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67 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Unidade II 5 BIOMAS 5.1 Biomas mundiais Os biogeógrafos reconhecem diferenças consideráveis entre os grandes agrupamentos de comunidades, principalmente na flora e fauna das diversas partes do mundo. A cada uma dessas partes denominamos biomas, e cada um deles possui características próprias que determinam a dispersão das espécies ao longo do globo. Segundo Begon, Harper e Townsend (1996), o número de biomas distinguíveis é uma questão de ponto de vista. Eles certamente exibem transição de um para outro, e limites bem definidos são mais uma conveniência para os cartógrafos de que uma realidade para a natureza. Veja a figura a seguir: Figura 23 – Distribuição mundial dos maiores biomas de vegetação A figura exibe generalizações que, em se tratando de biomas brasileiros, merecem algumas especificações: • Os campos temperados do mapa estendem‑se até o Brasil central, o que é uma imprecisão, pois diferentes fatores geomorfológicos e climáticos condicionam a existência de tipos de campos (estepes), como os da campanha do sudoeste gaúcho e os de altitude nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. 68 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II • A floresta pluvial tropical costeira (Floresta Atlântica ou Floresta Ombrófila Densa, conforme denominação oficial brasileira) ocupa uma faixa da região Nordeste até o Rio Grande do Sul. Esse tipo de floresta apresenta diferenças (florísticas e faunísticas) ao longo dessa extensa faixa de distribuição, além de ser bastante distinta da Floresta Amazônica (identificada no mapa pela mesma cor e denominação). • Na área representada por savana tropical, campo e vegetação arbustiva devem ser distinguidos, principalmente o cerrado e a caatinga nordestina. • A área de floresta estacional tropical reúne parte da caatinga nordestina e as florestas estacionais tropicais e subtropicais, que são bem distintas sob vários aspectos. Independentemente da classificação adotada, é necessário compreender as características de cada um deles, uma vez que elas interferem no desenvolvimento das comunidades que neles habitam, além de justificar o porquê de outras espécies não conseguirem se fixar neles. É uma questão de seleção natural diferencial sobre os organismos do ponto de vista evolutivo. 5.1.1 Tundra Ocorre ao redor do Círculo Polar Ártico, além do limite das árvores. Também pode ser encontrada em ilhas subantárticas do hemisfério Sul. Apresenta condições similares em altitudes elevadas, sendo chamada de tundra alpina. Figura 24 – Paisagem da tundra O ambiente tem como características a presença do permafrost – água congelada no solo permanentemente – enquanto a água líquida está presente em períodos muito curtos ao longo do ano. A flora é típica e dominada por líquens (associações de fungos e algas), musgos, ciperáceas (monocotiledôneas) e árvores anãs. 69 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Os insetos apresentam atividades sazonais bem definidas, e a fauna nativa é enriquecida por aves e mamíferos durante o verão por conta de espécies migratórias de latitudes mais quentes, uma vez que os animais dessa área são escassos em virtude de a oferta de alimento ser pequena. Nas áreas mais frias, gramíneas e ciperáceas desaparecem, deixando o permafrost sem qualquer planta com raiz presente. A vegetação é então substituída pelo deserto polar. Figura 25 – Tundra Figura 26 – Tundra no verão 70 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II 5.1.2 Taiga Bioma que ocupa amplo cinturão ao longo da América do Norte e Eurásia, é também conhecida como floresta setentrional de coníferas, ou simplesmente floresta de coníferas. Figura 27 – Taiga A água em seu estado líquido não fica disponível por grande período do inverno, e as plantas e animais têm marcada dormência (hibernação), sendo o metabolismo bastante reduzido como forma de manter somente as funções vegetativas do organismo, que se nutre a partir de reservas adquiridas no período quente, quando o alimento é farto. Figura 28 – Floresta de coníferas durante o inverno 71 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Em geral, a flora é bastante limitada, com predominância de pinheiros (espécies de Pinus) e algumas árvores decíduas (cauducifóflias), como álamos (Populus) e bétulas (Betula). Porém, ao norte do bioma, prevalecem as árvores do gênero Picea, conhecidas como espruce, que cobrem imensas áreas. Nas regiões mais ao norte também se observa o permafrost, que cria uma restrição ambiental às florestas de espruce, gerando épocas de seca quando o sol não é muito presente. A fauna local compõe‑se basicamente de mamíferos com portes variados, como alces, ursos, lobos, visons, martas e esquilos, além de algumas aves, animais endotérmicos adaptados ao ambiente frio. Figura 29 – Animal típico da taiga Figura 30 – Aviso colocado em área de visitação de floresta de conífera 72 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II 5.1.3 Florestas temperadas Estendem‑se desde as florestas mistas de coníferas e latifoliadas de grande porte da América do Norte e norte da Europa Central até as florestas úmidas de árvores perenifólias latifoliadas, encontradas nos limites de baixa latitude do bioma. Figura 31 – Visão aérea de uma floresta temperada. Nota‑se a coloração típica das folhas antes da abscisão As árvores decíduas, que são dominantes nesse bioma, perdem suas folhas no outono e inverno devido ao suprimento de água líquida ser pequeno, à evaporação potencial superar a precipitação e à disponibilidade de água no solo, fora as interações hormonais no próprio vegetal para ocorrência de tal fenômeno. Sendo assim, essas plantas tornam‑se dormentes durante esse período, retomando suas atividades metabólicas normais quando o meio ambiente se tornar favorável novamente, ou seja, na primavera e no verão. Figura 32 – Floresta temperada no início do outono 73 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Figura 33 – Floresta decídua ao final do inverno No chão da floresta ocorrem ervas perenes, em particular aquelas que crescem com rapidez na primavera. Também nota‑se aproximadamente 20% da biomassa vegetal em forma de serapilheira (material vegetal caído no solo) devido ao lento processo de reciclagem da matéria por circunstâncias ambientais. Os animais têm, em muitos casos, comportamento migratório, buscando ambientes mais favoráveis durante o inverno e retornando na primavera, especialmente as aves. 5.1.4 Campos Bioma que ocupa as regiões tropicais e temperadas mais secas. Possui muitos nomes, de acordo com cada região onde aparece: estepes (Ásia), pradarias (América do Norte), pampas (América do Sul), veldt (África). Campo tropical ou savana é o nome dado à vegetação que varia desde um campo herbáceo até uma matriz campestre com árvores esparsas. Quase todos os campos estão submetidos à seca periódica, contudo, o papel do clima na determinação da vegetação fica em segundo plano, pois as plantas dessas regiões devem ter a capacidade de se recuperar rapidamente da desfoliação constantecausada pelos animais que delas se alimentam. Há herbívoros de grande porte que, por vezes, sofrem com a falta de alimento durante as secas, mas também são comuns carnívoros em grande quantidade e invertebrados em abundância, formando um bioma bastante diversificado. Em muitos locais, os campos naturais têm sido substituídos por campos artificiais de plantações como arroz, milho, cevada, trigo, aveia e centeio. Os animais também são substituídos: em vez de elefantes, leões, zebras, gnus, entre outros, vemos bois, ovelhas e cabras. De todos os biomas terrestres, este é o mais cobiçado, transformado e usado pelo homem. 74 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II Figura 34 – Savana africana 5.1.5 Desertos Regiões de pouca umidade, que experimentam escassez de água e nas quais a precipitação em geral é menor do que 250 mm por ano. Abrangem uma gama muito grande de temperaturas, desde desertos quentes, como o do Saara, até muito frios, como o de Gobi, na Mongólia. Nos seus extremos, quente ou frio, são áridos demais para manter qualquer tipo de vegetação. Figura 35 – Paisagem desértica Quando apresentam vegetação, ela é predominantemente rala e espaçada (gramíneas, cactos e pequenos arbustos). 75 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Figura 36 – Planta típica de ambiente desértico Figura 37 – Detalhe de uma cactácea, planta de ambientes desérticos. Note a presença dos espinhos, que são folhas modificadas para evitar a perda de água e para proteção A relativa pobreza de vida animal reflete a produtividade baixa da vegetação e a indigestibilidade de parte dela. Sua fauna é composta por roedores, répteis (serpentes e lagartos), insetos e aracnídeos. Os seres vivos do deserto têm marcada adaptação à falta de água. Grande parte dos animais do deserto apresentam hábitos noturnos, pois à noite a temperatura é mais amena para incursões em busca de comida. 