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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde 
Curso de Medicina Veterinária 
 
 Luana Antoniuk 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TIMPANISMO CECAL EM EQUINO – RELATO DE CASO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016 
 
Luana Antoniuk 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TIMPANISMO CECAL EM EQUINO – RELATO DE CASO 
 
 
 
Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso 
de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências 
Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do 
Paraná, como requisito parcial para obtenção do título 
de Médica Veterinária. 
 
Professor Orientador: Prof. M.-Sc. Carlos Henrique do 
Amaral. 
 
Orientador Profissional: Dr. Enio Granatto. 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016 
 
 
Reitor 
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos 
 
Pró-Reitora Promoção Humana 
Prof. Ana Margarida de Leão Taborda 
 
Pró-Reitor 
Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos 
 
Pró-Reitora Acadêmica 
Prof. Carmen Luiza da Silva 
 
Pró-Reitor de Planejamento 
Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos 
 
Diretor de Graduação 
Prof. João Henrique Faryniuk 
 
Secretário Geral 
Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz 
 
Coordenador do Curso de Medicina Veterinária 
Prof. Welington Hartmann 
 
Supervisora de Estágio Curricular 
Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns 
 
 
Campus Barigui 
Rua Sydnei A Rangel Santos, 238 
CEP: 82010-330 – Curitiba – PR 
Fone: (41) 3331-7958 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
Luana Antoniuk 
 
 
TIMPANISMO CECAL EM EQUINO – RELATO DE CASO 
 
 
Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título 
de Médico Veterinário no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do 
Paraná. 
 
 
Curitiba, ____ de _______ de 2016. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
__________________________________________ 
Prof. M. Sc. Carlos Henrique do Amaral 
(Presidente) 
 
__________________________________________ 
 
Prof. Esp. Liédge Camila Simioni 
 
 
__________________________________________ 
Prof. Esp. Diogo da Motta Ferreira 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Este trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Medicina 
Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Tuiuti 
do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário, é 
composto pelo Relatório de Estágio, no qual são descritas as atividades realizadas 
durante o período de 01 de agosto a 10 de outubro de 2016, no Regimento da 
Polícia Montada Coronel Dulcídio, localizada na cidade de Curitiba-PR, local de 
cumprimento do Estágio Curricular, e relato de um caso de timpanismo cecal em 
equino na região de Curitiba-PR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
O presente trabalho foi desenvolvido com a finalidade de relatar o Estágio 
Curricular realizado de 01 de agosto a 10 de outubro de 2016, no Regimento da 
Polícia Montada Coronel Dulcídio, localizada na cidade de Curitiba-PR. Foram 
atendidos 44 casos no período, sendo que na área de clínica de equinos os 
principais atendimentos foram relacionados a manejo de feridas e exames de 
claudicação, e o atendimento cirúrgico, realizado no período, foi uma orquiectomia. 
Dentre os casos clínicos, foi relatado um caso de timpanismo cecal, o qual o 
atendimento foi clínico, e ao final, o animal recuperou-se. Observou-se que é de 
extrema importância as práticas de manejo e prevenção recomendadas pelo médico 
veterinário responsável, pois, contribuem significativamente no desempenho dos 
animais que são usados diariamente para atividades como patrulha e equoterapia. 
 
Palavras-chave: Cólica, Equinos, Manejo, Timpanismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
FIGURA 1 - FACHADA DO REGIMENTO.............................................................. 13 
FIGURA 2 - CENTRO VETERINÁRIO DO REGIMENTO........................................ 14 
FIGURA 3 - AMBULATÓRIO DO REGIMENTO...................................................... 14 
FIGURA 4 - CENTRO CIRÚRGICO DO REGIMENTO............................................ 15 
FIGURA 5 - LABORATÓRIO CLÍNICO DO REGIMENTO....................................... 16 
FIGURA 6 - SALA DE PARAMENTAÇÃO DO REGIMENTO................................... 16 
FIGURA 7 - PAVILHÃO “PINGA-FOGO” DO REGIMENTO..................................... 17 
FIGURA 8 - BAIAS DE INTERNAMENTO DO REGIMENTO.................................... 17 
FIGURA 9 - HARAS DO REGIMENTO, LOCALIZADO EM ALMIRANTE 
TAMANDARÉ....................................................................................... 
 
18 
FIGURA 10 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO TRATO INTESTINAL DO 
EQUINO............................................................................................... 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 1 ATENDIMENTOS CLASSIFICADOS POR SISTEMAS 
ORGÂNICOS/ CURITIBA, 2016 
 
 21 
 
 
 
 
TABELA 2 SERVIÇOS DE MANEJO REALIZADOS NO PERÍODO DE 
ESTÁGIO CURRICULAR (01/08/2016 – 10/10/2016) NO 
REGIMENTO DA POLÍCIA MONTADA / CURITIBA, 2016 
 
 
 
 
22 
 
 
TABELA 3 TABELA AUXILIAR, PARA CONSTITUIR AOS DIVERSOS 
PARÂMETROS CLÍNICOS UMA DEFINIÇÃO SOBRE A 
NATUREZA DO TRATAMENTO DO PACIENTE EQUINO 
PORTADOR DE CÓLICA 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
GRÁFICO 1 PREVALÊNCIA DAS RAÇAS EQUINAS ATENDIDAS 
DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO CURRICULAR 
OBRIGATÓRIO (01/08/2016 – 10/10/2016) NO 
REGIMENTO DA POLÍCIA MONTADA/ CURITIBA, 
2016.................................................................................... 
 
 
 
 
 
 
20 
GRÁFICO 2 EXAMES COMPLEMENTARES ACOMPANHADOS NO 
PERÍODO DE ESTÁGIO CURRICULAR (01/08/2016 – 
10/10/2016) NO REGIMENTO DA POLÍCIA MONTADA/ 
CURITIBA, 2016................................................................. 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
QUADRO 1 NÚMERO DE ANIMAIS ACOMPANHADOS, DIVIDIDO 
POR SEXO/ CURITIBA, 2016........................................19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AIE Anemia infecciosa equina 
AGV Ácidos graxos voláteis 
AINEs Anti-inflamatórios não estereoidais 
bpm Batimentos por minuto 
IV Intravenoso 
FR Frequência respiratória 
FC 
L 
Frequência cardíaca 
Litros 
mpm Movimentos por minuto 
mL Mililitro 
QM Quarto de milha 
TPC Tempo de preenchimento capilar 
PSI 
SNC 
Puro sangue inglês 
Sistema nervoso central 
SRD 
 
Sem raça definida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
RESUMO..................................................................................................................... 6 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12 
2. LOCAL DE ESTÁGIO ........................................................................................ 13 
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...................................................................... 19 
4. SÍNDROME CÓLICA EM EQUINOS.................................................................. 23 
4.1 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 23 
4.1.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 23 
4.1.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO DISGESTIVO DOS 
EQUINOS ........................................................................................................... 24 
4.1.3 ETIOLOGIA ........................................................................................... 27 
4.1.4 FATORES PREDISPONENTES PARA A CÓLICA EM EQUINOS ........ 27 
4.1.4.1 ANATÔMICO ESPECÍFICOS ................................................................ 27 
4.1.4.2 RAÇA ..................................................................................................... 28 
4.1.4.3 IDADE .................................................................................................... 28 
4.1.4.4 SEXO ..................................................................................................... 28 
4.1.4.5 COMPORTAMENTAL E MANEJO ........................................................ 29 
4.1.4.6 ALIMENTAÇÃO ..................................................................................... 29 
4.1.4.7 AMBIENTE ............................................................................................ 29 
4.1.4.8 PARASITISMO ...................................................................................... 30 
4.1.4.9 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS................................................................... 30 
4.1.5 DIAGNÓSTICO ...................................................................................... 30 
4.1.5.1 SINAIS ................................................................................................... 31 
4.1.5.2 ANAMNESE........................................................................................... 31 
4.1.5.3 EXAME FÍSICO ..................................................................................... 31 
4.1.5.3.1 LÍQUIDO PERITONEAL ..................................................................... 33 
4.1.6 TIPOS DE CÓLICA ................................................................................ 33 
4.1.6.1 OBSTRUÇÃO INTRALUMINAL SEM ESTRAGULAMENTO VASCULAR
 33 
4.1.6.2 OBSTRUÇÃO INTRALUMINAL COM ESTRAGULAMENTO VASCULAR
 34 
4.1.6.3 OBSTRUÇÕES VASCULARES SEM ESTRANGULAMENTO .............. 34 
4.1.6.4 ENTERITE, COLITE E ULCERAÇÃO ................................................... 34 
4.1.6.5 PERITONITE ......................................................................................... 35 
4.1.6.6 CÓLICA ESPASMÓDICA ...................................................................... 35 
4.1.6.7 TIMPANISMO CECAL .......................................................................... 36 
4.1.7 TRATAMENTO CLÍNICO ...................................................................... 37 
4.1.7.1 ANALGESIA E SEDAÇÃO .................................................................... 37 
4.1.7.2 OPIÓIDES ............................................................................................. 38 
4.1.7.3 PRÓ CINÉTICOS E LAXANTES .......................................................... 38 
4.1.7.4 FLUIDOTERAPIA .................................................................................. 39 
4.1.8 TRATAMENTO CÍRURGICO................................................................. 40 
4.2 RELATO DE CASO CLÍNICO .................................................................. 42 
4.3 DISCUSSÃO ............................................................................................. 43 
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 47 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O estágio curricular obrigatório foi realizado no Regimento da Polícia 
Montada Coronel Dulcídio de Curitiba. As atividades realizadas foram desenvolvidas 
na área de clínica médica e cirúrgica de equinos. 
 O período do estágio curricular foi de 01 de agosto a 10 de outubro de 2016, 
com carga horária diária de 8 horas, totalizando 420 horas, sob supervisão do 
médico veterinário Dr. Enio Granatto responsável pela área de clínica e cirurgia de 
equinos e orientado pelo prof. MSc Carlos Henrique do Amaral encarregado pela 
disciplina de Diagnóstico por Imagem na Universidade Tuiuti do Paraná. 
Este trabalho tem por finalidade descrever a unidade concedente de estágio, 
as atividades desenvolvidas e a casuística acompanhada, assim como o 
desenvolvimento de uma revisão de literatura baseada em um relato de caso de 
timpanismo cecal em equino na região de Curitiba-PR, presenciado durante o 
período de estágio para discussão. 
Por fim, a realização do estágio teve como objetivo a aplicação dos 
conhecimentos teóricos e práticos obtidos durante a graduação de medicina 
veterinária, bem como adquirir novos conhecimentos através do convívio com 
profissionais da área, além do contato direto com pacientes e proprietários, com isso 
a oportunidade de adquirir novas experiências além de maior aptidão acadêmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2. LOCAL DE ESTÁGIO 
 
O Regimento da Polícia Montada Coronel Dulcídio está localizado na Rua 
Konrad Adenauer, 1166, no bairro Tarumã, na cidade de Curitiba, estado do Paraná 
(Figura 1). 
 
