Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
69 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS Unidade II 5 FILO CRUSTACEA O filo Crustácea reúne aproximadamente 42 mil espécies, com a maioria dos exemplares aquáticos. Quando pensamos nos crustáceos, alguns grupos vêm facilmente em mente, como os camarões, caranguejos, siris e lagostas. Mas veremos que, além destes, existem muitos outros representantes, como o kril, microcustáceo muito semelhante aos camarões que nada em grupo e é importante fonte alimentar para muitos animais marinhos, como algumas baleias. Figura 43 – Exemplos de crustáceos: A: caranguejo; B: camarões; C: siri; e D: lagosta. Embora grande parte dos crustáceos habite as águas continentais e os mares, os tatuzinhos‑de‑jardim são exemplares terrestres que buscam nos solos úmidos suas fontes hídricas. Para este animal, seu exoesqueleto, além de uma estrutura protetora contra choques mecânicos, é também uma importante barreira contra a dissecação. A palavra Crustacea, originada do latim crusta, pode ser traduzida como concha ou pele grossa. Em verdade, a nomenclatura remete ao exoesqueleto extremamente rígido dos crustáceos, uma vez que este é quase sempre mineralizado. Os crustáceos aquáticos habitam desde o bento, onde siris, caranguejos e camarões consomem carcaças de peixes mortos, até a superfície das águas, onde compõem o zooplâncton e consomem algas, aumentando o fluxo de energia e fornecendo alimento para vertebrados marinhos. Podem ser de vida livre ou sésseis. 70 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II A variedade corporal permite que encontremos animais com menos de 1mm até 3m de uma perna a outra, como o caranguejo Macrocheira kaempferi, habitante de águas profundas do Oceano Pacífico. Além de importantes ao ambiente como biomassa que sustenta teias alimentares, os humanos dependem economicamente dos crustáceos. Muitas populações têm neste grupo sua principal fonte de proteínas. 5.1 Morfologia e função O corpo dos crustáceos é dividido em dois tagmas: o cefalotórax e o abdômen. O primeiro é fortemente mineralizado, recoberto por uma carapaça, não segmentado externamente; no segundo, de maneira oposta, os segmentos são fortemente visíveis. Olho Cefalotórax Abdômen Télson Antênula Antena Pereiópodes Pleiópodes Urópodes Figura 44 – Morfologia de um camarão como exemplo das principais estruturas vistas em crustáceos O número de apêndices dos crustáceos é alto, com, em geral, um par por segmento. Os apêndices são especializados em diferentes tarefas, como os ambulatoriais voltados para a locomoção. A maior parte dos crustáceos traz, com exceção do primeiro par de antenas, todos os demais birremes, conforme a imagem a seguir. Figura 45 – Exemplo de apêndice birreme, no qual há a projeção de dois ramos a partir do mesmo apêndice, característica diagnóstica dos crustáceos 71 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS Lembrete Os apêndices dos artrópodes podem ser unirremes ou birremes. Unirremes: um único ramo. Birremes: dois ramos principais. Se pensarmos em um caráter de identificação que melhor defina os crustáceos, este será a presença de dois pares de antenas (Figura 44) originárias do ácron. Esta é considerada a verdadeira diagnose do grupo, nem um outro grupo possui a mesma composição. No cefalotórax a apreensão do alimento ocorre por meio de um par de mandíbulas e dois de maxilas. Sobre os olhos está o rostro, uma projeção da carapaça do cefalotórax, não segmentado, que pode conter espinhos ou ser serrilhada. Ao final do corpo, o télson não segmentado também é portador de apêndices: os urópodes, utilizados, sobretudo, para a natação. O conjunto reunindo télson mais urópodes é chamado de leque caudal. 5.1.1 Trocas gasosas e transporte As trocas gasosas podem ocorrer por meio de trocas pela superfície corporal, através de difusão. Este processo é frequente em microcrustáceos que apresentam corpos reduzidos e, consequentemente, menor consumo de oxigênio. Alguns crustáceos têm seus apêndices envolvidos na captação do oxigênio. Em cavidades corporais, as brânquias se encontram protegidas e o apêndices são geralmente responsáveis pela ventilação do órgão, seus movimentos direcionam a água para as brânquias, mantendo o fluxo constante de água. O oxigênio depende dos pigmentos respiratórios como a hemocianina, então o oxigênio proveniente das brânquias é transportado em direção aos tecidos. Alguns exemplares de crustáceos são capazes de transportar o oxigênio de maneira livre, dissolvido, outros apresentam hemociaina como transportador. Como nos demais artrópodes, com sistema circulatório aberto, o sangue é bombeado por pequenas artérias ramificadas que desembocam na hemocele e seguem em direção às brânquias, onde são oxigenados e partem para o coração, dorsal e com uma única câmara. 5.1.2 Nutrição e digestão Os hábitos alimentares dos crustáceos são muito diversificados, sendo carnívoros, parasitas e herbívoros. 72 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II A suspensívoria é frequente em muitos crustáceos, como as cracas, que habitam costões rochosos e cascos de vertebrados. Animais suspensívoros dependem das partículas orgânicas dispersas na água e as capturam por meio de seus apêndices, esses em geral são repletos de cerdas e, por vezes, secreção de substâncias adesivas. O alimento coletado é transportado em direção à boca, exigindo que o animal realize esforço de coleta, diferentemente dos filtradores como as esponjas‑do‑mar que permanecem paradas, dependendo somente das correntes marinhas. A digestão se inicia com o auxílio de apêndices localizados na região da cabeça e na porção anterior do cefalotórax. O trato digestório tem forma de “J” ou “L”, consistindo em um tubo reto que se inicia no estomodeu. Este trecho é modificado em esôfago e estômago, sendo o último adaptado para triturar cristas quitinosas, dentículos e ossículos de calcário (moinho gástrico). Ao final, finas cerdas retêm as partículas grossas, encaminhado a porção seguinte ao mesêntero, somente o que foi digerido. Antenas Boca Esôfago Estômago Fígado Ovário Cadeia nervosa Urópodes Télson Ânus Músculos Intestino Pericárdio CoraçãoArtéria antenarArtéria oftálmica OlhosAntênulas Gânglio cerebroide Glândula verde Poro genital feminino Figura 46 – Sistemas fisiológicos de um lagostim O mesêntero é formado por intestino e pares de cecos digestivos, nesta porção ocorre digestão química e absorção, ambos os órgãos apresentam tamanho variável. Os cecos em geral apresentam células armazenadoras de glicogênio, lipídios e cálcio. O proctodeu cumpre a reabsorção de água, formação e armazenamento de fezes. Ao final deste, o ânus completa o trato, localizando‑se na base do télson. 