Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS ANDRÉ BAPTISTA HIAKUNA ESTUDO DE CASO DA IMPLANTAÇÃO DO DESIGN THINKING NO ITAÚ UNIBANCO S.A. Limeira 2015 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS ANDRÉ BAPTISTA HIAKUNA ESTUDO DE CASO DA IMPLANTAÇÃO DO DESIGN THINKING NO ITAÚ UNIBANCO S.A. Orientador: Prof. Edmundo Inácio Jr. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em gestão de empresas Limeira 2015 Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Ciências Aplicadas Renata Eleuterio da Silva - CRB 8/9281 Hiakuna, André Baptista, 1992- H52e HiaEstudo de caso da implantação do design thinking no Itaú Unibanco S.A. / André Baptista Hiakuna. – Campinas, SP : [s.n.], 2015. HiaOrientador: Edmundo Inácio Júnior. HiaTrabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas. Hia1. Design. 2. Bancos. 3. Gestão da inovação. I. Inácio Júnior, Edmundo,1972-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Aplicadas. III. Título. Informações adicionais, complementares Palavras-chave em inglês: Design Banks Innovation management Titulação: Bacharel em Gestão de Empresas Banca examinadora: Eduardo Avancci Dionisio Data de entrega do trabalho definitivo: 26-11-2015 Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Aos meus pais, minha irmã, minha namorada e aos meus amigos. Se não fosse o companheirismo de todos, eu não teria conseguido. Obrigado. AGRADECIMENTOS Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais, Benedita e José Carlos, pelo amor, criação e suporte durante toda minha formação cultural. Ao meu orientador, Prof. Dr. Edmundo Inácio Junior, pela compreensão, ajuda e atenção oferecida durante a elaboração deste trabalho; A todos os profissionais do Itaú Unibanco de alguma forma contribuíram com a realização deste trabalho. Serei eternamente grato por toda dedicação, disposição e colaboração. Aos professores, colegas e amigos, que de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. A minha irmã, Lívia, pelo companheirismo. A Maria Helena Franceschini, por todo amor, carinho e compreensão. A todos meus amigos, por entenderem minha ausência na conclusão desta etapa. A todos, por esses motivos e muitos outros, o meu sincero obrigado. “Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los." Isaac Asimov HIAKUNA, André. ESTUDO DE CASO DA IMPLANTAÇÃO DO DESIGN THINKING NO ITAÚ UNIBANCO S.A. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Gestão de Empresas) – Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas, Limeira, 2015. RESUMO Diante de um cenário econômico altamente competitivo, quem não inova, não sobrevive. Assim cada vez mais se busca a diferenciação através da inovação, porém pouco se entende sobre esse processo, a sua gestão e evolução. Uma das formas de se tentar estruturar essa ciência é a entender as etapas do pensamento do designer, transformando-o em uma metodologia a ser estudada e aplicada dentro da ciência da gestão. Este trabalho tem como objetivo se propor a entender através de um estudo de caso, como essa abordagem pode ser aplicada em uma empresa do setor terciário, especificamente da área bancária, como no caso banco Itaú Unibanco. Ainda prevê- se entender as principais diferenças entre a teoria e a prática implantação da metodologia. Palavras-Chave: 1. Design Thinking 2. Design 3. Bancos 4. Gestão da Inovação HIAKUNA, André. ESTUDO DE CASO DA IMPLANTAÇÃO DO DESIGN THINKING NO ITAÚ UNIBANCO S.A. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Gestão de Empresas) – Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas, Limeira, 2015. ABSTRACT In a highly competitive economic scenario, only survives who innovates. Therefore, the search for differentiation through innovation has been growing significantly; however, the knowledge about its process, management and evolution is still small. One of the ways to try to structure this science is to understand the stages of the designer thinking, turning it into a methodology to be studied and applied in the management science. This paper aims to understand through a case study how this approach can be applied in a tertiary sector company, specifically in the banking sector, as Itaú Unibanco. Furthermore, is expected to understand the main differences between the theory and the practical implementation of the methodology. Palavras-Chave: 1. Design Thinking 2. Design 3. Bancos 4. Gestão da Inovação LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Três etapas do Design Thinking ...................................................... 23 Figura 2 - Restrições de Design Thinking ........................................................ 