Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
1- Introdução Resíduos Sólidos são materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos) com reduzido grau de umidade resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente reutilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais. A denominação de lixo para resíduo sólido é algo que os estudiosos do assunto tentam evitar em decorrência do sentimento pejorativo do vocábulo “lixo”. O resíduo sólido pode ser considerado como algo que no local e no momento presente encontra-se num “status” indesejável podendo, todavia, em outras circunstâncias ser ainda considerado como útil. O resíduo sólido apresenta uma composição bastante diversificada, a depender da tipologia industrial e, para resíduos domésticos, em função do local, do número de habitantes, dos hábitos e poder aquisitivo da comunidade, do clima, do nível educacional, do desenvolvimento da região, daí pode ser classificado quanto a sua origem em: domiciliar, comercial, industrial, público, serviços de saúde, entulho, agrícola e de portos, aeroportos e terminais rodoviários/ ferroviários. Esta é a classificação mais usual, porém, pode ser analisado também considerando as suas características físicas (compressividade, teor de umidade, poder calorífico, composição gravimétrica, per capita e peso específico); químicas (teores de matéria orgânica, relação carbono/nitrogênio e potencial de hidrogênio) e biológicas (agentes patogênicos e micro-organismos, prejudiciais a saúde humana). A coleta e o tratamento do resíduo sólido domiciliar oriundo das residências, aéreas comerciais e públicas, classificados como resíduo sólido domiciliar, é de responsabilidade municipal (Constituição Federal, Cap. IV Art. 30) e constitui-se na denominada Limpeza Urbana. Os demais resíduos, como os de saúde, os entulhos (a partir de determinadas quantidades) e os industriais são de responsabilidade do gerador (ver tabela 1 abaixo). Deve ser enfatizado que através de recente resolução do CONAMA são definidos novos critérios para o entulho de obras devendo os municípios elaborar um Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil no âmbito da área de municipal para pequenos geradores além de outras atribuições sendo, em princípio, vedado o uso de Aterros Sanitários para a destinação destes resíduos. Tabela 1 -Responsabilidade pelo Gerenciamento Segundo o Tipo De Resíduo Tipos de resíduo sólido Responsável Domiciliar Prefeitura Comercial Prefeitura* Público Prefeitura Serviços de saúde Gerador (hospitais etc.) Industrial Gerador (indústrias) Portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários Gerador (portos etc.) Agrícola Gerador (agricultor) Entulho Gerador * Fonte: IPT,Resíduo sólido Municipal: Manual de Gerenciamento,1995. De 92,5 a 65 % De 85 a 70 % abaixo de 70 % Acima de 92,5 % (*) A Prefeitura é co-responsável por pequenas quantidades (geralmente menos que 50 Kg), e de acordo com a legislação municipal específica. Estima-se que a quantidade de municípios no Brasil cujos resíduos destinem-se a lixões seja superior a 70 %. A situação da disposição de resíduos industriais é bem mais desconhecida pois a responsabilidade da fiscalização recai sobre os órgãos ambientais (federal, estadual ou municipal) que não possuem estrutura adequada para a realização das suas funções. Quanto aos municípios a situação da coleta do lixo é ao menos razoavelmente bem feita, todavia desprovida de um viés técnico compatível sendo, na maioria dos casos feita de forma empírica A figura 1 abaixo, com dados da PNAD (FUNDAÇÃO IBGE, 1996) ilustra a situação de coleta de resíduos sólidos domésticos por Estado para determinadas faixas. Nos Estados das Regiões Sul e Sudeste do país, a fração de população urbana atendida por serviços de coleta de resíduo sólido é em geral superior à média nacional, enquanto que nos Estados das Regiões Norte e Nordeste, esse atendimento é, em geral, inferior a essa média. Fig 1- Situação da coleta de RSD por Estado no país de acordo com porcentagem da população urbana atendida (FUNDAÇÃO IBGE, 1996). Obs. O valor de RSD utilizado neste inventário foi o de 85% baseado nos dados mais recentes da PNAD (FUNDAÇÃO IBGE, 1996). Acredita-se em um erro da ordem de 10% Considera-se que a situação de resíduos sólidos no Brasil é ainda bastante precária, tanto de origem doméstica quando industrial, sobretudo no tocante a disposição final o que pode ser constatado pela grande ocorrência de lixões, urgindo soluções imediatas para o equacionamento desta questão. Acima de 92,5 % 2- Gestão de Resíduos Sólidos Para uma formatação ideal da gestão ambiental é necessário passar pelas etapas de definição de uma Política de Resíduos Sólidos, da organização do Planejamento, e da execução da política através do Gerenciamento de Resíduos Sólidos. A Política de Resíduos Sólidos refere-se ao conjunto de diretrizes e princípios que devem nortear a definição e a aplicação de dispositivos legais e institucionais de planejamento e gerenciamento de resíduos. Esses dispositivos, que em princípio devem ser estabelecidos em conjunto pelo Estado e pela sociedade, têm como objetivo influir nas tendências econômicas e sociais com vistas a viabilizar a sustentabilidade deste segmento. Visa dar transparência às ações do governo e deve buscar reduzir os efeitos da descontinuidade administrativa e potencializar os recursos disponíveis. É possível e interessante que a política de resíduos insira-se ou ao menos não apresente conflitos com a Política Ambiental que é mais abrangente, que aliás é o princípio adotado no Estado da Bahia em que estas políticas estão sendo delineadas de modo transversal e concomitante. No que diz respeito aos instrumentos existentes para a efetivação de políticas ambientais, a Agenda 21, idealizada na Conferência