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1 ESTUDO DIRIGIDO DE BIOQUÍMICA – P2 (Professores Patrícia e Thiago) METABOLISMO DE CARBOIDRATOS 1) Explique o efeito dos hormônios insulina, glucagon e adrenalina sobre o metabolismo energético de carboidratos e lipídeos, evidenciando a ação em tecidos específicos e a situação metabólica no estado bem alimentado e no estado de jejum. 2) Explique o mecanismo pelo qual a insulina favorece a captação de glicose em alguns tipos de células. (Praticamente a mesma resposta). No estado bem alimentado ocorre liberação de insulina. No músculo a insulina se liga ao receptor GLUT na superfície dos miócitos e vai fazer com que a glicose entre nas células. A glicose vai ser degradada através da glicólise para gerar energia. No fígado a insulina também promove a glicólise gerando energia. Porém o excesso de carboidratos será armazenado tanto no músculo quanto no fígado na forma de glicogênio (glicogenogênese). Um excesso ainda maior de carboidratos proveniente da dieta será convertido em triacilglicerol e será armazenado no tecido adiposo. No estado de jejum curto, o glucagon é secretado estimulando a glicogenólise, ou seja, o glicogênio é degradado liberando glicose. A glicogenólise do fígado vai reestabelecer a glicose plasmática e a glicogenólise do músculo vai gerar glicose que vai para a via glicolítica produzir energia. Nos estados em que precisamos de glicose de forma rápida (reação de luta ou fuga), a adrenalina é liberada e estimula a glicogenólise, a gliconeogênese e a cetogênese para fornecer glicose necessária ao organismo naquele momento. 3) Discuta o papel central da via glicolítica no metabolismo de glicose. Qual a importância da fosforilação enzimática da glicose-6P e os principais destinos metabólicos dessa hexose fosforilada? A via glicolítica utiliza não só a glicose, mas também outros açúcares que podem ser transformados em intermediários da via. Ou seja, a via glicolítica é uma via central de degradação de monossacarídeos que são transformados em intermediários que podem entrar na via como glicose-6-fosfato, frutose-6-fosfato ou gliceraldeído-3-fosfato. Por exemplo, o glicogênio ou o amido da dieta pode ser quebrado gerando glicose-1-fosfato que sofre apenas uma mudança no grupamento fosfato que sai do C1 para o C6 formando glicose-6-fosfato. A lactose pode ser quebrada pela lactase e formar galactose e glicose. A glicose ganha um fosfato e forma a glicose-6-fosfato. A galactose sofre uma série de reações e também forma glicose-6-fosfato. E também manose pode ser convertida em frutose-6-fosfato. A glicose-6-fosfato pode ser desviada para a Via das Pentoses Fosfato onde ela pode ser oxidada formando ribose-5-fosfato, um componente dos nucleotídeos, coenzimas e DNA/RNA. A glicose-6-fosfato pode também continuar na via glicolítica gerando outros intermediários que podem também ser desviados para a biossíntese de aminoácidos. 2 4) Como a via glicolítica é regulada enzimaticamente? Evidencie as etapas de regulação e os mecanismos regulatórios alostéricos e hormonais sofridos por cada enzima-chave. A via glicolítica possui 10 reações das quais a 1°, 3° e 10° são irreversíveis, ou seja, são os pontos de regulação. A primeira etapa regulatória é a catalisada pela hexoquinase que adiciona no carbono 6 da glicose uma molécula de fosfato doada pelo ATP gerando como produto a glicose-6-fosfato. No músculo tem a hexoquinase 1 que é inibida alostericamente pelo seu produto glicose-6-fosfato, consequentemente, a via glicolítica vai ficar inibida. No fígado tem a hexoquina 4 ou glicoquinase que tem baixa especificidade pelo seu substrato e, portanto, pode ser inibida alostericamente pela a frutose-6-fosfato. A segunda etapa regulatória é a catalisada pela fosfofrutoquinase-1 que transfere um grupamento fosfato do ATP para o carbono 1 da frutose-6-fosfato formando como produto a frutose-1,6-bifosfato. A frutose -1,6-bifosfato é inibida alostericamente por altas concentrações de ATP e de citrato (intermediário do ciclo de Krebs) e é ativada por ADP e AMP. A frutose-1,6-bifosfato também pode ser regulada de forma hormonal através