5.1.3 Sistema excretor Ainda que os tatus‑de‑jardim sejam exemplares terrestres, o sistema excretor não apresenta túbulos de Malpighi. A excreção é realizada através de um par de glândulas verdes, também chamadas de glândulas antenais ou maxilares mediante a sua posição. As glândulas verdes são formadas por órgãos tubulares localizados na região ventral da cabeça. Em uma extremidade, uma pequena vesícula terminal se conecta a uma base esponjosa, o labirinto. Na outra extremidade, os túbulos se abrem para o exterior, conectados a uma bexiga. 73 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS A pressão hidrostática presente na hemocele força o fluxo em direção ao saco terminal, um tipo de nefrídio saculiforme, no qual alguns compostos são retidos e seguem para o labirinto. Neste ocorre a reabsorção de sais, aminoácidos e água. O material residual sai pelos túbulos renais em forma de urina e pode ser armazenado na bexiga ou eliminado diretamente por meio de um poro, o nefridióporo. O produto final eliminado pela excreção é a amônia, que ainda pode ser eliminada por difusão pelas brânquias, auxiliando na regulação osmótica e na eliminação da água excedente. Observação Eliminando amônia, até mesmo os crustáceos terrestres são altamente dependentes de água. 5.1.4 Sistema nervoso e sensorial Os crustáceos apresentam um cérebro tripartido: protocérebro, deutocérebro e tritocérebro. E está ligado a um par de cordões ventrais, que pode apresentar fusão com gânglios ao longo de sua extensão. Os sistemas dos crustáceos são divididos funcionalmente em central e periférico. Este último, um dos mais importantes e composto por diferentes órgãos sensoriais, falaremos a seguir. Sensilas táteis estão projetadas de maneira abundante nas quelas, peças bucais e télson. Sensilas quimiorreceptoras podem ter função olfativa ou gustativa e são encontradas nas antenas e peças bucais. Internamente muitos proprioceptores, células únicas e isoladas ao longo dos corpos, controlam as condições internas, como pressão e pH. Ocelos podem estar presentes e, neste caso, estão posicionados medianamente; já os olhos são na maioria das espécies compostos e lateralizados. Estes podem ser fixos e alinhados na superfície da cabeça ou móveis e presos em sua base a pedúnculos. Estas projeções permitem ao animal movimentos independentes de um olho em relação ao outro e que estes olhos possam girar até 180°. O número de omatídeos é altamente variável, os tatuzinhos‑de‑jardim apresentam 25, porém existem lagostas com 14 mil. A percepção visual também irá oscilar, o camarão mais conhecido no Brasil como Tamarutaca é capaz de definir 12 cores primárias em sua visão, apresentando um dos olhos mais complexos entre os animais. Se compararmos com os humanos, apresentamos apenas a capacidade de perceber três cores primárias, as quais, combinadas, resultam nas demais cores que conhecemos. Em formas larvais, chamadas de náuplio, um agrupamento de ocelos medianos pode ser observado. Como uma pontuação pigmentada, formam o olho naupliar. Em crustáceos de corpos maiores, este olho se degenera durante o crescimento e dá lugar a um novo olho normalmente composto; já os crustáceo menores costumam carregar o olho naupliar por toda a vida. Esta estrutura não forma imagens, apenas permite que o animal perceba a luz e assim possa, por exemplo, se direcionar na coluna d’água, localizando a superfície graças à maior intensidade de luz. 74 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II Espalhados pela pele dos crustáceos estão os cromatóforos, células portadoras de pigmentos que podem estar contraídas ou relaxadas, retraindo ou evidenciando a coloração. Esta capacidade é mediada por hormônios produzidos por neurônios, que permitem ao crustáceo comunicar‑se com outros indivíduos, como os camarões, que utilizam os cromatóforos para se comunicarem entre si. Outra estrutura sensorial importante é o estatocisto, cavidade oca localizada na cabeça, antenas ou pernas, a qual é revestida internamente por células nervosas sensoriais. No interior da cavidade, uma ou mais partículas repousam quando o animal encontra‑se parado, estas partículas são compostas normalmente por aglomerados de grãos de areia. Quando o animal se movimenta, as partículas também assim o fazem, e as células sensoriais percebem a velocidade e posição do corpo do animal, conferindo a este conjunto um importante órgão da percepção do equilíbrio. 5.1.5 Reprodução A maioria dos crustáceos é dioica, embora as cracas sejam um exemplo de indivíduos hermafroditas. As gônadas são pareadas e se conectam a ovidutos e dutos pares e simples, que se abrem na base dos pares de apêndices do tronco, onde se localizam os gonóporos. A fertilização é normalmente interna, sendo precedida por cópula e transferência direta ou indireta. Algumas espécies apresentam machos com apêndices modificados para segurar a fêmea durante a cópula. As fêmeas podem apresentar receptáculo seminal para armazenar os espermatozoides e realizarem fecundações posteriores. Uma prática comum ente os crustáceos é o encubamento de seus ovos, o que normalmente ocorre em cavidades ou bolsas corporais. O desenvolvimento varia de acordo com os subgrupos, podendo ser direta ou indireta, tendo a última um número variável de estágios larvais. A B C Figura 47 – Diferentes estágios larvais do camarão: A – nauplius; B – zoea; e C – mysis, o último estágio larval 5.2 Diversidade em Crustácea Os crustáceos reúnem em torno de 42 mil espécies, distribuídas em importantes classes e subclasses, cujos indivíduos apresentam grande importância ecológica e econômica. Trataremos aqui dos exemplares mais representativos das classes Maxillopoda e duas de suas subclasses, Copepoda e Cirripedia, também a classe Malacostraca e suas duas ordens mais representativas Decapoda e Isopoda, além das classes Branchiopoda e Ostracoda. 75 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS 5.2.1 Classe Maxillopoda Os indivíduos da classe Maxillopoda são caracterizados por apresentarem tórax curto, com cerca de 10 segmentos ou menos, fundidos ou não com o abdômen. Seus corpos reduzidos fazem com que sejam chamados de microcrustáceos. O olho naupliar em geral se mantém no adulto e é composto por apenas três ocelos. Poucas classes apresentam olhos compostos, e muitos maxilópodes podem contém carapaças. 5.2.1.1 Subclasse Copepoda Os copépodes reúnem aproximadamente 12 mil espécies, sendo maioria marinha, porém outras podem ser de água doce ou mesmo terrestres, associadas a musgos ou água que se mantenha retida no solo. São dominantes no zooplâncton e predomina a dieta de muitos animais marinhos. A maioria dos indivíduos tem entre 1 a 5 mm, porém raras espécies chegam a apresentar tamanhos superiores a 25 cm. Grande parte dos copépodes são de vida livre, entretanto algumas espécies são importantes parasitas de peixes e invertebrados, como moluscos. O corpo dos copépodes é dividido em cefalotórax e abdômen e afunila‑se na parte posterior como em forma de uma gota. No início de seu primeiro tagma, o olho naupliar é mediano e está posicionado entre as antenas e antênulas, sendo estas últimas longas e voltadas em direção ao corpo. O abdômen não apresenta apêndices, e a locomoção é baseada nos batimentos dos apêndices torácicos e em seu segundo par de antenas bastante longas. A alimentação dos copépodes é bastante variada, muitos são suspensívoros, mas existem aqueles que são herbívoros, carnívoros e ainda onívoros. O funcionamento de seus corpos é bastante simples, não há tamanho suficiente para altas taxas metabólicas, o que torna a respiração apenas por difusão eficiente aos copépodes. Os copépodes são dioicos, realizam fertilização interna e a transferência de espermatozoides é indireta. As gônadas podem ser simples ou pareadas. Uma característica fortemente evidente envolvida na reprodução deste grupo é a presença dos sacos ovígeros, estruturas nas quais a fêmea deposita seus ovos até a eclosão das larvas. Os sacos ovígeros são bastante grandes e nitidamente visíveis quando carregados de ovos. O desenvolvimento é indireto e os náuplios são seu tipo larval. 