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UNIVERSIDADE WUTIVI Faculdade de Economia e Ciências Empresariais Curso de Licenciatura em Gestão de Empresas e Liderança Gestão Financeira I Aula Teórica 3 – Análise Económica e Financeira A Análise Económica e Financeira compreende um conjunto de ferramentas que visam o estudo da situação económica e financeira da empresa através da análise de documentos contabilísticos (o Balanço, a Demonstração dos Resultados, a Demonstração dos fluxos de caixa, a Demonstração das Alterações no Capital Próprio ) para apoiar a tomada de decisões na base da avaliação do desempenho passado das empresas e avaliação das suas perspectivas futuras. Pelo que, a análise de documentos contabilísticos constitui uma das habilidades importantes de um gestor financeiro que o estudante deve assimilar. Objectivos de aprendizagem No fim da Unidade 3, o estudante deve ser capaz de: 1. Reconhecer as diferenças entre documentos contabilísticos 2. Fazer a análise comparativa e de estrutura dos relatos financeiros para detectar variações e tendências das contas 3. Fazer a análise do Mapa de Origens e Aplicações de Fundos 4. Fazer a análise de Fluxo de Caixa 5. Fazer a análise de Custo-Volume-Lucro 6. Fazer análise de rácios para revelar importantes relações e identificar áreas que carecem de mais investigação. Tópicos Significado da análise financeira e tipos de relatos o Demonstração de resultados o Balanço o Demonstração das Alterações no Capital Próprio o Demonstração de fluxos de caixa Métodos de análise económica e financeira o Análise comparativa ou horizontal o Análise vertical o Análise de tendências ou números índices o Análise do Mapa de Origens e Aplicações de Fundos o Análise da Demonstração de Fluxos de Caixa o Análise de Custo-Volume-Lucro o Análise Rácios 0.1 Significado da análise financeira e tipos de relatos O termo análise financeira, também conhecido por análise e interpretação de relatos financeiros, refere-se ao processo de aferição dos pontos fortes e fracos da situação financeira de uma empresa estabelecendo relações estratégicas entre o balanço, demonstração de resultados, e outros dados operacionais. 0.1.1 Tipos de documentos contabilísticos Demonstração de resultados Balanço Demonstração das Alterações no Capital Próprio Demonstração de fluxos de caixa 0.1.1.1 Demonstração de resultados A demonstração de resultados é um sumário das receitas e despesas de uma actividade comercial referentes a um certo período de tempo, normalmente, um mês, trimestre, ou um ano. Reflecte decisões tomadas por gestores nas suas actividades operacionais e financeiras. As decisões operacionais incidem sobre a produção e marketing, por exemplo, vendas/proveitos, custo de mercadorias vendidas, despesas administrativas e gerais (publicidade, custo com pessoal). Estas resultam nos resultados antes de juros e impostos (RAJI ou e56arnings before interest and taxes- EBIT). Os resultados das decisões financeiras constam do resto do mapa de demonstração de resultados. Os resultados que sobram depois de deduzidos os encargos financeiros e impostos do RAJI, ficam disponíveis para os accionistas. Os resultados líquidos nem sempres são iguais aos fluxos de caixa das operações e financeiras. 0.1.1.2 Balanço Balanço é o sumário de activos, passivos, e capitais próprios de uma empresa numa determinada data, geralmente, no final do primeiro ano fiscal. 0.1.1.3 Demonstração das Alterações no Capital Próprio1 Este mapa é a componente mais recente do conjunto das demonstrações financeiras, prende-se com a introdução do conceito de resultado extensivo no tratamento contabilístico das alterações de valor. Na prática este conceito corresponde aos incrementos (positivos ou negativos) do capital próprio da entidade ao considerar-se que o resultado de um exercício é a diferença entre o capital próprio do exercício anterior e o capital próprio deste exercício, excluindo as contribuições ou distribuições com os detentores do capital. Desta forma estamos a afirmar que o resultado de um exercício não resulta apenas do resultado encontrado na demonstração dos resultados mas da alteração de todas as componentes do capital próprio, estendendo-se a noção de resultado às alterações de valor de várias rubricas do balanço, designadamente as resultantes das mensurações subsequentes dos elementos do Activo e do Passivo. 0.1.1.4 Demonstração de fluxos de caixa 1http://www.otoc.pt/fotos/editor2/Sebenta_DIS3109.pdf A demonstração de fluxos de caixa mostra como as operações afectaram a tesouraria da empresa e ajuda a responder as seguintes questões Será que a empresa está a gerar liquidez suficiente para aquisição de activos adicionais para o seu crescimento? Será que o crescimento é acelerado de modo a precisar investimentos externos de modo a suster as operações e financiar os novos activos fixos? Será que a empresa possui excesso de liquidez que pode ser aplicado no desembolso da divida ou investimento em novos produtos? 0.2 Métodos de análise económica e financeira A Análise económica e financeira emprega, inter-alia, os seguintes métodos: Análise comparativa ou horizontal Análise vertical Análise de tendências ou números índices Análise do Mapa de Origens e Aplicações de Fundos Análise da Demonstração de Fluxos de Caixa Análise de Custo-Volume-Lucro Análise de Rácios A seguir, o estudante vai aprender aplicar cada um dos métodos na análise económica e financeira de uma empresa 0.2.1 Análise comparativa ou horizontal A análise comparativa ou horizontal - consiste em comparar valores da mesma conta ou grupo de contas homogéneas referentes a exercícios diferentes. A importância da comparação das contas dos RFs de exercícios sucessivos é a revelação da direcção, velocidade e amplitude da tendência das mesmas. O método de comparação de relatos financeiros sucessivos emprega as seguintes técnicas de comparação: a) valores absolutos b) percentagens c) tendências ou números índices d) análise gráfica Ilustração 1 - A seguir estão osBalanços dos anos de 2006e 2007. Prepare oBalanço Patrimonial Comparativo e estude aposição financeira da empresa. Balanço 31 de Dezembro Passivo CP 2006 2007 Activos 2006 2007 Capital social 600.000 800.000 Terrenos e edifícios 370000,00 270000,00 Reservas 330.000 222.000 Equipamento 400000,00 600000,00 EMP 200.000 300.000 Mobiliário 20000,00 25000,00 ELP 150.000 200.000 Outros activos 25000,00 30000,00 ECP 50.000 45.000 Caixa e Bancos 20000,00 80000,00 Fornecedores 100.000 120.000 Contas a receber 150000,00 90000,00 Outros passivos 5.000 10.000 Outros devedores 200000,00 250000,00 Títulos negociáveis 250000,00 350000,00 Adiantamentos 2000,00 1.435.000 1.697.000 1.435.000 1.697.000 Resolução Balanço Patrimonial comparativa ou horizontal 31 de Dezembro Variação absoluta Variação % 2006 2007 Activo Activo circulante Caixa e Bancos 20.000 80.000 60.000 300 Contas a receber 150.000 90.000 -60.000 -40 Outros devedores 200.000 250.000 50.000 25 Títulos negociáveis 250.000 350.000 100.000 40 Adiantamentos 2.000 2.000 Total do activo circulante 620.000 772.000 152.000 24,52 Activo fixo Terrenos e edifícios 370.000 270.000 -100.000-27,03 Equipamento 400.000 600.000 200.000 50 Mobiliário 20.000 25.000 5.000 25 Outros