Coordenação Executiva: Márcia Sleiman COORDENAÇÃO DO PROJETO Comissão de Qualificação e Apoio Didático-pedagógico Presidência: Prof. Laerson Mauro Coordenação: Prof.ª Tereza Moura ORGANIZAÇÃO DO CADERNO Prof. Bonni dos Santos APRESENTAÇÃO A metodologia de ensino aplicada no Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá é centrada na articulação entre a teoria e a prática, com vistas a desenvolver o raciocínio jurídico do aluno. Essa metodologia abarca o estudo interdisciplinar dos vários ramos do Direito, permitindo o exercício constante da pesquisa, bem como a análise de conceitos e a discussão de suas aplicações. Nesta perspectiva, foi criada a Coleção Cadernos de Exercícios, que contempla uma série de casos práticos e interdisciplinares para serem desenvolvidos em aula, simulando casos concretos de provável ocorrência na vida profissional. O objetivo desta coleção é possibilitar aos alunos o acesso ao material didático que propi- cie um aprender fazendo. Os pontos relevantes para o estudo dos casos devem ser objeto de pesquisa prévia pelos alunos, envolvendo a legislação pertinente, a dou- trina e a jurisprudência, de forma a prepará-los para as discussões reali- zadas em aula. Esperamos, com estes cadernos, criar condições para a realização de aulas mais interativas e propiciar a melhoria constante da qualidade do ensino do nosso Curso de Direito. Coordenação Geral do Curso de Direito SUMÁRIO AULA 1 Formas procedimentais comuns e especiais Procedimento ordinário dos crimes apenados com reclusão. Instauração. Desenvolvimento dos atos próprios. Decisão. Peculiaridades. Procedimento sumário dos crimes apenados com detenção. Instauração. Desenvolvimento dos atos próprios. Decisão. Peculiaridades. Procedimentos por infrações conexas......................11 AULA 2 Procedimento por crime da competência do júri Característica. Instrução criminal. Força atrativa. Decisões intermediárias possíveis. Pronúncia. Natureza jurídica. Princípio da congruência. Pronúncia e crimes conexos. Pronúncia e qualificadoras. Impronúncia. Natureza jurídica. Requisitos. Impronúncia em crimes conexos. Despronúncia. Desclassificação (própria e imprópria). Desclassificação e crimes conexos. (questões controvertidas decorrentes da desclassificação operada pelo conselho de jurados). Absolvição sumária. Natureza jurídica. Fundamento. Requisitos. Absolvição sumária e crimes conexos. Condição de eficácia da decisão de absolvição sumária............................................................................12 AULA 3 Procedimento por crime da competência do júri (continuação) Libelo e contrariedade. Preparação do plenário. Alistamento, convocação e sorteio dos jurados. Julgamento em plenário. Instalação, desenvolvimento, produção de prova e debates. Dissolução anormal do conselho de jurados. Quesitação: regras, fontes e estrutura. Votação, inclusive nas hipóteses de desclassi- ficação e de infrações conexas. Sentença: peculiaridades. Interpo- sição de recurso.....................................................................................13 AULA 4 Procedimento na Lei 9.099/1995 (Juizados Especiais Criminais) Princípios informadores. Competência: limite de pena corporal. Lei 10.259/2001. Conciliação civil: cabimento. Audiência preliminar. Transação penal. Legitimidade. Oferecimento de denúncia. Inovações introduzidas pela Lei 10.259/2001. Questões controvertidas. Procedimento sumaríssimo. Tentativa de transação penal. Resposta do autor do fato. Recebimento da denúncia ou queixa. Audiência de Instrução de Julgamento (AIJ). Recursos. Questões controvertidas. Descumprimento de transação homologada. Questões controvertidas. Aplicação do Provimento 10 do VII Encontro de Coordenadores de Juizados Especiais Criminais do Brasil. Procedimento a ser adotado no juízo comum como decorrência do deslocamento de competência (art. 66, parágrafo único, e art. 77, § 2º, da Lei 9.099/1995). Suspensão condicional do processo: natureza jurídica; sujeito ativo e momento da proposta; aceitação ou recusa e assistência por advogado; prorrogação do prazo. A suspensão condicional do processo e a Lei 10.259/2001.....................................14 AULA 5 Procedimento nos crimes falimentares, nos crimes contra a honra, nos crimes de responsabilidade de funcionário público e nos crimes contra a propriedade intelectual. Adoção ou não do procedimento da Lei 9.099/1995 Natureza jurídica da decisão declaratória de falência. Inquérito judicial. Contrariedade no inquérito judicial. Denúncia ou queixa substitutiva. Legitimidade ativa. Legitimidade passiva. Efeitos do recebimento da denúncia no processo falimentar. Competência para o despacho liminar positivo ou negativo. Peculiaridade do proce- dimento. Assistente de acusação. Procedimento especial para pe- quenas falências. Ação penal diretamente no juízo criminal. Procedimento nos crimes contra a honra. Natureza jurídica da audiência de reconciliação. Natureza jurídica da exceção da verdade. O art. 85, CPP, e a exceção da verdade. Procedimento no crime de responsabilidade. A justa causa para a ação penal e o art. 513, CPP. O art. 514, CPP, e a ação penal instaurada alicerçada em inquérito policial ou processo administrativo submetido a contraditório. Natureza jurídica da notificação prévia e da decisão referida no art. 516, CPP. Procedimento nos crimes contra a propriedade intelectual. Condição especial de procedibilidade. Prazo para o exercício da queixa. Discussão acerca da competência do juízo em face da Lei 10.259/2001. Questões controvertidas pertinentes aos proce- dimentos..................................................................................................15 AULA 6 Decisões em matéria criminal Espécies de decisões: definitivas. Interlocutórias mistas, interlocutórias simples e despachos ordinatórios. Decisões meramente processuais. Sentença. Conceito. Sentenças absolutória e condenatória. Sentença absolutória imprópria. Efeitos. Sentenças executáveis, não executáveis e condicionais. Sentenças simples e sentenças subjetivamente complexas. Correlação entre acusação e sentença. Emendatio libelli e mutatio libelli. Sentença e coisa