24 Figura 3 - Puma Clever Little Bag .................................................................... 25 Figura 4 - Sistema de Logística e Logística Reversa das Caixas .................... 26 Figura 5 - Sacola e placa da embalagem ........................................................ 26 Figura 6 - Logo do Itaú..................................................................................... 35 Figura 7 - Logo do Itaú Uniclass ...................................................................... 36 Figura 8 - Logo do Itaú Personnalité ............................................................... 36 Figura 9- Logo do Itaú PrivateBank ................................................................. 38 Figura 10 - Logo do Itaú BBA .......................................................................... 38 Figura 11 - Propaganda do primeiro Caixa Eletrônico ..................................... 40 Figura 12 - Foto do Centro Tecnológico de Mogi Mirim Brasil ......................... 42 Figura 13 - Foto do Hackathon Itaú 2014 ....... Erro! Indicador não definido.42 Figura 14 - Foto interna do espaço Cubo Coworking ...................................... 43 Figura 15 - Inovateca do CTO ......................................................................... 45 Figura 16 - Equipe do Itaú em ambiente diferenciado ..................................... 48 Figura 17 - Foto do evento Insights em 2013 .................................................. 49 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CPD - Centro Português de Design LIS - Limite Itaú Para Saque INSS - Instituto Nacional do Seguro Social CEI - Caixas Eletrônicos do Itaú CEO - Chief Executive Officer WMS - Wealth Manegement & Services MVP - Minimum Viable Product SENAI– Sistema Nacional de Aprendizagem DT - Design Thinking CTO - Centro de Tecnologia Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14 1.1. Declaração do Problema ................................................................................. 14 1.2. Limites ............................................................................................................. 16 1.3. Objetivos da Pesquisa ..................................................................................... 16 1.3.1. Objetivo Geral .............................................................................................. 16 1.3.2. Objetivos específicos ................................................................................... 17 1.4. Justificativa do Tema ....................................................................................... 17 2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 18 2.1. Design ............................................................................................................. 18 2.1.1. Conceitos de Design .................................................................................... 18 2.1.2. Aplicações do Design ................................................................................... 20 2.1.3. Relevância do design e da inovação no contexto empresarial ..................... 21 2.2. Design Thinking ............................................................................................... 22 2.2.1. Fundamentos do design thinking ................................................................. 23 2.2.2. A importância do design thinking para o mundo coorporativo. ..................... 27 3. METODOLOGIA ................................................................................................. 29 3.1. Caracterização da pesquisa ............................................................................ 29 3.2. Método de pesquisa ........................................................................................ 30 3.3. O campo do estudo de caso ............................................................................ 31 3.4. Técnica de coleta e análise de dados ............................................................. 31 3.5. Limitações do método ..................................................................................... 32 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................... 33 4.1. Caracterização da Empresa ............................................................................ 33 4.1.1. Fusão: Itaú e Unibanco ................................................................................ 34 4.1.2. Serviços e Segmentação ............................................................................. 35 4.2. Itaú Unibanco e Inovação ................................................................................ 