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O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 1 
Apresentação ................................................................................................................................ 6 
Aula 1: Direito processual ............................................................................................................. 7 
 ............................................................................................................................. 7 Introdução
 ................................................................................................................................ 8 Conteúdo
Estado monopolista........................................................................................................... 8 
Separação de poderes ...................................................................................................... 9 
Função jurisdicional .......................................................................................................... 9 
Princípios da jurisdição ................................................................................................... 12 
Atividade proposta .......................................................................................................... 14 
A criação do Código de Processo Civil........................................................................ 15 
Histórico do Código de Processo Civil ........................................................................ 16 
A concepção do novo Código de Processo Civil ...................................................... 23 
Objetivos do novo Código Processual Civil ............................................................... 25 
Atividade proposta .......................................................................................................... 27 
........................................................................................................................... 27 Referências
 ......................................................................................................... 28 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 33 
 ..................................................................................................................................... 33 Aula 1
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 33 
Aula 2: Movimentos de acesso à justiça ..................................................................................... 36 
 ........................................................................................................................... 36 Introdução
 .............................................................................................................................. 37 Conteúdo
Acesso a Justiça – um direito social ............................................................................ 37 
Princípios do acesso à justiça ........................................................................................ 39 
Princípios do acesso à justiça - acessibilidade........................................................... 39 
Princípios do acesso à justiça - operosidade ............................................................. 40 
Princípios do acesso à justiça - utilidade .................................................................... 40 
Princípios do acesso à justiça - proporcionalidade .................................................. 42 
A prática das mudanças ................................................................................................. 42 
Efetividade da prestação judicial .................................................................................. 43 
Reformas do Código de Processo Civil ....................................................................... 43 
Princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa ............................. 46 
Lei 11.276/06 ..................................................................................................................... 48 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 2 
Súmulas ............................................................................................................................. 50 
Acesso ao judiciário ........................................................................................................ 51 
Lei nº 11.280/2006 – cláusula de eleição de foro ..................................................... 52 
Lei nº 11.280/2006 – utilização dos meios eletrônicos na prática de atos 
processuais ....................................................................................................................... 54 
Lei nº 11.280/2006 – resolução de mérito.................................................................. 55 
Lei 11.280/2006 – ação rescisória ................................................................................ 57 
Atividade proposta .......................................................................................................... 58 
........................................................................................................................... 60 Referências
 ......................................................................................................... 61 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 68 
 ..................................................................................................................................... 68 Aula 2
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 68 
Aula 3: Princípios processuais constitucionais ............................................................................ 70 
 ........................................................................................................................... 70 Introdução
 .............................................................................................................................. 71 Conteúdo
Importância dos princípios no direito processual ..................................................... 71 
Princípios processuais mais relevantes ....................................................................... 72 
Devido processo legal ..................................................................................................... 72 
Isonomia ............................................................................................................................ 75 
Juiz natural ....................................................................................................................... 75 
Inafastabilidade do controle jurisdicional ................................................................... 76 
Publicidade dos atos processuais ................................................................................. 77 
Motivação das decisões judiciais .................................................................................. 78 
Duração razoável do processo...................................................................................... 81 
Código de processo civil – nova ideologia ................................................................ 84 
Necessidade de renovação do direito processual .................................................... 87 
Processo justo .................................................................................................................. 88 
Garantias fundamentais .................................................................................................89 
Motivação das decisões judiciais .................................................................................. 89 
Garantias fundamentais ................................................................................................. 90 
Atividade proposta .......................................................................................................... 92 
........................................................................................................................... 93 Referências
 ......................................................................................................... 95 Exercícios de fixação
Notas ......................................................................................................................................... 100 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 101 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 3 
 ................................................................................................................................... 101 Aula 3
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 101 
Aula 4: O processo justo ............................................................................................................ 104 
 ......................................................................................................................... 104 Introdução
 ............................................................................................................................ 105 Conteúdo
Garantias individuais e estruturais.............................................................................. 105 
A ideia do contraditório ................................................................................................ 106 
O princípio do contraditório ........................................................................................ 107 
Democratização do sistema de aplicação da tutela ............................................... 108 
Devido processo legal ................................................................................................... 110 
Essência do contraditório ............................................................................................ 110 
Contraditório – garantia de ciência bilateral............................................................ 111 
Contraditório - premissas ............................................................................................ 112 
Revalorização do contraditório ................................................................................... 115 
Garantia ........................................................................................................................... 117 
Inovações do CPC ......................................................................................................... 119 
Doutrina e jurisprudência ............................................................................................ 121 
Atividade proposta ........................................................................................................ 122 
......................................................................................................................... 123 Referências
 ....................................................................................................... 125 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 131 
 ................................................................................................................................... 131 Aula 4
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 131 
Aula 5: O processo eletrônico ................................................................................................... 134 
 ......................................................................................................................... 134 Introdução
 ............................................................................................................................ 135 Conteúdo
Processo eletrônico - definição .................................................................................. 135 
Evolução legislativa ....................................................................................................... 135 
Lei nº 9.800/99 ............................................................................................................... 135 
Prática de atos processuais por meio eletrônico .................................................... 137 
Decisões disponíveis em mídia eletrônica ................................................................ 138 
Disciplinando o processo eletrônico ......................................................................... 139 
Lei de Informatização do Judiciário .......................................................................... 139 
Lei nº 11.419/06 .............................................................................................................. 141 
Conselho Nacional de Justiça ..................................................................................... 142 
Tabelas processuais ...................................................................................................... 143 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 4 
Revolução do Judiciário pátrio ................................................................................... 144 
Instituição do sistema processo judicial eletrônico ................................................ 145 
Projeto do novo CPC e o processo eletrônico ........................................................ 148 
Atividade proposta ........................................................................................................ 152 
......................................................................................................................... 153 Referências
 ....................................................................................................... 154 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 160 
 ................................................................................................................................... 160 Aula 5
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 160 
Aula 6: Tutela de urgência ......................................................................................................... 163 
 ......................................................................................................................... 163 Introdução
 ............................................................................................................................ 164 Conteúdo
Tutela de urgência - considerações .......................................................................... 164 
Tutela antecipada .......................................................................................................... 165 
Tutela cautelar................................................................................................................ 168 
Tutela inibitória .............................................................................................................. 172 
O novo CPC e a tutela de urgência ............................................................................ 173 
Tutela antecipada – Artigos 296 a300...................................................................... 175 
Tutela antecipada – Artigos 301 a 305 ...................................................................... 176 
Tutela de evidência – Artigo 306................................................................................ 178 
Tutela cautelar – Artigos 307 a 312 ............................................................................ 178 
Atividade proposta ........................................................................................................ 179 
......................................................................................................................... 181 Referências
 ....................................................................................................... 182 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 189 
 ................................................................................................................................... 189 Aula 6
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 189 
Aula 7: Novo procedimento cognitivo ...................................................................................... 192 
 ......................................................................................................................... 192 Introdução
 ............................................................................................................................ 193 Conteúdo
Procedimento do CPC .................................................................................................. 193 
Petição inicial .................................................................................................................. 193 
Sentença terminativa .................................................................................................... 195 
Princípio da estabilidade da demanda ....................................................................... 195 
Matéria controvertida unicamente de direito .......................................................... 197 
Dupla conformidade ..................................................................................................... 198 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 5 
Providências preliminares ............................................................................................ 198 
Audiência preliminar ..................................................................................................... 199 
Petição inicial e o pedido ............................................................................................. 201 
Legitimidade ................................................................................................................... 203 
Grupos de restrições ..................................................................................................... 204 
Agravo de instrumento ................................................................................................. 206 
Atividade proposta ........................................................................................................ 209 
......................................................................................................................... 210 Referências
 ....................................................................................................... 211 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 216 
 ................................................................................................................................... 216 Aula 7
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 216 
Aula 8: Novo procedimento cognitivo ...................................................................................... 219 
 ......................................................................................................................... 219 Introdução
 ............................................................................................................................ 220 Conteúdo
Processo – instrumento de satisfação ....................................................................... 220 
Sistema processual ........................................................................................................ 220 
Rigor formal e objetivos do ato .................................................................................. 221 
Flexibilização procedimental ....................................................................................... 222 
Alternativas e não cumulativas ................................................................................... 225 
Carga dinâmica .............................................................................................................. 228 
Atividade proposta ........................................................................................................ 230 
......................................................................................................................... 231 Referências
 ....................................................................................................... 233 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 239 
 ................................................................................................................................... 239 Aula 8
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 239 
Conteudista ............................................................................................................................... 242 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 6 
 
Nesta disciplina apresentaremos as principais características do Projeto do novo 
Código de Processo Civil. 
 