julgada. Limites objetivos e subjetivos da coisa julgada. Requisitos da sentença..............................................................................................17 AULA 7 Recursos em matéria criminal Teoria geral dos recursos. Fundamento. Conceito. Fontes normativas. Princípios e regras. Pressupostos subjetivos e objetivos. Efeitos dos recursos. Tantum devolutum quantum appellatum no processo penal. Recurso amplo e recurso limitado. Reformatio in pejus e in mellius. Posicionamento do STF e STJ. Juízo de admissibilidade. Duplo grau de jurisdição obrigatório e facultativo. Extinção anormal dos recursos............................................................................................18 AULA 8 Recursos em matéria criminal (continuação) Sistemática dos recursos. Classificação. Procedimento recursal. Recurso em sentido estrito. Significado da expressão e natureza do rol do art. 581, CPP. Exames das hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito no CPP e na legislação extravagante. Processamento do recurso. Prazos. Juízo de retratação. Efeitos. O recurso em sentido estrito e o assistente da acusação. O princípio da unirrecorribilidade. Recurso de apelação. Cabimento. Decisões definitivas absolutórias e condenatórias do juízo singular. Decisões definitivas strictu sensu e decisões com força de definitivas (ou interlocutórias mistas), não apeláveis. Decisões do tribunal do júri, nas hipóteses do art. 593,III, “a”, “b”, “c” e “d”. Sentenças condenatórias ou absolutórias não apeláveis. Forma e prazo para interposição. Prazo do assistente. Termo a quo para o Ministério Público. Prazos para razões e contra razões.....................................20 AULA 9 Recursos em matéria criminal (continuação) Anulação de sentença condenatória por apelação do réu. Apelação do Ministério Público em favor do réu. Indesistibilidade do recurso interposto pelo Ministério Público. Apelação do defensor contra a vontade do réu. Extinção anormal da apelação: deserção. Fuga do réu apelante (art. 594, CPP). Art. 806, § 2º (ação privada). Peculiaridades da apelação contra decisões do tribunal do júri (art. 593, III, CPP). Apelação restrita. Fundamento na alínea “a”: órgão ad quem funciona como iudicium rescidem. Alínea “d”: soberania do veredicto (art. 5º, XXXVIII, CF). “Mesmo motivo” (art. 593, § 3º): o que significa? Apelação nos juizados especiais criminais...............22 AULA 10 Recursos em matéria criminal (continuação) Protesto por novo júri. Cabimento. Pressupostos. Protesto e apelação. Protesto e reformatio in pejus. Protesto em concurso de crimes. Protesto e natureza da infração. Protesto e desaforamento. Embargos infringentes e de nulidade. Efeitos. Embargos de divergência: cabimento; legitimidade; efeitos. Embargos de declaração. Meio de pré-questionamento. Petição de declaração. Cabimento. Prazo. Carta testemunhável. Natureza jurídica. Procedimento nas primeira e segunda instâncias. Conhecimento do mérito. Reclamação: natureza jurídica; constitucionalidade; cabimento; pressuposto; prazo; efeito..............................................24 AULA 11 Ações autônomas de impugnação Revisão criminal. Conceito. Natureza jurídica. Objeto. Condições para o exercício. Formas de revisão. Pressupostos legais. Revisão de decisão não condenatória. Efeitos da revisão criminal. Revisão e sentença penal estrangeira. Reiteração do pedido. Habeas corpus. Conceito. Natureza jurídica. Espécies de habeas corpus. Objeto do habeas corpus. Legitimidade ativa. Autoridade coatora. Competência para concessão. Competência recursal. Duplo grau de jurisdição obrigatório. Liminar no habeas corpus. Extensão. Reiteração. Substitutivo de recurso extraordinário e especial. Ato do particular e habeas corpus. Trancamento de inquérito e de processo. Habeas corpus e prisão civil e disciplinar. Mandado de Segurança no Processo Penal.............................................................26 AULA 12 Nulidades no processo penal Invalidade e ineficácia dos atos processuais. Formas e atipicidades dos atos processuais. Atos inexistentes, atos nulos e atos irregulares (anuláveis). Sistema das invalidades. Princípios e disposições gerais: da tipicidade das formas (mitigado no CPP); do prejuízo; da causalidade; do interesse; da convalidação. Regras especiais (arts. 568, 569 e 570, CPP)................................................................................27 AULA 13 Nulidades no processo penal (continuação) Nulidade absoluta e relativa: violação de norma de interesse público (absoluta); de norma cogente de interesse da parte (relativa); de norma dispositiva de interesse da parte (anulabilidade). Análise das hipóteses elencadas no art. 564, CPP. Súmulas do STF e STJ pertinentes. Momentos e meios para decretação da nulidade................................29 Bibliografia ........................................................................................ 31 10 11 AULA 1 Formas procedimentais comuns e especiais Procedimento ordinário dos crimes apenados com reclusão. Instauração. Desenvolvimento dos atos próprios. Decisão. Peculiaridades. Procedimento sumário dos crimes apenados com detenção. Ins- tauração. Desenvolvimento dos atos próprios. Decisão. Peculiaridades. Procedimentos por infrações conexas. CASO 1 Em processo no qual o crime é apenado com reclusão, o advogado constituído deixa de apresentar a defesa prévia no tríduo legal, embora estivesse intimado para o ato. Inconformado com a conduta omissa do seu patrono, o réu o destitui e contrata outro. O novo causídico, nas alegações finais, argüi a nulidade absoluta de todo o processo, ao fundamento de prejuízo, por ausência da defesa preliminar. Solucione a questão. CASO 2 Por ter o Ministério Público deixado de oferecer denúncia no prazo legal, o lesado Amarildo José ingressou com queixa substitutiva, que mereceu recebimento. No decorrer do procedimento judicial, o acusador particu- lar deixou de apresentar as razões finais (art. 500, CPP), por simples es- quecimento. Que conseqüência de ordem processual ocorrerá em virtu- de da omissão de Amarildo? E se a ação penal fosse de exclusiva inicia- tiva de Amarildo, que