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Ciências Biológicas Integrada - Leitura_Unidade I

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CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO 
Disciplina Ciências Biológicas Integrada 
UNIDADE 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 1 - TOMO 1 (Enade 2008-questão 12). 
 
Bioma é uma área do espaço geográfico, com dimensões de até mais de um 
milhão de quilômetros quadrados, que tem por característica a uniformidade de 
determinado macroclima definido, de determinada fitofisionomia ou formação 
vegetal, de determinada fauna e outros organismos vivos associados, e de outras 
condições ambientais, como altitude, solo, alagamentos, fogo e salinidade. Essas 
características lhe conferem estrutura e funcionalidade peculiares e ecologia 
própria. O bioma é um tipo de ambiente bem mais uniforme em suas 
características gerais, em seus processos ecológicos, enquanto o domínio é muito 
mais heterogêneo. Bioma e domínio não são, pois, sinônimos. 
COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. In: Acta Botanica 
Brasilica, v. 20, 2006, p. 13-23 (com adaptações). 
 
Acerca dos temas tratados no texto acima, assinale a opção correta. 
A. Os manguezais constituem um tipo de domínio de floresta tropical pluvial, 
paludosa, composto por um mosaico de biomas. 
B. As savanas constituem um único bioma, no qual devem ser incluídas as áreas 
de vegetação xeromorfa, com estacionalidade climática marcante. 
C. Aspectos abióticos são mais relevantes que as fisionomias em qualquer 
esforço de classificação de biomas. 
D. A Amazônia Legal é definida por critérios biogeográficos que se aproximam 
mais do conceito de domínio que do de bioma. 
E. A definição clara de termos como bioma e domínio é importante, pois tem 
implicações para a definição de políticas públicas de proteção à biodiversidade. 
 
1. Introdução teórica 
 
Caracterização de biomas e domínios morfoclimáticos brasileiros 
 
 O Brasil ocupa extensa área geográfica (mais de 8,5 milhões de km2), o 
que explica a diversidade de clima, de vegetação, de solo e de fauna. Ao longo 
dessa área, há grandes espaços geográficos nos quais predominam determinadas 
características fitogeográficas e morfoclimáticas, os chamados domínios. De 
acordo com a classificação elaborada pelo geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber, são 
seis os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos: o domínio amazônico, o 
domínio da Mata Atlântica, o domínio das caatingas, o domínio dos cerrados, o 
domínio da araucária e o domínio das pradarias do Sul (figura 1). 
 Os domínios morfoclimáticos ocupam, cada um, muitos quilômetros de 
extensão, abrangendo diversas regiões naturais que se diferenciam, em graus 
variáveis, na composição topográfica, florística e faunística, dentre outros 
atributos. Apesar disso, é importante salientar que as diferentes regiões que 
compõem um domínio se assemelham no que se refere aos aspectos 
geomorfológicos, ecológicos, hidrológicos, climáticos e de cobertura vegetal 
predominante, aspectos esses que permitem estabelecer diferenças entre dois 
ou mais domínios adjacentes. Vale ressaltar, também, que cada domínio 
apresenta uma área homogênea central, denominada área core. Entre as áreas 
cores de domínios adjacentes, existe uma área de transição com formações 
vegetais mistas (figura 1). 
 
Figura 1. Distribuição dos domínios morfoclimáticos e fitogeográficos brasileiros (adaptado de Coutinho, 
2002). 
O termo domínio é aplicado para definir regiões nas quais existem feições 
ecológicas predominantes, mas não únicas, denotando certa heterogeneidade 
em sua composição. Para se referir a regiões cujas características ecológicas, 
bióticas e abióticas são mais homogêneas, é usado o termo bioma. Um único 
domínio pode ser composto de um mosaico de biomas. Por exemplo, dentro do 
domínio do cerrado existem diferentes biomas com características próprias, tais 
como as veredas, as matas galerias e as matas mesófilas de interflúvio, além do 
próprio bioma de cerrado, formação predominante nesse domínio. 
 
2. Indicações bibliográficas 
 
 CONTI, J. B.; FURLAN, S. A. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: 
ROSS, J. L. S (org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2005. 
 COUTINHO, L. M. O bioma do cerrado. In: KLEIN, A. L. (org.). Eugen 
Warming e o cerrado brasileiro: um século depois. São Paulo: UNESP, Imprensa 
Oficial do Estado, 2002. 
 COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. Acta bot. bras. 20(1): 13-23, 2006. 
Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/abb/v20n1/02.pdf>. Acesso em 04 out. 
2010. 
 IBGE. Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiente. 2. ed. Rio 
de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004. 
 MARTINS, L. M. Amazônia Legal. Maranhão: Consultoria Legislativa, 
Assembleia Legislativa, 2008. Disponível em 
<www.al.ma.gov.br/arquivos/amazonia_legal_ma.doc>. Acesso em 04 out. 
2010. 
 VELOSO, P. V. Sistema fitogeográfico. In: Manual técnico da vegetação 
brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 1992. Disponível em 
<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-
%20RJ/ManuaisdeGeociencias/Manual%20Tecnico%20da%20Vegetacao%20Br
asileira%20n.1.pdf> Acesso em 04 out. 2010. 
 
 
 
 
3. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Os manguezais, juntamente com a vegetação de restinga, os 
brejos e as florestas paludosas, são ecossistemas costeiros classificados como 
formações pioneiras e encontram-se associados ao mosaico de formações 
florestais que formam o domínio da Mata Atlântica. A vegetação do mangue é 
composta por espécies arbóreas adaptadas a um ambiente lodoso e de elevada 
salinidade. Sendo assim, os manguezais, segundo o conceito discutido por 
COUTINHO (2006), é um dos vários biomas que compõem o mosaico de biomas 
constituintes do domínio da Mata Atlântica, conforme a descrição abaixo: 
No domínio atlântico, encontra-se a Mata Atlântica, também 
chamada de “mata de encosta”, outro bioma de floresta tropical 
pluvial do Zonobioma I; a floresta de restinga inundável, um 
bioma de floresta tropical pluvial do psamo-hidrobioma I; a 
floresta de restinga não inundável, um bioma de floresta tropical 
pluvial do psamobioma I; os manguezais, um bioma de floresta 
tropical pluvial, paludosa, marítima do helohalobioma I; os 
campos de altitude, geralmente acima de dois mil metros sobre 
o nível do mar, um bioma campestre do Orobioma I; as 
formações rupestres sobre afloramentos rochosos dos picos das 
serras, um bioma desse tipo de formação, do litobioma I ou 
litoorobioma I. Também aqui se encontra um mosaico de 
biomas, como mostram Porembski et al. (1998) e Scarano 
(2002). 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Nas definições do IBGE (2004) e de VELOSO (1992), o termo 
“savana” é usado para definir um ambiente cuja vegetação é predominantemente 
xeromorfa e o clima é estacional. Equivale a uma fitofisionomia que encontra 
homologias na América do Sul, na África e na Ásia. No Brasil, o sinônimo 
regionalista para essa formação terrestre é cerrado. De acordo com VELOSO 
(1992), a Savana brasileira pode ser subdividida em quatro subgrupos de 
formação (que serão mais bem compreendidos após uma cuidadosa observação 
dos termos descritos na figura 2). 
 Savana Florestada (Cerradão) – Formação associada a áreas areníticas 
lixiviadas com solos profundos. É composta principalmente por plantas micro e 
nanofanerófitas tortuosas e com ramificação irregular, dotadas de macrófilos 
esclerófilos perenes ou semidecíduos e ritidoma corticoso rígido. Essas plantas 
também apresentam órgãos subterrâneos de reserva ou xilopódios. O Cerradão 
não apresenta composição nítida de vegetais caméfitos, mas existem diversos 
hemicriptófitos permeados por plantas lenhosasraquíticas e palmeiras anãs. 
Algumas das plantas fanerófitas predominantes são Caryocar brasiliensis (pequi), 
Boldichia virgilioides (sucupira-preta), Anadenanthera peregrina (angico-preto) e 
Kielmeyera coriacea (pau-santo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Representação esquemática e breve descrição das principais formas de vida vegetais, segundo a 
classificação de Raunkier. 
 
 Savana arborizada (Campo-Cerrado) - Formação que apresenta uma 
fisionomia nanofanerofítica esparsa e outra hemicriptofítica graminoide contínua 
e sujeita ao fogo. De acordo com a localização geográfica, a flora apresenta 
predomínio de espécies variadas, tais como Stryphodendron adstringens 
(barbatimão) em São Paulo e no Paraná, Dimorphandra mollis (faveiro) em Minas 
Gerais e Platonia insignis (bacuri) no Pará. 
 Savana Parque – Constituída essencialmente por hemicriptófitas e geófitas, 
que formam um estrato graminoide entremeado por nanofanerófitos isolados. 
 