Examinaremos a evolução legislativa, desde o anteprojeto até a versão final do 
Senado Federal, em uma perspectiva comparativa com o texto do Código atual. 
Analisaremos os principais tópicos, passando pelas garantias fundamentais, 
poderes do juiz, adoção do sistema de precedentes, além das principais 
modificações que serão introduzidas no procedimento comum. 
 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
1. Apresentar uma visão geral do Projeto do novo Código de Processo Civil 
Brasileiro, traçando linhas de comparação com o texto atual; 
2. Enfocar algumas das questões mais relevantes do novo CPC, tais como as 
garantias constitucionais aplicadas, os poderes do juiz, a flexibilidade 
procedimental e a carga dinâmica da prova; 
3. Capacitar o aluno a se preparar para a mudança legislativa a partir do exame 
das novas tendências doutrinárias e jurisprudenciais. 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 7 
Introdução 
Nesta aula, veremos as principais mudanças pelas quais tem passado o 
moderno processo civil brasileiro. A partir da noção de neoconstitucionalismo, é 
proposto um novo alcance para o termo jurisdição. 
 
Isto é visto não apenas diante das recentes reformas na legislação processual, 
mas, sobretudo, ante a perspectiva de um novo Código de Processo Civil que se 
avizinha. 
 
Objetivo: 
1. Apresentar uma nova feição para a jurisdição neoconstitucional; 
2. Examinar as recentes reformas na legislação processual brasileira e abordar 
as premissas do novo CPC.O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 8 
Conteúdo 
Estado monopolista 
Originariamente, a fraqueza do Estado permitia apenas que este 
estabelecesse os direitos. Diante desse cenário, cabia aos titulares desses 
direitos as suas próprias defesas e efetivações por meio da justiça privada, 
impossibilitando a almejada paz social. 
Porém... 
 
A insegurança gerada pela justiça privada desencadeou o fortalecimento 
do Estado e o aprimoramento da correta concepção de Estado de Direito, 
desenvolvendo maior apreciação pela Justiça Pública ou Justiça Oficial. Com 
isso, o Estado apropriou-se do encargo de definir, aplicar e executar o 
direito, quando injustamente resistidos, de forma monopolista. 
 
Segundo Humberto Theodoro Jr., a ampla aceitação e obediência à ordem 
jurídica pelos membros da coletividade dão-se porque estas se 
estabeleceram fundamentadas na garantia da paz social e do bem 
comum, o que autoriza ao Estado, diante de uma transgressão a essas 
garantias, a adoção de medidas de coação, tendo em vista a proteção do 
ordenamento e sua credibilidade. 
 
No direito romano, diante da necessidade de proteger e defender direitos aos 
titulares do direito lesado era permitido invocar junto aos magistrados os 
institutos da actio e da interdicta. Tais institutos eram, contudo, medidas 
de ordem administrativa exercidas pelo praetor romano, o que depõe traços 
diversos da jurisdição que temos conhecimento e demonstra que, segundo a 
doutrina mais antiga, apenas a actio teria natureza jurisdicional. 
 
 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 9 
 
Atenção 
 Como se sabe, a jurisdição (jurisdictio, em latim) traduz-se na 
“ação de dizer o direito”; resulta da soberania do Estado e, junto 
às funções administrativa e legislativa, compõe as funções 
estatais típicas. 
 
Separação de poderes 
Não obstante, o entendimento das funções do Estado Moderno está 
rigorosamente associado à célebre obra de Montesquieu, O Espírito das Leis. 
 
Essa obra mostra que o Estado seria representado pela separação dos 
poderes. Atualmente, vem prevalecendo a ideia de que o poder, como 
expressão da soberania estatal, é, na verdade, uno e indivisível. 
 
Na concepção da doutrina mais moderna, a clássica expressão 
“separação de poderes” deve ser interpretada como uma divisão funcional 
de poderes. Convencionalmente chamada de funções do Estado, a divisão 
compreende, por conseguinte, as funções legislativa, administrativa e 
jurisdicional. Respectivamente, essas são as chamadas funções típicas dos 
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. 
 
Função jurisdicional 
Segundo dispõe a Convenção Americana de Direitos Humanos, a função 
jurisdicional deve ser exercida por um "tribunal imparcial" lato sensu, que, nas 
palavras de Leonardo Greco, "é aquele dotado de dois atributos, que são notas 
essenciais da jurisdição, quais sejam: independência e imparcialidade em 
sentido estrito“. Com isso, conclui-se que é uma função exclusiva de 
magistrados. 
 
A partir dessa ideia, podemos identificar a jurisdição como sendo, 
simultaneamente: 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 10 
Um poder: capacidade de impor suas decisões imperativamente. 
 
Uma função: como encargo que o Estado assume de pacificar os conflitos 
sociais. 
 
Uma atividade. 
 
Corroborando com o exposto até então, Candido Rangel Dinamarco ressalta 
que a jurisdição não consiste em um poder, mas, sim, o próprio poder estatal, 
que é uno. 
 
A jurisdição apresenta as seguintes características: 
 
Função de atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de 
interesses, tornando-os juridicamente irrelevantes ao ato emanado, em regra, 
do Poder Judiciário. 
 
Atividade exercida mediante provocação. 
 
Particularização. 
 
Imparcial. 
 
Imutável. 
 
Segundo Chiovenda, jurisdição é a função estatal que tem por finalidade a 
atuação da vontade concreta da lei, substituindo a atividade do particular pela 
intervenção do Estado. Em sendo a jurisdição uma atividade de substituição, há 
de existir algo a ser substituído para que se possa caracterizá-la. Este 
entendimento segue a doutrina positivista e reduz drasticamente os poderes do 
juiz, pois a vontade do povo é expressa pela lei, a qual é o produto da atividade 
do legislador. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 11 
Em oposição, coloca-se a teoria constitutiva ou unitarista do ordenamento 
jurídico. Francesco Carnelutti, adepto da teoria, afirma que a jurisdição é a 
função do Estado que busca a justa composição da lide, caracterizada pela 
exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio, bem como 
pela resistência da outra parte. Nessa visão, só haveria processo e jurisdição se 
houvesse lide. Em conclusão, não existiria um direito até que o Poder Judiciário 
– e não o Poder Legislativo – o conferisse, de modo que a jurisdição teria o 
intuito de resolver o litígio. 
 