39 4.3. Design Thinking no Itaú ................................................................................... 44 4.4. Contribuição do design thinking no desenvolvimento da cultura de inovação no Itaú Unibanco ............................................................................................................ 50 4.4.1. Mentalidade Incorporada .............................................................................. 50 4.4.2. Experiência centrada no usuário .................................................................. 51 4.4.3. Prototipação ................................................................................................. 51 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 52 5.1. Limitações da pesquisa ................................................................................... 53 5.2. Futuras pesquisas ........................................................................................... 53 5.3. Contribuições da pesquisa .............................................................................. 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 55 14 1. INTRODUÇÃO 1.1. Declaração do Problema Em 1965, Gordon E. Moore, então presidente da Intel, escreveu um artigo de cunho cientifico à revista Eletronic Magazine. Nele, Moore (1965) afirma que o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada período de 18 meses. Posteriormente, determinado trecho veio a ser conhecido como Lei de Moore. De forma a estender a lei de Moore, o escritor, cientista da computação, inventor, futurista e diretor de engenharia do Google, Kurweil (2001), relaciona esse crescimento exponencial não só ao número de transistores em um chip, mas sim ao progresso tecnológico como um todo. Essa relação denominada “A Teoria das Mudanças Aceleradas” serve como um excelente ponto de partida para avaliarmos a velocidade com que ocorreram as principais mudanças do último século, em um mundo cada vez mais globalizado, onde a inovação se encontra muitas vezes atrelada ao mundo coorporativo. Juntamente com as mudanças tecnológicas, as formas tradicionais de gestão acabam se revelando inadequadas atualmente e assim, novos modelos de gestão acabam surgindo (ROSSETTI, A ET AL., 2005). Segundo Becattini (1999), o novo cenário competitivo propõe que ocorra uma tendência de saturação da demanda devido as rápidas mudanças. Dessa forma, o sucesso tende a ser determinado não mais pela capacidade produtiva, mas sim pela capacidade inovadora. O foco da atividade econômica passou da produção industrial à criação de conhecimento e prestação de serviços e se pensarmos apenas na inovação através da ótica tecnológica e tradicional, iremos optar por uma, dentre várias ideias existentes, que provavelmente irá ser superada por novos avanços doméstico ou no exterior (BROWN, 2010). Seguindo modelos tradicionais de gestão, muitas empresas acabam falhando na construção de modelos de inovação, pois mesmo buscando conceitos que irão revolucionar o mercado, ainda ficam presos em modelos rígidos de análise e escolha. Assim, ideias realmente revolucionárias acabam se perdendo em um filtro estreito 15 estruturado em pensamentos tradicionais, os quais possuem um histórico, ou semelhante, que traga mais segurança a organização como um todo, gerando como resultado apenas focado nas melhorias dos produtos existentes. Além disso, deve-se levar em consideração que para poder reagir a um intervalo cada vez mais curto de mudanças e inovações em um mercado competitivo, a organização não deve focar apenas na produção de novas tecnologias, mas sim introduzir a modernização à estrutura da empresa, aos modelos de gestão utilizados e na aplicação de estratégias. Como resultado, tem-se a alteração da dinâmica das formas de organização de trabalho, priorizando a flexibilidade e agilidade das comunicação e integração entre todos os subgrupos da organização (ROSSETTI, 2005). Posto isso, o momento atual da nova economia incentiva a criação de novos modelos de negócio, uma vez que o desenvolvimento da nova economia tem estimulado o empreendedorismo e demonstrado que a soma de boas ideias, conhecimento técnico, motivação, engajamento das equipes e capital tem se mostrado poderosa no sentido de criar novas empresas competitivas no cenário econômico mundial. (DORNELLAS, 2008). As organizações, diante desses novos desafios, buscam o desenvolvimento de profundasmodificações em termos de funcionalidade, sustentabilidade e economia, valorizando profissionais criativos, que pensem de forma multidimensional, buscando novas estruturas que gerem soluções criativas e inovadoras (BEZERRA, 2008). Dessa necessidade, inicia-se uma exploração do design dentro das organizações, que posteriormente é especificada no termo design thinking (DT), que, segundo BROWN (2010) surge do conhecimento gerado ao longo de anos pelos designers, onde se busca a inovação a partir, principalmente, da relação dos recursos técnicos disponíveis com as necessidades do seu público consumidor, além de considerar as restrições práticas do negócio. Esse modus operandis do profissional de design deixou de ser uma exclusividade dos designers e se tornou um conhecimento reconhecidamente importante e necessário à gestão, passando assim a uma ferramenta de inovação e vantagem competitiva. Portanto, fica evidente a importância do aprofundamento do estudo da aplicação do design thinking na dentro de uma organização nacional. 16 1.2. Limites Diante da possibilidade do estudo da aplicação do design thinking como uma das ferramentas mais importantes no atual cenário de inovação brasileiro, faz se necessário a criação deste trabalho, de forma a tentar compreender o funcionamento desta metodologia. Segundo Schumpeter (1982), o equilíbrio econômico pode ser quebrado através da capacidade de transformação inerente à máquina capitalista. A possiblidade de ganhos extraordinários motiva o empreendedorismo, que quando eficaz, mesmo partindo de objetivos individuais, geram uma reorganização da atividade econômica como um todo, garantindo o aspecto instável e evolutivo do sistema capitalista. Diante dessas afirmações, se destaca a necessidade do rompimento desses ciclos de equilíbrio econômico através do processo de inovação. O estudo do design thinking é o aspecto da inovação que iremos focar neste trabalho, por apresentar uma contribuição para a gestão de inovação brasileira, através da geração de valor para a população, que supre as necessidades empresariais, gerando novas ideias que contribuem para sociedade. Como ocorre a aplicação do DT em empresas brasileiras e como isso pode gerar o desenvolvimento para a gestão da inovação nacional, foram os principais questionamentos feitos para elaboração deste estudo. 1.3. Objetivos da Pesquisa Delimitando o escopo, esse trabalho não visa fazer um estudo completo e exaustivo sobre a gestão da inovação e o design, mas sim contextualizar o design thinking no processo de inovação, especificamente dentro e uma prestadora de serviços bancários. 1.3.1. Objetivo Geral Aprofundar o conhecimento sobre a metodologia, as técnicas e a cultura do design thinking e a sua utilização como ferramenta de estratégia, análise, criação e desenvolvimento para inovar dentro do setor terciário, mais especificamente no setor bancário. 17 1.3.2. Objetivos específicos 1. Entender e apresentar um conjunto de literatura sobre o tema do trabalho; 2. Analisar a incorporação do design thinking no setor bancário e os seus resultados; 3. Identificar as diferenças entre a teoria e prática da execução do design thinking; 4. Expor os resultados e conclusões deste trabalho; 1.4. Justificativa do Tema Segundo Brown (2010) a mudança do centro de atividade mundial, da produção industrial para a prestação de serviços e criação de conhecimento, inovar passa a ser uma estratégia de sobrevivência. Essa necessidade de inovação, como estratégia primordial para se manter competitivo, tem se tornado rotina dentro de grandes corporações mundiais como a Google, Apple, Phillips e Nike, que são empresas caracterizadas como inovadoras, não apenas pela tecnologia que desenvolvem, mas pela importância dada ao design (HANSON; NITZSCHE, 2007). Porém, o mesmo desenvolvimento não é realizado no âmbito acadêmico, principalmente quando se refere a conteúdo nacional, a respeito da aplicação dos conhecimentos de design na gestão. Assim sendo, o trabalho deverá servir de material para pesquisas e fonte de informação e estímulo para futuros trabalhos sobre o design thinking e a sua implementação. 18 2. REVISÃO DE LITERATURA A seguir, são apresentados os conceitos de design, sua relevância e aplicação no mundo coorporativo, o surgimento do termo design thinking e sua relevância como ferramenta de inovação. 2.1. Design Assim como todas as demais evoluções citadas na introdução, o design passou por grandes mudanças, se adaptando ao meio em que se insere. Hoje em dia, o design é uma área do conhecimento com grande área de aplicação, integração com diversas outras áreas, através da adaptação que é capaz de realizar. 