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HANS OFICIAL 2

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SOBRESP 
 
CAROLINE MIGNOT, NAIANE NEVES, ROXANE NASCIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICANÁLISE 
ANÁLISE DE UMA FOBIA EM UM MENINO DE CINCO ANOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTA MARIA/RS 
2018 
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INTRODUÇÃO 
Se atualmente o tema de sexualidade infantil ainda causa bastante 
estranheza, imaginamos esta mesma temática nos anos de 1909, onde as famílias 
eram mais conservadoras. Freud revolucionou ao abordar temas referentes à 
sexualidade na infância, este foi assunto destaque no caso do menino Hans, 
abordado no livro “A analise da fobia de um garoto de cinco anos” (Sigmund Freud, 
1909). O caso do pequeno Hans abriu as portas não somente para discutir a 
sexualidade infantil, mas principalmente a origem da psicanálise infantil, sendo este 
o primeiro caso a ter uma abordagem do estudo da sexualidade presente em uma 
criança, analisada por Freud. 
Cabe ressaltar que o caso não foi propriamente acompanhado por Freud, e 
sim o próprio pai do menino. O fato de o caso ter sido acompanhado pelo pai do 
garoto foi influenciado por Freud, pois o pai freqüentava reuniões semanais na 
presença de Freud, no qual o instigava a fazer observações e questionamentos em 
seu filho, visando obter informações para obter mais dados a cerca da sexualidade 
infantil. 
Segundos Freud (1909), o fato de o pai ter conduzido o caso, foi de muita 
importância, visto que a criança poderia assim falar mais abertamente e ate mesmo 
fazer confidencias ao mesmo, pois o garoto poderia assim sentir-se mais a vontade 
em relatar tais assuntos na presença do pai. Porem até que ponto essa criança pode 
falar livremente sem a influência de seu pai, visto que, este, por muitas vezes 
acabava por pressionar o pequeno menino, a responder determinadas perguntas, 
este que por sua vez, poderia responder ao pai de forma induzida. 
O fato é que por mais que este pai influenciasse ou ate mesmo incentivasse 
o direcionamento das respostas das perguntas feitas ao filho, este teve tarefa 
incansável de compreender tais questões apresentadas pelo filho, unindo ao fato de 
Hans ser espontâneo e ter um vocabulário amplo, fez com que seu pai adentrasse 
nos mais diversos assuntos, tendo em vista que os pais do garoto, por serem 
adeptos da Psicanálise, optaram por criar o menino, de forma livre, para que ele 
pudesse se expressar abertamente sem ser advertido. 
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Tais apontamentos feitos pelo pai do menino Hans, foram fundamentais para 
a construção da teoria da sexualidade infantil, proposta por Sigmund Freud, 
abordada até os dias de hoje. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DESENVOLVIMENTO 
Na analise da fobia de um garoto de cinco anos (1909), escrita por Sigmund 
Freud, foi desenvolvido uma ampla investigação e descrição da fobia de um menino, 
no qual foi nomeado Hans, o caso contou com as observações feitas pelo pai do 
menino, quando o mesmo possuía três anos de idade, para que então fosse 
analisada por Freud. Foi dada uma ênfase na neurose infantil, fobia, desenvolvendo 
teorias sobre a sexualidade infantil, complexo de Édipo e castração, bem como as 
fases psicossexuais desenvolvidas durante a infância. 
A sexualidade infantil é sempre um tema que gera polemica, pois é um tema 
delicado para ser debatido, ainda mais quando lido por pessoas que desconhecem 
da teoria proposta por Freud, o que por sua vez, provoca uma dificuldade na 
aceitação do assunto. Essa abordagem que foi apresentada por Freud, é bem 
oposta à visão predominante de sexualidade, a qual está mais ligada ao ato sexual, 
com o foco na reprodução da espécie humana. 
Onde, segundo Freud (1905), o indivíduo encontra o prazer em seu próprio 
corpo, e não me refiro aqui somente durante a fase adulta, mas também muito 
presente durante a infância, no qual o ato de tocar o corpo do bebê, ou ate mesmo 
ele realizar o ato de tocar-se, o faz ser conhecedor e ter a descoberta de seu próprio 
corpo. 
Hans é um menino que se encontra na fase fálica, denominada por Freud 
em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, onde o interesse da criança esta 
voltado para a região genital, onde começam os questionamentos a respeito de seu 
pênis. 
A questão da sexualidade no menino Hans, tem como ponto de partida a 
descoberta de seu órgão sexual, chamado por ele de “faz pipi”, seus 
questionamentos sobre a temática, o fato de que os animais possuem pênis e seres 
inanimados não possuem, bem como os tamanhos de alguns “faz pipi” que ele 
encontrara em alguns animais, fez com que o menino despertasse grande 
curiosidade, o que fazia com que o mesmo acabasse por se tocar inúmeras vezes, 
não somente durante o dia, mas principalmente durante a noite. 
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O fato de Hans estar sempre questionando devido a sua curiosidade, bem 
como manuseando seu pênis, fez com que sua mãe o repreendesse, alegando que 
a atitude do menino era algo nojento, e ate mesmo o ameaçando cortar o seu “faz 
pipi”. Ato este, que iniciou no garoto o medo pela castração, o medo de perder o seu 
pênis, visto que, sua mãe não era possuidora do mesmo. Levando em consideração, 
que na fase fálica, uma grande importância é depositada em relação a seu órgão 
sexual, e perdê-lo faria com que o menino se sentisse inferior ou até mesmo menos 
amado, está situação desencadeou uma angustia no menino. 
Outra questão, se não a principal, que acabou por fazer com que o menino 
manifestasse sua angustia, e posteriormente uma fobia, foi o desejo pela mãe e o 
medo de perdê-la, bem como seus cuidados e amor. Como o desejo pela mãe era 
intenso, Hans passa a competir com seu pai, vendo o mesmo como um rival, 
ameaça, ou seja, a figura que poderia tirar a mãe dele. 
A comparação com seu pai também era algo presente, principalmente ao 
relacionar o tamanho de seu órgão genital com o de seu pai, onde no entendimento 
do menino, sua mãe acabara por lhe amar menor devido a seu pequeno “faz pipi” 
(FREUD,1909). 
Devido a tais comparações, por inúmeras vezes, Hans desejou a morte de 
seu pai, bem como este fosse embora, para que assim fosse possível o garoto ficar 
sozinho com a mãe. Aqui, percebeu-se o desejo reprimido do garoto, em um passeio 
que ele fez com sua cuidadora, no qual ele presenciou a queda de um cavalo e 
posteriormente a sua morte, sendo assim, Hans associou a figura de seu pai, com a 
de um cavalo. 
Percebe-se aqui, que Hans esta passando pelo Complexo de Édipo, onde o 
garoto tem como objeto de desejo a sua mãe, e tem o pai como rival, aquele que é a 
figura de castração deste amor fantasiado pelo garoto (FREUD, 1905). Cabe aqui 
ressaltar, que o complexo de Édipo é fundamental para o desenvolvimento do 
indivíduo. 
 
