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anteprojeto de lei para a conciliacao,julgamento e extensao

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SUMARIO 
········ 
!ntrodu~ao 
Anteprojeto de Lei para a concilia~ao, julgamento e execu~iio 
das infra\oes penais de menor potencial ofensivo ·~··· 
.L11;;1.'--;;r-,.._,~,_-, -- ,.. 
- ~-~·- -~~mbro de 199:> ·~ 
COMENTARIOS 
CAPITULO I - Disposi<;oes Gerais . 
CAPITULO III - Dos Juizados Especiais Crimmais . 
Disposi~Oes Ger3.is 
9 
25 
35 
59 
M 
64 
Se<;iio I 
Se<;ao II 
Se~ao III 
Se<;iio IV 
Se~ao V 
Seqiio VI 
Da CompetenciDc e dos Atos Processuais ... 72 
CAPITCLO IV 
Da Fase Preliminar 
Do ProcedimGnto Sum:.ufssimo ............ . 
Da Execuqao 
Das Despesas Processuais . 
Disposiqoes Finais .. 
87 
137 
169 
175 
1 ~-/ f 
D;snos~ '6C" t:ln·\;-~ Com'm~ 
-- L, · '-lt ,_ '"'"'--'-'-" .lU.o~ ...... ···~· no 
INTRODU<;:A.O 
I - OS TRABALHOS DE ELABORA<;:AO 
1. Os antecedentes 
Ha muito tempo o jurista brasileiro preocupa-se com um processo 
penal de melhor qualidade, propondo altera96es ao vetusto c6digo de 
1940, com o intuito de alcan9ar urn ''processo de resultados", ou seja 
urn processo que disponha de instrumentos adequados a tutela de todos 
os direitos, com o objetivo de assegurar praticamente a utilidade das 
decis6es. Trata-se do tema da efetividade do processo, em que se poem 
em destaque a instrumentalidade do sistema processual em rela9ao ao 
direito material e aos valores sociais e politicos da na<;:ao. 
Por outro !ado, a ideia de que o Estado possa e deva perseguir 
penalmente toda e qualguer infra9ao, sem admitir-se, em hip6tese 
alguma, certa dose de disponibilidade da a9ao penal publica, havia 
mostrado, com toda evidencia, sua falacia e hipocrisia. Paralelamente, 
havia-se percebido que a solu9ao das controversias penais em certas 
infra96es, principalmente quando de pequena monta, poderia ser 
atingida pelo metodo consensual. 
Outro dado a ser levado em coma consistia nas vantagens do 
procedimento oral, quando praticado em sua verdadeira essencia: a 
concentra<;ao, a imedia<;ao, a identidade ffsica do juiz conduzem a 
melhor aprecia<;ao das provas e a forma<;ao de urn convencimento 
efetivameme baseado no material probat6rio colhido e nas argumen-
ta<;6es das panes. Percebeu-se tambem que a celeridade acompanha 
a oralidade, Jevando a desburocratiza<;iio e simplificaqao da justi<;a. 
Tambem avan<;ava a icteia da participaqao popular na adminis-
tra<;iio da justi<;a, em respeito ao princfpio democnitico do envolvi-
mento do corpo social na solu<;ao das !ides, que tambem serve para 
quebrar o sistema fechado e piramidal da administra<;iio da justi9a 
exclusivamente feita pelos 6rgiios estatais. 
Ao !ado disso. vinha-se sedimentando a tendencia rumo a 
revitaliza9iio das vias conciliativas, pela possibilidade nelas inerente 
JUIZADOS ESPECIA!S CRIMINAlS 14 
integrantes do Grupo de Trabalho que apresentou o Anteprojeto, ora 
transformado em lei, ao Deputado Michel Temer. 
Trata-se de Ada Pellegrini Grinover, Antonio Magalhaes Gomes 
Filho e Antonio Scarance Fernandes. 
Acresce-se aos mencionados autores o juiz Luiz Fl<ivio Gomes, 
penalista e estudioso dos aspectos penais da justi9a consensual, sobre 
a qual ja tern livro publicado. 
Os comentarios, que resultaram de trabalho conjunto, pretendem 
constituir ferramenta para todos os operadores do direito e para os 
estudantes, tendo objetivos eminentemente praticos, sem descurar, 
porem, o necessario rigor cientffico. 
II - A LEI 9.099 DE 26.09.95 
5. 0 impacto da lei no sistema processual-penal 
Em sua aparente simplicidade, a Lei 9.099/95 significa uma 
verdadeira revolugao no sistema processual-penal brasileiro. Abrindo-
se as tendencias apontadas no infcio desta introdugao, a lei nao se 
contentou em importar solugoes de outros ordenamentos mas -
conquanto por eles inspirado - cunhou urn sistema proprio de justi<;a 
penal consensual que nao encontra paralelo no direito comparado. 
Assim, a aplica<;ao imediata de pena nao privativa da liberdade, 
antes mesmo do oferecimento da acusa<;iio, nao so rompe o sistema 
tradicional do nulla poena sine judicio, como ate possibilita a aplicagao 
da pena sem antes discutir a questao da culpabilidade. A aceita9ao 
da proposta do Ministerio Publico nao significa reconhecimento da 
culpabilidade penal, como, de resto, tampouco implica reconhecimento 
da responsabilidade civil. E nenhuma inconstitucionalidade ba nessa 
corajosa inova9ao do legislador brasileiro, pois e a propria Constitui<;ao 
que possibilita a transa<;iio penal para as infra<;iies penais de menor 
potencial ofensivo, deixando o legislador federal livre para impor-lhe 
parametros. 
A suspensao condicional do processo s6 de Ionge lembra o sistema 
de probation porquanto, extinta a punibilidade ap6s o perfodo de prova, 
inexiste para o acusado qualquer registro do ocorrido, como se o fato 
simplesmente nao tivesse acontecido. 
A atuagao de conciliadores leigos na transagao penal - e, se 
as leis estaduais assim quiserem, a intervengao do juiz leigo com 
alguma fungao jurisdicional - e outra inova<;iio brasileira possibilitada 
15 INTRODU<;AO 
pela experiencia vencedora da participa<;ao popular nas pequenas 
causas cfveis. 
A preocupa9ao com a vftima e postura que se reflete em toda 
a lei, que se ocupa da transa<;ao civil da reparagao dos danos na 
suspensao condicional do processo. No campo penal, a transa9ao civil 
homologada pelo juiz em grande parte dos casos configura causa 
extintiva da punibilidade, o que representa outra inovaqao do nosso 
sistema. 
A exigencia de representaqao para a a<;ao penal relativa aos crimes 
de lesoes corporais !eves e de lesoes culposas e outra medida 
despenalizadora, aplicavel a todos os casos em andamento, porquanto 
a representagao e condi<;ao da aqao penal, cuja presen<;a ha de ser 
aferida no momento do julgamento. 
0 rito sumarfssimo introduzido pela lei prestigia a verdadeira 
oralidade, com todos seus corolarios. E o julgamento dos recursos por 
turma constitufda de jufzes de primeiro grau, que tao bern tern 
funcionado nas pequenas causas cfveis, e outro elemento de desbu-
rocratiza9ao e simplificaqao. 
Mas, entre todas essas inovagoes, e oportuno dar enfase especial 
ao modelo consensual introduzido pela lei e a suas medidas 
despenalizadoras. 
6. 0 novo modelo - consensual - de Justic;a criminal 
0 modelo polftico-criminal brasileiro, particularrnente de 1990 
para ca (e dizer, desde que foi editada a Lei dos Crimes Hediondos), 
caracteriza-se inequivocamente pela tendencia "paleorepressiva". Suas 
notas marcantes sao: endurecimento das penas, corte de direitos e 
garantias fundamentais, tipificagoes novas e agravamento da execu<;iio 
penal.' 
0 colossal incremento da criminalidade, derivado sobretudo do 
modelo socio-econ6mico injusto, vern gerando uma forte demanda de 
"polfticas criminais duras". E o Poder Polftico brasileiro vinha 
correspondendo a essa demanda: primeiro foi a lei dos crimes 
hediondos, depois a lei de combate ao crime organizado. Agora ja 
I. V. a crftica a esse direito promocional, simb6lico e emocional feita 
por Damasio E. de Jesus, no Boletim-IBCCrim 33, p. 3; cf. ainda Luiz Flavio 
Gomes, Crime Organizado, escrito junto com Raul Cervini, RT, SP, 1995, 
p. 26 e ss. 
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JUIZADOS ESPECIAl$ CRIMINAlS 16 
se fala numa lei dos crimes de especial gravidade (v, Bolerim-
IBCCrim 33), 
Foi com extraordinaria surpresa, dentro deste contexto de hard 
control, cuja eficacia, de resto, vern sendo largamente contestada, que 
recebemos a Lei 9,099/95 (Projeto Temer, Jobim e Abi-Ackel), que 
disp6e sobre a cria~iio dos Juizados Especiais Cfveis e Criminais, 
Cuida-se de lei sumamente relevante,porque visa testar urn novo 
modelo (paradigma) de Justip criminal, fundado no consenso, Veja-
mos suas diretrizes basicas. 
Todas as contraven~oes e crimes cuja pena maxima niio exceda 
a urn ano (ressalvados, quanto aos ultimos, os casos de procedimemus 
especiais) serao (quando criados) da competencia dos JUizados crimi-
nais. Se o autor do fato se submete a "pena" proposta pelo Ministerio 
Publico (nunca pode ser pena privativa de liberdade). encerra-se o caso 
imediatamente sem a necessidade da colheita de provas (art. 76). A 
aplica~ao consensual da pena nao gera reincidencia nem amecedentes 
criminais. 
Convem esclarecer, desde logo, que a Lei, no ambito do Juizado 
Criminal, ao !ado de favorecer a "concilia~Jo'', reservou pouco espa~o 
para a tao falada "barganha penal". No que concerne a transa~ao que 
leva a aplica~ao imediata da pena, nao estamos pr6ximos ncm do guilty 
plea (declarar-se culpado) nem do plea bargaining (que permite amplo 
acordo entre acusador e acusado sobre os fatos, a qualificaq5.o jurfdica 
e a pena). 0 Ministerio Publico, nos termos do an. 76. continua 
vinculado ao princfpio da legalidade processual (obrigatoriedade), mas 
sua "proposta", presentes os requisitos legais, somente pode versar 
sobre uma pena alternativa (restritiva ou multa), nunca sobre privativa 
de liberdade. Como se percebe, ele disp('ie sobrc a sanqJo penal 
original, mas nJ.o pode deixar de agir dentro Jos parJ.metros alter~ 
natives. A isso dci-se o nome de princfpio da discricionariedade 
regulada2 ou regrada. 
0 Poder Politico (Legislativo e Executivo,!. danc!o uma reviravo!ta 
na sua classica polftica criminal fundada na "cren~a .. Jissuas6ria cb 
pena severa (deterrance), corajosa e auspicio;;arnent~. esc.i disposto a 
testar uma nova via reativa ao ddito de peque~1ct c mCdia grJ\·icbJe. 
pondo em pdtica urn dos mais avanqados prog:·~u!l~ts de ··dcspenc:J iz~lt;Ju ·· 
do mundo. 