da enzima fosfofrutoquinase-2 que transforma frutose-6-fosfato em frutose-2,6-bifosfato. A fosfofrutoquinase-2 é ativada pela insulina e forma frutose-2,6-bifosfato que em altas concentrações vai ativar a via glicolítica porque aumenta a atividade a fosfofrutoquinase-1. Já o glucagon e a adrenalina inibem a fosfofrutoquina-2 que inibe a formação de frutose-2,6-bifosfato e, consequentemente, vai inibir a fosfofrutoquinase-1 e a via glicolítica. A terceira etapa regulatória é a catalisada pela piruvato quinase que retira o fosfato da fosfoenolpiruvato e a transfere para o ADP e forma o produto piruvato. A piruvato quinase também é inibida alostericamente por altas concentrações de ATP e de acetil-CoA. 5) Quais os possíveis destinos do piruvato na célula? Explique qual o caminho mais vantajoso em termos de custo e benefício energético. Justifique, bioquimicamente, a necessidade da célula em transformar o piruvato em lactato. Após sofrer as 10 reações, a glicose forma 2 moléculas de piruvato que dependendo das condições de oxigenação pode seguir 3 caminhos diferentes. Um acontece somente em leveduras que é a chamada fermentação alcoólica que ocorre em condições de anaerobiose transformando o piruvato em etanol. Outro caminho pode acontecer na célula muscular que em condições de anaerobiose como durante uma atividade física intensa, transforma o piruvato em lactato através da fermentação lática. O ácido lático é tóxico para o organismo e provoca cãibras, porém ele pode ganhar a corrente sanguínea e sofrer gliconeogênese no fígado formando glicose que pode voltar para o músculo. O outro caminho é a conversão de piruvato em acetil-CoA que vai para o ciclo de Krebs. Este é o caminho mais vantajoso porque produz mais energia que o os outros 2 caminhos. 6) Qual a importância do processo de fermentação lática em células musculares? Em que situação metabólica esse processo é ativado? Explique o ciclo de Cori e como ocorre o mecanismo de reciclagem de glicose nesse processo metabólico. Durante um esforço muscular intenso, pode ocorrer vasoconstrição e consequentemente a concentração de oxigênio pode diminuir. Desta forma há necessidade de fazer fermentação lática para continuar a produzir energia. A fermentação lática libera lactato que é tóxico e provoca cãibras. Esse lactato 3 pode cair na corrente sanguínea e sofrer gliconeogênese no fígado formando glicose que pode voltar ao músculo e ser armazenado na forma de glicogênio. 7) A PFK-1 é a segunda enzima regulatória da glicólise, transformando frutose 6-fosfato + ATP em frutose 1,6-bifosfato e ADP. A PFK-1 é inibida por altas concentrações de ATP e ativada por altas concentrações de ADP e AMP. Explique, em termos de balanço energético, a regulação geral da via glicolítica. Um enzima da via glicolítica pode ser inibida por altas concentrações de ATP, porque se tem muito ATP significa que já tem muita energia e como o objetivo da via glicolítica é produzir energia a enzima pode ser inibida alostericamente pelo ATP. É o que pode acontecer com a fosfofrutoquinase-1 8) Como o ciclo de Krebs é regulado? Qual o efeito da inibição da cadeia transportadora de elétrons sobre o funcionamento do ciclo e da respiração celular? Se a CTE for inibida, vai ocorrer um acúmulo de NADH e FADH2, os quais inibem as enzimas do ciclo de Krebs (1, 3 e 4) e também inibe a piruvato desidrogenase. Desta forma o piruvato produzido na glicólise é desviado para a fermentação lática. 9) Explique, bioquimicamente, a função da glicogenólisehepática e a glicogenólise muscular. Em que situações metabólicas essa via é ativada? Explique a ação hormonal. A glicogenólise, ou seja, a quebra de glicogênio liberando glicose é ativada em curtos períodos de jejum através da ação do glucagon. A glicose gerada no músculo vai entrar na via glicolítica para produzir energia. Já a glicose gerada no fígado vai entrar na corrente sanguínea restaurando os níveis de glicose hepática. 