 
 
No Regimento, há um total de 78 animais, 20 fêmeas e 58 machos, sendo 15 
da raça brasileiro de hipismo, 9 lusitanos e 1 puro sangue inglês e 53 animais sem 
raça definida. A equipe de veterinários é composta por dois veterinários e dois 
residentes. O centro veterinário atende somente os cavalos do local (Figura 2), que 
são usados para patrulha na cidade, provas de enduro, salto e para equoterapia. Os 
serviços prestados aos cavalos do Regimento são: atendimentos ambulatóriais, 
exames de diagnóstico por imagem, procedimentos cirúrgicos e ferrageamento. 
 
 
 
FIGURA 1 - FACHADA DO REGIMENTO/ CURITIBA, 2016 
14 
 
 
 
A estrutura do Centro Veterinário do Regimento é composta por um 
ambulatório, onde é realizada o manuseio dos medicamentos veterinários. Tem 
armários para armazenar seringas, agulhas, cateteres, equipo, soluções de 
fluidoterapia, dentre outros aparatos utilizados na rotina (Figura 3). Há um quadro 
branco onde constam os nomes dos animais que necessitam algum tratamento 
especial. Os atendimentos de rotina são realizados de segunda à sexta-feira das 
8:00 às 12:00 e das 13:00 às 17:00 horas, e atendimentos emergenciais realizados 
pelas residentes plantonistas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 2 – CENTRO VETERINÁRIO DO REGIMENTO/ CURITIBA, 2016 
FIGURA 3 - AMBULATÓRIO DO REGIMENTO/ CURITIBA, 2016 
 
15 
 
O centro cirúrgico (Figura 4) disponibiliza de: mesa cirúrgica, monitor 
multiparamétrico, concentradores de oxigênio, lactímetro, glicosímetro, bomba de 
infusão, refrigerador para armazenamento de medicações perecíveis, medicações 
emergenciais, traqueotubos, laringoscópio, soluções de fluidoterapia, cateteres, 
seringas, agulhas, sondas e demais materiais utilizados em casos de cirurgias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 4– CENTRO CIRÚRGICO DO REGIMENTO/ CURITIBA, 2016 
 
16 
 
O centro veterinário também apresenta um laboratório clínico (Figura 5) onde 
é realizado análises laboratoriaiscomo hemogramas, leucogramas e bioquímicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Há um almoxarifado (Figura 6) para armazenamento de produtos e 
medicamentos de uso veterinário, uma sala de esterilização e vestuário para a 
paramentação do pessoal para a realização de cirurgias. 
 
 
FIGURA 6 – SALA DE PARAMENTAÇÃO DO REGIMENTO/ CURITIBA, 2016 
 
FIGURA 5 – LABORATÓRIO CLÍNICO DO REGIMENTO/ CURITIBA, 2016 
 
17 
 
 Há 3 pavilhões, com um total de 86 baias, sendo duas baias de internamento 
(Figura 7) e duas de isolamento e as demais para animais sem ou com 
procedimentos simples (Figura 8). Elas são feitas de concreto e forradas com farelo 
de cepilho. Há 3 pistas de areia para treinamento dos cavalos e 3 piquetes. 
 
 
FIGURA 7 – PAVILHÃO “PINGA-FOGO” DO REGIMENTO/ CURITIBA, 2016 
 
FIGURA 8 – BAIAS DE INTERNAMENTO DO REGIMENTO/ CURITIBA, 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
O Regimento ainda dispõe de três salas equipadas com computador, mesa, 
espaço reservado para livros de consulta e armários, onde são armazenadas as 
fichas clínicas dos animais, resultados de exames e demais documentos. Apresenta 
uma cozinha completa para uso do pessoal. 
 
O Regimento possui um haras (Figura 9) em Almirante Tamandaré, na Rua 
Domingos Scucato, 1350, onde animais são levados para repouso e não são usados 
para patrulha por um período. 
 
 
 
FIGURA 9 – HARAS DO REGIMENTO, LOCALIZADO EM ALMIRANTE TAMANDARÉ/ CURITIBA, 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 
 
Durante o período de estágio curricular no centro veterinário do Regimento 
da Polícia Montada Coronel Dulcídio de Curitiba, pôde-se desenvolver atividades 
que melhoraram a capacidade de avaliação, resolução de casos clínicos e indicação 
de protocolos terapêuticos para os animais do Regimento. As atividades realizadas 
no centro veterinário incluíram o acompanhamento de exames de claudicação, 
contenção dos animais, realização de anamnese e exame físico, administração de 
medicações, realização de acessos venosos, manejo de curativos, sondagens, 
remoção de pontos, coleta de material biológico para exames laboratoriais (anemia 
infecciosa equina e mormo), preenchimento de fichas e resenhas dos equinos, 
monitoração de pacientes em estado crítico, reposição de materiais de insumo. 
Todos os casos eram discutidos durante o dia e as atividades relatadas 
foram realizadas com supervisão e consentimento dos médicos veterinários 
responsáveis. Além da rotina clínica, também foi possível acompanhar outras áreas, 
como o diagnóstico por imagem, através da contenção de animais para execução de 
exames radiográficos e ultrassonográficos, interpretação de laudos e revisão das 
estruturas anatômicas juntamente com as particularidades de cada enfermidade. 
Acompanhou-se a residente ao haras do regimento para administrar 
vermífugo e coleta de sangue dos animais presentes. 
 No período de 01 de agosto a 10 de outubro de 2016, foram acompanhados 44 
casos, destes 34% dos animais eram fêmeas e 66% machos (Quadro 1). 
 
QUADRO 1 - NÚMERO DE ANIMAIS ACOMPANHADOS, DIVIDIDO POR SEXO/ CURITIBA, 2016 
 
N. de animais 
 
% 
 
 FÊMEAS 
 
15 
 
34% 
 
MACHOS 
 
 29 
 
66% 
 
 TOTAL 
 
44 
 
100% 
 
 
20 
 
Notou-se que a maior parte dos animais acompanhados durante o estágio 
curricular supervisionado eram adultos. Com relação às raças dos cavalos, foram 
atendidos 11 brasileiros de hipismo (BH), 28 sem raça definida (SRD), 4 lusitanos e 
1 puro sangue inglês (PSI) (Gráfico 1). 
 
GRÁFICO 1 - PREVALÊNCIA DAS RAÇAS EQUINAS ATENDIDAS DURANTE O PERÍODO DE 
ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO (01/08/2016 – 10/10/2016) NO REGIMENTO DA POLÍCIA 
MONTADA/ CURITIBA, 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
0
5
10
15
20
25
30
BH SRD Lusitano PSI
N
º 
d
e
 a
n
im
a
is
 
Raças 
21 
 
A casuística acompanhada foi diversificada, as doenças dermatológicas foram 
as mais frequentes, correspondendo a 65% dos casos. Seguido por animais 
atendidos com afecções em sistema músculo-esquelético, com 24%. O sistema com 
menor número de afecções foi o sistema digestório, com 7%, seguido por uma 
afecção do sistema respiratório, a qual foi a menos observada, com apenas 2% dos 
casos (Tabela 1). 
 
TABELA 1 - ATENDIMENTOS CLASSIFICADOS POR SISTEMAS ORGÂNICOS / CURITIBA, 2016 
 
 
SISTEMAS 
 
 
AFECÇÃO 
 
n 
 
% 
 
 
SISTEMA TEGUMENTAR 
 
Alopecia 
 
4 
 
9% 
 
Dermatite 
 
2 
 
5% 
 
Escoriações 
 
10 
 
23% 
 
Edema 
 
3 
 
7% 
 
Feridas 
 
9 
 
21% 
 
 
SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO 
 
 
Tendinite 
 
2 
 
4% 
 
Claudicação 
 
7 
 
16% 
 
Luxação 
 
1 
 
2% 
 
Lombalgia 
 
1 
 
2% 
 
SISTEMA DIGESTÓRIO 
 
Cólica 
 
3 
 
7% 
 
 
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
 
 
ORVA 
 
1 
 
2% 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Exames Radiográficos
Exames Ultrassonográficos
Endoscopia
Em relação ao manejo dos animais (Tabela 2), foram realizadas 
administração de vermífugos em todos os 78 cavalos do Regimento e 38 do haras. 
No mesmo número de equinos foram realizados vacinas anuais anti-rábicas e coleta 
de sangue para exames de mormo e anemia infecciosa equina (AIE). Foi realizada 
uma castração em um animal. 
 