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Porém, ao perceber seu pai como figura castradora, e ter medo do castigo 
do mesmo, o menino Hans começou então a organizar-se quanto ao lugar que ele 
ocuparia na família, percebendo e aceitando não ser possuidor da mãe, Hans passa 
então identificar-se com o pai. 
Os investimentos objetais são abandonados e substituídos por uma 
identificação. A autoridade do pai inserida no ego forma o núcleo do 
superego, que assume a severidade do pai e perpetua a proibição deste 
contra o incesto, defendendo o ego do retorno da libido (FREUD, 1977, p. 
221). 
 
Os relatos da fobia do menino começaram por volta dos três anos, onde este 
era um menino bem ativo, alegre e lucido, características condizentes a uma criança 
de sua idade, sendo este muito apegado com sua mãe. 
 Os pais optaram em sua criação, por deixá-lo crescer livremente, sem 
intimidações. Eram adeptos as descobertasa cerca da psicanálise, os pais 
de Hans haviam concordado em não utilizar na educação do filho, mais 
coerção do que a que fosse absolutamente necessária para manter um bom 
comportamento. E, á media que a criança se tornara um menininho alegre, 
bom e vivaz, a experiência de deixá-lo crescer a expressar-se sem 
intimidações prosseguiu satisfatoriamente (FREUD,1909,p.16). 
 