10) O que justifica a alta taxa de glicólise em células tumorais? Explique a função dessa via na célula e o que leva ao aumento de sua velocidade. A função da glicólise é produzir energia através do piruvato. As células tumorais são células que precisam de muita energia por causa de sua alta taxa de divisão celular, sendo assim, a taxa de glicólise também é alta. Porém em células tumorais é comum o estado de hipóxia (baixa concentração de oxigênio) e as células utilizarão a fermentação lática. Então para produzir uma quantidade alta de energia através da fermentação lática, é necessário que chegue uma concentração alta de piruvato e, consequentemente, é necessária uma alta taxa de glicólise. 4 METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS 1. Em que condições metabólicas o nosso organismo degrada aminoácidos? Jejum prolongado, dieta rica em proteínas e proteínas intracelulares quando não são mais necessárias. 2. De que maneira o excesso de grupamento amino é transportado dos tecidos extra-hepáticos para o fígado que chegam a liberar amônia? O excesso de grupamento amino é transportado do músculo para o fígado na forma de alanina. Já os provenientes dos tecidos extra-hepáticos são transportados através da glutamina. A alanina vai para o fígado e doa o grupamento amino para o alfacetoglutarato. O alfacetoglutarato se transforma em glutamato. O glutamato perde o grupamento a mino que vai para o ciclo da ureia e o glutamato volta a se transformar em alfacetoglutarato. A alanina quando perde o grupamento amino ela se transforma em piruvato que em condições de jejum vai para a gliconeogênese e no estado bem alimentado vai para o ciclo de Krebs. A glutamina que tem 2 grupamento amino ao chegar no fígado perde o primeiro grupamento amino da cadeia lateral que vai para o ciclo da ureia. A glutamina sem esse grupamento amino se transforma em glutamato que pode perder o segundo grupamento amino da estrutura geral e se transformar em alfacetoglutarato. 3. Descreva as etapas envolvidas no ciclo da ureia e em que local da célula elas ocorrem? Antes de começar o ciclo da ureia que tem 4 etapas, é necessário sintetizar a molécula de carbamoil-fosfato na matriz mitocondrial. A partir do grupamento amônia e grupamento amino, a enzima carbamoilfosfato-sintetase-1 adiciona uma carbonila proveniente do carbonato e adiciona um fosfato proveniente do ATP formando o produto carbamoil-fosfato. Ainda na matriz mitocondrial começa a primeira etapa do ciclo da ureia na qual a carbamoil-fosfato perde um fosfato na forma de Pi e se transforma em carbamoil. A carbamoil se condensa à ornitina formando citrulina, reação catalisada pela enzima ornitina-transcarbamoilase. A segunda reação tem 2 etapas e acontece no citosol. A citrulina forma arginino-succinato, reação acoplada à clivagem de ATP, reação catalisada pela enzima arginino-succinato sintetase. Primeiro a citrulina forma um produto intermediário e depois se condensa ao aspartato formando arginino-succinato. Na terceira reação a arginino-succinato vai formar 2 produtos, uma é a arginina que continua no ciclo e a outra é o fumarato que vai para o ciclo de Krebs. Na quarta reação a arginina sofre uma reação de hidrólise catalisada pela arginase que forma ureia para ser excretada na urina e resintetisa a ornitina que volta para a matriz mitocondrial fechando o ciclo. 4. Qual é a enzima regulatória do ciclo da ureia? Carbamoil-fosfato-sintetase-1 que sintetiza a carbamoil-fosfato a partir de amônia e grupamento amino. Entram na reação uma carbonila proveniente do carbonato e um fosfato proveniente do ATP. 5. Descreva os pontos de conexão entre os ciclos da ureia e do ácido cítrico. Na matriz mitocondrial a carbamoil se condensa com a ornitina formando citrulina que vai para o citosol. A citrulina forma arginina succinato que é posteriormente quebrada em arginina que continua no ciclo da ureia e 5 fumarato que entra na matriz mitocondrial e cai para o ciclo de Krebs. Ou o fumarato se transforma em malato que também entrea na matriz para ir para o ciclo de Krebs. O ciclo de Krebs ganha o fumarato do ciclo da ureia e contribui com o ciclo da ureia através do aspartato. O glutamato libera um grupamento amino para o oxaloacetato (intermediário do ciclo de Krebs) que se transforma em aspartato. O aspartato vai para o citosol e é acoplada com a citrulina para formar arginino succinato no ciclo da ureia. 