TABELA 2 – SERVIÇOS DE MANEJO REALIZADOS NO PERÍODO DE ESTÁGIO CURRICULAR 
(01/08/2016 – 10/10/2016) NO REGIMENTO DA POLÍCIA MONTADA / CURITIBA, 2016 
 
 
 
 
 
 
 
Neste período, foram acompanhados 6 exames complementares. Parte dos 
exames de imagem, ultrassonografia e radiografia, foram realizados em animais 
para o diagnóstico de claudicação, e os exames endoscópicos para um caso de 
suspeita de doença respiratória, como mostra o gráfico a seguir. 
GRÁFICO 2 - EXAMES COMPLEMENTARES ACOMPANHADOS NO PERÍODO DE ESTÁGIO 
CURRICULAR (01/08/2016 – 10/10/2016) NO REGIMENTO DA POLÍCIA MONTADA/ CURITIBA, 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERVIÇOS DE MANEJO VETERINÁRIO Nº 
Castração 1 
Coleta de sangue para exames de mormo e AIE 116 
Vermífugos 116 
Vacinas anti-rábicas 116 
Total 349 
 
n=6 
2 
3 
1 
23 
 
4. SÍNDROME CÓLICA EM EQUINOS 
4.1 REVISÃO DE LITERATURA 
4.1.1 INTRODUÇÃO 
A cólica nos equinos é caracterizada por alterações no aparelho digestório, e 
pode estar correlacionada com vários fatores, que vão desde uma produção 
excessiva de gases no estômago, fermentação de alimentos até obstruções e 
torções intestinais (FRANCELLINO et al., 2015). Estas afecções podem levar a 
distúrbios neurocirculatórios graves e ao óbito. Não é uma enfermidade específica e 
sim um conjunto de múltiplas condições consequentes a determinadas disfunções 
de vísceras intra-abdominais, sendo responsável por grandes perdas econômicas. 
Determinar a origem da dore os fatores que levam ao quadro clínico torna-se difícil, 
pois os fatores desencadeantes são muitos e variam de caso a caso (LARANJEIRA, 
2008). A síndrome cólica deve ser tratada como emergência, requerendo um 
atendimento imediato visando o alívio dos sinais, enquanto pesquisa-se a causa 
primaria para instituir-se um tratamento específico. Mesmo com inúmeros avanços 
no manejo destes animais, a cólica equina é considerada a afecção mais comum na 
clínica médica e a principal causa de estresse e gastos financeiros entre os 
criadores (FRANCELLINO et al., 2015). De modo a facilitar a implementação da 
terapêutica inicial, o método de diagnóstico mais eficiente consiste na diferenciação 
dos casos que necessitam de intervenção cirúrgica, e dos que são tratáveis apenas 
medicamente. A decisão cirúrgica deve ser baseada em critérios como: o tempo 
decorrido desde o início da cólica (mais de seis horas), dor intensa e contínua 
(incontrolável com analgésicos), distensão abdominal, atonia intestinal (ausência de 
peristaltismo), ausência de defecação e achados de exame transretal (intestino 
delgado distendido). Os esforços na tentativa de melhorar os métodos de 
diagnóstico devem ser mantidos, pois a identificação segura e correta da afecção 
causal da cólica permite estabelecer uma terapêutica mais rápida e adequada ao 
animal (LEHUBY, 2011). 
 
 
 
 
 
24 
 
4.1.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO DISGESTIVO DOS 
EQUINOS 
Os cavalos são herbívoros monogástricos com grande capacidade seletiva e 
quando em pastagens, permanecem cerca de 10 a 16 horas em pastejo, com 
refeições de duas a três horas de duração e intervalos curtos, para interação social e 
descanso (HILLEBRANT, 2015). 
A seleção da dieta não é só pela visão, olfato e gustação, mas também por 
meio da sensibilidade e mobilidade labial, que permite ao cavalo grande capacidade 
de selecionar os alimentos no momento da apreensão e corte, pelos dentes 
incisivos, principalmente quando composta por vegetais. A deglutição tem uma fase 
voluntária no qual o bolo alimentar é colocado no dorso da língua e movido para a 
base da língua contra o palato duro realizando movimento antero-posterior, a base 
da língua se projeta então fortemente para trás e para cima empurrando-o para a 
faringe (CUNNINGHAM, 2009). 
 O alimento percorre o esôfago por movimentos peristálticos formando anéis 
de constrição que se movem ao longo da parede reduzindo o lúmen e empurra o 
bolo alimentar por ação dos músculos circulares, adiante pode haver o relaxamento 
dos músculos longitudinais aumentando o tamanho do lúmen para que o bolo 
alimentar possa avançar. O esôfago entra no estômago de maneira oblíqua pelo 
esfíncter cárdia, e se liga ao duodeno pelo piloro. O tamanho do estômago é 
relativamente pequeno, com capacidade de 15 a 20 litros (HILLEBRANT, 2015). 
O estômago apresenta uma porção aglandular de epitélio escamoso 
estratificado que não possui mecanismos protetores contra o suco gástrico com 
pouca motilidade. Nessa região há predomínio de processos digestivos baseados 
em alto teor de matéria orgânica e pH assim como atividades microbianas realizando 
degradação de carboidratos simples em açúcares e amido e até mesmo lise de 
proteínas através de proteinases vegetais (Figura 10) (KÖNIG, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO TRATO INTESTINAL DO EQUINO 
 
Fonte: Anatomia dos Animais Doméstcos. König, 2011. 
 
 
 Além de ácido lático, são produzidos ácidos graxos de cadeia curta, 
pequenas quantidades de gases como dióxido de carbono, metano e gás hidrogênio 
assim como produtos da degradação proteica como amoníaco e fenol. 
A região glandular é recoberta por criptas que possuem em sua base um 
estreitamento chamado istmo que continua para abertura das glândulas gástricas. A 
maior parte da superfície é recoberta por células mucosas de superfície que 
produzem um muco espesso responsável pela proteção do epitélio. Cada região 
possui tipos celulares característicos, na mucosa parietal há células parietais que 
secretam ácido clorídrico, células mucosas do colo que secretam muco e células 
principais que secretam pepsinogênio que é produzido, estocado e após sua 
secreção é exposto ao conteúdo ácido do estômago com clivagem de uma pequena 
porção da proteína, resultando na enzima ativa, pepsina a qual realizará o primeiro 
desdobramento das proteínas para absorção no intestino delgado. As glândulas da 
região do cárdia secretam apenas muco e as células da mucosa pilórica são 
chamadas de células G que produzem gastrina (CUNNINGHAM, 2009) 
26 
 
O comprimento do intestino delgado é de cerca de 20 metros sendo este 
dividido em duodeno, jejuno e íleo. O cavalo não possui vesícula biliar sendo assim 
a liberação de bile constante, característica evolutiva relacionada ao hábito desse 
animal em se alimentar constantemente (KÖNIG, 2011). A bile emulsiona a gordura 
presente na dieta para ação digestiva da lipase. A digestão química no intestino 
delgado ocorre através da ação de enzimas que quebram o alimento em partículas 
menores por hidrólise. Algumas enzimas produzidas pelo pâncreas como tripsina e a 
quimiotripsina, quebram proteínas, a lipase quebra a gordura já emulsificada pela 
bile em ácidos graxos e a amilase faz a quebra do amido. Os minerais e vitaminas 
absorvidos são aqueles que estão livres ou serão liberados das macromoléculas 
pela digestão enzimática (CUNNINGHAM, 2009). 
O intestino grosso do cavalo é uma das estruturas mais importantes do trato 
digestivo, nele há presença de microrganismos que realizam a fermentação das 
fibras e dos nutrientes não absorvidos no intestino delgado. Mede em torno de 7 
metros de comprimento, dividido em ceco, cólon (que se subdivide em cólon dorsal 
direito e esquerdo, cólon ventral direito e esquerdo e cólon menor) e reto. O amido 
que não foi digerido anteriormente no trato digestivo pode ser quebrado pela amilase 
dos microrganismos em glicose e também ser utilizada por eles para produção de 
ácido propiônico que servirá como substrato para a produção de glicose após 
absorção pelo animal e também lactato (CUNNINGHAM, 2009). Assim como o 
amido, a proteína não utilizada anteriormente é quebrada pela protease em 
peptídeos e aminoácidos que serão utilizados na produção de proteína microbiana 
ou quebrados em amônia e esqueleto de carbono, o qual pode ser usado na 
formação dos mesmos ácidos citados anteriormente. A absorção destes ácidos 
graxos voláteis (AGVs) ocorre na forma livre por gradiente de concentração e sua 
absorção libera bicarbonato no intestino que auxilia na manutenção do pH. Entre o 
ceco e o cólon existe uma estrutura chamada válvula cecocólica, a utilização de 
fibras de baixa qualidade, muito lignificada faz com que essa fibra fique no ceco por 
mais tempo e pela motilidade forma-se um emaranhado que pode obstruir a válvula 
e desencadear processos patológicos no aparelho digestório. A absorção dos 
nutrientes ao longo do intestino se dá por co-transporte principalmente de sódio 
(CUNNINGHAM, 2009). 
O cólon menor possui segmentação que dá a forma as fezes além de recobri-
la com muco, nele há reabsorção de água, ácidos graxos voláteis e eletrólitos. A 
27 
 
defecação é um ato reflexo pela entrada das fezes no reto com relaxamento do 
esfíncter anal interno e abertura do esfíncter anal externo. As fezes têm cor, forma e 
odor característicos, mas são alterados de acordo com a dieta (MEYER, 1995). 
 