activos 25.000 30.000 5.000 20 Total do activo fixo 815.000 925.000 110.000 13,50 Activo total 1.435.000 1.697.000 262.000 18,26 Passivo e CP Passivo circulante ECP 50.000 45.000 -5.000 -10 Fornecedores 100.000 120.000 20.000 20 Outros passivos 5.000 10.000 5.000 100 Passivo circulante total 155.000 175.000 20.000 12,9 EMP 200.000 300.000 100.000 50 ELP 150.000 200.000 50.000 33 Passivo total 350.000 500.000 150.000 42,9 Capital social 600.000 800.000 200.000 33 Reservas 330.000 222.000 -108.000 -33 Total 1.435.000 1.697.000 262.000 18,26 0.2.1.1 Instruções para ainterpretaçãodo balanço patrimonial comparativo O estudante deve analisar os seguintes aspectos: 1. Posição financeira actual e Liquidez Analisar a variação doFundo de Maneio nos dois anos. (Fundo de maneio (FM) = activo circulante menos passivo circulante) O aumento do FM significa melhoria na situação financeira actual da empresa. Ilustração 2: Neste caso, temos ∆AC = 152.000 ou 24,52% e ∆PC = 20.000 ou 12.9%, resultando no aumento do fundo de maneio. Isto significa que a empresa dispõe de recursos para fazer face de todas as obrigações de curto prazo e ter um remanescente. Activos líquidos, comodinheirona mão,dinheiro nobanco,contas a recebermostrama posição de liquidez 2. Posição financeira de longo prazo Analisar as variações em activos fixos, passivos de longo prazo e capital social no financiamento de activos fixos por captação de recursos de longo prazo. Ilustração 3A variação dos passivos de longo prazo e capital social são superiores a variação do activo fixo o que significa que o seu financiamento tem sido feito por captação de recursos de longo prazo. ∆AF = 110.000 ou 13,50% ∆MLP 100.000 ou 50% ∆ELP = 50.000 ou 33% ∆CS = 200.000 ou 33% 3. Analisar a Rendibilidade Analisar o aumento ou diminuição de lucros acumulados, reservas, etc. para ver se a rendibilidade melhorou ou não. Ilustração 4- Demonstrações de resultados paraos exercícios findos em31 de dezembro de 2006e 2007.Re-organizaros dados (valores acumulados)de forma comparativae estudara posição derentabilidade da empresa. Demostração de Resultados 2006 MTs.(000) 2007 MTs.(000) Vendas liquidas 785 900 CMV 450 500 Custos Operacionais Despesas gerais e administrativos 70 72 Despesas de vendas 80 90 Custos não operacionais Encargos financeiros 25 30 Imposto 70 80 Resolução Demonstração de Resultados Horizontal Findo em 31 Dezembro, 2006 e 2007 Ano findo 31 Dez. Variação absoluta Variação % 2006 2007 Vendas líquidas 785 900 115 14,65 CMV 450 500 50 11,11 Margem Bruto 335 400 65 19,40 Custos operacionais Despesas gerais e administrativos 70 72 2 2,86 Despesas de vendas 80 90 10 12,50 Custos operacionais totais 150 162 12 8,00 Resultados operacionais 185 238 53 28,65 Custos não operacionais Encargos financeiros 25 30 5 20,00 RAI 160 208 48 30,00 Imposto 70 80 10 14,29 Resultado Liquido 90 128 38 42,22 0.2.1.2 Instruções para ainterpretaçãoda demonstração de resultados comparativa O estudante deve analisaros seguintes aspectos: 1. Analisar a margem bruta. O aumento ou adiminuição das vendasdevem ser comparado como aumento ou adiminuição doCMV. ∆Vendas = 115 ou 14,65% ∆CMV = 50 ou 11,11% ∆MB = 65 ou 19,40% A variação das vendas é superior a variação dos CMV, o que significa o aumento das vendas resultou na diminuição de CMV e consequentemente no aumento da ∆MB. 2. Analisar resultados operacionais Resultados operacionais = MB - Despesas gerais e administrativos - Despesas de vendas ∆RO = 53 ou 28,65%. A variação de resultados operacionais é maior que a ∆CMV, o que significa que a empresa conteve custos operacionais. 3. Analisar resultados líquidos O aumento ou adiminuição deresultados líquidos (RL)dáuma ideia sobrea rendibilidade globalda empresa. RL=RO – despesa nãooperacional+Resultado nãooperacional ∆RL = 38 ou 42,22% Os resultados líquidos aumentaram em 42,2%. 4. Emitir um parecersobrea rendibilidadeda empresaseé boa ou não. Todos os indicadores são positivos, pelo que a rendibilidade da empresa é boa. 0.2.2 Análise vertical A análise vertical ou deestrutura consiste em comparar o valor de uma conta com o valor do grupo de contas heterogenias de que ela faz parte. No balanço as contas são comparadas com o activo total e nos resultados as contas são comparadas com o valor das vendas. Isto ajuda- nos a identificar as contas com maior peso e comparar contas de várias empresas. Ilustração 5Considerar o mapa de demonstração de resultados da Ilustração 4, dividir as vendas por si para serigual a 100, e todos os outros itensda demonstração de resultadosde umano devem serexpressos em percentagem das vendas. Resolução O estudante deve prestar atenção as rubricas com maior peso. Demonstração de Resultados Vertical Findo em 31 Dezembro, 2006 e 2007 Ano findo 31 Dez. 2006 % 2007 % Vendas líquidas 785 100 900 100,00 CMV 450 57,32 500 55,56 Margem Bruto 335 42,68 400 44,44 Custos operacionais Despesas gerais e administrativos 70 8,92 72 8,00 Despesas de vendas 80 10,19 90 10,00 Custos operacionais totais 150 19,11 162 18,00 Resultados operacionais 185 23,57 238 26,44 Custos não operacionais Encargos financeiros 25 3,18 30 3,33 RAI 160 20,38 208 23,11 Imposto 70 8,92 80 8,89 Resultado Liquido 90 11,46 128 14,22 Ilustração 6No casodo balançoosactivos totaissão iguaisa 100etodos os outros ativossão expressos empercentagens relativas aos activos totais. O mesmoé o caso dopassivo e capitais próprios, sendo igual a 100. Resolução O estudante deve prestar atenção as rubricas com maior peso. Balanço Vertical 31 de Dezembro 2006 % 2007 % Activo Activo circulante Caixa e Bancos 20.000 1,39 80.000 4,71 Contas a receber 150.000 10,45 90.000 5,30 Outros devedores 200.000 13,94 250.000 14,73 Títulos negociáveis 250.000 17,42 350.000 20,62 Adiantamentos 2.000 0,12 Total do activo circulante 620.000 43,21 772.000 45,49 Activo fixo Terrenos e edifícios 370.000 25,78 270.000 15,91 Equipamento 400.000 27,87 600.000 35,36 Mobiliário 20.000 1,39 25.000 1,47 Outros activos 25.000 1,74 30.000 1,77 Total do activo fixo 815.000 56,79 925.000 54,51 Activo total 1.435.000 100,00 1.697.000 100,00 Passivo e CP Passivo circulante ECP 50.000 3,48 45.000 2,65 Fornecedores 100.000 6,97 120.000 7,07 Outros passives 5.000 0,35 10.000 0,59 Passivo circulante total 155.000 10,80 175.000 10,31 EMP 200.000 13,94 300.000 17,68 ELP 150.000 10,45 200.000 11,79 Passivo total 350.000 24,39 500.000 29,46 Capital social 600.000 41,81 800.000 47,14 Reservas 330.000 23,00 222.000 13,08 Total 1.435.000 100,00 1.697.000 100,00 0.2.3 Análise de tendências ou números índices A análise de tendências ou números índices é a extensão da análise horizontal envolvendo mais de dois anos. Na análise de tendências, primeiro, temos que estabelecer um ano base. Ilustração 7 Considerar as seguintes vendas líquidas e resultado bruto respeitantes aos anos 2001, 2002 e 2003 para proceder a análise de tendência das vendas e Resultados. 2001 2002 2003 Vendasliquídas230.000 397.900 289.800 Resultados brutos 66.000 111.540 84.480 Resolução Tomemos o ano 2001 como ano base atribuindo o valor índice 100. Para encontrarmos os valores dos anos seguintes relacionamos cada ano com o ano base. Para o ano 2002 obtivemos o índice 173,0 ((397.900/230.000)x100) e em 2003 o índice 126,0 ((289.800/230.000)x100). 