6. Por que a amônia é tóxica para o nosso organismo? Porque é pouco solúvel em água e desta forma precisa de grande quantidade de água para ser excretada. Isso gera um desequilíbrio osmótico no organismo. Além do mais, a amônia consegue ultrapassar a barreira hematoencefálica e interfere na síntese de neurotransmissores. 7. Diferencie aminoácidos glicogênicos de aminoácidos cetogênicos. Aminoácidos glicogênicos: estão preferencialmente envolvidos no metabolismo de carboidratos ou no metabolismo de intermediários do ciclo de Krebs. Aminoácidos cetogênicos: estão envolvidos na formação de corpos cetônicos (cetogênicos), porém só serão formados no estado de jejum prolongado ou diabetes não controlado. Existem ainda aminoácidos que são tanto glicogênicos quanto cetogênicos. A via a ser seguida vai depender do estado metabólico. No jejum prolongado e diabetes não controlado há necessidade de gliconeogênese e formação de corpos cetônicos, portanto a via preferencial será a cetogênica. Já no estado bem alimentado a via preferencial será a glicogênica. 8. Quais são os destinos do esqueleto de carbono na degradação de aminoácidos? Na degradação de aminoácidos, o grupamento amino é o primeiro a sair para o ciclo da ureia e o que sobra é o esqueleto de carbono. O esqueleto de carbono proveniente de aminoácidos cetogênicos sempre vai envolver a formação de acetil-CoA e acetoacetil-CoA que vão para a cetogênese. O acetil-CoA também pode formar citrato pela condensação com o oxaloacetato indo para o ciclo de Krebs. Já os corpos cetônicos provenientes de aminoácidos glicogênicos vão sempre ter como intermediários o alfacetoglutarato, fumarato, oxaloacetato e succinil-CoA. O oxaloacetato pode ser formado direto da degradação de asparagina, aspartato ou piruvato. 9. Cite a causa de duas doenças genéticas que afetam a degradação de aminoácidos. Albinismo onde ocorre alteração no metabolismo de melanina. Fenilcetonúria onde ocorre acúmulo de fenilalanina devido à ausência da enzima que transforma fenilalanina em tirosina. 10. Cite os precursores envolvidos na biossíntese de aminoácidos. Intermediários do ciclo de Krebs: alfacetoglutarato, oxaloacetato. Intermediários da via glicolítica: 3-fosfoglicerato, fosfoenolpiruvato, piruvato. Intermediários da via das pentoses fosfato: ribose-5-fosfato 6 METABOLISMO DE LIPÍDEOS 1) Em diversas situações metabólicas o metabolismo de lipídeos apresenta-se como primordial para o suprimento da demanda de energia para o organismo. A dieta adequada, portanto, é a fonte orgânica para a aquisição de lipídeos essenciais ou não para o armazenamento, degradação ou biossíntese de outros componentes. Após a ingestão de gorduras na dieta, explique as etapas decorrentesno sistema digestório e a forma como os lipídeos são transportados e distribuídos para os tecidos. Após serem ingeridas, as gorduras são emulsificadas e degradadas pelas lipases intestinais que trasnformam triacilglicerol em glicerol e ácidos graxos. Os ácidos graxos são incorporados nos quilomícrons e são transportados pela corrente sanguínea distribuindo os ácidos graxos pelos tecidos. No adipócito, o ácido graxo será armazenado. Já nos hepatócitos ou nos miócitos o ácido graxo será degradado para liberar energia. 2) O que são quilomícrons e descreva sua função no metabolismo de lipídeos. Quilomícron é uma molécula que faz parte das lipoproteínas. Ele transporta os ácidos graxos e colesterol proveniente da dieta e os distribui pelos tecidos, principalmente para o fígado e tecido adiposo. Só existe quilomícron no estado bem alimentado, porque no estado de jejum não tem ácidos graxos para serem absorvidos. No estado de jejum quando os ácidos graxos são mobilizados do tecido adiposo, eles são carregados pela albumina e não pelo quilomícron. 