Há, contudo, alguns doutrinadores que acabaram por reunir os conceitos de 
ambas as escolas, por entenderem complementares e não excludentes, como 
Moacyr Amaral Santos, ao conceituar o processo como "o complexo de atos 
coordenados, tendentes à atuação da vontade da lei às lides ocorrentes, por 
meio dos órgãos jurisdicionais".1 
 
O conceito de lide de Carnelutti desenvolve-se a partir da ideia de que, se a 
pretensão2 é a "subordinação de um interesse alheio ao interesse próprio", a 
resistência seria justamente a inconformidade dessa pretensão em frente ao 
interesse alheio. Diante dessa afirmativa, formou-se o famoso conceito de lide, 
segundo o qual seu objeto seria o conflito de interesses formado pela 
contestação quanto à necessidade de subordinação de um interesse a outro. 
Por fim, necessário fazer a referência à obra de Luiz Guilherme Marinoni,3 que 
vem retomando a ideia de um Processo Civil constitucionalizado, revendo os 
conceitos tradicionais de jurisdição apresentados pelos mestres italianos. 
Marinoni sustenta que "diante da transformação da concepção de direito, não 
há mais como sustentar as antigas teorias da jurisdição, que reservavam ao juiz 
a função de declarar o direito ou de criar a norma individual, submetidas que 
eram ao princípio da supremacia da lei e ao positivismo acrítico. O Estado 
 
1 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 25. ed. v. 1. São 
Paulo: Saraiva, 2007. p. 13. 
2 CARNELUTTI, Francesco. Instituições do Processo Civil. Tradução Adrián Sotero de Witt 
Batista. v. 1. Campinas: Servanda, 1999. p. 80-81. 
3 MARINONI, Luiz Guilherme. A jurisdição no Estado contemporâneo: Estudos de direito 
processual civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 13-66. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 12 
constitucional inverteu os papéis da lei e da Constituição, deixando claro que a 
legislação deve ser compreendida a partir dos princípios constitucionais de 
justiça e dos direitos fundamentais. Expressão concreta disso são os deveres de 
o juiz interpretar a lei de acordo com a Constituição, de controlar a 
constitucionalidade da lei, especialmente atribuindo-lhe novo sentido para evitar 
a declaração de inconstitucionalidade, e de suprir a omissão legal que impede a 
proteção de um direito fundamental". 
 
Assim, facilmente apreende-se por todo o exposto que não é possível conceber 
nos dias atuais a atividade jurisdicional divorciada dos princípios constitucionais, 
em especial os princípios do acesso à justiça e da dignidade da pessoa humana. 
Pela Teoria da Jurisdição Constitucional, a jurisdição teria como objeto primárioa garantia da aplicação dos princípios constitucionais àquele processo. A lei não 
mais seria o centro do conceito de jurisdição. A partir dessa mudança, surge a 
expressão do juiz garantista – muito usada no processo penal – como sendo 
aquele que está preocupado em aplicar os princípios e garantias constitucionais. 
As principais características da jurisdição, capazes de distingui-la das demais 
funções estatais e que, em regra, estão presentes em todas as suas 
manifestações, são: a inércia, a substitutividade e a natureza declaratória.4 
 
Princípios da jurisdição 
A jurisdição se caracteriza, ainda, pelos princípios abaixo: 
 
Investidura 
O princípio da investidura está ligado à forma de ingresso dos legitimados a 
exercer o poder. O juiz precisa estar investido na função jurisdicional para 
exercer a jurisdição, ou seja, ele precisa ter sido aprovado em um concurso de 
provas e títulos, como estabelece o artigo 37, II, CF. De acordo com o artigo 
132, CPC, no caso de o juiz estar licenciado, afastado, aposentado ou 
 
4 Tal classificação não goza de unanimidade na doutrina, havendo quem sustente serem 
características a lide (partidários da doutrina de Carnelutti), a secundariedade e a definitividade. 
Assim, conforme Michel Temer, a definitividade seria a característica primordial da jurisdição. 
TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional. 11. Ed. São Paulo: Malheiros, 1998. p. 
161. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 13 
convocado, ele não estará mais investido de jurisdição, não podendo mais 
prestá-la. Nesses casos, será incabível a aplicação da teoria da aparência, já 
que não existe investidura na jurisdição. 
 
Territorialidade 
Pelo princípio da territorialidade, o juiz só pode exercer a jurisdição dentro de 
um limite territorial fixado na lei. A exceção a esse limite está prevista apenas 
no artigo 107, CPC, segundo o qual a competência do juiz prevento prorroga-se 
para a parte do imóvel que esteja localizado em Estado ou comarca diversa, e 
no artigo 230, CPC, que prevê que atos de citação poderão ser cumpridos pelos 
oficiais de Justiça em comarcas contíguas, que não aquela da competência do 
juízo. 
 
Indeclinabilidade 
O princípio da indeclinabilidade consiste no fato de que o juiz não se pode 
furtar a julgar a causa que lhe é apresentada pelas partes. Trata-se da 
chamada proibição de o juiz proferir o non liquet, ou seja, afirmar a 
impossibilidade de julgar a causa por inexistir dispositivo legal que regula a 
matéria. Esse princípio está previsto no artigo 126, CPC. Ademais, em um 
desdobramento lógico do princípio do juiz natural e da improrrogabilidade, é 
vedado o exercício da jurisdição a quem dela não esteja previamente investido, 
segundo a lei e a Constituição. 
 
Indelegabilidade 
A indelegabilidade é a vedação que se aplica integralmente no caso do poder 
decisório, pois violaria a garantia do juiz natural. Há, porém, hipóteses em que 
se autoriza a delegação de outros poderes judiciais, como o poder instrutório, 
poder diretivo do processo e poder de execução das decisões. São exemplos os 
casos previstos no artigo 102, I, m, e no artigo 93, XI, ambos da CF. 
 
 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 14 
Inafastabilidade 
Um dos mais importantes princípios para o presente estudo é o da 
inafastabilidade da apreciação pelo Poder Judiciário (artigo 5º, XXXV, CF), 
que se fundamenta na ideia de que o direito de ação é abstrato e não se 
vincula à procedência do que é alegado. Não há matéria que possa ser excluída 
da apreciação do Judiciário, salvo raríssimas exceções previstas pela própria 
Constituição, vide artigo 52, I e II. 
 
Juiz natural 
O princípio do juiz natural consiste na exigência da imparcialidade e da 
independência dos magistrados. Essa garantia deve alcançar, inclusive, o 
âmbito administrativo, tanto em relação aos juízes dos tribunais administrativos 
quanto às autoridades responsáveis pela decisão de requerimentos nas 
repartições administrativas. 
 
Atividade proposta 
(MP/RJ – XXXI CONCURSO 2009). O Ministério Público ajuizou ação civil pública 
visando a obrigar determinado Município a fornecer medicamentos necessários 
à manutenção da vida de pessoas idosas enfermas e com deficiência física, mas 
com o necessário discernimento para os atos da vida civil. Em contestação, 
alegou-se ilegitimidade ativa por se tratar de direitos individuais de pessoas 
com plena capacidade para seus atos, bem como impossibilidade jurídica do 
pedido por ausência de determinação da fonte de custeio e por se tratar de 
tema afeto à discricionariedade administrativa. Acolhendo tais argumentos, o 
juiz extinguiu o processo sem resolução do mérito e remeteu os autos ao 
Tribunal para reexame necessário, não tendo havido recurso do Ministério 
Público. 
 
Por não haver necessidade de provas, o Tribunal reformou a sentença e julgou 
o mérito do processo favoravelmente ao Ministério Público, excluindo a 
condenação em honorários advocatícios em razão da natureza da parte autora. 
Manifeste-se objetivamente sobre as decisões judiciais. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 15 
Chave de resposta: A questão trata das chamadas prestações sociais 
positivas, ou seja, hipóteses nas quais o Poder Judiciário é chamado a sanar 
uma omissão do Poder Executivo no que se refere à implementação de uma 
garantia constitucional. O candidato deve abordar questões, como: a 
legitimidade do M. P., o uso da ação civil pública para proteger o direito à 
saúde (previsto em sede constitucional), a figura do recurso ex officio e a teoria 
da causa madura, prevista nos parágrafos 3º e 4º do artigo 515 do CPC. 
 
A criação do Código de Processo Civil 
O atual Código de Processo Civil, introduzido em nosso ordenamento 
jurídico pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, foi baseado no anteprojeto 
de autoria de Alfredo Buzaid. 
 
Inaugurou‑se a fase instrumental, pela qual o processo não seria um fim em 
si mesmo, mas um instrumento para assegurar direitos. Com isso, surgiu 
a relativização das nulidades e a liberdade das formas para maior efetividade da 
decisão judicial. 
 
