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ATOS PROCESSUAIS E NULIDADES NULIDADES PROCESSUAIS INTRODUÇÃO: PARTES: exigências comuns de validade de todo e qualquer destes atos, isto é, o agente deve ser capaz, o objeto, lícito e a forma, prescrita ou não defesa em lei. As partes, no entanto, além de atender aos requisitos materiais de capacidade jurídica (maioridade, assistência ou representação), devem ser assistidas por advogado. Isso porque, segundo o art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.906, de 04.07.1994, “são nulos os atos privativos de advogados praticados por pessoas não inscritas na OAB” JUIZ: Para o órgão judiciário também há de se observar o pressuposto da capacidade, que se apresenta in casu, sob afeição de competência (CF,art.5º,LIII),o u seja, “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. NOÇÃO DE NULIDADE: A nulidade é, portanto, uma sanção que incide sobre a declaração de vontade contrária a algum preceito do direito positivo. Essa sanção – privação de validade – admite, porém, graus de intensidade. A nulidade é sanção imposta pela não observância dos requisitos processuais para a prática do ato. O ato processual defeituoso produz efeitos até a sua invalidação. Toda invalidade processual é decretada O ato processual defeituoso produz efeitos até a decretação da sua invalidade. Não há invalidade processual de pleno direito. Toda invalidade processual precisa ser decretada. Não há invalidade sem prejuízo (art. 282 p. 1 e 283, p.u). A invalidade processual é sanção que somente pode ser aplicada se houver a conjugação do defeito do ato processual (pouco importa a gravidade do defeito) com a existência de prejuízo. Não há nulidade processual sem prejuízo (pas de nullité sans wief) Nulidade e produção de efeitos. A privação de efeitos do ato não é consequência automática da decretação da nulidade. O fenômeno é mais complexo, e compreende, ao menos, os seguintes estágios: a) deve-se conferir se houve vício (o que trás ínsita a questão de se saber se o ato realizou sua função, isso, é, atingiu sua finalidade essencial, hipótese em que não haverá vício; cf. comentário ao art. 188 do CPC/2015); b) saber se, tendo havido vício, será o caso de decretar ou não a nulidade (poderá ser o caso, p. ex., de se julgar o mérito e não se decretar a nulidade, cf. § 2.º do art. 282 e art. 488 do CPC/2015; ou não ter havido prejuízo, cf. § 1.º do art. 282; ou ter havido convalidação, pela preclusão, cf. art. 278, caput; etc.); c) se, ao final, for decretada a nulidade, perquirir o seu alcance, isso é, que efeitos devem ser cassados, e que efeitos devem ser mantidos (p. ex., reconhecida a incompetência absoluta do órgão julgador, ainda que sua nulidade seja decretada, os efeitos do ato decisório poderão ser mantidos – cf. § 3.º do art. 64 do CPC/2015). Por isso que, consoante há muito se afirma na doutrina, “a nulidade é sanção que só se verifica depois da competente declaração judicial” (Humberto Theodoro Júnior, As nulidades..., RePro 30/38). Não existe, pois, nulidade a priori: mesmo diante de vícios processuais muito graves, a nulidade poderá não ser decretada O art. 139, IX do CPC/2015 dispõe que incumbe ao juiz “determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais”, disposição a que se deve dar o máximo rendimento: pode o juiz não apenas remediar vício que já tenha ocorrido (evitando-se, assim, que se decrete a nulidade), mas, deparando-se com a possibilidade de surgimento de vício processual, tomar medidas tendentes a evitá-lo. 5). Como decorrência dessa regra, o art. 276 do CPC/2015 dispõe expressamente que, “quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa”. “O autor que numa ação real imobiliária não promoveu a citação da mulher do réu e veio a perder a causa não poderá pretender anular o processo pela inobservância do disposto no art. 10, § 1.º, n.º I [do CPC/1973, correspondente ao art. 73, § 1.