76 Re vi sã o: V irg ín ia- D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II Olho Naupliar Saco ovígero Figura 48 – Fêmea de um copépoda na qual é possível observar as antênulas e antenas, o olho naupliar mediano e os sacos ovígeros O parasitismo em copépodes ocorre tanto habitando internamente o corpo do hospedeiro como externamente. Em muitos peixes, os copépodes se posicionam em tecidos altamente vascularizados, por onde circulam grandes quantidades de nutrientes como nas brânquias, nadadeiras e tegumentos. Já em outros invertebrados, os copépodes relacionam‑se com poliquetas, cnidários e ecnodermos. Eles contam com apêndices modificados como órgãos de fixação, por exemplo, peças bucais capazes de perfurar e sugar o alimento. 5.2.1.2 Subclasse Cirripedia Os cirripédios são todos marinhos e bentônicos, conhecidos popularmente como cracas. Estes animais são sésseis e permanecem presos por um pedúnculo. O indivíduo se aloja em placas calcárias rígidas que compõem uma carapaça ou escudo, a qual cresce, formando sucessivas camadas independentemente do processo de ecdise. Figura 49 – Estruturas de calcário que constituem os escudos das cracas A cabeça é reduzida e pouco evidente, cercada por apêndices cerdados multiarticulados que se expõem através de uma abertura entre os escudos, de onde se desenrolam e se estendem, coletando partículas alimentares; logo, são suspensívoros. Estes apêndices são chamados de cirros e são os responsáveis por transportar o alimento até a boca, antecedida por suas mandíbulas e maxilas bem desenvolvidas que fragmentam o alimento se for necessário. 77 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS Os escudos cumprem papel importante na respiração, pois, junto com os cirros, sua superfície realiza as trocas gasosas com a água. As cracas são frequentemente encontradas em costões rochosos, áreas suscetíveis à sazonalidade da maré, isto é, com a oscilação ao longo do dia na altura da água do mar. Neste local o organismo ficará por vários períodos exposto à dessecação e, portanto, necessita de mecanismos que o permita sobreviver sob tais condições adversas. Os escudos funcionam como proteção e se mantêm fechados durante os períodos secos; dentro deste, as porções mais suscetíveis do corpo do indivíduo se mantêm com o metabolismo reduzido e à espera do momento oportuno para reabri‑los e expor os cirros. Figura 50 – Cracas fixas em uma rocha Outros cirripédios menos populares são parasitas de muitos invertebrados, incluindo‑se outros crustáceos como siris e caranguejos. Estes parasitas contam com apêndices modificados, que funcionam como estruturas de absorção e fixação no corpo do hospedeiro. Os cirripédios são hermafroditas, utilizando como método reprodutivo a fecundação interna e cruzada. Desta forma, dois indivíduos próximos estendem seus pênis longos e os projetam para dentro da cavidade do outro. O desenvolvimento é indireto e a larva tem a capacidade de colonizar novos locais, embora as cracas vivam de maneira gregária. Saiba mais As cracas se agarram em embarcações e provocam maior força de arrasto, ocasionando um gasto com combustível e perda de velocidade. Busque na internet, em sites de pesquisa, o que vem sendo criado para controlar esta situação. Sugestão de sites: <http://www.scielo.br/> e <http://www.periodicos. capes.gov.br/>. 78 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II 5.2.2 Classe Malacostraca Malacostraca reúne em torno de 23 mil espécies, dentre as quais estão os representantes mais populares dos crustáceos, como caranguejos, siris, lagostas, camarões, tatus‑de‑jardim, krills e outros. O corpo é dividido em cefalotórax e abdômen, com um alto número de apêndices articulados e segmentados, inclusive no abdômen, os quais são altamente especializados para cavar, nadas, brigar, caçar etc. Apresentam dois pares de antenas como os demais crustáceos, entretanto apenas em Malacostraca ambos os pares são birremes. No cefalotórax antenas e antênulas exercem função sensorial e podem apresentar grande quantidade de sensilas; em sequência, estão dispostas um par de mandíbulas e um par de maxilas, apêndices utilizados na alimentação, triturando ou processando o alimento. Um número variado de apêndices originalmente locomotores adaptou‑se na apreensão do alimento, são os maxilípedes. Ainda no cefalotórax, estão reunidos os apêndices ambulatoriais, um conjunto de apêndices que reúne papéis, como deslocamento sobre o fundo e agarrar o alimento. O primeiro par destes é chamado de quelípode (Figura 50) por ser terminado em pinças (quelas), as quais são perceptíveis em caranguejos e siris. Figura 51 – Em A, um quelípode em evidência, no qual é possível observar os dígitos, o de baixo fixo e o de cima móvel. E em B, um caranguejo com um de seus quelípodes maior, provavelmente utilizado para reprodução e defesa No abdômen os apêndices se dividem em um primeiro grupo, chamados de pleópodes, utilizados para nadas, cavar, incubar os ovos e criar correntes de água para as brânquias e obtenção de alimento. Ao final deste tagma, está um par de urópodes, inseridos junto ao télson, com o qual compõem o leque caudal. Flexões sucessivas no leque caudal proporcionam movimentos rápidos. 79 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS Urópode Télson Leque caudal Figura 52 – Porção abdominal de uma lagosta, com destaque para o leque caudal, nome dado ao conjunto de um par de urópode e télson Malacostraca se divide em duas ordens representativas, Decapoda e Isopoda, das quais falaremos a seguir. 