4.1.3 ETIOLOGIA 
A etiologia das doenças do trato gastrointestinal dos equinos que levam à 
cólica é complexa e diversa. Exemplos de causas conhecidas são:parasitas, 
especialmente Strongylus vulgaris e ascarídeos; excessos alimentares; mudanças 
na dieta; ingestão de areia; enterólitos; alguns agentes infecciosos como a 
Salmonella spp.. Na prática clínica diária a maioria dos casos de cólica tem causa 
desconhecida, mas de um modo geral, resultam da distensão do intestino por 
ingesta, gás, fluidos ou devido a uma interrupção da motilidade normal do intestino. 
Os casos mais severos também podem resultar de danos da parede intestinal por 
processos de isquêmia, inflamação, edema ou enfarto (LEHUBY, 2011). 
4.1.4 FATORES PREDISPONENTES PARA A CÓLICA EM EQUINOS 
4.1.4.1 ANATÔMICO ESPECÍFICOS 
De acordo com Pedrosa (2008), o aparelho digestivo dos equinos apresenta 
algumas particularidades anatômicas e fisiológicas que os predispõem a manifestar 
cólica. Uma das razões para a maior susceptibilidade do cavalo está diretamente 
relacionada com a sua incapacidade de vomitar. A camada mais interna da túnica 
muscular do estômago é composta por fibras musculares oblíquas, que são 
particularmente bem desenvolvidas na região do cárdia, onde formam a alça cárdica. 
No mesmo local, unem-se ainda a fibras musculares da camada circular média, 
constituindo um poderoso esfíncter cárdico. Além disso, nesta espécie o esófago 
une-se ao estômago muito obliquamente. Apesar de o duodeno e o íleo se 
encontrarem relativamente fixos, o jejuno apresenta grande mobilidade devido à 
presença de um longo mesentério, tendendo assim a preencher espaços existentes 
entre outras estruturas mais fixas. O ceco dos equinos é um grande fundo de saco 
cego, o que pode predispor à acumulação de ingesta neste órgão. Por outro lado, a 
posição do cólon esquerdo também não se encontra fixa. Mais ainda, ao longo do 
seu trajeto pelo cólon, há locais em que a passagem da ingesta é dificultada pelas 
próprias características anatómicas deste órgão, nomeadamente pela redução 
abrupta do diâmetro dos segmentos em questão. É o caso da flexura pélvica (entre o 
28 
 
cólon ventral esquerdo e dorsal esquerdo), onde a ingesta tem ainda que se mover 
no sentido ascendente, e da terminação do cólon dorsal direito no cólon transverso 
(CRUZ, 2015). 
 
4.1.4.2 RAÇA 
Apesar de as cólicas poderem afetar cavalos de qualquer raça, vários estudos 
sugerem que a incidência é maior nos árabes e nos PSI (LEHUBY, 2011). Os potros 
brancos (albinos) nascidos de cruzamento overo-overo de equinos da raça Paint 
Horse, podem manifestar uma doença recessiva e letal conhecida como agangliose, 
responsável pelo desenvolvimento de uma obstrução funcional do intestino por falta 
de inervação (PEDROSA, 2008). 
 
4.1.4.3 IDADE 
Os cavalos com idade inferior a 2 anos ou superior a 10 anos parecem ter 
menor risco de sofrerem de cólicas simples. Os de idade média têm maior 
probabilidade de terem cólicas do que os mais idosos, contudo, as cólicas dos 
cavalos mais idosos mais frequentemente requerem uma abordagem cirúrgica 
(COHEN, 1997). Nos neonatos, a dor abdominal resulta frequentemente de lesões 
ao nível do trato gastrointestinal e/ou urinário. A causa mais comum de dor 
abdominal nos neonatos é a obstrução por mecónio, contudo, as invaginações e 
volvo do intestino delgado, as enterites e as enterocolites também são causas 
relativamente frequentes (LEAL, 2007). As hérnias umbilicais podem ocorrer em 
potros, e ocorrem devido a falha no fechamento completo da musculatura que 
envolve as estruturas umbilicais; estas podem ser influenciadas por genética, 
onfaloflebite ou trauma. Existem riscos de complicações como estrangulamento, 
aderência e abscessos (estes geralmente apresentam dor e rigidez à palpação), 
além de fístula enterocutânea e evisceração (CORRÊA, 2012). 
 
4.1.4.4 SEXO 
No que diz respeito às cólicas simples, tanto os machos como as fêmeas 
parecem estar igualmente afetados e as hérnias inguinais ocorrem somente em 
machos não castrados (PEDROSA, 2008). 
 
29 
 
4.1.4.5 COMPORTAMENTAL E MANEJO 
Equinos que permanecem longos períodos estabulados apresentam níveis de 
estresse elevados, possuem alterações psíquicas e o tipo de temperamento podem 
desenvolver comportamentos anormais como aerofagia, que predispõe a maiores 
chances de apresentar episódios de cólica. A possível justificativa para esse fato são 
o tipo de temperamento do animal e pelo estabulação e práticas de manejo (LEAL, 
2007). Em relação ao tipo de atividade que o animal é submetido, os cavalos de 
corrida são mais susceptíveis a ulcerações gástricas (LEHUBY, 2011). 
 
4.1.4.6 ALIMENTAÇÃO 
O equino é muito exigente e sensível às alterações de manejo alimentar e 
ambiental. A diminuição ou variação no nível de atividade física, alterações súbitas 
na dieta, alterações (LARANJEIRA, 2008). Os equinos apresentam anatomia e 
fisiologia digestiva adaptada para se alimentarem exclusivamente de forragens 
(herbívoros). Qualquer programa de alimentação que negligencie os níveis de fibra 
na dieta pode ter consequências indesejáveis sobre a fisiologia digestiva destes 
animais. Eles necessitam de certo volume de alimento para sustentar função 
digestiva normal e, ao privá-los de alimentos volumosos, as curvaturas do intestino 
ficam propensas a torções e cólicas. O hábito de alimentar os cavalos com 
concentrados e de os manter em estábulos durante grande parte do dia aumenta a 
probabilidade de os cavalos sofrerem de cólica, mais propriamente de timpanismo 
ou de deslocamentos do cólon ascendente (CRUZ, 2015). 
 
4.1.4.7 AMBIENTE 
Os cavalos cuja atividade física diminui abruptamente têm maior risco de 
sofrerem de obstruções cecais ou do cólon ascendente. A restrição do 
suprimento de água ou a alteração da fonte de água levam à desidratação do 
conteúdo intestinal, provocando consequentemente sobrecarga do cólon 
ascendente. A formação de enterólitos está relacionada com a alimentação e 
com a ingestão de minerais provenientes do solo e cavalos que consomem água 
dura, feno de alfafa e que têm na ingesta minerais alcalinos são mais facilmente 
afetados por este problema As sobrecargas por areia são mais frequentes 
quando os cavalos pastam num campo arenoso, ou quando são forçados a 
comer sobre um terreno de areia (LEHUBY, 2011). Dilatações gástricas podem 
30 
 
resultar de um excesso de consumo de água e alimento diretamente após 
exercício ou de um período de privação destes (MOORE, 2001). 
 
4.1.4.8 PARASITISMO 
O parasitismo tem sido relacionado com o aumento do risco de cólica. As 
causas de cólica são por parasitas que causam obstruções no trato 
gastrointestinal de equinos, os quais podem por ser infestações maciças de 
nematódeos (Parascaris equorum), cestódeos (Anoplocephala spp.) ou por 
grandes estrongilídeos (Strongylus vulgaris) (FORTES, 2004). A administração 
de vermífugos também pode levar a um aumento do risco de cólica. Este fato 
também foi verificado em potros, que após a desvermifugação, desenvolveram 
cólica devido a obstruções intestinais resultantes da rápida morte de ascarídeos 
intraluminais (PEDROSA, 2008). 
 
4.1.4.9 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS 
Fernandes (2009), aponta uma associação significativa entre o risco de cólica 
e a ocorrência de alterações climáticas recentes. No entanto, ela aconselha uma 
interpretação cuidadosa deste resultado, uma vez que pode ter sido influenciado por 
outros fatores, nomeadamente pela ideia pré-concebida e generalizada sobre a 
existência de uma relação entre a cólica e as alterações climáticas. Ainda assim, é 
certo que as temperaturas frias podem influenciar o consumo de água e, dessa 
forma, predispor ao aparecimento de cólica (COHEN, 1997). 
 
4.1.5 DIAGNÓSTICO 
 O diagnóstico,que é dependente da anamnese, do exame físico e dos testes 
laboratoriais permitirá diferenciar cólicas gastrointestinais de “cólicas falsas”, 
identificar qual o órgão ou conjunto de órgãos atingidos e decidir qual a opção 
terapêutica mais indicada. O exame físico consiste em avaliar o grau de dor, a 
distensão abdominal, o aparelho cardiovascular, a temperatura retal e as fezes, e 
também realizar uma auscultação torácica e intestinal, uma intubação nasogástrica, 
uma palpação transretral, uma abdominocentese e por fim, análises sanguíneas 
(LEHUBY, 2011). 
 
31 
 
4.1.5.1 SINAIS 
A dor intensa provoca alterações no comportamento dos equinos que auxiliam 
no reconhecimento de um episódio de síndrome cólica, os quais podem ser: cavar, 
olhar para o flanco, deitar-se na baia, ranger os dentes e sudorese intensa 
(FRANCELLINO et al., 2015). 
 