2. Essa e a denomina~tfio dada por Adn P~ilcgrini Grin~·:v:::. ;\',rus 
tendencias do Direito Processua!. f,xe:·i>-~ l'niv,~t·-;lc:S.na. R:\; de Ja:1t:iro. RJ. 
1990. p. 403. 
17 INTRODU<;AO 
Ai<'m de exigir representa~ao nas les6es !eves e culposas (an. 
88). em tndos os crimes cuja pena mfnima niio execeda a um ano 
ser'\ a!nda poss(vel a "suspensao condicional do processo", que 
representa uma das maiores revolu~oes no processo penal brasileiro 
nos Cdt!mos cinqlienta anos. Quando, ab initio, tendo em vista tratar-
se Je prim:irio, bons antecedentes. boa personalidade, boa conduta 
social etc., j~l se vislumbra que haver<:i possibilidade de concessiio 
rutura do '"sursis'' (suspensao da execu~ilo da pena ja aplicada). 
permite-se, desde que haja aceita<;ao do acusado e seu defensor. a 
suspensao do processo, mediante condiy6es, iniciando-se pronto.mente 
o periodo de prova, de no minimo dois anos, sem se discutir a 
culpabilidade. 
Em troca dessa conjf;rmidade processual, o sistema legal oferece 
a niio realiza~Jo do interrogat6rio e tampouco haver:i colheita de provas 
(audiencias). sentenp, rol de culpados, reincidencia, maus anteceden-
tes etc. E se as condi~oes da suspensiio. dentre elas esta evidentemente 
a repara~ao dos danos a vltima, sao inteirameme cumpridas e nova 
infra<;ao niio vern a ser cometida, a punibilidade resultar:i extinta. E 
como se aquele fa to nunca ti vesse ocorrido na vida do imputado. 
A suspensao do processo, reivindicada ha anos pela doutrina 
nacional. principalmente por Weber Martins Batista, que dela cuidou 
pela .prime!ra vcz entre n6s de modo sistemarizado.3 tern por base o 
princfpio da discricionariedade (o Ministerio Publico podeni dispor-
poder-dever. evidentemente - da a~ao penal) e sua finalidade suprema 
e a de evitar nao s6 a estigmatizu~ITo decorrente da senten~a 
condenat6ria (o que ocorre na probation). senao sobretudo a derivada 
do proorio processo !que ji e uma tonura). 
E · imli:)cutivelmcme a via mais promissoru da tiTo esperada 
desburocratiza~do da Just~~a Criminal (grande parte do movimento 
forense crirninal poded. ser reduzido). ao mesmo tempo em que permite 
a pronw resposta esrutal ao dclito, a irnediata tse bem que na medida 
dt) possfvc]') rcpara~Jo dos danos a vftima, o fim das prescri96es {essa 
nJt) cc:Tc dL!r:.tr:t.c J. suspens:lo. .. a re.';socfa!i::.ardo do autor du fatos. 
). \: \\:";i;\';r \Lm.:ns B~ttlstJ.. Direiru P.~~:c;l e Df:·r.:iro Proc<?ssu~.d Pend. 
·r::r ~,..:. R.f. p. 1:~9::: :).~ .. v. aint~~l AJ<l P. G;-;r;D\'~r. f\iot-\~S tendJncic; 
c:r. r: J. )_ c: ~-: R.::::~.-: c\. D\m:. Best'S r:: drernc:ic:a.'i· para o siscema de pet;c; 
S.;..-:_ll'.;t S? '(:", F· 5: c ss.: Luiz Fi:i.v~o ();)frles. ··Dir~iw Pencil '.\ffnir::1,;: 
lin~:::.rn::.:r~t<.Y-; ;_!,;.::; -o~::.ts n:ct:.s·· ern R,;~·i:stci do Con.seiho iVacion.a{ de Pohtica 
Cri:nind! p,-" :c': .·i,>,.,:. \t:ni:;t~rio da Justi<;~L v. l. n. 5, jnn.-jun./95. p. 
71 e ss. 
-=~'"""=~~~-·""\~""""""""""""""'"'~',...,'""'"'""'""·"''~•·"'"•"~····-~"~'''"'"'~ '""'"'"~·"~"~-~-·~-----~--~--., ........ '"'"'"~- .. ,,,_,~·~·- ·-·-- '"""- ... ,.,_ "'-----· 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 18 
sua nao-reincidencia, uma fenomenal economia de papeis, horas de 
trabalbo etc .. 
Alem de tudo, e institute que sera aplicado· imediatameme por 
todos os juizes (nao s6 os do juizado criminal), nao requer absolu-
tamente nenhuma estrutura nova e permitira gue a Justi9a criminal 
finalmente conte com tempo disponivel para cuidar com maior aten~ao 
da criminalidade grave, reduzindo-se sua escandalosa impunidade. 
A Lei 9.099/95, de 26.09.95, como se percebe, inovou profun-
damente em nosso ordenamento jurfdico-penal. Cumprindo determi-
na~ii.o constitucional (CF, art. 98, I), o legislador esta disposto a por 
em pn\tica urn novo modelo de Justi('a Criminal. E uma verdadeira 
revolu9ao Uuridica e de mentalidade) porque quebra a int1exibilidade 
do classico princfpio da obrigatoriedade da a9ilo penal. Doravante 
temos que aprender a conviver tambem com o principia da discri-
cionariedade (regrada) na a9ao penal publica. Abre-se no campo penal 
urn certo espa9o para o consenso. Ao !ado do cLissico princfpio da 
verdade material, agora temos que admitir tambem a verdade 
consensuada. 
A preocupa9ao central, doravante, ja nao deve ser s6 a decisao 
(formalista) do caso, senao a busca de solu(:iio para o conflito. A 
vitima, finalmente, come9a a ser redescoberta porque o novo sistema 
se preocupou precipuamente com a repara9ao dos danos. Em se 
tratando de infra96es penais da competencia dos juizados criminais, 
de a9ao privada ou publica condicionada, a composi(ao_civil chega 
ao extremo de extinguir a punibilidade (art. 74, paragrafo unico). 
Em sintese, estao lan9adas as bases de urn novo paradigma de 
Justi9a criminal: os operadores do direito (juizes, promotores, advo-
gados etc.), para alem da necessidade de se prepararem para a correta 
aplica('iio da lei, devem tambem estar preparados para o desempenho 
de urn novo papel: o de propulsores da concilia<;:ilo no ambito penal, 
sob a inspira9ao dos princfpios da oralidade, informalidade, economia 
processual e celeridade (arts. 2. 0 e 62). 
7. As quatro medidas despenalizadoras da Lei 9.099/95 
A Lei 9.099/95 nao cuidou de nenhuma descriminaliza<;:ao, isto 
e, nao retirou o carater ilfcito de nenhuma infra9ao penal. Mas 
disciplinou, isso sim, quadro medidas despenalizadoras (medidas 
penais ou processuais alternativas que procuram evitar a pena de 
prisiio): !.') nas infra<;:6es de menor potencial ofensivo de iniciativa 
19 INTRODU<;:i\.0 
privada ou publica condicionada, havendo composi<;:ao civil, resulta 
extinta a punibilidade (art. 74, § unico); 2.') nao havendo composi9ao 
civil ou tratando-se de a<;:ao publica incondicionada, a lei preve a 
aplicaqao imediata de pena alternativa (restritiva ou multa) (art. 76); 
3.') as lesoes corporais culposas ou !eves passarn a requerer repre-
senta9iiO(art. 88); 4.') os crimes cuja pena minima nao seja superior 
a urn ano permitem a suspensao condicional do processo (art. 89). 
0 que b3 de comum, pelo menos no que tange a tres desses 
institutos despenalizadores, e o consenso (a conciliaqao ). 
No gue pertine a descarcerizaqii.o (que consiste em evitar a prisao 
cautelar) impoe-se a Jeitura do artigo 69, § tinico, que diz: "Ao autor 
do fato gue, ap6s a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado 
ao Juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, nao se 
imponi prisii.o em t1agrante, nem se exigini fian9a". 
Com as medidas despenalizadoras e descarcerizadora menciona-
das, o Direito Penal brasileiro come9a a adotar as tendencias mundiais 
atuais' 
0 reconhecimento da natureza hibrida das quatro medidas 
despenalizadoras acima enfocadas e extraordinariamente relevante para 
a boa aplica9ilo da lex nova. 
Tres delas sao de natureza processual e penal ao mesmo tempo. 
Sao elas: a transa9ao do art. 76, a representa9ao do art. 88 e a 
suspensao condicional do processo do art. 89. Sao institutos que, em 
primeiro Iugar, produzem efeitos imediatos dentro da fase preliminar 
ou do processo (nisso reside o aspecto processual). De outro !ado, todos 
contam com reflexos na pretensao punitiva estatal (aqui esta a face 
penal). 
Feita a transa9ao em torno da aplicagii.o imediata de pena 
alternativa (art. 76), resulta afastada a pretensao punitiva estatal 
original (pena de prisao ou multa integral). No que pertine a 
representaqao. basta lembrar que a renuncia ou a decadencia levam 
a extin9ilo da punibilidade. Por fim, quanto a suspensao do processo, 
passado o periodo de prova sem revogagao, desaparece a possibilidade 
de san9ilo penal. 
4. Cf. Damasio E. de Jesus em Folha de S. Paulo de 01.07.95, p. 3-
2, bern como suas conclus6es (que aparecerao em breve na Revista Brasileira 
de Ciencias Criminais) a respeito do 9.° Congresso das Na<;6es Unidas sobre 
Preven<;ao do Crime e Tratamento do Delinqiiente, ao qual compareceu como 
Delegado brasileiro. 
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I 
JUIZADOS ESPECL\IS CRIMINAlS 20 
Uma das medidas despenalizadoras (composiqJo civil exrimi,·a da 
punibilidade penal, art. 74), como se ve, e de natureza civil e penal 
ao mesmo tempo. 
8. Aplicac;ao imediata 
Reconhecer e enfatizar a natureza inclusive (ou predominantemen-
te) penal das medidas despenalizadoras trataJa;; e relevante pelo 
seguinte: todas sao mais beneficas, comparando-se com o sistema penut 
atualmente vigente. Estamos diante de novatio legis favoniveL De 
acordo com a imagem do legislador, em todos os crimes '~ conrra-
ven~6es descritos na Lei 9.099/95, ja nilo se faz nccessJria a rear;Jo 
estatal (penal) classica, quase sempre consistente na imposir;ao Je uma 
pena de prisiio. De outro !ado, a obrigatoriedade da a<;clo penal ja nao 
e tao implacaveL Numa hipotese (art. 74) ela ficani impedida. em ourra 
nao sera intentada (art. 76) e numa terceira podeni haver disposi.;;ao (art. 89). 