2.1.1. Conceitos de Design O conceito de design é algo que gera muitas dúvidas e ainda não possui uma definição concreta, como brinca de forma irônica e cômica John Heskett (2005) afirmando que “Design is to design a design to produce a design. ”. Dentre os conceitos mais simples sobre o significado de design encontra-se o de Alexandre Wollner (2005). Considerado um dos principais nomes na formação do design moderno brasileiro, o designer se arriscar a resumi-lo com a palavra projeto. Seguindo o mesmo conceito de projeto, o Senai (2006) defende em sua missão, que design são as intenções que transformam objetos pela técnica, forma e função, encantam, gerando riqueza, tanto intangível quanto material. O conceito encontrado no dicionário Michaelis (2008) é: “de.sign: (dizáin) s.m. (ingl) 1. Concepção de um projeto ou modelo; planejamento. 2. O produto deste planejamento. ”. Já o filósofo tcheco naturalizado brasileiro, Vilém Flusser (2008), descreve a etimologia da palavra: Em inglês a palavra design funciona como substantivo e verbo (circunstância que caracteriza muito bem o espírito da língua inglesa). Como substantivo significa entre outras coisas: ‘propósito’, ‘plano’, ‘intenção’, ‘meta’, ‘esquema maligno’, ‘conspiração’, ‘forma’, ‘estrutura básica’, e todos esses significados estão relacionados a ‘astúcia’ e a ‘fraude’. Na situação de verbo – to design – significa, entre outras coisas ‘tramar algo’, ‘simular’, ‘projetar’, 19 ‘esquematizar’, ‘configurar’, ‘proceder de modo estratégico’. A palavra é de origem latina e contem em si o termo signum, que significa o mesmo que a palavra alemã Zeichen (‘signo’, ‘desenho’). (…) Flusser explica ainda que design é uma nova forma de cultura, onde a arte e a técnica se encontram com a mesma importância. Em outro livro do mesmo autor, é afirmado que o design tem uma importância central na criação de cultura, principalmente na cultura contemporânea. Outra definição para design é dada por Don Kumaragamage (2011), como uma guia ou uma abordagem estratégica para alguém para conseguir uma expectativa única. Ele define as especificações, planos, parâmetros, custos, atividades, processos e como e o que fazer dentro das restrições legais, políticas, sociais, ambientais, de segurança e econômicos para alcançar esse objetivo. O design consiste na melhoria da qualidade de uso do produto, da sua forma e usabilidade, de sua fabricação e sustentabilidade ambiental e social, e até mesmo do acesso ao produto, segundo Bonsiepe (1997). A visualização criativa e sistemática dos processos de interação, das mensagens de diferentes atores sociais, das diferentes funções de uso e adaptações as necessidades dos usuários, e dos resultados de seus impactados são as principais características do design para Beat Schineider (2010).Para a designer, artista plástica, mestre e doutora, Mônica Moura (2003), ter e desenvolver um plano, um projeto, significa pesquisar e trabalhar com referências culturais e estéticas, com o conceito da proposta. Há quem diga que o design deveria ser uma das matérias interdisciplinares de diferentes áreas como engenharia, finanças, arquitetura, medicina, direito, educação, dentre outras, sendo considerado o núcleo de toda formação profissional (SIMON, 1996). Segundo Lucy Niemeyer (2000), existem três tipos distintos de prática e conhecimento no campo do design: a atividade artística, o invento, e a coordenação. O primeiro, atividade artística, tem o compromisso com o artífice, com a fruição do uso. Já o invento, segundo, está mais para o planejamento com o compromisso prioritário com a produtividade do processo de fabricação e com a atualização tecnológica. Já o último aspecto, a coordenação, tem a função de integrar os aportes de diferentes especialistas. 20 Para Mozota (2003), dentro do mundo coorporativo, o design vem se estabelecendo como uma ferramenta que gera o maior número de soluções viáveis e inteligentes. Podemos até fazer um comparativo do campo de conhecimento da gestão com o do design, uma vez que ambos são uma atividade de resolução de problemas através de um sistema lógico e ordenado. Mesmo com tantos significados e origens etimológicas diferentes, o principal agente na definição acaba sendo o próprio mercado que se utiliza desses conhecimentos para a produção. 