4.1.5.2 ANAMNESE 
A informação sobre o histórico clínico do animal pode ser muito útil para o 
reconhecimento de determinadas causas de cólica (MOORE, 2001). No que respeita 
aos dados gerais, deve tentar obter-se informação sobre o local em que o cavalo se 
encontra (baia ou pastagem), a sua alimentação (tipo de alimento, quantidade e 
frequência), manejo de rotina, utilização, história médica (administração de AINEs, 
episódios de cólica anteriores, cirurgia abdominal) e práticas profiláticas (vacinação 
e vermifugação) (FERNANDES, 2009). 
 
4.1.5.3 EXAME FÍSICO 
De acordo com Keller, (2016), a frequência cardíaca é um indicador 
importante de intensidade da dor, e o aumento de frequência cardíaca é diretamente 
proporcional ao aumento da dor, porém só esse dado não é o suficiente para uma 
indicação cirúrgica, ele tem que ser avaliado junto com outros sinais que o cavalo 
apresenta, além de alterações cardiovasculares, perfusão periférica que se avalia 
através da mucosa oral, e tempo de preenchimento capilar. 
Para Fernandes, (2009), a frequência respiratória (FR) auxilia na avaliação da 
dor, sendo que em casos de dor moderada a intensa, os valores são superiores a 30 
movimentos respiratórios por minuto, acompanhando por dilatação das narinas. 
A avaliação de mucosa se baseia no tempo de preenchmento capilar (TPC), 
cor e humidade, nos quais fornecem informações sobre a desidratação e perfusão 
dos tecidos. A mucosa oral é comumente a mais avaliada tendo normalmente cor 
rósea, tempo de preenchimento capilar de 1 a 2 segundos, e presença de umidade, 
em casos de desidratação branda a mucosa torna-se hipocorada, com TPC maior 
que 2 segundos, em quadro de perfusão deficiente a mucosa se apresenta cianótica, 
e o TPC apresenta em média 4 segundos, quando se tem congestão venosa ou 
endotexemia, a mucosa pode se apresentar com coloração vermelha ou púrpura, o 
que é comum encontrar no caso de duodeno jejunite proximal, obstrução com 
32 
 
estrangulamento, enfarte sem estrangulamento ou peritonite (FRANCELLINO et al., 
2015). 
É relatada febre nos casos de obstrução com estrangulamento e endotoxemia 
ou quando há abscessos abdominais. Observa-se hipotermia nos casos de 
hipoperfusão tecidual, comprometimento circulatório e hipovolemia, em necrose 
tecidual, embora tenha hipertermia esta é rapidamente diminuída devido à 
hipoperfusão (KELLER, 2016). Nos quadros por obstrução ou deslocamento, os 
cavalos apresentam aumento discreto de temperatura, que não ultrapassa 38,6º C, 
todavia quando há desidratação, ou quando a temperatura ambiente está alta, pode 
ultrapassar este valor (FRANCELLINO at al., 2015). 
A presença da motilidade intestinal é altamente significativa, já que a 
diminuição ou ausência dos sons intestinais aumenta a probabilidade de que o 
cavalo ira precisar de uma intervenção cirúrgica (KELLER, 2016) Os ruídos 
abdominais são avaliados quanto à frequência, duração, intensidade, e localização, 
sendo de extrema importância para o auxílio no diagnóstico, podendo estabelecer 
um prognóstico (CRUZ, 2015). 
 A sondagem nasogástrica possibilita a eliminação de gás, líquido do 
conteúdo gástrico, impedindo a ruptura do estômago, dando conforto imediato ao 
animal, acelera o processo fisiológico do esvaziamento gástrico e estimula o reflexo 
gastrocólico. É usada como tratamento nos casos de sobrecarga gástrica por 
líquidos ou alimentos, podendo proceder a lavagem utilizando água em temperatura 
ambiente. Nesse sentido, a sondagem nasogástrica é um valioso método 
diagnóstico, além de ser usada como tratamento e administração de medicamentos 
(FERNANDES, 2009). 
A palpação retal é uma das avaliações mais uteis para o diagnóstico, sendo 
possível avaliar as condições das vísceras. As seguintes condições podem ser 
geralmente identificadas no exame retal e geralmente exigem correção cirúrgica: 
alças distendidas do intestino delgado, intestino grosso distendido, torção uterina, 
hérnias inguinais, distensão cecal, compactação de cólon, compactação de flexura 
pélvica, descolamento de colon maior, aprisionamento nefro esplênico, enterólitos e 
corpo estranho (FRANCELLINO et al., 2015). 
 
 
33 
 
4.1.5.3.1 LÍQUIDO PERITONEAL 
 A avaliação do líquido peritoneal é uma ferramenta de prognóstico muito útil 
e pode facilitar a decisão, e qualquer fluido anormal é uma indicação de alteração 
intestinal que pode exigir cirurgia (KELLER, 2016). Sua coleta é realizada por 
abdominocentese, através da punção com agulha estéril na linha mediana do 
abdômen, aproximadamente 10 cm caudal ao processo xifoide e com prévia 
tricotomia e anti-sepsia local (FRANCELLINO et al., 2015). 
O líquido peritoneal na ausência de patologias deve-se apresentar límpido 
devido ou seu baixo conteúdo celular, de cor amarelada, mais ou menos intensa, 
variando de acordo com a concentração de bilirrubina (DI FILLIPO et al., 2009). Em 
pacientes que apresentam a síndrome cólica este líquido poderá apresentar cor 
âmbar e ligeiramente turvo, sugerindo aporte sanguíneo insuficiente ao intestino, 
associado à diapedese de glóbulos vermelhos e brancos dos capilares da serosa. 
Nos casos em que o fluído peritoneal apresentar uma cor escura sanguinolenta e 
não coagular deve-se suspeitar de necrose intestinal (MENDES, 1995). Processos 
de peritonite irão apresentar uma solução opaca, de coloração amarelo 
acastanhada, e com um elevado número de leucócitos. No entanto, nos exsudatos 
opacos pode haver coagulação se a peritonite associada for demasiadamente 
severa permitindo a passagem de fibrinogênio para o fluído peritoneal. A presença 
de fluído peritoneal opaco e de coloração verde acastanhada sugere a presença de 
conteúdo intestinal livre, ocasionado por enterocentese ou de uma ruptura intestinal 
(DI FILIPPO et al., 2009). 
 
4.1.6 TIPOS DE CÓLICA 
As categorias etiopatogênicas podem ser classificadas como: obstruções 
intraluminais com ou sem estrangulamento vascular, obstruções vasculares sem 
estrangulamento, úlceras, enterites, colites e peritonites (PEDROSA, 2008). 
 
4.1.6.1 OBSTRUÇÃO INTRALUMINAL SEM ESTRAGULAMENTO 
VASCULAR 
É quando ocorre a oclusão do lúmen intestinal sem compromisso do 
suprimento sanguíneo. O processo obstrutivo simples é causado por estase e 
timpanismo, bloqueio do lúmen por uma massa de ingesta ou por um corpo 
34 
 
estranho, ou ainda por compressão externa do intestino por uma aderência, abcesso 
ou tumor (FERNANDES, 2009). 
 
4.1.6.2 OBSTRUÇÃO INTRALUMINAL COM ESTRAGULAMENTO 
VASCULAR 
As oclusões estranguladas do intestino são uma combinação de uma oclusão 
luminal e de isquemia. Por consequente, podem ser classificadas em venosas ou 
arteriovenosas. Manifestam-se frequentemente por uma dor abdominal marcada 
acompanhadade sinais de choque e geralmente, devem-se a torções, volvos ou a 
encarcerações do intestino delgado no forâmen epiplóico, no anel inguinal ou no 
mesentério, mas também podem ser causadas por hérnias diafragmáticas, 
estrangulamentos por lipomas pediculados, invaginações ou por deslocamentos do 
cólon. A dor resulta da tensão mesentérica, da isquemia intestinal e da distensão 
intestinal por gás, fluidos ou ingesta cranial à obstrução (LEHUBY, 2011). 
 
4.1.6.3 OBSTRUÇÕES VASCULARES SEM ESTRANGULAMENTO 
É uma afecção em que o fluxo sanguíneo é reduzido a uma porção do 
intestino, causando assim um enfarte dos tecidos sem haver deslocamentos ou 
encarcerações do mesmo. Esta condição não é descrita no estômago, mas pode 
afetar o intestino delgado, ceco, cólon maior, e possivelmente também o cólon 
menor. Pode ocorrer quer devido a tromboembolismo por larvas de Strongylus 
vulgaris na artéria mesentérica cranial ou seus ramos (artéria íleo-cecal), ou a um 
reduzido fluxo sanguíneo na parede intestinal causando um suprimento sanguíneo 
intestinal insuficiente. Os casos severos de cólica tromboembólica, normalmente, 
são diagnosticados em cirurgia ou na necrópsia. Embora esta condição seja 
secundária a parasitismo, pode igualmente ocorrer após cirurgia abdominal, 
especialmente se se tratar de uma correcção de um volvulo do cólon maior 
(FERNANDES, 2009). 
 