Para o infrator (que tenha cometido infraqao que entre no chamado 
espac;o de consenso), e muito melhor o novo sistema juridico. Isso 
significa que todos os novas institutos de caniter penal devem ser 
aplicados imediatamente apos a vigencia da leL No que diz respeito 
aos artigos 88 e 89 nao existe nenhuma duvida. E as hipoteses dos 
artigos 74, paragrafo unico, e 76" Embora projetadas para terern 
incidencia nos juizados especiais criminais, podem e devem ser 
aplicadas imediatamente por qualguer juizo, sobretudo o comum. Dito 
de outra forma: mesmo enquanto nao criados os juizados especiais 
criminais, ainda assim, os institutos penais do seu espectro de 
abrangencia terao incidencia imediata e serJo aplicados por gualquer juizo. 
0 primeiro fundamento dessa inevitavel conclusao esta no cbssico 
princfpio do favor rei. 0 que favorece o n!u deve incidir desde logo. 
0 segundo fundamemo e de natureza constitucion~:!: :.J.:l norrnas 
definidoras de direitos e garanrins fundamentnis conta:n com ~·tpiiC<.l\ClO 
imediata, nos terrnos do art. 5. 0 , § 1. 0 , da Constitui~Jo Fedet~t!. Tilda 
norma despenalizadora, em Ultima an~Uise. naJa n~ais ~ ,~~:,: u 
desdobramento legislativo do direito fundamental d~t !nGi-
vidual. Logo, passa a reger a situa<;:Zio jurfdica cnr'lxaclc: pmnt:t:r:erH~. 
0 terceiro fundamento consiste no seguim~: n~lo 0 por i":_llu Je 
uma lei estaduai que ira discip!inar aspectos pruct:dirnenuis e d;; 
organizaq;lo judici6.ria que varnos negar apiicaqcio a uma lei feder~d 
21 l:'iTRODl'<;:AO 
vigente. A Lei 9.(J99/Sl5 entrar~l em vigor integralmente em 26.1 i.95: 
na;tes dela teran eflcdcia irnedima (aS penais. sobretudo), enquanto . . ' 
outras (procedimentai:-;. organizacionais etc.) dependerilo de lei estadual 
futur:l. Pode-se falur. desrarte, ern efickia irnedlata e efic~icia diferida. 
conforrne a natureza da norma. 
9. Aplica~ao retroativa 
Toda lei penal nova benefica nao s6 tern inciue~:cia imediata. 
como tambem deve retroagir para alcanqar os f~ttos ocorrldos antes 
da sua vig0ncia. Convem nllu eSLlUecer que mesrno dcpui:-> de i 9~8 
o princ!pio Ja retroatividade penal ben~ficu contimwu cum sroru . .,-
constitucional (art. 5. 0 , inc. XL"!. Logo. nenbuma lei infracon.stimcionJ.i 
pode restringir seu alcmce. Os limitt:s dessa retroati,·!Jade. corn(~ 
veremos, est5.o na prOpria natureza da norma J ter lncid2ncia. 
i\las o legislador ordin~lrio jJ. nJo pot.ie. de acordo corn .sua. 
vontade, reduzir o alcance do direito fundamentaL Com a maestri~l 
de sempre, Alberto Silva Franco5 ensina: '' Como todo e quaiquer 
prir.cfpio constitucionaL a retroatividade penal bene£fica n~lo tern efeitu 
meramenre proclamat6ria nem e regra de conot:lt;Jo programitica: e 
imperativa. porque dctada de card.ter jur{dico-pl)sivitivo. Sob esta i_'>tic:.L 
niio seria admissfvet nenhum dispositivo !ega! que pudessc contrari~l­
la ou restringi-la ... a retroatividade penal benetka. enqu::tnto princfp~o 
constitucionnl, nao pode ser limirada pela lei e e dotaJa de efic:icict 
imediata", 
0 que acaba de ser proclamado vale parJ. as quatro hip6le;les 
despena!izadoras (arts. 7-+. parJgrztfo Unico, 76. ~8 e 80). Os quat:-~~ 
instituros (exatamc:nte porque pos:)uern romh,fm c::.:rc~ter penal"\ devcr:1 
ser apEcados inc\J.~i-.;e a tndus os L:r.os ocorrl.J,,,s ::n:~.-cs dt} vigtnci.~·, 
da !ei. que se Uad em "26.!1.95. \Lt.'i hJ urn 1in:ite r:<J.tur~ll: O) ('a::;y. 
j<l julgados definiti\·~tm·.:::I~ ~~ diLt.T. cern tr:ln:--,irn cr:1 jtd,\pJuJ n~l11 
ser:J.o, obvi:.lrnt~nte. :·:;::;:~u::c:ude:;;. 
E:stamu:--; dla~ k~ :...:·::: in:;tit~tln" f:l"\'\,::.:::·;~!J.:-> nL~ li '.:c 
ex1gem. dJ.rament~. pnJc~ssn perul ::1t: -.:unhcc tt~cn:n ~:-:~ c:::-~n uu r~:. 
in~inl:n~~i~l r..k .s\:t :nic:;!\..:\··. Sr.: p [">~,_:.--, ··;~:iia t-r;~::~ :--Cf ;-·..; tU. t n'.cL 
~ei !10\"J. pL::·~ETlt::!t,: f"":c;:(J:c~~ ,~· ;;;u 
u.ican..;:1r :~t incius1. '~ a t..:11i;::.t J ·1~>; t.::r:~·:u:- .'";,; .... ; ~-~ (' 
5. C<Jdi'(O Pend c Su<: Jn,·emr ... ·tur .. .Io .furis;.11 udt.'nc d. 
1995. p. J."7 C SS. 
RT. SF. 5." c~~--
(,~:::!Or:!~"':~-~':;.,t'ii.'j(,:;::'E}p,:;o_iv .•. -.~-,4i.Qi3l"'.S.t\e<wJJt!,ZlSWi4W:tt=z;c w:;m , l ~Yii&@&Z:W.<m,;;;: . .w.:w;m::&w.==-.w,;;z;: Z 4 '""""'' ;;;;w w• ·= "m;""'"""""'-------·----------
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 22 
2.
0 
do CP), mas jamais. quem ja tivesse cumprido a san9iio fixada. 
Do mesmo modo, urn instituto processual novo (mesmo que benefico) 
s6 pode incidir sobre processo nao encerrado. 
10. Competencia para aplica<;ao 
Enquanto nilo criados formalmente os juizados especiais criminais 
(v. comentarios ao art. 93), os jufzos comuns (assim como os especiais) 
aplicarao normalmente os quatro institutos penais beneficos da lex 
nova.No que diz respeito a representa<;iio e a suspensiio do processo, 
niio M discussiio. Controversia pode existir quanto a composi9iio civil 
e a transa9ao penal para aplica9ao imediata de pena alternativa. Nossa 
posi9iio, e muito clara: podem e devem ser aplicados pelo jufzo comum 
(estadual ou federal) em virtude da natureza penal benefica. Podem 
e devem ser aplicados tambem pela Justi9a Militar e Eleitoral. 
Depois de criados os juizados, e evidente que havera divisao de 
competencia. Eles cuidariio das infra96es penais de menor potencial 
ofensivo e aplicarao obviamente tarnbem todos os processos 
despenalizadores acima retratados. 
A lesiio corporal culposa configura urn born exemplo para ilustrar 
o que acaba de ser afirmado: por for<;a do art. 88 mister se faz a 
representa9iio do ofendido ou de seu representante legal. Na fase pre-
processual, tenta-se a composi9ao civil (art. 74). Sendo positiva, esta 
extinta a punibilidade (art. 74, paragrafo unico). Niio havendo com-
posi9iio civil, o Ministerio Publico podera propor a transa9iio penal 
(art. 76). Nao aceita essa transa<;ao, oferecera o Ministerio Publico, 
desde que tenha havido representa<;iio, denuncia oral (art. 77). Neste 
instante e possivel a propositura da suspensiio condicional do processo 
(art. 89). 
11. Uma nova mentalidade 
0 legislador soube romper os esquemas classicos do direito 
criminal e do processo penal, adotando corajosamente solu96es pro-
fundamente inovadoras. 
Cabe agora aos operadores do direito conscientizar-se do signi-
ficado e da importancia da nova lei, aplicando-a com mentalidade 
renovada. 
0 juiz, em primeiro Iugar, devera compenetrar-se de suas novas 
fun96es, adequando-se a elas. 0 Ministerio Publico aderira a justi9a 
23 INTRODU<;AO 
consensual, agindo dentro da lei e apresentando, sempre que possivel, 
suas propostas de transa<;ao penal, disposto a discuti-las com o juiz, 
os conciliadores e a parte contraria. 0 advogado, cioso dos direitos 
de defesa, orientara seu assistido da melhor forma possivel, alertando 
para as conseqtiencias da transa<;iio, mas sempre com espirito aberto 
a vontade manifestada pelo autor do fato. As autoridades policiais 
colaborariio com os Juizados encaminhando-lhes imediatamente os 
termos de ocorrencia e agendando data para a audiencia de concilia9ao. 
A vitima e seu defensor deverao perceber que M alternativas a pena 
privativa da liberdade, igualmente satisfat6rias para ela. Os concili-
adores, necessariamente imbufdos de espirito publico, deverao perceber 
a relevancia social de seu oficio. E, se as leis estaduais introduzirem 
o juiz leigo, este deveni atuar como multiplicador da capacidade de 
trabalho do juiz togado, igualmente cioso da fun<;iio que !he for 
atribufda. 
Os tribunais deverao cuidar da implanta<;ao de urn verdadeiro 
sistema de Juizados Especiais, dotando-os com os instrumentos ma-
teriais e pessoais necessaries a seu efetivo funcionamento. 
Nesse papel de renova9ao de mentalidades, muito terao a fazer 
as Escolas da Magistratura, do Ministerio Publico, da Advocacia. Muito 
se devera fazer, no seio das institui96es de ensino superior, para a 
prepara<;iio dos novos operadores juridicos. E muito ainda restan\ a 
fazer em termos de informa9ao e conscientiza9ao da popula9ao com 
relal(ao a uma justi9a penal consensual mais n\pida, mais efetiva, mais 
democratica, mais pacificadora. 
Somente assim, devidamente aplicada em seus generosos prop6-
sitos, a Lei 9.099/95 podera representar urn verdadeiro marco na 
modemiza<;iio da justi<;a penal, sem correr o risco de transformar-se 
em mais uma decep<;iio para o povo brasileiro e em uma indesejavel 
perda para o Poder Judiciario. 
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ANTEPROJETO DE LEI 
PARA A CONCILIA<;AO, JULGAMENTO 
E EXECU<;AO DAS INFRA<;OES PENAIS 
DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO* 
1 Exposi~lio de motivos 
li 
* 1. A Constitui<;ilo Brasileira de 1988, no art. 98. caput e inciso 
~ I, determina que "A Uniao, no Distrito Federal e nos Territ6rios, e I os Estados criarao Juizados especiais, providos por juizes togados, ou 
! togados e leigos, competentes para a conciliaqao, o julgamento e a 
i execw;ao de( ... ) infra<;5es periais de menor potencial ofensivo, mediante 
' os procedimentos oral e sumarissimo, permitidos, nas hip6teses pre-
vistas em lei, a transa<;ao e o julgamento de recursos por turmas de 
juizes de primeiro grau." 