2.1.2. Aplicações do Design O design brasileiro pode ser diferenciado pela habilitação e áreas de atuação, conforme a Confederação nacional das industrias (BAHIANA, 2004) e Niemeyer (2000). Podemos destacar as duas principais áreas: Design gráfico: são os projetos da marca (logotipo), do conteúdo impresso, de identidade visual de uma empresa. Design industrial ou de Produto: projetista de objetos tangíveis, como mesas, bicicletas, vasos, rodas, etc. Para Bahiana (2004) ainda existem outras áreas de atuação com o design ambiental, cênico, de vitrines e o web design. Acrescenta-se ainda o design de embalagem e o da informação (MOZOTA, 2003). Não obstante, essa segmentação e a criação de diferentes habilitações para o design não são um consenso entre os especialistas, e é feita visando um diferencial para o mercado. Como gestor dessas atividades, o designer não necessita se especializar em todas habilitações, mas sim estar preparado para coordenar e integrar as mesmas, através da aplicação da gestão do design dentro da empresa (LINDNER, 2009). Para Moura (2003), a palavra design, atualmente, é empregada muitas vezes de maneira incoerente, em quase tudo ao nosso redor. Para Costa e Scaketsky (2010), a área ganha importância, ...com a preocupação em aproximar o emergente mundo do design ao contexto das organizações, a gestão de design passa a constituir uma ponte entre duas realidades aparentemente muito distintas, mas com interfaces cada vez mais representativas nas últimas décadas. 21 Mesmo com a ampla discussão de diferentes autores sobre a abrangência do design, a grande maioria da indústria não reconhece a gama de contribuições que o design trouxe através da integração com outros campos do conhecimento. No entanto, algumas empresas começam a se destacar no mercado por utilizarem esses conhecimentos desde a criação de um produto até o planejamento de negócios. 2.1.3. Relevância do design e da inovação no contexto empresarial A incorporação da cultura de design na organização está diretamente relacionada à mudança do modelo de gestão da empresa, uma vez que se altera o modelo de pensar a atividade e integrá-la de modo global. Quando as empresas adotam estratégias com fundamentos de design, ao invés de apenas contratarem um designer ou criar um departamento, ela possui uma estrutura mais flexível e adaptável, proporcionando um ambiente mais propício à inovação (CPD - Centro Português de Design, 1997). Frases como "a inovação é um fato aleatório", ou "a inovação é um processo e não pode ser ensinada", ou então "faríamos inovação se tivéssemos mais verbas", são consideradas para Anthony e Cristesen (2007), como potenciais obstáculos ao se enfrentar os desafios do processo de inovação, que é real e superável. O mito da inovação como algo que não pode ser ensinado, se restringe à tecnologia, que segundo Hamel & Sayago (2007), é muito dispendiosa e seu resultado muitas vezes é imprevisível e aleatório. Não sendo obrigatoriamente sinônimo de novidade ou tecnologia, a inovação está relacionada a causar um impacto na vida das pessoas e transformar a realidade de seus usuários. Sendo assim, a inovação deve compreender o seu principal impactado de forma profunda, e criar soluções conjuntas e testar rapidamente essas inovações, assim caso não sejam adequados, mais rápido ainda será descoberta de barreiras de utilização, necessidade e desejos não revelados antes dessa primeira experimentação (BROWN, 2010). A partir de uma visão empresarial, o design vai além da estética e está se tornando imprescindível para a indústria, transmitindo qualidade, aumentando o lucro (DESCHAMPS, 1997). O modelo mental desenvolvido pelos designers ao longo dos anos para resolver problemas complexos, abstratos e desafiadores, pode ser 22 aprendido e utilizado por qualquer pessoa, e aplicado em qualquer cenário de negócio ou desafio social, segundo Grando (2001). Só conduzir um negócio apenas com o pensamento analítico e na racionalidade se demonstram tão perigosos quanto a intuição e inspiração, segundo BROWN (2010). A partir desse pensamento, é sugerido um terceiro caminho através da integração com o design, o design thinking. 2.2. Design Thinking Segundo Simon (1996), o design thinking é um método de inovação desenvolvido pela d. School, pertencente a Universidade de Stanford, no Vale do Silício na Califórnia. É uma abordagem, uma forma de pensar, e encarar problemas, focada na empatia, colaboração e experimentação. A popularização do tema se deu graças a empresa formada em 1991, chamada IDEO, que já desenvolveu quatro mil produtos e ganhou 350 prêmios internacionais (PADILHA, 2009). Inicialmente dedicada a concepção de produtos, a IDEO, soube se adaptar oferecendo soluções para problemas que vão além do design tradicional, como por exemplo a projeção de experiência e consumidor. Projetando as experiências do consumidor, desde a etapa inicial de concepção do produto, a IDEO começou a se referir a esse processo como “design com d minúsculo”, mas essa expressão ainda não era satisfatória. Foi quando um dos fundadores da IDEO, David Kelley, observou que toda vez que lhe perguntavam sobre design, ele acrescentava a palavra thinking para ilustrar a função dos designers (BROWN, 2010). O design thinking é uma nova proposta para resolver problemas complexos por outra ótica, que possua mais empatia, colocando as pessoas no centro do desenvolvimento de um projeto e gerar resultados que são mais desejáveis para elas, mas que ao mesmo tempo financeiramente interessantes e tecnicamente possíveis de serem transformados em realidade (JONES, 2008). 