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Biogeografia, Sociobiogeografia e Ambiente - Livro-Texto - Unidade II

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BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE
Unidade II
5 BIOMAS
5.1 Biomas mundiais
Os biogeógrafos reconhecem diferenças consideráveis entre os grandes agrupamentos de 
comunidades, principalmente na flora e fauna das diversas partes do mundo. A cada uma dessas partes 
denominamos biomas, e cada um deles possui características próprias que determinam a dispersão das 
espécies ao longo do globo. Segundo Begon, Harper e Townsend (1996), o número de biomas distinguíveis 
é uma questão de ponto de vista. Eles certamente exibem transição de um para outro, e limites bem 
definidos são mais uma conveniência para os cartógrafos de que uma realidade para a natureza.
Veja a figura a seguir:
Figura 23 – Distribuição mundial dos maiores biomas de vegetação
A figura exibe generalizações que, em se tratando de biomas brasileiros, merecem algumas 
especificações:
• Os campos temperados do mapa estendem‑se até o Brasil central, o que é uma imprecisão, pois 
diferentes fatores geomorfológicos e climáticos condicionam a existência de tipos de campos (estepes), 
como os da campanha do sudoeste gaúcho e os de altitude nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
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Unidade II
• A floresta pluvial tropical costeira (Floresta Atlântica ou Floresta Ombrófila Densa, conforme 
denominação oficial brasileira) ocupa uma faixa da região Nordeste até o Rio Grande do Sul. 
Esse tipo de floresta apresenta diferenças (florísticas e faunísticas) ao longo dessa extensa faixa 
de distribuição, além de ser bastante distinta da Floresta Amazônica (identificada no mapa pela 
mesma cor e denominação).
• Na área representada por savana tropical, campo e vegetação arbustiva devem ser distinguidos, 
principalmente o cerrado e a caatinga nordestina.
• A área de floresta estacional tropical reúne parte da caatinga nordestina e as florestas estacionais 
tropicais e subtropicais, que são bem distintas sob vários aspectos.
Independentemente da classificação adotada, é necessário compreender as características de cada 
um deles, uma vez que elas interferem no desenvolvimento das comunidades que neles habitam, além 
de justificar o porquê de outras espécies não conseguirem se fixar neles. É uma questão de seleção 
natural diferencial sobre os organismos do ponto de vista evolutivo.
5.1.1 Tundra
Ocorre ao redor do Círculo Polar Ártico, além do limite das árvores. Também pode ser encontrada 
em ilhas subantárticas do hemisfério Sul. Apresenta condições similares em altitudes elevadas, sendo 
chamada de tundra alpina.
Figura 24 – Paisagem da tundra
O ambiente tem como características a presença do permafrost – água congelada no solo 
permanentemente – enquanto a água líquida está presente em períodos muito curtos ao longo do 
ano. A flora é típica e dominada por líquens (associações de fungos e algas), musgos, ciperáceas 
(monocotiledôneas) e árvores anãs.
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BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE
Os insetos apresentam atividades sazonais bem definidas, e a fauna nativa é enriquecida por aves e 
mamíferos durante o verão por conta de espécies migratórias de latitudes mais quentes, uma vez que os 
animais dessa área são escassos em virtude de a oferta de alimento ser pequena.
Nas áreas mais frias, gramíneas e ciperáceas desaparecem, deixando o permafrost sem qualquer 
planta com raiz presente. A vegetação é então substituída pelo deserto polar.
Figura 25 – Tundra
Figura 26 – Tundra no verão
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5.1.2 Taiga
Bioma que ocupa amplo cinturão ao longo da América do Norte e Eurásia, é também conhecida 
como floresta setentrional de coníferas, ou simplesmente floresta de coníferas.
Figura 27 – Taiga
A água em seu estado líquido não fica disponível por grande período do inverno, e as plantas e 
animais têm marcada dormência (hibernação), sendo o metabolismo bastante reduzido como forma de 
manter somente as funções vegetativas do organismo, que se nutre a partir de reservas adquiridas no 
período quente, quando o alimento é farto.
Figura 28 – Floresta de coníferas durante o inverno
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BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE
Em geral, a flora é bastante limitada, com predominância de pinheiros (espécies de Pinus) e algumas 
árvores decíduas (cauducifóflias), como álamos (Populus) e bétulas (Betula). Porém, ao norte do bioma, 
prevalecem as árvores do gênero Picea, conhecidas como espruce, que cobrem imensas áreas.
Nas regiões mais ao norte também se observa o permafrost, que cria uma restrição ambiental às 
florestas de espruce, gerando épocas de seca quando o sol não é muito presente.
A fauna local compõe‑se basicamente de mamíferos com portes variados, como alces, ursos, lobos, 
visons, martas e esquilos, além de algumas aves, animais endotérmicos adaptados ao ambiente frio.
Figura 29 – Animal típico da taiga
Figura 30 – Aviso colocado em área de visitação de floresta de conífera
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5.1.3 Florestas temperadas
Estendem‑se desde as florestas mistas de coníferas e latifoliadas de grande porte da América do 
Norte e norte da Europa Central até as florestas úmidas de árvores perenifólias latifoliadas, encontradas 
nos limites de baixa latitude do bioma.
Figura 31 – Visão aérea de uma floresta temperada. Nota‑se a coloração típica das folhas antes da abscisão
As árvores decíduas, que são dominantes nesse bioma, perdem suas folhas no outono e inverno 
devido ao suprimento de água líquida ser pequeno, à evaporação potencial superar a precipitação e à 
disponibilidade de água no solo, fora as interações hormonais no próprio vegetal para ocorrência de 
tal fenômeno. Sendo assim, essas plantas tornam‑se dormentes durante esse período, retomando suas 
atividades metabólicas normais quando o meio ambiente se tornar favorável novamente, ou seja, na 
primavera e no verão.
Figura 32 – Floresta temperada no início do outono
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Figura 33 – Floresta decídua ao final do inverno
No chão da floresta ocorrem ervas perenes, em particular aquelas que crescem com rapidez na 
primavera. Também nota‑se aproximadamente 20% da biomassa vegetal em forma de serapilheira 
(material vegetal caído no solo) devido ao lento processo de reciclagem da matéria por circunstâncias 
ambientais.
Os animais têm, em muitos casos, comportamento migratório, buscando ambientes mais favoráveis 
durante o inverno e retornando na primavera, especialmente as aves.
5.1.4 Campos
Bioma que ocupa as regiões tropicais e temperadas mais secas. Possui muitos nomes, de acordo com 
cada região onde aparece: estepes (Ásia), pradarias (América do Norte), pampas (América do Sul), veldt 
(África).
Campo tropical ou savana é o nome dado à vegetação que varia desde um campo herbáceo até 
uma matriz campestre com árvores esparsas. Quase todos os campos estão submetidos à seca periódica, 
contudo, o papel do clima na determinação da vegetação fica em segundo plano, pois as plantas dessas 
regiões devem ter a capacidade de se recuperar rapidamente da desfoliação constantecausada pelos 
animais que delas se alimentam.
Há herbívoros de grande porte que, por vezes, sofrem com a falta de alimento durante as secas, mas 
também são comuns carnívoros em grande quantidade e invertebrados em abundância, formando um 
bioma bastante diversificado.
Em muitos locais, os campos naturais têm sido substituídos por campos artificiais de plantações 
como arroz, milho, cevada, trigo, aveia e centeio. Os animais também são substituídos: em vez de 
elefantes, leões, zebras, gnus, entre outros, vemos bois, ovelhas e cabras. De todos os biomas terrestres, 
este é o mais cobiçado, transformado e usado pelo homem.
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Figura 34 – Savana africana
5.1.5 Desertos
Regiões de pouca umidade, que experimentam escassez de água e nas quais a precipitação em geral 
é menor do que 250 mm por ano. Abrangem uma gama muito grande de temperaturas, desde desertos 
quentes, como o do Saara, até muito frios, como o de Gobi, na Mongólia. Nos seus extremos, quente ou 
frio, são áridos demais para manter qualquer tipo de vegetação.
Figura 35 – Paisagem desértica
Quando apresentam vegetação, ela é predominantemente rala e espaçada (gramíneas, cactos e 
pequenos arbustos).
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Figura 36 – Planta típica de ambiente desértico
Figura 37 – Detalhe de uma cactácea, planta de ambientes desérticos. Note a presença dos espinhos, que são folhas modificadas para 
evitar a perda de água e para proteção
A relativa pobreza de vida animal reflete a produtividade baixa da vegetação e a indigestibilidade 
de parte dela. Sua fauna é composta por roedores, répteis (serpentes e lagartos), insetos e aracnídeos. 
Os seres vivos do deserto têm marcada adaptação à falta de água. Grande parte dos animais do 
deserto apresentam hábitos noturnos, pois à noite a temperatura é mais amena para incursões em 
busca de comida.
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Figura 38 – Animal desértico
5.1.6 Floresta pluvial tropical
Este tipo de bioma terrestre é o que oferece maior produtividade no planeta, uma combinação da 
alta radiação solar recebida durante o ano com as chuvas abundantes, e também aquele com maior 
diversidade exuberante apresentada.
Figura 39 – Floresta tropical pluvial
A produtividade é muito mais alta no denso dossel florestal de folhagem perene. Essa floresta é 
escura no nível do solo, exceto onde ocorrem clareiras, em razão da vasta folhagem das copas que 
impedem a entrada da luz.