4.1.6.4 ENTERITE, COLITE E ULCERAÇÃO 
As afecções inflamatórias do trato gastrointestinal dos equinos podem ter 
diversas causas, infecciosas ou não. A dor abdominal associada à enterite, 
geralmente, é moderada, podendo-se tornar severa quando existe uma lesão 
marcada da mucosa (salmonelose aguda), quando é acompanhada por uma extensa 
35 
 
infiltração de fluido (colite), ou complicada por Íleo e refluxo gástrico (enterite 
proximal) (PEDROSA, 2008). Nos casos de colite provocada pela infecção por 
Salmonella spp., a S. typhimurium é a mais frequentemente isolada, mas podem 
estar implicadas outras espécies. A duodenite-jejunite proximal caracteriza-se 
fundamentalmente por íleo adinâmico do intestino delgado. Embora a causa inicial 
seja desconhecida, têm sido sugeridos diversos agentes etiológicos, tais como o 
Clostridium spp. , a Salmonella spp. e micotoxinas (FERNANDES, ). Outras causas 
de enterite ou colite incluem o consumo excessivo de carboidratos, antibioterapia, 
toxicidade por AINEs, intoxicação por determinados agentes, tais como o arsénico e 
o amitraz e a ingestão de plantas tóxicas (LEHUBY, 2011). Nos potros, parece ser 
mais frequente ao nível do estômago e do duodeno, e nos cavalos adultos está 
reportada a presença de ulceração gástrica em casos de obstrução por ingesta do 
estômago ou do cólon maior. (PEDROSA, 2008 ). 
 
4.1.6.5 PERITONITE 
A peritonite pode surgir na sequência do compromisso de um segmento 
intestinal, de uma alteração vascular ou de um abcesso abdominal, ou ainda dever-
se à ruptura de uma víscera, à perfuração de uma úlcera ou a uma laceração do 
reto. Por sua vez, a ruptura pode decorrer de uma obstrução, como por exemplo, no 
caso do ceco. A peritonite pode ocorrer sempre que o abdômen seja penetrado, quer 
através da perfuração por um corpo estranho, quer cirurgicamente, incluindo na 
realização de uma castração (CRUZ, 2015). 
 
4.1.6.6 CÓLICA ESPASMÓDICA 
A cólica espasmódica é ocasionada por alterações neurovegetativas, 
geralmente decorrentes de estresse, por ingestão de alimentos deteriorados e de 
hemoparisitose, causando processo doloroso intermitente (THOMASSIAN, 2005). No 
entanto, estes espasmos transitórios raramente persistem o tempo necessário para 
causar um bloqueio significativo que induza as consequências verificadas nas 
obstruções físicas ou no Íleo. Apesar deste fato, é possível que estes movimentos 
anormais levem a mal posicionamentos do intestino que possam, eventualmente, 
resultar em obstruções compressivas ou mais grave, em obstruções por 
estrangulação (PEDROSA, 2016). Neste caso de dor abdominal são auscultados 
sons contínuos de grande intensidade e em todos os locais (LEHUBY, 2016). 
36 
 
4.1.6.7 TIMPANISMO CECAL 
O timpanismo primário do ceco e do cólon é um tipo de obstrução intraluminal 
sem estragulamento vascular, e está associado a mudanças súbitas da dieta. Os 
carboidratos altamente fermentáveis causam um grande aumento dos ácidos graxos 
voláteis (AGV) que rapidamente ultrapassam a capacidade de absorção e de 
tamponamento do ceco e cólon ventral, levando assim à excessiva produção de gás 
com consequente distensão. No início deste processo o gás é enviado para o reto, 
causando flatulência. No entanto, a produção de AGV acaba por ter um efeito 
inibitório na motilidade do ceco e cólon ventral, por uma ação direta dos AGV na 
musculatura gastrointestinal e/ou no plexo intrínseco neural. À medida que sucedem 
as alterações de motilidade, a distensão do ceco, especialmente na base, ou do 
cólon ventral vai-se tornando mais marcada. Esta grande distensão pode levar a 
dificuldades respiratórias e diminuição do retorno venoso ao coração, devido à 
pressão exercida no diafragma e veia cava, resultando em taquipnéia, taquicardia, 
cianose e hipovolemia. A distensão e hipovolemia podem ainda ser agravadas pelo 
fluxo osmótico de água para o lúmen intestinal à medida que o pH desce e aumenta 
a produção do ácido láctico que é pouco absorvível (PEDROSA, 2008). 
Clinicamente, à medida que a distensão aumenta, aumenta também a severidade da 
dor que pode ser controlada apenas temporariamente pela administração de 
analgésicos. A distensão abdominal é um dos sinais mais característicos do 
timpanismo do ceco e cólon. Pode existir refluxo por passagem do tubo nasogástrico 
devido à oclusão compressiva total ou parcial do intestino delgado, especialmente 
do duodeno, por se localizar próximo à base do ceco e cólon transverso. Nos casos 
severos, pode haver acidose metabólica, devido ao comprometimento do retorno 
venoso e à hipovolemia, e a distensão diminui a área de expansão pulmonar 
podendo levar a morte por hipóxia. Portanto, ambas as situações podem causar 
morte, antes sequer da ruptura do ceco ou do cólon. Nestes casos de timpanismo 
primário, a mucosa não sofre grandes lesões, com exceção da possível ruptura das 
vísceras (FERNANDES, 2009). 
 
 
 
37 
 
4.1.7 TRATAMENTO CLÍNICO 
No tratamento do abdômen agudo, a supressão da dor, a estabilização do 
paciente sob o ponto de vista cardiovascular e a correção da causa de cólica são os 
princípios terapêuticos a serem realizados a todos os casos. A supressão da dor no 
abdômen agudo pode ser alcançada atuando diretamente na origem da cólica, como 
por exemplo reduzindo o grau de distensão ou inibindo os mecanismos de 
transmissão da dor. Movimentar um cavalo que demonstra sinais de cólica é uma 
prática comum, sobretudo nos casos mais ligeiros proporcionando algum alívio da 
dor e favorecendo a motilidade intestinal. Já a intubação nasogástrica além de um 
indicador para o diagnóstico, também proporciona alívio e evita situações 
irremediáveis como a ruptura gástrica, pelo que deve ser sempre realizada. Sob o 
ponto de vista farmacológico existem dois grandes grupos de substâncias: os 
analgésicos e os sedativos-analgésicos (DA CRUZ, 2011). 
 
4.1.7.1 ANALGESIA E SEDAÇÃO 
A analgesia é muito importante pois alivia o desconforto do paciente, minimiza 
o efeito inibitório da dor sobre a motilidade gastrointestinal, possibilita a execução de 
um exame clínico mais cuidadoso, e reduz a probabilidade do animal se ferir a si 
mesmo. No entanto a sua administração tem de ser cuidada, pois pode mascarar os 
sinais clínicos da progressão da lesão(CAMPELO, 2008). Os α-2 agonistas induzem 
analgesia, por supressão da neurotransmissão a nível do sistema nervoso central, e 
relaxamento muscular. Neste grupo de analgésicos estão incluídos a xilazina, 
detomidina, romifidina, e medetomidina. Os efeitos secundários deste tipo de 
fármacos incluem hipotensão, diminuição do débito cardíaco e da motilidade e do 
fluxo sanguíneo intestinal, sendo todos dependentes da dose administrada. Tendo 
em conta o efeito mais potente da detomidina, com doses menores consegue-se a 
mesma ação analgésica, mas com um menor efeito no sistema cardiovascular e na 
motilidade gastrointestinal (PEREIRA, 2012). 
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são o grupo de fármacos mais 
frequentemente utilizados no tratamento da dor abdominal. Estes fármacos inibem a 
cicloxigenase, uma enzima integrante da cascata do ácido araquidônico, e que está 
envolvida na produção de prostanglandinas, muitas das quais são potentes 
mediadores da dor abdominal nos cavalos. Com efeito, os AINEs exercem a sua 
ação ao reduzirem a concentração de mediadores inflamatórios no local da lesão, 
38 
 
diminuindo a percepção da dor pelo sistema nervoso central (SNC), e reduzindo a 
temperatura corporal. Os AINEs mais utilizados são a fenilbutazona, flunixina 
meglumine, dipirona, e o cetoprofeno. A fenilbutazona e a dipirona têm um efeito 
moderado no alívio da dor, enquanto a flunixina meglumina e o cetoprofeno têm uma 
acção analgésica mais marcada. A flunixina meglumina é o fármaco deste grupo 
mais potente no controle da dor visceral. O cetoprofeno bloqueia a cicloxigenase e 
também a lipoxigenase, uma enzima responsável pela indução de outros 
mediadores inflamatórios, capazes de promoverem a quimiotaxia de neutrófilos 
sendo este um potente mecanismo local de lesão celular (FRANCELLINO et al., 
2015). 
 
4.1.7.2 OPIÓIDES 
Os efeitos analgésicos ou sedativos destes tipos de fármacos resultam da sua 
interação com receptores opiáceos centrais ou periféricos. Este grupo inclui a 
morfina, oximorfina, meperidina, butorfanol e pentazocina, todos com um potente 
efeito analgésico e sedativo. O butorfanol e a pentazocina são os que têm um efeito 
analgésico mais previsível, tendo ainda a vantagem em relação aos restantes de 
possuírem menos efeitos secundários. A morfina, oximorfina e meperidina podem 
causar excitação e uma redução do tempo de trânsito GI (DA CRUZ, 2011). 
 