Para Buzaid, mais fácil se afigurava a criação de um novo Código Processual 
Civil que a correção do já existente, devido não só à pluralidade e diversidade 
de leis processuais então vigentes, mas também à necessidade de serem 
supridas diversas lacunas e falhas do Código de 1939, que o impediam de 
funcionar como instrumento de fácil manejo no auxílio à administração da 
Justiça. 
 
O CPC de 1973 permanece em vigor até hoje. Contudo, sofreu inúmeras 
alterações, sobretudo a partir do início da década de 1990, quando iniciou-se a 
chamada Reforma Processual, processo fragmentado em dezenas de pequenas 
leis que se destinam a fazer mudanças pontuais e ajustes “cirúrgicos”. 
 
Nas telas seguintes, você analisará o movimento do legislador brasileiro em prol 
das reformas processuais, sobretudo a partir da Emenda nº 45/04. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 16 
Histórico do Código de Processo Civil 
2004 
 
Em dezembro de 2004, depois de intensos debates, foi finalmente aprovada e 
editada a Emenda Constitucional nº 45, que traz em seu bojo a chamada 
“Reforma do Poder Judiciário”. 
 
Tal diploma inclui no Texto Constitucional temas relevantes, tais como: a 
garantia da duração razoável do processo, a federalização das violações aos 
direitos humanos, a súmula vinculante, a repercussão geral da questão 
constitucional como pressuposto para a admissibilidade do recurso 
extraordinário e os Conselhos Nacionaisda Magistratura e do Ministério Público. 
Anexo ao texto da Reforma é assinado pelos Chefes dos Três Poderes da 
República um “pacto” em favor de um Judiciário mais rápido, eficiente e 
Republicano. Esse pacto trouxe um novo pacote de reformas ao CPC, o que 
denotou, de maneira bem clara, que as modificações até então empreendidas 
não haviam sido suficientes para a efetiva melhora na qualidade da prestação 
jurisdicional. 
 
2005 
Vários projetos foram, então, encaminhados ao Congresso Nacional, 
principalmente pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil, originando 
outras alterações, dentre as quais: 
 
Lei nº 11.187/2005: alterou novamente o regime do agravo. 
Lei nº 11.232/2005: deu novo tratamento à execução, por quantia certa 
fundada em sentença, estendendo a essa a comunhão entre as instâncias 
cognitiva e executória, consagrando o sincretismo como regra, antes relegado à 
figura de situação excepcional no cenário executivo brasileiro. 
 
 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 17 
2006 
No ano de 2006, novas alterações foram feitas em virtude de outros diplomas, 
que também enviaram novos projetos ao Congresso Nacional. Confira: 
 
• Lei nº 11.277/2006: dispõe sobre uma nova e polêmica hipótese de 
sentença liminar; 
• Lei nº 11.276/2006: inseriu no nosso ordenamento a denominada súmula 
obstativa de recurso e alterou disposições relativas à apelação; 
• Lei nº 11.280/2006: incluiu no texto do Código diversas disposições de 
relevo; 
• Lei nº 11.341/2006: alterou o parágrafo único do artigo 541, CPC; 
• Lei nº 11.382/2006: criou nova sistematização para a execução fundada 
em títulos extrajudiciais; 
• Lei nº 11.417/2006: disciplina a edição, a revisão e o cancelamento de 
enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal; 
• Lei nº 11.418/2006: acrescenta dispositivos que regulamentam o §3º do 
artigo 102 da Constituição Federal; 
• Lei nº 11.419/2006: dispõe sobre a informatização do processo judicial. 
 
2007 
No ano de 2007, mais alterações foram feitas em virtude de outros diplomas, 
que também enviaram novos projetos ao Congresso Nacional. 
 
Lei nº 11.441/2007: simplifica o procedimento para o inventário, partilha, 
separação e divórcio consensuais; 
Lei nº 11.448/2007: atribui legitimidade à Defensoria Pública para a 
propositura de ação civil pública. 
 
2008 
Em 2008, também houve alterações oriundas de novos projetos enviados ao 
Congresso Nacional por diplomatas. São elas: 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 18 
Lei nº 11.672/2008: inseriu a letra c no artigo 543, CPC, regulamentando o 
julgamento pelo STJ dos processos repetitivos. 
Lei nº 11.694/2008: alterou os arts. 649 e 655-‑A ao tratar da execução de 
dívidas dos Partidos Políticos. 
 
No período de julho de 2008 a fevereiro de 2010, diversas leis e duas emendas 
constitucionais trouxeram alterações relevantes para o processo civil. A Lei nº 
11.737, de 14 de julho de 2008, alterou a redação do artigo 13 da Lei nº 
10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que previa que as transações de alimentos 
celebradas perante o Promotor de Justiça, e por ele referendadas, terão efeito 
de título executivo extrajudicial, dispensando a parte, em caso de 
descumprimento do acordo, de ajuizar uma ação de conhecimento para discutir 
os alimentos devidos, a fim de avançar para a cobrança do que foi celebrado no 
acordo. A alteração passou a prever que a transação de alimento firmada 
perante Defensor Público, e por ele referendada, também terá valor de título 
executivo extrajudicial. 
 
2009 
No ano 2009, foi assinado o II Pacto Republicano. Em 13 de abril de 2009, foi 
assinado o II Pacto Republicano. O referido Pacto, assinado pelos três poderes 
(Executivo, Legislativo e Judiciário), em sua segunda versão, tem como 
objetivos o acesso à Justiça, especialmente dos mais necessitados (inciso I), o 
aprimoramento da prestação jurisdicional (inciso II) e o aperfeiçoamento e 
fortalecimento das instituições do Estado (inciso III). 
 
Como forma de concretizar esses objetivos, o Pacto traz várias medidas, sendo 
algumas delas a disciplina do mandado de segurança individual e coletivo, 
especialmente quanto à medida liminar e aos recursos, a conclusão das normas 
relativas ao funcionamento do Conselho Nacional de Justiça, o aprimoramento 
para maior efetividade ao pagamento de precatórios, a revisão das normas 
processuais, visando agilizar e simplificar o processamento das ações, através 
da restrição das hipóteses do reexame necessário e da redução dos recursos, o 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 19 
fortalecimento da Defensoria Pública, a revisão da lei da ação civil pública, e a 
instituição dos Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios. 
 
Em 29 de julho de 2009, a Lei nº 12.008 dispôs sobre a prioridade concedida à 
pessoa idosa. A referida lei confere prioridade no trâmite processual a todos os 
procedimentos em que figure como parte pessoa idosa, assim entendida como 
aquela que tiver 60 anos ou mais; pessoa portadora de deficiência física ou 
mental e pessoas com doenças graves, descritas no inciso IV do art. 69-A da 
Lei nº 9.784/99, que regula o processo no âmbito da Administração Pública 
Federal, ainda que estas doenças tenham sido contraídas no curso do processo. 
A referida lei dispõe, ainda, que as pessoas nessas situações deverão 
comprovar sua condição e, ainda que faleçam no curso do processo, a 
prioridade permanecerá, estendendo-se tal benefício a seus sucessores. 
 
Em 7 de agosto de 2009, concretizando uma das previsões do II Pacto 
Republicano (item 1.5), entrou em vigor a Lei nº 12.016. A referida lei revogou 
diversas leis já existentes, dentre elas a Lei nº 1.533/51, que dispunha sobre o 
mandado de segurança individual, e passou a dispor não só sobre o mandado 
de segurança individual como, regulamentando os incisos LXIX e LXX do art. 5º 
da Constituição Federal, em dois artigos, passou a dispor também sobre o 
mandado de segurança coletivo. 
 