º, I do CPC/2015]” (Curso..., v. I, n. 291, p. 323). Convalidação do ato processual, caso não alegado o vício na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos. Convalidar é tornar válido. Sob certo ponto de vista, rigorosamente, a convalidação somente sucederia com a correção do ato viciado, isso é, por sua sanação (cf. art. 282, caput do CPC/2015). Na doutrina, porém, costuma-se afirmar que o ato processual pode ser convalidado pela preclusão, pela coisa julgada e pela ausência de prejuízo (Humberto Theodoro Júnior, As nulidades..., RePro 30/38). Sendo assim, o vício não chega a ser corrigido, de fato, mas o ato considerar-se-á válido, como se não houvesse vício. Em se tratando de vício decorrente da não observância de requisito processual estabelecido em proteção da parte, caso o vício não seja alegado pela parte na primeira oportunidade em que tiver que falar nos autos, fica o ato convalidado. Essa regra deve ser observada em relação a quaisquer dos requisitos processuais que resguardem apenas interesse da parte, cuja não alegação conduz à preclusão (inclusive a citação, cf. comentário ao art. 239 do CPC/2015; a respeito, cf. Marco Silveira, Invalidade processual, RePro 841/709) Vício da citação ou intimação e ineficácia do processo. As citações e intimações devem ser realizadas nos termos previstos, respectivamente, nos arts. 238 ss. e 269 ss. do CPC/2015. Caso contrário, os atos subsequentes à citação ou intimação que deveriam ter sido realizadas reputam-se sem efeito. Ex.: “Constatada a ausência de intimação da parte recorrida, bem como o prejuízo sofrido por ela e, ainda, a inexistência de notícia nos autos de que a parte tenha tido oportunidade anterior para alegar tal nulidade, de rigor a realização de nova publicação do acórdão proferido à fl. 254 e nova intimação da empresa, desta vez na pessoa de seu procurador constituído, reabrindo-se, assim, os prazos para o oferecimento de recursos pelas partes. Reputam-se sem nenhum efeito todos os atos processuais subsequentes à nulidade constatada, nos termos dos arts. 247 a 249 do CPC” (STJ, AgRg no REsp 502.109/RS, 2.ª T., rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 18.02.2010). Essa orientação é acertada, mas as consequências da ausência de comunicação são mais abrangentes, pois não apenas os atos posteriores, mas também o próprio ato de que deveria a parte ser intimada não produz efeito, em relação a ela. Assim, “se é nula a intimação do acórdão, este jamais transitará em julgado” (STJ, RMS 14.943/SP, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 1.ª T., j. 17.12.2002). Embora a lei processual fale em nulidade, entendemos que, a rigor, tais atos de comunicação existem ou não existem (e não “existem e são inválidos”). Em todo caso, o comparecimento espontâneo da parte supre a falta de citação ou intimação (cf. § 1.º do art. 239 e § 6.º do art. 272 do CPC/2015). . Restrição da nulidade. Vício de parte do ato. A sanção de nulidade deve ser interpretada restritivamente. Anula-se apenas aquilo que deve ser anulado, isolando-se o ato nulo (ou a porção nula do ato) daquilo que pode ser mantido hígido. O vício de parte destacável do ato não repercute em relação à sua porção que seja independente (art. 281, 2.ª parte, do CPC/2015). Todo o sistema de nulidades conduz a esse modo de pensar. Assim, apesar de considerar sem efeito os atos dependentes do anulado (art. 281 do CPC/2015), dispõe a lei processual que devem ser desfeitos somente os atos “que não possam ser aproveitados” (art. 283 do CPC/2015). Absoluta (nulidade): interesse público, juiz de ofício (art. 278, p.u). Diz respeito à função jurisdicional, como condições da ação, vícios de citação. Pode ser suprida (art. 282), mas nunca convalidada Relativa (anulabilidade): Sempre, porém, que a ilegalidade tiver repercussão sobre interesse apenas privado da parte (que, por isso, tem disponibilidade do direito tutelado pela norma ofendida), o que ocorre é a anulabilidade (ou nulidade relativa). Pela menor repercussão social do vício, a lei reserva para o titular da faculdadeprejudicada o juízo de conveniência sobre anular ou manter o ato defeituoso. Não cabe ao juiz, por sua própria iniciativa, decretar a invalidação de ato apenas anulável. Ex: notícia do agravo, convenção de arbitragem (art. 337, p. 3) INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS: só se considera nulo e sem efeito se, além de inobservância da