 
 
 
 
Alguns ecótipos predominantes são Hancornia speciosa (mangaba), Tabebuia 
caraiba (paratudo) e Byrsonima sericea (murici). 
 Savana Gramíneo-Lenhosa – Subgrupo caracterizado pela existência de 
poucas plantas lenhosas raquíticas entremeando áreas extensas dominadas por 
hemicriptófitas e geófitas. Alguns ecótipos dominantes são Andira humilis, 
Bauhinia spp. (unha-de-vaca) e Attalea spp. (palmeirinha-do-cerrado). 
No entanto, essa definição e subdivisão de savana são contestadas por 
COUTINHO (2006). Nas palavras do autor: “essa definição faz o leitor supor que 
o único bioma de savana neotropical seja o cerrado, esquecendo-se, por 
exemplo, dos Lhanos venezuelanos, da caatinga nordestina, da caatinga 
amazônica do Rio Negro. Omite-se também com relação a outros biomas de 
savana de ocorrência nas zonas paleotropical e australiana, não conhecidos pelo 
nome de cerrado”. 
Também merece destaque a seguinte colocação de COUTINHO (2006): 
 
Todas as savanas tropicais do mundo, nos mais diferentes 
continentes, têm essa complexidade fitofisionômica, formam 
esse mosaico, esse gradiente de comunidades fisionomicamente 
diversas, e, no entanto, são consideradas como um bioma pela 
grande maioria dos autores. É que as comunidades que formam 
esse gradiente são ecologicamente relacionadas, têm os mesmos 
fatores determinantes ou co-determinantes e respondem a seus 
gradientes. 
 
 Portanto, de acordo com as observações feitas por COUTINHO (2006), é 
mais apropriado considerar as savanas como sendo compostas de diversos 
biomas diferentes, embora vários outros autores as considerem como um único 
bioma. De acordo com o autor, no Brasil temos o bioma de savana úmida do 
cerrado e o bioma de savana semiárida de caatinga, e cada um desses biomas é 
formado por um complexo de formas fisionômicas distribuídas em mosaico. Logo, 
segundo esse ponto de vista, a afirmação de que “as savanas constituem um 
único bioma” é incorreta. 
 
 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A fisionomia da vegetação, ou fitofisionomia, é uma 
característica morfológica da comunidade vegetal. De acordo com as 
características predominantes das formas de vida vegetal, tais como caducidade 
foliar e densidade, as vegetações podem variar em suas estruturas e fisionomias, 
as quais, por sua vez, refletem fatores abióticos determinantes, como clima, solo, 
fogo etc. De acordo com COUTINHO (2006), é a fitofisionomia que nos permite 
reconhecer os diferentes biomas, como se pode constatar nas palavras do autor: 
 
Colinvaux (1993) definiu bioma como um “ecosystem of a large 
geographic area in which plants are of one formation and for 
which climate sets the limits”. Importante salientar que se trata, 
pois, de um ecossistema, de uma unidade ecológica, estrutural e 
funcional, com seus componentes bióticos e abióticos. Todavia, 
não se deve supor erroneamente que bioma e ecossistema sejam 
sinônimos. Para a fisionomia, elemento de fundamental 
importância na classificação dos biomas, a fauna tem pouco ou 
nenhum significado. O mesmo não ocorre quando nos referimos 
a um ecossistema. 
 
 Logo, na classificação dos biomas como savanas, estepes e florestas 
tropicais, as fisionomias têm papel definitivo, até mais que aspectos abióticos, 
como clima, solo e altitude. Portanto, é incorreto afirmar que os aspectos 
abióticos são mais relevantes do que as fisionomias em qualquer classificação de 
biomas. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Utilizando novamente as palavras de COUTINHO (2006), em sua 
discussão sobre a utilização de domínios e biomas como sinônimos: 
Só se pode entender esta sinonímia como conceitos políticos, ou 
político-conservacionistas, da mesma forma como o são os 
conceitos de Amazônia Legal, Polígono das Secas, Mata Atlântica 
(segundo o CONAMA). Tais conceitos não são, todavia, conceitos 
científicos. 
 
 Nessa afirmação, o autor deixa claro que o conceito de “Amazônia Legal” 
enquadra-se na categoria de conceitos políticos, não sendo, portanto, um 
conceito fundamentado em características biogeográficas ou em outros atributos 
sobre os quais a ciência constrói os seus conceitos. 
 O histórico de criação da Amazônia Legal pode ser encontrado em 
MARTINS (2008), do qual foram retirados os trechos apresentados a seguir: 
 
Em 1953, através da Lei 1.806, de 06.01.1953, foram 
incorporados à Amazônia Brasileira, o Estado do Maranhão 
(oeste do meridiano 44º), o Estado de Goiás (norte do paralelo 
13º de latitude sul atualmente Estado de Tocantins) e Mato 
Grosso (norte do paralelo 16º latitude Sul). Com esse dispositivo 
legal a Amazônia Brasileira passou a ser chamada de Amazônia 
Legal. 
 
Art.2º A Amazônia brasileira, para efeito de planejamento econômico e 
execução do plano definido nesta lei, abrange a região compreendida 
pelos Estados do Pará e do Amazonas, pelos territórios federais do Acre, 
Amapá, Guaporé e Rio Branco, e ainda, a parte do Estado de Mato 
Grosso a norte do paralelo 16º, a do Estado de Goiás a norte do paralelo 
13º e do Maranhão a oeste do meridiano de 44º. 
 
 Em 1966, pela Lei 5.173, (criação da SUDAM) o conceito de 
Amazônia Legal foi “reinventado” para fins de planejamento. 
 
Art. 2º A Amazônia para efeitos desta lei, abrange a região 
compreendida pelos Estados do Acre, Pará e Amazonas, pelos 
Territórios Federais do Amapá, Roraima e Rondônia, e ainda pelas áreas 
do Estado de Mato Grosso a norte do paralelo 16º, do Estado de Goiás 
a norte do paralelo 13º e do Estado do Maranhão a oeste do meridiano 
de 44º. 
 
Pelo artigo 45 da Lei complementar nº 31, de 11.10.1977, a 
Amazônia Legal teve seus limites ainda mais estendidos: 
 
Art. 45 A Amazônia, a que se refere o artigo 2º da lei nº 5.173, de 27 
de outubro de 1966, compreenderá também toda a área do Estado de 
Mato Grosso. 
 
Atualmente tramita no Senado Projeto de Lei que altera o inciso 
VI do § 2º do art. 1º da lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, 
na redação alterada pela Medida Provisória nº 2.166 - 67, de 24 
de agosto de 2001, que dispõe sobre a abrangência da Amazônia 
Legal, e dá outras providências. A alteração proposta exclui da 
Amazônia Legal o Maranhão, o Mato Grosso e o Tocantins. Em 
sua justificativa, o autor argumenta que o “conceito de Amazônia 
Legal e a sua delimitação geográfica foram, na realidade, 
baseados muito mais em propósitos socioeconômicos do que em 
qualquer outro parâmetro, a fim de que aquela região pudesse 
usufruir os incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo 
Governo à Amazônia Legal. Em suma, o objetivo era possibilitar 
que aquele estado da Federação pudesse se desenvolver depois 
da sua secção. 
 
 Esse viés conceitual para aAmazônia Legal, que não considerou a 
característica dos diferentes biomas da área, foi incorporado no Código Florestal. 
Tal fato levou, por exemplo, a que fossem adotados, no Código Florestal, para o 
Estado de Mato Grosso, critérios absolutamente distintos daqueles preconizados 
para outros estados limítrofes dele, mesmo que esses territórios apresentassem 
idênticas características vegetais e se inserissem em biomas semelhantes. Isso 
acabou provocando uma distorção no tratamento dado ao Mato Grosso, uma vez 
que o cerrado é o bioma predominante naquela região, com todas as suas 
características. 
 
E – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Em seu artigo sobre o conceito de bioma, COUTINHO (2006) 
chama a atenção para a necessidade de se estabelecer uma diferenciação clara 
entre os conceitos de bioma e de domínio, inclusive pelo impacto positivo que 
isso representa na adoção de medidas protecionistas voltadas à conservação de 
ambientes degradados. O autor ilustra essa necessidade com o exemplo das 
matas de galeria e outros biomas localizados no domínio do cerrado. Usar esses 
conceitos é particularmente perigoso para a preservação e conservação das 
matas de galeria, matas tropicais estacionais sempre verdes, semicaducifólias ou 
caducifólias, pois as considera como partes integrantes do “bioma do cerrado” 
que, pela Constituição de 1988, não é visto como “patrimônio nacional”. E esta é 
a Lei Maior que subjuga todas as demais legislações florestais eventualmente 
existentes. Isso legalizaria a derrubada dessas florestas, já em extinção, para fins 
agropastoris. 
Portanto, utilizar o conceito de domínio como critério principal para adoção 
de medidas protecionistas pode levar à degradação e à extinção de biomas 
específicos que fazem parte desse domínio. 
 
 
 
QUESTÃO 2 - TOMO 1 (Enade 2008-questão 13) 
 
Comunidades naturais são o resultado da ação de processos adaptativos, 
históricos e estocásticos sobre o conjunto de organismos que ocupa determinada 
área física ou ambiente. A própria atividade humana, em certas circunstâncias, 
pode ser considerada uma das forças que moldam a estrutura e organização das 
comunidades. Além disso, o entendimento da dinâmica natural é fundamental 
para que se possa compreender a amplitude e os efeitos da ação humana sobre 
os organismos e o meio ambiente. 
Apesar de se terem estabelecido em ambientes muito distintos, a comunidade 
vegetal natural, em uma montanha, e a comunidade de organismos marinhos, 
em um costão rochoso, na zona entre marés, têm diversas características em 
comum, pois ambas se distribuem ao longo de gradientes ecológicos 
determinados por fatores físicos do ambiente. 
 
