Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
03/03/2015 1 Institutos Próprios dos Títulos de Crédito Direito Empresarial III 1. Saque O saque é o ato de criação, de emissão do TC. Dele, nascem três situações jurídicas distintas: a) Sacador – quem dá a ordem de pagamento (emitente); b) Sacado – para quem a ordem é dirigida e que deve, dentro das condições estabelecidas, realizar o pagamento. É o devedor. c) Tomador – beneficiário da ordem; é o credor. Mas... • A lei admite que o sacador e o tomador sejam a mesma pessoa. • • Ou seja: • O credor OU TOMADOR será e poderá OU SACADOR 2. Aceite • Surgiu na Idade Média, para garantir a Letra de Câmbio. • • Se no início a garantia era verbal, com o tempo, ela passou a ser escrita. • • Tratava-se da formalização de um comprometimento em pagar. • • O simples fato de sacar o TC não obriga o devedor!!! 2.1 Conceito de Aceite • É o ato por meio do qual o sacado/devedor passa a participar da relação cambiária, tornando-se seu principal obrigado. • • Deve ser registrado no próprio título, sob pena de desconsideração de seus efeitos, caso seja realizado em documento em apartado. Logo... • Trata-se de uma declaração cambiária facultativa, eventual e sucessiva, por meio da qual o sacado/devedor se compromete ao pagamento da letra de câmbio, tornando-se seu devedor principal. • Facultativa, porque o sacado/devedor não é obrigado a aceitar o título apresentado. • Eventual, porque sua falta não desnatura o TC. • Sucessiva, porque a assinatura do sacado é lançada no título após a assinatura do sacador. 2.2 Apresentação para Aceite • É o meio pelo qual o portador ou detentor do título se vale para exibir a letra de câmbio ao sacado/devedor, para que ele manifeste sua vontade em aceitar. • 1 2 3 4 5 6 7 03/03/2015 2 • • Se positivo o aceite, o devedor assume a obrigação. • • Se negativo, o portador deve levar a protesto o título para aí então, exigir do devedor, dos endossantes ou avalistas. A regra geral é a eventualidade, mas... Em algumas hipóteses, a apresentação do aceite é obrigatória: a) O vencimento da letra é a certo termo da vista (art. 23 da LUG); b) Quando o sacado estipulou na letra que ela deve ser apresentada para aceite, fixando ou não um prazo para isso (art. 22 da LUG). A cláusula obrigatória deve estar inscrita na LC, no anverso ou verso do TC (acompanhada, neste caso, de assinatura do sacador). • Conforme o art. 21 da Lei Uniforme, o sacador/emitente pode fixar prazo para que seja efetuada a apresentação. • • Caso esse prazo não seja cumprido, o sacador perde o direito de cobrar a dívida dos devedores indiretos. E, a princípio, será exigível apenas do sacado/devedor. • • Art. 43 da LUG: 2.3 Limitação do Aceite O aceite pode ser: a) Total – quando o sacado/devedor se obriga pela dívida inteira ou b) Parcial – quando se obriga a apenas parte dela. Neste caso, o sacado/devedor fica responsável pelo montante de seu aceite. Art. 26 da LUG mesmo aceita parcialmente, a letra tem seu vencimento antecipado. 2.4 Cancelamento do Aceite • Art. 29 da LUG – “se o sacado, antes da restituição da letra, riscar o aceite que tiver dado, tal aceite é considerado como recusado. Salvo prova em contrário, a anulação do aceite considera-se feita antes da restituição da letra”. • • Este ato representa sua não mais aceitação do pagamento da letra e, com isso, desobriga- se ao pagamento. 2.5 Recusa do Aceite A recusa do aceite refere-se à situação em que o título foi efetivamente apresentado ao sacado/devedor e este não o aceita, por não considerar válida a ordem de pagamento ou por não ter a intenção de se tornar o principal obrigado pela letra. A prova da recusa se dá pelo protesto, que deve ser feito nos prazos de apresentação da letra. Efeitos: a) Tornar o sacador o devedor principal; b) Vencimento antecipado do título de crédito 8 9 10 11 12 03/03/2015 3 Letra de Câmbio13 Nada mais é do que o instituto que atribui segurança à circulação dos TC. O TC circula quando passa das mãos do credor original para uma terceira pessoa que, ao invés de se tornar detentora do título, passa a incorporar todos os direitos por ele representados. Na circulação do título de crédito, suas características essenciais são evidenciadas. Com o endosso, transmitem-se todos os direitos emergentes da letra. Deve ocorrer com a assinatura do endossante no próprio título. É nulo o endosso feito em documento separado. Em TC com a