, 2. Para dar cumprimento a norma constitucional, e necessaria, 
l antes de mais nada, a promulgaqao de lei federal, porquanto s6 a Uniao i cabe legislar em materia penal (art. 22, I, Const.), e e induvidosamente 
de natureza material a regra que permitira a transa<;iio e que regulan\ 
seus efeitos no campo penal. Em segundo Iugar, a Undio continua 
detendo a competencia privativa para as normas processuais (art. 22, 
i I), exce<;ao feita apenas as de procedimento, que silo da competencia 
concorrente da Uniao e dos Estados (art. 24, XI). De qualquer forma, 
ainda que se entendesse que as infra<;oes penais de menor potencial 
ofensivo, reguladas no art. 98, I, Const., sao as mesmas pequenas 
causas a que se refere o art. 24, X, a atribui~ilo constitucioml da 
comperencia concorrente a Uni5.o, tanto para a.s normas concorrentes 
a Uniao, tanto para as normas processuais como procedimentais. 
autorizaria, e recomendaria mesmn, que a lei fcder:.1! estabelecesse as 
normas gerais de processo e de procedimento para conciliac;.:ao, 
julgamento e execuc:io clas referidas infrac6es, 
> > 
* Apresentado a Ciimara dos Deputados, como Projeto de Lc:i 1.480/ 
89, pelo Deputado Michel Temer. 
JU!ZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 26 27 
ANfEPROJETO DE LEI 
Ap6s a edi9ao da lei federal, competira aos Estados, no uso de 
sua competencia constitucional, nao apenas criar os Juizados Especiais, 
mediante regras de organiza9ao judiciaria, como ainda suplementar a 
legislagao federal por intermedio de normas mais especfficas de 
procedimento, que atendam as suas peculiaridades, bem como de 
processo, se se entender que a regra do att. 98, I, ha de ser conjugada 
com a do art. 24, X. Seja como for, o Anteprojeto de lei federal que 
ora se apresenta, a par de normas penais materiais, estabelece normas 
gerais quer para o procedimento, quer para o processo. 
Deve-se ressaltar que, na falta de lei federal, a competencia 
legislativa dos Estados poderia - embora inconvenientemente - ser 
plena para as normas de procedimento e, eventualmente, de processo 
(art. 24, X e XI, e § 3.0 , Const.), mas nao teria o condao de suprir 
a inexistencia da norma federal em materia de transagao e de seus 
efeitos civis e penais, bem como em outros aspectos correlates 
inseridos no presente Anteprojeto, como, v.g., a ampliagao dos casos 
de ar;ao penal condicionada a representar;ao, a suspensao condicional 
do processo e outros. E, de qualquer modo, em materia nova e delicada 
como esta, e mais que oportuno que a lei federal, observada a 
autonomia dos Estados, trace as regras gerais que deverao reger 
processo e procedimento renovados. 
3. A norma constitucional que determina a criagao de Juizados 
Especiais para as denominadas injrar;oes penais de menor potencial 
ofensivo, com as caracterfsticas fundamentais que indica, obedece a 
imperiosa necessidade de o sistema processual penal brasileiro abrir-
se as posir;oes e tendencias contemporaneas, que exigem sejam os 
procedimentos adequados a concreta efetivar;ao da norma penal. E se 
insere no rico filao que advoga a manutengao, como regra gera!, dos 
princfpios da obrigatoriedade e da indisponibilidade da agao penal 
publica, abrindo, porem, espago a denominada discricionariedade ' 
regulada, contida pela lei e submetida a controle jurisdicional. 
Com efeito, a ideiade que o Estado possa e deva perseguir 
penalmente, sem excer;ao, toda e qualquer infragao, sem admitir-se, ! 
em hip6tese alguma, certa dose de discricionariedade ou disponibili- [ 
dade da agiio penal publica, mostrou, com toda evidencia, sua falacia r 
e hiprocrisia. Na pnitica, operam diversos criterios de seler;ao infor- I 
mais, e politicamente ca6ticos, inclusive entre os 6rgaos da persecur;ao ! 
penal e judiciais. Nao se desconhece que, em e!evadfssima porcen-~ 
tagem de certos crimes de agao penal publica, a polfcia niio instaura 
o inquerito e o MP e o juiz atuam de modo a que se atinja a prescrir;ao. 
Nem se ignora que a vftima - com que o Estado ate agora pouco 
se preocupou - est:i cada vez mais interessada na rep,aragao dos danos 
e cada vez menos na aplicayao da sangao penal. E por essa razao 
que atuam os mecanismos informais da sociedade, sendo nao s6 
conveniente, como necessaria, que a lei introduza criterios que 
permitam conduzir a selegiio dos casos de maneira racional e 
obedecendo a determinadas escolhas polfticas. 
Por outro !ado, o procedimento oral tem demonstrado todas as 
vantagens onde aplicado em sua verdadeira essencia. A concentragiio, 
a imediagao, a identidade fisica do juiz conduzem a melhor aprecia91io 
das provas e a formagiio de um convencimento que realmente !eve 
em conta todo o material probat6rio e argumentative produzido pelas 
partes. A celeridade acompanha a oralidade, pela desburocratiza9iio 
e simplificagao da Justiga. Ademais, um procedimento sumarfssimo, 
que nao sacrifique as garantias processuais das partes e da jurisdigao, 
e o que melhor se coaduna com causas de menor complexidade. 
Daf a razao de ser da norma constitucional, que haveria de ser 
aplaudida e apoiada, ainda que nao fosse coercitiva para os Estados, 
o Distrito Federal e os Territ6rios, como o e. 
4. Adiantando-se a promulgar;iio da nova Constituir;ao, os Emi-
nentes Jufzes paulistas Pedro Luiz Ricardo Gagliardi e Marco Antonio 
Marques da Silva ofereceram a Associagao Paulista de Magistrados 
minuta de anteprojeto de lei federal, de sua autoria, disciplinando a 
materia. Para examina-lo, o DD. Presidente do E. Tribunal de Al9ada 
Criminal de Sao Paulo, Dr. Manoel Veiga de Carvalho, constituiu 
Grupo de Trabalho formado pelos Jufzes Antonio Carlos Viana Santos, 
Manoel Carlos Vieira de Moraes, Paulo Costa Manso, Ricardo Antunes 
Andreucci e Rubens Gongalves. Foi convidada para integrar o Grupo 
a Dra, Ada Pellegrini Grinover, Professora Titular de Processo Penal 
da Faculdade de Direito da Universidade de Sao Paulo que, por sua 
vez, se valeu da colaborar;ao dos Mestres Antonio Magalhaes Gomes 
Filho e Antonio Scarance Fernandes, Professores Assistentes da mesma 
Faculdade. 
Ap6s diversas reuni6es, decidiu o Grupo de Trabalho elaborar 
substitutive, sem embargo da reconhecida importancia do Anteprojeto 
Gagliardi e Marques da Silva, mola propulsora para estudos que 
levassem ao tratamento adequado de assunto de tamanha relevfincia. 
Referido substitutive, adaptado ao texto definitivo da Constitui9ao de 
1988, foi submetido a debate publico na Seccional de Sao Paulo da 
Ordem dos Advogados do Brasil, em dezembro de 1988. Ali, o trabalho 
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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 28 129 ANTEPROJETO DE LEI 
foi aprimorado merce das sugest6es, ja incorporadas ao novo texto, de 
eminentes representantes de todas as categorias juridicus, tais como 
advogados, juizes, membros do Ministerio Publico, delegados de Policia, 
Procuradores do Estado no exercicio das fun<;6es de Defensores Publicos, 
Professores, estudantes de direito e interessados em geral. 
5. Para chegar ao resultado final, ora apresentado, partiu-se da 
analise do tratamento dispensado a materia no direito comparado e 
em projetos brasileiros, a fim de verificar ate que ponto poderia deles 
valer-se para uma legislac;ao moderna, mas adequada a nossa realidade. 
No direito comparado, foram descartadas as soluc;oes dos sistemas 
que adotam o principio da oportunidade da ac;ao penal, como o norte-
americana, com o plea bargaining, o frances (art. 4. ', CPP), o alemao 
(art. 153, CPP) e outros, dentre os quais nao se olvidaram, por sua 
atualidade e ubicac;ao, o Projeto argentino de C6digo de Processo Penal 
federal e o Projeto de C6digu de Processo Penal-Tipo para a America 
Latina.' Sendo da nossa tradi<;ao os princfpios da obrigatoriedade e 
da indisponibilidade da ac;ao penal publica, preferiu-se utilizar como 
primeiro parametro as legislac;oes mais modernas que, embora guar-
dando fidelidade aos rnencionados criterios, adotam a denominada 
discricionariedade controlada com rela<;ilo a delitos de menor gravi-
dade. Ou seja, a Lei italiana 689, de 24 de novembro de 1981, intitulada 
"Modificac;oes ao sistema penal. Descriminaliza<;ao",' e o C6digo de 
Processo Penal portugues, de 17 de fevereiro de 1987, bern como o 
recentfssimo C6digo de Processo Penal da Italia. 
0 art. 77 e segs. da lei italiana de I 981 preve que o juiz, nos 
casos em que forem aplicaveis penas alternativas, a pedido do acusado 
I. 0 Projeto argentino de CPP federal, apresentado ao Congresso 
Nacional em fins de 1987, abre espa<;o maior ao principia da oportunidade, 
acompanhando o mode1o da Alemanha Federal; e preve, no art, 371 e ss,, 
urn procedimento abreviado para as infrat;6es cuja pena nao supere a dois 
anos de pena detentiva, podendo o acusado submeter~se voluntariamente a 
pena requerida em concreto pelo MP. Nesre caso, a at;ao civil deved 
necessariamente ser proposta perante o julzo cfvel, configuranJo exceg5o ao 
sistema de cumulagao facultativa das ac;Oes previstas no referido Projeto. 
ldentica disciplina e adotada pe1o C6digo de Processo Penal-Tipo para a 
America Latina, apresentado em 1988, no art. 37! e ss. 
2. E oporruno lembrar a tendencia a discricionariedalle controlada no 
sistema italino e as posi<;Oes legislativas e jurisprudenciais nesse sentido, numa 
interpreta<;ao mais elastica do art. 112 da Constitui<;ao italiana, que expres-
samente imp6e ao MP a obrigatoriedade do exercfcio da a<;ao penal. 
· e ap6s parecer fa von\ vel do MP, aplique a san<;ao, declarando em via 
de consequencia "extinta a infra<;iio penal", com o registro da pena 
para o efeito unico de impedir urn segundo beneffcio. 