Além das árvores, a vegetação é composta por tipos morfológicos distintos que alcançam o dossel 
de formas variadas, seja por hepifitismo ou por ascensão por meio do crescimento.
Nesse ambiente, tanto os animais quanto os vegetais são ativos o ano todo, alterando somente 
épocas de florescimento e amadurecimento nos vegetais e de acasalamento nos animais. Ele possui 
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a maior biodiversidade entre todos biomas terrestres conhecidos. Erwin (1982) estimou que em um 
hectare de floresta tropical existem 18.000 espécies de besouros, enquanto em todo o território dos 
Estados Unidos e do Canadá juntos há 24.000.
Figura 40 – Exemplo de ave presente nas florestas tropicais
Figura 41 – Mamífero de bioma tropical
5.1.7 Bioma aquático
Como generalização, costumamos dividir o ambiente aquático em dois biomas distintos: o marinho e 
o de água doce, embora seja possível distinguir nascentes, rios, açudes, lagos, estuários, zonas costeiras, 
recifes de coral e oceanos. No ambiente marinho tem‑se o predomínio dos oceanos, que ocupam cerca 
de 71% da superfície terrestre e alcançam profundidades superiores a 10.000 m. Já os biomas aquáticos 
de água doce são classificados em lóticos e lênticos. Os lóticos, caracterizados por águas correntes, são os 
rios e riachos. Os lênticos são caracterizados por água aprisionada, formando os diferentes tipos de lagos.
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Figura 42 
Figura 43 – Exemplo de vida marinha
No ambiente marinho, notam‑se regiões onde a precipitação excede a evaporação e outras em que 
ocorre o contrário. Dentro desses corpos d’água, existem movimentos massivos que evitam a formação 
de grandes diferenças nas concentrações de sal. Os nutrientes minerais encontram‑se diluídos no meio, 
sendo fonte para o desenvolvimento da biomassa e agindo como um dos fatores limitantes da vida. 
Outro fator limitante é a luz, que penetra somente até certa profundidade e interfere diretamente na 
produtividade primária e, assim, na manutenção das cadeias alimentares e da biodiversidade.
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Figura 44 
Os biomas de água doce ocorrem especialmente na drenagem do continente em direção ao mar, 
exceto em alguns casos. A composição química dessas águas varia bastante, em razão do tipo de solo 
pelo qual passam, de sua origem, do aporte de matéria orgânica, entre outros aspectos. Nas bacias de 
captação de água com taxa de evaporação alta, pode ocorrer o acúmulo de sais a partir da lixiviação 
terrestre. Também podem ser formados lagos salgados, nos quais a vida é restrita.
Figura 45 
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Figura 46 – Rio São Francisco, na cidade de Petrolina‑PE
5.2 Biomas brasileiros
Os biomas brasileiros abrigam uma porção significativa da biodiversidade mundial, constituindo 
importantes centros de biodiversidade pela combinação de altos níveis de riqueza e endemismo. No 
entanto, essa rica biodiversidade vem sendo crescentemente ameaçada por atividades antrópicas, 
principalmente aquelas ligadas à conversão das paisagens naturais em áreas de produção agropecuária 
e ocupação imobiliária. Altíssimos níveis de devastação ambiental já colocaram dois biomas brasileiros – 
a Mata Atlântica e o cerrado – na lista dos hotspots de biodiversidade, que são conjuntos de ecorregiões 
prioritárias para conservação em nível mundial (MYERS et al., 2000). Para piorar a situação, o conhecimento 
sobre a real diversidade dos grupos biológicos que compõem a biodiversidade brasileira ainda pode 
ser considerado bastante incipiente, mesmo para aqueles grupos que tradicionalmente sempre foram 
considerados bem conhecidos, como é o caso das aves (VALE et al., 2008), o que pode inviabilizar seu uso 
como fonte confiável de informações para planejamentos sistemáticos e desenvolvimento de políticas 
de conservação (ALEIXO, 2010).
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Floresta latifoliada 
equatorial (Amazônica)
Floresta latifoliada 
tropical (Mata Atlântica)
Mata de Araucária
Mata de Cocais
Cerrado
Campos
Caatinga
Complexo do Pantanal
Vegetação do litorial
Formações 
complexas
Formações 
arbustivas e 
herbáceas
Formações 
florestais ou 
arbóreas
Figura 47 ‑ Formações vegetais do Brasil
5.2.1 Bioma amazônico
O bioma amazônico é definido pela unidade de clima, fisionomia florestal e localização geográfica. 
Consideradoo bioma com a maior biodiversidade do planeta, esse bioma se localiza ao norte, abrangendo 
cerca de 50% do território brasileiro, englobando ainda a Bacia Amazônica, rede hidrográfica que detém 
20% da água doce do mundo.
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Figura 48 – Vista do Rio Amazonas
A maior floresta tropical do planeta existe em território brasileiro, ocupando uma superfície nos 
estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima e uma pequena parte dos estados do 
Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Esse bioma possui diversas formações, entre elas, a mata de igapó, 
a mata de várzea e a mata de terra firme.
Figura 49 – Anfíbio da Floresta Amazônica
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Figura 50 – Vista do interior de um igarapé
 Observação
O solo amazônico é bastante pobre, contendo apenas uma fina camada 
de nutrientes. Contudo, a flora e a fauna se mantêm em virtude do estado 
de equilíbrio (clímax) atingido pelo ecossistema.
5.2.2 Bioma caatinga
A caatinga é o bioma típico do clima semiárido do sertão nordestino e apresenta grande variedade 
na paisagem. É o único bioma de distribuição exclusivamente brasileira, o que significa que grande 
parte do patrimônio biológico desse ecossistema não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo. 
Porém, essa posição única entre os biomas brasileiros não foi suficiente para garantir à caatinga o 
status que merece.
É um dos biomas brasileiros mais alterados pelas atividades humanas – mais de 45% de sua área –, 
sendo ultrapassado apenas pela Mata Atlântica e o cerrado (CAPOBIANCO, 2002; CASTELLETTI et al., 
2004). Em um estudo realizado recentemente sobre a vegetação e uso do solo, verificou‑se que a 
área de cobertura vegetal da caatinga é de 518.635 km2, equivalendo a 62,69% de remanescentes 
(BRASIL, 2008).
Possui a vegetação característica de mata aberta. Ocorre nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, 
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Maranhão e Minas Gerais.
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Figura 51 
Figura 52 – Animal típico de regiões áridas/semiáridas, como a caatinga
5.2.3 Bioma Pantanal Mato‑Grossense
O Pantanal Mato‑Grossense é a maior das extensões de planície inundável contínua da América do 
Sul. No Brasil, aparece entre os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Caracteriza‑se por uma 
planície aluvial influenciada por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai, onde se desenvolvem fauna e 
flora de rara beleza e abundância. É mais um bioma tropical que está fortemente regido pelo ciclo anual 
das águas, cheias e vazantes da bacia do rio Paraguai.
Possui um período longo de inundação devido a um solo pouco permeável e outro período de 
estiagem, o que influencia na biodiversidade local.
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Figura 53 – Réptil característico do Pantanal
Figura 54 – Paisagem pantaneira
5.2.4 Bioma Mata Atlântica
O bioma Mata Atlântica, que ocupa toda a faixa continental atlântica leste brasileira e se estende 
para o interior no Sudeste e Sul do país, abrange montanhas, vales, planaltos e planícies de toda a faixa 
continental atlântica brasileira e avança até o planalto meridional do Rio Grande do Sul. É definido pela 
vegetação florestal predominante e relevo diversificado.
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Figura 55 – Aspecto do interior da Mata Atlântica
Figura 56 – Mata Atlântica
 Lembrete
A Mata Atlântica é um grande centro de espécies endêmicas e suas 
formações vegetais são extremamente heterogêneas, indo desde campos 
abertos em regiões montanhosas até florestas chuvosas perenes.
5.2.5 Bioma pampa (pradarias e campos)
O pampa, restrito ao Rio Grande do Sul, define‑se por um conjunto de vegetação de campo em relevo 
de planície. A vegetação predominante dá nome ao cerrado, segundo bioma do Brasil em extensão, que se 
estende desde o litoral maranhense até o Centro‑Oeste. Segundo maior bioma brasileiro, ocupa praticamente 
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1/4 do território espalhado por diversos estados. É nesse bioma que nascem grandes bacias hidrográficas, 
como a do Prata e do São Francisco, resultando em grande disponibilidade hídrica e biodiversidade.
A formação vegetal é predominantemente de clima tropical quente e subúmido, com épocas de 
chuva e seca bem definidas.
Figura 57 – Vegetação dos pampas
Figura 58 – Aspecto dos pampas
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5.2.6 Bioma cerrado
O cerrado é o segundo maior bioma do País. Isso representa cerca de 25% do território nacional. O 
cerrado é constituído especialmente de árvores não muito altas de savana entre formações de pastagem 
aberta. Esse bioma é considerado uma das regiões mais férteis para a agricultura e é bom para a 
expansão do gado, e grandes e pequenos projetos agrícolas podem ser feitos, respeitando os princípios 
da produção sustentável. O cerrado é como a savana. Duas estações bem definidas caracterizam seu 
clima: inverno seco e verão chuvoso. Nesse ambiente prosperam muitas espécies de vida selvagem, 
incluindo espécies ameaçadas de extinção. Esse bioma também dispõe de bacias e planaltos, o que é 
característico da região central do Brasil. Apenas cerca de 10% das áreas do cerrado são mais elevados 
do que 900 metros.