cláusula não à ordem, o endosso não é possível. Fábio Ulhôa Coelho: “ato típico de circulação cambial e apenas não se admite na hipótese de letra com a cláusula não à ordem”. João E. Borges: “é a declaração cambial lançada na letra de câmbio (ou em qualquer título à ordem) pelo seu proprietário, a fim de transferí-lo a terceiro”. Marcelo Bertoldi e Marcia Carla Ribeiro: “instituto tipicamente cambial, por meio do qual ocorre a transferência do título ao endossante ao endossatário”. Ou seja: a) Ato abstrato; b) Formal; c) Declaração unilateral de vontade; d) Eventual e e) Sucessivo. Endossante – credor do título que resolve transferí-lo para outra pessoa. Endossatário – pessoa que recebeu o título; o novo credor. São dois os efeitos criados: a) Transfere o título ao endossatário; b) Vincula o endossante em seu pagamento, de maneira solidária. Mas não basta o endosso puro e simples. É preciso que haja a tradição do título (art. 910, §2º CC). A responsabilidade do endossante sempre foi considerada solidária, tanto pela aceitação quanto pelo pagamento da letra, conforme o art. 15 da LUG. Mas o art. 914 do CC diz que “ressalvada cláusula em contrário, constante no endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título”. Mas essa estipulação não tem condão de revogar a lei especial sobre o assunto, conforme o que nos diz o art. 903 do CC (lei especial). O endosso é ato puro e simples. Basta assinatura no verso para que tenha validade. Mas acrescida da identificação respectiva. É formal, porque deve ser lançada a assinatura do endossante no título (cheque, promissória, duplicata e letra de cambio.) ou na folha anexa a ele – art. 13 da LUG e art. 910 do CC, somente nesses em folhas anexas. São duas as modalidades de endosso: a) Endosso em branco – é aquele em que é dado com apenas a simples assinatura no verso do título, sem que conste a designação a quem se transfere o título. (apenas endosso e não indico quem é o endossatário, podendo ser qualquer pessoa). A lei 8021/90 veda a emissão de títulos ao portador ou nominativos endossáveis, portando, basta que o endosso em branco seja transformado em preto quando da apresentação do título para pagamento. b) Endosso em Preto – é aquele no qual se verificam todos os elementos do endosso: - Cláusula de transmissão (“pague-se a Fulano”); - Nome do endossatário - Assinatura do endossante. Somente a assinatura deve ser de próprio punho. O último endosso deve ser SEMPRE em preto, porque é ele quem identifica quem é o beneficiário, quem é o credor, de maneira a lhe assegurar os poderes para o efetivo recebimento do pagamento. Pague-se a Ramón Almodóvar O endosso próprio é aquele que produz todos os efeitos anteriormente verificados: transferência do título e do crédito, e, ainda, torna o endossante responsável solidário pelo pagamento e pelo aceite do título. O endosso impróprio***** apenas transfere o exercício dos direitosinerentes ao título, sem que se opere a transferência de direitos sobre o título. Este é Endosso-mandato ou endosso-procuração! Este é o endosso- caução! O endossante constitui o endossatário como seu procurador , que passa a ter poderes para a prática de todos os atos necessários para o efetivo recebimento da quantia estampada no título. Expressão “valor a cobrar” ou “por procuração”. Por meio deste endosso, o endossante transfere ao endossatário a letra apenas como forma de garantir outra obrigação. Art. 918 do CC e art. 19 da LUG. Expressão endosso em garantia, endosso em penhor. *ENDOSSO PRÓPRIO: *Endosso impróprio* vai cair: é o endosso mandato (procurador) *Endosso caução * Endosso póstumo: *** * Dentro da lei das duplicatas, existe a previsão do endosso póstumo sendo aquele que é realizado após o protesto. * Os efeitos endosso são os mesmos que a sessão civil. Transferência do Crédito A transferência do crédito mediante o endosso traz maiores benefícios e garantias para o endossatário, uma vez que, via de regra, o endossante responde pela solvência do devedor quanto pela existência do crédito. Assim, se o devedor do título for insolvente ou, por qualquer motivo, o crédito não existir, ao endossatário restará a possibilidade de efetuar a cobrança em face do endossante. Com relação ao endosso, vale o princípio da inoponibilidade das exceções aos terceiros de boa-fé, ou seja, não poderá o devedor deixar de efetuar o pagamento ao credor alegando quaisquer fatores oponíveis ao