2001 Índice 2002 Índice 2003 Índice Vendas líquidas 230.000 100 397.900 173 289.800 126 Resultados brutos 66.000 100 111.540 169 84.480 128 Por outras palavras, as vendas líquidas cresceram 1,73 ou 73% e 1,26 ou 26% em 2002 e 2003, respectivamente, tomando como base os valores do ano 2001. Com uma rápida análise podemos verificar que o aumento dos resultados brutos no ano 2002 (69%) não acompanhou o aumento das vendas (73%), denotando-se maior consumo dessas receitas pelos custos de produção. Porém, no ano 2003 ocorre a situação inversa, ocorrendo evolução proporcionalmente maior dos resultados brutos em relação às receitas. 0.2.3.1 Analise gráfica A análise de tendências ou número índices da secção anterior é aqui reproduzida sob a forma de gráfico. E confirma visualmente as mesmas conclusões. No ano 2002, o aumento dos resultados brutos (69%) não acompanhou o aumento das vendas (73%), denotando-se maior consumo dessas receitas pelos custos de produção. Porém, no ano 2003 ocorre a situação inversa, ocorrendo evolução proporcionalmente maior dos resultados brutos em relação às receitas. Gráfico 1 Analise gráfica 0.2.4 Análise do Mapa de Origens e Aplicações de Fundos2 O MOAF serve para determinar onde a empresa obtém os fundos e para onde está a usá-los. Ao longo deste tópico utilizaremos os seguintes documentos contabilísticos para ilustrar aspectos relacionados com a análise de MOAF. Tabela 1 Balanço Balanço Activo 2006 2007 Caixa e títulos negociáveis 48,1 67,9 Contas a receber 380,4 397,8 Existências 409,2 405,9 Adiantamento do Imposto sobre rendimento 52,6 69,6 Outros activos circulantes 51,7 58,1 Activo circulante total 942,0 999,3 Propriedade, instalações, e equipamento 737,6 784,7 Amortizações -370,0 -418,8 367,6 365,9 Goodwill e activos intangíveis 882,8 881,7 Outros activos 25,2 30,3 Activo Total 2217,6 2277,2 2 Baseado no capitulo 1 do livro de Higgins. Robert C., Analysis for financial management. 9th edition, 2009 e capitulo 7, do livro de Nabais, C. e Nabais, F., Pratica Financeira I, 4 edição, Outubro de 2007. Vendas liquidas; 2001; 100 Vendas liquidas; 2002; 173 Vendas liquidas; 2003; 126Resultados brutos; 2001; 100 Resultados brutos; 2002; 169 Resultados brutos; 2003; 128 y = 13x + 107 R² = 0,1234 y = 14x + 104,33 R² = 0,1627 Vendas liquidas Resultados brutos Linear (Vendas liquidas) Linear (Resultados brutos) Passivo e Capital Próprio ECP 6,0 86,4 Contas a pagar 200,4 202,5 Impostos sobre rendimento 20,7 10,9 Custos deferidos publicidade e Promoção 126,8 138,8 Outros custos diferidos 142,3 148 Passivo circulante total 496,2 586,6 ELP 475,2 1031,4 Custos deferidos de pensões e benefícios 93,8 79,8 Impostos deferidos 49,2 67,9 Outros passivos 21,5 32,2 Passivo total 1135,9 1797,9 Capital social 0,7 0,6 Prémios de emissão 508,4 479,7 Resultados retidos 639,1 218,5 Reservas de perdas -66,5 -219,5 Capital próprio total 1081,7 479,3 Passivo e CP total 2217,6 2277,2 Tabela 2: Demonstração de resultados Demonstração de Resultados 2006 2007 Vendas liquidas 2697,1 2871,8 Custo de mercadorias vendidas 1674,1 1799,8 Resultado Bruto 1023,0 1072,0 Custos de vendas, G. e administrativos 636,9 700,9 Amortização 67 67,5 Outros custos -9,2 -11,5 Custos operacionais totais 694,7 756,9 Resultado operacional 328,3 315,1 Encargos financeiros 39,6 70,7 Outros custos não operacionais 75,8 56,3 Custos não operacionais totais 115,4 127 RAI 212,9 188,1 Impostos 80,2 74,7 Resultado liquido 132,7 113,4 À primeira vista, pode parecer que o mapa de demonstração de resultados (DR) pode fornecer a informação contida no MOAF uma vez que regista o fluxo de recursos ao longo do período em análise. Contudo a DR tem duas limitações a saber: Inclui accruals3 ou seja é construído segundo o regime de competências visto na Unidade 1, como por exemplo vendas a crédito, que não são entradas de caixa, e apenas inclui fluxos de caixa associados com as vendas do período. Outas entradas e saídas de caixa não aparecem no DR. Por exemplo, verifique no balanço da Tabela 1, para ver que a empresa aumentou as suas contas receber em mais de 17 milhões em 2007 com ou sem nenhum impacto sobre a DR. A empresa, igualmente, aumentou empréstimos de longo prazo em 556,2 milhões com pouco impacto na DR. Assim, para aprofundar as origens e aplicação de fundos de uma empresa temos que analisar profundamente dois balanços consecutivos. Instrução para elaboração do MOAF I. Ter balanços de dois anos consecutivos lado a lado e anotar todas as variações das contas nesse período. Ver o balanço da Tabela 3. Agregar as variações no grupo de entrada de caixa e no grupo de saída caixa. O resultado é MOAF, ver a Instruções para distinguir origens e aplicação de caixa Uma empresa gera caixa de duas maneiras: reduzindo um activo ou aumentando um passivo. Por exemplo, a venda do equipamento usado, venda de existências, diminuição de clientes constituem redução das contas do activo e são fontes que geram caixa para a empresa. No lado passivo do balanço um aumento de empréstimo bancário e venda de acções ordinárias aumentam o passivo e igualmente geram caixa. Ver a Tabela 4 A empresa igualmente usa caixa de duas maneiras: por aumentar uma conta do activo ou por reduzir uma conta do passivo. Aumentando existências ou contas a receber ou construindo uma nova fábrica são aumentos de activo e implicam saída de caixa, o pagamento de empréstimo bancário, a redução de contas a pagar e prejuízo operacional reduz o passivo e implica saída de caixa. Ver aTabela 4 3Regime de competência não de caixa -- Regime de competência (do inglêsaccrual-basis) é o que apropria (ou seja, considera ocorrido o facto gerador) receitas e despesas ao período de sua realização, independentemente do efetivo recebimento das receitas ou do pagamento das despesas II. Tabela 4 Ilustração 8 Considerar o balanço da Tabela 1 para construir o MOAF. Resolução. Primeiro, calcular variações de acordo com a Tabela 3, a seguir. Tabela 3 Anotação das variações do balanço Balanço Activo 2006 2007 Variação Caixa e títulos negociáveis 48,1 67,9 19,8 Contas a receber 380,4 397,8 17,4 Existências 409,2 405,9 -3,3 Adiantamento do Imposto sobre rendimento 52,6 69,6 17 Outros activos circulantes 51,7 58,1 6,4 Activo circulante total 942,0 999,3 Propriedade, instalações, e equipamento 737,6 784,7 47,1 Amortizações -370,0 -418,8 -48,8 367,6 365,9 -1,7 Goodwill e activos intangíveis 882,8 881,7 -1,1 Outros activos 25,2 30,3 5,1 Activo Total 2217,6 2277,2 Passivo e Capital Próprio ECP 6,0 86,4 80,4 Contas a pagar 200,4 202,5 2,1 Impostos sobre rendimento 20,7 10,9 -9,8 Custos deferidos publicidade e Promoção 126,8 138,8 12 Outros custos diferidos 142,3 148 5,7 Passivo circulante total 496,2 586,6 ELP 475,2 1031,4 556,2 Custos deferidos de pensões e benefícios 93,8 79,8 -14Impostos deferidos 49,2 67,9 18,7 Outros passivos 21,5 32,2 10,7 Passivo total 1135,9 1797,9 Capital social 0,7 0,6 Prémios de emissão 508,4 479,7 Resultados retidos 639,1 218,5 Reservas de perdas -66,5 -219,5 Capital próprio total 1081,7 479,3 -602,4 Passivo e CP total 2217,6 2277,2 Instruções para distinguir origens e aplicação de caixa Uma empresa gera caixa de duas maneiras: reduzindo um activo ou aumentando um passivo. Por exemplo, a