Quanto a essa fobia com cavalos manifesta no menino por volta dos quatro 
anos, Hans começou a apresentar sinais de angustia e grande sofrimento, bem 
como características de medo irracional direcionado a um objeto, o objeto fóbico em 
questão era um cavalo, fobia que se tornou geradora de grande sofrimento ao 
menino. Hans desenvolveu a fobia baseado no medo intenso da castração e por não 
ser possível ter a mãe como objeto de desejo, isto fez com que o menino deslocasse 
tal angustia e ansiedade para algo do mundo externo, neste caso o cavalo, que 
então veio por desencadear o quadro de fobia do garoto. 
A fobia de cavalos que fazia menção a figura paterna, estava diretamente 
ligada ao desejo que o menino sentia por estar sempre junto a sua mãe, a restrição 
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do menino quanto à figura de seu pai, foi associada ao fato de que quando seu pai 
não estava por perto, o menino Hans conseguia passar o tempo que desejasse junto 
a sua amada mãe, logo então surge o desejo de se „livrar‟ do pai. Então, a 
associação ao cavalo que morde, se refere ao medo que menino sentia de ser 
punido pelo pai, pelo fato dele nutrir esse desejo por sua mãe. 
No século passado o pai da psicanálise, Sigmund Freud deu grande 
importância ao tema, deixando para a comunidade científica um caso 
sobejamente conhecido “Pequeno Hans”, Freud (1909), cuja fobia a cavalos 
escondia o medo do pai pelo desejo incestuoso pela mãe num Édipo ainda 
sem resolução. Onde essa fobia é caracterizada por uma série de 
transtornos que geram ansiedade, por vezes bem definidos, não perigosos 
aos olhos dos outros, mas muito ameaçadores para o sujeito. As situações 
ou objetos fobigenos são evitados a todo custo, ou suportados com um 
sofrimento enorme. O sujeito até pode reconhecer que o seu medo não tem 
razão para existir, logo é irracional, mas não o consegue evitar. Outros 
enfrentam o medo numa atitude contra-fóbica. Esses medos interferem 
significativamente na rotina normal do sujeito nas suas atividades e nas 
relações com outros (CRAVEIRO, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A obra de Freud, O Pequeno Hans (1909), foi fundamental para o que hoje 
conhecemos por psicanalise infantil, bem como a abordagem de uma sexualidade 
infantil presente nas crianças. Onde conhecer estas teorias da sexualidade torna-se 
fundamental para a compreensão de doenças psíquicas, tais como a fobia, como foi 
mencionado no presente trabalho. 
Freud também mostrou, o quanto é preciso ouvir as crianças, para assim 
melhor conhece-los, bem como ter a possibilidade de aliviar os sintomas. Onde a 
presença dos pais no desenvolvimento desta criança, é crucial. 
Percebeu-se também que a psicanalise possibilita uma extensa gama de 
interpretações, como por exemplo, o medo de cavalo de Hans, onde se tem toda 
uma contextualização por trás de um “simples” medo de cavalos. 
A construção do presente trabalho nos possibilitou uma gratificante 
construção teórica, e por consequência, um aprendizado a cerca não somente do 
desenvolvimento da sexualidade infantil, mas também a origem dos estudos da 
mesma, que vieram por contribuir e originar o que hoje temos por psicanalise infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
FREUD, Sigmund. Publicações pré-psicanalíticas e esboços inéditos. Rio de 
Janeiro, Imago, 1977. p.221. (Edição Standard da Obras Psicológicas Completas de 
Sigmund Freud, Rio de Janeiro: Imago, 1996. 
CRAVEIRO, L. Fobias – múltiplos aspectos. 2009. Apresentado no site: 
www.psicologia.com.pt – o portal dos psicólogos. 
FREUD, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de 
Janeiro: Imago 1996. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas 
de Sigmund Freud, v. II). 
FREUD, S. (1909). Análise de uma Fobia em um Menino de Cinco Anos. Rio 
de Janeiro:Imago,1990 (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas 
Completas de Sigmund Freud,v. X).

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