São espécies regionais com grande potencial tanto para a extração como para o processamento 
industrial: pequi, baru, mangaba, cagaita, buriti, jatobá, cajui, arnica, mama‑cadela, faveira, gueroba, 
murici, palmeiras, entre outros.
A tabela a seguir demonstra a área dos biomas brasileiros:
Tabela 2 – Área dos biomas brasileiros
Biomas continentais brasileiros Área aproximada – km2 % área/total do Brasil
Amazônia 4.196.943 49,29%
Cerrado 2.036.448 23,92%
Mata Atlântica 1.110.182 13,04%
Caatinga 844.453 9,92%
Pampa 176.453 2,07%
Pantanal 150.355 1,76%
Área total do Brasil 8.514.877 100%
Fonte: Brasil (2009).
6 BIOGEOGRAFIA DE AMBIENTES AQUÁTICOS
6.1 Ambientes marinhos
Quando comparamos a biogeografia dos ambientes terrestres e dos ambientes aquáticos, 
principalmente naqueles oceânicos, importantes diferenças precisam ser pontuadas quanto às análises 
de cada um deles, bem como nosso conhecimento quanto à sua ecologia: primeiro, que o ambiente 
marinho se mostra muito mais difícil para estudo devido aos seus diferentes ambientes existentes; 
segundo, pela própria metodologia de estudo que torna a exploração do ambiente marinho mais difícil.
Quando se fala dos ambientes terrestres, suas regiões estão relacionadas aos diferentes continentes. 
Ao imaginarmos cada região como uma relação existente entre topografia e climas sazonais específicos, 
cada uma das diferentes regiões existentes teria uma variedade considerável de ambientes físicos. Como 
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em geral essas regiões terrestres são geograficamente bem delimitadas, tendo como barreiras oceanos,montanhas ou mesmo desertos, a dispersão de organismos fica restrita, o que pode levar à criação de 
diferentes hábitats devido à complexidade que as plantas podem adquirir nesses ambientes de pouca 
dispersão. Por fim, esses hábitats diferentes proporcionam uma grande diversidade e facilidade de estudos.
Contrariamente, um ambiente aquático, mais precisamente um ambiente oceânico, se mostra muito 
diferente, pois os oceanos não possuem fronteiras geográficas bem definidas e consequentemente 
apresentam biotas com pouca distinção entre si. Além disso, por serem maiores que os continentes e 
também por apresentarem movimentações de água por meio das correntes marítimas (as quais transportam 
organismos marinhos, contribuindo para a sua dispersão), os ambientes oceânicos não encerram fronteiras 
rígidas. No entanto, os oceanos contêm um importante fator extra, que é a profundidade, o que não existe 
em um ambiente terrestre. Condições como temperatura, densidade, pressão, oxigênio e nutrientes fazem 
dos oceanos gradientes ambientais verticais de acordo com a profundidade.
 Observação
Os biomas aquáticos também incluem os ambientes de água doce, 
como rios e lagos. A limnologia é a ciência que estuda esses ambientes, 
abordando características físicas, químicas e biológicas.
Devido à continuidade dos ambientes aquáticos e a sua baixa produtividade primária, fato este 
atribuído à baixa densidade vegetal existente como consequência da dificuldade de luminosidade, as 
oportunidades para diversificação evolutiva foram e são menores, o que resulta na menor diversidade 
oceânica descrita quando comparada à terrestre. No entanto, é importante ressaltar novamente que 
essa eventual diferença se baseia no que foi observado e descrito até o presente momento. Alguns 
oceanógrafos acreditam que a amostragem atual se mostra muito inferior à possibilidade existente de 
diversidade nas profundezas do mar, até agora raramente exploradas, que, segundo estimativas, podem 
conter de 1 a 10 milhões de espécies (GRASSLE; MACIOLEK, 1992).
 Lembrete
Os ambientes de água doce são divididos em:
• Lóticos: ambientes de água corrente, como rios.
• Lênticos: ambientes de água parada, como pântanos, brejos, lagos e 
lagoas.
6.2 Estrutura oceânica
As bacias oceânicas são o resultado de forças e processos tectônicos. Todas as bacias oceânicas foram 
formadas a partir de rochas vulcânicas lançadas de fissuras localizadas nas cristas médio‑oceânicas. As 
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rochas mais antigas encontradas nessas bacias são de aproximadamente 200 milhões de anos de idade, 
ou seja, são muito mais jovens do que as mais antigas rochas continentais, que têm idade superior a 4 
bilhões de anos. A razão para tamanha discrepância são os processos tectônicos, que destroem antigas 
rochas oceânicas. Essas rochas oceânicas são devolvidas ao manto da Terra quando a crosta oceânica 
é subduzida, sendo que muitas dessas zonas de subducção ocorrem nas margens continentais, onde a 
crosta oceânica se encontra com a crosta continental. O processo de subducção também cria trincheiras 
profundas no oceano.
As bacias oceânicas não são feições de superfícies da Terra. Muito do nosso conhecimento sobre 
as características topográficas dos oceanos é derivado das seguintes tecnologias: pesquisa sísmica, 
ecobatímetro, sonar e medição da altura da superfície do mar por satélites. A maioria das informações 
gerais sobre a profundidade das bacias oceânicas foi feita após a Primeira Guerra Mundial, quando foi 
desenvolvido para fins militares o ecobatímetro, instrumento que determina com precisão o tempo 
entre a emissão de um impulso acústico forte e da detecção do eco. Utilizando esse princípio, cientistas 
podem determinar a distância a partir da sonda para o fundo do oceano.
Algumas das características topográficas dominantes associadas às bacias oceânicas incluem:
• A plataforma continental, que constitui a parte mais rasa (profundidade média de 130 m) e 
levemente inclinada da crosta continental, que faz fronteira com os continentes. A medida dessa 
característica varia de dezenas de metros a uma largura máxima de cerca de 1.300 km.
• O talude continental, que se estende desde a plataforma continental a uma profundidade média 
de cerca de 135 m. A base dessa característica topográfica de forte inclinação (de 1 a 25°, com 
média de cerca de 4°) ocorre a uma profundidade de aproximadamente 2.000 m, marcação a 
partir da borda dos continentes. A largura do declive varia de 20 a 100 km. Tanto a plataforma 
quanto o talude continental são considerados parte estrutural dos continentes, mesmo que eles 
estejam abaixo da superfície do mar.
• A origem continental, que é encontrada na base do talude continental. A profundidade varia de 
2.000 a 5.000 m de profundidade. Sua largura é de até 300 km de largura.
• O fundo do mar, que se encontra na base da origem continental em água de 4.000 a 6.000 m 
de profundidade. O fundo do oceano é responsável por quase 30% da superfície da Terra. A 
composição do fundo do oceano é constituída por uma camada relativamente fina (em média, 
cinco quilômetros de espessura) de rocha basáltica, com uma densidade média de 3,0 gramas 
por centímetro cúbico (nos continentes, rochas de granito, com densidade de 2,7 gramas por 
centímetro cúbico). Numerosos vulcões preenchem o piso das bacias oceânicas: os cientistas 
estimam que existam cerca de 10 mil vulcões no fundo do oceano.
• A dorsal meso‑oceânica, que é normalmente encontrada elevando‑se acima do fundo do oceano, 
no centro das bacias oceânicas. Essas regiões estão envolvidas na geração de nova crosta oceânica 
de fissuras vulcânicas. Algumas ilhas vulcânicas são parte do sistema dorsal meso‑oceânica – por 
exemplo, a Islândia.
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6.3 Biogeografia marinha
Quando tratamos de biogeografia marinha, existe uma divisão básica de acordo com o formato das 
bacias oceânicas. Temos nesse contexto o reino dos mares rasos, também chamado de nerítico, e o reino 
dos mares abertos, ou pelágico.
A zona nerítica é a parte relativamente superficial do oceano acima da plataforma continental, 
a cerca de 200 m de profundidade. Do ponto de vista da biologia marinha, essa zona forma um 
ambiente relativamente estável e bem iluminado para a vida marinha, do plâncton até os grandes 
peixes e corais, enquanto para a oceanografia física é visto como e onde o sistema oceânico interage 
com a costa. A zona nerítica é permanentemente coberta de água geralmente bem oxigenada, 
recebe muita luz solar e tem baixa pressão de água. Além disso, tem níveis de temperatura, pressão, 
luz e salinidade relativamente estáveis, tornando o ambiente adequado para a vida fotossintética. 
Em particular, a zona bêntica (região próxima ao assoalho oceânico) na zona nerítica é muito mais 
estável do que na zona entre marés.
Tais características fazem da zona nerítica a região com a maior concentração de vida marinha. 
Essa maior quantidade de espécies resulta da alta produção primária pela vida fotossintética, como 
fitoplâncton, sargaço flutuante, zooplâncton e criaturas microscópicas de livre flutuação que variam 
desde foraminíferos até a pequenos peixes e camarões. Os corais também são encontrados principalmente 
na zona nerítica, onde eles são mais comuns do que na zona intertidal, pois têm menos mudanças 
para lidar. Regiões de mares rasos, onde predomina a zona nerítica, se apresentam isoladas de outros 
mares pelas largas extensões de oceano, o que leva como consequência a ocorrência de evoluções 
independentes dos organismos e diversos casos de endemismos.