forma legal, não tiver alcançado a sua finalidade. O juiz não decretará a nulidade nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta: (a)se não houve prejuízo para a parte (art. 282, § 1º);22 (b) quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade (art. 282, § 2º) É possível que a nulidade afete outros atos processuais contaminados (art. 281) MOMENTO DA ARGUIÇÃO: A nulidade relativa deve ser arguida pela parte interessada em sua decretação na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos, após o ato defeituoso, sob pena de preclusão (NCPC, art. 278), isto é, de perda da faculdade processual de promover a anulação. Permite o parágrafo único do art. 278 que a parte elida a preclusão, provando legítimo impedimento, que não lhe permitiu a alegação no momento adequado. CONEXÃO, CONTINÊNCIA E PREVENÇÃO, LITISPENDÊNCIA, PEREMPÇÃO Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção. Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. A conexão pressupõe demandas distintas, mas que mantêm entre si algum nível de vínculo. A conexão, para fim de modificação de competência, tem por objetivo promover a eficiência processual (já que semelhantes, é bem possível que a atividade processual de uma causa sirva a outra) e evitar a prolação de decisões contraditórias. O art. 55, §1o, determina que as causas conexas serão reunidas para decisão conjunta. Ex: paternidade e alimentos, consignação e despejo, declaratória de inexistência de dívida e cobrança Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. Ex: anulação cláusula, depois anulação do contrato. Conexão e continência são causas de prorrogação da competência. Prorrogar a competência é tornar um órgão, até então relativamente incompetente, competente. A conexão ocorre entre demandas que tenham mesmo objeto e/ou causa de pedir. Ou seja, mesmo pedido e/ou fundamento jurídico do pedido. É uma exigência da lei para que não existam decisões contraditórias sobre um mesmo assunto. Tom e Jobim são dois acionistas de uma determinada sociedade anônima: ambos, em processos distintos, pleiteam a anulação de uma determinada assembléia. Os juízes não poderiam decidir de forma distinta (um declarando-a válido, e outro anulando-a), então ocorre a conexão, em relação ao juiz prevento. Prevento é, em regra, o juiz que expediu o primeiro despacho liminar positivo (citação). Já a continência, que não passa de uma conexão específica, é a reunião de demandas que tenham as mesmas partes e causa de pedir, mas o objeto de uma abrange o da outra. Para simplificar, imagine uma demanda em que Chico pede seja declarada a existência de dívida de Buarque em virtude de contrato de mútuo. Numa outra demanda, o mesmo Chico pede agora a condenação de Buarque a pagar a tal dívida do mesmo mútuo. Evidentemente, a segunda engloba a primeira (pagamento abrange reconhecimento), logo devem ser reunidas. Também se reunem em favor do juiz prevento. § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso. § 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. Art. 486, p. 3º. Dá-se a perempção quando o autor der causa por três vezes à extinção do processo por abandono Em consequência da perempção, embora não ocorra extinção do direito subjetivo material, fica o autor privado do direito processual de renovar a propositura da mesma ação. Pode, todavia, a questão ser suscitada em defesa. Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. A prevenção funciona como mecanismo de integração em casos de conexão: é o instrumento para que se saiba em qual juízo serão reunidas as causas conexas. A prevenção decorre do registro ou da distribuição da petição inicial (art. 59, CPC). Se houver mais de uma vara na comarca, a petição inicial há de ser distribuída; caso seja comarca de vara única, a petição será apenas registrada. Critério simples e único. Prevento é o juízo a que primeiramente foi designada uma das causas conexas. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa; V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; VIII - conexão; X - convenção de arbitragem; XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
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