Considerando-se a base da montanha e o nível das menores marés baixas como 
os extremos inferiores dos gradientes, que características são essas e a que 
gradientes correspondem? 
A. Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo inferior do gradiente e 
rarefação de espécies no extremo superior, onde se concentram aquelas menos 
especializadas e com maior amplitude de tolerância a fatores físicos do ambiente. 
Na montanha, o gradiente inclui fatores como taxa de fotossíntese, altitude e 
declividade; no costão rochoso, os fatores são umidade, impacto de ondas e 
inclinação. 
B. Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo superior do gradiente e 
rarefação de espécies no extremo inferior, onde se concentram aquelas menos 
especializadas ou com menor amplitude de tolerância a fatores físicos do 
ambiente. Na montanha, o gradiente inclui fatores como declividade e umidade; 
no costão rochoso, os fatores são umidade, densidade populacional e salinidade. 
C. Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo inferior do gradiente e 
rarefação de espécies no extremo superior, onde se concentram aquelas mais 
especializadas ou com maior amplitude de tolerância a fatores físicos do 
ambiente. Na montanha, o gradiente inclui fatores como temperatura e 
nutrientes no solo; no costão rochoso, os fatores são umidade, temperatura e 
salinidade. 
D. Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo inferior do gradiente e 
rarefação de espécies no extremo superior, onde se concentram aquelas menos 
especializadas e com menor amplitude de tolerância a fatores físicos do 
ambiente. Na montanha, o gradiente inclui fatores como quantidade de oxigênio, 
altitude e declividade; no costão rochoso, os fatores são umidade, inclinação e 
salinidade. 
E. Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo superior do gradiente e 
rarefação de espécies no extremo inferior, onde se concentram aquelas mais 
especializadas ou com maior amplitude de tolerância a fatores físicos do 
ambiente. Na montanha, o gradiente inclui fatores como altitude, declividade e 
umidade; no costão rochoso, os fatores são umidade, inclinação e densidade 
populacional. 
 
1. Introdução teórica 
 
Estrutura das comunidades biológicas e gradientes ecológicos 
 
 Comunidades biológicas correspondem a conjuntos de organismos 
pertencentes a diversas espécies que habitam certa localidade. As características 
definidoras das comunidades são derivadas do complexo processo de interação 
existente entre os organismos que a compõem, além do conjunto de adaptações 
que tornam a sobrevivência desses organismos mais eficiente diante dos fatores 
abióticos específicos do ecossistema. 
 O termo diversidade aplicado a esse contexto abrange tanto aspectos 
genéticos quanto taxonômicos. Em geral, são reconhecidos dois componentes da 
diversidade: (a) riqueza, que corresponde ao número de espécies e de variedades 
genéticas; e (b) a abundância relativa, valor que indica o quanto cada grupo de 
organismos representa no total de espécies que constitui a comunidade. De modo 
geral, os sistemas ecológicos apresentam poucas espécies mais abundantes que 
as demais, e, por isso, são denominadas de espécies dominantes. É importante 
também ressaltar que a riqueza de espécies é diretamente influenciada pela 
heterogeneidade geográfica. 
 No ambiente no qual está estabelecida uma comunidade, as diversas 
condições físicas podem se distribuir de modo a formar gradientes ambientais. 
Pode-se citar, como exemplo, a existência de um gradiente de umidade que vai 
do muito úmido ao muito seco em uma área geográfica, ou um gradiente de 
temperatura que se distribui verticalmente desde o frio cume de uma montanha 
até as temperaturas mais amenas de um vale situado nas adjacências. 
 A organização geográfica das comunidades biológicas pode ser visualizada 
por meio do registro gráfico da abundância de espécies medida em um transecto 
espacial disposto ao longo de um gradiente de condições ambientais, como, por 
exemplo, a umidade do solo (figura 1). Padrões diversos de distribuição de 
organismos em uma situação como essa podem emergir. Em um desses padrões, 
é possível visualizar a formação de diferentes conjuntos de espécies cujas 
distribuições são coincidentes. Cada conjunto desses é uma unidade ecológica 
discreta e recebe a denominação de comunidade fechada. Nas fronteiras entre 
comunidades vizinhas, também chamadas de ecótonos, há sobreposição de 
espécies pertencentes aos conjuntos distintos. 
Ecótono pode ser definido como regiões de rápida substituição de espécies 
ao longo de um transecto espacial ou gradiente ecológico em virtude da mudança 
relativamente abrupta das condições ambientais. Embora nos ecótonos exista 
uma grande riqueza de espécies, a abundância relativa de cada espécie nessa 
fronteira é reduzida, em função da transição de condições ambientais aí 
existentes. Uma representação gráfica da abundância de espécies nas 
comunidades fechadas e nos ecótonossituados ao longo de um gradiente 
ecológico pode ser vista na figura 1a. 
 
Figura 1. Representações gráficas das estruturas de comunidades fechadas (a) e comunidades abertas (b). 
Em cada gráfico, as curvas correspondem às abundâncias de diversas espécies ao longo do gradiente 
ambiental (adaptado de Ricklefs, 2010). 
 Os agrupamentos de espécies característicos das comunidades fechadas 
não são visíveis nas comunidades abertas (figura 1b). Nessas comunidades, as 
espécies estão distribuídas de modo independente ao longo do gradiente 
ecológico, o que resulta em comunidades que não têm fronteiras naturais 
(ecótonos). Em oposição às comunidades fechadas, as espécies das comunidades 
abertas não apresentam associações íntimas e dificilmente compartilham limites 
de tolerância ecológica. 
 
2. Indicações bibliográficas 
 
 BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a 
ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
 ODUM, E. P.; BARRETT, G. W. Fundamentos da Ecologia. São Paulo: Cengage 
Learning, 2008. 
 RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2010. 
 
3. Análise das alternativas 
As alternativas apresentam considerações sobre as características da comunidade 
vegetal natural em uma montanha e a comunidade de organismos marinhos, em 
um costão rochoso, na zona entre marés. Esses dois ambientes, como o próprio 
enunciado aponta, apresentam características em comum, como pode ser 
observado na ilustração a seguir (figura 2). 
A análise da figura 2 permite concluir o que segue. 
 No ambiente de montanha, quanto mais próximo ao vale, maior a 
temperatura e maior a disponibilidade de nutrientes para os vegetais. Pode-se 
dizer que a base da montanha encontra-se em um ecótono, ou zona de transição, 
entre o ecossistema de montanha e o ecossistema de vale. Nesse ambiente de 
transição, é possível encontrar espécies de ambos os ecossistemas, o que 
caracteriza uma grande riqueza de espécies. Por outro lado, quanto mais próximo 
ao pico da montanha, menor a temperatura e a disponibilidade de nutrientes. 
Nesse caso, apenas algumas espécies vegetais adaptadas a essas circunstâncias 
mais extremas sobreviverão. Portanto, haverá uma maior abundância relativa de 
certas espécies mais especializadas às condições de frio ou daquelas que 
apresentam maior amplitude de tolerância a variações térmicas nas proximidades 
do pico da montanha. Essas condições restritivas fazem com que a riqueza de 
espécies no local seja reduzida. 
 
Figura 2. Representação esquemática comparativa dos gradientes ecológicos de fatores físicos associados 
aos ambientes de montanha e costão rochoso. O ecótono corresponde a uma zona de transição entre dois 
ecossistemas vizinhos (vale/montanha; ambiente aquático/costão rochoso). A linha tracejada representa os 
extremos inferiores dos ambientes de montanha e de costão rochoso. 
 No costão rochoso, a comunidade de organismos situados no nível das 
menores marés estará sujeita a temperaturas mais amenas e a umidade e 
salinidade mais intensas do que a comunidade localizada na porção mais distante 
do ambiente aquático. Pode-se dizer que essa comunidade situa-se no ecótono 
que representa a zona de transição entre o ambiente de costão exposto ao ar e 
o ambiente exposto à água. Por se tratar de um ambiente de transição, também 
haverá uma maior riqueza e diversidade de espécies. Quanto mais distante da 
influência das marés, mais adaptados ao calor intenso os organismos devem ser, 
o que nos permite afirmar que, neste caso, algumas poucas espécies mais 
tolerantes a condições extremas devem predominar no local, sejam aquelas 
especializadas a sobreviver nestas condições ou aquelas de maior tolerância a 
variações ambientais. 
Conclusão: a alternativa C é a única que faz uma associação correta entre maior 
diversidade e extremo inferior dos dois ecossistemas considerados, além da 
maior especialização das espécies situadas no extremo superior dos gradientes 
ecológicos considerados. 
 
QUESTÃO 10 - TOMO 5 (Enade 2008-questão 18) 
 
Entre os padrões biogeográficos mais conhecidos e estudados, destacam-se os 
gradientes latitudinais de diversidade, que podem ser observados nas figuras a 
seguir. 
 
TOWNSEND, C., BEGON, M., HARPER, J. 
Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: 
ARTMED, 2. ed, 2006 (com adaptações). 
Com relação a esses gradientes, avalie as seguintes asserções. 
 
Segundo o padrão de gradientes latitudinais de diversidade, há aumento da 
riqueza dos polos para o Equador nas espécies continentais de animais e de 
plantas, o que não ocorre para seres aquáticos (marinhos e dulcícolas). 
PORQUE 
A maior estabilidade térmica dos ambientes de maior latitude faz com que grupos 
de seres aquáticos (marinhos e dulcícolas) apresentem um padrão latitudinal 
invertido, possuindo uma riqueza de espécies decrescente dos polos para a região 
equatorial. 
 
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta. 
A. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma 
justificativa correta da primeira. 
B. As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma 
justificativa correta da primeira. 
C. A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma 
proposição falsa. 
D. A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição 
verdadeira. 
E. Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. 
 