venda do equipamento usado, venda de existências, diminuição de clientes constituem redução das contas do activo e são fontes que geram caixa para a empresa. No lado passivo do balanço um aumento de empréstimo bancário e venda de acções ordinárias aumentam o passivo e igualmente geram caixa. Ver a Tabela 4 A empresa igualmente usa caixa de duas maneiras: por aumentar uma conta do activo ou por reduzir uma conta do passivo. Aumentando existências ou contas a receber ou construindo uma nova fábrica são aumentos de activo e implicam saída de caixa, o pagamento de empréstimo bancário, a redução de contas a pagar e prejuízo operacional reduz o passivo e implica saída de caixa. Ver aTabela 4 Tabela 4: MOAF Origens Redução de existências 3,3 0,48% Redução em propriedade, instalações e equipamento 1,7 0,25% Redução em goodwill e activos intangíveis 1,1 0,16% Aumento de ECP 80,4 11,62% Aumento de contas a pagar 2,1 0,30% Aumento de custos deferidos de publicidade e promoção 12 1,73% Aumento de outros custos deferidos 5,7 0,82% Aumento do ELP 556,2 80,39% Aumento de impostos deferidos 18,7 2,70% Aumento de ouros passivos de longo prazo 10,7 1,55% Total de origens 691,9 100,00% Aplicações Aumento de caixa e títulos negociáveis 19,8 2,86% Aumento de contas a receber 17,4 2,51% Aumento de adiantamento de impostos 17 2,46% Aumento de outros activos circulantes 6,4 0,92% Aumento de outros activos 5,1 0,74% Redução do imposto 9,8 1,42% Redução de custos deferidos de pensões e benefícios 14 2,02% Redução do capital próprio 602,4 87,06% Total de aplicações 691,9 100,00% Uma vez que é difícil a empresa gastar dinheiro que não tem, o total de aplicações de caixa num determinado período deve ser igual ao total das origens. 0.2.4.1 Análise do MOAF O MOAF da Tabela 4mostra que a empresa obteve 90% (80,39 + % 11,62%) do seu caixa de credores com um grande aumento de empréstimos que por sua vez os usou exclusivamente para reduzir o capital próprio. Estes fluxos de caixa resultam daquilo que é designado por recapitalização alavancada. As outras origens e aplicações são praticamente irrelevantes dada a sua reduzida magnitude. 0.2.4.2 Limitações4 O MOAF elaborado com base no Balanço em dois momentos diferentes apresenta limitações relacionadas com o carácter jurídico-fiscal das suas rubricas, que o analista financeiro deve levar em conta. Há um conjunto de operações que justificam este tipo de incorreções: A transferência de reservas, resultados transitados e de dívidas a fornecedores para a conta Capital Social, nos casos de aumento de capital, não é na realidade uma verdadeira origem ou aplicação de fundos. 4 Nabais, C. e Nabais, F., Pratica Financeira I, 4 edição, Outubro de 2007, paginas 179-180 As reavaliações do imobilizado, que origina um aumento do valor do Activo e do Capital próprio, não correspondem a um fluxo de saída ou de entrada. Não é na realidade uma verdadeira origem ou aplicação de fundos. Algumas contas do Balanço são mistas, isto é, podem apresentar ao mesmo tempo um saldo devedor que figura no Activo e um saldo credor que figura no Passivo. Não pode haver compensação dos saldos. Por exemplo, a empresa pode ter IVA a recuperar de 1000,00 (a débito de X) e IRPC a pagar de 1500,00 (a crédito da conta Y). Valores a figurar no Balanço, no Activo e no Passivo, respectivamente. Não podemos considerar no Passivo na conta Estado e outros entes públicos o valor de 500,00. Temos de considerar que o grau de liquidez do valor activo é geralmente diferente do grau de exigibilidade do valor passivo. A análise financeira deve considerar esta situação, caso contrário essa análise não está a ser objectiva. 0.2.5 Análise da Demonstração de Fluxos de Caixa O mapa de demonstração dos fluxos de caixa (DFC) 5é um documento de informação referente aos fluxos de dinheiros gerados e utilizados pelas actividades operacionais, de investimento e financiamento das empresas. A DFC distingue-se do MOAF e de DR. Enquanto o MOAF se organiza em termos de origens e aplicações de fundos, a DFC organiza-se em termos de actividades e mostra a evolução financeira. Por sua vez, a DR representa a evolução económica e não nos dá informação sobre os pagamentos e recebimentos. A DFC permite detectar mais facilmente quer o potencial de negócios quer as necessidades graves de tesouraria e as potenciais falências. Ilustração 9 O seguinte mapa de demonstração de fluxo de caixa refere-se a Tabela 1-5, pagina 19 do livro de Robert C. Higgins6. Analise o mapa. Demonstração de Fluxos de Caixa Fluxos de caixa das actividades operacionais 5 Baseado no capitulo 1 do livro de Higgins. Robert C., Analysis for financial management. 9th edition, 2009 e capitulo 7, do livro de Nabais, C. e Nabais, F., Pratica Financeira I, 4 edição, Outubro de 2007. 6 Higgins. Robert C., Analysis for financial management. 9th edition, 2009 Resultado liquido 113,4 Ajustamento das derivados das actividades operacionais Amortizações 67,5 Impostos deferidos 6,3 Outros custos não operacionais 56,3 Custos de pagamentos em acções 13,3 Variações em activos e passivos variação das contas a receber -4,2 variação em existencias 13,2 variação em contas a pagar -3,5 variação liquida em outros activos e passivos -15,7 Caixa das actividades operacionais 246,6 Fluxos de caixa das actividades de investimento Gastos com investimentos -54 investimentos na aquisição do negócio -18,7 Vendas de propriedade, instalações e equipamento 0,5 Caixa das actividades de investimento -72,2 Fluxos de caixa das actividades de financiamento Variação liquida de emprestimos 599,1 Dividendos pagos -543,6 Re-compra de acções ordinárias -246,8 Recebimentos de acções optativas 29,2 Beneficios fiscais das acções optativas 19 Variação da taxa de cambia -11,5 Caixa das actividades de financiamento -154,6 Variação de caixa 19,8 Caixa e titulos negociaveis no inicio do ano 48,1 Caixa e titulos negociaveis no fim do ano 67,9 0.2.5.1 Análise do DCF Os totais das três secções do mapa de demonstração de fluxos de caixa, são: a) Caixa das actividades operacionais b) 246,6 c) Caixa das actividades de investimento d) -72,2 e) Caixa das actividades de financiamento f) - 154,6 Análise global a) O total de caixa das actividades operacionais é positivo o que significa que a empresa é saudável. Isto significa que as entradas de caixa superaram as saídas de caixa durante o período em análise. b) O total de caixa das actividades de investimento é negativo. Isto significa que a empresa esta a crescer substituindo equipamento velho pelo novo, uma vez que a compra de equipamento é maior que alienação do mesmo. c) O total de caixa de actividades de financiamento é negativo. Isto indica que a empresa está a usar o fluxo de caixa de actividades operacionais para pagar dividendos e pagar o seu financiamento externo. A empresa é saudávelporque não esta a utilizar o dinheiro de investidores e credores para fazer crescer o seu negócio. Relação fluxos de caixa das actividades operacionais e de investimento. Além da análise global dos fluxos de caixa das actividades operacionais e investimento, temos que verificar o grau de cobertura das actividades de investimento pelas actividades operacionais. Isto chama-se Cobertura de Investimento. O rácio de cobertura de investimento calcula-se, apenas, quando o caixa de actividades operacionais é positivo e o caixa de actividades de investimento é negativo. Assim. A cobertura de investimento é dada pela seguinte formula, Fórmula: Cobertura de Investimento = Fluxo de Caixa das Operações / Fluxo de Caixa de Investimento x 100 = 246,6 / 72,2 * 100 = 341,55 %. Isto significa que o caixa gerado nas atividades operacionais da empresa conseguiu cobrir 341,55% dos investimentos realizados. Indicando que o fluxo das operações foi mais do que necessário para pagar os investimentos. Observações Adicionais do rácio de Cobertura de Investimento. a) Quando uma empresa consegue um índice maior que a unidade, isto evitaria, a princípio, a necessidade de captação de recursos com acionistas ou capital de terceiros; b) Empresas em fase de implantação terão valores reduzidos para este índice. c) Valores elevados pode indicar que a empresa não consegue usar, em investimentos, o caixa gerado. Isto pode comprometer o crescimento futuro da empresa. 