5.2.2.1 Ordem Decapoda Os decápodes são representados por siris, caranguejos, camarões e lagostas. São cerca de 10 mil espécies de maioria bentônica, habitando mares, rios e áreas alagadas como os mangues e superfícies terrestres úmidas. A palavra Decapoda significa “10 pés”, o que nos remete à principal característica diagnóstica da ordem, a presença de 5 pares de apêndices torácicos birremes, sendo o primeiro par quase sempre preênsil, denominando‑se o quelípode (Figura 52). Quelípode 2º Par 3º Par Apêndices ambulatoriais 4º Par 5º Par Figura 53 – Conjunto de apêndices que dá nome à ordem Decapoda. Como exemplo, um siri Os hábitos alimentares dos decápodes são extremamente variados, podem ser detritívoros, suspensívoros, predadores e herbívoros. O alimento é capturado com o auxílio dos maxilípedes e quelípodes. Ao chegar nas maxilas e mandíbulas, já pode ocorrer digestão mecânica, triturando ou 80 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II macerando o alimento, porém não de forma suficiente, e o alimento é então triturado mecanicamente dentro do estômago no moinho gástrico, formado por uma série de dentículos que, por ação muscular da parede do estômago, dilaceram o alimento. Observação No moinho gástrico ocorre digestão mecânica, quebrando o alimento em fragmentos menores com a mastigação. Decápodes são dioicos, praticam fecundação interna com transferência indireta e a prole se desenvolve de forma direta ou indireta, dependendo da espécie. Para facilitar a compreensão, dividiremos de maneira didática os decápodes, que se assemelham morfologicamente aos camarões, às lagostas e aos caranguejos. Os semelhantes aos camarões têm corpos cilíndricos ou achatados lateralmente, o abdômen é desenvolvido e fortemente muscularizado. O corpo é alongado e praticamente não apresenta curvaturano final do abdômen. O cefalotórax apresenta uma projeção normalmente pontiaguda, o rostro, serrilhado em forma de quilha. Os quelípodes podem ou não estarem presentes, no primeiro caso são reduzidos em comparação a muitos decápodes. Uma diferença significativa dos camarões é a presença de um exoesqueleto não calcificado. Para que se tenha uma comparação da rigidez deste, pense que é perfeitamente possível humanos consumirem o esqueleto de um camarão, já o de um caranguejo, por ser calcificado, é extremamente rígido. Os camarões são na maioria bentônica e cada espécie desempenha um padrão de atividade, alguns noturnos, outros diurnos, intercalando‑se entre tocas e períodos de locomoção. Decápodes semelhantes às lagostas apresentam corpo curvado, encurtado, com dobramento parcial do abdômen. Os representantes mais populares são as lagostas, lagostins e talassinídeos, conhecidos popularmente como corruptos. As pernas são robustas e adaptadas à locomoção, sendo os quelípodes grandes e fortes. As lagostas habitam fendas de rochas e buracos cavados por estes. Figura 54 – Decápodes semelhantes às lagostas. Em A, é possível verificar a forma corporal com um leve dobramento do abdômen. Como em B, ainda em A podemos ver os quelípodes fortes. Em B, a “lagosta‑boxeadora” ou tamarutaca, conhecida por desferir golpes extremamente violentos Caranguejos, siris e ermitões se assemelham por apresentarem um corpo com abdômen moderado ou reduzido, que normalmente se apresenta completamente dobrado em baixo do tórax. 81 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS Figura 55 – Vista dorsal de um caranguejo, no qual pode‑se observar o dobramento total do abdômen, característico deste grupo Existem duas subordens que separam os decápodes semelhantes a caranguejos. Anomura são os caranguejos que não apresentam calcificação completa do exoesqueleto do abdômen, são os ermitões que buscam uma solução para esta fragilidade, escondendo‑se em conchas de moluscos e, a cada fase de crescimento, buscam uma concha maior. Figura 56 – A: vista dorsal de um siri, no qual é possível observar os dois pares de antenas e os olhos pedunculados; B: caranguejo‑ermitão abrigado em uma concha de um molusco gastrópode Já a subordem Brachyura reúne os caranguejos e sirs verdadeiros, com cerca de 4500 espécies. São os que tem maior sucesso no ambiente terrestre entre os decápodes, habitam áreas de transição e são normalmente tolerantes às variações de salinidade. Os corpos são mais largos do que longos e os quelípodes são bastante grandes, podendo um ser maior que o outro no mesmo indivíduo. Muitas pessoas confundem os siris e os caranguejos, mas estes apresentam diferenças morfológicas significativas. O último par de pernas dos siris é achatado e modificado para a natação, diferente dos caranguejos, nos quais este par é terminado em garras, como os demais pares. O corpo dos siris é mais largo e apresenta em geral projeções pontiagudas, como espinhos para a proteção. 82 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II A) B) Figura 57 – Aspectos da morfologia de um caranguejo (A) e um siri (B) 5.2.2.2 Ordem Isopoda Isopoda reúne 4 mil espécies de tatus‑de‑jardim, baratas‑d’água, bichos‑de‑conta, entre outros nomes populares. A maior parte dos isópodes é marinha e bentônica, embora os tatuzinhos sejam terrestres e habitem solos úmidos e ricos em matéria orgânica. Figura 58 – Isópodes ou tatus‑de‑jardim sob vista dorsal e ventral, respectivamente O cefalotórax apresenta a cabeça e o tórax fundidos pelo primeiro segmento deste último, contendo um par de antenas, e o par de antênulas é bastante curto ou vestigial. A porção do tórax apresenta 7 segmentos com apêndices articulados e segmentados, que possuem forma e orientação semelhante; por isto, o nome Isopoda, que significa pés iguais. O abdômen é formado por seis segmentos, podendo ter fusão entre alguns destes. Um comportamento comum e que muitas pessoas já tiveram a oportunidade de observar é o enrolamento, quando o isópode encosta sua porção cefálica ao final do abdômen. Duas funções são atribuídas para tal, primeiro, uma estratégia de defesa, protegendo sua porção mais sensível e diminuindo a área de exposição ao predador; e, segundo, evitar perda de água por meio da redução de superfície de contato. Proteger a região é fundamental nos momentos mais quentes do dia, uma vez que a cutícula ventral é bastante permeável e nesta acontecem as trocas gasosas por difusão. 83 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS Figura 59 – Dois isópodes, um destes praticando enrolamento As fontes alimentares dos isópodes são variadas. Muitos são saprófagos, consumindo matéria orgânica em decomposição presentes no substrato; outros são herbívoros, ingerindo algas, musgos, fungos e cascas de árvores; ainda existem aqueles que são onívoros. Os isópodes são na maioria dioicos, com fertilização interna e transferência indireta. Os ovos são normalmente incubados em meio aquático em uma bolsa chamada de marsúpio, na qual ocorre desenvolvimento indireto. 5.2.3 Classe Branchiopoda A classe Branchiopoda reúne pequenos crustáceos com indivíduos entre 0,25 mm e 10 cm. Conhecidos como pulgas d’água, tratam‑se de indivíduos aquáticos que habitam tanto águas continentais como marinhas. São mais de mil espécies e grande parte delas é utilizada como bioindicadoras para qualidade de água, com membros do gênero Daphnia (Figura 59). Os branquiópodes são principalmente suspensívoros, coletando material particulado e, portanto, dependentes da qualidade do ambiente aquático. Figura 60 – Desenho representativo do branquiópode Daphnia pulex 5.2.4 Classe Ostracoda Ostracoda é um grupo de microcrustáceos com cerca de 6 mil espécies. Seu nome deriva da palavra grega ostrakon, que significa concha. Isso se deve ao fato de seus corpos estarem completamente envolvidos por carapaça bivalve. 