76 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II Figura 38 – Animal desértico 5.1.6 Floresta pluvial tropical Este tipo de bioma terrestre é o que oferece maior produtividade no planeta, uma combinação da alta radiação solar recebida durante o ano com as chuvas abundantes, e também aquele com maior diversidade exuberante apresentada. Figura 39 – Floresta tropical pluvial A produtividade é muito mais alta no denso dossel florestal de folhagem perene. Essa floresta é escura no nível do solo, exceto onde ocorrem clareiras, em razão da vasta folhagem das copas que impedem a entrada da luz. Além das árvores, a vegetação é composta por tipos morfológicos distintos que alcançam o dossel de formas variadas, seja por hepifitismo ou por ascensão por meio do crescimento. Nesse ambiente, tanto os animais quanto os vegetais são ativos o ano todo, alterando somente épocas de florescimento e amadurecimento nos vegetais e de acasalamento nos animais. Ele possui 77 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE a maior biodiversidade entre todos biomas terrestres conhecidos. Erwin (1982) estimou que em um hectare de floresta tropical existem 18.000 espécies de besouros, enquanto em todo o território dos Estados Unidos e do Canadá juntos há 24.000. Figura 40 – Exemplo de ave presente nas florestas tropicais Figura 41 – Mamífero de bioma tropical 5.1.7 Bioma aquático Como generalização, costumamos dividir o ambiente aquático em dois biomas distintos: o marinho e o de água doce, embora seja possível distinguir nascentes, rios, açudes, lagos, estuários, zonas costeiras, recifes de coral e oceanos. No ambiente marinho tem‑se o predomínio dos oceanos, que ocupam cerca de 71% da superfície terrestre e alcançam profundidades superiores a 10.000 m. Já os biomas aquáticos de água doce são classificados em lóticos e lênticos. Os lóticos, caracterizados por águas correntes, são os rios e riachos. Os lênticos são caracterizados por água aprisionada, formando os diferentes tipos de lagos. 78 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II Figura 42 Figura 43 – Exemplo de vida marinha No ambiente marinho, notam‑se regiões onde a precipitação excede a evaporação e outras em que ocorre o contrário. Dentro desses corpos d’água, existem movimentos massivos que evitam a formação de grandes diferenças nas concentrações de sal. Os nutrientes minerais encontram‑se diluídos no meio, sendo fonte para o desenvolvimento da biomassa e agindo como um dos fatores limitantes da vida. Outro fator limitante é a luz, que penetra somente até certa profundidade e interfere diretamente na produtividade primária e, assim, na manutenção das cadeias alimentares e da biodiversidade. 79 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Figura 44 Os biomas de água doce ocorrem especialmente na drenagem do continente em direção ao mar, exceto em alguns casos. A composição química dessas águas varia bastante, em razão do tipo de solo pelo qual passam, de sua origem, do aporte de matéria orgânica, entre outros aspectos. Nas bacias de captação de água com taxa de evaporação alta, pode ocorrer o acúmulo de sais a partir da lixiviação terrestre. Também podem ser formados lagos salgados, nos quais a vida é restrita. Figura 45 80 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II Figura 46 – Rio São Francisco, na cidade de Petrolina‑PE 5.2 Biomas brasileiros Os biomas brasileiros abrigam uma porção significativa da biodiversidade mundial, constituindo importantes centros de biodiversidade pela combinação de altos níveis de riqueza e endemismo. No entanto, essa rica biodiversidade vem sendo crescentemente ameaçada por atividades antrópicas, principalmente aquelas ligadas à conversão das paisagens naturais em áreas de produção agropecuária e ocupação imobiliária. Altíssimos níveis de devastação ambiental já colocaram dois biomas brasileiros – a Mata Atlântica e o cerrado – na lista dos hotspots de biodiversidade, que são conjuntos de ecorregiões prioritárias para conservação em nível mundial (MYERS et al., 2000). Para piorar a situação, o conhecimento sobre a real diversidade dos grupos biológicos que compõem a biodiversidade brasileira ainda pode ser considerado bastante incipiente, mesmo para aqueles grupos que tradicionalmente sempre foram considerados bem conhecidos, como é o caso das aves (VALE et al., 2008), o que pode inviabilizar seu uso como fonte confiável de informações para planejamentos sistemáticos e desenvolvimento de políticas de conservação (ALEIXO, 2010). 81 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Floresta latifoliada equatorial (Amazônica) Floresta latifoliada tropical (Mata Atlântica) Mata de Araucária Mata de Cocais Cerrado Campos Caatinga Complexo do Pantanal Vegetação do litorial Formações complexas Formações arbustivas e herbáceas Formações florestais ou arbóreas Figura 47 ‑ Formações vegetais do Brasil 5.2.1 Bioma amazônico O bioma amazônico é definido pela unidade de clima, fisionomia florestal e localização geográfica. Consideradoo bioma com a maior biodiversidade do planeta, esse bioma se localiza ao norte, abrangendo cerca de 50% do território brasileiro, englobando ainda a Bacia Amazônica, rede hidrográfica que detém 20% da água doce do mundo. 82 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II Figura 48 – Vista do Rio Amazonas A maior floresta tropical do planeta existe em território brasileiro, ocupando uma superfície nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima e uma pequena parte dos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Esse bioma possui diversas formações, entre elas, a mata de igapó, a mata de várzea e a mata de terra firme. Figura 49 – Anfíbio da Floresta Amazônica 83 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Figura 50 – Vista do interior de um igarapé Observação O solo amazônico é bastante pobre, contendo apenas uma fina camada de nutrientes. Contudo, a flora e a fauna se mantêm em virtude do estado de equilíbrio (clímax) atingido pelo ecossistema. 5.2.2 Bioma caatinga A caatinga é o bioma típico do clima semiárido do sertão nordestino e apresenta grande variedade na paisagem. É o único bioma de distribuição exclusivamente brasileira, o que significa que grande parte do patrimônio biológico desse ecossistema não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo. Porém, essa posição única entre os biomas brasileiros não foi suficiente para garantir à caatinga o status que merece. É um dos biomas brasileiros mais alterados pelas atividades humanas – mais de 45% de sua área –, sendo ultrapassado apenas pela Mata Atlântica e o cerrado (CAPOBIANCO, 2002; CASTELLETTI et al., 2004). Em um estudo realizado recentemente sobre a vegetação e uso do solo, verificou‑se que a área de cobertura vegetal da caatinga é de 518.635 km2, equivalendo a 62,69% de remanescentes (BRASIL, 2008). Possui a vegetação característica de mata aberta. Ocorre nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Maranhão e Minas Gerais. 84 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II Figura 51 Figura 52 – Animal típico de regiões áridas/semiáridas, como a caatinga 5.2.3 Bioma Pantanal Mato‑Grossense O Pantanal Mato‑Grossense é a maior das extensões de planície inundável contínua da América do Sul. No Brasil, aparece entre os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Caracteriza‑se por uma planície aluvial influenciada por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai, onde se desenvolvem fauna e flora de rara beleza e abundância. É mais um bioma tropical que está fortemente regido pelo ciclo anual das águas, cheias e vazantes da bacia do rio Paraguai. Possui um período longo de inundação devido a um solo pouco permeável e outro período de estiagem, o que influencia na biodiversidade local. 85 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Figura 53 – Réptil característico do Pantanal Figura 54 – Paisagem pantaneira 5.2.4 Bioma Mata Atlântica O bioma Mata Atlântica, que ocupa toda a faixa continental atlântica leste brasileira e se estende para o interior no Sudeste e Sul do país, abrange montanhas, vales, planaltos e planícies de toda a faixa continental atlântica brasileira e avança até o planalto meridional do Rio Grande do Sul. É definido pela vegetação florestal predominante e relevo diversificado. 86 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II Figura 55 – Aspecto do interior da Mata Atlântica Figura 56 – Mata Atlântica Lembrete A Mata Atlântica é um grande centro de espécies endêmicas e suas formações vegetais são extremamente heterogêneas, indo desde campos abertos em regiões montanhosas até florestas chuvosas perenes. 