1. Introdução Teórica 
Padrões na riqueza em espécies nos ecossistemas 
 As comunidades biológicas encontradas nos mais diversos ecossistemas 
são caracterizadas por diversos parâmetros ecológicos. Um desses parâmetros é 
a riqueza de espécies, que corresponde ao número de espécies presentes na 
comunidade. Quando são comparadas diversas comunidades biológicas, observa-
se que algumas comunidades contêm mais espécies do que outras, e que existem 
padrões ou gradientes de riqueza em espécies. 
 A riqueza em espécies nos ecossistemas é afetada por quatro tipos de 
fatores, apresentados de modo resumido a seguir: 
 Fatores geográficos: fatores tais como latitude, altitude e, em ambientes 
aquáticos, a profundidade, são correlacionados com a riqueza em 
espécies, embora não sejam considerados os agentes causais dos padrões 
geográficos observados. 
 Fatores correlacionados aos fatores geográficos: fatores tais como a 
variabilidade climática, a entrada de energia e a produtividade do 
ambiente são correlacionados aos fatores geográficos e explicam em parte 
os padrões identificados na distribuição dos organismos. 
 Fatores independentes dos fatores geográficos: fatores como o grau de 
perturbação física do hábitat, o isolamento do hábitat e a heterogeneidade 
química e física do ambiente podem variar geograficamente, embora 
sejam independentes de fatores geográficos como latitude e altitude. 
 Fatores bióticos: são fatores que correspondem aos atributos biológicos 
das comunidades, tais como intensidade de predação, de parasitismo e de 
competição entre os organismos. Tais fatores desempenham papéis 
importantes na estrutura final das comunidades. 
 
Gradientes de riqueza em espécies podem ser identificados em escala 
macroecológica. Merecem destaque os gradientes latitudinais de riqueza em 
espécies. Já se sabe, por exemplo, que a riqueza decresce com a latitude. 
Explicações diversas têm sido propostas para esse padrão latitudinal, dentre elas 
a maior intensidade de predação, maior produtividade e menor sazonalidade 
climática nos ecossistemas localizados nas regiões tropicais. 
 
2. Análise das asserções 
Asserção 1 – Incorreta. 
JUSTIFICATIVA. De fato, comose pode constatar na análise dos gráficos 
apresentados, há um aumento da riqueza de espécies continentais de animais e 
vegetais nas baixas latitudes (próximas ao Equador, que é a latitude de 0º) em 
comparação às elevadas latitudes polares. O mesmo padrão de biodiversidade 
também ocorre para seres aquáticos (marinhos e dulcícolas), ao contrário do que 
afirma a asserção. 
 
Asserção 2 – Incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Nos ambientes de maior latitude (mais próximos aos pólos), a 
variação térmica ao longo do ano é maior do que a observada em ambientes de 
menor latitude (mais próximos ao Equador). Portanto, esses últimos são mais 
estáveis que os primeiros, contrariando o que foi afirmado na asserção. Além 
disso, o padrão latitudinal de distribuição de seres marinhos e aquáticos é 
semelhante ao dos seres continentais, ou seja, a riqueza de espécies é crescente 
dos pólos para a região equatorial. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a 
ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
 ODUM, E. P.; BARRETT, G. W. Fundamentos da Ecologia. São Paulo: Cengage 
Learning, 2008. 
 RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2010. 
 
QUESTÃO 3 - TOMO 1 (Enade 2008-questão 14) 
 
Com o aumento da visitação no Parque Nacional Yosemite, na Califórnia, a 
progressiva redução da população de cougars (Puma concolor, a nossa onça-
parda), predadores do topo da cadeia trófica local, resultou em um aumento 
explosivo da população do cervo (Odocoileus hemionus) por volta de 1920. Um 
estudo retrospectivo recentemente realizado sobre o recrutamento populacional 
(isto é, o crescimento de plântulas até árvores) de carvalhos negros, cujos 
indivíduos mais jovens são um dos principais itens da dieta dos cervos na região, 
inventariou todas as plantas dessa espécie em manchas maiores que 0,5 ha e 
acessíveis aos cervos. De modo similar, também foram inventariadas todas as 
plantas de carvalho negro que ocorriam em manchas de tamanho semelhante 
em áreas do parque inacessíveis aos cervos. Os resultados obtidos estão 
apresentados na figura abaixo. 
 
 
período de estabelecimento 
 
Estrutura etária do carvalho negro da Califórnia (com as barras de erro padrão) para (a) manchas 
de carvalho acessíveis aos cervos; (b) manchas não acessíveis aos cervos. 
 
 
Com base nos estudos mencionados, é correto afirmar que: 
A. houve, nas manchas inacessíveis aos cervos, redução do recrutamento, 
enquanto, nas áreas acessíveis, observou-se a estabilização do recrutamento na 
população de carvalhos a partir de 1920. 
B. os resultados apóiam a predição teórica de que uma redução da predação 
por grandes carnívoros pode causar o aumento populacional de grandes 
herbívoros e a redução das populações de plantas palatáveis. 
C. a reintrodução dos predadores ou o controle da população de cervos 
anulariam pressões evolutivas sobre as populações de carvalho que poderiam 
tornar suas folhas impalatáveis para os cervos. 
D. tanto as populações de carvalhos acessíveis aos cervos como as inacessíveis 
vivem, na atualidade, um declínio populacional no Parque Nacional Yosemite. 
E. a ausência de predadores do topo de uma cadeia trófica tem efeito 
inexpressivo sobre a sua base, devido ao efeito de magnificação observado em 
cadeias alimentares. 
 
1. Introdução teórica 
 
Flutuações populacionais decorrentes de desequilíbrio ecológico 
provocado pela ação humana 
 
 As comunidades biológicas são caracterizadas pela multiplicidade de 
interações ocorridas entre organismos de uma mesma espécie e de espécies 
diferentes. Dentre as interações interespecíficas, podemos destacar as diversas 
formas de predatismo, executadas por animais carnívoros e herbívoros. O 
predatismo é a forma de interação ecológica característica das cadeias e teias 
alimentares. 
 As cadeias alimentares (ou cadeias tróficas) correspondem a fenômenos 
de transferência de energia ocorrida entre os organismos que ocupam os 
diferentes níveis tróficos dessa organização. Na base de qualquer cadeia 
alimentar, encontram-se os produtores, dentre os quais merecem destaque os 
vegetais fotossintetizantes, capazes de converter energia luminosa em energia 
química. Os animais que se alimentam diretamente dos produtores são 
considerados consumidores primários (ou herbívoros). Do mesmo modo, o nível 
trófico dos consumidores secundários é constituído por animais que se alimentam 
dos consumidores primários, e assim sucessivamente. 
 Em comunidades caracterizadas por uma rica biodiversidade, é de se 
esperar que as teias alimentares sejam constituídas por múltiplas cadeias 
alimentares interconectadas, o que garante maior estabilidade do sistema como 
um todo. Neste caso, um animal herbívoro consome diversas espécies diferentes 
de vegetais, assim como os consumidores secundários têm à sua disposição, para 
predação, uma grande diversidade de animais herbívoros. Nesse tipo de 
comunidade, a redução numérica significativa dos indivíduos de uma espécie (ou 
mesmo a sua extinção naquele ambiente) não gera grandes impactos no 
complexo sistema de transferência de energia que caracteriza a teia alimentar. 
 Por outro lado, em ecossistemas fragilizados, cuja biodiversidade 
encontra-se reduzida por motivos diversos (inclusive a ação humana), a 
complexidade das teias alimentares é bastante reduzida, limitada a poucas 
cadeias alimentares. Desse modo, a eliminação de uma espécie cria um impacto 
significativo no ecossistema. Se considerarmos que, em tais circunstâncias, uma 
espécie de animal herbívoro tenha o seu número de indivíduos significativamente 
reduzido, um dos impactos imediatos é a redução igualmente drástica dos 
consumidores secundários, pois têm, à sua disposição, uma diversidade limitada 
de espécies de herbívoros para consumir. 
 Portanto, a manutenção do equilíbrio demográfico das diversas espécies 
que compõem uma comunidade depende diretamente das relações alimentares 
existentes entre elas, e, especialmente no caso de ecossistemas fragilizados, a 
eliminação de uma espécie pode promover oscilações populacionais significativas 
nos demais constituintes da teia alimentar. 
 
2. Indicações bibliográficas 
 
 BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a 
ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
 ODUM, E. P.; BARRETT, G. W. Fundamentos da Ecologia. São Paulo: Cengage 
Learning, 2008. 
 RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2010. 
3. Análise das alternativas 
 
 Para efetuar a análise das alternativas da questão, é importante ter em 
mente a seguinte cadeia alimentar, descrita no enunciado: 
 
Cougar Cervo Carvalho negro 
(plantas jovens) 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O gráfico (b), que corresponde ao inventário de plantas de 
carvalho negro efetuado nas manchas não acessíveis aos cervos, aponta 
crescimento no número dessas plantas com o passar dos anos, e não redução, 
como afirma a alternativa. Além disso, o gráfico (a) demonstra redução do 
número de plantas nas áreas acessíveis aos cervos, e não estabilidade, como 
proposto pela frase. 
 
B – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Considerando que o ecossistema em questão corresponde a um 
parque ecológico, trata-se de um ecossistema fragilizado, e, portanto, sujeito a 
instabilidades populacionais de suas espécies ocupantes decorrentes da redução 
drástica de uma única espécie. Os grandes predadores locais (cougars) sofreram 
redução populacional, e, como esses animais eram os principais predadores dos 
cervos, estesúltimos passaram a ser predados em escala muito reduzida. Essa 
redução na predação proporcionou o aumento populacional explosivo dos cervos. 
Com isso, houve aumento substancial na predação dos carvalhos negros jovens, 
fenômeno registrado no gráfico (a). 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A frase, como está elaborada, passa a ideia de evolução como 
um fenômeno lamarckista-finalista, sugerindo que pressões evolutivas sofridas 
pelos carvalhos tornariam suas folhas impalatáveis aos cervos, como forma de 
garantir a sobrevivência dessas plantas. Os biólogos evolucionistas atribuem as 
eventuais mudanças sofridas ao longo do tempo por um grupo de organismos à 
variabilidade biológica (gerada por mutações aleatórias) e à seleção natural, e 
não a transformações induzidas por pressões exercidas pelo meio, que tenham 
por objetivo garantir a sobrevivência do grupo. 
 
 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A análise dos gráficos permite concluir que apenas a população 
de carvalhos da área acessível aos cervos está em declínio na atualidade. A 
população da área inacessível encontra-se com números elevados. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O exemplo fornecido pela questão demonstra exatamente o 
oposto do que afirma a alternativa, pois a redução numérica dos predadores teve 
um efeito bastante expressivo na base da cadeia alimentar considerada, por 
conta do aumento populacional explosivo experimentado pela população dos 
herbívoros (cervos). Além disso, o efeito da magnificação, ao qual se refere a 
alternativa, corresponde à bioacumulação de substâncias tóxicas (agrotóxicos, 
mercúrio, cromo e outros) ao longo das cadeias alimentares, portanto está 
aplicado fora do contexto abordado na questão. 
 
QUESTÃO 5 - TOMO 6 (Enade 2011-questão 24) 
 
Sistemas com predomínio de vegetação herbáceo-arbustiva (como pradarias, 
savanas e campos) cobrem cerca de 52,5 milhões de km2 e, aproximadamente, 
40,5% da superfície continental da Terra. Tendo em vista que esses sistemas 
não apresentam as características fisionômicas que popularmente se esperam de 
ambientes preservados (como presença de densas florestas), a sua degradação 
em escala mundial acaba por passar despercebida da opinião pública. Estimativas 
da Avaliação Ecossistêmica do Milênio definem que cerca de 50 a 60% dos 
biomas que apresentam esta fisionomia acabarão por estar degradados até 2050. 
Pesquisas recentes mostram que elementos modeladores intrínsecos desses 
ambientes são fundamentais para a sua conservação e manutenção. No Brasil, 
esse tipo de bioma também ocorre e, seguindo a tendência mundial, encontra-
se em acelerado processo de degradação. 
Considerando o exposto, planejamentos ambientais que priorizam a 
sustentabilidade da dinâmica dos processos naturais são necessários para 
viabilizar a conservação dos biomas brasileiros com essa fisionomia. Um dos 
elementos modeladores intrínsecos cujo resgate e manutenção devem ser 
considerados é a 
A. implantação de sistemas de silvicultura. 
B. ampliação da produção extensiva de ungulados. 
C. diversificação das culturas antrópicas já existentes. 
D. utilização do fogo como forma alternativa de manejo. 
E. ocupação em ampla escala para produção de biomassa para biocombustíveis. 
 
1. Introdução teórica 
 
Biomas de vegetação herbáceo-arbustiva 
 
Os biomas de vegetação herbáceo-arbustiva, comumente denominados 
campos, ocupam as partes mais secas de regiões temperadas e tropicais. Os 
campos temperados são reconhecidos pelos seus nomes regionais: estepes 
(Ásia), pradarias (América do Norte), pampas (América do Sul) e veldt (África do 
Sul). Os campos tropicais são genericamente denominados savanas. 
A definição da fitofisionomia desses biomas depende, em grande escala, 
mais de agentes intrínsecos do que do próprio clima. Por exemplo, a definição 
das características de vegetação depende do pastejo animal, que limita as 
espécies vegetais somente àquelas capazes de se recuperar da desfoliação 
frequente. Na savana, por sua vez, um dos importantes elementos modeladores 
intrínsecos é o fogo, que contribui para o estabelecimento de espécies vegetais 
campestres, em detrimento das árvores. 
Muitos dos campos naturais têm sofrido as consequências de atividades 
antrópicas agropastoris. Elas promovem a substituição de espécies nativas por 
cultivos como trigo, aveia, cevada, centeio, milho, soja, além de pastagens de 
gramíneas exóticas para criação de gado bovino. De modo geral, os campos são 
os biomas mais cobiçados, usados e transformados pela ação humana. 
 
2. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A silvicultura consiste de atividades ligadas ao cultivo de árvores, 
seja para a obtenção de matéria-prima destinada ao atendimento às demandas 
diversas, seja para o atendimento às demandas ecológicas e ambientais. 
Considerando que o enunciado refere-se a sistemas com predomínio de 
vegetação herbáceo-arbustiva, portanto desprovidos de densas florestas, o 
cultivo de grandes árvores não constitui um procedimento de resgate e 
manutenção de elementos modeladores intrínsecos desses sistemas. 
 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Ampliar a produção extensiva de animais ungulados (gado 
bovino e cavalos) não constitui medida viabilizadora da conservação de biomas 
brasileiros herbáceo-arbustivos, como é o caso do cerrado, por exemplo. Uma 
das principais causas da degradação desses biomas em nosso país tem sido a 
expansão de áreas destinadas a atividades agropecuárias. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. As culturas antrópicas mencionadas na alternativa 
correspondem a atividades agropecuárias diversas, como o plantio de grandes 
lavouras de soja e a criação de grandes áreas de pastagem no cerrado. A 
diversificação dessas atividades antrópicas contribuiria ainda mais para a 
degradação desses biomas. 
D – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Entre os sistemas com predomínio de vegetação herbáceo-
arbustiva localizados no Brasil, merece destaque o cerrado. Esse bioma sofre, 
constantemente, com a ocorrência natural de incêndios nos períodos de 
estiagem. As espécies da flora do cerrado são naturalmente adaptadas à 
ocorrência de incêndios, de tal modo que muitas plantas desse bioma emitem 
novos brotos e iniciam a floração logo após a queimada. Assim, um planejamento 
ambiental com vistas à conservação fitofisionômica que priorize a 
sustentabilidade da dinâmica dos processos naturais desse tipo de bioma deve 
considerar a utilização do fogo como forma alternativa de manejo. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A alternativa refere-se à ocupação em ampla escala de biomas 
para a produção de biomassa para biocombustíveis. A expansão dos canaviais 
seria uma forma de realizar essa ocupação. No entanto, a expansão dessas 
culturas em nada contribui para a conservação de biomas brasileiros de 
fisionomia herbáceo-arbustiva; ao contrário, contribui para a degradação deles. 
 
3. Indicações bibliográficas 
 
 BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a 
ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
 IPEF (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais). Silvicultura e manejo. 
Disponível em <http://www.ipef.br/silvicultura/>. Acesso em 12 set. 2014. 
 RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2010. 
 
QUESTÃO 5 - TOMO 1 (Enade 2008-questão 16) 
 
 
Qual das opções a seguir apresenta uma interpretação correta do significado dos 
parâmetros N e K no modelo? 
A. Se K for menor que N, o termo (K – N/K) terá valor positivo, e poderáhaver 
superpopulação. 
A figura ao lado apresenta o crescimento 
de uma população de acordo com a 
equação logística de Pearl-Verhulst. O 
resultado é tipicamente uma curva de 
formato sigmoidal, na qual N representa o 
número de indivíduos da população e K, a 
capacidade de suporte do ambiente. 
B. Quando K = N, a taxa de crescimento instantâneo da população é zero, e a 
população se estabiliza. 
C. Se K permanece maior do que N, então a população para de crescer e corre 
o risco de extinção. 
D. K representa algum recurso natural, como, por exemplo, disponibilidade de 
alimento, caso em que é expresso em unidades do tipo kg/m2. 
E. O termo (K – N/K) representa o efeito da densidade sobre o crescimento da 
própria população, quando a área ocupada estiver aumentando. 
 
1. Introdução teórica 
 
Dinâmica populacional: modelo matemático do crescimento em S 
 
 As populações biológicas aumentam em tamanho segundo padrões já 
bastante estudados pelos ecólogos. Nesse contexto, são aplicados modelos 
matemáticos com o intuito de melhor compreender, e também predizer, o 
comportamento das variações numéricas populacionais ao longo do tempo. 
Basicamente, as variações populacionais podem ser atribuídas aos fatores 
descritos a seguir. 
 Taxa de crescimento (r): resultado da diferença entre a taxa de natalidade e 
a taxa de mortalidade populacional. Em situações nas quais condições ambientais 
não impõem restrições ao crescimento populacional, o valor de r é máximo (rmax), 
denominado potencial biótico ou potencial reprodutivo máximo. 
 Resistência ambiental: corresponde à soma total dos fatores ambientais que 
limitam o crescimento populacional, impedindo a expressão do potencial 
reprodutivo máximo. A resistência ambiental pode ser deduzida a partir da 
diferença entre rmax e a taxa de crescimento observada em condições em que as 
limitações ambientais ocorrem de maneira natural. 
 Capacidade de suporte (K): é a densidade populacional máxima que um 
ambiente e seus recursos podem suportar. 
Se considerarmos que uma população cresce em um ambiente que não 
oferece nenhum tipo de restrição, o crescimento resultante pode ser 
representado pela seguinte equação exponencial: 
.rN
dt
dN

 
Na equação, N é o tamanho populacional, t é o tempo, r é a taxa de 
crescimento e 
dt
dN
 é o crescimento (variação do número de indivíduos em função 
do tempo). 
 O crescimento populacional representado pela fórmula acima é dito 
crescimento exponencial ou em forma de J, e recebe a denominação por causa 
do formato da curva de crescimento em um gráfico N x t (figura 1). 
 