3) Vários hormônios antagonistas (insulina e catecolaminas) são fundamentais para o controle do metabolismo energético. Explique o efeito do glucagon e insulina sobre o metabolismo de ácidos graxos no tecido adiposo. A insulina e o glucagon são hormônios antagonistas. No estado de jejum é liberado o glucagon, já no estado bem alimentado a insulina é liberada. Desta forma, no estado de jejum, o glucagon por meio de várias reações ativa a enzima lipase sensível à hormônio que induz a degradação de ácidos graxos para gerar energia. O glucagon se liga no receptor de membrana que ativa a proteína G que, por sua vez, se liga à enzima adenilato ciclase ativando-a e desta forma, ela produz dentro da célula um mensageiro secundário que é o AMPc. O AMPc vai ativar a proteína quinase A que fosforila a enzima lipase sensível à hormônio que vai degradar o triacilglicerol. Já a insulina no estado bem alimentado vai se ligar ao receptor de membrana, vai ativar uma fosfatase que vai desfosforilar a enzima lipase sensível à hormônio e, desta forma, o ácido graxo vai ser armazenado nos adipócitos na forma de triacilglicerol que vai ser transportado na corrente sanguínea através da albumina. 4) O exercício aeróbico é fundamentalmente dependente de um suprimento adequado de oxigênio nos tecidos. Explique por que a oxidação de ácidos graxos não pode ocorrer na ausência de O2. Compare energeticamente a oxidação de carboidratos e lipídeos. Porque sem oxigênio o NADH e o FADH2 vai ficar na sua forma reduzida. Sem oxigênio não há reciclagem destas moléculas para a forma de NAD+ e FAD+ o que inibe as enzimas da beta oxidação. Desta forma o músculo vai fazer fermentação lática para obter energia. 7 A degradação de carboidratos gera em média 30-32 ATPs enquanto que a beta-oxidação gera em torno de 106 ATPs. Isto ocorre porque o ácido graxo possui cadeia mais reduzida que o carboidrato e, portanto, ao sofrer oxidação vai liberar mais energia. 5) A carnitina é uma vitamina não-essencial importante para a oxidação de ácidos graxos. Descreva a participação da carnitina nesse processo. O ácido graxo não consegue entrar livremente para o interior da mitocôndria. A entrada do ácido graxo requer primeiro a transformação do ácido graxo em acil-CoA pela ação da enzima acil-CoA graxo sintetase. Ao chegar na membrana externa da mitocôndria, a carnitina alcil-transferase-1 retira o CoA da acil- CoA e adiciona carnitina formando acil-carnitina. Quem faz o transporte da acilcarnitina para a matriz é a acil- carnitina translocase e na matriz a carnitina acil-transferase-2 inverte o processo, ou seja, rética a carnitina e adiciona o CoA. 6) Qual a função da beta-oxidação? Evidencie as etapas enzimáticas, seus produtos e o destino metabólico dos mesmos. Produzir glicose através da gliconeogênese no fígado para manter o nível basal de glicose no sangue. Na primeira etapa, a palmitoil-CoA sofre uma reação de desidrogenação e forma a enoil-CoA, reação catalisada pela acil-CoA desidrogenase. O FAD+ recebe os hidrogênios formando FADH2 e posteriormente vai para a CTE. Na segunda etapa, a enoil-CoA sofre uma reação de hidratação e forma a L-B-hidroxiacil-CoA, reação catalisada pela enoil-CoA-hidratase. Na terceira reação, o L-B-hidroxiacil-CoA sofre uma reação de desidratação e os hidrogênio vão para o o NAD+, formando NADH que também vai para a CTE. A reação é catalisada pela b-hidroxiacil-CoA- desidrogenase gerando como produto o B-cetoacil. Na quarta reação, o B-cetoacil sofre ação de uma tiolase que quebra o composto formando acil-CoA e acetil-CoA. 7) Descreva a regulação geral não-hormonal da beta-oxidação. Baixa concentração de oxigênio, pois do contrário a CTE não consegue reciclar o NADH e FADH e, desta forma, a beta oxidação será inibida. Regulação gênica, pois as enzimas precisam ser produzidas. Disponibilidade de CoA, FAD+ e NAD+. 8) Explique a regulação hormonal que controla a síntese e a degradação de ácidos graxos, evidenciando os hormônios antagonistas e suas ações na atividade enzimática de cada via. No estado de jejum, o glucagon vai fosforilar a acetil-CoA-carboxilase que fica inativa e, assim, inibe a síntese de ácidos graxos. No estado bem alimentado a insulina desfosforila a acetil-CoA-carboxilase, consequentemente, a enzima fica ativada. Quando ativada, a acetil-CoA-carboxilase vai transformar acetil-CoA em malonil-CoA 8 que vai para a síntese de ácidos graxos. A malonil inibe a beta oxidação porque inibe o transporte de ácidos graxos para o interior da mitocôndria. 