de Meio Ambiente das Nações Unidas (Rio 92) pode ser tomada como base, quando apresenta os meios de implementação nas suas propostas através dos princípios contidos na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de um programa de ação para viabilizar a adoção do desenvolvimento sustentável e ambientalmente racional, quais sejam: recursos e mecanismos financeiros; tecnologia ambientalmente sustentável disponível para todos; ciência para o desenvolvimento sustentável; conscientização ambiental; capacitação nacional para o desenvolvimento sustentável; fortalecimento das instituições para o desenvolvimento sustentável; instrumentos e mecanismos legais internacionais; eliminação da defasagem de informação. O Planejamento define metas e etapas para implementação das ações que objetivam colocar em prática a Política de Resíduos Sólidos. Abrange, em geral, diagnósticos e prognósticos sobre as potencialidades e fragilidades, visando viabilizar a realização dos serviços de modo mais sustentável sob a ótica ambiental, técnica, financeira e social. O Gerenciamento de Resíduos Sólidos ou Manejo Integrado de Resíduos Sólidos refere-se à implementação da Política de Resíduos Sólidos através de ações de gerência, coordenação, execução, controle e monitoramento das atividades concernentes. Essas ações são efetuadas através de medidas econômicas, normas, regulamentos, legislações, etc., que possibilitam o controle e a administração da utilização dos recursos disponíveis e a universalização dos serviços. Os instrumentos de gestão de resíduos sólidos consistem na sistematização de procedimentos técnicos e administrativos para assegurar a melhoria e o aprimoramento contínuo do desempenho e, em decorrência, obter o reconhecimento de conformidade das medidas e práticas adotadas. O gerenciamento dos resíduos sólidos compreende, portanto, os serviços de coleta e limpeza de logradouros (constituído de varrição e congêneres) e da destinação final que formam o Sistema de Limpeza Urbana dos Municípios. No tocante ao gerenciamento de resíduos industriais a uma similaridade quanto aos procedimentos que permeiam o gerenciamento no sentido de não gerar, minimizar e reciclar os resíduos mas tem diferenças maiores na questão mais operacional, como por exemplo uma ênfase maior na segregação de resíduos, transporte interno, etc.. No gerenciamento de resíduos domésticos uma parte fundamental desse sistema é constituída de acondicionamento e da coleta/transporte dos diversos tipos de resíduo sólido domiciliar, resíduo dos serviços de saúde, entulho, poda; a outra limpeza dos logradouros (varrição) e dos serviços congêneres (capinação e roçagem, limpeza das praias, de feiras e mercados, bocas-de-lobo, galerias e córregos, remoção de animais mortos e pinturas de meio-fio). O tratamento ou disposição final é diferenciado para resíduos domésticos e industriais e, usualmente, até o mesmo tipo de solução (aterro sanitário , por exemplo) goza de particularidades para a origem industrial ou doméstica. A coleta dos resíduos sólidos urbanos pode ser comum ou tradicional (quando coleta todos os resíduos misturados), diferenciada (quando separa os resíduos segundo sua fonte geradora) e seletiva (quando separa segundo o tipo de resíduos: papel, plástico, vidro, metais, matéria orgânica e outros). Quanto a caracterização geral a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1987), NBR 10.004, define resíduos sólidos como “resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: urbana, agrícola, radioativa e outros (perigosos e/ou tóxicos)”. A referida norma classifica os resíduos sólidos em duas categorias: Resíduos Classe I – Perigosos; Classe II - Não Perigoso, sendo que estes se sub-classificam em II- A não inerte e II- B – inertes. 3 – Contexto Ambiental e de Saúde Pública da Gestão de Resíduos A geração de resíduos sólidos é um fenômeno inevitável que ocorre diariamente em quantidades e composições que dependem do tamanho da população e do desenvolvimento econômico de cada município. A problemática dos resíduos tornou-se visível a partir do momento em que, a um exponencial crescimento da população, se aliou um estilo de vida cada vez mais direcionado para o consumo, originando um aumento da sua produção quer em quantidade quer em periculosidade, colocando em risco a saúde pública através da contaminação de solos, água e ar. O grande e crescente volume de resíduos sólidos gerado diariamente esbarra num conjunto de dificuldades, desde o simples desconhecimento das tecnologias de manejo e disposição adequada até a insuficiência de recursos financeiros e priorização para o setor de saneamento. Atualmente os resíduos são considerados como importante insumo no processo produtivo e, evidentemente, com valor econômico agregado. No que concerne à atuação do setor público, o aprimoramento de instrumentos que visem a modificar o comportamento dos diversos atores sociais é fundamental. As relações existentes entre lixo e saúde pública ou, sendo mais genérico, com as questões de saneamento, são simples de serem compreendidas. Embora encontrem dificuldades no gerenciamento e nos aspectos financeiros, não existem muitas dúvidas no seu direcionamento técnico. Primeiro, uma pergunta: como inserir os serviços de limpeza urbana no contexto dos serviços municipais? Antes de tudo, é necessário inseri-los em dois compartimentos nos quais a gestão do lixo é parte fundamental. A gestão do lixo está incluída entre os pilares do saneamento básico, juntamente com o esgotamento/tratamento de esgotos, drenagem urbana, controle de zoonoses e o tratamento da água. Embora não existam, a bem da verdade, estudos estatísticos consistentes que demonstrem definitivamente a natureza da relação entre “lixo” e “saúde pública”, existe uma clara percepção sobre os efeitos dos