conseqüência processual adviria? CASO 3 Cícero José foi denunciado por infração ao art. 155, cabeça, c/c art. 71, do CP (três furtos de objetos de pequeno valor). O juiz recebeu a denúncia e determinou a citação do acusado. Antes da data designada para o interrogatório, o advogado de Cícero José atravessa petição, requeren- do ao juízo a suspensão condicional do processo, por ser legítimo direito subjetivo do imputado. Pergunta-se: a) o pedido pode ser atendido?; b) 12 não tendo sido ofertado pelo parquet, pode o juiz concedê-lo, atenden- do requerimento do interessado? AULA 2 Procedimento por crime da competência do júri Característica. Instrução criminal. Força atrativa. Decisões intermediári- as possíveis. Pronúncia. Natureza jurídica. Princípio da congruência. Pro- núncia e crimes conexos. Pronúncia e qualificadoras. Impronúncia. Natu- reza jurídica. Requisitos. Impronúncia em crimes conexos. Despronúncia. Desclassificação (própria e imprópria). Desclassificação e crimes conexos. (questões controvertidas decorrentes da desclassificação operada pelo conselho de jurados). Absolvição sumária. Natureza jurídica. Fundamen- to. Requisitos. Absolvição sumária e crimes conexos. Condição de eficá- cia da decisão de absolvição sumária. CASO 1 Encerrado o iudicium accusationis, o juiz prolatou decisão desclassificatória do fato narrado na denúncia e tipificado no art. 121, CP para o art. 121, § 3º, do mesmo estatuto penal, ao fundamento de ter o agente obrado com culpa, na modalidade de imprudência, embora exis- tindo nos autos alguns elementos que possam levar à consideração da presença de dolo eventual. Foi correta a decisão do juiz? Justifique a resposta. CASO 2 A defesa insurgiu-se contra a decisão interlocutória de pronúncia, sus- tentando não haver prova da autoria bastante para convencer o julgador. Aduz que o in dubiu pro societate é afronta à garantia constitucional do contraditório. Interposto o recurso em sentido estrito (art. 581, IV, CPP), o tribunal ad quem manteve a decisão e mandou que o réu fosse julgado pelo júri. Considerando a natureza processual da pronúncia, assiste ra- zão à defesa? Resposta justificada. 13 AULA 3 Procedimento por crime da competência do júri (continuação) Libelo e contrariedade. Preparação do plenário. Alistamento, convoca- ção e sorteio dos jurados. Julgamento em plenário. Instalação, desenvol- vimento, produção de prova e debates. Dissolução anormal do conselho de jurados. Quesitação: regras, fontes e estrutura. Votação, inclusive nas hipóteses de desclassificação e de infrações conexas. Sentença: peculi- aridades. Interposição de recurso. CASO 1 A defesa requereu ao presidente do tribunal do júri que não fosse exibida uma fita de vídeo do programa de TV Linha Direta, porque quebraria a imparcialidade e influenciaria os jurados. Para ganhar tempo, requereu perícia na fita apresentada pela acusação, que foi determinada pelo ma- gistrado. Percebendo que não impediria a exibição, a defesa interpôs, simultaneamente, recurso extraordinário para o STF e recurso especial para o STJ, que não tiveram seguimento. Enfrentando estarealidade, impetrou ordem de habeas corpus junto ao STJ, com o mesmo propósito. Depois de tudo considerado, o STJ concederá ou não a ordem? Respos- ta fundamentada. CASO 2 Terminados os debates em plenário do júri, o juiz leu os quesitos e consultou as partes para saber se tinham alguma observação ou obje- ção a fazer. A acusação e a defesa solicitaram que determinado quesito tivesse a sua redação modificada, para melhor compreensão dos jura- dos e maior segurança no julgamento. As partes foram atendidas e o juiz, já na sala secreta, procedeu à votação e escrutinação, sem que houvesse qualquer incidente. Inconformada com a condenação, a de- fesa interpõe apelo, argüindo, em preliminar, nulidade referente à for- mulação de quesito. Merece acolhimento a argüição de nulidade? Res- posta fundamentada. 14 CASO 3 O presidente do 4º Tribunal do Júri determinou a inclusão do processo em pauta para ser julgado na sessão periódica do mês de junho. O advogado constituído pelo réu requereu o adiamento do julgamento, alegando ou- tros compromissos profissionais, alguns em Brasília, onde teria que sus- tentar habeas corpus perante o Supremo Tribunal Federal. O pedido foi deferido e marcado o dia 20 do mês seguinte, uma quinta-feira, às 13h, ficando intimado o causídico. No dia marcado, o réu compareceu e infor- mou que o seu advogado decidira pedir novo adiamento. Aberta a sessão de julgamento e não estando presente o advogado do réu, o juiz nomeou o defensor público lotado no juízo, que aceitou realizar a defesa. Ao final do julgamento, o réu foi condenado. O advogado constituído impetra ordem de habeas corpus, postulando a anulação do julgamento, ao fundamento de ofensa ao princípio da ampla defesa. Solucione a questão. AULA 4 Procedimento na Lei 9.099/1995 (Juizados Especiais Criminais) Princípios informadores. Competência: limite de pena corporal. Lei 10.259/ 2001. Conciliação civil: cabimento. Audiência preliminar. Transação pe- nal. Legitimidade. Oferecimento de denúncia. Inovações introduzidas pela Lei 10.259/2001. Questões controvertidas. Procedimento sumaríssimo. Tentativa de transação penal. Resposta do autor do fato. Recebimento da denúncia ou queixa. Audiência de Instrução de Julgamento (AIJ). Recursos. Questões controvertidas. Descumprimento de transação ho- mologada. Questões controvertidas. Aplicação do Provimento 10 do VII Encontro de Coordenadores de Juizados Especiais Criminais do Brasil. Procedimento a ser adotado no juízo comum como decorrência do deslo- camento de competência (art. 66, parágrafo único, e art. 77, § 2º, da Lei 9.099/1995). Suspensão condicional do processo: natureza jurídica; su- jeito ativo e momento da proposta; aceitação ou recusa e assistência por advogado; prorrogação do prazo. A suspensão condicional do processo e a Lei 10.259/2001. 