Qualquer água em ummar ou lago que não é nem perto do fundo nem perto da costa pode ser 
considerada zona pelágica. A palavra pelágica é derivada do grego e significa mar aberto. A zona pelágica 
pode ser considerada em termos de uma coluna ou cilindro imaginário de água que passa a partir da 
superfície do mar até quase o fundo. Condições diferem conforme a profundidade da coluna de água: 
a pressão aumenta, a temperatura cai e menos luz penetra. Dependendo da profundidade da coluna de 
água, assim como a atmosfera da Terra, essa coluna pode ser dividida em diferentes camadas.
A zona pelágica ocupa 1.330 milhões de km3, com uma profundidade média de 3,68 km e máxima 
de 11 km. Os peixes que vivem na zona pelágica são chamados peixes pelágicos. A vida na zona pelágica 
diminui com o aumento da profundidade. Ela é afetada pela intensidade da luz, pressão, temperatura, 
salinidade, fornecimento de oxigénio e nutrientes dissolvidos. Em águas profundas, a zona pelágica 
é às vezes chamada de zona de mar aberto e pode ser contrastada com a água perto da costa ou na 
plataforma continental, a zona nerítica.
A zona pelágica pode ser diferenciada da zona bentônica. A zona bentônica é a região ecológica 
na parte inferior do mar. Ela inclui a superfície dos sedimentos e algumas camadas do subsolo. Os 
organismos marinhos que vivem nessa zona, como mariscos e caranguejos, são chamados bentos. 
Nos organismos pelágicos, é possível se fazer uma divisão auxiliar no que se relaciona à Biogeografia 
Marinha. Nesse sentido, podemos dividir os organismos em organismos nectônicos (os organismos que 
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nadam por vontade própria) ou planctônicos (os organismos que flutuam no ambiente marinho, ou seja, 
aqueles que estão de acordo com a movimentação do ambiente aquático).
Os organismos bênticos dependem das características do assoalho oceânico. Para os pelágicos, não 
há essa dependência.
Leia o texto a seguir:
Maré vermelha
A floração de algas tóxicas, também conhecida como maré vermelha, representa um 
sério risco à indústria da dessalinização, cada vez mais importante para regiões áridas.
Muitas ilhas e países em regiões áridas, com limitados recursos de água doce, dependem 
cada vez mais da dessalinização para fornecer água a populações em rápido crescimento e 
atender às demandas sociais e econômicas que sustentam o desenvolvimento. As evidências 
atuais mostram que a floração (proliferação) de algas nocivas, ou maré vermelha, ameaça 
crescentemente a indústria da dessalinização e a segurança da água dessas regiões.
Estudar as marés vermelhas nas cercanias de usinas de dessalinização é uma ciência 
emergente, pois há poucos dados sobre os problemas que as proliferações podem causar. A 
Comissão Oceanográfica Intergovernamental (IOC‑Unesco) tem sido um motor na definição 
da agenda de pesquisa internacional sobre marés vermelhas e seus impactos, e agora 
também estuda como fornecer soluções aplicáveis a usinas de dessalinização aos países do 
Mar da Arábia e do Golfo Pérsico.
A escassez dos recursos hídricos e a necessidade de suprimentos adicionais de água já 
são críticas em muitas regiões áridas, mas as projeções futuras de impactos das mudanças 
climáticas adicionam mais estresse à segurança da água. Essas regiões têm muitas vezes 
limitados recursos hídricos subterrâneos, alguns dos quais ficam mais salobros à medida que 
a extração dos aquíferos continua. Atualmente, há mais de 14 mil plantas de dessalinização 
em operação em mais de 150 países, a maioria no Oriente Médio, na América do Norte, na 
Austrália e no Caribe, exemplificando a crescente confiança nessa tecnologia.
A osmose reversa é o método mais comum de dessalinização; a água é bombeada através 
de uma membrana que limita a passagem dos íons de sódio e de cloro. Mas a maré vermelha 
constitui um desafio a essa tecnologia. Com uma biomassa suficientemente alta, ela pode 
entupir filtros e comprometer a integridade das usinas de dessalinização.
Além disso, algumas marés vermelhas produzem neurotoxinas que ameaçam a saúde 
humana. Em 2008‑2009, um surto de Cochlodinium polykrikoides na região do Mar da 
Arábia e do Golfo Pérsico durou oito meses, restringindo fortemente a capacidade de 
dessalinização de água na área. A floração de algas é uma enorme ameaça para a segurança 
do acesso aos recursos e à economia da região.
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Pesquisa escassa
Há necessidade de mais documentação e pesquisa sobre os impactos da floração de 
algas sobre as plantas de dessalinização. Apenas medições preliminares de toxinas de algas 
marinhas, antes e depois da dessalinização, têm sido feitas em usinas de grande escala. As 
florações de algas nocivas muitas vezes são eventos não reconhecidos, e os operadores de 
plantas em geral desconhecem a ameaça que as toxinas das algas representam.
Há um consenso científico geral de que o número de florações de algas tóxicas, as perdas 
econômicas resultantes, os tipos de recursos afetados e o número de toxinas e espécies 
tóxicas reportadas têm aumentado nas últimas décadas.
O envolvimento da IOC‑Unesco nas florações de algas e na dessalinização é voltado para 
o desenvolvimento de sistemas de testes capazes de prever essas proliferações, que podem 
até fechar usinas. Isso inclui o uso de tecnologia de sensoriamento remoto por satélite 
para detectar a proliferação de algas nas zonas costeiras e o acoplamento desses dados 
a modelos numéricos da hidrologia costeira para melhorar a previsão do transporte das 
florações e de sua aproximação ao continente.
A Unesco considera essas florações uma ameaça à economia e à saúde das nações áridas 
e está comprometida com a capacitação e a cooperação internacional na pesquisa sobre a 
dessalinização e as proliferações de algas.
Principais efeitos da maré vermelha
* Produção de neurotoxinas que causam mortalidade em massa de peixes, aves, 
tartarugas e mamíferos.
* Em humanos, doença ou morte causada pelo consumo de frutos do mar contaminados 
por algas tóxicas.
* Lesão mecânica em outros organismos, como ruptura de tecidos das células epiteliais 
de peixes, causada por asfixia.
* Desoxigenação da água (hipoxia ou anoxia) originária da respiração celular e da 
degradação bacteriana.
Fonte: Maré... (2014).
6.4 Biogeografia do mar aberto
Os cientistas dividiram o oceano em cinco camadas principais. Conhecidas como zonas, elas 
estendem‑se desde a superfície até as profundidades mais extremas, onde a luz não pode penetrar. Essas 
zonas são profundas, e algumas das criaturas mais bizarras e fascinantes do mar podem ser encontradas 
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ali. À medida que se mergulha mais profundamente nessas zonas, em grande parte inexploradas, a 
temperatura cai e a pressão aumenta a uma velocidade espantosa.
A seguir, temos a lista de cada uma dessas zonas, em ordem de profundidade:
• Zona epipelágica: a camada de superfície do mar é conhecida como a zona epipelágica, 
estendendo‑se desde a superfície até 200 m de profundidade. É também conhecida como zona 
de luz solar, porque é ali que a maior parte da luz visível existe. Com a luz, vem o aquecimento, 
responsável para a ampla gama de temperaturas que ocorrem nela.
• Zona mesopelágica: abaixo da zona epipelágica temos a zona mesopelágica, estendendo‑se a 
partir de 200 até 1.000 m de profundidade. A zona mesopelagica é muitas vezes referida como a 
zona de crepúsculo, pois a luz que penetra nessa profundidade é extremamente fraca. Nessa zona 
se começam a ver as luzescintilantes de criaturas bioluminescentes, e uma grande diversidade de 
peixes estranhos e bizarros pode ser encontrada aqui.
• Zona batipelágica: a próxima camada é chamada de zona batipelágica. É por vezes referida 
como a zona da meia‑noite ou zona escura. Se estendendo de 1.000 até 4.000 m de profundidade, 
a única luz ali visível é produzida pelos próprios animais. A pressão da água a essa profundidade 
é imensa, mas, apesar disso, um número surpreendentemente grande de criaturas pode ser 
encontrado aqui. Alguns tipos de baleias podem mergulhar para baixo a esse nível em busca de 
alimento. A maioria dos animais que vivem a essas profundidades é de cor preta ou vermelha 
devido à ausência de luz.
• Zona abissopelágica (abissal): a camada seguinte, chamada zona abissopelágica, também é 
conhecida como zona abissal ou simplesmente como abismo. Seu nome vem de uma palavra grega 
que significa sem fundo. Ela se estende desde 4.000 até 6.000 m de profundidade. A temperatura 
da água é próxima de zero, e não há nenhuma luz. Poucas criaturas podem ser encontradas nessas 
profundidades devido à pressão. Os organismos encontrados são na sua maioria invertebrados, 
como estrelas‑do‑mar e pequenas lulas. Três quartos do fundo do oceano estão dentro dessa zona. 
O mais profundo peixe já descoberto foi encontrado na Fossa de Porto Rico, a uma profundidade 
de 8.372 m.