9) Qual a função dos corpos cetônicos para o organismo? Evidencie o local de produção, situação metabólica, os alvos teciduais e a regulação de sua produção. Os corpos cetônicos são moléculas produzidas no estado de jejum pelo fígado. Os corpos cetônicos são usados pelo cérebro, coração e músculo em períodos de jejum prolongado para produzir energia. A produção de corpos cetônicos utiliza acetil-CoA proveniente da beta oxidação de ácidos graxos. Se a produção de ácidos graxos for maior que o consumo, vai ocorrer um acúmulo de corpos cetônicos no plasma que, consequentemente, o seu acúmulo vai diminuir o pH provocando acidose (é o que acontece na acetoacidose diabética). Se ocorrer diminuição do oxaloacetato para síntese de glicose (gliconeogênese que ocorre no jejum), o acetil-CoA vai ser desviado para a síntese de corpos cetônicos. Portanto, a diminuição do oxaloacetato aumenta a produção de corpos cetônicos e vice-versa. Fora do jejum, o oxaloacetato vai estar disponível e a produção de corpos cetônicos não acontece. 10) Explique o funcionamento do metabolismo de ácidos graxos (catabolismo e anabolismo) nas seguintes situações: estado bem alimentado, jejum prolongado e exercício físico ou estado de estresse. É praticamente a mesma da 8. Lembrar que no exercício físico e em momentos de estresse (“luta ou fuga”) há liberação de adrenalina. A adrenalina estimula a cetogênese. 9 CICLO DE KREBS E CADEIA TRANSPORTADORA DE ELÉTRONS 1) O complexo da piruvato desidrogenase é um sistema multienzimático que faz a conexão entre a via glicolítica e o ciclo de Krebs. Explique a regulação deste complexo e como está relacionado ao processo de fermentação lática. No complexo piruvato-desidrogenase ocorre uma reação que liga a via glicolítica ao ciclo de Krebs. Portanto, o complexo piruvato desidrogena é a primeira reação importante que ocorre dentro da mitocôndria antes de entrarno ciclo de Krebs. Essa reação é catalisada pela piruvato desidrogenase que converte piruvato em acetil-CoA. A piruvato desidrogenase nesta reação produz NADH pela transferência de elétrons e prótons do piruvato para o NAD+. Portanto essa enzima precisa de NAD+ disponível e se não tiver oxigênio disponível, não há reciclagem de NADH para NAD+ e o ciclo de Krebs não ocorre e o piruvato vai para a fermentação lática. Além do NADH, altas concentração de ATP, acetil-CoA e ácidos graxos também inibem o ciclo de Krebs desviando o piruvato para a fermentação lática. 2) Qual a importância metabólica do ciclo de Krebs? Qual a relação entre o funcionamento do ciclo de Krebs e o suprimento de O2? No ciclo de Krebs algumas enzimas necessitam de NAD+ e FAD+ para produzirem NADH e FADH2, mas sem oxigênio não ocorre a reciclagem do NADH e do FAH2 e as enzimas que utilizam esses moléculas param de funcionar. Consequentemente, o ciclo de Krebs não funciona e o piruvato segue para a fermentação lática. Portanto, quando a célula não tem suprimento adequado de oxigênio como na atividade física intensa, o correrá a produção de lactato pela fermentação lática. 3) Explique a regulação do ciclo de Krebs, destacando as etapas de regulação com as enzimas catalisadoras. 1° Reação: que é catalisada pela enzima citrato sintase é inibida por altas concentrações de NADH, ATP, acetil-CoA e ácidos graxos. Entretanto, a enzima é ativada por altas concentrações de AMP, NAD+ e Ca2+. 3° Reação: é catalisada pela isocitrato desidrogenase que é inibida por altas concentrações de ATP e NADH. Porém tem a sua atividade aumentada em altas concentrações de Ca2+ e ADP. 4° Reação: é catalisada plea alfa-cetoglutarato desidrogenase que é inibida por compostos arsênicos (arsenato e arsênio), succinil-CoA e NADH. Já altas concentrações de Ca2+ ativa a enzima. 