15 CASO 1 Em vista de uma infração de ação penal pública condicionada, na audiên- cia preliminar em sede de juizado especial criminal, na presença do juiz, do promotor de Justiça, do autor do fato e da vítima, foram feitos os esclarecimentos necessários à composição dos danos civis. O autor do fato concordou, mas a vítima condicionou a conciliação civil à imposição de sanção alternativa. Sustentou que o autor do fato foi muito petulante e arrogante, quando ela pretendeu ter o ressarcimento do prejuízo ainda no local do fato. Diga se é possível, em face da Lei 9.099/1995, haver conciliação civil e transação penal, simultaneamente. CASO 2 Fortunato Saraiva foi flagrado na prática de perturbação do sossego alheio. É useiro e vezeiro em ouvir som, em altíssimo volume, altas horas da madrugada, o que constitui contravenção penal. Na delegacia, alegou perseguição de vizinhos e que, se chamado, não se comprometia a com- parecer a juízo. Foi, então, lavrado auto de flagrante, enviado ao Juizado Especial Criminal competente. Frustrada a transação penal, o órgão do Ministério Público requereu o encaminhamento do termo circunstancia- do ao juízo singular, argumentando que a complexidade do fato não per- mitia formular a denúncia (art. 77, § 2º, da Lei 9.099/1995). Indaga-se: a) no juízo singular, qual será o rito do procedimento a ser adotado?; b) qual é o número de testemunhas que as partes poderão arrolar?; c) será possí- vel adotar o procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/1995? AULA 5 Procedimento nos crimes falimentares, nos crimes contra a honra, nos crimes de responsabilidade de funcionário público e nos crimes contra a propriedade intelectual. Adoção ou não do procedimento da Lei 9.099/1995 Natureza jurídica da decisão declaratória de falência. Inquérito judicial. Contrariedade no inquérito judicial. Denúncia ou queixa substitutiva. 16 Legitimidade ativa. Legitimidade passiva. Efeitos do recebimento da de- núncia no processo falimentar. Competência para o despacho liminar positivo ou negativo. Peculiaridade do procedimento. Assistente de acu- sação. Procedimento especial para pequenas falências. Ação penal dire- tamente no juízo criminal. Procedimento nos crimes contra a honra. Natu- reza jurídica da audiência de reconciliação. Natureza jurídica da exceção da verdade. O art. 85, CPP, e a exceção da verdade. Procedimento no crime de responsabilidade. A justa causa para a ação penal e o art. 513, CPP. O art. 514, CPP, e a ação penal instaurada alicerçada em inquérito policial ou processo administrativo submetido a contraditório. Natureza jurídica da notificação prévia e da decisão referida no art. 516, CPP. Pro- cedimento nos crimes contra a propriedade intelectual. Condição especi- al de procedibilidade. Prazo para o exercício da queixa. Discussão acerca da competência do juízo em face da Lei 10.259/2001. Questões controver- tidas pertinentes aos procedimentos. CASO 1 Ao ter vista do auto de inquérito judicial instaurado em decorrência de processo falimentar (Decreto-lei 7.761/1945, art. 106), o falido requereu várias diligências, argumentando serem indispensáveis à sua ampla de- fesa. O juiz indeferiu as proposições do falido, por entendê-las não serem necessárias ao processo falimentar. Recebeu a denúncia ofertada pelo parquet e afirmou em sua decisão estarem presentes as condições para o exercício da persecutio criminis in judice. O falido, por seu advogado, entende ter havido ofensa ao princípio do contraditório e ampla defesa, bem como carecer o recebimento da denúncia de fundamentação, conso- ante exige a Constituição Federal. Assiste razão ao advogado? Resposta fundamentada na doutrina e na jurisprudência. CASO 2 Ofertada queixa-crime por crimes de injúria e difamação, o juiz deixou de realizar a audiência prévia de conciliação e recebeu a inicial. Sustentou no seu decisum que o querelante deixou bem claro na inicial que não compareceria à audiência porque jamais faria conciliação com o querela- do. Por ser irrecorrível a decisão interlocutória simples de recebimento da 17 queixa-crime, o querelado, por seu advogado, impetra ordem de habeas corpus, para que se anule a decisão monocrática e se proceda à audiên- cia preliminar preconizada no art. 520 do CPP. Solucione a questão, à luz da jurisprudência e doutrina. CASO 3 Anacleto, Josivaldo, Fabiano, Ariovaldo e Raimundo foram denuncia- dos por crime de concussão (art. 316, CP) e formação de quadrilha (art. 288, CP). O juiz recebeu a denúncia, mandou citar os réus e designou data para os interrogatórios. Atendendo a requerimento do Ministério Públi- co, decretou a prisão preventiva dos acusados e expediu mandado. To- dos os acusados são funcionários públicos. Josivaldo e Ariovaldo apo- sentaram-se após a descoberta dos fatos. Os patronos dos cinco imputa- dos impetraram ordem de habeas corpus, com o propósito de desconstituir o ato de recebimento da exordial, por desatendimento do art. 514, CPP. Solucione a questão. AULA 6 Decisões em matéria criminal Espécies de decisões: definitivas, interlocutóriasmistas, interlocutórias simples e despachos ordinatórios. Decisões meramente processuais. Sentença. Conceito. Sentenças absolutória e condenatória. Sen- tença absolutória imprópria. Efeitos. Sentenças executáveis, não executáveis e condicionais. Sentenças simples e sentenças subjetiva- mente complexas. Correlação entre acusação e sentença. Emendatio libelli e mutatio libelli. Sentença e coisa julgada. Limites objetivos e subjetivos da coisa julgada. Requisitos da sentença. CASO 1 Tício e Caio, os famosos meliantes, como diz Paulo Rangel, foram acusa- dos de receber vultosa quantia em dinheiro por meio de emissão de duplicadas sem causa debendi, causando prejuízo a terceiros. O parquet 18 capitulou a infração no art. 172, CP. Na sentença, o juiz entendeu que a narração do fato na exordial permitia e condenou os acusados nas penas do art. 171, cabeça, do CP. Diga sobre o acerto ou desacerto da decisão, bem assim se ocorreu emendatio libelli ou mutatio libelli. CASO 2 Alfredinho, motorista de auto-ônibus urbano, imprimiu velocidade in- compatível com o local de tráfego e deu causa a que o veículo colidisse com um poste da rede elétrica, resultando ferimentos em alguns passa- geiros. Instaurado o processo legal, foram identificadas oito vítimas com ferimentos leves. Na sentença, o juiz reconheceu o concurso formal e aplicou a pena, levando