0.2.6 Análise de Custo-Volume-Lucro7 A análise da Relação Custo – Volume – Lucro tem a finalidade de calcular o ponto de equilíbrio, isto é, o ponto em que as receitas de vendas é igual a soma dos custos e despesas e o lucro é nulo. Tipos de pontos de equilíbrio 1. PEG – Ponto de Equilíbrio Geral É o ponto no qual a Receita Total é igual ao Custo Total, ou seja, o ponto abaixo do qual a empresa incorre em prejuízo e acima do qual verifica-se o lucro, (também chamado de ponto de equilíbrio contabilístico - PEC), ou “Break Even Point” A empresa obterá seu ponto de Equilíbrio quando suas Receitas Totais igualarem-se a seus Custos e Despesas Totais: Receita Total = Custos Totais + Despesas Totais Receita Total = quantidade x preço de venda Custos e Despesas Totais = quantidade x custos e despesas variáveis + custos e despesas fixos Fórmula do PEG: Por definição, no PE o LUCRO é igual a zero, assim: RT = CT, sendo RT = Q.p; CT = CF + (Q.cv) Q.p = CF + (Q.cv) 7http://xa.yimg.com/kq/groups/22685622/290654568/name/AN%C3%81LISE+DA+RELA%C3%87%C3%83O+CU STO+%C2%96+VOLUME+%C2%96+LUCRO.pdf CF = Q.p – Q.cv CF = Q.(p – cv) Q = CF / p – cv Como MCu = p – cv; temos que… Q = CF/ MCu p – cv = Margem de Contribuição Unitária CF = Custo e despesa Fixos cv = Custo e despesa variáveis unitários Q = Quantidade no PE Ilustração 10Na produção de 100.000 unidades de um produto X, são incorridos custos variáveis de 1.500.000,00, sendo os custos fixos de 900.000,00 e o preço unitário de venda de 25,00. Calcule o PEG. CV = 1.500.000,00; CF = 900.000,00; Q = 100.000,00 CV = 1.500.000,00/ 100.000 = 15,00 MCu = p – Cv MC = 25,00 – 15,00 = 10,00 Q = 900.000,00 / 10,00 = 90.000 unidades. Q = Quantidade no PE 2. PEO – Ponto de Equilíbrio Operacional É o ponto em que as receitas cobrem os custos e despesas operacionais. Neste caso não se incluem os encargos financeiros nos custos e despesas fixos. Q = (CF – Despesas Financeiras) / MCu 3. PEF – Ponto de Equilíbrio Financeiro É aquele onde as receitas de vendas são suficientes para cobrir os desembolsos operacionais e financeiros. Q = (CF – Gastos não desembolsáveis) / MCu 4. PEE – Ponto de Equilíbrio Econômico É aquele onde as receitas cobrem todos os custos operacionais e financeiros e garantem um retorno mínimo aos investidores. Q = (CF + Lucro)/ MCu Ilustração 11: Considerando os dados a seguir, vamos calcular os Pontos de Equilíbrio, Contabilístico, Econômico e Financeiro: Custos e Despesas Variáveis: 6.000/u Custos e Despesas Fixos: 4.000.000/ano Preço de venda: 8.000/u Despesa com Depreciação: 800.000/ano Património Líquido: 10.000.000 Taxa de juros : 10% a.a. Volume de venda : 2.200 unidades Despesas financeiras: 600.000/ano Resolução Margem de Contribuição Unitária = 8.000 - 6.000 = 2.000/u PEG = CF / MCu = 4.000.000 / 2.000 = 2.000 unidades PEO = (CF – Despesas Financeiras) / MCu = (4.000.000 – 600.000) / 2.000 = 1.700 unidades PEE = CF + Retorno Mínimo Esperado / MCu = (4.000.000 + (10% x 10.000.000)) / 2.000 = 2.500 unidades PEF = (CF – Depreciação) / MCu = (4.000.000 – 800.000) / 2.000 = 1.600 unidades Quant. Produzidas Quant. para o PE Diferença MCu Resultado PEC 2.200 2.000 + 200 2.000 +400.000 PEO 2.200 1.700 + 500 2.000 +1.000.000 PEE 2.200 2.500 - 300 2.000 - 600.000 PEF 2.200 1.600 + 600 2.000 +1.200.000 Pelo quadro acima chegamos aos seguintes resultados: Lucro contabilístico de 400.000 Lucro operacional de 1.000.000 Prejuízo económico de ( 600.000) Superavit financeiro de 1.200.000 5. Margem de contribuição e ponto de equilíbrio com múltiplos produtos ou serviços Quando múltiplos produtos ou serviços são analisados, a margem de contribuição considerada no cálculo do ponto de equilíbrio deve ser a ponderada, resultante da ponderação das margens de contribuição percentuais individuais pela participação nas vendas dos diferentes produtos. Como múltiplos produtos ou serviços estão sendo considerados, não faz sentido falar em ponto de equilíbrio em quantidades individuais e diferentes. Deve-se usar, basicamente o ponto de equilíbrio em unidades monetárias. PE( em Meticais) = CF / MCu Ponderada MCu Ponderada = (MCuA X participação A) + (MCuB X participação B) + ... +(MCun X participação N) Pesos -> participação % de cada produto ou serviço nas vendas. Ilustração 12Uma lanchonete deseja calcular o seu ponto de equilíbrio global. Basicamente, a lanchonete comercializa refrigerantes (com taxa de margem de contribuição de 30 %) e sanduíches (com taxa de margem de contribuição de 50%). Os gastos fixos da empresa são iguais a 840,00 Mts por semana e as vendas são distribuídas entre refrigerantes e sanduíches com percentuais de 40% e 60% respectivamente. Calcular o ponto de equilíbrio. Resolução Margem de Contribuição ponderada = 0,3 x 40% + 0,5 x 60% = 42%; PEG = CF / MCu ponderada ⇒ 840 / 0,42 = 2.000,00 Assim, o ponto de equilíbrio global em unidades monetárias prevê a necessidade de um facturação igual a 2.000,00 por semana. 1.6 Limitações da análise CVR Por ser muito simples, a análise do ponto de equilíbrio é largamente utilizada em projecções empresariais. Todavia, a essa simplicidade, estão associadas diversas restrições ou limitações, dentre elas tem-se: A análise desconsidera a formação de existências, pressupondo que toda a produção seja vendida instantaneamente. O ponto de equilíbrio decorre de uma relação estática entre custos totais e receitas de vendas e, essa relação valerá apenas para certo intervalo de significância da análise. • Nem sempre é possível decompor com precisão os custos semi variáveis. Muitas conclusões somente são possíveis admitindo-se que os elementos envolvidos se comportem linearmente e, isto nem sempre é possível. Quando a empresa opera com diversos produtos, a determinação dos pontos de equilíbrio e as consequentesconclusões somente serão válidas em determinadas circunstâncias. A seguir vamos aprender a utilizar rácios no diagnóstico da empresa. 