endossante. Mediante cessão civil, prevista nos artigos 295 e 296 do CC, o cedente responde apenas pela veracidade do crédito, não respondendo, portanto, pela solvência do devedor. Como mencionado acima, é possível excluir a responsabilidade do endossante, desnaturando as características básicas do endosso, mediante a cláusula sem garantia. Para a transferência mediante cessão civil não vigora o princípio da inoponibilidade de exceções aos terceiros de boa-fé. Portanto, ao devedor está aberta a possibilidade de oposição ao cessionário as mesmas exceções apresentáveis contra o cedente para não efetuar o pagamento. Endosso: *Sempre em titulo de crédito • Simples (basta a assinatura) • Titulo de crédito só admite garantia pessoal (aval) • Inoponibilidade de exceções a 3º de boa fé. • Responsabilidade dos endossantes é pela SOLVÊNCIA. (solidária) Cessão civil: Feita sempre por instrumento público no cartório de Títulos e Notas. Formalidade e fé pública do instrumento público Tanto Garantia Real quanto Garantia Pessoal (fiança). Responsabilidade do cedente é pela existência. (não é solidária, sempre subsidiaria) Trata-se de ato cambial de garantia. Assim, por meio dele, determinada pessoa (avalista) garante o pagamento do valor mencionado em título de crédito, seja em favor do devedor principal, seja em favor de algum coobrigado (que se denomina avalizado). O aval carreia ao avalista as mesmas responsabilidades atinentes ao avalizado, além de a obrigação daquele ser autônoma em relação à deste. Isto significa que eventual nulidade da obrigação do avalizado não contamina a obrigação assumida pelo avalista. Importantíssimo ressaltar que o aval antecipado é legalmente permitido (artigo 14, do Decreto Lei 2.044/1908). Ele ocorre naqueles casos em que o aval é prestado antes da data do aceite do título. Caso isso ocorra, a responsabilidade do avalista será mantida mesmo no caso de o avalizado recusar o aceite do título de crédito. Saliente-se que, no caso de antecipação do aval, o avalista responde pelo valor do título da forma que o assumiu (uma vez que, como acima mencionado, o aval é obrigação autônoma). Desde que exista expressa menção no título, o aval pode ser parcial. A exigência de previsão expressa homenageia o princípio da cartularidade. Assim como o endosso, o aval pode ser em preto, caso em que haverá a identificação do avalizado, ou em branco, sem que se identifique o avalizado. No último caso, o aval será sempre em favor do sacador (aquele que primeiro se obriga). Aval Fiança Está sempre vinculado a um TC. Obrigação autônoma e independente. O avalista não pode opor exceções pessoais. Basta a assinatura. Contrato acessório a um contrato principal. Obrigação vinculada e dependente da principal. Art. 837 – o fiador pode opor exceções pessoais e as extintivas da obrigação que competem ao devedor principal alegar. Precisa de contrato de fiança. Direito Empresarial III O TC nada mais é do que uma cédula que representa a necessidade de quitação em algum momento, nela determinado. O Vencimento é a “indicação, expressa ou não, do momento em que o título poderá ser efetivamente apresentado pelo seu portador ao emitente ou demais obrigados”. (Marcelo Bertoldi) O vencimento deve ser preciso, uno e único. Não se admite várias datas de pagamento para a mesma parcela. A indicação do vencimento não é obrigatória em todos os TC, por isso, aqueles que não tiverem a indicação, serão considerados à vista. O vencimento, em regra, é o momento a partir do qual se pode determinar de quem será cobrado o débito constante no TC. São quatro as modalidades de vencimento para a letra de câmbio: a) À vista – o vencimento se dá com a apresentação. Neste caso, dispensa-se o aceite. b) A certo termo da vista – o vencimento se conta a partir do aceite, ou, na falta deste, na data do protesto. c) A certo termo da data – foi indicado no título um prazo e o seu final, gera o vencimento do título. d) Dia certo – ocorre na data descrita no título. Pode ser contado em dias, semanas ou meses. Se for em meses, o prazo recairá sobre o mesmo dia do mês subsequente. Se for contado em meses e dias, conta-se primeiro os meses e depois os dias. A CONTAGEM DO PRAZO SE DÁ EXCLUINDO O DIA DO INÍCIO E INCLUÍNDO-SE O VENCIMENTO. Pode ocorrer nas seguintes situações: a) Se houver recusa total ou parcial de aceite; b) Nos casos de falência do aceitante. Nesses casos, o vencimento é