em consideração a intensidade das lesões e o número de vítimas. Transitada em julgado a sentença, mais duas vítimas do mesmo fato aparecem e informam não terem se apresentado em razão da gravidade dos ferimentos sofridos. O Ministério Público pretende adotar alguma providência, mas tem dúvida sobre a existência de coisa julgada material impeditiva. Resolva a questão. CASO 3 O réu foi denunciado frente ao art. 121, cabeça, do Código Penal. Encer- rada a fase do iudicium accusationis, o juiz, esposando o art. 408, § 4º, CPP, pronunciou-o como incurso nas penas do art. 121, § 2º, inc. I. Con- siderou que o acusado demonstrou ser excessivamente egoísta; não apresentou motivo plausível para ter matado a vítima. Disponha sobre o acerto ou desacerto da decisão proferida, bem assim sobre a sua nature- za jurídica. AULA 7 Recursos em matéria criminal Teoria geral dos recursos. Fundamento. Conceito. Fontes normativas. Princípios e regras. Pressupostos subjetivos e objetivos. Efeitos dos recursos. Tantum devolutum quantum appellatum no processo penal. 19 Recurso amplo e recurso limitado. Reformatio in pejus e in mellius. Posicionamento do STF e STJ. Juízo de admissibilidade. Duplo grau de jurisdição obrigatório e facultativo. Extinção anormal dos recursos. CASO 1 Acusado pela prática de delito de roubo, Afanásio foi absolvido no juízo monocrático. O parquet apela, pretendendo a reforma da sentença e conseqüente condenação do imputado. Ao julgar o recurso, o tribunal ad quem, por maioria de votação da sua 2ª Câmara Criminal, declara nulo o processo a partir da citação por edital do réu, sendo certo que a referida nulidade não foi objeto da apelação. Pode a defesa questionar esta últi- ma decisão? De que forma e com qual fundamento? CASO 2 Irresignado com a sentença condenatória que impôs ao acusado Rogerinho pena mínima por prática de furto simples, o Ministério Público interpõe apelação a fim de exasperar a pena fixada. Sustenta que, embora legal, a pena afigura-se injusta, por ser estabelecida no limite mínimo. O tribunal ad quem, depois de detido exame do processo, conclui que a condenação foi realmente injusta, por não existir prova referente à autoria. Por assim con- cluir, cassou a sentença e absolveu o réu. À luz da doutrina e jurisprudên- cia, foi correta tal decisão? Fundamente a resposta. CASO 3 Anacleto foi denunciado frente ao art. 121, § 2º, inc. II, CP, porque motivou o seu atuar no simples prazer do mal, conforme foi expresso na exordial. A qualificadora foi afastada na decisão de pronúncia, por con- siderar o magistrado que o “simples prazer do mal” não estava demons- trado em termos fáticos. Mesmo assim, o réu/pronunciado interpôs recurso em sentido estrito, ao argumento de inexistir elementos con- vincentes de autoria, como exige o art. 408, cabeça, CPP. O tribunal ad quem negou provimento ao recurso e, em contrapartida, restabeleceu a qualificadora esposada na denúncia, por considerar que à acusação deveria ser garantido o direito de demonstrar a qualificadora para os 20 jurados. Aduziu, também, que o juiz da pronúncia deve limitar-se ao fato básico, deixando as qualificadoras para melhor apreciação pelo júri. Diga sobre o acerto ou desacerto do decidido pelo tribunal. CASO 4 Manfredo foi condenado, no juízo singular, à pena de quatro anos de reclusão por infração ao art. 157, cabeça, do Código Penal. O réu foi intimado da sentença numa sexta-feira, e seu defensor na quarta-feira seguinte, mas o mandado só foi juntado aos autos na segunda-feira subseqüente. Até que dia podia a defesa interpor tempestiva apelação? AULA 8 Recursos em matéria criminal (continuação) Sistemática dos recursos. Classificação. Procedimento recursal. Recurso em sentido estrito. Significado da expressão e natureza do rol do art. 581, CPP. Exames das hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito no CPP e na legislação extravagante. Processamento do recurso. Prazos. Juízo de retratação. Efeitos. O recurso em sentido estrito e o assistente da acusação. O princípio da unirrecorribilidade. Recurso de apelação. Cabimento. Decisões definitivas absolutórias e condenatórias do juízo singular. Decisões definitivas strictu sensu e decisões com força de defi- nitivas (ou interlocutórias mistas), não apeláveis. Decisões do tribunal do júri, nas hipóteses do art. 593, III, “a”, “b”, “c” e “d”. Sentenças condenatórias ou absolutórias não apeláveis. Forma e prazo para interposição. Prazo do assistente. Termo a quo para o Ministério Públi- co. Prazos para razões e contra razões. CASO 1 Logo depois de instaurado inquérito policial para apurar crime de se- qüestro de empresário do ensino, perpetrado pelos conhecidos melian- tes Tício e Caio, a promotoria, referendando representação da autorida- de policial, requer a decretação da prisão temporária dos facínoras, 21 sustentando que a custódia era imprescindível para as investigações. O pedido foi indeferido. O magistrado fundamentou não ter ficado de- monstrada a necessidade fática exigida pela Lei 7.960/1989. O parquet recorreu em sentido estrito, fulcrado no art. 581, inc. V, do CPP. Soluci- one a questão, esclarecendo, notadamente, sobre o cabimento desse recurso. CASO 2 O Ministério Público interpôs recurso em sentido estrito à decisão que rejeitou a denúncia ofertada em face do muito conhecido meliante Tício. Formado o instrumento, o juiz confirmou a decisão e mandou subir os autos à superior instância. Tício, por seu defensor, peticiona diretamente ao relator do processo, no sentido de apresentar contra-razões recursais, por ser de seu legítimo interesse, requerendo, assim, a devolução dos autos ao juízo a quo. Solucione a questão. CASO 3 A fim de combater decisão interlocutória de pronúncia, a defesa do acusado Hermenegildo Cavalcanti Facundes interpôs recurso em sen- tido estrito e protestou por apresentar suas razões na superior instân- cia, invocando o dispositivo do art. 600, § 4º, do CPP. A pretensão da defesa tem amparo legal? Resposta fundamentada, com indicação de doutrina e jurisprudência. CASO 4 Logo depois de encerrada a fase do iudicium accusationis, o juiz pro- nunciou o réu no homicídio simples, tanto que desacolheu a qualificadora esposada na denúncia, do que quedou silente o órgão ministerial. A vítima, que se habilitara logo que instaurada a ação penal, interpõe recurso em sentido estrito, com o propósito de ver o réu pro- nunciado por homicídio qualificado. Solucione a questão. 