4.1.7.3 PRÓ CINÉTICOS E LAXANTES 
O aumento da frequência das contrações intestinais na cólica espasmódica, 
ou os espasmos que ocorrem oralmente às obstruções intraluminais, no caso de 
compactações, levam a dor que pode ser aliviada pela administração de 
espasmolíticos. Neste grupo de fármacos estão incluídos a atropina e a hioscina 
butilbromida. A atropina não é recomendada no caso de cólicas de equinos devido 
ao efeito de relaxamento da parede intestinal e de abolição das contrações que pode 
durar várias horas e até mesmo dias, podendo levar a timpanismo e complicando a 
patologia inicial com Íleo. A hioscina é um parassimpaticolítico, largamente utilizado 
em determinadas partes do mundo como o fármaco de eleição no tratamento inicial 
da cólica. É frequentemente administrado em associação com a dipirona e é 
bastante eficaz no tratamento de cólicas moderadas não complicadas (PEREIRA, 
2012). 
39 
 
Os agentes promotores da motilidade são, normalmente, utilizados em 
situações de íleo adinâmico, comum pós-cirurgicamente, e compactações do cólon 
maior. A neostigmina aumenta a concentração de acetilcolina e, portanto, estimula 
diretamente a motilidade gastrointestinal. O seu maior efeito adverso é a indução de 
contrações segmentais desorganizadas que pouco contribuem para a progressão da 
ingesta. Outros efeitos incluem o aumento da dor abdominal e sudorese. Com efeito, 
a eficácia final da neostigmina no tratamento do Íleo é bastante questionável. A 
metoclopramida tem sido utilizada como estimulante gastrointestinal (esvaziamento 
gástrico e motilidade do intestino delgado) devido à sua ação antagonista 
dopaminérgica não específica, tendo em conta que a hiperatividade dopaminérgica é 
considerado um fator intrínseco na origem do Íleo adinâmico. No entanto, em doses 
elevadas pode causar estimulação do SNC. Por fim, a eritromicina é um agente 
promotor da motilidade por estimulação dos receptores entéricos (FERNANDES, 
2008). A lidocaína apresenta efeitos pró-cinéticos, analgésicos e anti-inflamatórios e 
tem vindo a ser utilizada nos casos de íleo adinâmico. No que respeita ao período 
pós-cirúrgico, previne o aparecimento deste último e estimula a motilidade 
gastrointestinal (LEAL, 2007). Laxantes, como por exemplo o óleo mineral, atuam 
como adjuvantes em casos de sobrecarga e compactações, porém estudos revelam 
que estão em desuso pois retardam o esvaziamento gástrico, impedem absorção de 
nutrientes e não atravessam massas compactadas (COMIS, 2010). 
 
4.1.7.4 FLUIDOTERAPIA 
O tipo de fluido e a taxa de administração variam grandemente com a fase em 
que se encontra a cólica. A terapêutica inicial é utilizada para corrigir os 
desequilíbrios eletrolíticos e ácido-base. A terapêutica de manutenção é utilizada 
para acompanhar os requerimentos dos pacientes. E a terceira categoria de 
fluidoterapia que consiste na hiperhidratação, que é mais frequentemente 
empregada nos casos de obstruções intraluminais, principalmente no caso de 
compactações do cólon maior. Neste tipo de lesões a fluidoterapia tem como 
objetivo o melhorar a função cardiovascular, o aumento do volume de fluido no 
tratogastrointestinal, que por sua vez contribui para a hidratação e maceração da 
massa impactada, podendo para este fim ser suplementada com cloreto de potássio 
(20 mEq/L) ou utilizando Ringer Lactato (THOMASSIAN, 2000). Nos casos em que a 
obstrução é apenas parcial e não existe refluxo gástrico, a administração de fluidos 
40 
 
orais pelo tudo nasogástrico é uma boa opção terapêutica. A hidratação e passagem 
de compactações ou obstruções intraluminais, geralmente, são conseguidas 
combinando fluidoterapia com a administração de agentes lubrificantes (PEDROSA, 
2008). 
 
4.1.8 TRATAMENTO CÍRURGICO 
A intervenção cirúrgica é indicada quando é possível diagnosticar a causa 
exata da cólica e a lesão obstrutiva requer correção cirúrgica, como por exemplo o 
caso das obstruções por estrangulamento, quando não foi efetuado um diagnóstico 
específico, mas existem evidências suficientes que indicam a necessidade de 
realização de cirurgia; cólicas recorrentes, que se mantém durante dias ou semanas, 
são suspeitos de sofrerem de uma lesão obstrutiva parcial devido a aderências, 
neoplasias, etc. (CAMPELO, 2008). A maioria dos casos de cólica recai na segunda 
categoria. E, apesar dos enormes avanços nas técnicas cirúrgicas e anestésicas e 
no manejo intra-cirúrgico, a taxa de mortalidade dos pacientes submetidos a 
cirúrgica, permanece bastante elevada. A percentagem de cavalos submetidos a 
celiotomia devido a cólica, e que morrem ou são eutanasiados durante a cirurgia 
devido a um estado muito avançado das lesões gastrointestinais, tem sido estimada 
em 8 a 24%. A chave para melhorar a taxa de sobrevivência, consiste, precisamente 
no reconhecimento precoce de uma lesão cirúrgica, antes mesmo de haver 
deterioração da condição do paciente (PESSOA, 2012). 
 
TABELA 3 – TABELA AUXILIAR, PARA CONSTITUIR AOS DIVERSOS 
PARÂMETROS CLÍNICOS UMA DEFINIÇÃO SOBRE A NATUREZA DO 
TRATAMENTO DO PACIENTE EQUINO PORTADOR DE CÓLICA. 
 
 
 
PARAMÊTROS 
 
PROCEDIMENTO 
 
CLÍNICO 
 
CÍRURGICO 
Tempo de cólica < que 8h 
 
 
Tempo de cólica > que 8h 
 
Dordiscreta / moderada, em crise, 
responsiva 
 
 
 
41 
 
 
Fonte: THOMASSIAN, 2005 (adaptado). 
 
 
 
 
 
 
 
Dor intensa, contínua, refratária  
Frequência Cardíaca < de 60 bpm  
Frequência Cardíaca > de 60 bpm  
Mucosas róseas a hiperêmicas, TPC < 
2 seg 
 
Mucosas congestas a cianóticas, TPC 
> 2 seg 
  
Refluxo Gástrico: negativo  
Refluxo Gástrico: positivo  
Ausculta Abdominal: motilidade 
positiva 
 
Ausculta Abdominal: motilidade 
negativa 
  
Distensão Abdominal: negativa  
Distensão Abdominal: positiva  
Defecação: Positiva  
Defecação: Negativa  
 
ACHADOS DE EXAME TRANSRETAL 
 
Encarceramento inguinal  
Intestino delgado distendido  
Fecaloma ou enterólito palpável  
Impactações refratárias  
Baço deslocado  
IG deslocado 
 
  
Tênias intestinais sob tensão  
Torção uterina  
 
42 
 
 
4.2 RELATO DE CASO CLÍNICO 
Um equino, macho, de nove anos, sem raça definida (SRD), foi notificado aos 
veterinários do Regimento, pelo tratador, que o animal apresentava comportamento 
alterado na sua baia. 
 Não fora administrado qualquer medicamento injetável ou oral em dias 
anteriores porém o vermífgo estava em dia. É um animal que permanece sempre na 
baia e só saia para patrulhamento, porém ele não estava acompanhando a patrulha 
por estar com escoriações nos membros. Este equino recebia, uma vez ao dia, 
volumoso de azevèm e feno de alfafa, uma mistura composta de ração e grãos de 
aveia, suplementação de sal mineral e água á vontade. Este equino apresentava 
escore corporal 6. 
Na inspeção visual o animal apresentou-se inqueito, cavava e olhava para o 
flanco. Foi administrado xilazina na dose de 0,5 mg/kg/IV para que fosse possível 
realizar o exame físico. O animal foi avaliado e apresentou 5% de desidratação, 
abaulamento na região do flanco direito, hipomotilidade e acumulo de gás em região 
do ceco na auscultação e dor abdominal moderada. A frequência cardíaca estava a 
44 bpm e a respiratória estava 20 mpm. Mucosa e TPC apresentaram-se dentro do 
paramêtros e a temperatura não foi aferida. Fez-se a sondagem nasogástrica e 
apresentou-se refluxo de coloração verde escura, fermentado, presença de ração 
fermentada e gás. Não foi feito o exame de palpação e paracentese abdominal. A 
frequência cardíaca e respiratória foram reavaliadas e apresentaram decréscimo 
para 40 bpm e 16 mpm, respectivamente, em até 10 minutos após administração da 
Xilazina. 
 Para o tratamento, foi realizado a dose 1.1 mg/kg de fluxina meglumin IV, 2 
frascos de leite de magnésia com um frasco de solução comercial de e silicone a 
30% + metilcelulose (via sonda nasogástrica), e 5 L de solução Ringer com Lactato, 
cálcio e 20 mL de lidocaína via endovenosa. Após realizado este tratamento, o 
animal defecou, porém ainda apresentava o abdome distendido, portanto foi 
realizado mais 8 L de solução Ringer com Lactato (IV), 1 frasco de uma solução 
eletrolítica comercial contendo cloreto de sódio, cloreto de potássio, cloreto de 
cálcio, lactato de sódio, acetilmetionina e sorbitol (IV) e caminhadas contínuas com 
43 
 