No que tange ao mandado de segurança coletivo, a Lei nº 12.016, como 
mencionado, regulamentou, em seus arts. 21 e 22, os dispositivos 
constitucionais, dispondo sobre a legitimação para o mandado de segurança 
coletivo, o objeto, a coisa julgada, a litispendência e a necessidade de oitiva da 
pessoa jurídica de direito público, prevendo a aplicação das disposições sobre o 
mandado de segurança individual no que houver compatibilidade. Contudo, o 
legislador limitou a previsão do mandado de segurança coletivo apenas aos 
direitos coletivos e individuais homogêneos, sem que esta restrição tenha 
qualquer base constitucional. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 20 
Em 15 de dezembro de 2009, a Lei nº 12.122 incluiu às causas de 
procedimento sumário as de revogação da doação, incluindo o inciso g ao art. 
275, CPC. 
 
No dia seguinte, 16 de dezembro de 2009, a Lei nº 12.126 veio ampliar o rol de 
legitimados a propor ações nos Juizados Especiais Cíveis no âmbito estadual, 
fazendo acréscimos ao § 1º do art. 8º da Lei nº 9.099/95 para prever também 
como legitimados a serem partes nos juizados estaduais as pessoas físicas 
capazes, desde que excluídos os cessionários das pessoas jurídicas (inciso I), as 
microempresas, segundo definição da Lei nº 9.841/99 (inciso II) e as pessoas 
jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, 
assim qualificadas pela Lei nº 9.790/99 (inciso III). 
 
Ainda em dezembro de 2009, mais uma lei trouxe alterações à redação da Lei 
nº 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiaisno âmbito estadual: a Lei 
nº 12.137, de 18 de dezembro de 1999. A referida lei alterou o art. 9º, § 4º, da 
Lei nº 9.099, que previa que, no caso de o réu ser pessoa jurídica, poderia ser 
representado por preposto para especificar que este deve estar munido de 
carta de preposição, com poderes de transigir, mas que não precisa ter vínculo 
empregatício. 
 
A Lei nº 12.153, de 22 de dezembro de 2009, realizando a previsão do item 3.3 
do II Pacto Republicano, previu a criação de Juizados Especiais da Fazenda 
Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, sendo que 
estes, junto com os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, passarão a integrar o 
“Sistema dos Juizados Especiais”. 
 
2010 
Em 14 de janeiro de 2010, a Lei nº 12.195 alterou os incisos I e II do artigo 
990, CPC, possibilitando que sejam nomeados como inventariantes o cônjuge 
casado sob o regime da comunhão de bens, que estivesse convivendo com o 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 21 
outro ao tempo de sua morte, e o herdeiro que se achar na posse e 
administração do espólio, se não houver cônjuge supérstite. 
 
Em setembro de 2010, a Lei nº 12.322, que entrou em vigor em dezembro de 
2010, transformou o agravo de instrumento interposto contra decisão que não 
admite recurso extraordinário ou especial em agravo nos próprios autos, 
alterando dispositivos do Código de Processo Civil. 
 
Não se tratou de mera alteração formal do agravo, já que, agora, o recurso não 
chega ao Tribunal Superior por instrumento. Não são remetidas as cópias dos 
autos principais para os Tribunais Superiores, mas, sim, os próprios autos. 
Diante da alteração legislativa, o próprio Supremo Tribunal Federal, em 1º de 
dezembro de 2010, modificou seu Regimento Interno para prever uma nova 
classe processual, denominada recurso extraordinário com agravo. 
 
Em 29 de novembro de 2010, não há uma nova lei, mas uma resolução do 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que recebeu o nº 125, tratando de formas 
de solução de conflitos no Poder Judiciário. A resolução enfatiza a conciliação e 
a mediação como instrumentos efetivos de pacificação social, solução e 
prevenção de litígios, sem, contudo, deixar de se referir a outros meios de 
solução de conflitos e se preocupa com a excessiva judicialização dos conflitos 
de interesses. 
 
Já em dezembro de 2010, a Lei nº 12.376 alterou apenas a ementa do Decreto 
nº 4.657/42, também conhecida como Lei de Introdução ao Código Civil (LICC). 
Mais do que uma lei de introdução ao Código Civil, o referido diploma trata da 
regra geral de aplicação das normas, trazendo, inclusive, regras relevantes para 
o processo internacional e, por isso, a alteração veio apenas para dispor que o 
diploma, mais do que uma introdução ao Código Civil, deve se chamar “Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro”. 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 22 
Todavia, não foram apenas essas novas leis em 2010 que caracterizaram 
menos alterações do que no ano anterior. Neste ano, houve também uma 
Emenda Constitucional, a EC nº 66, que trouxe impacto relevante não só para o 
Direito Civil, mas também para o Processo Civil. 
 
A partir da Emenda Constitucional nº 66/2010, surgiram inúmeras divergências 
no Direito Civil que influenciaram os procedimentos judicial e extrajudicial de 
separação e de divórcio. Alguns civilistas afirmam que teria acabado a 
separação no Brasil, enquanto outros acreditam que não se colocou fim à 
separação, mas apenas suprimiu os requisitos de 1 (um) ano de separação 
judicial para o requerimento do divórcio ou de 2 (dois) anos de separação de 
corpos para o divórcio direto. 
 
Em consequência, questionou-se qual seria a previsão dos procedimentos 
extrajudiciais a partir da Emenda Constitucional nº 66, se haveria a previsão de 
separação e de divórcio pela via extrajudicial ou apenas de divórcio direto. 
Em resposta ao pedido de providência ao Conselho Nacional de Justiça, feito 
pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família, solicitando que a Resolução nº 35 
do CNJ, que regulamenta os procedimentos extrajudiciais, fosse adequada à 
Emenda Constitucional, ficou definido que o art. 53 da referida resolução 
estaria revogado e o art. 52 manteve a possibilidade de se requerer tanto a 
separação como o divórcio direto pela via extrajudicial. 
 
2011 
No dia 2 de junho de 2011, foi elaborada uma resolução conjunta do CNJ 
(Conselho Nacional de Justiça) com o CNMP (Conselho Nacional do Ministério 
Público), prevendo a criação de um cadastro nacional de informações de ações 
coletivas, inquéritos civis e termos de ajustamento de conduta. 
 
A referida resolução previa que tais informações ficassem disponíveis na rede 
mundial de computadores até o dia 31 de dezembro de 2011, apresentando 
informações sobre todos os procedimentos que estavam em curso à época. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 23 
2012 
Lei nº 12.665, de 13 de junho de 2012 
Dispôs sobre a criação da estrutura permanente para as Turmas Recursais dos 
Juizados Especiais Federais. 
 
A concepção do novo Código de Processo Civil 
Através do fluxograma abaixo, conheça as etapas que foram necessárias para 
desenvolvimento do novo CPC. 
 
Criação do Projeto de Lei 
 
O P. L. nº 8.046/2010, que almeja a edição de um novo Código de Processo 
Civil, foi elaborado por uma comissão composta por diversos juristas, que 
concluiu, em dezembro de 2009, a primeira fase de seus trabalhos. Em seguida, 
submeteu a proposta elaborada a oito audiências públicas, que resultaram na 
análise de mais de mil sugestões e, finalmente, ao processo legislativo. 
 
Constituição da Comissão do Senado 
 
O projeto foi apresentado ao presidente do Senado no dia 8 de junho de 2010, 
como PL nº 166/2010. Foi, então, constituída uma comissão no Senado para 
apresentar emendas ao projeto até o dia 27 de agosto de 2010 e, em 
novembro de 2010, já havia a divulgação dos relatórios parciais sobre o 
projeto. 
 
Projeto Substitutivo 
 
O relatório da Comissão do Senado, no dia 24 de novembro de 2010, veio com 
a apresentação de um projeto substitutivo, o PLS nº 166/2010, do Senador 
Valter Pereira, que foi aprovado no Senado no dia 15 de dezembro de 2010, 
após algumas mudanças no texto do projeto substitutivo. 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 24 
Julgado o requerimento de criação da Comissão 
 
Em 5 de julho, já na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o Requerimento 
nº 1.560/2011, de criação de comissão especial para análise do projeto de lei, é 
julgado prejudicado, tendo em vista a determinação de instalação da Comissão 
Especial. 
 