Figura 1. Curva de crescimento populacional em forma de J (exponencial). 
 
O crescimento exponencial é lento de início, mas, a partir de determinado 
momento, torna-se explosivo, fazendo com que a densidade populacional sofra 
aumento considerável em período curto de tempo. Esse tipo de crescimento 
dificilmente ocorre em condições naturais, pois um aumento populacional 
desenfreado resulta em densidade muito elevada, sujeita a limitações do meio. 
Por outro lado, o crescimento populacional que ocorre em condições 
restritivas será limitado pela resistência ambiental. O modelo matemático que 
melhor descreve este crescimento é a equação logística 
,
K
NK
rN
dt
dN 

 
sendo K a capacidade de suporte do ambiente. O crescimento populacional 
representado pela equação é o sigmoidal ou em forma de S (figura 2). 
 
 Figura 2. Curva de crescimento populacional em forma de S (sigmoidal ou logístico). 
 
 No crescimento em forma de S, há aumento populacional relativamente 
rápido no início do tempo considerado, seguido de desaceleração, promovida pela 
resistência que o ambiente oferece ao crescente e elevado número de indivíduos 
da população. Dizemos, nesse caso, que as restrições são densidade-
dependentes, pois a competição intraespecífica por recursos ambientais (e seus 
efeitos deletérios) é diretamente proporcional à densidade de indivíduos que os 
exploram. Ao atingir a capacidade de suporte (K) do ambiente, considerando que 
as condições ambientais não sofram novas alterações significativas, os números 
populacionais atingem a estabilidade. 
 
 
2. Indicações bibliográficas 
 
 BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a 
ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
 ODUM, E. P.; BARRETT, G. W. Fundamentos da Ecologia. São Paulo: Cengage 
Learning, 2008. 
 RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2010. 
 
 
3. Análise das alternativas 
 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Se K for menor do que N, o termo [(K – N)/K] será negativo, ao 
contrário do que afirma a alternativa. Sendo assim, o crescimento populacional 
representado pela equação logística 
K
NK
rN
dt
dN 
 
também será negativo, o 
que implica redução progressiva do número de indivíduos da população. A 
tendência é que, em situações nas quais K < N, o decréscimo populacional ocorra 
de modo a restabelecer o patamar de equilíbrio (crescimento zero). 
 
B – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Analisemos novamente a equação logística de crescimento: 
K
NK
rN
dt
dN 

 
Se K = N, então o termo [(K – N)/K] da equação será igual a zero. Logo, nesse 
caso, o valor total de dN/dt (crescimento instantâneo) também será zero. Dizer 
que o crescimento populacional instantâneo é nulo significa afirmar que não há 
variação do valor de N em função do tempo, ou seja, os números populacionais 
permanecem inalterados com o passar do tempo, não havendo, portanto, 
acréscimos ou decréscimos. Nessa condição, diz-se que a população encontra-se 
em equilíbrio. 
 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Se K permanece maior do que N, então o termo [(K – N)/K] da 
equação logística terá valor positivo. Logo, o valor total de dN/dt também será 
positivo, o que equivale a dizer que a variação do número de indivíduos (N) em 
função do tempo será positiva, ou seja, a população tende a continuar crescendo, 
ao contrário do que afirma a alternativa. 
 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Na equação logística fornecida pela questão, o valor de K 
corresponde à chamada capacidade de suporte do ambiente. Se observarmos 
atentamente o gráfico, veremos que o valor de K está assinalado no eixo 
correspondente ao “tamanho populacional, N”. Logo, K é um valor qualquer que 
N pode assumir. Mais especificamente, K é o máximo valor de N que o ambiente 
consegue sustentar com seus recursos. 
 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. De fato, o termo [(K – N)/K] da equação logística representa o 
efeito da densidade sobre o crescimento populacional. Quando esse termo 
apresenta sinal positivo, ainda há recursos ambientais suficientes para manter 
uma densidade maior, então a população cresce. Por outro lado, se o termo 
apresenta sinal negativo, isso revela que o número de indivíduos da população 
atingiu uma densidade superior à capacidade que o ambiente tem de sustentá-
los, então a população tem seus números diminuídos. Logo, o referido termo da 
equação prevê as flutuações numéricas populacionais tanto em momentos de 
oferta suficiente de recursos quanto em momentos de restrições ambientais 
(como é o caso do aumento da ocupação de uma área). É importante esclarecer 
que quando se diz “recursos ambientais”, não se pode imaginar apenas a variável 
“área ocupada”. Alimento e água são exemplos de outras variáveis que também 
podem influenciar o crescimento populacional. 
 
QUESTÃO 6 - TOMO 3 (Enade 2008-questão 34) 
 
Lagartosapresentam grande diversidade de padrões de atividade, desde espécies 
extremamente sedentárias, que passam horas em determinado local, até 
espécies que estão quase em constante movimento. Esses padrões estão 
associados a estratégias de forrageamento identificadas como caçadores de 
senta-e-espera e forrageadores ativos. Os lagartos caçadores de senta-e-espera 
normalmente passam a maior parte do tempo parados, observando uma área 
relativamente ampla e, ao perceberem uma presa potencial, realizam um ataque 
rápido; frequentemente, apresentam corpo robusto, cauda curta e coloração 
críptica, que favorece sua camuflagem no ambiente. Os lagartos forrageadores 
ativos movem-se na superfície do substrato, introduzindo o focinho sob folhas 
caídas e fendas do solo; têm corpo mais delgado, com cauda longa e padrões de 
listras que podem produzir ilusões de ótica, quando se movimentam. 
POUGH et al. A vida dos vertebrados. 
São Paulo: Atheneu, 1999 (com 
adaptações). 
 
Em relação ao texto acima, assinale a opção que apresenta a correlação correta 
entre modo de forrageio e características morfofisiológicas de lagartos. 
A. Caçadores de senta-e-espera orientam-se mais por estímulos visuais, têm 
coração proporcionalmente menor e menos hemácias no sangue e são capazes 
de alcançar maiores velocidades que forrageadores ativos. 
B. Forrageadores ativos movimentam-se lentamente, têm coração 
proporcionalmente menor e menos hemácias no sangue e dependem mais do 
metabolismo anaeróbico para sustentar seu forrageio. 
C. Forrageadores ativos orientam-se mais por estímulos visuais, têm coração 
proporcionalmente maior e mais hemácias no sangue e são capazes de alcançar 
maiores velocidades que caçadores de senta-e-espera. 
D. Caçadores de senta-e-espera realizam movimentos curtos e rápidos, têm 
coração proporcionalmente maior e mais hemácias no sangue e dependem mais 
do metabolismo anaeróbico para sustentar seu forrageio. 
E. Forrageadores ativos e caçadores de senta-e-espera orientam-se por 
estímulos químicos, têm coração de tamanho mediano e sangue com poucas 
hemácias e obtêm o ATP necessário para sua termorregulacão no ambiente físico 
ao seu redor. 
 
1. Introdução teórica 
 
Comportamento de forrageio e biologia de lagartos 
 
Muitos aspectos da biologia dos lagartos parecem ser definidos por 
características ecológicas, morfológicas, fisiológicas e comportamentais 
associadas aos modos de forrageio desses animais. Sendo assim, espécies de 
lagartos consideradas forrageadoras ativas e aquelas consideradas caçadoras de 
senta-e-espera alimentam-se de diferentes tipos de presas e são caçadas por 
diferentes tipos de predadores. Comparações entre lagartos que apresentam 
essas duas modalidades de forrageio são descritas no quadro 1. 
 
Quadro 1. Comparação entre características ecológicas, morfológicas, fisiológicas e comportamentais entre 
lagartos que apresentam duas modalidades de forrageamento: senta-e-espera e forrageamento ativo. 
(Fonte: Pough et al., 2008). 
 
Característica Senta-e-espera Forrageador ativo 
Comportamento de 
forrageio 
Dados comparativos 
 Movimentos/hora 
 Velocidade de movimento 
 Modalidades sensoriais 
 Comportamento exploratório 
 Tipos de presas 
 Poucos 
 Baixa 
 Visão 
 Baixo 
 Móveis, grandes 
 Muitos 
 Alta 
 Visão e olfato 
 Alto 
 Sedentárias, geralmente 
pequenas 
Predadores Dados comparativos 
 Risco de predação 
 Tipos de predadores 
 Baixo 
 Forrageadores ativos 
 Mais alto 
 Forrageadores ativos e de 
senta-e-espera 
Forma do corpo Dados comparativos 
 Tronco 
 Cauda 
 Atarracado 
 Frequentemente curta 
 Alongado 
 Frequentemente longa 
Características fisiológicas Dados comparativos 
 Resistência 
 Velocidade de corrida 
 Capacidade metabólica 
aeróbica 
 Capacidade metabólica 
anaeróbica 
 Massa cardíaca 
 Hematócrito 
 Limitada 
 Alta 
 Baixa 
 
 Alta 
 
 Pequena 
 Baixo 
 Alta 
 Intermediária e baixa 
 Alta 
 
 Baixa 
 
 Grande 
 Alto 
Energética Dados comparativos 
 Gasto diário de energia 
 Obtenção diária de energia 
 Baixo 
 Baixa 
 Mais alto 
 Mais alta 
Comportamento social Dados comparativos 
 Tamanho da área domiciliar  Pequeno  Grande 
 Sistema social  Territorial  Não territorial 
Reprodução Dados comparativos 
 Massa da ninhada (ovos ou 
embriões) em relação à 
massa do adulto 
 
 Alta 
 
 Baixa 
 
 As generalizações presentes no quadro 1, no entanto, devem ser 
consideradas com cautela, pois a maioria das espécies de lagartos que caçam de 
senta-e-espera pertence à subordem Iguania e a maioria das espécies 
forrageadoras pertence à subordem Scleroglossa. Portanto, as diferenças 
ecológicas, morfológicas, fisiológicas e comportamentais existentes entre os 
lagartos podem refletir mais os aspectos filogenéticos de ancestralidade do que 
propriamente adaptações independentemente associadas aos diferentes modos 
de vida. 
 