antecipado. Para que ocorra o pagamento do título de crédito, com a proximidade do pagamento, é necessária a apresentação do título ao sacado e seus coobrigados. A apresentação vai se dar no dia do vencimento ou, se este cair em dia não útil, no próximo dia útil subsequente. A apresentação da original da cártula é imprescindível. O pagamento não pode ser recusado, ainda que parcial. Depende de quem está fazendo o pagamento e seu interesse nisso. Vejamos: a) Pagamento extintivo ou liberatório – é feito ao portador do TC pelo seu devedor principal. Consequência é a extinção pura e simples do título, sem qualquer direito de regresso. b) Pagamento recuperatório – não é feito pelo devedor, mas sim pelos devedores indiretos, que, agindo assim, guardam direito de regresso contra os coobrigados anteriores e libera os posteriores. c) Pagamento por Intervenção – pagamento efetuado por terceiro que, voluntariamente ou por indicação, paga a dívida por conta de um dos obrigados pela letra e, por conta disso, subroga- se nos direitos emergentes da letra contra aquele por honra de quem pagou e contra os que são obrigados para com este em virtude da letra e não pode endossá-la novamente. Este pagamento não pode ser parcial e deverá ser em até um dia após escoado o prazo para protesto do título por falta de pagamento. A recusa do pagamento por intervenção faz com que o devedor perca o seu direitode ação contra aqueles que teriam ficados desonerados. Em regra, o lugar para pagamento é aquele indicado no TC, mas cabe ressaltar que esse lugar é de escolha do devedor e do credor, em comum acordo. A Lei 9492/97, em seu art. 1º, define o protesto como ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Fábio Ulhoa Coelho esclarece que essa definição não abrange o aceite presumido. Nascido para documentar as relações cambiárias, hoje se tornou instrumento de cobrança de TC. São duas as funções para o protesto: a) Conservatória de direitos: Quando a letra pagável a certo termo da vista não contiver data do aceite; No caso de recusa do aceite por intervenção e não paga; Quando houver recusa na devolução de uma ou duas vias da letra enviada para aceite; Quando houver recusa na devolução da via original da letra para o portador legítimo da cópia, com vistas a exercer o direito de ação contra os endossantes ou avalistas. b) Função probatória: Protesto facultativo: - A letra já foi protestada por falta de aceite; - Houver, no título, cláusula sem protesto ou sem despesas; - Quando o título não possuir coobrigados, mas apenas o devedor principal, como, por exemplo, ocorre com a nota promissória sem endosso e sem aval. O protesto deve ser efetivado no local designado para pagamento do título. A letra de câmbio deve ser protestada no lugar do aceite ou pagamento e, na ausência deles, no domicílio do sacado. A Nota Promissória, no lugar do pagamento e na ausência, no lugar onde foi passada. O Cheque, no lugar do pagamento ou domicílio do emitente. A Duplicata, na praça do pagamento. A LUG estabelece que, para que o portador do título não precise protestar o título antes de executá-lo, o sacador, endossante ou avalista deve inscrever a expressão “sem despesas” ou “sem protesto”. Entretanto, isso não o dispensa da apresentação. O pedido de sustação do protesto é uma medida cautelar, movida pelo sujeito apontado como devedor de uma obrigação cambial, sob argumento de sua inexigibilidade. Basta argumento plausível de inexigibilidade do TC. Por outro lado, uma vez pago o TC, cabe o cancelamento do protesto, eliminando-se a inscrição do devedor dos Registros do Tabelionato de Títulos e protestos. Basta a apresentação da prova do título devidamente quitado. a) Protesto por falta de aceite Ocorre nos casos em que há recusa do aceite pelo sacado. Saliente-se que o protesto é dirigido ao sacador, ao qual restará a obrigação de pagar o título. b) Protesto por falta de data de aceite Trata-se de protesto destinado às letras de câmbio a certo termo da vista nas quais falte a data em que se deu o aceite. c) Protesto por falta de pagamento Não obtendo sucesso no recebimento do valor representado pela cambial, caberá ao tomador levá-la a protesto nos dias subseqüentes ao vencimento, sob pena de ver frustrados seus direitos em face dos demais coobrigados pelo título. Cumpre ressaltar que a obrigação do sacador persiste, desobrigando-se apenas os demais coobrigados. Portanto, a doutrina classifica como necessário o protesto para que se exerça o direito de crédito em face de coobrigados, e facultativo o protesto em face do devedor principal. Torna público o título; Atesta a inexecução da obrigação cambial; Obsta a mora do credor e comprova que diligenciou a cobrança do título; Prova a impontualidade; Constitui o devedor em mora (art. 397, parágrafo único do CC); Serve como critério para a fixação do termo legal da falência. Restrição ao Crédito; Interrompe a Prescrição (art. 202, III do CC). 