• Zona hadopelágica: além da zona abissal encontra‑se a zona hadopelágica. Essa camada se 
estende de 6.000 m até as partes mais profundas do oceano. O ponto mais profundo do oceano 
está localizado na Fossa das Marianas, na costa do Japão, a 10.911 m de profundidade. A pressão é 
de incrível oito toneladas por polegada quadrada. Isso é aproximadamente o peso de 48 Boeings 
747. Apesar da pressão e temperatura, a vida ainda pode ser encontrada nessa região. Invertebrados 
como estrelas‑do‑mar e vermes tubulares podem prosperar nessas profundidades.
A biogeografia dos mares abertos tem grande dependência de um fenômeno importante, que são 
os padrões de circulação de água nos oceanos. É justamente essa circulação que permite a distribuição 
e consequentes diferenças nas concentrações de nutrientes, fator que diretamente afeta os padrões de 
distribuição da vida nos mares. Uma das características mais importantes para a biogeografia marinha é 
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a de que as condições não se alteram uniformemente. Ao contrário, existe uma zona na qual ocorre uma 
brusca mudança nas características, zona esta conhecida como picnoclíneo. O picnoclíneo é o limite 
ecológico mais importante no oceano e fundamental na definição dos hábitats e, consequentemente, 
das biotas existentes.
Holocausto azul
Vítimas do aperfeiçoamento da indústria da pesca no século passado, algumas espécies 
de baleias podem nunca mais se recuperar da caça desenfreada
Quando o escritor Herman Melville publicou Moby Dick, em 1851, baleias ainda 
eram seres ameaçadores para os homens que as caçavam. Cerca de 20 anos depois do 
lançamento do livro, duas inovações tecnológicas começaram a reverter o jogo. Os arpões 
simples foram substituídos por armas explosivas (mais letais). As fábricas de processamento 
se modernizaram e se disseminaram pelos centros baleeiros. Em 1903, o surgimento dos 
barcos‑fábrica dinamizou ainda mais o processo.
O desenvolvimento tecnológico permitiu lucros exorbitantes para a indústria, mas trouxe 
danos indeléveis para o meio ambiente. Entre os séculos 18 e 19 demorava‑se 187 anos 
para matar 300 mil cachalotes; já no século 20, o mesmo número de baleias dessa espécie 
foi abatido entre 1962 e 1972. O saldo final – levantado por pesquisadores do New Bedford 
Whaling Museum e do National Marine Mammal Laboratory (EUA) e divulgado em março – é de 
2,8 milhões de animais mortos para fins comerciais. Espécies como a baleia‑azul, que teve 90% 
de sua população dizimada, estão ameaçadas e correm o risco de nunca mais se recuperar.
Século sangrento
A pesca à baleia atingiu o auge na metade do século 20. Grupos conservacionistas 
passaram então a pressionar a indústria, que foi obrigada a frear a caça. Hoje é proibido 
pescar baleias com fins comerciais. Veja a evolução da atividade:
1903 – Telegraf, o primeiro barco‑fábrica, é colocado em operação.
1904 – Criada a primeira fábrica de processamento de baleias do hemisfério Sul, na ilha 
Geórgia do Sul.
1937 – É firmado o primeiro acordo internacional para regulamentação da caça às 
baleias, em Londres. Entre 1934 e 1939, mais de 34.000 baleias são mortas por ano.
1939 a 1945 – A atividade baleeira diminui durante a Segunda Guerra Mundial, mas 
retorna com tudo após o término do conflito.
1960 – 62.129 baleias são mortas no hemisfério Sul num único ano, recorde regional 
do século.
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1957 a 1961 – Os anos mais predatórios no hemisfério Sul: 280.133 baleias foram abatidas.
1963 – O cachalote se torna o espécime mais caçado.
1965 – A International Whaling Commission (IWC) embarga temporariamente a matança 
de jubartes.
1966 – 33.473 baleias são mortas no hemisfério Norte no mesmo ano, recorde regional 
do século.
1966 a 1970 – Os anos mais predatórios no hemisfério Norte: 153.722 baleias abatidas.
1975 – O Greenpeace lança a campanha “Salve as Baleias”. Movimentos de proteção 
aos animais exigem medidas mais contundentes contra a atividade baleeira ao longo dos 
anos 1970.
1982 – A IWC aprova o embargo que proíbe a caça à baleia para fins comerciais. Mesmo 
assim, alguns países ainda pescam o cetáceo até hoje, como o Japão, a Noruega e a Islândia.
Fonte: Gomide (2015).
6.5 Padrões de circulação de águas oceânicas
Uma corrente oceânica pode ser definida como um movimento horizontal da água do mar no 
oceano. As correntes oceânicas são movidas pela circulação dos ventos acima das águas de superfície, 
interagindo com a evaporação, a profundidade de águas em altas latitudes e a força gerada pela rotação 
da Terra. A tensão de atrito na interface entre o mar e o vento faz a água se mover na direção do vento. 
As grandes correntes oceânicas superficiais são uma resposta da atmosfera e do oceano para o fluxo de 
energia dos trópicos para as regiões polares. Em alguns casos, as correntes são características transientes 
e afetam apenas uma pequena área. Outras correntes oceânicas são essencialmente permanentes e 
estendem‑se ao longo de grandes distâncias horizontais.
Em uma escala global, grandes correntes oceânicas são forçadas pelas massas continentais encontradas 
nas fronteiras das três bacias oceânicas. Essas fronteiras continentais fazem com que essas correntes 
desenvolvam um padrão circular quase fechado, chamado de giro. Cada bacia do oceano tem um grande 
giro localizado a aproximadamente 30° Norte e um a 30° Sul, nas regiões subtropicais. As correntes nesses 
giros são acionadas pelo fluxo atmosférico produzido pelos sistemas de alta pressão subtropicais. Giros 
menores ocorrem no Atlântico Norte e Pacífico centrado em 50° Norte. As correntes nesses sistemas 
são impelidas pela circulação produzida pelos centros polares de baixa pressão. No hemisfério Sul, esses 
sistemas giros não se desenvolvem por causa da falta massas de terras limitantes. Um giro típico exibe 
quatro tipos de correntes unidas: duas correntes alinhadas Leste‑Oeste encontradas, respectivamente, nas 
extremidades superior e inferior do giro, e duas correntes de contorno orientado Norte‑Sul, fluindo em 
paralelo às margens continentais. A direção do fluxo dentro dessas correntes é determinada pela direção 
da circulação do vento em macro escala, interagindo com a força de rotação daTerra.
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Quando são abordadas as correntes oceânicas, temos as correntes de superfície dos giros subtropicais. 
Em ambos os lados do Equador, em todas as bacias oceânicas, existem duas correntes de fluxo oeste: o 
Norte e o Sul Equatorial. Essas correntes fluem entre 3 e 6 km por dia e geralmente se estendem de 100 a 
200 m de profundidade abaixo da superfície do oceano. A Equatorial contracorrente, que flui em direção 
ao Leste, é um retorno parcial da água levada para Oeste pelas correntes do Norte e do Sul Equatorial. Em 
anos de El Niño, essa corrente se intensifica no Oceano Pacífico. Fluindo a partir do Equador para latitudes 
elevadas estão as correntes de contorno oeste. Essas correntes de água quente têm nomes específicos 
associados à sua localização: Atlântico Norte (Gulfstream), Pacífico Norte (Kuroshio), Atlântico Sul (Brasil), 
Pacífico Sul (East Australia) e Oceano Índico (Agulhas). Todas essas correntes viajam a velocidades entre 40 
e 120 km por dia. Correntes de contorno oeste são as mais profundas dos fluxos de superfície do oceano: 
geralmente se estendem 1.000 m abaixo da superfície do oceano.
Correntes de altas latitudes para o Equador são as correntes de limite oriental. Estas correntes de 
água fria também têm nomes específicos associados à sua localização: Atlântico Norte (Canary), Pacífico 
Norte (Califórnia), Atlântico Sul (Benguela), Pacífico Sul (Peru) e Oceano Índico (West Australia). Todas 
essas correntes são geralmente grandes – viajam a velocidades entre 3 e 7 km por dia. No hemisfério 
Norte, o Pacífico Norte e a corrente que flui do Atlântico Norte‑Leste movimenta as águas de correntes 
de contorno oeste para os pontos de partida das correntes de limite oriental.
A corrente do Pacífico Sul, a do Sul da Índia e a do Atlântico Sul fazem a mesma função no hemisfério 
Sul. Essas correntes estão associadas à Corrente Circumpolar Antártica. Devido à ausência de massa de 
terra nessa zona de latitude, a Corrente Circumpolar Antártica flui de forma contínua ao redor da 
Antártida e apenas fornece um retorno parcial de água para as três bacias oceânicas do hemisfério Sul.
Já as correntes de superfície de giros polares só existem nas bacias do Atlântico e do Pacífico, no 
hemisfério Norte. Elas são impulsionadas pelos ventos no sentido anti‑horário, associados com o 
desenvolvimento de centros de baixa pressão permanente a 50° de latitude ao longo das bacias oceânicas.
Os oceanos também têm significativas correntes que fluem abaixo da superfície. Correntes 
subsuperficiais geralmente viajam a uma velocidade muito mais lenta quando comparadas aos fluxos 
de superfície. As correntes subterrâneas são conduzidas por diferenças na densidade da água do mar. 