2. Indicações bibliográficas 
 
 MOYES, C. D.; SCHULTE, P. M. Princípios de Fisiologia Animal. 2. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2010. 
 POUGH, F. H.; JANIS, C. M.; HEISER, J. B. A vida dos vertebrados. 4. ed. São 
Paulo: Atheneu Editora, 2008. 
 RANDALL, D.; BURGGREN, W.; FRENCH, K. Eckert – Fisiologia Animal 
Mecanismos e Adaptações. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 
 SCHMIDT-NIELSEN, K. Fisiologia Animal – Adaptação e Meio Ambiente. 5 ed. 
São Paulo: Santos, 2002. 
 
3. Análise da questão 
 
Para facilitar a análise da questão, considere as associações descritas a seguir 
entre comportamento de forrageio e características fisiológicas dos lagartos 
considerados: 
 
Os lagartos que caçam de senta-e-espera permanecem imóveis em um local fixo, 
de onde podem explorar visualmente uma grande área. O fato de permanecerem 
imóveis facilita a detecção visual de insetos (besouros e gafanhotos) que se 
movem ao seu redor, os quais são capturados em ataques rápidos. Por outro 
lado, os forrageadores ativos movimentam-se constantemente pelo substrato e, 
portanto, são mais beneficiados pela resistência que pela velocidade. Essa maior 
resistência dos lagartos forrageadores ativos é favorecida pela alta capacidade 
metabólica aeróbica. Vale lembrar que o exercício aeróbico pode continuar por 
longos períodos, desde que continuamente abastecido por oxigênio e glicose. A 
continuidade desse abastecimento é garantida por uma maior massa cardíaca, 
que garante o bombeamento constante de sangue aos tecidos, e por mais 
hemácias transportando oxigênio no sangue. No caso dos lagartos que caçam de 
senta-e-espera, seus movimentos curtos e rápidos executados na captura de suas 
presas são facilitados pelo metabolismo anaeróbico, que se utiliza do glicogênio 
armazenado nos músculos como substrato metabólico para a rápida síntese de 
ATP. No entanto, as reservas de glicogênio se esgotam rapidamente, o que leva 
esses animais facilmente à exaustão se forçados a correr continuamente. Essa 
grande dependência do metabolismo anaeróbio dispensa um contínuo aporte de 
oxigênio e glicose aos tecidos, o que justifica a menor massa cardíaca e o baixo 
hematócrito apresentado pelos lagartos que caçam de senta-e-espera. 
 
Alternativa correta: A (os caçadores de senta-e-espera orientam-se por estímulos 
visuais, têm coração menor, menos hemácias no sangue e são mais rápidos que 
os forrageadores ativos). 
 
QUESTÃO 4 - TOMO 2 (Enade 2005-questão 10) 
 
Um pesquisador observou que os euglenídios apresentam plastídios 
(cloroplastos)que contêm uma molécula de DNA, clorofilas a e b e três 
membranas envolvendo-os. Com base nesse achado e sabendo que os plastídios 
das algas verdes possuem clorofilas a e b e duas membranas, o pesquisador 
formulou a hipótese de que os plastídios dos euglenídios se originaram por um 
evento de endossimbiose 
A. primária, devido à presença de três membranas envolvendo-os. 
B. secundária, devido à presença de três membranas envolvendo-os. 
C. primária, pois todos os plastídios clorofilados possuem uma molécula de DNA 
e clorofilas a e b. 
D. secundária, pois todos os plastídios clorofilados possuem uma molécula de 
DNA e clorofilas a e b. 
E. primária, pois o ancestral dos euglenídios é uma alga verde com plastídios 
de membrana dupla. 
 
1. Introdução teórica 
 
Endossimbiose e a origem dos cloroplastos 
 
Mitocôndrias e cloroplastos são organelas eucariontes cujas 
particularidades as tornam morfológica e funcionalmente mais complexas do que 
as demais. Além de possuírem um sistema de membranas bastante desenvolvido, 
essas organelas apresentam DNA e ribossomos próprios, o que as permite 
sintetizar boa parte de suas próprias proteínas. Essa relativa independência, 
aliada a semelhanças genéticas compartilhadas com bactérias, levou à 
elaboração da hipótese endossimbionte, ou teoria da endossimbiose, que postula 
uma possível origem evolutiva de mitocôndrias e cloroplastos a partir da 
endossimbiose entre células procariontes e eucariontes primitivas. 
De acordo com essa teoria, as primeiras células eucariontes eram 
organismos anaeróbios desprovidos de cloroplastos ou mitocôndrias e esses 
organismos, por endocitose, em algum momento teriam englobado bactérias 
caracterizadas por apresentarem vias metabólicas de fosforilação oxidativa. 
Dessa forma, foram criadas condições para o estabelecimento de uma relação 
simbiótica, na qual as células eucariontes garantiam proteção às bactérias 
englobadas e essas, em troca, forneciam compostos energéticos oriundos de seu 
metabolismo oxidativo. Segundo a teoria, tais bactérias endossimbiontes 
corresponderiam à forma mais primitiva de mitocôndrias e essa associação 
simbiótica teria se estabelecido como um processo vantajoso no período da 
história geológica em que a concentração atmosférica de oxigênio começava a 
se tornar elevada (aproximadamente há 1,5 bilhões de anos). Desse modo, a 
respiração aeróbica passou a ser um eficiente processo de obtenção de energia 
por parte dos eucariontes primitivos. 
Em algum momento posterior à ocorrência do fenômeno endossimbionte 
que originou as mitocôndrias, deve ter ocorrido um segundo evento de 
endocitose. Porém, as células bacterianas englobadas, nesse caso, eram capazes 
de realizar fotossíntese. A endossimbiose resultante dessa associação explica, 
portanto, o surgimento dos cloroplastos, outra importante organela eucarionte 
presente em células de algas e plantas terrestres atuais. Apesar de os 
cloroplastos estarem presentes nas células dos mais diversos organismos 
fotossintetizantes atuais, existem diferenças significativas quanto à composição 
de pigmentos fotossintéticos presentes em cloroplastos pertencentes a grupos 
distintos desses organismos. Também existem diferenças quanto ao número de 
membranas envoltórias dos cloroplastos entre os organismos fotossintetizantes. 
Essas observações sugerem a ocorrência de diferentes eventos endossimbióticos 
ao longo da história evolutiva desses grupos de organismos, cuja descrição 
resumida é apresentada a seguir. 
 Endossimbiose primária: fenômeno de endossimbiose resultante da 
endocitose de cianobactérias por parte de organismos unicelulares eucariontes 
primitivos. Acredita-se que esse seja o evento ancestral comum a todos os tipos 
de cloroplastos atuais e, no caso das algas verdes e vermelhas, o único evento 
endossimbiôntico. Os cloroplastos dessas algas apresentam apenas duas 
membranas envoltórias, que correspondem às membranas interna e externa da 
cianobactéria engolfada no passado (figura 1A). O mesmo pode ser dito para o 
cloroplasto das plantas terrestres, uma vez que elas evoluíram a partir de algas 
verdes ancestrais. 
 Endossimbiose secundária: nesse tipo de evento, uma célula eucarionte 
primitiva teria englobado, por endocitose, uma alga verde unicelular, que já 
continha cloroplasto em seu interior. Uma vez estabelecida a associação, o 
cloroplasto resultante apresentaria três membranas envoltórias: duas já 
existentes antes da endocitose mais uma terceira membrana derivada da própria 
membrana plasmática da célula que englobou, por endocitose, a alga verde. A 
membrana plasmática da célula engolfada é perdida, mas ainda restam vestígios 
do núcleo dessa célula no interior do cloroplasto assim formado (figura 1B). Esse 
tipo de cloroplasto com três membranas envoltórias é encontrado em 
microrganismos fotossintetizantes, tais como os euglenídios, os quais 
apresentam os mesmos pigmentos fotossintéticos encontrados nos cloroplastos 
das algas verdes e plantas terrestres atuais. 
 
Figura 1. Esquemas dos eventos de endossimbiose primária (A) e endossimbiose secundária (B). Adaptado 
a partir de SADAVA e cols. Vida: a ciência da biologia. 8. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 
 
 
 
 
 Endossimbiose terciária: corresponde à endossimbiose resultante da 
endocitose de uma célula que apresentava cloroplasto originado por 
endossimbiose secundária. Algumas espécies de dinoflagelados apresentam esse 
tipo de associação, resultante da incorporação de haptófitas. 
Os fenômenos descritos revelam os diferentes graus de complexidade da 
associação entre organismos e a importância que esses eventos celulares tiveram 
durante o processo de diversificação da vida em nosso planeta. 
 