0.2.7 Análise de Rácios A análise de rácios estabelece relação entre dois elementos heterogéneos das demonstrações financeiras do mesmo exercício. Os rácios podem ser classificados de acordo com os elementos envolvidos na sua computação, nomeadamente: rácios patrimoniais quando envolvem dois elementos patrimoniais, como por exemplo, relação entre o activo circulante e o passivo circulante, na análise de liquidez; rácios operacionais quando envolvem dois elementos dos resultados, como por exemplo a relação entre o lucro liquido e as vendas liquidas no cálculo da margem liquida; e rácios de velocidade quando envolvem elementos do património e resultados, tais como vendas e activo. Existem várias designações de grupos de rácios/ou classificações de rácios, entre as quais se destacam as seguintes: o Rácios de liquidez – medem a capacidade da empresa de honrar com as suas obrigações de curto prazo comparando o activo circulante com passivo circulante. o Rácios de alavanca financeira, ou estrutura ou endívidamento – medem o nível de utilização da dívida no financiamento da aquisição do activo da empresa. o Rácios de funcionamento – medem o nível de utilização do investimento do activo na geração das receitas. o Rácios de rendibilidade – medem o nível de rendibilidade da empresa. o Rácios de cobertura de encargos financeiros – a semelhança dos rácios de liquidez, medem a capacidade da empresa de honrar custos financeiros. o Rácios bolsistas, de bolsa, ou múltiplos - medem o nível de avaliação da empresa atribuído pelo mercado de capitais. Estes rácios fazem uso de variáveis respeitantes ao valor da empresa no mercado, ou montantes apurados dos seus documentos contabilísticos (Balanço, Demonstração de resultados e fluxos de caixa) de forma a calcular indicadores que providenciem ao investidor uma noção do valor da empresa. A seguir, passamos ao cálculo e análise de 10 rácios. 0.2.7.1 10 rácios que vamos estudar neste Esta é a lista de racios de interesse para o presente módulo. Rácios de liquidez 1. Rácio de liquidez geral 2. Rácio de liquidez reduzida 3. Rotação de contas a receber 4. Prazo médio de recebimentos 5. Rotação do inventário Rácios de alavanca financeira, ou estrutura ou endívidamento 6. Racio de autonomia financeira – equity ratio Rácios de rendibilidade 7. Rácio de rendibilidade liquida 8. Rendibilidade de capitais próprios 9. Earnings per share/Resultados por acção Rácios bolsistas, de bolsa, ou múltiplos 10. Price-earnings ratio Ilustração 13: Para o cálculo e análise dos 10 rácios vamos utilizar as seguintes demonstrações financeiras. Tabela 5 Balanço Balanço 31 Dezembro, 2011 e 2010 2011 2010 Activos Activo circulante Caixa 30.000 20.000 Contas a receber 20.000 17.000 Existências 12.000 10.000 Adiantamento de custos 3.000 2.000 Activo circulante total 65.000 49.000 Activo fixo Terreno 165.000 123.000 Instalações e equipamento 116.390 128.000 Activo fixo total 281.390 251.000 Activo total 346.390 300.000 Balanço 31 Dezembro, 2011 e 2010 2011 2010 Passivo e CP Passivo circulante Contas a pagar 39.000 40.000 ECP 3.000 2.000 Passivo circulante total 42.000 42.000 ELP 70.000 78.000 Passivo total 112.000 120.000 Capital próprio capital social 27.400 17.000 Prémios de emissão 158.100 113.000 185.500 130.000 Resultados retidos 48.890 50.000 Total do CP 234.390 180.000 Passivo e CP total 346.390 300.000 Tabela 6: Demonstração de resultados Balanço 31 Dezembro, 2011 e 2010 2011 2010 Vendas líquidas 494.000 450.000 CMV 140.000 127.000 Margem bruta 354.000 323.000 Custos operacionais 270.000 249.000 Resultado operacional 84.000 74.000 Encargos financeiros 7.300 8.000 RAI 76.700 66.000 Imposto (30%) 23.010 19.800 Resultado Liquido 53.690 46.200 0.2.7.2 Cálculo de rácios Vamos iniciar o cálculo rácios com o cálculo do fundo de maneio. Cálculo do fundo de maneio = activo circulante – passivo circulante. Apesar do fundo de maneio não ser um rácio, dá uma indicação do estado de liquidez da empresa. No ano 2011, o activo circulante é superavitário uma vez que cobre na totalidade o passivo circulante e resta um excedente considerável. 2011 Activo circulante 65.000 Passivo circulante (42.000) Fundo de maneio 23.000 Passemos ao cálculo de 10 rácios que todo o estudante deve saber calcular e interpretar 0.2.7.3 Rácio #1 – Liquidez geral Fórmula. O Rácio de liquidez geral8 é um rácio financeiro que mede a capacidade da empresa de fazer face às suas responsabilidades de curto prazo, constituindo por isso um teste de solvabilidade de curto prazo. Sendo tudo o resto igual, quanto mais elevado este rácio, maior a solvabilidade de curto prazo da empresa, sendo desejável que o rácio ultrapasse pelo menos o valor de 1, significando que a empresa tem pelo menos activos líquidos para fazer face às responsabilidades de curto prazo. Quanto mais baixo, maior a vulnerabilidade. Ilustração 14 Calculo da liquidez geral Liquidez geral = 65 000 / 42000 = 1.55 : 1 Análise: Uma vez que o rácio é maior que 1, empresa pode pagar todas as dívidas de curto prazo e ainda ficar com um remanescente de 65 000 – 42000 = 23000, ou seja fundo maneio patrimonial. 0.2.7.4 Rácio #2 – Liquidez reduzida Fórmula. O Rácio de liquidez reduzida9 é um rácio financeiro que mede a capacidade da empresa de fazer face às suas responsabilidades de curto prazo com liquidez proveniente dos seus activos líquidos, mas de uma forma mais exigente do que no rácio de liquidez geral, ou seja, assumindo que as existências (stocks de matérias-primas e produtos intermédios e acabados) serão difíceis de converter em dinheiro rapidamente, ou pelo valor que constam no Balanço. Sendo tudo o resto igual, quanto mais elevado este rácio, maior a solvabilidade de curto prazo da empresa, sendo desejável que o rácio ultrapasse pelo menos o valor de 1, significando que a empresa tem pelo menos activos líquidos para fazer face às responsabilidades de curto prazo, mesmo sem contar com a liquidação das existências. Quanto mais baixo, maior a vulnerabilidade. 8http://www.thinkfn.com/wikibolsa/R%C3%A1cio_de_liquidez_geral#sthash.TpTFuEr4.dpuf acessado 22.09.13 9http://www.thinkfn.com/wikibolsa/R%C3%A1cio_de_liquidez_reduzida#sthash.n6CxWMD H.dpuf 220913 Ilustração 15 Calculo da liquidez imediata Liquidez geral = 53 000 / 42000 = 1.26 : 1 Análise: Uma vez que o rácio é maior que 1, empresa pode pagar todas as dívidas de curto prazo e ainda ficar com um remanescente. 0.2.7.5 Rácio #3 – Rotação de contas a receber ou clientes Fórmula. Rácio de rotação de clientes = Vendas acrescidas de imposto / média do crédito a clientes O rácio de rotação de clientes10 é um rácio de actividade oufuncionamento que procura medir o grau de eficiência com que a empresa está a gerir a sua política de crédito a clientes. Quanto maior o valor do rácio de rotação de clientes, maior é a eficiência da política de crédito. O rácio de rotação de clientes é calculado pela divisão das vendas totais à crédito num determinado período de tempo (acrescidas dos impostos devidos à empresa pelos clientes, nomeadamenteo IVA) pelo montante médio do crédito a clientes nesse mesmo período de tempo. Desta forma, o rácio de rotação de clientes pode ser interpretado como o número de vezes que o montante de crédito a clientes é convertido em vendas durante um determinado período de tempo. Ilustração 16Rácio de rotação de clientes Rácio de rotação de clientes = 494 000 / (17,000 + 20,000) ÷ 2 = 26.70 vezes Análise: A empresa converteu o montante de créditos a clientes em vendas 26.70 vezes durante o período em análise. 0.2.7.6 Rácio #4 –Prazo médio de recebimentos (PMR) Fórmula. 