resíduos sólidos domésticos e a saúde humana. OLIVEIRA (1978), todavia, relata que a importância dos resíduos sólidos como causa direta de doenças não está conclusivamente provada, contudo, os resíduos sólidos aparecem como figura proeminente na estrutura epidemiológica de uma comunidade e, conseqüentemente, na saúde pública. De toda sorte, sabe-se que quando não é propiciado um manejo adequado dos resíduos sólidos eles podem abrigar agentes etiológicos de doenças, portanto oferecendo riscos tanto à saúde pública como aos profissionais encarregados do manejo do lixo. Entre os resíduos gerados por uma comunidade, há os papéis e absorventes higiênicos, fraldas descartáveis de uso infantil e geriátrico, além de fezes de animais domésticos, que são contaminados pelos microrganismos patogênicos que existem normalmente no trato intestinal do homem e dos animais de sangue quente. Em razão da exposição inerente ao próprio desempenho do trabalho de manejo do lixo pelas pessoas, sejam eles os catadores de rua e dos lixões ou os que fazem a coleta regular dos resíduos sólidos urbanos ou industriais, elas podem entrar inadvertidamente em contato com estes agentes patológicos e podem adquirir ou transmitir (portadores assintomáticos e/ou veículo do microrganismo patogênico) uma doença infecciosa advinda dos resíduos. Mesmo assim, os resíduos de uma comunidade ainda são denominados “comuns” e seu potencial de risco para a saúde humana e ambiental normalmente é negligenciado. Assim, dentro de uma perspectiva antropocêntrica e considerando a interface dos serviços de limpeza urbana com a saúde pública como uma relação primordial, poder-se-ia colocar estes serviços em uma posição de importância significativa na dinâmica de uma cidade. De certo modo, considerando-se que o Gerenciamento de Resíduos Sólidos acontece praticamente no espaço urbano, que é um ambiente antropizado e, por isso mesmo, fora das suas condições naturais originais, se deseja, fundamentalmente e em um sentido conservador, que prevaleçam as condições de saneamento básico, como fator de fundamental importância para a espécie humana. Assim sendo os serviços de gerenciamento de lixo realizados pelo homem e para o homem, para a manutenção da salubridade da “cidade”, a sua eficácia é o seu maior objetivo, tanto no que se refere a universalização destes serviços quanto na qualidade dos serviços realizados. Neste contexto a questão ambiental, embora seja importante, torna-se secundária diante da questão da saúde pública. Já no que se refere à inserção ambiental que se impõe na gestão de resíduos, a questão se torna mais complexa que a incorporada no binômio Resíduos Sólidos e Saúde Pública. A relação mais óbvia no tocante a este assunto prende-se ao efeito poluidor dos resíduos sólidos no meio físico: água, ar e solo. O lixiviado ou chorume, quando não devidamente tratado, pode trazer seqüelas bastante graves para as coleções hídricas haja vista a grande carga orgânica associada a decomposição dos resíduos sólidos algumas vezes superior, a título de exemplo à carga dos esgotos domésticos. Por outro lado a presença do lixo sem a disposição adequada além de poder entrar em combustão espontânea ou induzida (prática bastante comum em lixões), emana para atmosférica gases tóxicos ou ao menos nauseantes, além da agressão física a paisagem que é por vezes o aspecto mais evidente da agressão ambiental do lixo urbano. É inquestionável, todavia, a inclusão da Gestão de Resíduos Urbanos na Gestão Ambiental de uma cidade; sendo, a título de exemplificação, como é por todos sabido, um dos enfoques principais da “Rio- 92”. Do simples e mais antigo mote dos 3R´s - reusar, reutilizar e reciclar - que mais tarde incorporou o vocábulo mais importante “minimizar”, o tema ambiental tornou-se polêmico a partir de novas “verdades” e das contribuições da causa ambiental que acabaram, direta ou indiretamente, por repercutir na Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. A Análise de Ciclo de Vida, por exemplo, veio refinar o conceito dos 3R`s. Inicialmente adotado pela Coca-Cola com a intenção de procurar formas menos impactantes para a embalagem dos seus produtos, possui hoje ferramentas computacionais poderosíssimas e passou a ser adotado não somente nas indústrias, mas também, na gestão de resíduos sólidos urbanos. Este processo de quantificação da utilização dos recursos naturais e de emissões, inicialmente tornou-se conhecido como Resource and Environmental Profile Analysis (REPA) e depois evoluiu para a conhecida Life Cycle Assessment (LCA, Life Cycle Analysis) ou em português Analise de Ciclo de Vida (ACV). Devido ao surgimento dos Rótulos Ambientais, os chamados “Selos Verdes”, as empresas começaram a utilizar a ferramenta para mensurar o grau de “esverdeamento” dos seus produtos. Uma característica marcante da avaliação do ciclo de vida é o fato de ser a única ferramenta de gestão ambiental aplicada da origem até a disposição final (hoje comumente denominado: do berço ao túmulo) nos sistemas de produção. Ela permite identificar os aspectos ambientais em todos os elos da cadeia produtiva e consumo, desde a exploração das matérias-primas brutas até o uso final, passando pelo transporte, embalagem, reciclagem e destino final dos resíduos (ver figura 2) A análise de ciclo de vida de produtos é, na verdade, uma ferramenta técnica que pode ser utilizada em uma grande variedade de propósitos. As informações coletadas na ACV e os resultados de sua análise e interpretações podem ser úteis para tomadas de decisão, na seleção de indicadores ambientais relevantes para avaliação de desempenho de projetos e em outros segmentos que culminarão numa aderência maior aos ditames ambientais. Figura 2 - Representação de uma Eco-rede, mostrando o fluxos de materiais/energia, produção/uso/distribuição/disposição