2. Indicações bibliográficas 
 
 ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J. Biologia molecular da célula. 5 ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2009. 
 COOPER, G. M.; HAUSMAN, R. E. A célula: uma abordagem molecular. 3. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2007. 
 SADAVA, S.; HELLER, H.C.; ORIANS, G. H.; PURVES, W. K.; HILLIS, D. M. 
Vida: A Ciência da Biologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 
 
3. Análise das alternativas 
 
A - Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Se o evento de endossimbiose que originou os cloroplastos dos 
euglenídios fosse primário, seus cloroplastos deveriam conter duas membranas 
externas, e não três. Essas duas membranas externas de cloroplastos originados 
por endossimbiose primária são derivadas da cianobactéria englobada por 
endocitose pelo eucarionte ancestral. 
 
B - Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O ancestral eucarionte dos euglenídios deve ter englobado, por 
endocitose, a célula de uma alga verde, o que resultou em uma endossimbiose 
que explica a origem do cloroplasto constituído por três membranas envoltórias: 
duas membranas já existentes no cloroplasto da alga verde (que, por sua vez, 
foi originado por endossimbiose primária) mais uma membrana derivada da 
membrana plasmática desse ancestral eucarionte, incorporada durante a 
endocitose. 
C e D - Alternativas incorretas. 
JUSTIFICATIVA. De acordo com as informações fornecidas no enunciado da 
questão, a característica do cloroplasto dos euglenídios que permite inferir o tipo 
de endossimbiose é o número de membranas envoltórias. A presença de DNA e 
de clorofilas a e b nesses cloroplastos apenas revela que houve, no passado, a 
associação entre cianobactérias clorofiladas e células eucariontes primitivas, mas 
não é informação suficiente para deduzir se a endossimbiose que originou 
especificamente os cloroplastos dos euglenídios é primária, secundária ou 
terciária. 
 
E - Alternativa incorreta.JUSTIFICATIVA. Há dois erros na afirmação. Em primeiro lugar, a endossimbiose 
descrita no enunciado é secundária, pelos motivos já expostos na introdução 
teórica e na justificativa da alternativa B. Em segundo lugar, a alga verde com 
plastídios de membrana dupla deu origem, por endossimbiose, ao plastídio dos 
euglenídeos, e não aos euglenídeos propriamente ditos. O ancestral dos 
euglenídeos foi um organismo eucarionte primitivo que, em determinado 
momento, englobou, por endocitose, a referida alga verde. 
 
QUESTÃO 6 - TOMO 1 (Enade 2008-questão 17) 
 
Em 1985, foram contabilizados 8.959 registros de leishmaniose visceral desde os 
primeiros casos identificados por Henrique Penna em 1932. No entanto, esse 
quadro se agravou. O Ministério da Saúde registrou, no período compreendido 
entre 1990 e 2007, 53.480 casos e 1.750 mortes. A leishmaniose visceral está 
mais agressiva. Matava três de cada cem pessoas que a contraíam em 2000. Hoje 
mata sete. Além disso, foi considerada por muito tempo um problema 
exclusivamente silvestre ou restrito às áreas rurais do Brasil. Não é mais. Nas 
últimas três décadas, desde que as autoridades da saúde começaram a identificar 
casos contraídos nas cidades, a leishmaniose visceral urbanizou-se e se espalhou 
por quase todo o território nacional. A chegada do mosquito-palha às cidades foi 
acompanhada de um complicador. Com a sombra e a terra fresca dos quintais, o 
inseto encontrou uma formidável fonte de sangue que as pessoas gostam de 
manter ao seu lado: o cão, que contrai a infecção facilmente e se torna tão 
debilitado quanto seus donos. 
Uma doença anunciada. In: Pesquisa FAPESP, no 
151, set./2008 (com adaptações). 
 
A prefeitura de um município composto por uma cidade de médio porte, zona 
rural e áreas de mata nativa, solicitou a um biólogo que elaborasse um plano de 
ação para evitar o avanço da leishmaniose visceral em sua região. O plano 
elaborado sugeria várias ações. 
Considerando o texto e a situação hipotética acima apresentados, seria 
inadequada a ação que propusesse 
A. adotar medidas de proteção contra as picadas do mosquito para 
trabalhadores que adentrem áreas de floresta próxima da cidade. 
B. controlar a população de cães domésticos, incluindo a eutanásia de animais 
infectados em áreas com alta incidência de casos. 
C. implementar sistema de coleta e tratamento de esgotos nas áreas em que 
houvesse alta incidência de casos. 
D. controlar o desmatamento em áreas naturais próximas da área urbana da 
cidade em questão. 
E. promover medidas educativas da população, principalmente em relação aos 
hábitos do mosquito transmissor. 
 
1. Introdução teórica 
 
Leishmaniose visceral: crescimento do número de casos e propostas de 
controle epidemiológico 
 
 A leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, é uma doença 
crônica potencialmente fatal causada por espécies de protozoários flagelados do 
gênero Leishmania, pertencentes ao complexo Leishmania (Leishmania) 
donovani, da família Trypanosomatidae. No Brasil, o agente etiológico da doença 
pertence à espécie Leishmania chagasi. 
 Esses protozoários são transmitidos ao ser humano e a outros animais por 
intermédio de insetos dípteros conhecidos como flebotomíneos, assim chamados 
por pertencerem à subfamília Phlebotominae (Família Psychodidae). A espécie 
vetora da leishmaniose é Lutzomyia longipalpis. No Brasil, os flebotomíneos 
recebem diversas denominações populares, que variam de acordo com a região: 
mosquito-palha, birigui, tatuquira e asa branca, dentre outros. Esses insetos 
alimentam-se de seiva vegetal e de outros alimentos açucarados. No entanto, as 
fêmeas precisam incluir sangue em sua dieta para que ocorra a maturação de 
seus ovos. 
 Os flebotomíneos costumam viver em ambientes protegidos, tais como 
buracos no solo, ocos de árvore e grutas de animais. Também são encontrados 
junto ao convívio humano, escondendo-se em abrigos de animais domésticos. 
Costumam ser mais ativos ao final da tarde, período do dia em que as fêmeas 
procuram sua fonte de sangue em animais silvestres, como raposas e gambás, 
ou domésticos, como o cão e o cavalo. Esses animais também são vítimas da 
leishmaniose e, por apresentarem um importante papel na manutenção dos 
protozoários do gênero Leishmania, recebem a denominação de reservatórios. 
Em ambientes urbanizados, os cães são os principais reservatórios do parasita, 
embora não sejam os únicos. 
 O ciclo de vida dos parasitas causadores da leishmaniose envolve, 
portanto, um hospedeiro invertebrado e um vertebrado. Duas formas de vida já 
foram descritas para esses protozoários, uma delas predominante no organismo 
do inseto e a outra, nos hospedeiros vertebrados. Tais formas de vida são 
denominadas promastigota e amastigota. A alternância entre amastigotas e 
promastigotas nos hospedeiros desse protozoário está representada na figura 1. 
 
 
Figura 1. Esquema do ciclo de vida de Leishmania, mostrando os estágios do protozoário no inseto 
flebotomíneo e no ser humano. Disponível em <www.niaid.nih.gov> (com adaptações). Acesso em 15 fev. 
2011. 
 
A leishmaniose visceral afeta importantes órgãos internos, principalmente 
o fígado, o baço, os gânglios linfáticos e a medula óssea, que se tornam 
hipertrofiados. É uma doença grave cujo índice de letalidade na espécie humana 
gira em torno de 10% quando não tratada adequadamente. 
 
2. Indicações bibliográficas 
 
 AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS. Glossário de doenças: Leishmaniose. 
Disponível em <http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm? 
infoid=353&sid=6>. Acesso em 19 out. 2010. 
 AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS. Glossário de doenças: os insetos 
transmissores das leishmanioses. Disponível em 
<http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=354&sid=6>. 
Acesso em 19 out. 2010. 
 AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS. Glossário de doenças: epidemiologia das 
leishmanioses. Disponível em 
<http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=355&sid=6>. 
Acesso em 19 out. 2010. 
 GONTIJO, C. M. F.; MELO, M. N. Leishmaniose visceral no Brasil: quadro 
atual, desafios e perspectivas. Rev. bras. epidemiol., v. 7, n. 3, pp. 338-
349, 2004. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v7n3/11.pdf>. 
Acesso em 19 out. 2010. 
 NEVES, D. P. Parasitologia humana. 11. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2005. 
 REY, L. Parasitologia: parasitos e doenças parasitárias. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2008. 
 
3. Análise das alternativas 
 
A – A alternativa propõe uma medida adequada. 
JUSTIFICATIVA. A leishmaniose visceral é transmitida pelo mosquito-palha, que 
tem preferência por viver em locais úmidos, com pouca luminosidade e pouca 
movimentação de ar. Apesar de serem insetos cujas atividades ocorrem no 
crepúsculo, em algumas situações específicas podem ser ativos nas horas claras 
do dia, como observado em locais de extensa cobertura vegetal. Sendo assim, é 
recomendável às pessoas que adentram esses ambientes florestais que façam 
uso de repelentes ou adotem outras medidas de proteção contra as picadas do 
mosquito-palha. 
 
B – A alternativa propõe uma medida adequada. 
JUSTIFICATIVA. Considerando que os cães são os principais reservatórios da 
Leishmania em regiões urbanizadas, faz sentido implementar medidas que 
tenham por objetivo controlar a população desses animais. O grande número de 
cães em uma área com alta incidência de casos de leishmaniose certamente 
contribuirá para dificultar o controle da doença. Embora seja uma prática que 
não encontra apoio unânime entre os epidemiologistas, a eutanásia dos cães 
infectados tem sido indicada como meio de

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