10http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/racio_rotacao_clientes.htm O prazo médio de recebimento11 é o tempo médio que uma empresa leva a cobrar aos seus clientes aquilo que lhes factura. É um prazo bastante importante, na medida em que enquanto uma empresa vende e não recebe, está a providenciar um crédito ao cliente, e esse crédito é, na óptica da empresa, algo que tem que ser financiado. Assim, quanto mais baixo o prazo médio de recebimento, maior a eficiência da empresa nas suas cobranças, e menor o dinheiro que tem que ter imobilizado no seu fundo de maneio. O aumento do prazo médio de recebimento pode ser uma estratégia comercial da empresa, visto que a concessão de crédito é uma forma de facilitar a venda, mas pode também constituir uma red flag, se indicar que a empresa está a encontrar dificuldades em vender e apenas o consegue com um financiamento exagerado dos seus clientes. Um aumento do prazo médio de recebimento também expõe a empresa a um maior risco de crédito dos seus clientes. Ilustração 17Prazo medio de recebimentos PMR = 365 * ((17 000 + 20 000) ÷ 2)/494 000 = 13.67 dias Ou PMR = 365 / 26.70 = 13.67 dias Análise: A empresa levava em média 13.67 dias na cobrança dos seus clientes. 0.2.7.7 Rácio #5 –Rotação de existências Fórmula. R = CMVMC / Existências médias O rácio ou indicador de rotação de Stocks (ou Existências) é um rácio de actividade que procura medir o grau de eficiência com que a empresa está a efectuar a sua gestão de inventários em stock. Quanto maior o valor do rácio de rotação de clientes, maior é a eficiência da gestão de stocks. O rácio de rotação de existências é calculado pela divisão das vendas totais num determinado período de tempo pelo montante médio de existências nesse mesmo período de tempo. Dado que o valor de existências está geralmente expresso aos preços de custo, uma forma mais 11 http://www.thinkfn.com/wikibolsa/Prazo_m%C3%A9dio_de_recebimento#sthash.eirZwEtZ. dpuf correcta de calcular o rácio de rotação de stocks é utilizando o custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas em lugar do valor das vendas. Desta forma, o rácio de rotação de stocks pode ser interpretado como o número de vezes que os stocks são convertidos em vendas durante um determinado período de tempo. Ilustração 18Rotação de existências Rotação de existências = CMVMC / Existências médias ou Rotação de existências = Vendas / Existências médias Rotação de existências = 140000 / ((10000+12000)/2)= 12.73 vezes Análise: A empresa levava em média 12.73 dias para converter existências em vendas. 0.2.7.8 Rácio #6 – Rácio de autonomia financeira12 ou equity ratio Fórmula O Rácio de autonomia financeira é um rácio financeiro que mede a solvabilidade da empresa através da determinação da proporção dos activos que são financiados com capital próprio. Sendo tudo o resto igual, quanto mais elevado este rácio, maior a estabilidade financeira da empresa. Quanto mais baixo, maior a vulnerabilidade. Ilustração 19Rácio de autonomia financeira Rácio de autonomia financeira = 234390/34639 * 100 = 67,7% Análise: De acordo com este rácio, mais de metade do património da empresa é financiado por capitais próprios. 0.2.7.9 Rácio #7 Rendibilidade Líquida das Vendas13 12http://www.thinkfn.com/wikibolsa/R%C3%A1cio_de_autonomia_financeira#sthash.J8BJQ 2SB.dpuf 13 http://www.portal-gestao.com/financas/item/2291-r%C3%A1cios-de- rentabilidade.html#sthash.1D2JD5iW.dpuf Fórmula Rendibilidade Líquida das Vendas = Resultados Líquido do exercício/Vendas A Rendibilidade Líquida das Vendas (RLV): quanto lucro em Meticais gera a empresa por cada Metical de vendas. A RLV divide o Resultado Líquido pelas Vendas, ambos os valores que constam da Demonstração de Resultados, resumindo o desempenho da empresa. Ilustração 20Rendibilidade Líquida das Vendas Rendibilidade Líquida das Vendas= 53690/494000*100 = 10.9% Análise: De acordo com este rácio, a empresa lucra 10.9 centavos por cada um metical de vendas. 0.2.7.10 Rácio #8 Return on equity (ROE), ou rendibilidade dos capitais próprios14 Formula Return on equity (ROE), ou rendibilidade dos capitais próprios, é um rácio financeiro que mede o retorno do capital empregue pelo accionista (capital próprio) durante um determinado período, normalmente um ano. O ROE é visto como um dos rácios financeiros mais importantes. Mede a eficiência de uma empresa a gerar lucros a partir do activo líquido (situação líquida), e mostra o potencial da empresa aplicar investimentos no sentido de aumentar os resultados. Ilustração 21: Return on equity (ROE), ou rendibilidade dos capitais próprios ROE= 53690/((180000+234390)/2)*100 = 25.9% Análise: De acordo com este rácio, a taxa de rendibilidade dos capitais próprios durante o período em análise foi de 25.9%. 14 http://www.thinkfn.com/wikibolsa/ROE#sthash.TdqjsoTG.dpuf 0.2.7.11 Rácio #9 Earnings Per Share ou Resultado por acção15 Formula EPS ou "earnings per share" são os resultados por acção, ou seja, os resultados que a empresa produziu num dado período (trimestre, ano) divididos pelo número de acções emitidas em circulação dessa empresa. Ilustração 22EPS ou "earnings per share" EPS= 53690/((17000+27400)/2) = 2.42 Meticais Análise: De acordo com este rácio, se a empresa pudesse distribuir todos os seus resultados líquidos pelo número de acções em circulação havia de pagar 2.24 meticais. 0.2.7.12 Rácio #10 Price Earnings Ratio (PER)16 Formula ou O PER(price-to-earnings ratio ou rácio preço/lucro) é um rácio financeiro, que relaciona os lucros líquidos da empresa com a sua capitalização bolsista, ou os resultados por acção com a sua cotação. Ou seja, o PER é quantas vezes o investidor paga pelos lucros da empresa. Se estes fossem totalmente distribuídos e não existisse crescimento, seria o número de anos que o investidor demoraria a recuperar o seu investimento na empresa à cotação presente. É portanto uma medida de valorização da empresa, especialmente útil para estabelecer a valorização relativa entre empresas, mas também como medida absoluta da valorização das empresas, embora nesse caso seja influenciada pelo nível das taxas de juro. 15 http://www.thinkfn.com/wikibolsa/EPS#sthash.BvvLWiHt.dpuf 16 http://www.thinkfn.com/wikibolsa/R%C3%A1cio_pre%C3%A7o/lucro#sthash.pS8OZtZw.d puf Ilustração 23: PER (price-to-earnings ratio ou rácio preço/lucro) PER = 20/2.42 = 8.3 : 1 Análise: De acordo com este rácio, o investidor paga 8.3 vezes pelos lucros que obtém da empresa. 0.2.8 Considerações finais O uso de rácios faz sentido se forem comparados com outras empresas ou sector de actividade. Além disso, a análise deve considerarfactores internos e externos que influenciam o desempenho da empresa e a natureza sazonal das actividades operacionais. Resumo Na Unidade Didáctica nº 3, o estudante revisitou a estrutura de documentos contabilísticos básicos utilizados na Análise Económica e Financeira nomeadamente (o Balanço, a Demonstração dos Resultados, a Demonstração dos fluxos de caixa, a Demonstração das Alterações no Capital Próprio) e aprendeu aplicar diversos métodos de análise financeira que produzem informação para apoiar a tomada de decisões. O estudante acabou de assimilar habilidades importantes na gestão financeira de uma empresa. Definições importantes Demonstração de resultados Balanço Demonstração das Alterações no Capital Próprio Demonstração de fluxos de caixa Métodos de análise económica e financeira Análise comparativa ou horizontal Análise vertical Análise de tendências ou números índices Análise do Mapa de Origens e Aplicações de Fundos Análise da Demonstração de Fluxos de Caixa Análise de Custo-Volume-Lucro Análise Rácios Tarefas Realizar as seguintes tarefas antes da próxima sessão de tutoria com o docente: Ler o seguinte: Capitulo 1 do livro de Higgins. Robert C., Analysis for financial management. 