1. LETRA DE CÂMBIO Direito Empresarial III 1.1 TÍTULOS DE CRÉDITO NO CC O CC relata, nos art. 887 a 926, a existência de títulos de crédito não regulados por lei especial. São artigos muito criticados pela doutrina exatamente por não reger os títulos de crédito submetidos a lei especial, já existentes quando da entrada em vigor do Código Civil. Objetivam os referidos artigos a regular títulos de crédito criados a partir do CC/02, se outra regência não lhes for aplicada por lei especial. 1.2 NOÇÕES GERAIS Embora tenha sido criada após a Nota Promissória, em decorrência de sua estrutura, é considerado pela doutrina como o título de crédito padrão para os estudos dos TC. Neste título conseguimos explicar com clareza todos os institutos que envolvem o crédito de maneira geral. 1.3 BREVE HISTÓRICO Nasce na Idade Média, na Itália, nas cidades marítimas. Risco no transporte e as diversas moedas existentes dificultavam o comércio. Para evitar esses transtornos surge a cambio trajecticio, operação pela qual o cambista obrigava-se a entregar a moeda em local diverso daquele onde a obrigação de câmbio estava sendo efetuada. Assim, junto com a cautio era anexada uma carta do banqueiro emissor para que o banqueiro receptor ou seu correspondente, no lugar onde o pagamento deveria ser feito, com instruções para o pagamento, de determinada moeda em moeda local. Era a lettera di pagamento di cambio, mais tarde chamada de lettera di cambio. O instituto evoluiu e passou do período italiano para o período francês (representava contrato de compra e venda que advinha de uma relação de delegação ou mandato) e o período alemão, em 1848, em que efetivamente se constrói uma teoria sobra a LC, utilizada ainda em nossos dias. 1.4 CONCEITO E REQUISITOS É uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado para que este pague a importância consignada a um terceiro denominado tomador. Figuras intervenientes: a) Sacador – cria a letra e dá ordem ao sacado para que realize o pagamento do valor no dia ajustado; b) Sacado – é o devedor. Aquele que aceitando a letra virá pagá-la na ocasião do vencimento. c) Tomador – Beneficiário. Para diferenciá-la dos outros TC, a LUG exigiu alguns requisitos específicos, alguns deles essenciais e outros, não essenciais: São requisitos formais essenciais (art. 1º Decreto 2044/1908): a) A palavra LETRA escrita no próprio texto do título e na língua utilizada para a redação do título; b) Soma em dinheiro e a espécie da moeda; c) Nome da pessoa que deve pagá-la (sacado); d) O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; e) A assinatura de próprio punho do sacador ou de mandatário especial (de quem passa a letra). Ainda, a LUG acrescenta dois outros: a) A data do saque; b) O lugar onde é sacada. Não são essenciais, dependentes da complementação por equivalentes: a) Lugar em que se deve efetuar o pagamento; b) Lugar onde a letra é passada. É acidental o requisito da época do pagamento. Requisito ausente Equivalente Época do Pagamento Vence-se à vista Lugar do Pagamento Lugar ao lado do nome do sacado Lugar de Saque Lugar ao lado do nome do sacador 1.5 VENCIMENTO a) À Vista; b) A dia certo – sacador que determina o prazo; c) A tempo certo da data – contado da emissão; d) A tempo certo da vista – prazos contam a partir da data do aceite. 1.6 APRESENTAÇÃO PARA PAGAMENTO O art. 20 do Decreto 2044 prevê: “A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao aceitante para pagamento, no lugar designado e no dia do vencimento ou, sendo este dia feriado por lei, no primeiro dia útil imediato, sob pena de perder o portador o direito de regresso contra o sacador, endossantes e avalistas”. Como fazerprova da apresentação? Corrente tradicionalista: Protesto. Tanto aqui quanto no exterior. Cuidado: A falta de apresentação sujeita o credor a perdas e danos, enquanto a omissão do protesto no prazo da apresentação acarreta a perda do direito de regresso. Cláusula sem protesto. Protesto como presunção de apresentação na data devida. Doutrina exige que a apresentação seja fática, pessoal, no domicílio do devedor, com a exibição material do título. Prova testemunhal. Citação. Aviso de proximidade do vencimento, emitido pelos Bancos. Dívida querable transformada em portable. 