4) A cadeia transportadora de elétrons é uma via que finaliza o processo de respiração celular aeróbica e representa a principal etapa de produção energética em forma de ATP. Quais são os componentes da CTE e o local intracelular? Esses componentes estão na membrana interna da matriz mitocondrial. Componentes móveis: ubiquinona e citcromo C. 10 Componentes fixos: Complexo 1: NADH – Ubiquinona óxido redutase Complexo 2: Succinato ubiquinona óxido redutase Complexo 3: Citocromo C óxido redutase Complexo 4: Citocromo C oxidase Complexo 5: ATP- sintetase 5) Explique que tipo de reação bioquímica ocorre no processo de transferência de elétrons na cadeia, destacando como a energia do transporte de elétrons está relacionada a produção de ATP. Durante o transporte de elétrons entre os complexos, os prótons são bombeados da matriz mitocondrial para o espaço intermembranar gerando diferença de gradiente, ou seja, maior concentração de prótons fora e menor concentração de prótons dentro, o que aumenta o pH dentro da matriz mitocondrial. Os prótons são bombeados para o espaço intermembranar com gasto de energia proveniente do transporte de elétrons pelos complexos 1, 3 e 4. Os prótons voltam para a matriz mitocondrial a favor do gradiente, ou seja, sem gasto de energia. Porém, a membrana interna é impermeável aos prótons e eles passam para a matriz através do complexo 5 que é uma ATP-sintetase, ou seja, ela é especializada em utilizar a energia proveniente da passagem de prótons do espaço intermembranar para a matriz mitocondrial na forma de ATP. 6) Explique, bioquimicamente, o caminho diferencial da oxidação do NADH e do FADH2. Como pode ser justificada a produção menor de ATP pelo FADH2 em comparação ao NADH? O diferencial está no caminho percorrido por cada molécula O caminho do NADH é: complexo 1, ubiquinona, complexo 3, complexo 4 e por fim produz água. O caminho do FADH é: complexo 2, ubiquinona, complexo 3, complexo 4 e por fim produz água. Desta forma, cada NADH contribui com 10 prótons para o espaço intermembranar, pois são liberado para o espaço intermembranar 4 prótons no complexo 1, 4 prótons no complexo 3 e 2 prótons no complexo 4. Já cada FADH2 contribui com 6 prótons para o espaço intermembranar: 4 prótons no complexo 3 e 2 prótons. O complexo 2 não atravessa a membrana e por isso não consegue bombear prótons para o espaço intermembranar. Como são necessário 4 prótons para produzir um ATP, o NADH produz 2,5 ATP e o FADH2 produz 1,5. 7) Qual a função e o mecanismo exercido pelas proteínas desacopladoras? A função da proteína desacopladora é bombear prótons do espaço intermembranar para a matriz mitocondrial. Assim, o próton quando volta para a matriz mitocondrial não passa pelo complexo 5 que é uma ATP-sintetase e, portanto, não produz energia. A proteína desacopladora não tem a capacidade de utilizar a energia proveniente do transporte à favor do gradiente para produzir ATP. A energia é liberada na forma de calor, que nos recém nascidos que possuem tecido adiposo marrom (maior quantidade de mitocôndrias) serve para garantir o controle da temperatura corporal. Animais que hibernam também utilizam esse sistema. 8) Explique a regulação da cadeia transportadora de elétrons, destacando os ativadores e inibidores. Cite exemplos de drogas inibidoras de complexos protéicos na CTE. O que a inibição desses complexos pode acarretar? 11 O ATP, produto final da CTE, quando em altas concentrações inibe a CTE. Se houver ausência de oxigênio também há inibição da CTE, porque os componentes NADH e FADH2 vão ficar na forma reduzida e não conseguem transportar elétrons. A proteína desacopladora, de uma certa forma, também inibe a produção de ATP, mas não inibe a CTE. Drogas como cianeto e monóxido de oxigênio inibem irreversivelmente o complexo 4 da CTE. Como a CTE é uma cadeia, portanto a inibição de uma das etapas altera a produção final e acumula substrato no início. Entretanto, a CTE possui ativadores como AMP e ADP, porque altas concentrações desses componentes sinaliza que há baixo nível energético intracelular. 9) Explique a função da cadeia transportadora de elétrons para a manutenção da respiração aeróbica em atividade, ou seja, como a CTE ajuda a manter o funcionamento de vias catabólicas? 10) Faça a integração do metabolismo de lipídeos e de carboidratos, destacando a participação dos principais hormônios antagonistas do metabolismo energético. Daniele
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