84 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II O tamanho conhecido varia entre 0,25 a 25 mm, são indivíduos aquáticos de ampla distribuição, desde a linha da costa até grandes profundidades, tanto de água doce como marinhos. Nadam na coluna d’água ou caminham no substrato. Muitas espécies são comensais de diferentes grupos, convivendo sem prejudicar seus hospedeiros, como poliquetas, lagostins e bromélias. O corpo apresenta cabeça bem desenvolvida e tronco reduzido com no máximo 2 somitos, já o abdômen é vestigial. Todos seus tagmas não apresentam segmentação evidente, mesmo sobre a carapaça bivalve. Os dois lados das carapaças são unidos dorsalmente por linha de articulação e um músculo adutor que os permitem movimentá‑los. Os apêndices cefálicos são bem‑desenvolvidos, com antênulas unirremes que podem atuar como sensoriais, natatórias e escavadoras; já as antenas são birremes e surpreendentemente têm função natatória. Algumas espécies de ostracodes podem apresentar fiandeiras na região cefálica, as quais produzem seda que o animal utiliza na construção de abrigos para realizar sua ecdise protegido. Ostracodes podem se alimentar de diferentes formas, há ocorrências de suspensívoros, carnívoros, detritívoros ou herbívoros, os quais se alimentam de algas e folhas caídas em decomposição na água. O trato digestivo é simples e não há moinho gástrico, porém cecos digestivos podem estar presentes. As trocas gasosas são realizadas através da superfície corporal, por meio dos fluxos de água advindos das correntesde alimentação. O sistema hemal é reduzido, a maioria sequer apresenta coração, o que faz com que os indivíduos dependam apenas das trocas célula a célula. Os excretas são transportados pelas células até atingirem as glândulas antenais ou maxilares. Uma característica curiosa presente neste grupo é a capacidade de produção de bioluminescência, isto é, a produção química de luz que algumas espécies utilizam na sinalização sexual. Esta produção é glandular e promove lampejos sucessivos em intervalos de 1 a 2 segundos. Figura 61 – Eucypris sp.: desenho esquemático de um membro de Ostracoda 85 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS 6 SUBFILO MYRIAPODA Durante muito tempo os livros utilizaram a classificação Subfilo Unirramia para unir os miriápodes e insetos. Talvez você se depare com esta classificação em suas pesquisas, porém versões mais recentes têm optado por seguir dividindo estes exemplares em dois subfilos diferentes. Embora os apêndices sejam de fato unirremes, os outros grupos como os aracnídeos também apresentam tal característica e não eram reunidos neste subfilo, mas, sim, em Chelicerata, no qual permanece. O subfilo Myriapoda reúne animais com o maior número de apêndices locomotores encontrados entre os artrópodes, característica na qual baseou‑se a nomeação (Myri, muitos; podos, pés). Seus representantes são conhecidos popularmente como piolhos‑de‑cobra, lacraias, centopeias, milípedes e centípedes, entre outros nomes menos comuns. Figura 62 – Exemplos de miriápodes Miriápodes são animais pouco adaptados à vida terrestre se comparados aos insetos, por exemplo; embora todos sejam habitantes da superfície, são altamente dependentes de água, necessitando de abrigos e ambientes úmidos, como o solo e a serapilheira. Suas aberturas respiratórias não apresentam estruturas que os permitam fechá‑las em períodos mais secos do dia. Sua cutícula também deixa a desejar no quesito impermeabilidade, uma vez que não apresenta produção de ceras e torna o animal mais vulnerável à dessecação. Lembrete Os miriápodes respiram por sistema traqueal, cujas aberturas chamam‑se espiráculos, e a entrada do ar se dá por difusão, assim como a eliminação e a perda de água por evaporação. Entre os diferentes ambientes, as florestas tropicais guardam grande parte da diversidade de miriápodes. Adaptados, portanto, ao seu clima quente e úmido. No total são descritas aproximadamente 13 mil espécies, cujos corpos são divididos sempre em dois tagmas bem‑delimitados: cabeça e tórax, sendo este último portador de um par de apêndices locomotores articulados e segmentados para todo ou quase todo segmento. Estes apêndices, bem como qualquer outro presente no subfilo, são unirremes. A cabeça é portadora de um único par de antenas com função primordialmente sensorial, não há ocelos, e os olhos, quando presentes, são laterais do tipo simples, formados por omatídeos. Entretanto, sem cone cristalino, o que o descaracteriza de ser um olho composto. 86 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II Figura 63 – Olhos e antenas de uma lacraia em evidência Seu cérebro é tripartido, sua respiração ocorre através de sistema traqueal e a excreção por meio de túbulos de Malpighi. Entre seus órgãos, um chama atenção e é diagnose do grupo, não sendo encontrado em nenhum outro animal: o órgão de Tömösváry, o qual é possível higroreceptor, detector de umidade, ou quimiorreceptor e se localiza em geral acima dos olhos, como um aglomerado de células. Os miriápodes estão distribuídos em quatro classes: Symphyla, Pauropoda, Chilopoda e Diplopoda. A partir de agora, falaremos de cada uma destas classes, citando suas diagnoses e importância nos ecossistemas, enfatizando principalmente Chilopoda e Diplopoda, por se tratarem dos táxons mais abundantes do grupo. 6.1 Classe Symphyla Miriápodes pertencentes à classe Symphyla apresentam corpo extremamente reduzido, com dimensões em torno de 2 a 10 mm. São descritas aproximadamente 160 espécies, e muitas destas são importantes pragas agrícolas, consumindo vegetais de interesse econômico. O corpo destes animais é pouco esclerotizado, apresentando uma cor clara, por vezes quase transparente, com apenas 14 segmentos na maioria das espécies. Vivem abrigados no solo, onde a ausência de olhos destes indivíduos parece ser substituída funcionalmente por receptores mecânicos e químicos distribuídos por suas longas antenas. No télson está localizado um par de fiandeiras conectadas a glândulas sericígenas, posicionadas lateralmente ao ânus. Essas estruturas são utilizadas principalmente durante a reprodução, no apoio aos ovos ou na confecção de espermatóforos. 6.2 Classe Pauropoda Os paurópodes estão entre os menores miriápodes, sendo o maior indivíduo encontrado com apenas 2 mm de comprimento. São descritas em torno de quinhentas espécies de indivíduos de corpo mole e pouco esclerotizado. 87 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS Suas antenas são ramificadas, embora mais curtas que em Symphyla, desempenham papel importante na percepção do meio. Os olhos são ausentes e muitas vezes confundidos com pontuações aparentes na região da cabeça, que se tratam, na verdade, de células sensoriais não formadoras de imagem. Com um esforço amostral e equipamentos que permitam visualizá‑los, como lupas, o melhor local para se buscar esses indivíduos certamente será solos húmidos ou onde haja matéria orgânica em decomposição. 