e destinação final, etapas da ACV. Hoje, quando se discute a reciclagem, o conceito de Logística Reversa é o mais utilizado, uma vez que já incorpora o conceito de Análise de Ciclo de Vida (anteriormente comentado) e pretende aplicar a inversão da logística normal (e daí o vocábulo reversa) em que os vários atores inseridos na geração e reciclagem de resíduos participarão, com a ativa participação da população que terá, obrigatoriamente, acesso ao sistema e àqueles que são os grandes atores da reversibilidade: os catadores que deverão gerenciar o caminho desses materiais, recebendo-os e promovendo a sua comercialização para as indústrias de reciclagem, com a participação das prefeituras que deverão implantar sistemas de Coleta Seletiva que ajudem na operacionalização desta estrutura. Talvez o princípio de maior repercussão e de maior importância na questão ambiental seja o de desenvolvimento sustentável, definido como processo de mudança social e de elevação das oportunidades presentes na sociedade, sem comprometer a capacidade das gerações futuras terem atendidas suas próprias necessidades. O desenvolvimento sustentável requer a compatibilização, no tempo e no espaço, entre crescimento, eficiência econômica, conservação ambiental, qualidade de vida e eqüidade social e que necessita incorporar-se não só na Gestão de Resíduos Sólidos como em todas as políticas e modelos de desenvolvimento. O paradigma do desenvolvimento sustentável, que é bastante amplo na sua filosofia, foi criado em 1983, através da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujas conclusões, publicadas em 1987 e conhecidas como Relatório Brundtland (da primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland, que a presidiu), tiveram,, de fato, maior divulgação e utilização após a Rio- 92. O conceito de desenvolvimento sustentável tem sido empregado com bastante freqüência em outros foros, nem sempre com o sentido correto e com o viés ambiental original. Contudo, o termo sustentabilidade é complexo e implica na compreensão de uma série de fatores que devem ser analisados de forma sistêmica. A interdependência das dimensões ambientais, políticas, sociais e econômicas, devem ser preservadas a fim de evitar soluções limitadas para os problemas urbanos, embora, em razão da complexidade do tema, seja possível a análise de uma dimensão, se referindo as outras sempre que necessário. O funcionamento peculiar das cidades pode ser comparado a um ecossistema, um ecossistema urbano. A maior diferença entre eles é que o ecossistema natural tende a manter seu equilíbrio fazendo circular internamente os recursos e resíduos. A Agenda 21, também concebida por ocasião da Rio – 92, procurou trazer de uma forma mais pragmática (na forma de agenda) e daí talvez comprometendo de um modo mais concreto a cidade, estado ou pais que ousasse fazer a sua agenda. A agenda 21, inclusive, estaria subdividida em Agenda Verde, Azul, Marrom, etc., cada uma delas reportando-se a áreas específicas de problemas a serem equacionados pelas cidades. A agenda azul estaria voltada aos planos de remediação ou aprimoramento dos recursos hídricos, a agenda marrom do saneamento básico e assim por diante. O item “resíduos sólidos”, na Agenda 21, permeia diversos capítulos, uma vez que não há como falar de resíduos sem discutir modelo de desenvolvimento, padrões de consumo, saneamento básico, conscientização e educação, cidadania, legislação, parcerias e recursos. O capítulo 21, seção II – “Buscando soluções para o problema do lixo sólido” -, aponta algumas propostas para o equacionamento dos problemas dos resíduos sólidos, merecendo destaques as seguintes recomendações: • A prevenção: através da redução do volume de resíduos na fonte (com ênfase no desenvolvimento de tecnologias limpas nas linhas de produção e análise do ciclo de vida de novos produtos a serem colocados no mercado). Será necessário que os países estabeleçam critérios para reduzir o lixo de forma a influenciar padrões e consumo; • A reutilização: reaproveitamento direto sob a forma de produto, tal como as garrafas retornáveis e certas embalagens reaproveitáveis; • A recuperação: procurar extrair dos resíduos algumas substâncias para um determinado uso como, por exemplo, os óxidos de metais etc; • A reciclagem: promover o reaproveitamento cíclico de matérias-primas de fácil purificação como, por exemplo, papel, vidro, alumínio etc; • Tratamento: buscar a transformação dos resíduos através de tratamentos físicos, químicos e biológicos: • A disposição final: promover práticas de disposição final ambientalmente segura: • A recuperação de áreas degradadas: identificar reabilitar áreas contaminadas por resíduos (ação reparadora); • A ampliação da cobertura dos serviços ligados aos resíduos: incluindo o planejamento, desde a coleta até a disposição final. Faltava, contudo, um instrumento mais objetivo e quantitativo, capaz de demonstrar e fornecer indicações mais precisas de quanto um plano, de uma determinada comunidade, estava (próximo ou distante) do que se pretendia como sustentável. Daí o surgimento da denominada “pegada ecológica”, que em termos metafóricos significa a “marca” que esta comunidade imprime no planeta terra e quanto esta pegada (quanto maior... pior) estaria trazendo de prejuízos para as gerações futuras e atuais. A pegada ecológica está hoje sendo utilizada de modo amplo no meio científico sendo disponibilizados centenas de páginas na Internet para o cálculo da pegada ecológica, desde uma perspectiva de países podendo chegar a níveis individuais. Então, para que se avance em direção a ela é preciso que a carga humana esteja em consonância com a capacidade de suporte do ecossistema. Em outras palavras, é preciso que se compatibilizem os níveis de consumo, os estilos de vida, a