0 novo C6digo de Processo Penal italiano, prornulgado em 1988 
para viger a partir do ano em curso, nos arts. 439 e segs. e 556,3 
man tern, em observancia ao disposto no n. 45 da Iegge de/ega n. 81, 
de 16 de fevereiro de 1987, o instituto da Lei 689/81, com algumas 
alterac6es que o ampliam; o teto para a proposta de acordo, formulada 
~ por q~alquer das partes e aceita pela outra, e a pena detenriva de ate 
~ dois anos; deixa-se claro que a imposi<;iio da pena nao surte efeitos 
I. civis e, conquanto equiparada a uma senrenc;a condenat6ria, nao de vera constar de certidoes nem impedira a concessao de "sursis" sucessivos, i nao comportando, igualrnente, condena<;iio nas custas processuais. Da-
1 
se enfase, finalmente, a atividade conciliativa na hip6tese de ac;ao 
publica condicionada a representa<;ao (art. 557). 
0 sistema portugues do C6digo Penal de 1987, nos arts. 392 e 
segs., preve que, nos casos de multa ou de pena detentiva nao superior 
j a seis meses, o MP requeira ao tribunal a aplica<;ao da pena de multa 
) ou da pena alternativa, funcionando ao mesmo tempo, se for o caso, I como representanre da vftima, para formular o pedido de indeniza<;ao j civil.4 Aceita a proposta, a homologa<;ao judicial equivale a uma 
1 condena<;ao. Nao aceita, o MP nao fica vinculado a proposta para a i instaurac;ao do procedimento sumarfssimo que se segue. 
~ No sistema brasileiro, analisou-se o art. 84 do Anteprojeto Jose 
I! Frederico Marques, que previa a proposta,pelo MP, do pagamento f de multa que. aceita pelo acusado, levaria a extin<;ao da punibilidade, 
por peremp<;ao. E se apreciou o art. 205, II, do Substitutivo do Projeto 
de CPP, aprovado pela Camara dos Deputados e em tramita<;ao no 
Senado, segundo o qual o processo se extinguiria sem julgamento do 
merito quando o acusado primario, em sua resposra, aquiescesse no 
pagamento de multa a ser fixada pelo juiz (art. 207, IL do Projeto). 
Em nenhum dos reierido projetos se soluciona o problema das 
consequencias. penais e civis. da aceitaqao e imposi<;ao de multa, muito 
embora no segundo o '·encerrarnento do processo sem julgamento do 
mtriw" pare:;a indicar a austncia de outros efeitos que nfio os 
• 1 • • Jme(.;~<ltarnenrc.' ckcorrentes da sans:ilo tmposta. 
3. 0 primciro dispositive diz respeitO ao procedimento ordinaria e o 
segundo ao de competencia do pretor. 
4. Contempla o sistema e possibilidade de a ac;ao civil ser deduzida 
em separado pe!a vftima, no jufzo cfveL 
-
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 30 
6. Nao se olvidou a experiencia brasileira dos Juizados Especiais 
de Pequenas Causas civis, que tantos beneffcios vern prestando a 
denominada "Justi('a menor" e nos quais tantas esperan('a se depositam 
para a agilizagao e desburocratiza(:ao da Justi(:a5 Nem se deixaram 
de !ado os excelentes resultados colhidos pelos Juizados ou Conselhos 
Informais de Conciliayao, em que se pOde constatar o aporte positivo 
dos conciliadores para o exercfcio de fungao que nao tern natureza 
jurisdicional e que por isso mesmo convem fique separado e afeta a 
pessoas distintas do juiz togado, que se limita a supervisionar a 
atividade conciliativa. 
7. Dos elementos supra-indicados, enriquecidos pelas contribuiy5es 
de tantos interessados, resultou o presente Anteprojeto, cujas linhas 
fundamentais podem assim ser resurnidas: 
a) Prindpios Gerais. Os criterios e princfpios do processo das 
pequenas causas penais - ora!idade, simplicidade, informalidade, 
economia processual e celeridade - sao explicitados nas Disposi9i'ies 
Gerais do Anteprojeto, que coloca como objetivos da lei a reparayao 
dos danos sofridos pela vftima e a ap!ica9ao de pena nao privativa 
de liberdade. 
b) Competencia. Considera o Anteprojeto injra9i'ies penais de 
menor potencial ofensivo, para efeito de competencia dos juizados 
Especiais, as contraveny5es penais e os crimes a que a lei comine 
pena maxima nao superior a urn ano, excetuando-se os casos para os 
quais estejam previstos procedimentos especiais, que dificilmente se 
coadunariam com o ora criado. Conseqtientemente, fica retirado da 
abrangencia do projeto, ao menos por ora, alem das infraqoes acima 
referidas, o homicfdo culposo. Note-se, porem, que nada impede que 
os Estados, no uso da competencia constitucional concorrente para 
legislarem sobre procedimento (art. 24, XI, Const.), determinem a 
aplicaqao do rito sumarfssimo do Anteprojeto a outros crimes, exc!ufda 
apenas a proposta de acordo que, como se viu, e privativa da lei 
federal.' 
c) Fase Preliminar. Destina-se a tentativa de conciliaqao, englo-
bando a transaqao no campo civil e a proposta do MP para aplicaqao 
5. Por isso, o Anteprojeto tomou como modelo alguns dispositivos da 
Lei 7.244, de 07.1l.l984. 
6. V. supra, n. 2. 
31 AN1EPROJETO DE LEI 
de pena restritiva de direitos ou multa, no campo penal. Sao os seguintes 
os principais aspectos da fase preliminar: 
c.l) Audiencia preliminar. Sem necessidade de pericia, bastando 
o encaminhamento pela autoridade policial que tomar conhecimento 
do fato, o MP, o acusado e a vftima, com seus advogados (constitufdos 
ou publicos, integrando estes as defensorias que funcionarao junto aos 
Juizados), comparecem perante o juiz ou conciliadores do Juizado para 
a audiencia preliminar. Discutida infonnalmente a questao, abre-se a 
possibilidade de acordo -civil e de proposta penal. Se houver transaqao 
para a repara('iio dos danos, sua homologagao pelo proprio juiz penal 
caracteriza titulo executivo que, descumprido, dara margem a execu9iio 
for(:ada no jufzo civel; e, em se tratando de aqao penal de iniciativa 
privada ou de aqao penal publica condicionada a representa('ao, o 
acordo homologado acarreta renuncia ao direito de queixa ou repre-
senta('ilo. Com ou sem transaqao civil, passa-se a possfvel proposta 
de aplicaqao de pena restritiva de direitos ou multa, rigorosamente 
contida nos limites da lei e devidamente especificada pela acusa9ilo. 
Aceita, pelo acusado e seu defensor, a proposta do MP, a pena e 
aplicada pelo juiz. 7 
c.2) Efeitos da imediata aplica~ao da pena. A sanqao tern natureza 
penal, mas sem reflexos na reincidencia, sendo registrada para o fim 
unico de impedir novamente o mesmo beneficia, pelo prazo de cinco 
anos, e nao devendo constar de certidoes. Nao havera condenaqao em 
custas. Nao tendo ocorrido composiqao dos danos, nenhum efeito civil 
decorrera da aplica9ao da pena, cabendo a vitima buscar as vias civeis 
para a satisfaqao da pretensao ressarcit6ria. 
c.3) Execu9fio da pena. Tratando-se exclusivamente de pena de 
multa, seu valor sera recolhido il. Secretaria do proprio Juizado. 
Frustado o pagamento, a pena de multa e convertida em pena privativa 
de liberdade ou restritiva de direitos. 
c.4) Extin9fio da punibilidade. Uma vez paga a multa, ou cumprida 
a pena, o juiz declara extinta a punibilidade. 
d) Procedimento Sumarfssimo. Nao ocorrendo a imediata aplica-
91iO da pena restritiva de direitos ou multa, o MP formula oralmente 
7. A lei nao deve preocupar-se com a natureza da proposta do MP, cabendo 
ao direito cientffico equipan\-la, ou nllo, a denuncia, na interpreta<;llo do principia 
nulla poena sine judicio - ao qual, entretanto, o pr6prio art. 98, I, Const., abriria 
excevao, ao admitir a conciliaqao e transa<;llo em materia penal. 
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JUIZADOS ESPECIA!S CRIMINAlS 32 
a denuncia, se niio houver ·necessidade de diligencias imprescindfveis, 
ficando clara a dispensa do inquerito policial. Se a complexidade ou 
circunstancias do caso nao permitirem a formula9iio de denuncia, o 
MP podeni requerer o encaminhamento das pe9as ao jufzo comum. 
Normas correlatas cuidam do oferecimento da queixa. 
Antes do recebimento da dendncia ou queixa, abre-se a defesa 
a oportunidade de responder a acusa9ao. Recebida a denuncia ou 
queixa, o juiz designa audiencia de instru9ao e julgamento, a qual 
deverao comparecer as partes e as testemunhas e, se possfvel, o 
ofendido e o responsavel civil. A defesa tecnica e indispensavel. 
Abre-se, agora, nova tentativa de acordo civil e de formula9iio 
de proposta de aplica9ii0 de pena restritiva de direitos ou multa pelo 
MP, se na fase preliminar nao se tiver dado esta possibilidade. 
Os princfpios da audiencia sao de autentica oralidade, com os 
corolarios de continuidade, concentra91io, imedia9ao e identidade ffsica 
do juiz. 
Com re!a91io as provas, inverteu-se a ordem de produ9ao, 
deixando o interrogat6rio para momento posterior a oitiva de teste-
munhas, com o que fica enfatizada sua natureza de meio de defesa. 
Embora altamente aconselhavel e recomendavel, nao pareceu conve-
niente impor o registro eletronico das provas orais, cuja obrigatoriedade 
tern constitufdo serio 6bice a implanta9iio dos JEPCs civis; ate porque 
a presen9a e fiscaliza9ao efetivas das partes sao suficientes para 
garantir que o essencial conste do resumo dos fatos relevantes ocorridos 
na audiencia. 
Do termo de audiencia tamb6m constani a senten9a. 
e) Recursos. 0 Anteprojeto preve embargos de declara9iio e 
apela9ao, que podeni ser julgada por colegiado de primeiro grau, em 
consonancia com a previsao constitucional. A apela9ao e cabfvel seja 
no tocante a aplica9ao imediata da pena, seja no que tange asenten9a 
final e, ainda, contra a decisao de nao recebimento da dentlncia ou 
queixa. Mas a homologa9ao da transa9ao civil e irrecorrfvel. 
Niio se excluiu a revisao criminal. 
f) Execw;iio. Ver supra, alfnea c.3. 
g) Disposi9oes Finais. De grande releviincia sao as disposi96es 
finais do Anteprojeto, refletindo a tendencia universal no sentiJo da 
ampliac;ao dos casos de disponibilidade da a9ao penal, por intermedio 
de tecnicas diversas. 