22 CASO 5 JunqueiraFilho foi denunciado no juízo singular, por prática de estelionato. Entende ele que não havia justa causa para a ação penal, tanto que não iniciou qualquer ato de execução e tudo, no máximo, estaria na esfera de preparativos do crime. Indaga-se: em nosso ordenamento jurídico, a de- cisão interlocutória simples de recebimento da denúncia ou queixa é sempre irrecorrível? E a decisão de rejeição da denúncia ou queixa é sempre recorrível em sentido estrito? Se positivas as respostas, aponte os dispositivos legais esposados. AULA 9 Recursos em matéria criminal (continuação) Anulação de sentença condenatória por apelação do réu. Apelação do Ministério Público em favor do réu. Impossibilidade de desistência do recurso interposto pelo Ministério Público. Apelação do defensor con- tra a vontade do réu. Extinção anormal da apelação: deserção. Fuga do réu apelante (art. 594, CPP). Art. 806, § 2º (ação privada). Peculiaridades da apelação contra decisões do tribunal do júri (art. 593, III, CPP). Ape- lação restrita. Fundamento na alínea “a”: órgão ad quem funciona como iudicium rescidem. Alínea “d”: soberania do veredicto (art. 5º, XXXVIII, CF. “Mesmo motivo” (art. 593, § 3º): o que significa? Apelação nos Juizados Especiais Criminais. CASO 1 Cacaio e Gutenberg foram denunciados por infração ao art. 155, CP. O processo tramitou regularmente, culminando com a absolvição dos réus. Irresignado, O MP apela, de forma ampla. Todavia, ao ofertar as suas razões recursais, o parquet postula somente a condenação de Cacaio. Em face do que regula a lei, foi correta a atuação do órgão ministerial? Se, depois de interposta a apelação, o órgão ministerial entrasse no gozo de férias e outro promotor se encarregasse de oferecer as razões recursais, poderia este postular apenas a reforma parcial da sentença impugnada? 23 CASO 2 Em processo por crime da competência do júri, motivado no art. 593, III, letra “d”, do CPP, o órgão ministerial interpôs apelo, que foi provido. No segundo julgamento, o réu Afrânio Siqueira foi condenado, na forma do libelo, a 14 anos de reclusão, por infração ao art. 121, § º, inc. I, do CP. Agora, apela a defesa, postulando: a) que o tribunal ad quem afaste a qualificadora e reduza a pena a seis anos, adequação mínima ao homicí- dio simples (art. 593, III, letra “c”); b) a anulação do julgamento, por ter a decisão dos jurados contrariado de forma manifestamente contrária à prova do processo.A apelação merece acolhimento? CASO 3 Ao tomar ciência da sentença condenatória e consultado se queria re- correr, o réu respondeu negativamente. Intimado da sentença, o defen- sor do réu interpõe apelação, que não foi recebida por falta de legitimida- de para o recurso, em razão da manifestação negativa do réu. O magistra- do invocou o entendimento doutrinário de que deve prevalecer a vonta- de do acusado, adotado na Súmula 143 das Mesas de processo penal da Faculdade de Direito da USP. Segundo esta súmula, se o réu pode o mais, que é desconstituir seu defensor, pode o menos, que é desautorizar o recurso por ele interposto. Foi correta a decisão monocrática à luz da jurisprudência dos nossos tribunais? CASO 4 O réu foi condenado e requisitado ao estabelecimento prisional para tomar ciência da sentença. Inconformado com a condenação, interpôs apelação e seu advogado apresentou as competentes razões recursais. Tramitava o recurso na superior instância, quando o apenado empreen- deu fuga do presídio e tomou rumo ignorado. O relator do processo, ciente do ocorrido, declarou deserta a apelação, a teor do art. 595, CPP. Passados dois meses, o apenado foi recapturado e retornou ao presídio de origem. Seu advogado requereu o prosseguimento do recurso, que fora interposto tempestivamente. Solucione a questão. 24 AULA 10 Recursos em matéria criminal (continuação) Protesto por novo júri. Cabimento. Pressupostos. Protesto e apelação. Protesto e reformatio in pejus. Protesto em concurso de crimes. Protesto e natureza da infração. Protesto e desaforamento. Embargos infringentes e de nulidade. Efeitos. Embargos de divergência: cabimento; legitimida- de; efeitos. Embargos de declaração. Meio de pré-questionamento. Peti- ção de declaração. Cabimento. Prazo. Carta testemunhável. Natureza ju- rídica. Procedimento nas primeira e segunda instâncias. Conhecimento do mérito. Reclamação: natureza jurídica; constitucionalidade; cabimen- to; pressuposto; prazo; efeito. CASO 1 O júri, acolhendo a versão defensiva, reconheceu que os dois crimes de homicídio praticados pelo réu constituíam uma unidade jurídica, embora fictícia (art. 71, CP). Um dos crimes era triplamente qualificado e o outro, com uma só qualificadora. Isto considerado, o juiz fixou a pena do crime mais grave em 2l anos de reclusão e a exasperou em um terço, referente ao crime menos grave, totalizando a pena definitiva de 28 anos de reclusão. Irresignada com a condenação, a defesa pretende recorrer. Como deve proceder? CASO 2 Condenado pelo júri por prática de dois crimes de homicídio, em concur- so material, o juiz fixou as penas em 13 anos de reclusão para cada infra- ção, totalizando 26 anos como pena final. A defesa apela, sustentando que as duas infrações, de mesma espécie, estariam circunscritas pelas mesmas condições de tempo e lugar, razão bastante para reclamar o reco- nhecimento da continuidade delitiva de que trata o art. 71, do CP. Pergun- ta-se: a) a continuidade delitiva constitui matéria de mérito a ser sempre definida pelo júri ou circunstância referente à aplicação da pena?; b) o tribunal ad quem, no caso de prover o recurso da defesa, mandará o réu a novo júri ou ele mesmo ajustará a pena?; c) se o tribunal ad quem 25 entender ajustar a pena, por reconhecimento de continuidade delitiva, poderá o réu protestar por novo júri após haver apelado? CASO 3 Insurgindo-se contra decisão monocrática objetivamente complexa, que