utilização dos recursos e a assimilação dos resíduos com as condições ecológicas, a fim de que não se utilizem e consumam os produtos mais rapidamente do que possam ser regenerados e/ou absorvidos. Segundo Holdren e Ehrlich (1971), é essencial que se estimem e continuamente se avaliem os limites finitos do espaço que o homem ocupa e sua capacidade de suporte, e que se tomem medidas que assegurem às futuras gerações, assim como a presente, os recursos necessários a uma vida satisfatória para todos. A sustentabilidade também está intimamente ligada ao princípio da eqüidade, o que denota uma relação de interdependência entre os dois, pois não há meios de haver sustentabilidade sem o princípio da igualdade, no que concerne ao uso que se faz do meio ambiente por todos no cenário mundial. Este princípio, o da equidade, pode ser direcionado em três ângulos diferentes: 1) eqüidade entre gerações ao longo do tempo: a pegada mensura a extensão com que a humanidade usa os recursos naturais em relação à capacidade de regeneração da natureza; 2) eqüidade nacional e internacional em tempos atuais, dentro e entre nações: a pegada mostra quem consome quanto; 3) eqüidade entre espécies: a pegada mostra o quanto a humanidade domina a biosfera à custa de outras espécies. Chegar-se à equidade apenas por meio do crescimento econômico quantitativo é impossível, porque a biosfera é limitada. Por sua vez, a pegada indica que já estamos excedendo esse limite e que uma extensão futura das atividades humanas extinguirá o capital natural de que hoje dependemos e de que as futuras gerações necessitarão amanhã. As escolhas individuais são necessárias para se reduzir a pegada da humanidade, mas não são suficientes. É preciso salientar a necessidade de se fazer mudanças no modo como vivemos coletivamente na busca da sustentabilidade. A pegada ecológica reforça as relações da sustentabilidade com a eqüidade. Torna explícitos os impactos ecológicos das atividades antrópica e ajuda nas tomadas de decisões de modo a beneficiar à sociedade e o meio-ambiente. O fato de se exceder no consumo dos fatores que a natureza propicia acaba por compor outro princípio da pegada: a exaustão da capacidade de suporte. Este se refere ao limite existente em relação a todas as energias e matérias. Ou seja, que a partir de certo ponto, o crescimento material só pode ser adquirido à custa da depleção do capital natural e da diminuição dos serviços para a manutenção da vida. São desses serviços ou benefícios que dependemos e se os consumirmos além dos seus limites estaremos caminhando para a exaustãot, pois a natureza não poderá mais se regenerar. A escassez dos recursos renováveis pode ser mais séria do que a dos recursos não renováveis, porque certamente não podemos viver sem água, ou sem solos férteis para cultivar nosso alimento. A natureza possui uma reserva de recursos naturais e a humanidade ainda pode continuar a usufruir de produtos e serviços, apesar do intenso consumo dos recursos naturais que está acontecendo nestes últimos anos; assim, por algum tempo ainda, a humanidade poderá continuar transgredindo; sabendo que essas transgressões passam desapercebidas porque nos adaptamos aos problemas. A distinção de quais são os serviços ecológicos obtidos dos “juros” daqueles obtidos pela depleção do capital natural, certamente tem sido uma questão ignorada e não compreendida pelos estudiosos. Além do mais, as tantas outras milhões de espécies do planeta também dependem dos mesmos recursos e serviços para a sua manutenção. Por um lado, a necessidade de se usar de modo comedido recursos não renováveis estratégicos leva-se a encarar de modo mais incisivo a questão da reciclagem. A pegada ecológica de uma determinada comunidade que privilegia a reciclagem, ao invés de encaminhar os resíduos diretamente para a disposição final (aterro sanitário, incinerador, etc.), é, evidentemente, menor. Este conceito coaduna-se também com o da análise do ciclo de vida - um item que pode ser reciclado várias vezes num determinado produto (exemplo: um para choque de plástico rígido de um carro) contribui favoravelmente para uma ACV mais conveniente do carro. A pegada ecológica também estabelece que é preciso viver dentro dos seus limites. Isto não só quanto aos padrões de consumo, como também no caso de capacidade de suporte, não procurar por recursos em outro município, estado, país ou em última instância, fora do planeta terra. Como conseqüência desta preposição torna-se desinteressante, sob o ponto de vista ecológico, a prática de se exportar resíduos. Exportar resíduos significa fazer uma opção por utilizar um determinado produto e não saber o que fazer com o seu resíduo e com que outra comunidade, município ou país cuide dele “por que estou pagando por isso”. Esta postura contrasta de modo contundente com a pegada ecológica. Uma determinada comunidade deve escolher o que consumir e usar criatividade, engenhosidade para melhor gerir um determinado produto, da sua origem a destinação final, sem se desvencilhar dele da maneira mais cômoda – deixando o problema para outro. Os exemplos neste particular são vários desde a exportação dos pneus inservíveis a resíduos perigosos que são exportados para serem queimados em outros locais (estados, ou países). 