A densidade da água do mar nos oceanos varia devido a variações de temperatura e salinidade. A água 
do mar perto da superfície começa a sua viagem nas profundezas do oceano no Atlântico Norte. A 
subsidência dessa água é causada por níveis elevados de evaporação que diminuem e aumentam a 
salinidade da água do mar à medida que flui em direção aos polos. A subsidência (afundamento) dessa 
água fria, densa e salina ocorre entre o norte da Europa e Groenlândia e ao norte de Labrador, no 
Canadá. Essa água do mar, em seguida, move‑se ao sul em profundidade ao longo da costa do norte e 
América do Sul até atingir a Antártida.
Na Antártida, a água do mar fria e densa viaja para o Leste e acaba se ajuntando a outra corrente 
profunda, que é criada por evaporação e submersão, ocorrendo entre Antártida e o extremo sul da 
América do Sul. Em sua viagem para o Leste, o fluxo frio profundo divide‑se em duas correntes, uma 
das quais se move para o Norte. No Pacífico Norte e no Oceano Índico Norte, essas duas correntes são 
elaboradas a partir do fundo do oceano para a superfície pela ressurgência induzida pelo vento. A água 
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aquece na superfície e forma uma corrente que flui na superfície eventualmente, de volta ao ponto de 
partida no Atlântico Norte, ou na criação de um fluxo superficial que circula em torno da Antártida. Um 
circuito completo desse fluxo da água do mar é estimado em cerca de 1.000 anos.
6.6 Biomas e províncias oceânicas
Biomas e províncias biogeográficas foram desenvolvidos no Instituto de Oceanografia de Bedford, 
Canaá, por A. R. Longhurst. Oceanos são divididos em províncias biogeográficas com base no papel 
desempenhado pelas forças físicas que regulam a distribuição de fitoplâncton em todo o mundo. Apesar 
de esses fatores não serem fixos nem no tempo nem no espaço, mas sim um movimento de acordo com 
as mudanças sazonais interanuais, um plano de mapa é fornecido para mostrar a forma como os oceanos 
estão divididos. De acordo com essa divisão, quatro biomas principais destacam‑se: o Bioma Polar, o 
Bioma dos Ventos do Oeste, o Bioma dos Ventos Alísios e o Bioma da Zona Costeira (LONGHURST, 1998). 
Esses quatro biomas são reconhecíveis em todas as grandes bacias oceânicas. Em um nível seguinte 
de redução, as bacias oceânicas são divididas em províncias que fornecem um modelo para análise de 
dados ou para a atribuição de parâmetros na escala global.
Leia o texto:
Estudos traçam 1º mapa da vida do mar
Censo da Vida Marinha identificou cerca de 230 mil espécies em 25 áreas do oceano, 
incluindo águas do Brasil
Crustáceos, os “insetos” do mar, são um quinto dos seres vivos; pesca predatória e 
destruição de hábitat ameaçam
Um pacotão de pesquisas de acesso livre, divulgadas ontem, sintetiza o esforço de dez 
anos para tornar a biodiversidade dos oceanos menos misteriosa. O resultado, porém, está 
mais para uma medida do desconhecimento humano sobre os mares. E isso porque a equipe 
internacional do Censo da Vida Marinha conseguiu mapear cerca de 230 mil espécies em 
25 áreas dos mares. O buraco, contudo, é mais embaixo: entre um quarto e três quartos 
dos seres vivos marinhos, dependendo da região, ainda precisa ser batizados pela ciência, 
estimam os pesquisadores.
Apesar disso, algumas conclusões já podem ser esboçadas. Em dez artigos na revista 
científica “PLoS One” (www.plosone.org), a equipe coordenada por Mark Costello, da 
Universidade de Auckland (Nova Zelândia), mostra, por exemplo, que bichos como focas, 
baleias e gaivotas são só a ponta do iceberg – 2% da diversidade – da vida marinha.
Camarões no comando
Os verdadeiros senhores dos mares são camarões, caranguejos e seus parentes menos 
conhecidos – os crustáceos, equivalentes a um quinto de tudo o que nada, flutua ou rasteja 
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por lá. “É o esperado”, afirma Fábio Lang da Silveira, zoólogo da USP e gestor do Obis, banco 
de dados sobre a localização de espécies do censo, na região do Atlântico Tropical.
“Assim como em terra firme os insetos são os mais diversificados, acontece a mesma coisa 
no oceano com os crustáceos, os quais, tal como os insetos, também são artrópodes”, explica ele.
Por enquanto, as áreas consideradas campeãs de biodiversidade são as águas da Austrália 
e do Japão, ambas com 33 mil espécies. O Brasil tem cerca de 9.000 espécies registradas, um 
pouco menos que a média.
Outra constante, independentemente do oceano visitado: as ameaças. As principais são 
o excesso de pesca e a destruição de hábitats.
Fonte: José Junior (2010).
 Saiba mais
Sobre problemas ambientais nos biomas marinhos causados por ação 
antropogênica, você pode ler os textos a seguir:
MESQUITA, R. V. de. Um oceano de problemas.Revista Planeta, ed. 
515, 23 dez. 2015. Disponível em: <http://www.revistaplaneta.com.br/
um‑oceano‑de‑problemas/>. Aceso em: 13 jan. 2016.
___. O rei em perigo. Revista Planeta, ed. 515, 23 dez. 2015. Disponível 
em: <http://www.revistaplaneta.com.br/o‑rei‑em‑perigo/>. Aceso em: 13 
jan. 2016.
6.7 Biogeografia de mares rasos
Algumas pessoas assumem que o recife de coral faz parte de um bioma oceânico. Mesmo que os recifes 
sejam encontrados no oceano, eles são entidades separadas. Um bioma do recife de coral encontra‑se 
em uma área de água rasa clara dentro do oceano. A temperatura nesse bioma fica geralmente entre 
20 e 28 ºC. Biomas de recifes de coral são muito comuns, sendo encontrados principalmente nas áreas 
tropicais, por exemplo, na costa oriental da África, na costa sul da Índia, na Austrália, no Mar Vermelho, 
na Flórida, nos Estados Unidos, ao longo do Caribe e ao longo da costa do Brasil.
O maior bioma de recife de coral do mundo é encontrado no nordeste da Austrália. Chamado de 
Grande Barreira de Corais, se estende por 2.000 km. O recife de coral mais diversificado é encontrado em 
torno da Indonésia. Os recifes de coral apresentam a maior diversidade de espécies de vertebrados por 
área conhecida, podendo abrigar entre 35 e 60 mil diferentes organismos. Embora ocupe apenas cerca 
de 1% da área dos oceanos, os recifes comportam cerca de 25% das espécies (KHON, 1997). Especialistas 
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acreditam que a latitude dos biomas de recifes de coral, bem como a direção do movimento da água, 
afeta o que é capaz de viver ali. Águas mornas são necessárias para um bioma de recife de coral existir. 
É por isso que eles estão em mares rasos.
Existem três tipos diferentes de recifes de coral que foram identificados. Primeiramente, os recifes são 
aqueles encontrados ao longo da costa. Eles estão ao longo das águas rasas da plataforma continental. 
Existem também os recifes de barreira, que estão mais para regiões de lagoas. Eles realmente criam uma 
barreira entre o mar e a área da lagoa. Por último, há os atóis de coral, que são anéis de corais. Eles são 
realmente os restos de vulcões sob a água. O vulcão vai continuar a afundar, e, como resultado, o recife 
de coral vai continuar a crescer.
A biologia dos corais explica sua limitada distribuição pelo planeta. Fatores como quantidade de 
nutrientes, temperatura e iluminação são importantes para o desenvolvimento e manutenção dos corais. 
Curiosamente, os corais são encontrados em áreas onde os níveis de nutrientes são baixos, ocasionando 
uma baixa produtividade primária do fitoplâncton. Os corais parecem crescer nesses ambientes devido 
à existência de algas zooxantelas que encontram um bom ambiente nutritivo entre os hidrozoários nos 
quais vivem (COX; MOORE, 2013). A temperatura parece ser outro fator importante, mais até do que a 
iluminação, visto que alguns corais podem crescer em mares mais profundos, em que a luminosidade é 
menor, mas que mantém os níveis de temperatura.
A análise da distribuição dos corais pelo globo mostra um padrão peculiar. É possível observar 
que a diversidade de corais está relacionada tanto à latitude quanto à longitude (PAULAY, 1997). Da 
observação da distribuição dos corais, nota‑se que os corais localizados nos extremos ocidentais dos 
oceanos apresentam maior biodiversidade do que os extremos orientais. Essa importante diferença pode 
ser, em parte, explicada pelo padrão das correntes oceânicas. As correntes oceânicas equatoriais, as 
quais possuem temperaturas mais elevadas, são direcionadas a Oeste, e quando atingem a margem 
continental acabam por divergir para Norte e Sul, levando águas aquecidas para as latitudes mais 
distantes. Ao contrário, a emersão de águas frias ocorrendo nas margens orientais acaba inibindo o 
crescimento de corais.