5.2.5 Bioma pampa (pradarias e campos) O pampa, restrito ao Rio Grande do Sul, define‑se por um conjunto de vegetação de campo em relevo de planície. A vegetação predominante dá nome ao cerrado, segundo bioma do Brasil em extensão, que se estende desde o litoral maranhense até o Centro‑Oeste. Segundo maior bioma brasileiro, ocupa praticamente 87 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE 1/4 do território espalhado por diversos estados. É nesse bioma que nascem grandes bacias hidrográficas, como a do Prata e do São Francisco, resultando em grande disponibilidade hídrica e biodiversidade. A formação vegetal é predominantemente de clima tropical quente e subúmido, com épocas de chuva e seca bem definidas. Figura 57 – Vegetação dos pampas Figura 58 – Aspecto dos pampas 88 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II 5.2.6 Bioma cerrado O cerrado é o segundo maior bioma do País. Isso representa cerca de 25% do território nacional. O cerrado é constituído especialmente de árvores não muito altas de savana entre formações de pastagem aberta. Esse bioma é considerado uma das regiões mais férteis para a agricultura e é bom para a expansão do gado, e grandes e pequenos projetos agrícolas podem ser feitos, respeitando os princípios da produção sustentável. O cerrado é como a savana. Duas estações bem definidas caracterizam seu clima: inverno seco e verão chuvoso. Nesse ambiente prosperam muitas espécies de vida selvagem, incluindo espécies ameaçadas de extinção. Esse bioma também dispõe de bacias e planaltos, o que é característico da região central do Brasil. Apenas cerca de 10% das áreas do cerrado são mais elevados do que 900 metros. São espécies regionais com grande potencial tanto para a extração como para o processamento industrial: pequi, baru, mangaba, cagaita, buriti, jatobá, cajui, arnica, mama‑cadela, faveira, gueroba, murici, palmeiras, entre outros. A tabela a seguir demonstra a área dos biomas brasileiros: Tabela 2 – Área dos biomas brasileiros Biomas continentais brasileiros Área aproximada – km2 % área/total do Brasil Amazônia 4.196.943 49,29% Cerrado 2.036.448 23,92% Mata Atlântica 1.110.182 13,04% Caatinga 844.453 9,92% Pampa 176.453 2,07% Pantanal 150.355 1,76% Área total do Brasil 8.514.877 100% Fonte: Brasil (2009). 6 BIOGEOGRAFIA DE AMBIENTES AQUÁTICOS 6.1 Ambientes marinhos Quando comparamos a biogeografia dos ambientes terrestres e dos ambientes aquáticos, principalmente naqueles oceânicos, importantes diferenças precisam ser pontuadas quanto às análises de cada um deles, bem como nosso conhecimento quanto à sua ecologia: primeiro, que o ambiente marinho se mostra muito mais difícil para estudo devido aos seus diferentes ambientes existentes; segundo, pela própria metodologia de estudo que torna a exploração do ambiente marinho mais difícil. Quando se fala dos ambientes terrestres, suas regiões estão relacionadas aos diferentes continentes. Ao imaginarmos cada região como uma relação existente entre topografia e climas sazonais específicos, cada uma das diferentes regiões existentes teria uma variedade considerável de ambientes físicos. Como 89 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE em geral essas regiões terrestres são geograficamente bem delimitadas, tendo como barreiras oceanos,montanhas ou mesmo desertos, a dispersão de organismos fica restrita, o que pode levar à criação de diferentes hábitats devido à complexidade que as plantas podem adquirir nesses ambientes de pouca dispersão. Por fim, esses hábitats diferentes proporcionam uma grande diversidade e facilidade de estudos. Contrariamente, um ambiente aquático, mais precisamente um ambiente oceânico, se mostra muito diferente, pois os oceanos não possuem fronteiras geográficas bem definidas e consequentemente apresentam biotas com pouca distinção entre si. Além disso, por serem maiores que os continentes e também por apresentarem movimentações de água por meio das correntes marítimas (as quais transportam organismos marinhos, contribuindo para a sua dispersão), os ambientes oceânicos não encerram fronteiras rígidas. No entanto, os oceanos contêm um importante fator extra, que é a profundidade, o que não existe em um ambiente terrestre. Condições como temperatura, densidade, pressão, oxigênio e nutrientes fazem dos oceanos gradientes ambientais verticais de acordo com a profundidade. Observação Os biomas aquáticos também incluem os ambientes de água doce, como rios e lagos. A limnologia é a ciência que estuda esses ambientes, abordando características físicas, químicas e biológicas. Devido à continuidade dos ambientes aquáticos e a sua baixa produtividade primária, fato este atribuído à baixa densidade vegetal existente como consequência da dificuldade de luminosidade, as oportunidades para diversificação evolutiva foram e são menores, o que resulta na menor diversidade oceânica descrita quando comparada à terrestre. No entanto, é importante ressaltar novamente que essa eventual diferença se baseia no que foi observado e descrito até o presente momento. Alguns oceanógrafos acreditam que a amostragem atual se mostra muito inferior à possibilidade existente de diversidade nas profundezas do mar, até agora raramente exploradas, que, segundo estimativas, podem conter de 1 a 10 milhões de espécies (GRASSLE; MACIOLEK, 1992). Lembrete Os ambientes de água doce são divididos em: • Lóticos: ambientes de água corrente, como rios. • Lênticos: ambientes de água parada, como pântanos, brejos, lagos e lagoas. 6.2 Estrutura oceânica As bacias oceânicas são o resultado de forças e processos tectônicos. Todas as bacias oceânicas foram formadas a partir de rochas vulcânicas lançadas de fissuras localizadas nas cristas médio‑oceânicas. As 90 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II rochas mais antigas encontradas nessas bacias são de aproximadamente 200 milhões de anos de idade, ou seja, são muito mais jovens do que as mais antigas rochas continentais, que têm idade superior a 4 bilhões de anos. A razão para tamanha discrepância são os processos tectônicos, que destroem antigas rochas oceânicas. Essas rochas oceânicas são devolvidas ao manto da Terra quando a crosta oceânica é subduzida, sendo que muitas dessas zonas de subducção ocorrem nas margens continentais, onde a crosta oceânica se encontra com a crosta continental. O processo de subducção também cria trincheiras profundas no oceano. As bacias oceânicas não são feições de superfícies da Terra. Muito do nosso conhecimento sobre as características topográficas dos oceanos é derivado das seguintes tecnologias: pesquisa sísmica, ecobatímetro, sonar e medição da altura da superfície do mar por satélites. A maioria das informações gerais sobre a profundidade das bacias oceânicas foi feita após a Primeira Guerra Mundial, quando foi desenvolvido para fins militares o ecobatímetro, instrumento que determina com precisão o tempo entre a emissão de um impulso acústico forte e da detecção do eco. Utilizando esse princípio, cientistas podem determinar a distância a partir da sonda para o fundo do oceano. Algumas das características topográficas dominantes associadas às bacias oceânicas incluem: • A plataforma continental, que constitui a parte mais rasa (profundidade média de 130 m) e levemente inclinada da crosta continental, que faz fronteira com os continentes. A medida dessa característica varia de dezenas de metros a uma largura máxima de cerca de 1.300 km. • O talude continental, que se estende desde a plataforma continental a uma profundidade média de cerca de 135 m. A base dessa característica topográfica de forte inclinação (de 1 a 25°, com média de cerca de 4°) ocorre a uma profundidade de aproximadamente 2.000 m, marcação a partir da borda dos continentes. A largura do declive varia de 20 a 100 km. Tanto a plataforma quanto o talude continental são considerados parte estrutural dos continentes, mesmo que eles estejam abaixo da superfície do mar. • A origem continental, que é encontrada na base do talude continental. A profundidade varia de 2.000 a 5.000 m de profundidade. Sua largura é de até 300 km de largura. • O fundo do mar, que se encontra na base da origem continental em água de 4.000 a 6.000 m de profundidade. O fundo do oceano é responsável por quase 30% da superfície da Terra. A composição do fundo do oceano é constituída por uma camada relativamente fina (em média, cinco quilômetros de espessura) de rocha basáltica, com uma densidade média de 3,0 gramas por centímetro cúbico (nos continentes, rochas de granito, com densidade de 2,7 gramas por centímetro cúbico). Numerosos vulcões preenchem o piso das bacias oceânicas: os cientistas estimam que existam cerca de 10 mil vulcões no fundo do oceano. • A dorsal meso‑oceânica, que é normalmente encontrada elevando‑se acima do fundo do oceano, no centro das bacias oceânicas. Essas regiões estão envolvidas na geração de nova crosta oceânica de fissuras vulcânicas. Algumas ilhas vulcânicas são parte do sistema dorsal meso‑oceânica – por exemplo, a Islândia. 