6.3 Classe Chilopoda Chilopoda significa 100 pernas e se trata de animais que apresentam entre 15 e 191 pares de pernas, sendo o número de pares de pernas sempre ímpar; logo, nenhuma espécie desta classe possui exatamente 100 pernas. Os quilópodes são chamados popularmente de centípedes ou centopeias. Entre suas espécies podemos destacar aquelas reunidas entre as ordens Geophilomorpha, Scolopendromorpha, Craterostigmomorpha, Lithobiomorpha e Scutigeromorpha. São aproximadamente 2800 espécies descritas, que podem apresentar entre alguns milímetros até 30 cm de comprimento. Todos os representantes desta classe são noturnos e predadores, veremos a seguir que, para sobreviverem nestas condições, muitas adaptações são evidentes. Habitam entre regiões de elevadas altitudes até a zona entre marés, sempre altamente dependentes da umidade ambiental, como os demais miriápodes. Os quilópodes estão no cardápio de aves, roedores, serpentes, formigas e até mesmo outros indivíduos do mesmo grupo. Todos são predadores e, por sua vez, se alimentam principalmente de pequenos artrópodes, mas podem consumir anuros, lagartos, aves, anelídeos e pequenos roedores. Figura 64 – Exemplos de quilópodes. Em A, um exemplar da ordem Scutigeromorpha e, em B, Scolopendromorpha. Note o alto número de apêndices e os corpos levemente achatados 6.3.1 Morfologia e função Em comparação com outros miriápodes, os quilópodes apresentam corpos relativamente achatados. A cabeça é recoberta por um largo e rígido escudo, no qual um par de antenas é normalmente curto e espesso, embora alguns exemplares apresentem antenas mais finas. 88 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II As peças bucais são um par de mandíbulas e um ou dois pares de maxilas, ambas as estruturas fortes e rígidas para a predação. À frente destas, o primeiro par de apêndices, os maxilípedes, é bastante característico. Em sua extremidade, garras chamadas de forcípulas são pontiagudas e fortes e têm como papel perfuraro tegumento da presa. Ligadas aos maxilípedes estão glândulas de veneno. Figura 65 – Os maxilípedes estão ligados às glândulas de veneno e em sua terminação as forcípulas têm ação inoculatória O veneno dos quilópodes tem como efeito principal paralisia ou atordoamento da presa ou do agressor; a maior parte das espécies não apresenta sequer forcípulas capazes de perfurar a pele humana e, ainda que muitas espécies apresentem venenos altamente dolorosos aos humanos, não há registros de morte confirmados. No último segmento um par de pernas chama atenção, tratam‑se das pernas anais (Figura 65), as quais podem ter forma de antenas ou pinças. Estas são modificadas e não apresentam nenhuma relação com a locomoção, podem ser sensoriais, defensivas ou agressivas. Antena Olhos Forcípula Pernas anais Figura 66 – Estruturas de um membro de Chilopoda, note as pernas anais e as forcípulas Aliando as pernas anais e as antenas, o quilópode captura seu alimento. Após a ação do veneno vindo das forcípulas, a presa é mastigada com a força das mandíbulas e maxilas; em seguida, o conteúdo é sugado pela faringe em direção ao estomodeu. Algumas espécies praticam pré‑digestão externa através de enzimas presentes na saliva. 89 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS Chilopoda habita a superfície terrestre sem ter grandes estruturas que os protejam do dessecamento, eles não praticam enrolamento, e para se protegerem se escondem entre as folhagens e rochas. A coloração pardacenta os camufla e dificulta a vida de seus predadores, além de realizarem autotomia (auto, próprio; tomia, corte), pois ao se sentirem ameaçados liberam, pela ação de enzimas, partes de seu corpo na tentativa de distrair seu predador. O fragmento liberado realiza por certo tempo contrações involuntárias, ainda fora do corpo, o que leva o predador a crer que capturou o indivíduo inteiro; enquanto isso, este tem tempo para abandonar o local. Para cada segmento corporal, os indivíduos desta classe apresentam um par de apêndices locomotores, na maioria adaptados para a corrida, podendo existir variações de tamanho entre os anteriores e os posteriores. Ao caminhar, os quilópodes apresentam passos alternados, no mesmo par, cada perna alterna com a oposta entre chão e ar. As trocas gasosas acontecem através do sistema traqueal, por meio do qual túbulos se ramificam e entregam os gases sem a necessidade do sistema hemal para essa função. Em cada segmento, um par de espiráculos se localiza lateralmente nos pleuritos. A abertura do espiráculo é recoberta por cerdas que contribuem para a redução da perda de água e na retenção de partículas de poeira e patógenos. Quanto aos demais sistemas, poucas alterações decorrem do geral de mirápodes. A excreção ocorre por túbulos de Malpighi, o sistema nervoso apresenta cérebro tripartido e olhos facetados frouxamente agrupados, além de grande quantidade de sensilas. Os quilópodes são dioicos, as fêmeas possuem apenas um único ovário tubular, enquanto os machos podem ter de um a muitos testículos. Em ambos os casos, as gônadas se abrem em um gonóporo por onde, no macho, é liberado o espermatóforo e, na fêmea, este é recebido. O macho constrói uma pequena teia com sua fiandeira presente no final de seus segmentos terminais, e sobre esta coloca seu espermatóforo. Podem ocorrer rituais de corte com movimentos táteis das antenas e pernas anais. Após isso, a fêmea recolhe com seus gonópodes (apêndices locomotores modificados para a reprodução) o espermatóforo, e introduz em si mesma. A maior parte das fêmeas de quilópodes realiza cuidado parental, desde os ovos até a dispersão dos juvenis. Em alguns casos, a fêmea permanece por tanto tempo junto à prole que suas reservas energéticas se esgotam e esta pode chegar a óbito. O desenvolvimento é na maioria das espécies direto, entretanto, em alguns, pode ser indireto. 6.4 Diplopoda Provavelmente você já ouviu falar das centopeias, criaturas lendárias que habitam as histórias infantis e são famosas por seu número imenso de pernas. Estes animais existem de fato, entretanto nenhuma centopeia, embora seu nome queira dizer “cem pés”, apresenta cinquenta pares de pernas. Seu número de pernas é o mais alto entre qualquer animal terrestre vivente, podendo apresentar 710 pernas ou 355 pares. 