1.7 ENDOSSO Endosso mandato Endosso caução Endosso póstumo (efeitos de cessão civil) Nulidade do endosso parcial O art. 2º do Decreto-lei nº 857, de 1969 admite que sejam firmados em moeda estrangeira: a) Contratos e títulos referentes à importação o exportação de mercadorias e a empréstimos; b) Contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de exportação de bens de produção nacional, vendidos a crédito para o exterior; c) Contratos de compra e venda de câmbio em geral; d) Empréstimos de quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no território nacional; e) Contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação, assunção ou modificação das obrigações anteriores, ainda que as partes contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no Brasil. 1.8 A CAMBIAL INCOMPLETA OU EM BRANCO A letra que não contém todos os requisitos necessários preenchidos, poderá ter o preenchimento realizado pelo seu portador, ocasião em que será considerado mandatário do devedor, se o fizer com boa-fé. Art. 891 do CC e art. 10 da LUG. A jurisprudência entende que esse preenchimento pelo credor de boa-fé pode ser feito antes da cobrança ou do protesto. 1.9 MODELO DE LETRA DE CÂMBIO 1. NOTA PROMISSÓRIA Direito Empresarial III 1.1 NOÇÕES GERAIS Como a Letra de Câmbio, a Nota Promissória também tem sua origem com a operação de câmbio. O ordenamento jurídico francês disciplinou a nota promissória como a conhecemos hoje. A Nota Promissória é uma promessa pura e simples de pagamento, pela qual seu emitente se obriga a pagar ao seu beneficiário, ou à ordem, determinada quantia em dinheiro. 1.2 REQUISITOS ESSENCIAIS Como se trata de um TC formal, deverá conter requisitos especiais. A falta de qualquer um destes requisitos implica na perda das características de TC e a transforma em mero documento civil de representação de dívida. São requisitos: a) Denominação “Nota Promissória” contida no texto do título; b) Promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada c) O nome da pessoa a quem deve ser paga. d) A indicação da data em que é passada. e) A Assinatura do emitente. Outro requisito da Nota Promissória são a indicação de vencimento da nota e indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento. Esses requisitos não são indispensáveis, mas na falta de indicação do vencimento, a nota será considerada à vista e, se não constar o local de pagamento, considerar-se-á pagável no local da emissão. 1.3 VENCIMENTO Poderíamos dizer que a Nota Promissória não admite aceite, por isso não admitiria a modalidade de pagamento à certo termo da vista. Mas, ao contrário disso, aceita essa modalidade de vencimento está previsto no art. 78 da LUG. O art. 78 da LUG nos revela que as notas promissórias pagáveis a certo termo da vista devem ser apresentadas aos subscritores da nota promissória no prazo de um ano de sua emissão. O vencimento da nota promissória pode ser também a dia certo, ocorrendo na data determinada no próprio título. Este título não pode circular e, se circular, seu portador não será considerado de boa-fé. 1.4 NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA A CONTRATO Por conta do princípio da abstração e da inoponibilidade, o TC é absolutamente desvinculado da obrigação pecuniária nele contida. Mas, ela poderá ser vinculada se contiver em seu verso a expressão “vinculado ao contrato”. 1.5 DIFERENÇA ENTRE LC E NP Fábio Ulhoa ressalta que o regime da nota promissória é o da letra de câmbio, com quatro ajustes. São eles: 1. Não se aplicam à NP as regras da LC incompatíveis com a natureza de promessa de pagamento. Ou seja, forma de aceite, recusa parcial e vencimento antecipado são insuscetíveis de aplicação às NP. 2. A lei determina que se aplica ao subscritor da NP as regras do aceitante da LC, até porque ambos são os devedores principais. (LU, art. 78, Dec. Nº. 2044/08, art. 19, II). 3. O Subscritor da nota é o avalizado, no aval em branco (LU, art. 77, in fine). 4. A LC a certo termo da vista vence depois de decorrido o prazo nela mencionado, a partir do visto.
Compartilhar