91 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE 6.3 Biogeografia marinha Quando tratamos de biogeografia marinha, existe uma divisão básica de acordo com o formato das bacias oceânicas. Temos nesse contexto o reino dos mares rasos, também chamado de nerítico, e o reino dos mares abertos, ou pelágico. A zona nerítica é a parte relativamente superficial do oceano acima da plataforma continental, a cerca de 200 m de profundidade. Do ponto de vista da biologia marinha, essa zona forma um ambiente relativamente estável e bem iluminado para a vida marinha, do plâncton até os grandes peixes e corais, enquanto para a oceanografia física é visto como e onde o sistema oceânico interage com a costa. A zona nerítica é permanentemente coberta de água geralmente bem oxigenada, recebe muita luz solar e tem baixa pressão de água. Além disso, tem níveis de temperatura, pressão, luz e salinidade relativamente estáveis, tornando o ambiente adequado para a vida fotossintética. Em particular, a zona bêntica (região próxima ao assoalho oceânico) na zona nerítica é muito mais estável do que na zona entre marés. Tais características fazem da zona nerítica a região com a maior concentração de vida marinha. Essa maior quantidade de espécies resulta da alta produção primária pela vida fotossintética, como fitoplâncton, sargaço flutuante, zooplâncton e criaturas microscópicas de livre flutuação que variam desde foraminíferos até a pequenos peixes e camarões. Os corais também são encontrados principalmente na zona nerítica, onde eles são mais comuns do que na zona intertidal, pois têm menos mudanças para lidar. Regiões de mares rasos, onde predomina a zona nerítica, se apresentam isoladas de outros mares pelas largas extensões de oceano, o que leva como consequência a ocorrência de evoluções independentes dos organismos e diversos casos de endemismos. Qualquer água em ummar ou lago que não é nem perto do fundo nem perto da costa pode ser considerada zona pelágica. A palavra pelágica é derivada do grego e significa mar aberto. A zona pelágica pode ser considerada em termos de uma coluna ou cilindro imaginário de água que passa a partir da superfície do mar até quase o fundo. Condições diferem conforme a profundidade da coluna de água: a pressão aumenta, a temperatura cai e menos luz penetra. Dependendo da profundidade da coluna de água, assim como a atmosfera da Terra, essa coluna pode ser dividida em diferentes camadas. A zona pelágica ocupa 1.330 milhões de km3, com uma profundidade média de 3,68 km e máxima de 11 km. Os peixes que vivem na zona pelágica são chamados peixes pelágicos. A vida na zona pelágica diminui com o aumento da profundidade. Ela é afetada pela intensidade da luz, pressão, temperatura, salinidade, fornecimento de oxigénio e nutrientes dissolvidos. Em águas profundas, a zona pelágica é às vezes chamada de zona de mar aberto e pode ser contrastada com a água perto da costa ou na plataforma continental, a zona nerítica. A zona pelágica pode ser diferenciada da zona bentônica. A zona bentônica é a região ecológica na parte inferior do mar. Ela inclui a superfície dos sedimentos e algumas camadas do subsolo. Os organismos marinhos que vivem nessa zona, como mariscos e caranguejos, são chamados bentos. Nos organismos pelágicos, é possível se fazer uma divisão auxiliar no que se relaciona à Biogeografia Marinha. Nesse sentido, podemos dividir os organismos em organismos nectônicos (os organismos que 92 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II nadam por vontade própria) ou planctônicos (os organismos que flutuam no ambiente marinho, ou seja, aqueles que estão de acordo com a movimentação do ambiente aquático). Os organismos bênticos dependem das características do assoalho oceânico. Para os pelágicos, não há essa dependência. Leia o texto a seguir: Maré vermelha A floração de algas tóxicas, também conhecida como maré vermelha, representa um sério risco à indústria da dessalinização, cada vez mais importante para regiões áridas. Muitas ilhas e países em regiões áridas, com limitados recursos de água doce, dependem cada vez mais da dessalinização para fornecer água a populações em rápido crescimento e atender às demandas sociais e econômicas que sustentam o desenvolvimento. As evidências atuais mostram que a floração (proliferação) de algas nocivas, ou maré vermelha, ameaça crescentemente a indústria da dessalinização e a segurança da água dessas regiões. Estudar as marés vermelhas nas cercanias de usinas de dessalinização é uma ciência emergente, pois há poucos dados sobre os problemas que as proliferações podem causar. A Comissão Oceanográfica Intergovernamental (IOC‑Unesco) tem sido um motor na definição da agenda de pesquisa internacional sobre marés vermelhas e seus impactos, e agora também estuda como fornecer soluções aplicáveis a usinas de dessalinização aos países do Mar da Arábia e do Golfo Pérsico. A escassez dos recursos hídricos e a necessidade de suprimentos adicionais de água já são críticas em muitas regiões áridas, mas as projeções futuras de impactos das mudanças climáticas adicionam mais estresse à segurança da água. Essas regiões têm muitas vezes limitados recursos hídricos subterrâneos, alguns dos quais ficam mais salobros à medida que a extração dos aquíferos continua. Atualmente, há mais de 14 mil plantas de dessalinização em operação em mais de 150 países, a maioria no Oriente Médio, na América do Norte, na Austrália e no Caribe, exemplificando a crescente confiança nessa tecnologia. A osmose reversa é o método mais comum de dessalinização; a água é bombeada através de uma membrana que limita a passagem dos íons de sódio e de cloro. Mas a maré vermelha constitui um desafio a essa tecnologia. Com uma biomassa suficientemente alta, ela pode entupir filtros e comprometer a integridade das usinas de dessalinização. Além disso, algumas marés vermelhas produzem neurotoxinas que ameaçam a saúde humana. Em 2008‑2009, um surto de Cochlodinium polykrikoides na região do Mar da Arábia e do Golfo Pérsico durou oito meses, restringindo fortemente a capacidade de dessalinização de água na área. A floração de algas é uma enorme ameaça para a segurança do acesso aos recursos e à economia da região. 93 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Pesquisa escassa Há necessidade de mais documentação e pesquisa sobre os impactos da floração de algas sobre as plantas de dessalinização. Apenas medições preliminares de toxinas de algas marinhas, antes e depois da dessalinização, têm sido feitas em usinas de grande escala. As florações de algas nocivas muitas vezes são eventos não reconhecidos, e os operadores de plantas em geral desconhecem a ameaça que as toxinas das algas representam. Há um consenso científico geral de que o número de florações de algas tóxicas, as perdas econômicas resultantes, os tipos de recursos afetados e o número de toxinas e espécies tóxicas reportadas têm aumentado nas últimas décadas. O envolvimento da IOC‑Unesco nas florações de algas e na dessalinização é voltado para o desenvolvimento de sistemas de testes capazes de prever essas proliferações, que podem até fechar usinas. Isso inclui o uso de tecnologia de sensoriamento remoto por satélite para detectar a proliferação de algas nas zonas costeiras e o acoplamento desses dados a modelos numéricos da hidrologia costeira para melhorar a previsão do transporte das florações e de sua aproximação ao continente. A Unesco considera essas florações uma ameaça à economia e à saúde das nações áridas e está comprometida com a capacitação e a cooperação internacional na pesquisa sobre a dessalinização e as proliferações de algas. Principais efeitos da maré vermelha * Produção de neurotoxinas que causam mortalidade em massa de peixes, aves, tartarugas e mamíferos. * Em humanos, doença ou morte causada pelo consumo de frutos do mar contaminados por algas tóxicas. * Lesão mecânica em outros organismos, como ruptura de tecidos das células epiteliais de peixes, causada por asfixia. * Desoxigenação da água (hipoxia ou anoxia) originária da respiração celular e da degradação bacteriana. Fonte: Maré... (2014). 6.4 Biogeografia do mar aberto Os cientistas dividiram o oceano em cinco camadas principais. Conhecidas como zonas, elas estendem‑se desde a superfície até as profundidades mais extremas, onde a luz não pode penetrar. Essas zonas são profundas, e algumas das criaturas mais bizarras e fascinantes do mar podem ser encontradas 94 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II ali. À medida que se mergulha mais profundamente nessas zonas, em grande parte inexploradas, a temperatura cai e a pressão aumenta a uma velocidade espantosa. A seguir, temos a lista de cada uma dessas zonas, em ordem de profundidade: • Zona epipelágica: a camada de superfície do mar é conhecida como a zona epipelágica, estendendo‑se desde a superfície até 200 m de profundidade. É também conhecida como zona de luz solar, porque é ali que a maior parte da luz visível existe. Com a luz, vem o aquecimento, responsável para a ampla gama de temperaturas que ocorrem nela. • Zona mesopelágica: abaixo da zona epipelágica temos a zona mesopelágica, estendendo‑se a partir de 200 até 1.000 m de profundidade. A zona mesopelagica é muitas vezes referida como a zona de crepúsculo, pois a luz que penetra nessa profundidade é extremamente fraca. Nessa zona se começam a ver as luzescintilantes de criaturas bioluminescentes, e uma grande diversidade de peixes estranhos e bizarros pode ser encontrada aqui. • Zona batipelágica: a próxima camada é chamada de zona batipelágica. É por vezes referida como a zona da meia‑noite ou zona escura. Se estendendo de 1.000 até 4.000 m de profundidade, a única luz ali visível é produzida pelos próprios animais. A pressão da água a essa profundidade é imensa, mas, apesar disso, um número surpreendentemente grande de criaturas pode ser encontrado aqui. Alguns tipos de baleias podem mergulhar para baixo a esse nível em busca de alimento. A maioria dos animais que vivem a essas profundidades é de cor preta ou vermelha devido à ausência de luz. • Zona abissopelágica (abissal): a camada seguinte, chamada