90 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II Além de centopeias, os diplópodes são chamados de piolhos‑de‑cobra ou milípedes. São animais detritívoros, noturnos, que vivem escondidos, evitando a luminosidade. São em torno de 10 mil espécies distribuídas em diferentes continentes, com tamanho corporal que varia entre 2 mm a 30 cm. Figura 67 – Piolho‑de‑cobra, centopeias ou milípedes são os nomes populares dos membros da classe Diplopoda, animais de corpo cilíndrico e com muitas pernas 6.4.1 Morfologia e função Diplopodas são nomeados desta forma por apresentarem dois pares de pernas para cada segmento. Entretanto não se trata de um único segmento e, sim, da fusão de dois segmentos durante os processo de desenvolvimento; assim, os chamamos de diplosegmentos. O corpo é em geral cilíndrico, revestido por uma superfície lisa e um exoesqueleto fortemente calcificado. A forma alongada é iniciada por uma cabeça arredondada (Figura 67), que permite ao animal que seu corpo funcione muito bem escavando substratos. Olho Olho Antena Antena Mandíbula Piolho‑de‑cobra Figura 68 – Corpo cilíndrico dos diplópodes, a cabeça é arredonda e as pernas são dispostas em duplas por diplosegmentos. Note a ausência das maxilas, apenas apresentam mandíbulas Diferente dos quilópodes, os diplópodes não apresentam maxilas, apenas mandíbulas, e isso provavelmente se deve às suas preferências alimentares, uma vez que estes são detritívoros e as lacraias predadoras. Os diplópodes se alimentam da matéria orgânica em decomposição no substrato, a qual é umedecida na cavidade 91 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS oral através de secreção das glândulas salivares. Desta forma, exibem papel importante na ciclagem de nutrientes e preservação da integridade dos solos. Poucas são as espécies predadoras, algumas se alimentam em geral de animais de corpo mole e outras buscam fungos e fluidos vegetais. O sistema digestório é composto por um tubo reto com um mesêntero longo, o que favorece a digestão e prolonga o tempo de contato para a absorção. Os piolhos‑de‑cobra se locomovem em passos lentos em padrão de onda, movimentando grupos de apêndices por vez, o que auxilia na passagem pelo substrato. É muito comum encontrarmos estes indivíduos enrolados, protegendo a porção ventral menos calcificada, a qual perde água com mais facilidade. Diplópodes são predados por formigas, arranhas, ácaros parasitas, sapos, lagartos, roedores e aves. Como estratégia de defesa, contam com sua forma lisa e escorregadia, que dificulta a captura, camuflagem, enrolamento e a presença de glândulas repugnatórias. Figura 69 – Nesta imagem o diplópode pratica enrolamento, protegendo sua região ventral, onde estão seus espiráculos e apêndices. Portanto, uma estratégia de defesa e de proteção contra a dessecação As glândulas repugnatórias, também chamadas de repulsivas, não apresentam veneno, exibem substâncias de odor desagradável para seus predadores e, muitas vezes, substâncias voláteis que nas proporções produzidas são tóxicas para invertebrados. Alguns indivíduos chegam a liberar secreções cáusticas e outros, substâncias sedativas. As trocas gasosas são realizadas por sistema traqueal, a qual contacom dois espiráculos por diplosegmento. A excreção conta com túbulos de Malpighi, que preservam maiores quantidades de água durante a eliminação de seus resíduos, o que é fundamental se considerarmos a perda de água inerente à evaporação durante a respiração, por meio dos espiráculos que não podem ser fechados. Outras estratégias são ainda a ingestão de gotas de orvalho, o hábito noturno e o próprio enrolamento (Figura 68). O sistema nervoso tem em sua porção central formada por cérebro, gânglio subesofágico e cordão nervoso ventral. Os olhos são ausentes ou com poucos omatídeos frouxamente agrupados. 92 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II Os diplópodes são dioicos, realizam fecundação interna com transferência indireta. Os machos apresentam espermatozoides não flagelados, em geral, ameboides que, encapsulados no espermatóforo, são entregues à fêmea com o auxílio de seus gonópodes localizados em seu sétimo segmento. A fêmea recebe‑o em sua vulva localizada no terceiro segmento. Seus rituais de corte contam com feromônios, toques de antenas e batidas entre as cabeças. O embrião realiza desenvolvimento indireto, originando uma larva com em média sete segmentos e apenas três pares de pernas. Com o passar das ecdises, novos segmentos e apêndices vão sendo adicionados. O número de ovos e tempo de vida é altamente variável, a longevidade média oscila entre 1 a 10 anos, e cada fêmea pode liberar de 10 a 300 ovos diretamente no solo ou húmus e não há cuidado parental. Exemplo de aplicação Para facilitar sua compreensão, construa uma tabela apontando diferenças e semelhanças entre Diplopoda e Chilopoda. Saiba mais Para aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre invertebrados, consulte: BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. Resumo O filo Crustácea reúne aproximadamente 42 mil espécies, com a maioria dos exemplares aquáticos. Apresentam exoesqueleto extremamente rígido e quase sempre mineralizado. O corpo dos crustáceos é dividido em dois tagmas o cefalotórax e o abdômen. O número de apêndices dos crustáceos é alto e a maior parte é birreme. Apresentam como caráter exclusivo do grupo a presença de dois pares de antenas. Ao final do corpo, está um conjunto que reúne o télson mais urópodes e é chamado de leque caudal. As trocas gasosas ocorrem pela superfície corporal ou por brânquias protegidas em câmaras internas. No sistema digestório, a presença de um moinho gástrico chama atenção, uma série de dentículos rígidos projetados na parede do estômago. Excretam amônia como produto final por meio das glândulas verdes. Os crustáceos apresentam um cérebro tripartido: 93 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS protocérebro, deutocérebro e tritocérebro, ligado a um par de cordões ventrais que pode apresentar fusão com gânglios ao longo de sua extensão. Quanto à reprodução, a maioria dos crustáceos é dioica, a fertilização é normalmente interna, sendo precedida por cópula e transferência direta ou indireta. O desenvolvimento é indireto e pode ocorrer encubamento dos ovos. A classe Maxilopoda reúne microcrustáceos de tórax curto, com cerca de 10 segmentos ou menos, fundidos ou não com o abdômen. O corpo dos copépodes é dividido em cefalotórax e abdômen e afunila‑se na parte posterior, como em forma de uma gota. No início de seu primeiro tagma, o olho naupliar é mediano e está posicionado entre as antenas e antênulas, sendo estas últimas longas e voltadas em direção ao corpo. Uma característica fortemente evidente envolvida na reprodução deste grupo é a presença dos sacos ovígeros, estruturas nas quais a fêmea deposita seus ovos até a eclosão das larvas. Os cirripédios são as cracas, indivíduos sésseis que se alojam em placas calcárias rígidas, como uma carapaça ou escudo, a qual cresce, formando sucessivas camadas. Malacostraca reúne em torno de 23 mil espécies, dentre as quais estão os representantes mais populares dos crustáceos, como caranguejos, siris, lagostas, camarões e tatus‑de‑jardim. Apresentam dois pares de antenas como os demais crustáceos, entretanto apenas em Malacostraca ambos os pares são birremes. Malacostraca divide‑se em duas ordens representativas: Decapoda e Isopoda. Decapoda apresenta 5 pares de apêndices torácicos birremes, sendo o primeiro par quase sempre preênsil, denominando‑se o quelípode. Camarões não apresentam curvatura do abdômen e o rostro é bastante alongado e serrilhado, as lagostas apresentam dobramento parcial e têm quelípodes bastante robustos, os caranguejos e siris apresentam dobramento total do abdômen e podem ser diferenciados por apresentarem o último par de apêndices para caminhar e nadar, respectivamente. Isopoda reúne 4 mil espécies de tatus‑de‑jardim, baratas‑d’água, bichos‑de‑conta, entre outros nomes populares. A maior parte dos isópodes é marinha e bentônica, embora os tatuzinhos sejam terrestres e habitem solos úmidos e ricos em matéria orgânica. Apresentam apêndices articulados e segmentados que possuem forma e orientação semelhante por toda sua extensão. 