Realização de consulta pública 
 
Houve uma consulta pública, oportunizando a todos que desejassem se 
manifestar sobre quaisquer dispositivos do novo Código através da internet e, 
no dia 16 de junho, a Comissão Especial é criada, com 25 (vinte e cinco) 
membros titulares e igual número de suplentes, mais um titular e um suplente, 
atendendo ao rodízio entre as bancadas não contempladas. Em 1º de julho de 
2011, é retificado o ato de criação da Comissão Especial para avaliar o projeto 
de novo Código, mas a correção é apenas no dispositivo do regimento interno 
da Câmara, mantendo-se a determinação de criação de uma Comissão Especial 
para avaliar o projeto. 
 
Requerimento de Comissão Especial para análise do PL 
 
O projeto foi, então, para a Câmara dos Deputados, como PL nº 8.046/2010, 
seguindo, no dia 5 de janeiro de 2011, para a Mesa Diretora da Câmara dos 
Deputados. No dia 3 de fevereiro de 2011, o projeto estava na Coordenação de 
ComissõesPermanentes e, no dia 4 de maio de 2011, em plenário, foi 
requerida a nomeação de comissão especial para analisar o projeto para um 
novo Código de Processo Civil. 
 
Reescrita do texto do projeto de lei 
 
Designada a Comissão, a partir do segundo semestre de 2011, foram realizadas 
diversas reuniões e audiências públicas, tendo sido o texto dividido em cinco 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 25 
partes, sob a relatoria parcial de cinco deputados. Substituído o Relator Geral 
pelo Dep. Paulo Teixeira, o texto foi redesenhado. Foram sistematizados: a 
versão inicial que chegou à Câmara (PL nº 8.046/2010), os relatórios parciais, o 
relatório Barradas e a Emenda nº 1. 
 
Apresentação do novo CPC em texto 
 
Em meados de junho daquele ano, foi idealizado o texto provisório com todas 
essas modificações. Ocorre que, em agosto, o Dep. Barradas reassumiu a 
relatoria do projeto e apresentou o relatório geral da Comissão Especial do 
Novo CPC, em texto de 17 de agosto. 
 
Aprovação do Novo Código de Processo Civil 
 
Já no ano de 2013, foram apresentadas duas novas versões, uma em janeiro e 
outra em junho. Em julho, o texto foi aprovado pela Comissão Especial e 
remetido ao pleno. Em dezembro de 2013 e março de 2014, foram 
apresentados e votados destaques. Finalmente, em 25 de março, foi votada e 
aprovada a versão final, que já foi devolvida ao Senado. 
 
Objetivos do novo Código Processual Civil 
Agora que você já compreendeu todo o histórico da concepção do novo Código 
Civil, veja quais benefícios esta mudança teve para toda a nação brasileira. 
 
Independentemente da versão a ser analisada, é possível dizer que a ideia 
norteadora do texto é a de conferir maior celeridade à prestação da justiça, 
atentando à premissa de que há sempre bons materiais da legislação anterior a 
serem aproveitados, mas, também, firme na crença de que são necessários 
dispositivos inovadores e modernizantes. O projeto, portanto, empenhou-se na 
criação de um “novo Código”, buscando instrumentos capazes de reduzir o 
número de demandas e recursos que tramitam pelo Poder Judiciário. 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 26 
O novo CPC abrange uma nova ideologia, um novo jeito de compreender o 
Processo Civil. Pela leitura do texto, é possível perceber a preocupação em 
sintonizar as regras legais com os princípios constitucionais, revelando a feição 
neoconstitucional e pós-positivista do trabalho. Os institutos são revistos, o 
procedimento é abreviado, os recursos são reservados para os casos 
relevantes, os precedentes passam a ter maior prestígio, o processo eletrônico 
é viabilizado, e a efetividade, finalmente, parece se tornar algo mais próximo e 
palpável. 
 
Tendo como premissa essa meta, construiu-se a proposta de instituição de um 
incidente de resolução de demandas repetitivas, objetivando evitar a 
multiplicação das solicitações, na medida em que o seu reconhecimento em 
uma causa representativa de milhares de outras idênticas imporá a suspensão 
de todas. 
 
Outra previsão é a redução do número de recursos hoje existentes, como a 
abolição dos embargos infringentes e do agravo, como regra, adotando-se no 
primeiro grau de jurisdição uma única impugnação da sentença final, 
oportunidade em que a parte poderá manifestar todas as suas discordâncias 
quanto aos atos decisórios proferidos no curso do processo, ressalvada a tutela 
de urgência impugnável de imediato por agravo de instrumento. 
 
A conciliação foi priorizada, incluindo-a como o primeiro ato de convocação do 
réu a juízo, uma vez que proporciona larga margem de eficiência em relação à 
prestação jurisdicional. 
 
As mudanças pensadas pela Comissão de juristas quando da elaboração do 
novo texto são diversas e objetivam não enfrentar centenas de milhares de 
processos, mas, antes, desestimular a ocorrência do volume atual de 
demandas, com o que visa tornar efetivamente alcançável a duração razoável 
dos processos. 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 27 
Atividade proposta 
A partir de uma visão neoconstitucional, identifique três importantes 
características da jurisdição contemporânea. 
 
Chave de resposta: Como pode ser visto no material de leitura, a jurisdição 
contemporânea é baseada nas seguintes premissas: preocupação em preservar 
as garantias constitucionais, busca pela efetivação do direito material, aumento 
dos poderes do juiz (sobretudo quanto à instrução, modulação temporal dos 
efeitos da decisão, deferimento de medidas de urgência, cautelares e 
satisfativas e gerenciamento do ônus da prova), respeito aos precedentes e 
decisão uniforme das questões idênticas e repetitivas. 
 
Referências 
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Tendências Contemporâneas do Direito 
Processual Civil. In: Temas de Direito Processual: Terceira Série. São Paulo: 
Saraiva, 1984. 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. v. 1. 
São Paulo: Malheiros, 2001. p. 297. 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. v. 1. 
São Paulo: Malheiros, 2001. 
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO PROJETO DO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL. PLS 166/10. Disponível em: http://www.senado.gov.br/novocpc>. 
FUX, Luiz. O Novo Processo Civil Brasileiro: direito em expectativa. Rio de 
Janeiro: Forense, 2011. 
GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil. v. 1. Rio de Janeiro: 
Forense, 2009. 
GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil. v. 1. Rio de Janeiro: 
Forense, 2009, p. 67. 
MARINONI, Luiz Guilherme. A jurisdição no Estado contemporâneo: 
Estudos de direito processual civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 
MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo: Nova Cultural, 1997. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 28 
PINHO, H. D. B. ; Almeida, M. P. de. O Novo Ciclo de Reformas do CPC. v. 
4. Rio de Janeiro: Quaestio Iuris, 2006. p. 53-75. 
SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Jurisdição e Execução na Tradição 
romano-canônica. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. p. 25. 
THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 52 ed. v. 1. 
Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 45-46. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
(VUNESP – 2012 – DPE-MS – Defensor Público) 
O princípio da inércia da jurisdição: 
a) É absoluto, sem possibilidade de sofrer qualquer forma de mitigação. 
b) Pode ser mitigado na jurisdição voluntária, mas não na contenciosa. 
c) Está presente mesmo na instauração de inventário de ofício. 
d) É consequência do princípio constitucional de devido processo legal. 
e) Nenhuma das alternativas acima. 
 