zona abissopelágica, também é conhecida como zona abissal ou simplesmente como abismo. Seu nome vem de uma palavra grega que significa sem fundo. Ela se estende desde 4.000 até 6.000 m de profundidade. A temperatura da água é próxima de zero, e não há nenhuma luz. Poucas criaturas podem ser encontradas nessas profundidades devido à pressão. Os organismos encontrados são na sua maioria invertebrados, como estrelas‑do‑mar e pequenas lulas. Três quartos do fundo do oceano estão dentro dessa zona. O mais profundo peixe já descoberto foi encontrado na Fossa de Porto Rico, a uma profundidade de 8.372 m. • Zona hadopelágica: além da zona abissal encontra‑se a zona hadopelágica. Essa camada se estende de 6.000 m até as partes mais profundas do oceano. O ponto mais profundo do oceano está localizado na Fossa das Marianas, na costa do Japão, a 10.911 m de profundidade. A pressão é de incrível oito toneladas por polegada quadrada. Isso é aproximadamente o peso de 48 Boeings 747. Apesar da pressão e temperatura, a vida ainda pode ser encontrada nessa região. Invertebrados como estrelas‑do‑mar e vermes tubulares podem prosperar nessas profundidades. A biogeografia dos mares abertos tem grande dependência de um fenômeno importante, que são os padrões de circulação de água nos oceanos. É justamente essa circulação que permite a distribuição e consequentes diferenças nas concentrações de nutrientes, fator que diretamente afeta os padrões de distribuição da vida nos mares. Uma das características mais importantes para a biogeografia marinha é 95 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE a de que as condições não se alteram uniformemente. Ao contrário, existe uma zona na qual ocorre uma brusca mudança nas características, zona esta conhecida como picnoclíneo. O picnoclíneo é o limite ecológico mais importante no oceano e fundamental na definição dos hábitats e, consequentemente, das biotas existentes. Holocausto azul Vítimas do aperfeiçoamento da indústria da pesca no século passado, algumas espécies de baleias podem nunca mais se recuperar da caça desenfreada Quando o escritor Herman Melville publicou Moby Dick, em 1851, baleias ainda eram seres ameaçadores para os homens que as caçavam. Cerca de 20 anos depois do lançamento do livro, duas inovações tecnológicas começaram a reverter o jogo. Os arpões simples foram substituídos por armas explosivas (mais letais). As fábricas de processamento se modernizaram e se disseminaram pelos centros baleeiros. Em 1903, o surgimento dos barcos‑fábrica dinamizou ainda mais o processo. O desenvolvimento tecnológico permitiu lucros exorbitantes para a indústria, mas trouxe danos indeléveis para o meio ambiente. Entre os séculos 18 e 19 demorava‑se 187 anos para matar 300 mil cachalotes; já no século 20, o mesmo número de baleias dessa espécie foi abatido entre 1962 e 1972. O saldo final – levantado por pesquisadores do New Bedford Whaling Museum e do National Marine Mammal Laboratory (EUA) e divulgado em março – é de 2,8 milhões de animais mortos para fins comerciais. Espécies como a baleia‑azul, que teve 90% de sua população dizimada, estão ameaçadas e correm o risco de nunca mais se recuperar. Século sangrento A pesca à baleia atingiu o auge na metade do século 20. Grupos conservacionistas passaram então a pressionar a indústria, que foi obrigada a frear a caça. Hoje é proibido pescar baleias com fins comerciais. Veja a evolução da atividade: 1903 – Telegraf, o primeiro barco‑fábrica, é colocado em operação. 1904 – Criada a primeira fábrica de processamento de baleias do hemisfério Sul, na ilha Geórgia do Sul. 1937 – É firmado o primeiro acordo internacional para regulamentação da caça às baleias, em Londres. Entre 1934 e 1939, mais de 34.000 baleias são mortas por ano. 1939 a 1945 – A atividade baleeira diminui durante a Segunda Guerra Mundial, mas retorna com tudo após o término do conflito. 1960 – 62.129 baleias são mortas no hemisfério Sul num único ano, recorde regional do século. 96 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II 1957 a 1961 – Os anos mais predatórios no hemisfério Sul: 280.133 baleias foram abatidas. 1963 – O cachalote se torna o espécime mais caçado. 1965 – A International Whaling Commission (IWC) embarga temporariamente a matança de jubartes. 1966 – 33.473 baleias são mortas no hemisfério Norte no mesmo ano, recorde regional do século. 1966 a 1970 – Os anos mais predatórios no hemisfério Norte: 153.722 baleias abatidas. 1975 – O Greenpeace lança a campanha “Salve as Baleias”. Movimentos de proteção aos animais exigem medidas mais contundentes contra a atividade baleeira ao longo dos anos 1970. 1982 – A IWC aprova o embargo que proíbe a caça à baleia para fins comerciais. Mesmo assim, alguns países ainda pescam o cetáceo até hoje, como o Japão, a Noruega e a Islândia. Fonte: Gomide (2015). 6.5 Padrões de circulação de águas oceânicas Uma corrente oceânica pode ser definida como um movimento horizontal da água do mar no oceano. As correntes oceânicas são movidas pela circulação dos ventos acima das águas de superfície, interagindo com a evaporação, a profundidade de águas em altas latitudes e a força gerada pela rotação da Terra. A tensão de atrito na interface entre o mar e o vento faz a água se mover na direção do vento. As grandes correntes oceânicas superficiais são uma resposta da atmosfera e do oceano para o fluxo de energia dos trópicos para as regiões polares. Em alguns casos, as correntes são características transientes e afetam apenas uma pequena área. Outras correntes oceânicas são essencialmente permanentes e estendem‑se ao longo de grandes distâncias horizontais. Em uma escala global, grandes correntes oceânicas são forçadas pelas massas continentais encontradas nas fronteiras das três bacias oceânicas. Essas fronteiras continentais fazem com que essas correntes desenvolvam um padrão circular quase fechado, chamado de giro. Cada bacia do oceano tem um grande giro localizado a aproximadamente 30° Norte e um a 30° Sul, nas regiões subtropicais. As correntes nesses giros são acionadas pelo fluxo atmosférico produzido pelos sistemas de alta pressão subtropicais. Giros menores ocorrem no Atlântico Norte e Pacífico centrado em 50° Norte. As correntes nesses sistemas são impelidas pela circulação produzida pelos centros polares de baixa pressão. No hemisfério Sul, esses sistemas giros não se desenvolvem por causa da falta massas de terras limitantes. Um giro típico exibe quatro tipos de correntes unidas: duas correntes alinhadas Leste‑Oeste encontradas, respectivamente, nas extremidades superior e inferior do giro, e duas correntes de contorno orientado Norte‑Sul, fluindo em paralelo às margens continentais. A direção do fluxo dentro dessas correntes é determinada pela direção da circulação do vento em macro escala, interagindo com a força de rotação daTerra. 97 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Quando são abordadas as correntes oceânicas, temos as correntes de superfície dos giros subtropicais. Em ambos os lados do Equador, em todas as bacias oceânicas, existem duas correntes de fluxo oeste: o Norte e o Sul Equatorial. Essas correntes fluem entre 3 e 6 km por dia e geralmente se estendem de 100 a 200 m de profundidade abaixo da superfície do oceano. A Equatorial contracorrente, que flui em direção ao Leste, é um retorno parcial da água levada para Oeste pelas correntes do Norte e do Sul Equatorial. Em anos de El Niño, essa corrente se intensifica no Oceano Pacífico. Fluindo a partir do Equador para latitudes elevadas estão as correntes de contorno oeste. Essas correntes de água quente têm nomes específicos associados à sua localização: Atlântico Norte (Gulfstream), Pacífico Norte (Kuroshio), Atlântico Sul (Brasil), Pacífico Sul (East Australia) e Oceano Índico (Agulhas). Todas essas correntes viajam a velocidades entre 40 e 120 km por dia. Correntes de contorno oeste são as mais profundas dos fluxos de superfície do oceano: geralmente se estendem 1.000 m abaixo da superfície do oceano. Correntes de altas latitudes para o Equador são as correntes de limite oriental. Estas correntes de água fria também têm nomes específicos associados à sua localização: Atlântico Norte (Canary), Pacífico Norte (Califórnia), Atlântico Sul (Benguela), Pacífico Sul (Peru) e Oceano Índico (West Australia). Todas essas correntes são geralmente grandes – viajam a velocidades entre 3 e 7 km por dia. No hemisfério Norte, o Pacífico Norte e a corrente que flui do Atlântico Norte‑Leste movimenta as águas de correntes de contorno oeste para os pontos de partida das correntes de limite oriental. A corrente do Pacífico Sul, a do Sul da Índia e a do Atlântico Sul fazem a mesma função no hemisfério Sul. Essas correntes estão associadas à Corrente Circumpolar Antártica. Devido à ausência de massa de terra nessa zona de latitude, a Corrente Circumpolar Antártica flui de forma contínua ao redor da Antártida e apenas fornece um retorno parcial de água para as três bacias oceânicas do hemisfério Sul. Já as correntes de superfície de giros polares só existem nas bacias do Atlântico e do Pacífico, no hemisfério Norte. Elas são impulsionadas pelos ventos no sentido anti‑horário, associados com o desenvolvimento