9th edition, 2009 e Capitulo 7, do livro de Nabais, C. e Nabais, F., Pratica Financeira I, 4 edição, Outubro de 2007. Procurar as fórmulas de cálculo dos seguintes rácios 1. Rendibilidade do investimento 1. Rendibilidade dos activos 2. Rendibilidade dos capitais investidos 3. Rendibilidade dos capitais próprios 2. Desempenho operacional 1. Rendibilidade comercial 2. Rácio da margem operacional 3. Rendibilidade liquida das vendas 3. Uso de activos 1. Rotação do caixa 2. Rotação de contas a receber 3. Rotação de existências 4. Rotação do fundo de maneio 5. Rotação de instalações e equipamentos 6. Rotação do activo total Auto-avaliação 1. Dados os seguintes relatos financeiros da empresa Colgate, proceder a Análise horizontal e vertical dos anos 2006 e 2005. a) Comentar a variação anual de vendas, resultados brutos e custos. O que significa a variação da margem bruta superior aos custos de mercadorias vendidas? b) Comentar a variação anual de vendas e contas a receber. c) Comentar a variação das contas a receber e contas a pagar. d) Comentar os lucros por cada unidade de vendas (ultima linha na Análise vertical da DR). O que se passa com a capacidade dos gestores passarem os custos para os clientes? e) Que rubricas é que tem maior peso no activo e passivo circulantes? 2. Utilizar os relatos financeiros do exercicio 1, e calcular rácios para fazer a análise de rendibilidade Chave de correcção 1. Resposta: Para responder as alineas a) a e) primeiro vamos construir mapas verticais e horizontais, como se segue. a) Comentários ∆ vendas = 840,8 ou 7,38% ∆ resultados brutos= 496,6 ou 8,00% ∆ custos = 344,2 ou 6,63% As vendas cresceram 7.38%, mas os custos apenas cresceram em 6.63%, resultando no aumento dos resultados brutos em 8%. Este crescimento é maior que o das vendas. Isto, significa que a empresa conseguiu controlar os custos de produção de modo a aumentar a margem bruta. b) Comentários ∆ vendas = 840,8 ou 7,38% ∆ contas a receber = 213,8 ou 16,33% Contas a receber é uma percentagem de vendas concedida a crédito aos clientes. O crescimento percentual das contas a receber é maior que o crescimento percentual das vendas. Isto, significa que grande parte do crescimento das vendas deveu-se a vendas a crédito o que pode criar problemas de liquidez caso a empresa não consiga converter a tempo as contas a receber em numerário. c) Comentários ∆ contas a receber = 213,8 ou 16,33% ∆ contas a pagar = 163,6 ou18,67% O crescimento percentual das contas a pagar é maior que o das contas a receber. Isto significa que a velocidade do dilatamento do prazo de pagamentos é maior que a do prazo de recebimentos. Isto é bom porque passamos a ter mais tempo para pagar e menos tempo para cobrar. d) Comentários Lucros por cada unidade de vendas = 11,1 (2006) 11,9 (2005) 12,5 (2004) Os lucros por cada unidade de vendas estão a decrescer de ano para ano. Na análise anterior vimos que a empresa consegue controlar os custos de produção de tal modo que a margem bruta tende a crescer. Sendo assim, a razão do decrescimento de lucros por vendas pode ser encontrada nos seguintes aspectos: Aumento de despesas administrativas e gerais Aumento de encargos financeiros Aumento da carga fiscal. Estes aspectos carecem de mais investigação para determinar exactamente a causa do empobrecimento dos lucros por vendas. e) Rrubricas com maior peso no activo e passivo circulantes são: Activo circulante Caixa, Bancos, … 5,36 4,00 5,56 4,24 Contas a receber 16,67 15,39 15,95 16,62 Existências 11,04 10,06 12,00 11,58 Outros 3,06 2,95 3,67 3,34 Activo circulante total 36,12 32,41 37,18 35,78 Passivo circulante Contas a pagar 11,38 10,30 Dívidas de curto prazo 10,40 6,21 Acréscimos e deferimentos 16,18 15,74 Passivo Circulante total 37,96 32,24 2. Resolução Análise de rendibilidade pode ser feita utilizando os seguintes rácios: 1. Rendibilidade do investimento 1. Rendibilidade dos activos 2. Rendibilidade dos capitais investidos 3. Rendibilidade dos capitais próprios 2. Desempenho operacional 1. Rendibilidade comercial 2. Rácio da margem operacional 3. Rendibilidade liquida das vendas 3. Uso de activos 1. Rotação do caixa 2. Rotação de contas a receber 3. Rotação de existências 4. Rotação do fundo de maneio 5. Rotação de instalações e equipamentos 6. Rotação do activo total a) Rendibilidade dos investimentos A rendibilidade dos activos indica que para cada metical investido os activos geram 16.51 cêntimos de resultados antes dos impostos. E que cada um metical do investimento dos accionistas rende 98.04 centimos. Ambos racios são significativamente altos. b) Desempenho operacional O rácio da margem bruta de 54.7% reflecte a capacidade da empresa em vender os seus produtos muito acima dos custos de produção, apesar da concorrência renhida no mercado. A rendibilidade operacional de 17.65% e a rendibilidade liquida das vendas de 11.01% são aceitaveis. Em conclusão, os preços praticados e o controlo dos custos de produção fazem com que a empresa seja uma empresa lucrativa. c) Uso dos activos Os racios do uso de activos são determinantes da rendibilidade dos investimentos. Os racios são bons com a excepção do rácio da rotação do fundo de maneio que é negativo porque o activo circulante é menor que o passivo circulante. Isto indica que a empresa não tem investido no fundo de maneio. Para Investigar Explicar a afirmação “A análise económica e financeira é parte integrante da análise de negócio”. Explicar como os documentos contabilísticos reflectem as actividades de uma empresa. Identificar situações que impedem o cálculo de variações percentuais válidas. Texto de Leitura Básica Higgins. Robert C., Analysis for financial management. 9th edition, 2009 Nabais, C. e Nabais, F., Pratica Financeira I, 4 edição, Outubro de 2007. http://www.otoc.pt/fotos/editor2/Sebenta_DIS3109.pdf Material complementar: Todos os sitesforam acessados recentemente, durante mês de 09/2013 http://www.thinkfn.com/wikibolsa/ROE#sthash.TdqjsoTG.dpuf http://www.thinkfn.com/wikibolsa/R%C3%A1cio_de_autonomia_financeira#sthash.J8BJQ2 SB.dpuf http://www.portal-gestao.com/financas/item/2291-r%C3%A1cios-de- rentabilidade.html#sthash.1D2JD5iW.dpuf http://www.thinkfn.com/wikibolsa/Prazo_m%C3%A9dio_de_recebimento#sthash.eirZwEtZ. dpuf http://www.thinkfn.com/wikibolsa/R%C3%A1cio_de_liquidez_reduzida#sthash.n6CxWMD H.dpuf http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/racio_rotacao_clientes.htm http://www.thinkfn.com/wikibolsa/R%C3%A1cio_de_liquidez_geral#sthash.TpTFuEr4.dpuf http://xa.yimg.com/kq/groups/22685622/290654568/name/AN%C3%81LISE+DA+RELA% C3%87%C3%83O+CUSTO+%C2%96+VOLUME+%C2%96+LUCRO.pdf