lhe impôs condenação por dois crimes distintos, um de furto e outro de falso documental, o réu interpõe apelação. Por decisão unânime, o Tribu- nal nega provimento quanto ao furto, e por maioria referente ao crime de falso. O voto vencido foi no sentido de atipicidade do falso, porque, muito grosseiro, não seria capaz de iludir até mesmo uma criança. Per- gunta-se: a) no caso vertente, cabe recurso?, qual?; b) qual o órgão do Poder Judiciário competente para julgar esse recurso? CASO 4 Na apelação defensiva e em preliminar de mérito, argüi-se a nulidade da instrução criminal, porque o juiz inverteu a ordem de inquirição das tes- temunhas, quando resolveu antecipar a prova da defesa, sob o pretexto de que duas testemunhas viajariam para o exterior, sem data de regresso, o que resultou em inegável prejuízo. No mérito, postulou a reforma da decisão monocrática e a conseqüente absolvição, por absoluta precarie- dade da prova. O Tribunal, por decisão unânime, desproveu a apelação, sustentando que a prova coligida é mais que suficiente para um juízo de reprovação da conduta do apelante, mantendo silêncio sobre a prelimi- nar de nulidade. O apenado quer uma outra oportunidade para melhorar a sua situação e espera que você , como advogado, adote medida legal cabível. CASO 5 Perseu de Souza apelou de sentença condenatória para o tribunal ad quem, mas não logrou êxito na sua pretensão absolutória. Como a decisão de segundo grau foi unânime, pretendeu interpor recurso especial para o Superior Tribunal de Justiça. Mas percebeu não ter feito pré- questionamento de matéria federal, sendo este requisito legal para o aludi- do recurso. Resolveu, então, interpor embargos declaratórios ao acórdão, 26 usando-o como instrumento do pré-questionamento. O que vem a ser o pré-questionamento exigível para a interposição de recurso especial? Ele pode ser invocado em embargos de declaração? Em que prazo? Respostas objetivamente justificadas, com indicação de doutrinae jurisprudência. AULA 11 AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO Revisão criminal. Conceito. Natureza jurídica. Objeto. Condições para o exercício. Formas de revisão. Pressupostos legais. Revisão de decisão não condenatória. Efeitos da revisão criminal. Revisão e sentença penal estrangeira. Reiteração do pedido. Habeas corpus. Conceito. Natureza jurídica. Espécies de habeas corpus. Objeto do habeas corpus. Legitimi- dade ativa. Autoridade coatora. Competência para concessão. Compe- tência recursal. Duplo grau de jurisdição obrigatório. Liminar no habeas corpus. Extensão. Reiteração. Substitutivo de recurso extraordinário e especial. Ato do particular e habeas corpus. Trancamento de inquérito e de processo. Habeas corpus e prisão civil e disciplinar. Mandado de Segurança no Processo Penal. CASO 1 Alarico e Tibúrcio foram processados, julgados e condenados pela 9ª Vara Criminal da comarca da capital (RJ), por crime de roubo perpetrado contra agência da Caixa Econômica Federal. Depois de transitar em julga- do a sentença e de já terem cumprido dois anos, dos cinco anos e quatro meses da pena imposta, o Ministério Público Federal, ao sustentar que a sentença fora proferida por juiz absolutamente incompetente, impetra habeas corpus, com o propósito de anular a condenação proferida por juiz estadual e para que seja reconhecida a competência ratione persone da Justiça federal. Aduz que, sendo absoluta a incompetência, ela pode ser declarada a qualquer tempo e em qualquer instância. Disponha sobre a legitimidade, o interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido formulado pelo parquet, indicando o órgão judicial competente para jul- gar o habeas corpus. 27 CASO 2 Perenilton foi condenado por crime de homicídio à pena de seis anos de reclusão, com sentença transitado em julgado. Aproveitou-se de estar em liberdade durante a tramitação de recurso de apelação para ficar dis- tante do distrito da culpa e não ser preso e ter de cumprir a pena. Logo, soube ter havido utilização de prova falsa, valorada pelo juiz para condená-lo. Com base nessa informação, deflagra pessoalmente ação de revisão criminal, objetivando a desconstituição da sentença condenatória e a conseqüente absolvição. Propõe que a falsidade seja apurada na própria ação revidenda e requer a garantia da liberdade, enquanto tramita o processo revidendo. Disponha sobre a legitimidade e as possibilida- des legais de serem atendidos os pedidos. CASO 3 O Ministério Público interpôs recurso em sentido estrito a ato do juízo monocrático, que concedeu liberdade provisória ao imputado Rubinho Cho- colate, preso em flagrante por prática de roubo próprio. Simultaneamente, impetrou mandado de segurança, a fim de obter efeito suspensivo daquele ato liberatório. Disponha sobre a possibilidade de concessão do writ. AULA 12 NULIDADES NO PROCESSO PENAL Invalidade e ineficácia dos atos processuais. Formas e atipicidades dos atos processuais. Atos inexistentes, atos nulos e atos irregulares (anulá- veis). Sistema das invalidades. Princípios e disposições gerais: da tipicidade das formas (mitigado no CPP); do prejuízo; da causalidade; do interesse; da convalidação. Regras especiais (arts. 568, 569 e 570, CPP). CASO 1 Em caso de crime de furto de computador do INSS, autarquia federal, foi instaurado e concluído inquérito policial em delegacia de polícia civil. Re- metido à central de inquéritos, o promotor de Justiça ofereceu denúncia. O 28 juiz recebeu a denúncia, e o réu foi citado e interrogado. Observado rigoro- samente o procedimento legal, o réu acabou absolvido. Sem interposição de recurso, a sentença transitou em julgado. Posteriormente, o procurador da República, com atribuição, verifica o erro, pois se tratava de competên- cia da Justiça federal (art. 109, IV, CF). Oferece, então, nova denúncia, pelo mesmo fato, concluindo inexistir coisa julgada em razão da inexistência de sentença. A defesa técnica opõe a exceção de coisa julgada. Como juiz, decida, analisando os seguintes aspectos: a) qual a distinção entre inexistência material e nulidade absoluta?; b) existe distinção entre inexistência jurídica e nulidade absoluta?; c) existe coisa