de centros de baixa pressão permanente a 50° de latitude ao longo das bacias oceânicas. Os oceanos também têm significativas correntes que fluem abaixo da superfície. Correntes subsuperficiais geralmente viajam a uma velocidade muito mais lenta quando comparadas aos fluxos de superfície. As correntes subterrâneas são conduzidas por diferenças na densidade da água do mar. A densidade da água do mar nos oceanos varia devido a variações de temperatura e salinidade. A água do mar perto da superfície começa a sua viagem nas profundezas do oceano no Atlântico Norte. A subsidência dessa água é causada por níveis elevados de evaporação que diminuem e aumentam a salinidade da água do mar à medida que flui em direção aos polos. A subsidência (afundamento) dessa água fria, densa e salina ocorre entre o norte da Europa e Groenlândia e ao norte de Labrador, no Canadá. Essa água do mar, em seguida, move‑se ao sul em profundidade ao longo da costa do norte e América do Sul até atingir a Antártida. Na Antártida, a água do mar fria e densa viaja para o Leste e acaba se ajuntando a outra corrente profunda, que é criada por evaporação e submersão, ocorrendo entre Antártida e o extremo sul da América do Sul. Em sua viagem para o Leste, o fluxo frio profundo divide‑se em duas correntes, uma das quais se move para o Norte. No Pacífico Norte e no Oceano Índico Norte, essas duas correntes são elaboradas a partir do fundo do oceano para a superfície pela ressurgência induzida pelo vento. A água 98 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II aquece na superfície e forma uma corrente que flui na superfície eventualmente, de volta ao ponto de partida no Atlântico Norte, ou na criação de um fluxo superficial que circula em torno da Antártida. Um circuito completo desse fluxo da água do mar é estimado em cerca de 1.000 anos. 6.6 Biomas e províncias oceânicas Biomas e províncias biogeográficas foram desenvolvidos no Instituto de Oceanografia de Bedford, Canaá, por A. R. Longhurst. Oceanos são divididos em províncias biogeográficas com base no papel desempenhado pelas forças físicas que regulam a distribuição de fitoplâncton em todo o mundo. Apesar de esses fatores não serem fixos nem no tempo nem no espaço, mas sim um movimento de acordo com as mudanças sazonais interanuais, um plano de mapa é fornecido para mostrar a forma como os oceanos estão divididos. De acordo com essa divisão, quatro biomas principais destacam‑se: o Bioma Polar, o Bioma dos Ventos do Oeste, o Bioma dos Ventos Alísios e o Bioma da Zona Costeira (LONGHURST, 1998). Esses quatro biomas são reconhecíveis em todas as grandes bacias oceânicas. Em um nível seguinte de redução, as bacias oceânicas são divididas em províncias que fornecem um modelo para análise de dados ou para a atribuição de parâmetros na escala global. Leia o texto: Estudos traçam 1º mapa da vida do mar Censo da Vida Marinha identificou cerca de 230 mil espécies em 25 áreas do oceano, incluindo águas do Brasil Crustáceos, os “insetos” do mar, são um quinto dos seres vivos; pesca predatória e destruição de hábitat ameaçam Um pacotão de pesquisas de acesso livre, divulgadas ontem, sintetiza o esforço de dez anos para tornar a biodiversidade dos oceanos menos misteriosa. O resultado, porém, está mais para uma medida do desconhecimento humano sobre os mares. E isso porque a equipe internacional do Censo da Vida Marinha conseguiu mapear cerca de 230 mil espécies em 25 áreas dos mares. O buraco, contudo, é mais embaixo: entre um quarto e três quartos dos seres vivos marinhos, dependendo da região, ainda precisa ser batizados pela ciência, estimam os pesquisadores. Apesar disso, algumas conclusões já podem ser esboçadas. Em dez artigos na revista científica “PLoS One” (www.plosone.org), a equipe coordenada por Mark Costello, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), mostra, por exemplo, que bichos como focas, baleias e gaivotas são só a ponta do iceberg – 2% da diversidade – da vida marinha. Camarões no comando Os verdadeiros senhores dos mares são camarões, caranguejos e seus parentes menos conhecidos – os crustáceos, equivalentes a um quinto de tudo o que nada, flutua ou rasteja 99 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE por lá. “É o esperado”, afirma Fábio Lang da Silveira, zoólogo da USP e gestor do Obis, banco de dados sobre a localização de espécies do censo, na região do Atlântico Tropical. “Assim como em terra firme os insetos são os mais diversificados, acontece a mesma coisa no oceano com os crustáceos, os quais, tal como os insetos, também são artrópodes”, explica ele. Por enquanto, as áreas consideradas campeãs de biodiversidade são as águas da Austrália e do Japão, ambas com 33 mil espécies. O Brasil tem cerca de 9.000 espécies registradas, um pouco menos que a média. Outra constante, independentemente do oceano visitado: as ameaças. As principais são o excesso de pesca e a destruição de hábitats. Fonte: José Junior (2010). Saiba mais Sobre problemas ambientais nos biomas marinhos causados por ação antropogênica, você pode ler os textos a seguir: MESQUITA, R. V. de. Um oceano de problemas.Revista Planeta, ed. 515, 23 dez. 2015. Disponível em: <http://www.revistaplaneta.com.br/ um‑oceano‑de‑problemas/>. Aceso em: 13 jan. 2016. ___. O rei em perigo. Revista Planeta, ed. 515, 23 dez. 2015. Disponível em: <http://www.revistaplaneta.com.br/o‑rei‑em‑perigo/>. Aceso em: 13 jan. 2016. 6.7 Biogeografia de mares rasos Algumas pessoas assumem que o recife de coral faz parte de um bioma oceânico. Mesmo que os recifes sejam encontrados no oceano, eles são entidades separadas. Um bioma do recife de coral encontra‑se em uma área de água rasa clara dentro do oceano. A temperatura nesse bioma fica geralmente entre 20 e 28 ºC. Biomas de recifes de coral são muito comuns, sendo encontrados principalmente nas áreas tropicais, por exemplo, na costa oriental da África, na costa sul da Índia, na Austrália, no Mar Vermelho, na Flórida, nos Estados Unidos, ao longo do Caribe e ao longo da costa do Brasil. O maior bioma de recife de coral do mundo é encontrado no nordeste da Austrália. Chamado de Grande Barreira de Corais, se estende por 2.000 km. O recife de coral mais diversificado é encontrado em torno da Indonésia. Os recifes de coral apresentam a maior diversidade de espécies de vertebrados por área conhecida, podendo abrigar entre 35 e 60 mil diferentes organismos. Embora ocupe apenas cerca de 1% da área dos oceanos, os recifes comportam cerca de 25% das espécies (KHON, 1997). Especialistas 100 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II acreditam que a latitude dos biomas de recifes de coral, bem como a direção do movimento da água, afeta o que é capaz de viver ali. Águas mornas são necessárias para um bioma de recife de coral existir. É por isso que eles estão em mares rasos. Existem três tipos diferentes de recifes de coral que foram identificados. Primeiramente, os recifes são aqueles encontrados ao longo da costa. Eles estão ao longo das águas rasas da plataforma continental. Existem também os recifes de barreira, que estão mais para regiões de lagoas. Eles realmente criam uma barreira entre o mar e a área da lagoa. Por último, há os atóis de coral, que são anéis de corais. Eles são realmente os restos de vulcões sob a água. O vulcão vai continuar a afundar, e, como resultado, o recife de coral vai continuar a crescer. A biologia dos corais explica sua limitada distribuição pelo planeta. Fatores como quantidade de nutrientes, temperatura e iluminação são importantes para o desenvolvimento e manutenção dos corais. Curiosamente, os corais são encontrados em áreas onde os níveis de nutrientes são baixos, ocasionando uma baixa produtividade primária do fitoplâncton. Os corais parecem crescer nesses ambientes devido à existência de algas zooxantelas que encontram um bom ambiente nutritivo entre os hidrozoários nos quais vivem (COX; MOORE, 2013). A temperatura parece ser outro fator importante, mais até do que a iluminação, visto que alguns corais podem crescer em mares mais profundos, em que a luminosidade é menor, mas que mantém os níveis de temperatura. A análise da distribuição dos corais pelo globo mostra um padrão peculiar. É possível observar que a diversidade de corais está relacionada tanto à latitude quanto à longitude (PAULAY, 1997). Da observação da distribuição dos corais, nota‑se que os corais localizados nos extremos ocidentais dos oceanos apresentam maior biodiversidade do que os extremos orientais. Essa importante diferença pode ser, em parte, explicada pelo padrão das correntes oceânicas. As correntes oceânicas equatoriais, as quais possuem temperaturas mais elevadas, são direcionadas a Oeste, e quando atingem a margem continental acabam por divergir para Norte e Sul, levando águas aquecidas para as latitudes mais distantes. Ao contrário, a emersão de águas frias ocorrendo nas margens orientais acaba inibindo o crescimento de corais. Acidificação dos oceanos ameaça espécies que vivem em recifes de coral Simulações em tanques artificiais sugerem que diminuição do pH da água do mar nas próximas décadas ameaça organismos da meiofauna Projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) estimam