Acidificação dos oceanos ameaça espécies que vivem em recifes de coral
Simulações em tanques artificiais sugerem que diminuição do pH da água do mar nas 
próximas décadas ameaça organismos da meiofauna
Projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em 
inglês) estimam que o processo de acidificação dos oceanos deve se acelerar com o aumento 
da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que em parte é absorvida 
pelo mar. No melhor dos cenários, a queda no pH – indicador de acidez, neutralidade ou 
alcalinidade – será entre 0,06 e 0,07 até o ano de 2100. No pior, entre 0,30 e 0,32. Em um 
estudo publicado na revista Coral Reefs, um grupo de pesquisadores do Centro de Ciências 
Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) analisou como comunidades 
de organismos da chamada meiofauna de recifes de coral responderão à acidificação dos 
oceanos. Por meio de simulações em tanques artificiais, eles verificaram que exemplares 
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jovens de minúsculos crustáceos da ordem Harpacticoida tiveram alta mortalidade devido 
à diminuição induzida do pH da água.
A meiofauna é composta por animais que vivem em estreitos e úmidos labirintos entre os 
grãos da areia e entre as algas das praias do litoral do Brasil. Nesse ambiente aparentemente 
inabitado, esses organismos, em geral com menos que 1 milímetro, desempenham um 
papel importante no ciclo de nutrientes e no fluxo de energia nos ecossistemas aquáticos, 
contribuindo com a transformação de matéria orgânica decomposta em nutrientes que 
ficam disponíveis para outros animais.
No estudo, os pesquisadores da UFPE usaram uma estrutura que busca reproduzir as 
condições naturais em aquários. Neste sistema, chamado mesocosmo marinho, eles coletaram 
a água do mar por um tubo subterrâneo com cerca de 500 metros de comprimento e a 
depositaram em tanques que buscam reproduzir a dinâmica da vida marinha. Cada tanque 
conta com um sensor de temperatura e recebe uma quantidade de CO2, ajustada de acordo 
com cada experimento. Para este estudo, os pesquisadores analisaram 20.371 organismos 
da meiofauna, todos coletados nos recifes de coral do Parque Municipal Marinho do Recife 
de Fora, em Porto Seguro, Bahia.
Os organismos – entre eles crustáceos, poliquetas, tardigrádos e moluscos – foram 
distribuídos pelos tanques e expostos à acidificação por até 30 dias. A água do mar usada, 
com pH em torno de 8,1, teve o pH diminuído em 0.3, 0.6 e 0.9 unidades por meio de 
injeção controlada de CO2. Como o ciclo de vida desses animais é curto, foi possível observar 
os efeitos da acidificação também nos descendentes produzidos durante o experimento. 
Apesar de os adultos de algumas espécies de poliquetas e crustáceos não sofrerem fortes 
impactos, os jovens dos copépodes da ordem Harpacticoida tiveram alta mortalidade.
“Considerando a importância da meiofauna na cadeia alimentar nos ecossistemas 
de recifes de corais, os resultados sugerem que a acidificação dos oceanos poderá causar 
impactos significativos – alguns ainda desconhecidos – em algumas espécies da meiofauna”, 
diz a bióloga Visnu Sarmento, pesquisadora da UFPE e uma das autoras do artigo. “Organismos 
adultos parecem conseguir lidar mais facilmente com a acidificação. No futuro, porém, poderá 
ocorrer uma mudança na dinâmica dessas populações porque a fisiologia dos indivíduos mais 
jovens é muito mais sensível”, diz a bióloga, que também é membro da Rede de Pesquisas 
Coral Vivo, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Segundo estimativas do IPCC, as últimas três décadas foram as mais quentes desde 
1850. As concentrações atmosféricas de CO2 aumentaram em 40% desde os tempos 
pré‑industriais, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis e mudançasno 
uso da terra. Os oceanos absorveram cerca de 30% desse gás que, em contato com a água, 
desencadeia uma série de reações químicas que levam a diminuição do pH da água do mar, 
processo que é popularmente conhecido como acidificação dos oceanos.
Fonte: Andrade (2015a).
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Quanto à diversidade dos corais, podemos descrever os principais tipos de organismos existentes:
• Vegetais: o sol é a fonte de energia para o ecossistema de recife de coral. Corais construtores de 
recifes trabalham em conjunto com algas microscópicas chamadas zooxantelas, que vivem em 
seu tecido. As zooxantelas fornecem oxigênio e alimento para o coral por meio da fotossíntese. 
O pólipo coral dá as algas uma casa e o dióxido de carbono que necessita por meio da respiração. 
Além de zooxantelas, algas e ervas marinhas são os principais tipos de plantas no ecossistema de 
recife de coral. Essas plantas fornecem comida e oxigênio para os animais que vivem no recife. 
Algumas espécies de vegetais são especialmente importantes porque fornecem abrigo para 
animais juvenis do recife, como conchas e lagostas.
• Animais: os animais ou usam os recifes de coral como um ponto de parada, como um oásis, 
conforme eles viajam o mar azul profundo, ou vivem como residentes no recife. Os próprios corais 
são o animal mais abundante no recife. Eles são pequenos organismos chamados pólipos, que se 
ligam ao recife duro e lá vivem para sempre. Os corais são intimamente relacionados com anêmonas 
do mar e águas‑vivas, e utilizam os seus tentáculos para a defesa e para capturar suas presas. Os 
corais podem ser de uma variedade de cores – branco, vermelho, rosa, verde, azul, laranja e roxo 
– devido aos pigmentos naturais e às zooxantelas em seus tecidos. Outros animais que vivem no 
recife coral incluem ouriços‑do‑mar, esponjas, estrelas‑do‑mar, vermes, peixes, tubarões, arraias, 
lagostas, camarões, polvos, caracóis dentre outros. Muitos desses animais trabalham juntos, como 
uma equipe, por exemplo, os pólipos de corais e zooxantelas. Esse trabalho em equipe é chamado 
de simbiose.
Na relação entre o ser humano e os recifes de coral, os ecossistemas dos recifes são importantes 
por muitas razões. Eles removem e reciclam o dióxido de carbono, que é um gás que contribui para o 
aquecimento global, protegem a terra de duras condições meteorológicas, absorvendo o impacto de 
ondas fortes e tempestades, e fornecem alimentos como lagosta e ostras, além de serem também uma 
grande atração turística.
Os recifes de coral são uma grande fonte de biodiversidade. Sem os recifes, muitas dessas plantas 
e animais que acabamos de citar morreriam. Algumas pessoas pensam que os recifes de coral podem 
fornecer medicamentos importantes para as pessoas. Por exemplo, alguns esqueletos de coral podem ser 
utilizados pelos seres humanos como um substituto do osso na cirurgia óssea reconstrutiva. Os recifes 
de coral são também uma ferramenta educacional útil: por meio deles, as pessoas podem aprender 
sobre biomas e ecossistemas, bem como sobre a inter‑relação entre organismos e seu ambiente, por 
estudar os recifes de coral.
No entanto, os recifes de coral estão sendo destruídos a uma taxa alarmante. Estima‑se que já 
tínhamos perdido 10% dos recifes do mundo, e os cientistas dizem que nos próximos 50 anos muitos 
mais terão desaparecido. Essa destruição é muitas vezes relacionada com a atividade humana: poluição, 
esgoto, erosão, pesca irresponsável, práticas de turismo pobres e aquecimento global.
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Figura 59 – Recife de coral
Leia o texto a seguir:
Na lama e na areia do Araçá
Mesmo com a perda de manguezais nas últimas décadas, baía do litoral norte paulista 
exibe alta diversidade biológica
Quando a maré baixa, a baía do Araçá se transforma. As águas se recolhem e a praia 
de areia e cascalho se abre em um lamaçal com centenas de metros de extensão. Adiante, 
podem‑se ver os navios que chegam e saem do porto de São Sebastião, construído ao lado, 
e as canoas dos pescadores próximas à saída da baía, cercada por matas, casas e paredões de 
pedra. Essa enseada de cerca de 500 mil metros quadrados no município de São Sebastião, 
litoral norte de São Paulo, tem revelado uma diversidade inesperada de formas de vida, 
algumas delas alimentadas pela poluição dos esgotos das casas e do porto.
Os detritos despejados na baía pelo córrego Mãe Isabel parecem beneficiar alguns 
grupos de animais, como os oliquetas Heteromastus filiformis e Laeonereis culveri e o 
microcrustáceo Monokalliapseudes schubarti. Mas podem prejudicar outros, de importância 
ecológica ou ameaçados de extinção, como as espécies de poliquetas Eunice sebastiani e 
Diopatra cuprea – semelhantes a minhocas espinhudas. Desde 2012, os 170 pesquisadores 
coordenados pela bióloga Cecília Amaral, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de 
Campinas (Unicamp), investigam os fatores físicos, químicos, geológicos e socioeconômicos 
que influenciam a dinâmica do Araçá. O levantamento da diversidade biológica dessa baía 
levou à identificação de 1.368 espécies de organismos.
A maioria faz parte dos bentos, grupo de organismos que vivem em costões rochosos, 
manguezais e entre grãos de areia. Do total, 56 espécies foram encontradas pela primeira 
vez, como a Jebramella angusta, um verme transparente com tentáculos esbranquiçados, 
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que vive sobre rochas ou em fragmentos de conchas. Com base nos trabalhos iniciados 
nessa baía em 1950, Cecília considera o Araçá a região costeira com uma das mais altas 
biodiversidades do País. Muitos dados do projeto coordenado por ela estão apresentados no 
livro A vida na Baía do Araçá, lançado no dia 5 de agosto em São Paulo.