animal até o animal apresentar gases. No final do dia o animal foi solto no piquete 
para observação. Ele comeu verde fresco, apresentava-se alerta e houve diminuição 
do tamanho do abdome. No dia seguinte, havia fezes do animal no piquete, o 
abdome estava em tamanho normal e na auscultação havia poucos sons timpânicos 
e motilidade normal. 
4.3 DISCUSSÃO 
A síndrome cólica é uma causa frequente de óbito em equinos, considerada 
como uma das principais enfermidades que requerem atendimento veterinário. Os 
prejuízos econômicos acarretados pela enfermidade são significativos, pois 
frequentemente implicam em custo elevado com o tratamento e a morte dos animais 
(PESSOA et al., 2012). São muitos os fatores de risco que podem levar ao 
aparecimento desta síndrome e muitos estudos têm sido feitos neste campo. De 
acordo com Cruz (2015), os cavalos de idade média têm maior probabilidade de 
terem cólicas do que os cavalos com idade inferior a 2 anos ou superior a 10 anos, 
o animal do caso relatado que tinha nove anos, o qual se encaixava no grupo de 
risco. No estudo de Pessoa et al. (2012), o qual revisou casos de cólicas em 
cavalos de sete raças e SRD do Hospital Veterinário da Universidade Federal de 
Campina Grande, mostrou que cavalos sem raça definida (SRD) foram o segundo 
grupo de maior ocorrência, ficando atrás do grupo da raça quarto de milha (QM), 
como no caso o animal era SRD, e do fator do sexo, o número de machos foi maior 
que o número de fêmeas. Porém, Pedrosa (2008) aborda que a respeito às cólicas 
simples, tanto os machos como as fêmeas parecem estar igualmente afetados. 
 Há uma estreita relação entre a elevada ocorrência de cólica com uma série 
de fatores associados ao confinamento e à rotina dos equinos. A qualidade da ração 
concentrada e a baixa ingestão de volumoso, associadas a fatores como estresse e 
alterações de comportamento provocadas pelo confinamento, podem influenciar na 
fisiologia e funcionamento do aparelho digestivo do equino (LARANJEIRA, 2008), 
quadro de confinamento e tipo de alimentação que também observamos no caso 
relatado. 
No presente caso, o animal estava sem realizar atividades fisícas em razão 
de estar com escoriações nos membros. De acordo com Vieira (2006), quanto mais 
tempo os equinos vivem presos em baias, maiores são suas chances de terem 
cólicas. Baias com tamanhos reduzidos limitam a mobilidade dos equinos, elevando 
44 
 
o nível de estresse dos animais, o que pode resultar em alterações na fisiologia 
digestiva. Laranjeira et al.(2009) ressalta que tanto o excesso, quanto a ausência de 
atividade física e a excitação ou fadiga pelo exercício, podem induzir cólica. . 
Os sinais clínicos da suspeita de cólica no caso relatado mostraram- se 
condizentes com a literatura, de acordo com Cruz (2015), os sinais que caracterizam 
as cólicas nos equinos poderem variar desde uma simples inquietação do animal até 
sinais de dor severa, como por exemplo: Inquietação ou depressão; rolar no chão; 
raspar o chão contínua ou intermitentemente; deitar e levantar repetidamente; olhar 
o flanco. 
No exame clínico do animal, a frequência respiratória estava alterada. De 
acordo com Ferreira et al. (2008), a frequência cardíaca pode estar levemente 
aumentada (40-60 bpm), estando relacionada à hipovolemia e grau de dor. A 
auscultação abdominal revela diminuição dos sons intestinais e a motilidade 
progressiva quase sempre está ausente. Deste modo, é imprescindível executar 
exame clinico geral e especifico completo, assim como exames laboratoriais e outros 
exames complementares (SHEHAN, 2009). O tempo é escasso quando o índice de 
óbitos pela enfermidade é lembrado, mediante a isso, o médico veterinário necessita 
interferir com métodos terapêuticos imediatamente. 
O diagnóstico do caso foi de timpanismo cecal. Ele ocorre como resultado do 
acúmulo excessivo de gases pela fermentação aumentada ou motilidade ineficiente, 
podendo ser localizado ou difuso. O objetivo do tratamento é a drenagem de 
gases da região distendida e prevenção contra posterior formação destes (DE 
OLIVEIRA et al., 2015). Para o tratamento é realizado a tiflocentese, a qual é um 
procedimento simples, realizado para aliviar a fossa paralombar inflada por gás, 
mas, na maioria das vezes, é pouco utilizado, devido a riscos de contaminação 
peritoneal, e consequentemente o desenvolvimento de peritonite (OLIVEIRA E 
OLIVEIRA, 2011). 
O controle da dor é um dos componentesmais importantes no tratamento da 
síndrome cólica. O correto tratamento analgésico irá manter o animal confortável, 
evitando assim, injúrias e aumentando as chances de sobrevida (ZIMMEL, 2003). No 
presente caso foi administrado a xilazina para sedação. Segundo Guirro (2008), os 
α-2 agonistas -adrenérgicos são amplamente empregados na clínica equina, em que 
se destacam pela intensa sedação, facilitando o manuseio do animal. Eles atuam 
através da inibição da libertação de neurotransmissores a nível central, produzindo 
45 
 
analgesia, sedação e relaxamento muscular, além disso, o seu efeito analgésico é 
mais potente e tem início mais rápido que o dos AINEs. 
Após o exame clínico no animal, foi realizada sondagem nasogástrica, que é 
fundamental quando há dilatação abdominal, MOORE (2001) relata que este 
procedimento é muito importante para a descompressão de gás e evacuação de 
fluidos ou então ingesta, estímulo de motilidade e consequente alívio de dor, sendo 
a dilatação intestinal uma das razões causadoras da dor ao animal. 
O tratamento com fluídos em caso de cólica tem por finalidade aliviar a dor, 
recompor a motilidade intestinal e reparar o desequilíbrio hidroeletrolítico (WHITE, 
2009). No caso relatado, o acesso venoso foi feito com um cateter nº 14, para 
através do mesmo fornecer primeiramente analgésico, sendo o de eleição para esse 
caso o fluxina meglumin, que segundo De Oliveira (2009), é o AINE mais 
competente no combate à dor de origem visceral. A administração de uma dose 
única pode inibir a produção de prostaglandinas durante 8 a 12 horas. Porém, ao 
administrar esse fármaco é necessário considerar a capacidade de mascarar 
sintomatologia de enfermidades severas, onde deve ser salientado principalmente 
as oriundas de estrangulamento (PEDROSA, 2008). 
Foi administrado 8 litros de solução eletrolítica isotônica Ringer com Lactato e 
uma solução comercial via intravenosa, que para Ferreira (2009) a administração de 
fluidos através dessa via é fundamental na hidratação do sistema circulatório, tendo 
uma consequente estimulação da secreção para dentro do conteúdo intestinal 
desidratado. Nos quatro primeiros litros de fluidoterapia foi diluído 20 ml de lidocaína 
2% a cada litro de Ringer Lactato, sabendo que a lidocaína sem vasoconstritor 
manifesta efeitos pró-cinéticos (FERNANDES, 2009). 
A aplicação de fluidoterapia intravenosa é indicada em todos os casos, pois 
permite a reposição hídrica e eletrolítica imediata (MANCHA, 2009). No caso, foi 
utilizado leite de magnésia, laxativo osmótico o qual libera colecistocinina que, por 
sua vez, estimula a motilidade gastrointestinal e a secreção de líquidos para o 
interior das alças (CARDOSO, 2013). 
 Foram realizadas caminhadas com a animal enquanto este recebia 
hidratação e reposição eletrolítica intravenosa afim de promover o retorno da 
motilidade e fazer expulsão dos gases, o qual foi benéfico. Alvez, Faleiros e Junior 
(2010) relatam que manter o equino sem se locomover, amarrado ou confinado em 
brete apresenta alguns inconvenientes, entre eles a intensificação do estresse e 
46 
 
ansiedade, aumento de edemas, retardo da defecação, acúmulo de gases e maior 
predisposição ao íleo adinâmico, que constitui uma das três principais causas de 
óbito ou indicação para eutanásia. Dessa forma, é importante que o eqüino operado 
de cólica seja motivado a se movimentar ao passo diversas vezes ao dia ou seja, 
mantido em um piquete que ofereça condições ideais de segurança e conforto, ou 
caminhado no pátio do hospital. Essa prática favorece a adaptação do animal ao 
ambiente estranho, ajuda a dissipar a tensão e a ansiedade, diminuir o tempo de íleo 
pós-operatório e equilibrar a dinâmica circulatória, favorecendo a recuperação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
5. CONCLUSÃO 
 
O estágio curricular obrigatório é uma experiência imprescindível, que liga o 
estagiário as situações reais da rotina, preparando-o para o futuro como Médico 
Veterinário. O estágio é de extrema importância para a formação acadêmica, 
proporcionando desafios para o conhecimento e formas de aplicação na vida 
profissional. Auxilia no desenvolvimento interpessoal e acadêmico. No estágio, foi 
presenciado um caso de síndrome cólica equina a qual é muito comum na área de 
clínica de equinos. A compreensão da epidemiologia desta síndrome é de grande 
relevância para o manejo do equino com cólica e os estudos sobre os fatores de 
risco para sua ocorrência devem ser continuados, considerando-se a possibilidade 
de interferências e variações nestes fatores de acordo com o local no qual estão os 
equinos e demais possíveis interações que possam ocorrer. Na prevenção da 
síndrome cólica deve-se visar sempre a saúde e o bem-estar dos equinos, 
minimizando os riscos para ocorrência de alterações na fisiologia dos animais, 
buscando-se o melhor manejo, juntamente com conhecimento de manejo nutricional 
adequado, que inclui frequência, quantidade e qualidade dos ingredientes da dieta, e 
cuidados regulares com a saúde, visando reduzir a incidência e as perdas 
econômicas ocasionadas pela síndrome cólica. Quando um Médico Veterinário 
atende um cavalo com cólica, tem de ser capaz de tomar uma decisão crítica e 
correta o mais rapidamente possível. Pacientes que são encaminhados aos 
hospitais para cirurgia, têm na sua maioria, lesões gastrointestinais severas que 
podem levar a choque e morte num curto espaço de tempo, por isso a importância 
de saber interpretar os resultados do exame físico e diagnosticar corretamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
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Medicina Veterinária. Disponível em: < http://bit.ly/2fcRsCp >. Acesso em: 03 out. 
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DA CRUZ, D. S.G. M. Cólica em Equinos. Universidade do Porto. Faculdade de 
Medicina Veterinária. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) – 
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