que o processo de acidificação dos oceanos deve se acelerar com o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que em parte é absorvida pelo mar. No melhor dos cenários, a queda no pH – indicador de acidez, neutralidade ou alcalinidade – será entre 0,06 e 0,07 até o ano de 2100. No pior, entre 0,30 e 0,32. Em um estudo publicado na revista Coral Reefs, um grupo de pesquisadores do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) analisou como comunidades de organismos da chamada meiofauna de recifes de coral responderão à acidificação dos oceanos. Por meio de simulações em tanques artificiais, eles verificaram que exemplares 101 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE jovens de minúsculos crustáceos da ordem Harpacticoida tiveram alta mortalidade devido à diminuição induzida do pH da água. A meiofauna é composta por animais que vivem em estreitos e úmidos labirintos entre os grãos da areia e entre as algas das praias do litoral do Brasil. Nesse ambiente aparentemente inabitado, esses organismos, em geral com menos que 1 milímetro, desempenham um papel importante no ciclo de nutrientes e no fluxo de energia nos ecossistemas aquáticos, contribuindo com a transformação de matéria orgânica decomposta em nutrientes que ficam disponíveis para outros animais. No estudo, os pesquisadores da UFPE usaram uma estrutura que busca reproduzir as condições naturais em aquários. Neste sistema, chamado mesocosmo marinho, eles coletaram a água do mar por um tubo subterrâneo com cerca de 500 metros de comprimento e a depositaram em tanques que buscam reproduzir a dinâmica da vida marinha. Cada tanque conta com um sensor de temperatura e recebe uma quantidade de CO2, ajustada de acordo com cada experimento. Para este estudo, os pesquisadores analisaram 20.371 organismos da meiofauna, todos coletados nos recifes de coral do Parque Municipal Marinho do Recife de Fora, em Porto Seguro, Bahia. Os organismos – entre eles crustáceos, poliquetas, tardigrádos e moluscos – foram distribuídos pelos tanques e expostos à acidificação por até 30 dias. A água do mar usada, com pH em torno de 8,1, teve o pH diminuído em 0.3, 0.6 e 0.9 unidades por meio de injeção controlada de CO2. Como o ciclo de vida desses animais é curto, foi possível observar os efeitos da acidificação também nos descendentes produzidos durante o experimento. Apesar de os adultos de algumas espécies de poliquetas e crustáceos não sofrerem fortes impactos, os jovens dos copépodes da ordem Harpacticoida tiveram alta mortalidade. “Considerando a importância da meiofauna na cadeia alimentar nos ecossistemas de recifes de corais, os resultados sugerem que a acidificação dos oceanos poderá causar impactos significativos – alguns ainda desconhecidos – em algumas espécies da meiofauna”, diz a bióloga Visnu Sarmento, pesquisadora da UFPE e uma das autoras do artigo. “Organismos adultos parecem conseguir lidar mais facilmente com a acidificação. No futuro, porém, poderá ocorrer uma mudança na dinâmica dessas populações porque a fisiologia dos indivíduos mais jovens é muito mais sensível”, diz a bióloga, que também é membro da Rede de Pesquisas Coral Vivo, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Segundo estimativas do IPCC, as últimas três décadas foram as mais quentes desde 1850. As concentrações atmosféricas de CO2 aumentaram em 40% desde os tempos pré‑industriais, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis e mudançasno uso da terra. Os oceanos absorveram cerca de 30% desse gás que, em contato com a água, desencadeia uma série de reações químicas que levam a diminuição do pH da água do mar, processo que é popularmente conhecido como acidificação dos oceanos. Fonte: Andrade (2015a). 102 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II Quanto à diversidade dos corais, podemos descrever os principais tipos de organismos existentes: • Vegetais: o sol é a fonte de energia para o ecossistema de recife de coral. Corais construtores de recifes trabalham em conjunto com algas microscópicas chamadas zooxantelas, que vivem em seu tecido. As zooxantelas fornecem oxigênio e alimento para o coral por meio da fotossíntese. O pólipo coral dá as algas uma casa e o dióxido de carbono que necessita por meio da respiração. Além de zooxantelas, algas e ervas marinhas são os principais tipos de plantas no ecossistema de recife de coral. Essas plantas fornecem comida e oxigênio para os animais que vivem no recife. Algumas espécies de vegetais são especialmente importantes porque fornecem abrigo para animais juvenis do recife, como conchas e lagostas. • Animais: os animais ou usam os recifes de coral como um ponto de parada, como um oásis, conforme eles viajam o mar azul profundo, ou vivem como residentes no recife. Os próprios corais são o animal mais abundante no recife. Eles são pequenos organismos chamados pólipos, que se ligam ao recife duro e lá vivem para sempre. Os corais são intimamente relacionados com anêmonas do mar e águas‑vivas, e utilizam os seus tentáculos para a defesa e para capturar suas presas. Os corais podem ser de uma variedade de cores – branco, vermelho, rosa, verde, azul, laranja e roxo – devido aos pigmentos naturais e às zooxantelas em seus tecidos. Outros animais que vivem no recife coral incluem ouriços‑do‑mar, esponjas, estrelas‑do‑mar, vermes, peixes, tubarões, arraias, lagostas, camarões, polvos, caracóis dentre outros. Muitos desses animais trabalham juntos, como uma equipe, por exemplo, os pólipos de corais e zooxantelas. Esse trabalho em equipe é chamado de simbiose. Na relação entre o ser humano e os recifes de coral, os ecossistemas dos recifes são importantes por muitas razões. Eles removem e reciclam o dióxido de carbono, que é um gás que contribui para o aquecimento global, protegem a terra de duras condições meteorológicas, absorvendo o impacto de ondas fortes e tempestades, e fornecem alimentos como lagosta e ostras, além de serem também uma grande atração turística. Os recifes de coral são uma grande fonte de biodiversidade. Sem os recifes, muitas dessas plantas e animais que acabamos de citar morreriam. Algumas pessoas pensam que os recifes de coral podem fornecer medicamentos importantes para as pessoas. Por exemplo, alguns esqueletos de coral podem ser utilizados pelos seres humanos como um substituto do osso na cirurgia óssea reconstrutiva. Os recifes de coral são também uma ferramenta educacional útil: por meio deles, as pessoas podem aprender sobre biomas e ecossistemas, bem como sobre a inter‑relação entre organismos e seu ambiente, por estudar os recifes de coral. No entanto, os recifes de coral estão sendo destruídos a uma taxa alarmante. Estima‑se que já tínhamos perdido 10% dos recifes do mundo, e os cientistas dizem que nos próximos 50 anos muitos mais terão desaparecido. Essa destruição é muitas vezes relacionada com a atividade humana: poluição, esgoto, erosão, pesca irresponsável, práticas de turismo pobres e aquecimento global. 103 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Figura 59 – Recife de coral Leia o texto a seguir: Na lama e na areia do Araçá Mesmo com a perda de manguezais nas últimas décadas, baía do litoral norte paulista exibe alta diversidade biológica Quando a maré baixa, a baía do Araçá se transforma. As águas se recolhem e a praia de areia e cascalho se abre em um lamaçal com centenas de metros de extensão. Adiante, podem‑se ver os navios que chegam e saem do porto de São Sebastião, construído ao lado, e as canoas dos pescadores próximas à saída da baía, cercada por matas, casas e paredões de pedra. Essa enseada de cerca de 500 mil metros quadrados no município de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, tem revelado uma diversidade inesperada de formas de vida, algumas delas alimentadas pela poluição dos esgotos das casas e do porto. Os detritos despejados na baía pelo córrego Mãe Isabel parecem beneficiar alguns grupos de animais, como os oliquetas Heteromastus filiformis e Laeonereis culveri e o microcrustáceo Monokalliapseudes schubarti. Mas podem prejudicar outros, de importância ecológica ou ameaçados de extinção, como as espécies de poliquetas Eunice sebastiani e Diopatra cuprea – semelhantes a minhocas espinhudas. Desde 2012, os 170 pesquisadores coordenados pela bióloga Cecília Amaral, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), investigam os fatores físicos, químicos, geológicos e socioeconômicos que influenciam a dinâmica do Araçá. O levantamento da diversidade biológica dessa baía levou à identificação de 1.368 espécies de organismos. A maioria faz parte dos bentos, grupo de organismos que vivem em costões rochosos, manguezais e entre grãos de areia. Do total, 56 espécies foram encontradas pela primeira vez, como a Jebramella angusta, um verme transparente com tentáculos esbranquiçados, 104 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II que vive sobre rochas ou em fragmentos de conchas. Com base nos trabalhos iniciados nessa baía em 1950, Cecília considera o Araçá a região costeira com uma das mais altas biodiversidades do País. Muitos dados do projeto coordenado por ela estão apresentados no livro A vida na Baía do Araçá, lançado no dia 5 de agosto em São