94 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II A classe Branchiopoda reúne pequenos crustáceos com indivíduos entre 0,25 mm e 10 cm, conhecidos como pulgas d’água. Ostracoda é um grupo de microcrustáceos com cerca de 6 mil espécies. Seu nome deriva da palavra grega ostrakon, que significa concha, isso se deve ao fato de seus corpos estarem completamente envolvidos por carapaça bivalve. O subfilo Myriapoda reúne animais com o maior número de apêndices locomotores encontrados entre os artrópodes. Seus representantes são conhecidos popularmente como piolhos‑de‑cobra, lacraias, centopeias, milípedes e centípedes, entre outros. A cabeça é portadora de um único par de antenas. As duas classes mais significativas são Chilopoda e Diplopoda. Os quilópodes são chamados popularmente de centípedes ou centopeias. São noturnos e predadores, apresentam um par de apêndices locomotores e um par de espiráculos por segmento. As peças bucais são um par de mandíbulas e um ou dois pares de maxilas, ambas as estruturas fortes e rígidas para a predação. A frente destas, o primeiro par de apêndices, os maxilípedes, são bastante característicos. Em sua extremidade, garras chamadas de forcípulas pontiagudas e fortes perfuraram o tegumento da presa, pois estão ligadas a glândulas de veneno. No último segmento, um par de pernas chama atenção, tratam‑se das pernas anais, as quais podem ter forma de antenas ou pinças. Diplopoda reúne as centopeias ou milípedes, são animais detritívoros, noturnos, que vivem escondidos, evitando a luminosidade. Apresentam dois pares de pernas por diplosegmentos (segmentos fundidos durante a formação do embrião). O corpo é cilíndrico com exoesqueleto mineralizado e não apresentam maxilas, apenas mandíbulas. Praticam enrolamento e possuem glândulas repugnatórias, que liberam substâncias de odor forte para afugentar seu predador. Exercícios Questão 1. (Enem, 2012, questão 32, prova amarela) A corvina é um peixe carnívoro que se alimenta de crustáceos, moluscos e pequenos peixes que vivem no fundo do mar. É bastante utilizada na alimentação humana, sendo encontrada em toda a costa brasileira, embora seja mais abundante no sul do país. A tabela a seguir registra a concentração média anual de mercúrio no tecido muscular de corvinas capturadas em quatro áreas. 95 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on -2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS Tabela 1 Áreas de coleta das corvinas Concentração média anual de mercúrio em tecido muscular (nanogramas/grama) Características da Área Baía de Guanabara (RJ) 193,6 Área de atividade portuária, que recebe esgotos domésticos não tratados e rejeitos industriais de cerca de 6.000 fontes Baía da Ilha Grande (RJ) 153,8 Recebe rejeitos de parque industrial ainda em fase de crescimento e é uma das principais fontes de pescado do estado. Baía de Sepetiba (RJ) 124,0 Área sujeita a eficientes efeitos de maré e com baixa atividade pesqueira, sem fontes industriais de contaminação por mercúrio. Lagoa da Conceição (SC) 90,6* Importante fonte de pescado no litoral catarinense, na qual praticamente inexiste contaminação industrial por mercúrio. * Concentração natural de mercúrio, característica de local não contaminado. Fonte: KEHRIG, H. A.; MALM, O. Mercúrio: uma avaliação na costa brasileira. Ciência Hoje, out. 1997. Segundo a legislação brasileira, o limite máximo permitido para as concentrações de mercúrio total é de 500 nanogramas por grama de peso úmido. Ainda levando em conta os dados da tabela e o tipo de circulação do mercúrio ao longo da cadeia alimentar, pode‑se considerar que a ingestão, pelo ser humano, de corvinas capturadas nessas regiões: A) Não compromete a sua saúde, uma vez que a concentração de mercúrio é sempre menor que o limite máximo permitido pela legislação brasileira. B) Não compromete a sua saúde, uma vez que a concentração de poluentes diminui a cada novo consumidor que se acrescenta à cadeia alimentar. C) Não compromete a sua saúde, pois a concentração de poluentes aumenta a cada novo consumidor que se acrescenta à cadeia alimentar. D) Deve ser evitada apenas quando entre as corvinas e eles interponham‑se outros consumidores, como, por exemplo, peixes de maior porte. E) Deve ser evitada sempre, pois a concentração de mercúrio das corvinas ingeridas soma‑se à já armazenada no organismo humano. Resposta correta: alternativa E. 96 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 Unidade II Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: como o mercúrio é cumulativo, há sim comprometimento da saúde. B) Alternativa incorreta. Justificativa: ao contrário, é comprometedora à saúde posto que a concentração de poluentes aumenta por ser cumulativa na cadeia alimentar. C) Alternativa incorreta. Justificativa: exatamente por aumentar a poluição a cada novo consumidor é que se torna prejudicial à saúde. D) Alternativa incorreta. Justificativa: deve ser evitada por afetar toda a cadeia alimentar e não apenas um grupo da cadeia. E) Alternativa correta. Justificativa: o mercúrio acumula‑se ao longo das cadeias alimentares, apresentando sempre maior concentração nos consumidores de níveis tróficos mais elevados, como é o caso da corvina, peixe carnívoro que se alimenta de uma série de outros animais marinhos, como crustáceos, moluscos e pequenos peixes. Também deve ser considerado que o mercúrio possui efeito cumulativo, armazenando‑se no organismo e somando‑se às doses já ingeridas. A ingestão de uma corvina contaminada representa, portanto, uma dose elevada de mercúrio a ser acrescentada à quantidade acumulada dessa substância no organismo humano. Questão 2. Assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) as afirmações a seguir, referentes a animais marinhos. I – Os camarões apresentam exoesqueleto quitinoso. II – Dos ovos das lulas, nascem larvas que sofrem mudanças até atingirem a fase adulta. III – Os peixes cartilaginosos apresentam bexiga natatória. IV – Nos mexilhões, as partículas alimentares penetram no manto por meio do sifão inalante. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é A) F – V – F – V. 97 Re vi sã o: V irg ín ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 05 /1 5 ZOOLOGIA: INVERTEBRADOS B) V – F – F – V. C) V – F – V – V. D) F – V – V – F. E) V – V – F – F. Resolução desta questão na plataforma.
Compartilhar