6- Aspectos Técnicos Específicos do Gerenciamento (Resíduos Industriais ) Usualmente a gestão de resíduos sólidos na esfera industrial consubstancia-se no denominado Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que é o produto resultante de um processo que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos no âmbito dos estabelecimentos, contemplando a caracterização dos resíduos, a segregação na origem, coleta, manipulação, acondicionamento, armazenamento, transporte, minimização, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final. As soluções técnicas adotadas para cada uma destas etapas deverão ser definidas de acordo com a classificação do resíduo industrial em estudo, uma vez que a heterogeneidade do mesmo impõe um manejo diferenciado de acordo com suas características (ver figura 4). Ou seja, um determinado resíduo industrial pode ter o mesmo tipo de manejo que um resíduo sólido urbano sem características de periculosidade. O que indica a importância do controle na fonte para os diversos tipos de resíduos gerados no processo industrial e o significado disso em possíveis projetos de minimização. Figura 4 – Fluxograma do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos A maior parte dos resíduos industriais e principalmente aqueles caracterizados como perigosos são freqüentemente tratados ou dispostos em locais distantes do seu ponto de geração. O acondicionamento, transporte e armazenamento dentro da própria indústria e a coleta e o transporte até o local de tratamento ou disposição, são de responsabilidade do gerador que deverá contratar ou realizar ela própria todos os serviços, cuidando para que as empresas transportadoras cadastradas e locais de armazenamento, tratamento ou disposição final sejam aprovadas ou licenciadas pelo órgão de controle ambiental. É preciso ressaltar que quando o lixo industrial é considerado como perigoso a hierarquia de manejo é diferente daquela usualmente empregada para o lixo industrial comum que, no caso, pode ser a mesma que os resíduos de natureza doméstica. O lixo perigoso ao contrário do comum pode ter uma periculosidade bastante significativa implicando que a permanência ambiental desse resíduo pode ser algo extremamente indesejável. Daí que a possibilidade de não-geração do resíduo através da modificação do processo produtivo ou da introdução de outra matéria prima que não venha a gerar o resíduo passa a ser a prioridade maior. Se essa primeira abordagem não é possível a reciclagem ou o reuso dos resíduos passa a ser o patamar hierárquico seguinte no que concerne a seu manejo. Se ainda assim não foi possível solucionar o problema a destruição mais rápida possível desse poluente seja por meio térmico químico ou até mesmo degradação biológica é a seguinte prioridade. Observe-se que o armazenamento perpétuo (como nos aterros) é a última das opções considerada hoje como uma solução tipo “fim de tubo” uma vez que para o resíduo perigoso não é conveniente, como já explicitado, a sua permanência por tão longo período no ambiente, sendo, portanto, uma opção inferior, sob o prisma de gestão ambiental moderna que as anteriores. São estas as etapas principais do gerenciamento de resíduos ressalvando-se a destinação final possui item específico: • Classificação Consiste na classificação dos resíduos baseado nos laudos de análise química, segundo a NBR-10.004 da ABNT, submetendo os resíduos aos testes de Solubilidade e Lixiviação, conforme as NBR´s 10.006 e 10.005 respectivamente, ou ainda outro tipo de análise (cromatografia, absorção atômica, espectrofotometria UV,etc) que julgar necessário para melhor identificar os seus componentes. Esta etapa objetiva classificar, quantificar, indicar formas para a correta identificação e segregação na origem, dos resíduos gerados por área/unidade/setor da empresa. A quantificação dos resíduos, deverá ser feita através de pesagem por 07 (sete) dias consecutivos, tirando-se a média diária e a média mensal. • Segregação A segregação dos resíduos tem como finalidade evitar a mistura daqueles incompatíveis, visando garantir a possibilidade de reutilização, reciclagem e a segurança no manuseio. A mistura de resíduos incompatíveis pode causar: geração de calor; fogo ou explosão; geração de fumos e gases tóxicos; geração de gases inflamáveis; solubilização de substâncias tóxicas, dentre outros. • Armazenamento Interno Toda empresa deve possuir um sistema de manuseio, coleta e armazenamento para seus resíduos. Os aspectos mais importantes a serem considerados são: treinamento de pessoal, segregação dos resíduos, evitando a mistura de resíduos incompatíveis e aumentando a possibilidade de recuperação ou reciclagem, acondicionamento adequado, transporte interno, armazenamento e procedimentos de emergência. A vigência de boas práticas operacionais (“Good housekeeping”) é determinante para um bom controle dos resíduos. Algumas das premissas vinculadas a denominada "boas práticas operacionais" são mais importantes no gerenciamento de resíduos como programa de otimização de rotas internas, uso de fornecimento just-in-time (sem demora no estoque de produtos), limpeza e finalmente a manutenção dos equipamentos. Para o transporte interno são utilizados, normalmente, carrinho de mão, empilhadeiras, caminhonetes, caminhões de carroceria aberta basculante ou não e caminhões tipo poliguindastes. O sistema de transporte interno deve considerar ao menos: 1. necessidade de rotas pré-estabelecidas; 2. equipamentos compatíveis com o volume, peso e forma do material a ser transportado; 3. pessoal familiarizado com esses equipamentos: 4. determinação das áreas de riscos para equipamentos especiais. Convém comentar também sobre o armazenamento de resíduos que tem como definição a contenção temporária em área autorizada pelo órgão de controle ambiental, a espera de reciclagem/recuperação, tratamento ou disposição final adequada, desde que atenda às condições básicas de segurança. O armazenamento dos resíduos deverá atender à Portaria Minter nº 124 de 20/08/80 e ser executado conforme as condições estabelecidas nas seguintes normas: ∗ NB 1183 "Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos - Procedimentos" - ABNT; ∗ NB 10004 " Classificação” - ABNT; ∗ NB 98 - "Armazenamento e Manuseio de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis"; ∗ Instrução Normativa