Em 2014, os dados sobre a diversidade biológica da baía foram usados pelo Ministério 
Público Estadual para contestar, do ponto de vista ambiental, o pedido de outra ampliação 
do porto, considerada essencial para receber navios maiores pela Companhia Docas de São 
Sebastião, estatal responsável por sua administração. A proposta de ampliação, apresentada 
em 2011 pelo governo do estado, prevê a duplicação do porto, hoje com 400 mil metros 
quadrados. Em dezembro de 2013, ao avaliar o relatório de impacto ambiental feito 
pela Companhia Docas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (Ibama) concedeu licença prévia para o início de duas das quatro fases da obra.
Em comunicado à Pesquisa Fapesp, a Companhia Docas informou que a obtenção da 
Licença Ambiental Prévia, concedida pelo Ibama em dezembro de 2013, foi embasada no 
Estudo e Relatório de Impacto Ambiental do projeto, elaborado por uma equipe técnica 
multidisciplinar de aproximadamente 80 profissionais altamente qualificados, composta 
por biólogos, geólogos, geógrafos, oceanógrafos, economistas, engenheiros de pesca, 
ambientais, civis, florestais e agronômicos.
De acordo com o comunicado, a versão mais recente do projeto possibilitaria a 
preservação das áreas de rocha que cercam a baía, as duas pequenas ilhas e as quatro 
praias que a compõem. Ainda segundo a Docas, “ao longo do processo de licenciamento, 
iniciado em 2008, o projeto inicial foi aprimorado justamente para contemplar a alternativa 
ambientalmente mais viável, considerando os fatores técnicos, de avaliação de impactos, 
engenharia e econômicos. A evolução do projeto possibilitou enormes ganhos ambientais, 
dos quais pode‑se citar a drástica redução da área de ocupação da baía do Araçá, que 
passoude 84% para 34%”.
Segundo Antonio Carlos Marques, diretor do Centro de Biologia Marinha da Universidade 
de São Paulo (USP), esse valor refere‑se apenas às duas etapas iniciais de ampliação do 
porto, e não a todo o projeto. Se aprovada integralmente, a ampliação do porto implicaria 
a construção de uma laje de concreto apoiada sobre 17 mil estacas fincadas no fundo 
do mar, como alternativa ao aterro da baía, proposta considerada inicialmente. Marques 
considera que a fixação das estacas comprometeria a troca de água na baía, prejudicando 
as comunidades de organismos e o estoque de peixes da região. Poderia haver também 
outros efeitos. “A perfuração do leito da baía para a instalação das estacas implicaria mover 
cerca de 140 mil metros cúbicos de sedimento do fundo da baía”, diz ele. “Isso liberaria 
substâncias contaminantes para a superfície e alteraria a constituição física atual da área.” 
Já, segundo a Companhia Docas, o uso de estacas “permitirá a troca de água e de nutrientes 
com o mangue, contribuindo com a preservação da vida no local e a fixação de fauna 
aquática, fundamentais para a manutenção e fortalecimento da cadeia trófica”.
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Cecília aponta outro possível efeito da ampliação do porto: a laje prevista sobre a baía 
causaria uma grande área de sombra sobre suas águas. “Sem a luz do sol, as algas não 
conseguiriam fazer fotossíntese e morreriam”, diz ela. “Como consequência, a região se 
tornaria uma zona morta”, conclui o biólogo Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da 
USP e um dos membros da equipe de Cecília, que, como ele e Marques, questiona o processo 
de licenciamento ambiental aprovado pelo Ibama. O debate continua. O Ministério Público 
Estadual usou os argumentos dos pesquisadores que estudam a região para contestar a 
licença prévia concedida pelo Ibama. Em julho de 2014, a licença foi suspensa, por meio de 
decisão judicial provisória (liminar), até que o processo seja julgado.
Fonte: Andrade (2015b).
 Saiba mais
Sobre problemas ambientais nos biomas marinhos causados por ação 
antropogênica, você pode ler o texto a seguir:
MESQUITA, R. V. de. Inépcia nacional. Revista Planeta, ed. 515, 
23 dez. 2015a. Disponível em: <http://www.revistaplaneta.com.br/
inepcia‑nacional/>. Aceso em: 13 jan. 2016.
 Resumo
Bioma é uma formação de plantas e animais que têm características 
comuns devido ao clima semelhante, podendo ser encontrados em 
diferentes continentes. Os biomas são distintos dos hábitats, porque 
qualquer bioma pode compreender uma grande variedade de hábitats. As 
definições de biomas podem considerar, dependendo do autor consultado, 
a sazonalidade de temperatura e a precipitação. Os limites de cada bioma 
correlacionam‑se com as condições de umidade e estresse pelo frio, 
que são fortes determinantes da forma da vegetação e, portanto, da 
vegetação que define a região. Condições extremas, tais como inundações 
em um pântano, podem criar diferentes tipos de comunidades dentro 
do mesmo bioma. Os principais biomas considerados são: tundra, taiga, 
florestas temperadas, campos, desertos e florestas tropicais fluviais, além 
dos biomas aquáticos.
O Brasil, por apresentar uma enorme extensão territorial, possui 
diferentes tipos de biomas. Os biomas brasileiros abrigam uma porção 
significativa da biodiversidade mundial, constituindo importantes centros 
de biodiversidade pela combinação de altos níveis de riqueza e endemismo. 
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Dentre os biomas brasileiros, temos: bioma amazônico, bioma caatinga, 
bioma Pantanal, bioma Mata Atlântica, bioma pampa, bioma cerrado.
Já com relação aos biomas aquáticos, eles podem ser divididos entre 
os oceanos e os ambientes de água doce. O oceano é o maior dos biomas 
da Terra, cobrindo 70% da superfície do planeta. A vida no oceano é muito 
diversificada, podendo variar desde criaturas microscópicas até grandes 
baleias. O oceano não é o mesmo em todos os lugares. Existem muitos 
ecossistemas diferentes dentro do oceano dependendo das condições, tais 
como a temperatura da água, a quantidade de luz solar que nela penetra e 
a quantidade de nutrientes ali presentes. A profundidade de luz solar que 
penetra no oceano tem impacto direto na biodiversidade marinha. Quase 
toda a vida marinha (cerca de 90%) vive na camada iluminada pelo sol 
sobre o oceano. Lá, fitoplânctons, algas e plantas como ervas marinhas 
fazem seu próprio alimento a partir do processo de fotossíntese e são o 
começo da maioria das cadeias alimentares marinhas. A temperatura da 
água do mar varia dependendo da sua localização. Águas perto das regiões 
polares são mais frias do que as águas perto do Equador. A água que está 
no fundo do oceano é mais fria do que a água que está perto da superfície 
do oceano. Muitos animais e outros organismos só podem sobreviver em 
determinadas temperaturas, mas outros são capazes de sobreviver a uma 
gama de temperaturas e podem viver em mais lugares no oceano.
As regiões nas quais a biogeografia dos oceanos se divide são: zona 
epipelágica, zona mesopelágica, zona batipelágica, zona abissopelágica ou 
abissal e zona hadopelágica.
 Exercícios
Questão 1. (ENEM, 2011. Adaptada). Certas espécies de algas são capazes de absorver rapidamente 
compostos inorgânicos presentes na água, acumulando‑os durante seu crescimento. Essa capacidade fez com 
que se pensasse em usá‑las como biofiltros para a limpeza de ambientes aquáticos contaminados, removendo, 
por exemplo, nitrogênio e fósforo de resíduos orgânicos e metais pesados provenientes de rejeitos industriais 
lançados nas águas. Na técnica do cultivo integrado, animais e algas crescem de forma associada, promovendo 
um maior equilíbrio ecológico. 
Fonte: SORIANO, E. M. Filtros vivos para limpar a água. Revista Ciência Hoje, v. 37, n. 219, 2005.
A utilização da técnica do cultivo integrado de animais e algas representa uma proposta favorável a um 
ecossistema mais equilibrado porque
A) os animais eliminam basicamente oxigênio, que é usado pelas algas para a síntese de biomassa. 
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BIOGEOGRAFIA/SOCIOBIOGEOGRAFIA E AMBIENTE
B) os animais fornecem excretas orgânicos nitrogenados, que são transformados em gás carbônico 
pelas algas.
C) as algas usam os resíduos nitrogenados liberados pelos animais e eliminam gás carbônico na 
fotossíntese, usado na respiração aeróbica. 
D) as algas usam os resíduos nitrogenados provenientes do metabolismo dos animais e, durante a 
síntese de compostos orgânicos, liberam oxigênio para o ambiente. 
E) as algas aproveitam os resíduos do metabolismo dos animais e, durante a quimiossíntese de 
compostos orgânicos, liberam oxigênio para o ambiente.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: é eliminado pelos animais compostos nitrogenados processados pelas algas com 
produção de oxigênio. É o contrário.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: no processo de fotossíntese, ocorre a produção de carboidratos a partir do dióxido de 
carbono, água e energia luminosa, pois há consumo de carbono pelas algas, com produção de oxigênio.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: é o contrário, pois o gás carbônico não é o gás eliminado, mas processado, nem é o 
principal gás utilizado na respiração aeróbica.
D) Alternativa correta.
Justificativa: os resíduos nitrogenados produzidos pelos animais no processo de excreção (como 
ureia e amônia) são utilizados pelas algas. Por outro lado, ao