Questão 2 
(CESPE – 2013 – TJ-MA – Juiz) 
No que concerne à Lei Processual Civil superveniente, assinale a opção correta. 
a) Encontrando-se o processo em curso, é facultado ao juiz aplicar a lei 
nova ou a lei anterior que melhor atenda à rápida solução da lide, 
amparado no princípio constitucional da celeridade processual. 
b) Nesse caso, aplica-se a regra do isolamento dos atos processuais, de 
modo que a lei nova é aplicada aos atos processuais pendentes, tão logo 
entre em vigor, respeitados os já praticados e seus efeitos. 
c) Os efeitos dessa lei atingem os processos ajuizados após a edição desta, 
não se aplicando a nova lei processual aos processos em curso. 
d) A nova regra processual editada no curso do processo não se aplica no 
grau de jurisdição em que o processo tramita, repercutindo-se os seus 
efeitos nos graus de jurisdição subsequentes. 
e) Nenhuma das alternativas acima. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 29 
Questão 3 
(FCC – 2013 – AL-PB – Procurador) 
O pedido do autor delimita a jurisdiçãoa ser prestada. O princípio processual 
que informa essa delimitação é o da: 
a) Duração razoável do processo 
b) Eventualidade 
c) Imparcialidade 
d) Adstrição ou congruência 
e) Celeridade ou economia processuais 
 
Questão 4 
(VUNESP – 2014 – EMPLASA – Analista Jurídico) 
Entre os princípios constitucionais do processo, está o da ubiquidade, o qual 
determina que: 
a) Nenhuma ameaça ou lesão de direito individual ou coletivo será 
subtraída à apreciação do Poder Judiciário. 
b) O juiz deve tratar as partes de maneira isonômica, ainda que isto 
signifique tratar desigualmente os desiguais. 
c) O juiz, no exercício da função jurisdicional, deve se pautar por critérios 
de equidade, em todos os seus termos. 
d) Em caso de dúvida sobre quem tem razão, o juiz não poderá deixar de 
sentenciar, devendo aplicar a regra do ônus da prova. 
e) O juiz, no exercício da função jurisdicional, deve agir com imparcialidade, 
em todos os seus termos, permanecendo equidistante das partes. 
 
Questão 5 
(CESPE – 2013 – TRT – 5ª Região (BA) – Juiz do Trabalho) 
Acerca dos princípios aplicáveis ao Processo Civil e do juízo de admissibilidade, 
assinale a opção correta. 
a) De acordo com o princípio da complementaridade, o magistrado está 
autorizado a aceitar as razões apresentadas após interposto o recurso, 
se isto não resultar prejuízo ao contraditório. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 30 
b) Embora desprovida de vedação legal explícita, a regra da proibição 
da reformatio in pejus tem um de seus fundamentos no princípio do 
dispositivo. 
c) Caracteriza desistência tácita do direito de recorrer o cumprimento, pela 
parte vencida, de sentença suspensa em face do recebimento de recurso 
no duplo efeito. 
d) Caso a parte vencida tenha recorrido da sentença proferida, se sobrevier 
decisão, em embargos de declaração interpostos posteriormente, 
modificando o ato, o recurso poderá ser novamente interposto. 
e) Realizado juízo de admissibilidade de recurso especial pelo presidente do 
tribunal recorrido, o ato impede que o relator no tribunal destinatário o 
tenha por inadmissível. 
 
Questão 6 
(TRF 4ª Região – 2000 – Juiz Federal Substituto) 
Considerar as seguintes afirmações, indicando, adiante, a alternativa correta: 
I – No processo civil moderno, não mais se admite o princípio da inércia da 
jurisdição. 
II – Em nosso sistema, a competência relativa é regida pelo princípio da 
perpetuatio jurisdictionis. 
III – Em nosso sistema, o princípio da demanda é aplicável tanto ao processo 
de conhecimento quanto ao processo de execução. 
a) As três afirmações estão inteiramente corretas 
b) Apenas as afirmações II e III estão inteiramente corretas 
c) Apenas a afirmação III está inteiramente correta 
d) Apenas a afirmação II está inteiramente correta 
 
Questão 7 
Defensor Público de Classe Inicial. Princípio dispositivo no Direito Processual 
Civil. 
I) Contrapõe-se ao princípio inquisitivo, de modo que ao julgador é vedada 
iniciativa na produção de provas e na investigação dos fatos da causa, sob pena 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 31 
de comprometimento da sua imparcialidade, buscando- se, no Processo Civil, 
apenas a verdade formal, com o reconhecimento do caráter mítico e utópico da 
verdade real. 
II) Com a modernização do Processo Civil, voltada, sobretudo, para a 
reaproximação entre direito material e processual, decorrência do movimento 
do acesso à justiça, o princípio dispositivo ganhou novos contornos, sendo 
permitido ao juiz determinar, de ofício, a produção de provas, mesmo que 
sejam determinantes para o resultado da causa. 
III) Embora o princípio dispositivo possua limitações, não é dado ao julgador, 
sob pena de comprometimento da sua imparcialidade e de violação à 
característica da inércia da jurisdição, determinar, de ofício, as provas 
necessárias à instrução do processo, devendo julgar com base na regra de 
distribuição do ônus da prova. 
IV) De acordo com o atual estágio do Processo Civil Brasileiro, marcado, 
notadamente, pelo caráter publicista, o princípio dispositivo, no que concerne à 
postura equidistante do julgador, está relacionado tanto com a propositura da 
ação e com a fixação dos contornos da lide quanto com a investigação dos 
fatos e com a produção de provas necessárias à instrução do processo. 
V) A publicização do processo e o fenômeno da judicialização da política 
imprimiram maior efetividade ao princípio dispositivo tanto no seu sentido 
material quanto formal, reduzindo as possibilidades de ser relativizado. 
Está correta a opção: 
a) I 
b) II 
c) III 
d) IV 
e) V 
 
Questão 8 
(MPT – 2009 – MPT – Procurador do Trabalho) 
A propósito dos princípios gerais e fundamentais do Processo Civil, considere as 
seguintes proposições: 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 32 
I – O direito processual constitucional abrange, de um lado, ( a ) a tutela 
constitucional dos princípios fundamentais da organização judiciária e do 
processo; de outro, ( b ) a jurisdição constitucional. 
II – O contraditório e ampla defesa são assegurados em todos os processos, 
inclusive administrativos, desde que neles haja litigantes ou acusados. 
III – A Constituição Federal de 1988 deu concretude à igualdade processual 
que decorre do princípio da isonomia, transformando-a no princípio da paridade 
de armas, mediante o equilíbrio dos litigantes no Processo Civil, sendo, todavia, 
vedado ao juiz determinar a produção de provas, sem requerimento das partes, 
por violar o princípio da imparcialidade. 
IV – Em ação civil de indenização por danos morais e materiais, em face do 
normatizado na Carta Magna, que considera inadmissíveis, no processo, as 
provas obtidas por meios ilícitos, a gravação de conversa telefônica feita por 
um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal 
de sigilo ou de reserva da conversação, não é considerada prova ilícita. 
De acordo com as assertivas retro, pode-se afirmar que: 
a) O item I é certo e o item II é errado. 
b) O item I é errado e o item III é certo. 
c) O item III é errado e o item IV é certo. 
d) O item II é errado e o item III é certo. 
e) Não respondida. 
 
Questão 9 
O princípio da inafastabilidade ou do controle jurisdicional expresso na 
Constituição Federal garante: 
a) O acesso ao Poder Judiciário a todos 
b) A ampla defesa às partes 
c) O juiz natural a todos 
d) O juiz imparcial a todos 
e) O poder diretivo do processo ao juiz 
 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 33 
Questão 10 
(ESAF – 2001 – SERPRO – Analista de Assuntos Jurídicos) 
Relativamente aos princípios constitucionais do Processo Civil, é correto afirmar 
que: 
a) O princípio do juiz natural consiste exclusivamente na proibição de 
tribunais de exceção. 
b) O princípio da igualdade é ofendido pelas normas legais que atribuem 
prerrogativas processuais à Fazenda Pública e ao Ministério Público. 
c) O princípio do contraditório tem o seu conteúdo limitado à ciência 
bilateral dos atos contrariáveis. 
d) O devido processo legal, no sentido unicamente processual, assegura o 
direito ao procedimento contraditório. 
e) A concessão de providência jurisdicional cautelar, sem a ouvida prévia da 
parte contrária, implica violação ao contraditório. 
 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - C 
Justificativa: A inércia é uma das garantias fundamentais do devido processo 
legal e deve ser observada em todos os procedimentos. Mesmo nas hipóteses 
nas quais haja autorização pontual para a iniciativa do magistrado, o princípio 
da inércia deve ser observado nasdemais situações. 
 