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33 ANTEPROJETO DE LEI 
Assim, em primeiro Iugar, alarga-se a gama dos crimes de a~;ao 
penal publica condicionada a representa9ao, estendendo-se as lesoes 
corporais de natureza !eve (art. 129, caput, do C6d. Penal) e as culposas 
(art. 129, § 6.0 , do C6d. Penal).' Na audiencia preliminar, nao havendo 
transa9iio (a qual importa em renuncia a representa9ao ), a vftima 
podeni representar verbalmente, seguindo-se a oportunidade de propos-
ta de aplica9ao de pena restritiva de direitos ou multa pelo MP, 
conforme acima descrito. 
Em segundo Iugar, o Anteprojeto introduz o instituto da suspensiio 
condicional do processo, mesmo para os crimes por ele nao abrangidos, 
em que a pena minima cominada for igual ou inferior a urn ano. Ou 
seja, na hip6tese de reu primario e de pena mfnima que comportaria 
afinal a concessao de sursis, o MP, ao oferecer a dentlncia, podera 
propor ao juiz competente a suspensao condicional do processo, 
submetendo-se o acusado, ao concordar com a medida, as condi96es 
fixadas pelo juiz nos termos dos dispostivos retores da suspensao 
condicional da pena. 0 sistema da probation, tradicional nos ordena-
mentos de commom law, ganha espac;o nas modernas legisla96es 
processuais dos paises de civil law, como se ve do C6digo de Processo 
Penal portugues (art. 281 ), do Projeto argentino de 1988 de C6digo 
de Processo Penal federal (art. 231), do Projeto de C6digo de Processo 
Penal-Modelo para a America Latina, tambem de 1988 (art. 231 ). E 
vern sendo reiteradamente defendido entre n6s, com excelentes raz5es, 
desde 1981.9 Ademais, o instituto insere-se perfeitamente na filosofia 
que informa o Anteprojeto, consistente na desburocratiza9ao e ace-
lera9ao da Justic;a penal, e no filao da discricionalidade regulada, no 
mesmo consagrada, tudo em decorrencia do texto constitucional. 10 
h) Disposir;oes Transit6rias. Normas de direito intertemporal 
cuidam dos casos em andamento, inclusive quanta as novas hip6teses 
de ac;ao penal condicionada. 
8. Nos termos, alias, do que dispunha o C6digo Penal de 1969 e do 
que vern inscrito no Projeto de Parte Especial do C6digo Penal. 
9. Ver, especialmente, a posi<;ao do Desembargador e Professor Titular 
de Processo Penal da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do 
Rio de Janeiro, Weber Martins Batista, em "Suspensao condicional do 
processo", in Estudos de direito prvcessual em homenagem a Jose Frederico 
Marques, Sao Paulo. Ed. Saraiva, 1982, p. 315/330, republicauo em Direito 
penal e processual penal, Rio, Forense, 1987. p. l39/l56). 
10. Nao foi outra a tecnica da Lei das Pequenas Causas Civis, que nas 
Disposi<;Oes Finais incluiu dispositivos de abrangencia maior, para projetar 
seus princfpios e criterios na Justi<;a ordinaria (arts. 55 e 56). 
JUIZADOS ESPEC!AIS CRIMINAlS 34 
Os Estados, Distrito Federal e Territories tern o prazo de seis 
meses para criarem e instalarem os Juizados Especiais. Preve-se, 
contudo, que, enquanto nao instalados os Juizados, as atribui96es destes 
sejam exercidas pelos 6rgaos judiciarios existentes. 
Por ultimo, pareceu conveniente estabelecer o prazo de vacatio 
legis de sessenta dias, bern como expressamente revogar a Lei 4.611, 
de 2 de abril de 1965. 
8. Sao estes, em apertada sfntese, os aspectos principais do 
Anteprojeto, cuja filosofia se insere no filao que busca dar efetividad~; 
a norma penal, ao mesmo tempo em que pri vilegia os interesses da 
vftima, sem descurar jamais das garantias do devido processo legal. 
E as palavras de apoio e de aplauso que seu debate tem provocado 
nos mais diversificados setores jurfdicos e sociais" indicam que a 
transforma<;ao do Anteprojeto em lei podeni significar considen\vel 
passo para o resgate da credibilidade da Justi<;a penal. 
Sao Paulo, janeiro de 1989. 
ADA PELLEGRINI GRINOVER 
ANTONIO MAGALHAES GOMES FILHO 
ANTONIO SCARANCE FERNANDES 
ANTONIO CARLOS VIANA SANTOS 
MANOEL CARLOS VIEIRA DE MORAES 
PAULO COSTA MANSO 
RICARDO ANTUNES ANDREUCCI 
RuBENS GoN<;:ALVES 
II. Como pontos altos do anteprojeto, tern sido salientados, por 
personalidades presentes ao debate mencionado no n. 7 supra, o combate 
a impunidade, a celeridade e economia processuais, a preocupa<;ao com a 
vftima e com as garantias do acusado, a moraliza<;ao da polfcia e sua prote9ao 
contra a suspeita da pratica de atos de corrup9ao, a amplia9ao do campo 
de trabalho do advogado, a correta canali.za<;ao dos recursos (neste sentido, 
dentre outros, o Presidente da Associa<;ao Paulista dos Delegados de Polfcia, 
Dr. Abrahao Kfouri Filho ). 
LEI 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 
DispOe sabre as Juizados Especiais Civeis e Criminais e dd 
outras provid§ncias. 
0 Presideote da Republica: fa<;o saber que o Congresso Nacional 
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Capitulo I 
DISPOSI<;:OES GERAIS 
Art. 1.0 Os Juizados Especiais Cfveis e Crirninais, 6rgaos da Justi<;a 
Ordinaria, serao criados pela Uniao, no Distrito Federal e nos 
Territ6rios, e pelos Estados, para concilia<;ao, processo, julgamento e 
execu9ao, nas causas de sua competencia. 
Art. 2,0 0 processo orientar-se-a pelos criterios da oralidade, simpli-
cidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, 
sempre que possfvel, a concilia<;iio ou a transa<;iio. 
Capitulo II 
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CIVEIS 
Se91io I 
Da Competencia 
Art. 3." 0 Juizado Especial Cfvel tern competencia para concilia9ao, 
processo e julgamento das causas civeis de menor complexidade, assim 
.consideradas: 
I - as causas cujo valor nao exceda a quarenta ve:i:es o salario 
mfnimo; 
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do C6digo de Processo 
Civil; 
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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 36 
III - a a~ao de despejo para uso propno; 
IV - as a96es possess6rias sobre bens im6veis de valor nao 
excedente ao fixado no inciso I deste artigo. 
§ !.° Compete ao Juizado Especial promover a execu9ao: 
I - dos seus julgados; 
II - dos tftulos executivos extrajudiciais, no valor de ate quarenta 
vezes o salario mfnimo, observado o disposto no § 1.0 do art. 8.0 desta 
Lei. 
§ 2.0 Ficam exclufdas da competencia do Juizado Especial as 
causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da 
Fazenda Publica, e tambem as relativas a acidentes de trabalho, a 
resfduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho 
patrimonial. 
§ 3.0 A op~ao pelo procedimento previsto nesta lei importara 
renuncia ao cn!dito excedente ao limite estabelecido neste artigo, 
excetuada a hip6tese de concilia9lio. 
Art. 4.0 E competente, para as causas previstas nesta lei, o Juizado 
do foro: 
I - do domicflio do reu ou, a criteria do autor, do local onde 
aquele exer~a atividades profissionais ou economicas ou mantenha 
estabelecimento, filial, agencia, sucursal ou escrit6rio; 
II - do lugar onde a obriga\_:iio deva ser satisfeita; 
III - do domicflio do autor ou do local do ato ou fato, nas a96es 
para a repara\_:liO de dano de qualquer natureza. 
Paragrafo unico. Em qualquer hip6tese, podeni a a9iio ser proposta 
no foro previsto no inciso I deste artigo. 
Se9ao II 
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Jufzes Leigos 
Art. 5.0 0 Juiz dirigira o processocom liberdade para determinar as 
provas a serem produzidas, para apreci<i-las e para dar especial valor 
as regras de experiencia comum ou tecnica, 
Art. 6.• 0 Juiz adotara em cada caso a decisao que reputar mais justa 
e equil.nime, atendendo aos fins sociais da lei e as exigencias do bern 
co mum. 
37 LEI 9.099/95 
Art. 7." Os conciliadores e Jufzes leigos silo auxiliares da Justi~;a, 
recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bachan~is em 
Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de 
experiencia. 
Paragrafo unico. Os Jufzes leigos ficarao impedidos de exercer 
a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho 
de suas fun9oes. 
Se~;ao III 
Das Partes 
Art. 8." Nao poderao ser partes, no processo instituido por esta Lei, 
o incapaz, o preso, as pessoas jurfdicas de direito publico, as empresas 
publicas da Uniao, a massa falida e o insolvente civil. 
§ r.o Somente as pessoas fisicas capazes serao admiridas a propor 
a~ao perante o Juizado Especial, exclufdos os cessionarios de direito 
de pessoas juridicas. 
§ 2. 0 0 maior de dezoito anos podeni ser au tor, independentemente 
de assistencia, inclusive para fins de conciliaqao. 
Art. 9." Nas causas de valor ate vinte salarios mfnimos, as partes 
comparecerao pessoalmeme, podendo ser assistidas por advogado; nas 
de valor superior, a assistencia e obrigat6ria; 
§ 1.• Sendo facultativa a assistencia, se uma das partes comparecer 
assistida por advogado, ou se o reu for pessoa juridica ou firma 
individual, tera a ourra parte, se quiser, assistencia judiciaria prestada 
por 6rgao instituido junto ao Juizado Especial, na forma da lei local. 
§ 2. 0 0 Juiz alertara as partes da conveniencia do patrocfnio por 
advogado, quando a causa o recomendar. 
§ 3. 0 0 mandato ao advogado podera ser verbal, salvo quanro 
aos poderes especiais. 
§ 4. 0 0 reu, sendo pessoa jurfdica ou titular de firma individual. 
podera ser representado por preposto credenciado. 
Art. 10. Nao se admitira, no processo, qualquer forma de intervenqao 
de terceiro nem de assistencia. Admitir-se-a o litiscons6rcio. 
Art. 11. 0 Ministerio Publico intervira nos casas previstos em lei. 
JU!ZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 38 
Se~ao IV 
Dos A tos Processuais 
Art. 12. Os atos processuais serao publicos e poderao realizar-se em 
honirio notumo, conforme dispuserem as normas de organiza<;:ao 
judiciaria. 
Art. 13. Os atos processuais serao vali dos sempre que preencherem 
as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os criterios 
-· · indicados no art. 2." desta Lei. 
§ 1." Nao se pronunciara qualquer nu!idade sem que tenha havido 
prejufzo. 
§ 2.0 A pn\tica de atos processuais em outras comarcas podeni 
ser solicitada por qualquer meio id6neo de comunica<;:ao. 
§ 3.0 Apenas os atos considerados essenciais serao registrados 
resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou 
estenotipadas. Os demais atos poderao ser gravados em fita magnetica 
ou equivalente, que sera inutilizada ap6s o trilnsito em julgado da 
decisao. 