SEMA/STC/CRS nº 001 de 10/06/83 - Dispõe sobre as condições de manuseio, armazenamento e transporte de bifenilas policloradas (PCB's) e de resíduos contaminados com PCB's. O armazenamento de resíduos deve observar as condições de segurança: tais como isolamento, sinalização e controle de operação. Além disso, devem ser consideradas as formas de acondicionamento e segregação dos resíduos dentro da própria área de estocagem. Em relação à proteção ambiental, deve-se verificar a necessidade de adoção de medidas tais como: impermeabilização inferior da área; colocação de cobertura; instalação de sistemas de drenagem de águas pluviais e de líquidos percolados e derramamentos acidentais, construção de bacias de contenção e de poços de monitoramento de qualidade de águas subterrâneas. Transporte O transporte rodoviário é a forma mais utilizada em todo o mundo para transporte de resíduos. No Brasil, é responsável por, praticamente 100% dos resíduos transportados. Geralmente, o transporte rodoviário apresenta as seguintes vantagens: baixo custo para pequenas quantidades; baixo custo para pequenas distâncias; não necessita de sistema Separação do lixo p/ reciclagem de transbordo, tendo acesso aos pontos de geração e descarga e o serviço pode ser contratado de imediato. Porém não é adequado para grandes quantidades, o custo é elevado para grandes distâncias, as rotas podem ser alteradas facilmente, apresenta alta rotatividade de mão-de-obra e maiores dificuldades na comunicação de acidentes (CETESB, 1993). As normas a serem observadas quanto ao transporte de resíduos no Brasil se referem ao transporte de cargas perigosas: o Decreto Lei federal nº 96044 de 18 de maio de 1988; e as seguintes normas ABNT, além da legislação estadual e municipal pertinente: ∗ NBR 7500 - Transporte de cargas perigosas - simbologia; ∗ NBR 7501 - Transporte de cargas perigosas - terminologia; ∗ NBR 7502 - Transporte de cargas perigosas - classificação; ∗ NBR 7503 - Fichas de emergências para o transporte de cargas perigosas; ∗ NBR 7504 - Envelope para transporte de cargas perigosas - Dimensões e utilizações; ∗ PN 1:603. 04-003 - Transporte de Resíduos. 8- Tipos de Tratamento / Disposição Final (Operações Principais) Compostagem Ato ou ação de transformar os resíduos orgânicos, através de processos físicos, químicos e biológicos, em uma matéria biogênica (COMPOSTO) mais estável e resistente à ação das espécies consumidoras. Este processo ocorre normalmente em uma Usina de Compostagem, complexo eletromecânico destinado a preparar o composto orgânico, também conhecido como adubo. A Usina de Compostagem usualmente não se restringe a fabricação do composto mas contempla também a reciclagem dos vários outros itens potenciais de reciclagem como papel, vidro, metais, etc. Devem ser efetivados levantamentos de informações referentes à aquisição, implantação, custeio e operação do sistema de compostagem/reciclagem voltados para a recuperação intensiva de resíduos recicláveis no intuito de se evitar a incorporação desse tipo de resíduo ao resíduo sólido ordinário da cidade aumentando assim o tempo de vida do sistema de disposição final. A consulta de mercado potencial de utilização dos recicláveis e a predisposição da população para a reciclagem são imprescindíveis para o seu sucesso. A viabilidade da proposta de reciclagem não pode, todavia, nem deve, ser analisada sob o ponto de vista meramente econômico, devem inclusive levar em consideração a redução dos volumes a serem descartados, de maneira a possibilitar o prolongamento da vida útil do aterro sanitário, dada à carência de áreas urbanas para instalação deste tipo de equipamento. Desta maneira, a cada tonelada de resíduo sólido reciclada, corresponde uma tonelada a menos disposta no aterro sanitário. Além disto, busca-se também a economia dos recursos naturais. Assim sendo, antes dos benefícios econômicos, objetivam-se os ganhos ambientais. Embora traga uma grande afinidade com os princípios ambientais aqui já abordados, a compostagem requer um grande esforço de gestão por parte das prefeituras e compreende também um sistema de educação ambiental que auxilie a gestão municipal. Além de custos maiores de implantação e operação (ignorando-se aqui os lucros da revenda) este sistema não é auto-suficiente como tratamento/disposição final de resíduo sólido , pois tem o seu próprio resíduo sólido que pode acarretar em mais de 30 % do peso total do resíduo sólido que chega a usina. Aterro Sanitário O aterro é uma forma de dispor os resíduos no solo. Quando caracterizado pela simples descarga de resíduo sólido , sem qualquer tratamento, é denominado de Lixão, Lixeira ou Vazadouro. Segundo a norma NBR 8.419 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1984), “aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho e em intervalos menores se necessário”. O Aterro é dito Sanitário, portanto, quando é executado segundo normas e critérios de engenharia que atendem padrões de segurança, evitando desta forma a poluição do lençol freático, a proliferação de vetores e odores desagradáveis. No aterro sanitário o resíduo sólido é disposto no solo, em camadas sucessíveis, alternadas com camadas de terra, formando células de resíduo sólido , que vão passar por um processo de decomposição em ambiente confinado, livre de insetos, animais e catadores. Entre as técnicas para a disposição final de resíduos sólidos urbanos, o aterro sanitário é uma das mais práticas e econômicas. Serve também para recuperar áreas degradadas. O aterro deve ser adequadamente projetado e construído, tomando-se cuidado na seleção da área onde será implantado, procurando-se áreas de uso compatível com facilidade de acesso evitando-se áreas de proteção de mananciais e nascentes. Também deve ser considerada, a direção preponderante dos ventos em relação a núcleos urbanos. Com a finalidade de viabilizar o empreendimento do ponto de vista socioeconômico e ambiental é feito um levantamento criterioso dos vários condicionantes naturais e antrópicos que, em conjunto com as questões relacionadas à viabilidade econômica e concepção do empreendimento, nortearão a escolha locacional. É apresentada abaixo a relação dos diversos condicionantes a serem estudados. 