Questão 2 - B 
Justificativa: É a regra prevista no artigo 1.211 do CPC. Trata-se de garantia 
relativa aos atos jurídicos perfeitos, e decorrente da segurança jurídica. 
 
Questão 3 - D 
Justificativa: É a decorrência do princípio da inércia e da correlação entre o 
pedido e a sentença, previsto no arts. 2º e 128 do CPC. 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 34 
Questão 4 - A 
Justificativa: O princípio, também conhecido como princípio da inafastabilidade 
do controle jurisdicional, está previsto no artigo 5º, inciso XXXV, da 
Constituição de 1988. 
 
Questão 5 - B 
Justificativa: A ideia da non reformatio in pejus é decorrência dos princípios 
dispositivo e da limitação horizontal da cognição recursal, previsto nos arts. 515 
e 516 do CPC. 
Questão 6 - B 
Justificativa: A resposta é obtida a partir da conjugação dos arts. 87, 128 e 162, 
todos do CPC vigente. 
 
Questão 7 - B 
Justificativa: A ideia do princípio dispositivo sofre uma releitura a partir da 
concepção neoconstitucional da jurisdição e da nova dimensão do princípio do 
acesso à justiça. 
 
Questão 8 - C 
Justificativa: O item III está errado, porque desconsidera a iniciativa probatória 
do juiz, tida como essencial, justamente para manter a paridade entre as 
partes. O item IV está correto, pois a orientação jurisprudencial que prevalece 
no STF é no sentido de que um dos interlocutores pode gravar a conversa 
telefônica. 
 
Questão 9 - A 
Justificativa: O inciso XXV do artigo 5º da CF, ao prever a inafastabilidade do 
controle jurisdicional, consagra o amplo e irrestrito acesso ao Poder Judiciário. 
 
 
 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 35 
Questão 10 - D 
Justificativa: O devido processo legal pode ser compreendido no sentido 
substantivo (razoabilidade) ou procedimental. Neste último, vai se basear na 
ideia chave do contraditório como premissa para todas as demais garantias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 36 
Introdução 
O princípio do acesso à justiça, consubstanciado no artigo 5°, inciso XXXV, da 
Constituição de 1988 é à base do processo civil contemporâneo. A ideia 
segundo a qual ninguém pode ser impedido de deduzir em juízo uma pretensão 
renova os demais princípios processuais e coloca o Judiciário numa posição 
elevada, o que pode dar ensejo aos fenômenos do ativismo e da judicialização 
excessiva, tão bem analisados pelo Min. Luís Roberto Barroso. 
 
Objetivo: 
1. Compreender melhor em que consiste o princípio do acesso à justiça e como 
ele se relaciona com a obra de Mauro Cappelletti; 
2. Examinar os desdobramentos desse princípio no direito brasileiro, sobretudo 
com as alterações legislativas que ensejaram a criação de novas ferramentas 
processuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 37 
Conteúdo 
Acesso a Justiça – um direito social 
Cândido Rangel Dinamarco destaca, desde há muito, a relevância de se 
emprestar “interpretação evolutiva aos princípios e garantias constitucionais do 
processo civil”, reconhecendo que “a evolução das ideias políticas e das 
fórmulas de convivência em sociedade” repercute necessariamente na leitura 
que deve ser feita dos princípios processuais constitucionais a cada época. 
 
Com efeito, o acesso à justiça é um princípio essencial ao funcionamento do 
Estado de direito. Tal garantia, nas palavras de Dinamarco, “figura como 
verdadeira cobertura geral do sistema de direitos, destinada a entrar em 
operação sempre que haja alguma queixa de direitos ultrajados ou de alguma 
esfera de direitos atingida”. 
 
Nunca é demais relembrar que as questões e problemas relacionados ao acesso 
à justiça têm sua origem na cidade de Florença, Itália, num projeto iniciado em 
1971, com a Conferência Internacional relativa às garantias fundamentais das 
partes no processo civil. 
 
Nos dez anos subsequentes, o estudo teve continuidade, abrangendo o 
problema da assistência judiciária aos hipossuficientes, da proteção aos 
interesses difusos e, finalmente, da necessidade de implementação de novas 
soluções processuais. 
 
Esse movimento foi, então, difundido internacionalmente por Mauro Cappelletti, 
sendo fundamental esclarecer, resumidamente, as posições identificadas no 
bojo do movimento, a fim de que se compreenda melhor esse verdadeiro 
despertar da ciência processual para os problemas sociojurídicos enfrentados 
pelos países ocidentais. 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 38 
Sem dúvida, o acesso à justiça é direito social básico dos indivíduos, direito este 
que não deve se restringir aos limites do acesso aos órgãos judiciais e ao 
aparelho judiciário estatal; deve, sim, ser compreendido como um efetivo 
acesso à ordem jurídica justa. 
 
Esse entendimento, trazido por Kazuo Watanabe, é de fundamental importância 
para a compreensão do movimento e para uma atuação sistemática e lúcida. 
 
Assim, se inserem as propostas de modificação do Código de Processo Civil 
numa perspectiva reformadora mais consciente, no sentido de aprimorar a 
técnica e a substância do direito processual como meio essencial para que se 
permita o acesso à tão proclamada ordem jurídica justa. 
 
Ainda nas oportunas conclusões de Kazuo Watanabe, o direito de 
acesso à justiça possui os dados elementares demonstrados ao lado. 
 
Direito à informação e perfeito conhecimento do direito substancial e à 
organização de pesquisa permanente, a cargo de especialistas e orientada à 
aferição constante da adequação entre a ordem jurídica e a realidade 
socioeconômica do País; 
 
Direito de acesso à Justiça adequadamente organizada e formada por juízes 
inseridos na realidade social e comprometidos com o objetivo de realização da 
ordem jurídica justa; 
 
Direito à pré-ordenação dos instrumentos processuais capazes de promover a 
efetiva tutela de direitos; 
 
Direito à remoção de todos os obstáculos que se anteponham ao acesso efetivo 
à Justiça com tais características. 
 
 
 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 39 
Princípios do acesso à justiça 
Agora que você compreendeu que o acesso a justiça é um direito social, 
certamente percebeu que as velhas regras e estruturas processuais precisam, 
de fato, sofrer revisão e aprimoramento, com o intuito de que constituam 
instrumento cada vez mais eficaz rumo ao processo justo. 
 
Nesse ponto, Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, após se propor a estudo com o 
objetivo de aferir se as reformas legislativas havidas em meio ao movimento de 
acesso à justiça foram fiéis às premissas iniciais, assevera que o 
desenvolvimento dessa empreitada depende da apresentação de proposta que 
contenha os quatro grandes princípios que devem informar o real significado da 
expressão acesso à justiça. 
 
Nas telas seguintes você conhecerá, de uma forma breve, os 4 
princípios de acesso à justiça elencados por Paulo Cezar Pinheiro 
Carneiro. 
 
Princípios do acesso à justiça - acessibilidade 
Definição 
 
O princípio da acessibilidade pressupõe a existência de sujeito de direito, com 
capacidade tanto de estar em juízo como de arcar com os custos financeiros 
para tanto, e que procedam de forma adequada à utilização dos instrumentos 
legais judiciais ou extrajudiciais, de tal modo a possibilitar a efetivação de 
direitos individuais e coletivos. 
 
A expressão desse princípio se dá por três elementos: 
O direito à informação enquanto

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