§ 4.0 As normas locais disporao sobre a conservaqao das pe<;:as 
do processo e demais documentos que o instruem. 
Sec;;ao V 
Do Pedido 
Art. 14. 0 processo instaurar-se-a com a apresenta<;:ao do pedido, 
escrito ou oral, a Secretaria do J uizado. 
: • · § 1.0 Do pedido constarao, de forma simples e em linguagem 
c acessfvel: 
I - o nome, a qualifica<;:ilo e o endere<;:o das partes; 
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; 
III - o objeto e seu valor. 
§ 2.0 E lfcito formular pedido generico quando nao for possfvel 
determinar, desde logo, a extensao da obriga<;:ao. 
§ 3.0 0 pedido oral sera reduzido a escrito pela Secretaria do 
Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formularios 
impressos. 
39 LEI 9.099/95 
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3.0 desta Lei poderao ser 
altemativos ou cumulados; nesta ultima hip6tese, desde que conexos 
e a soma nao ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo. 
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distribuic;;ao e 
autuac;;ao, a Secretaria do J uizado design ani a sessao de concilia<;:ao, 
a realizar-se no prazo de quinze dias. 
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-a, 
desde logo, a sessao de concilia<;:ao, dispensados o registro previo de 
pedido e a citac;;ao. 
Panlgrafo unico. Havendo pedidos contrapostos, podera ser dis-
pensada a contestac;;ao formal e ambos serao apreciados na mesma 
senten<;:a. 
Sec;;ao VI 
Das Citac;;oes e Intimac;;oes 
Art. 18. A cita<;:ao far-se-a: 
I - por correspondencia, com aviso de recebimento em mao 
pr6pria; 
II - tratando-se de pessoa jurfdica ou firma individual, mediante 
entrega ao encarregado da recep<;:ao, que sera obrigatoriamente iden-
tificado; 
Ill - sendo necessario, por oficial de justi<;:a, independentemente 
de mandado ou carta precat6ria. 
§ 1.0 A cita9lio contera c6pia do pedido inicial, dia e hora para 
comparecimento do citando e advertencia de que, niio comparecendo 
este, considerar-se-ao verdadeiras as alega<;:oes iniciais, e sera proferido 
julgamento, de plano. 
§ 2. o Nao se fani citac;;ao por edital. 
§ 3.0 0 comparecimento espontaneo suprira a falta ou nulidade 
da cita9ao. 
Art. 19. As intima<;:oes serao feitas na forma prevista para cit3\(ao, 
ou por qualquer outro meio idoneo de comunica9iio. 
§ 1." Dos atos praticados na audiencia, considerar-se-ao desde 
cientes as partes. 
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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 40 
§ 2. 0 As partes comunicariio ao JUIZO as mudan<;as de endere<;o 
ocorridas no curso do processo, r~putando-se eficazes as intima<;6es 
enviadas ao local anteriormente indicado, na ausencia da comunica<;iio. 
Sec;ao VII 
Da Revelia 
Art. 20. Niio comparecendo o demandado a sessao de conciliac;ao ou 
a audiencia de instrugao e julgamento, reputar-se-ao verdadeiros os 
fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contnirio resultar da 
convic<;iio do Juiz. 
Sec;ao VII 
Da Conciliac;iio e do Jufzo Arbitral 
Art. 21. Aberta a sessao, o Juiz togado ou leigo esclareceni as partes 
presentes sabre as vantagens da concilia<;iio, mostrando-lhes os riscos 
e as conseqtiencias do litigio, especialmente quanta ao disposto no § 
3.0 do art. 3.0 desta Lei. 
Art. 22. A concilia<;iio sera conduzida pelo Juiz togado ou leigo por 
conciliador sob sua orientagao. 
Paragrafo unico. Obtida a concilia<;iio, esta sera reduzida a escrito 
e homologada pelo Juiz togado, mediante senten<;a com eficacia de 
titulo executivo. 
Art. 23. Nao comparecendo o demandado, o Juiz togado proferini 
sentenga. 
Art. 24. Nao obtida a conciliagao, as partes poderiio optar, de comum 
acordo, pelo juizo arbitral, na forma prevista nesta Lei. 
§ 1.0 0 juizo arbitral considerar-se-a instaurado, independente-
mente de termo de compromisso, com a escolha do arbitro pelas partes. 
Se este niio estiver presente, o Juiz convoca-lo-a e designara, de 
imediato, a data para a audiencia de instru<;ao. 
§ 2.0 0 arbitro sera escolhido dentre os juizes leigos. 
Art. 25. 0 arbitro conduzini o processo com os mesmos criterios do 
Juiz, na forma dos arts. 5.0 e 6.0 desta lei, podendo decidir por eqilidade. 
41 LEI 9.099/95 
Art. 26. Ao termino da instruc;ao, ou nos cinco dias subseqilentes, 
0 arbitro apresentan\ 0 laudo ao Juiz togado para homologa<;ilo por 
senten<;a irrecorrfvel. 
Sec;ao IX 
Da Instruc;ao e J ulgamento 
Art. 27. Nao institufdo o JlllZO arbitral, proceder-se-a imediatamente 
a audiencia de instruc;iio e julgamento, desde que nao resulte prejuizo 
para a defesa. 
Panigrafo unico. Nao sendo passive! a sua realizac;iio imediata, 
sera a audiencia designada paraurn dos quinzes dias subseqlienres, 
cientes, desde iogo, as partes e tesremunhas eventualmente presentes. 
Art. 28. Na audiencia de instrw;ao e julgamento serao ouvidas as 
partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a senten<;a. 
Art. 29. Serao decididos de plano todos os incidentes que possam 
interferir no regular prosseguimento da audiencia. As demais questoes 
serao decididas na senten<;a. 
Paragrafo unico. Sabre OS documentos apresentados por uma das 
partes, manifestar-se-a imediatamente a parte contraria, sem interrup-
<;ao da audiencia. 
Sec;ao X 
Da Resposta do Reu 
Art. 30. A contesta<;ao, que sera oral ou escrita, conteri toda materia 
de defesa, exceto argUi<;iio de suspei<;ao ou impedimenta do Juiz, que 
se processani na forma da legisla~<lo ern vigor. 
Art. 31. Nao se admitir,\ a reconven~;Jo. E lfcito ao reu, na contesta<;ao, 
formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3.0 desta Lei. descle 
que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da comroversia. 
Paragrafo unico. 0 autor poder:i responder ao pedido do reu na 
propria audiencia ou requerer a designa~;ao da nova data, que seni 
desde logo fixada, cientes todos os presentes. 
~ 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 
42 
Se~ao XI 
Das Provas 
Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legitimos, ainda que 
nao especificados em lei, sao habeis para provar a veracidade dos fatos 
a!egados pelas partes. 
Art. 33. Todas as provas serao produzidas na audiencia de instruqao e 
julgamento, ainda que nao requeridas previamente, podendo o Juiz limitar 
ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelat6rias. 
Art. 34. As testemunhas, ate o maximo de tres para cada parte, 
comparecerao a audiencia de instruqao e julgamento levadas pela parte 
que as tenha arrolado, independentemente de intimaqao, ou mediante 
esta, se assim for requerido. 
§ 1.
0 
0 requerimento para intimaqao das testemunhas sen\ 
apresentado a Secretaria no minimo cinco dias antes da audiencia de 
instruqao e julgamento. 
§ 2. o Nao comparecendo a testemunha intimada, o Juiz podera 
determinar sua imediata condu9ao, valendo-se, se necessario, do 
concurso da forqa publica. 
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz podeni inquirir tecnicos 
de sua confian9a, permitida as partes a apresentaqao de parecer tecnico. 
Paragrafo unico. No curso da audiencia, podeni o Juiz, de offcio 
ou a requerimento das partes, realizar inspe9ao em pessoas ou coisas, 
ou determinar que o fa9a pessoa de sua confianqa, que !he relatara 
informalmente o verificado. 
Art. 36. A prova oral nao sen\ reduzida a escrito, devendo a senten9a 
referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos. 
Art. 37. A instruqao poden\ ser dirigida por Juiz leigo, sob a supervisao 
de Juiz togado. 
Se~ao XII 
Da Senten9a 
Art. 38. A senten9a mencionani os elementos de convic9ao do Juiz, 
com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiencia, 
dispensado o relat6rio. 
43 LEI 9.099/95 
Panigrafo unico. Nao se admitini senten~;a condenat6ria por 
quantia iliquida, ainda que generico o pedido. 
Art. 39. E ineficaz a senten9a condenat6ria na parte que exceder a 
al9ada estabelecida nesta Lei. 
Art. 40. 0 Juiz leigo que tiver dirigido a instru9ii0 proferira sua decisao 
e imediatamente a submetera ao Juiz togado, que podera homologa-
la, proferir outra em substitui91io ou, antes de se manifestar, determinar 
a realiza91io de atos probat6rios indispensaveis. 
Art. 41. Da senten9a, excetuada a homologat6ria de conciliayao ou 
laudo arbitral, cabera recurso para o proprio Juizado. 
§ 1.0 0 recurso sera julgado por uma turma composta por tres 
Juizes togados, em exercicio no primeiro grau de jurisdi(:iio, reunidos 
na sede do J uizado. 
§ 2.0 No recurso, as partes serao obrigatoriamente representadas 
por advogado. 
Art. 42. 0 recurso sera interposto no prazo de dez dias, contados da 
ciencia da senten9a, por peti9ao escrita, da qual constarao as raz6es 
e o pedido do recorrente. 
§ l.o 0 preparo sera feito, independentemente de intima9ao, nas 
quarenta e oito horas seguintes a interposiqao, sob pena de desen;ao. 
§ 2.0 Ap6s o preparo, a Secretaria intimara o recorrido para 
oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. 
Art. 43. 0 recurso tera somente efeito devolutive, podendo o Juiz 
dar-lhe efeito suspensive, para evitar dano irreparavel para a parte. 
Art. 44. As partes poderao requerer a transcriqao da grava9ao da fita 
magnetica a que alude o § 3.0 do art. 13 desta Lei, correndo por conta 
do requerente as despesas respectivas. 
Art. 45. As partes serao intimadas da data da sessao de julgamento. 
Art. 46. 0 julgamento em segunda instancia constara apenas da ata, 
com a indica91io suficiente do processo, fundamentas:ao sucinta e parte 
dispositiva. Se a sentenqa for confirmada pelos pr6prios fundamentos, 
~ sumula do julgamento servira de ac6rdao. 
47. (VETADO) 
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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 44 
Se~iio XIII 
Dos Embargos de Declara~iio 
Art. 48. Caberao embargos de declara~ao quando, na senten~a ou 
ac6rdao, houver obscuridade, contradi<;ao, omissao ou ddvida. 
Panigrafo ilnico. Os erros materiais podem ser corrigidos de offcio. 
Art. 49. Os embargos de declara~ao serao interpostos por escrito ou 
oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciencia da decisao. 