Paulo. Em 2014, os dados sobre a diversidade biológica da baía foram usados pelo Ministério Público Estadual para contestar, do ponto de vista ambiental, o pedido de outra ampliação do porto, considerada essencial para receber navios maiores pela Companhia Docas de São Sebastião, estatal responsável por sua administração. A proposta de ampliação, apresentada em 2011 pelo governo do estado, prevê a duplicação do porto, hoje com 400 mil metros quadrados. Em dezembro de 2013, ao avaliar o relatório de impacto ambiental feito pela Companhia Docas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu licença prévia para o início de duas das quatro fases da obra. Em comunicado à Pesquisa Fapesp, a Companhia Docas informou que a obtenção da Licença Ambiental Prévia, concedida pelo Ibama em dezembro de 2013, foi embasada no Estudo e Relatório de Impacto Ambiental do projeto, elaborado por uma equipe técnica multidisciplinar de aproximadamente 80 profissionais altamente qualificados, composta por biólogos, geólogos, geógrafos, oceanógrafos, economistas, engenheiros de pesca, ambientais, civis, florestais e agronômicos. De acordo com o comunicado, a versão mais recente do projeto possibilitaria a preservação das áreas de rocha que cercam a baía, as duas pequenas ilhas e as quatro praias que a compõem. Ainda segundo a Docas, “ao longo do processo de licenciamento, iniciado em 2008, o projeto inicial foi aprimorado justamente para contemplar a alternativa ambientalmente mais viável, considerando os fatores técnicos, de avaliação de impactos, engenharia e econômicos. A evolução do projeto possibilitou enormes ganhos ambientais, dos quais pode‑se citar a drástica redução da área de ocupação da baía do Araçá, que passoude 84% para 34%”. Segundo Antonio Carlos Marques, diretor do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (USP), esse valor refere‑se apenas às duas etapas iniciais de ampliação do porto, e não a todo o projeto. Se aprovada integralmente, a ampliação do porto implicaria a construção de uma laje de concreto apoiada sobre 17 mil estacas fincadas no fundo do mar, como alternativa ao aterro da baía, proposta considerada inicialmente. Marques considera que a fixação das estacas comprometeria a troca de água na baía, prejudicando as comunidades de organismos e o estoque de peixes da região. Poderia haver também outros efeitos. “A perfuração do leito da baía para a instalação das estacas implicaria mover cerca de 140 mil metros cúbicos de sedimento do fundo da baía”, diz ele. “Isso liberaria substâncias contaminantes para a superfície e alteraria a constituição física atual da área.” Já, segundo a Companhia Docas, o uso de estacas “permitirá a troca de água e de nutrientes com o mangue, contribuindo com a preservação da vida no local e a fixação de fauna aquática, fundamentais para a manutenção e fortalecimento da cadeia trófica”. 105 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE Cecília aponta outro possível efeito da ampliação do porto: a laje prevista sobre a baía causaria uma grande área de sombra sobre suas águas. “Sem a luz do sol, as algas não conseguiriam fazer fotossíntese e morreriam”, diz ela. “Como consequência, a região se tornaria uma zona morta”, conclui o biólogo Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da USP e um dos membros da equipe de Cecília, que, como ele e Marques, questiona o processo de licenciamento ambiental aprovado pelo Ibama. O debate continua. O Ministério Público Estadual usou os argumentos dos pesquisadores que estudam a região para contestar a licença prévia concedida pelo Ibama. Em julho de 2014, a licença foi suspensa, por meio de decisão judicial provisória (liminar), até que o processo seja julgado. Fonte: Andrade (2015b). Saiba mais Sobre problemas ambientais nos biomas marinhos causados por ação antropogênica, você pode ler o texto a seguir: MESQUITA, R. V. de. Inépcia nacional. Revista Planeta, ed. 515, 23 dez. 2015a. Disponível em: <http://www.revistaplaneta.com.br/ inepcia‑nacional/>. Aceso em: 13 jan. 2016. Resumo Bioma é uma formação de plantas e animais que têm características comuns devido ao clima semelhante, podendo ser encontrados em diferentes continentes. Os biomas são distintos dos hábitats, porque qualquer bioma pode compreender uma grande variedade de hábitats. As definições de biomas podem considerar, dependendo do autor consultado, a sazonalidade de temperatura e a precipitação. Os limites de cada bioma correlacionam‑se com as condições de umidade e estresse pelo frio, que são fortes determinantes da forma da vegetação e, portanto, da vegetação que define a região. Condições extremas, tais como inundações em um pântano, podem criar diferentes tipos de comunidades dentro do mesmo bioma. Os principais biomas considerados são: tundra, taiga, florestas temperadas, campos, desertos e florestas tropicais fluviais, além dos biomas aquáticos. O Brasil, por apresentar uma enorme extensão territorial, possui diferentes tipos de biomas. Os biomas brasileiros abrigam uma porção significativa da biodiversidade mundial, constituindo importantes centros de biodiversidade pela combinação de altos níveis de riqueza e endemismo. 106 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 Unidade II Dentre os biomas brasileiros, temos: bioma amazônico, bioma caatinga, bioma Pantanal, bioma Mata Atlântica, bioma pampa, bioma cerrado. Já com relação aos biomas aquáticos, eles podem ser divididos entre os oceanos e os ambientes de água doce. O oceano é o maior dos biomas da Terra, cobrindo 70% da superfície do planeta. A vida no oceano é muito diversificada, podendo variar desde criaturas microscópicas até grandes baleias. O oceano não é o mesmo em todos os lugares. Existem muitos ecossistemas diferentes dentro do oceano dependendo das condições, tais como a temperatura da água, a quantidade de luz solar que nela penetra e a quantidade de nutrientes ali presentes. A profundidade de luz solar que penetra no oceano tem impacto direto na biodiversidade marinha. Quase toda a vida marinha (cerca de 90%) vive na camada iluminada pelo sol sobre o oceano. Lá, fitoplânctons, algas e plantas como ervas marinhas fazem seu próprio alimento a partir do processo de fotossíntese e são o começo da maioria das cadeias alimentares marinhas. A temperatura da água do mar varia dependendo da sua localização. Águas perto das regiões polares são mais frias do que as águas perto do Equador. A água que está no fundo do oceano é mais fria do que a água que está perto da superfície do oceano. Muitos animais e outros organismos só podem sobreviver em determinadas temperaturas, mas outros são capazes de sobreviver a uma gama de temperaturas e podem viver em mais lugares no oceano. As regiões nas quais a biogeografia dos oceanos se divide são: zona epipelágica, zona mesopelágica, zona batipelágica, zona abissopelágica ou abissal e zona hadopelágica. Exercícios Questão 1. (ENEM, 2011. Adaptada). Certas espécies de algas são capazes de absorver rapidamente compostos inorgânicos presentes na água, acumulando‑os durante seu crescimento. Essa capacidade fez com que se pensasse em usá‑las como biofiltros para a limpeza de ambientes aquáticos contaminados, removendo, por exemplo, nitrogênio e fósforo de resíduos orgânicos e metais pesados provenientes de rejeitos industriais lançados nas águas. Na técnica do cultivo integrado, animais e algas crescem de forma associada, promovendo um maior equilíbrio ecológico. Fonte: SORIANO, E. M. Filtros vivos para limpar a água. Revista Ciência Hoje, v. 37, n. 219, 2005. A utilização da técnica do cultivo integrado de animais e algas representa uma proposta favorável a um ecossistema mais equilibrado porque A) os animais eliminam basicamente oxigênio, que é usado pelas algas para a síntese de biomassa. 107 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 4/ 02 /1 6 BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE B) os animais fornecem excretas orgânicos nitrogenados, que são transformados em gás carbônico pelas algas. C) as algas usam os resíduos nitrogenados liberados pelos animais e eliminam gás carbônico na fotossíntese, usado na respiração aeróbica. D) as algas usam os resíduos nitrogenados provenientes do metabolismo dos animais e, durante a síntese de compostos orgânicos, liberam oxigênio para o ambiente. E) as algas aproveitam os resíduos do metabolismo dos animais e, durante a quimiossíntese de compostos orgânicos, liberam oxigênio para o ambiente. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: é eliminado pelos animais compostos nitrogenados processados pelas algas com produção de oxigênio. É o contrário. B) Alternativa incorreta. Justificativa: no processo de fotossíntese, ocorre a produção de carboidratos a partir do dióxido de carbono, água e energia luminosa, pois há consumo de carbono pelas algas, com produção de oxigênio. C) Alternativa incorreta. Justificativa: é o contrário, pois o gás carbônico não é o gás eliminado, mas processado, nem é o principal gás utilizado na respiração aeróbica. D) Alternativa correta. Justificativa: os resíduos nitrogenados produzidos pelos animais no processo de excreção (como ureia e amônia) são utilizados pelas algas. Por outro lado, ao