1. Condicionantes naturais; 2. Condicionantes relacionados aos impactos sociais; 3. Condicionantes tecnológicos; 4. Restrições legais. O sítio utilizado para a destinação final dos resíduos constitui-se no ponto de convergência de qualquer sistema de limpeza urbana. A seleção criteriosa da sua localização possibilita a otimização dos recursos investidos nos serviços de coleta e, por conseguinte, a minimização dos seus custos. Por outro lado, a opção tecnológica adequada, aliada à execução correta dos procedimentos técnicos que integram a operação de destinação final, evitam que os benefícios gerados sobre a malha urbana, pelo sistema de limpeza, transfiram contaminação e poluição a outro local, em função do lançamento dos resíduos. • INCINERAÇÃO Aterro Sanitário de Sauípe - Bahia Célula de lixo Tratamento do chorume A incineração é um processo de combustão controlada dos resíduos sólidos. Pode ser usada para tratamento de resíduos industriais perigosos e para resíduo sólido doméstico. Desvantagens: 1. Tem alto custo de implantação e operação. 2. Necessita de mão de obra especializada. 3. Produz poluição atmosférica. Vantagens: 1. Espaço físico requerido para implantação é pequeno. 2. Elimina a toxicidade de resíduos perigosos, além de reduzir o seu volume. A incineração dos resíduos perigosos se dá a altas temperaturas, tendo o ar atmosférico como agente oxidante. Outro parâmetro importante é o tempo de residência, que significa o tempo no qual as substâncias irão permanecer na temperatura adequada, de forma a garantir que a reação se complete. A poluição atmosférica, resultante do processo de incineração pode ser evitada pela queima completa dos resíduos e o tratamento dos gases antes do seu lançamento, na atmosfera. O resíduo sólido resultante da incineração é constituído de materiais incombustíveis, que deverão ser dispostos em aterros.Atualmente, há uma tendência mundial de se utilizar fornos de cimento e cal para a incineração de resíduos perigosos, pois estes fornos operam a altas temperaturas e com longos tempos de residência, permitindo a destruição dos resíduos e a recuperação de energia. Os tipos de equipamentos mais usados são fornos rotativos, de injeção líquida e de câmaras. As temperaturas de operação são da ordem de 700 a 1200o C. 9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, Gardênia Oliveira David de. Por menos lixo: A minimização dos resíduos urbanos na cidade do Salvador/Bahia. 2004. 146 f. Dissertação (Mestrado) - Ufba, Salvador, 2004. BARROS, Raphael T. De Vasconcelos e SILVA, Denise Felício - ICMS “ecológico” em Minas Gerais: o caso das usinas de compostagem. Anais do 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Blumenau, Santa Catarina. Setembro, 2005. BLAUTH, Patricia. Rotulagem ambiental e consciência ecológica. Disponível em: <www.lixo.com.br>. Acesso em: 15 fev. 2006. BRASIL. Instituo Brasileiro de Administração Municipal. Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Amazônia. Disponível em: <http://www.ibam.org.br>. Acesso em: 07 fev. 2006. COSTA, Silvia de Souza. Lixo mínimo: Uma proposta ecológica para hotelaria. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2004. 128 p. HOLDREN, P. J. e EHRLICH, R. P. Global ecology: reading toward a rational strategy for man. New York Harcout Brace Jovanovich, 1971. LIMA, J. Dantas de. Sistemas Integrados de Disposição Final de Resíduos Sólidos Urbanos. ABES. 2005. Rio de Janeiro. NOGUEIRA, Tânia. Compras para Salvar o Mundo. Revista Época 21 de Novembro de 2005. São Paulo. Brasil. NUNESMAIA, Maria de Fátima. A Gestão dos Resíduos Sólidos e suas Limitações. TECBAHIA - Revista Bahiana de Tecnologia: Suplemento Especial - Meio Ambiente, Salvador, v. 17, n. 1, p.120-129, jan./abr. 2002. SABETAI, Calderoni. Lixo e energia elétrica: a nova fronteira da economia ambiental. Disponível em: <www.reciclaveis.com.br>. Acesso em: 15 mar. 2006. SAMPAIO, Ana Raquel. Resíduos Sólidos. Revista Brasileira de Meio Ambiente. Out/dez de 2005. Rio de Janeiro. Brasil. SILVEIRA, Rosí Cristina Espindola da e PHILIPPI, Luiz Sérgio. O Papel Dos Consórcios Intermunicipais Na Gestão De Resíduos Sólidos Urbanos: Uma Breve Contribuição Ao Debate. Anais do 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Blumenau, Santa Catarina. Setembro, 2005. SILVEIRA, Lícia Rodrigues da. Influências dos aspectos políticos-institucionais, do processo de descentralização, da evolução do setor de saneamento, das políticas públicas e da normatização sobre a gestão dos resíduos urbanos em municípios de pequeno porte, com enfoque no estado da Bahia, e, subsídios para a construção de um modelo de gestão simplificado. 2004. 80 f. Monografia (Especialista) - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004. SOUZA NETO, Paulo. A Esperança no lixo. 2002. 117 f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília, Brasília, 2002. USINA VERDE. Disponível em: <www.usinaverde.com.br> Acesso em: 15 mar. 2006. VAZ, José C. (1997). Consórcios Intermunicipais. São Paulo: Dicas nº97. Polis-Ildefes. Disponível em www.federativo.bndes.gov.br/dicas. WORLDWIDE FUND FOR NATURE (WWF). Living planet report. 2002. Disponível em: <http:// www.panda.org> ZANTA e FERREIRA OLIVEIRA. W. E. Socio economic, environmental and health implications of solid wastes. In: REGIONAL SIMPOSIUM SOLID WASTES. St. Domingo. República Dominicana. Anais. 1978, p.1-10. ANEXOS
Compartilhar