Art. 50. Quando interpostos contra senten9a, os embargos de decla-
ra<;iio suspenderao o prazo para recurso. 
Se~iio XIV 
Da Extin~iio do Processo sem J ulgamento do Merito 
Art. 51. Extingue-se o processo, a!em dos casos previstos em lei: 
I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das 
audiencias do processo; 
II - quando inadmissfvel o procediment0 institufdo por esta Lei 
ou seu prosseguimento, ap6s a concilia<;ao; 
III - quando for reconhecida a incompetencia territorial; 
IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no 
art. 8.0 desta Lei; 
V - quando, falecido o autor, a habilita<;ao depender de senten~a 
ou nao se der no prazo de trinta dias; 
VI - quando, falecido o reu, o autor nao promover a cita~ao 
dos sucessores no prazo de trinta dias da ciencia do fato. 
§ 1.0 A extin~ao do processo independera, em qualquer hip6tese, 
da previa intima<;ao pessoal das partes. 
§ 2. 0 No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que 
a ausencia decorre de fon;a maior, a parte podeni ser isentada, pelo 
Juiz, do pagamento das custas. 
Se<;iio XV 
Da Execu<;ao 
Art. 52. A execu<;iio da senten<;a processar-se-a no proprio Juizado, 
aplicando-se, no que couber, o disposto no Codigo de Processo Civil, 
com as seguintes altera~6es: 
45 LEI 9.099195 
I - as senten~as seriio necessariamente lfquidas, contendo a 
conversao em Bonus do Tesouro Nacional - BTN ou fndice 
equivalente; 
II - os calculos de conversao de indices, de hononirios, de juros 
e de outras parcelas serao efetuados por servidor judicial; 
III - a intima<;ao da senten~a sen\ feita, sempre que possfvel, 
na propria audiencia em que for proferida. Nessa intima9iio, o vencido 
sera instado a cumprir a senten<;a tao logo ocorra seu transito em 
julgado, e advertido dos efeitos .do seu descumprimento (inciso V); 
IV - nao cumprida voluntariamente a senten<;a transitada em 
julgado, e tendo havido solicita~ao do interessado, que poden\ ser 
verbal, proceder-se-a desde logo a execu~ao, dispensada nova cita~ao; 
V - nos casos de obriga~ao de entregar, de fazer, ou de niio 
fazer, o Juiz, na senten~a ou na fase de execu<;iio, cominani multa 
diaria, arbitrada de acordo com as condi<;iies economicas do devedor, 
para a hip6teses de inadimplemento. Nao cumprida a obrigaqao, o 
erector podeni requerer a eleva~ao da multa ou a transforma~ao da 
condena~ao em perdase danos, que o Juiz de imediato arbitrani, 
seguindo-se a execu~ao por quantia certa, inclufda a multa vencida 
de obriga9ao de dar, quando evidenciada a malfcia do devedor na 
execu~iio do julgado; 
VI - na obriga~ao de fazer, o Juiz pode determinar o cumpri-
mento por outrem, fixado o valor que o devedor deve depositar para 
as despesas, sob pena de multa diaria; 
VII - na aliena~ao .for<;ada dos bens, o Juiz podeni autorizar 
o devedor, o erector ou terceira pessoa id6nea a t;-atar da aliena~ao 
do bern penhorado, a qual se aperfei~oan\ em jufzo ate a data fixada 
para a pra<;a ou lei lao. Sen do o pre<;o inferior ao da avalia9iio, as partes 
serao ouvidas. Se o pagamento nao for a vista, seni oferecida cauqao 
id6nea, nos casas de aliena~ao de bern m6vel, ou hipotecado o imovel; 
VIII - e dispensada a publica~ao de editais em jornais, quando 
se tratar de aliena<;ao de bens de pequeno valor; 
IX - o devedor podeni oferecer embargos, nos autos da 
execu~ao, versando sobre: 
a) falta ou nulidade da citaqao no processo, se ele correu a revelia: 
b) manifesto excesso de execw;ao; 
c) erro de calculo; 
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obriga<;ao, 
superveniente a senten~a. 
JUIZADOS ESPECIAL\ ,_., :.\IINAIS 46 
Art. 53. A execu9Gr_ ·_., titulo executivo extrajudicial, no valor de ate 
quarenta sahirios c-'- :nos, obedeceni ao disposto no C6digo de 
Processo Civil, cor: , modifica96es introduzidas por esta Lei. 
§ l.o Efetuada ' :.-::nhora, o devedor sera intimado a comparecer 
a audiencia de conc:::u;0 , quando podeni oferecer embargos (art. 52, 
IX), por escrito ou . •ocbalmente. 
§ 2.
0 
Na auditn:.e:, sera buscado o meio mais nipido e eficaz 
para a solu91io do litfg:·., se possfvel com dispensa da aliena91io judicial, 
devendo o conciliad•,: propor, entre outras medidas cabiveis, o 
pagamento do debito , prazo ou a presta91io, a da9ao em pagamento 
ou a imediata adjudisar;ao do bern penhorado. 
§ 3.o Nao apreser,tados os embargos em audiencia, ou julgados 
improcedentes, qualquer ctas partes podera requerer ao Juiz a ado9ao 
de uma das alternati vas do paragrafo anterior. 
§ 4.o Nao encontrado 0 devedor ou inexistindo bens penhoraveis, 
0 processo Sera imediatamente extinto, devolvendo-se OS documentOS 
ao autor. 
Se9ao XVI 
Das Despesas 
Art. 54. 0 acesso ao .I u i zado Especial independera, em primeiro grau 
de jurisdi91io, do pagamento de custas, taxas ou despesas. 
Paragrafo unico. 0 preparo do recurso, na forma do § l.o do art. 
42 desta Lei, comprcendera todas as despesas processuais, inclusive 
aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdi9ao, ressalvada a 
hip6tese de assistencia judiciaria gratuita. 
Art. 55. A senten9a de primeiro grau nao condenara o vencido em 
custas e honorarios de advogado, ressalvados os casos de litigancia 
de ma-fe. Em segundo grau, 0 recorrente, vencido, pagara as custas 
e hononirios de advogado, que serao fixados entre dez por cento e 
vinte por cento do valor da condena9ao ou, nao havendo condena9ao, 
do valor corrigido da causa. 
Paragrafo dnico. Na execu9ao nao serao contadas custas, salvo quando: 
I - reconhecida a litigancia de ma-fe; 
47 LEI 9.099/95 
II - improcedentes os embargos do devedor; 
III - tratar-se de execu9ao de senten9a que tenha sido objeto 
de recurso improvido do devedor. 
Se9ao XVII 
Disposi9oes Finais 
Art. 56. Institufdo o Juizado Especial, serao implantadas as curadorias 
necessarias e o servi90 de assistencia judiciaria. 
Art. 57. 0 acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, podera 
ser homologado, no juizo competente, independentemente de termo, 
valendo a sentenp como titulo executivo judicial. 
Paragrafo unico. Valera como titulo extrajudicial o acordo cele-
brado pelas partes, por instrumento escrito, referendado pelo 6rgao 
competente do Ministerio Publico. 
Art. 58. As normas de organiza9ao judiciaria local poderao estender 
a concilia9ao prevista nos arts. 22 e 23 a causas nao abrangidas por 
esta Lei. 
Art. 59. Nao se admitira a9ao rescis6ria nas causas sujeitas ao 
procedimento institufdo por esta Lei. 
Capitulo III 
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAlS 
DISPOSH,::OES GERAIS 
Art. 60. 0 Juizado Especial Criminal, provido por Jufzes togados ou 
togados e leigos, tern competencia para a conciliayao, o julgamento 
e a execu9ao das infra96es penais de menor potencial ofensivo. 
Art. 61. Consideram-se infra96es penais de menor potencial ofensivo, 
para os efeitos desta Lei, as contraven96es penais e os crimes a que 
a lei comine pena maxima nao superior a urn ano, excetuados os casos 
em que a lei preveja procedimento especial. 
Art. 62. 0 processo perante o Juizado Especial orientar-se-a pelos 
criterios da oralidade, informa!idade, economia processual e celeridade, 
objetivando, sempre que possfvel, a repara9ao dos danos sofridos pela 
Vftima e a aplica9ao de pena nao privativa de liberdade. 
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JUIZADOS ESPEC!AIS CRIMINAlS 48 
Se~iio I 
Da Competencia e dos Atos Processnais 
Art. 63. A competencia do Juizado sera determinada pelo Iugar em 
que foi praticada a infraqao penal. 
Art. 64. Os atos processuais serao publicos e poderao realizar-se em 
horario noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem 
as normas de organizaqao judiciaria. 
Art. 65. Os atos processuais serao validos sempre que preencherem 
as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os criterios 
indicados no art. 62 desta Lei. 
§ I. 0 Nao se pronunciani qualquer nulidade sem que tenha havido 
prejuizo. 
§ 2. o A pratica de atos processuais em outras comarcas podera 
ser solicitada por qualquer meio Mbil de comunicaqao. 
§ 3.0 Serao objeto de registro escrito exclusivamente os atos 
havidos por essenciais. Os atos realizados em audiencia de instruqao 
e julgamento poderao ser gravados em fita magnetica ou equivalente. 
Art. 66. A citaqao seni pessoal e far-se-a no proprio Juizado, sempre 
que possfvel, ou por mandado. 
Panigrafo unico. Nao encontrado o acusado para ser citado, o Juiz 
encaminhara as peqas existentes ao Juizo comum para adoqao do 
procedimento previsto em lei. 
Art.67. A intimaqao far-se-a por correspondencia, com aviso de 
recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurfdica ou firma 
individual, mediante entrega ao encarregado da recepqao, que sera 
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessaria, por oficial de 
justiqa, independentemente de mandado ou carta precat6ria, ou ainda 
por qualquer meio idoneo de comunicaqao. 
Panigrafo tinico. Dos atos praticados em audiencia considerar-se-
ao desde logo cientes as partes, os interessados e defensores. 
Art. 68. Do ato de intimaqao do autor do fato e do mandado de citaqao 
do acusado, constara a necessidade de seu comparecimento acompa-
nhado de advogado, com a advertencia de que, na sua falta, ser-lhe-
a designado defensor publico. 
LEI 9.099/95 
49 
Se~iio II 
Da Fase Preliminar 
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrencia 
lavrara termo circunstanciado e o encaminhan\ imediz,tamente ao 
Juizado, com o autor do fato e a vftima, providenciando-se as 
requisiqoes dos exames periciais necessaries. 
Panigrafo unico. Ao autor do fato que, ap6s a lavratura do termo, 
for imediatamente encaminhado ao Juizado ou assumir o compromisso 
de a ele comparecer, nao se impora prisao em flagrante, nem se exigira 
fianqa. 
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vitima, e nao sendo passive! 
a realizaqao imediata da audiencia preliminar, sera designada data 
proxima, da qual ambos sairao cientes. 
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a 
Secretaria providenciani sua intimaqao e, se for o caso, a do 
responsavel civil, na forma dos arts.

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