julgada na hipóte- se?; d) no caso de inexistência de coisa julgada, existiria algum óbice ao novo processo? CASO 2 Joaquim, industrial, foi procurado por determinada pessoa que afirmou ser representante de um fiscal. Disse, nas entrelinhas da conversa, que o fiscal telefonaria para Joaquim, a fim de combinar o pagamento de um valor que evitaria qualquer autuação junto às indústrias do grupo. A ligação telefônica ocorreu, de fato, e o fiscal exigiu vultosa quantia para cumprir o combinado. Joaquim gravou toda a conversa, obviamente sem o conhecimento do fiscal. Depois, entregou o material ao Ministério Pú- blico, que ofereceu a denúncia e requereu a prisão preventiva do réu. O juiz recebeu a denúncia e decretou a prisão, invocando essencialmente, no aspecto probatório, a conversa gravada. A defesa técnica impetrou habeas corpus aduzindo a nulidade da decisão que decretou a prisão, por se basear em prova obtida por meio ilícito. Solucione a questão. CASO 3 Na sentença, o juiz externou fundamentos absolutórios, mas, na parte dispositiva, concluiu por condenar Pedro Pedrosa por prática de recep- tação culposa. A defesa interpôs apelação, sustentando, em preliminar, nulidade do decisum, ao argumento de estampada incoerência. Indaga- se: merece provimento o apelo?; qual a modalidade de erro que motiva a declaração de nulidade da sentença? Respostas fundamentadas, com indicação de doutrina e jurisprudência. 29 AULA 13 NULIDADES NO PROCESSO PENAL (CONTINUAÇÃO) Nulidade absoluta e relativa: violação de norma de interesse público (absoluta); de norma cogente de interesse da parte (relativa); de norma dispositiva de interesse da parte (anulabilidade). Análise das hipóteses elencadas no art. 564, CPP. Súmulas do STF e STJ pertinentes. Momen- tos e meios para decretação da nulidade. CASO 1 Durante todo o processo o réu contou com advogado constituído. Intima- da a defesa técnica para alegações finais, quedou-se inerte. O juiz, sem qualquer outra providência, decidiu pela intimação da defensoria pública para a apresentação de tal peça, e assim se fez. Na sentença, o juiz conde- nou o réu. A defesa técnica, por meio do advogado constituído, interpôs apelação, argüindo nulidade pela falta de intimação do réu para que, se fosse o caso, indicasse novo patrono de sua confiança para apresentar as alegações finais. Sustentou ainda que o prejuízo do réu foi evidente, eis que condenado. Solucione a questão, abordando os seguintes pontos: a) a falta de alegações finais no rito comum gera nulidade?; b) a falta de alegações finais no rito do júri acarreta nulidade?; c) qual a conseqüência da falta de apresentação de alegações finais pelo MP? CASO 2 Quando da resposta aos quesitos, na sala secreta, antes da votação ao primeiro quesito, um dos jurados, diante dos demais, fez uma pergunta ao juiz, na qual deixou evidente sua posição sobre o fato em julgamento. O juiz, após mais de 20 horas de julgamento, resolveu continuar com as votações, apesar do protesto do promotor. O réu foi absolvido. Constou na ata do julgamento todo o ocorrido, inclusive as palavras utilizadas pelo jurado. O promotor interpôs recurso em plenário, por termo, com fundamento no art. 593, III, “a” e “d”, do CPP. Esse promotor, no dia seguinte, saiu de férias. Intimado o promotor substituto para apresentar razões de recurso, não observou o que constava da extensa ata de julga- 30 mento e não alegou a nulidade relativa à manifestação do jurado. A defe- sa apresentou contra-razões e os autos foram remetidos ao Tribunal. Como deve decidir o tribunal ad quem? CASO 3 Barrabás Furtivo foi processado pela prática do crime de corrupção pas- siva, previsto no art. 317, § 1º do CP.Deixou de praticar ato de ofício, recebendo, em troca, vantagem indevida. O juiz competente, com base na prova testemunhal e documental produzida, condenou o imputado à pena de um ano e quatro meses de reclusão. Em razão de recurso interposto contra a sentença condenatória, a defesa do acusado sustentou que o processo era nulo porque: a) o acusado, mesmo com endereço conheci- do nos autos, foi citado por edital, e somente foi interrogado porque compareceu, espontaneamente, ao cartório para verificar o processo; outrossim, ao ordenar a citação por edital, o juiz não expediu ofício aos estabelecimentos prisionais locais, para indagar sobre eventual prisão do acusado; b) a defesa não foi intimada sobre a data da audiência de inquirição de testemunha da acusação, ouvida por precatória; c) o Mi- nistério Público, mesmo intimado, não compareceu à data em que foi ouvida a única testemunha da defesa; d) o juiz, mesmo já estando encer- rada a instrução criminal, aceitou requerimento feito pelo Ministério Pú- blico nas suas alegações finais e determinou a oitiva de testemunha referida na instrução, que não fora arrolada na denúncia; e) o juiz tornou- se impedido para julgar a causa, já que, na fundamentação do ato de recebimento da denúncia do Ministério Público, afirmou que as provas coletadas no processo administrativo indicavam a verossimilhança da imputação criminal. De modo sintético e objetivo, que argumento(s) poderia(m) ser usado(s) pelo Ministério Público para rebater cada uma das alegações da defesa do acusado e obter, por conseguinte, o improvimento do recurso? 31 Bibliografia ARANHA, Adalberto José Q.T. de Camargo. Da Prova no Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 1983. BATISTA, Weber Martins. Liberdade Provisória: Modificações da Lei 6.416 de 24 de maio de 1997. Rio de Janeiro: Forense, 1985. ________ Direito Penal e Direito Processual Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2ª ed. BARROS, Romeu Campos. Processo Penal Cautelar. Rio de Janeiro: Forense. CAPEZ, Fernando e R. GONÇALVES, Vitor Eduardo. Aspectos Criminais do CTB. São Paulo: Saraiva. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 11ª ed., 2004. CARVALHO, Luis Gustavo Grandinetti Castanho de. O Processo Penal e (em face da) Constituição. Rio de Janeiro: Forense, 3ª ed. CASTRO, Carla Rodrigues. Crimes de Informática e seus Aspectos Pro- cessuais. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 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