23 2.2.1. Fundamentos do design thinking A natureza não linear da jornada do processo de DT se dá ao fato de ser fundamentalmente um processo exploratório de contínua inovação, quando realizado de modo correto, se utiliza de pontos de partida e pontos de referência úteis ao longo do processo, porém, invariavelmente levará a descobertas inesperadas ao longo do caminho, possibilitando a exploração desse novo caminho (BROWN,2010). O processo do DT pode ser analisado sob a ótica de três etapas: inspiração, idealização e implementação. O processo exige que todas as etapas sejam realizadas, mesmo que desordenadas (FORNASIER, 2011). Figura 1 – Três etapas do Design Thinking Fonte: <http://designthinkinginovar.blogspot.com.br/> Outra perspectiva, segundo Vianna et al. (2001), é que a abordagem é dividida em Imersão, que está subdividida em Imersão Preliminar e Imersão em Profundidade, Análise e Síntese, Ideação e Prototipação. Apesar da designação diferente, os autores defendem que o processo, por ser centrado na aprendizagem, faça com que cada etapa permeie a outra, fazendo parte de um todo coerente. Devido a sua natureza não-linear, as configurações das fases de um processo podem ser configuradas de forma a se adequar a um problema ou projeto em questão. Para Martin (2009), a reconciliação entre duas correntes de negócios tradicionalmente opostas, a da criatividade e a da lógica e racionalidade, geram a intensa investigação, presente no processo de design thinking. O autor visualiza os 24 vieses e os sistemas de controle e análise quantitativa, da corrente lógica, como negativos. No entendo, se utilizar apenas da análise quantitativa como “pontapé inicial” para limitar a capacidade de inovação, como a corrente da criatividade faz, muitas vezes gera aversão a mudanças por parte da organização. Existe uma cultura no Vale do Silício chamada de fail fast, em tradução livre, falhe rápido. Na IDEO, costuma-se a dizer que você deve falhar muitas vezes para ter sucesso o mais rápido possível, mas isso não significa falhar por falhar, mas sim ter uma equipe ágil que prototipe projetos desde o primeiro dia, podendo fazer alterações ao longo do processo (BROWN, 2010). Esse princípio não cultua a falha, e sim a desmistifica, uma vez que, nesse caso, quem erra é o projeto e não uma pessoa específica. Essa aceitação garante que a possibilidade de novos projetos com melhorias através do aprendizado acumulado. Brown (2009) afirma que sem restrições não pode se criar um design, e que muitas vezes o melhor design é projetado com grandes limitações, sendo o papel do designer, aceitá-las. Para a IDEO as restrições podem ser avaliadas por três critérios: Praticabilidade: dentro de um futuro próximo, algo que é funcionalmente e tecnologicamente viável. Viabilidade: possivelmente, faça parte de um modelo sustentável de negócio; e Desejabilidade: estimando as necessidades e desejos humanos, algo que faça sentido para si e para os outros. Figura 2 – Restrições de Design Thinking Fonte: <http://www.gp4us.com.br/as-8-formas-de-se-gerenciar-projetos/?print=print> 25 Equipes de design repensarão esses 3 fatores durante todo o processo, levando em consideração a relevância desses fatores nas diferentes organizações, mas sem deixar de lado a ênfase dada às necessidades humana (BROWN, 2010). Design é o processo que transforma um briefing ou uma solicitação em um produto acabado ou em uma solução de design. Pode-se dizer que o processo de design compreende sete etapas: definir, pesquisar, gerar ideias, testar protótipos, selecionar, implementar e aprender. Cada etapa exige o design thinking, um modo de pensar voltado para o projeto e seu usuário (AMBROSE; HARRIS, 2011). Um exemplo prático que podemos citar é o projeto Puma Clever Little Bag, desenvolvido pelo Fuseproject, um escritório de design industrial e Brand Strategy localizado em São Francisco e Nova York. Já o projeto Puma Clever Little Bag consistiu no desenvolvimento de um novo sistema de embalagens para calçados, lançado em 2011, em parceria com a Puma, empresa líder em calçados e produtos esportivos. Figura 3 – Puma Clever Little Bag Fonte: <http://www.fuseproject.com/work/puma/clever_little_bag/?focus=overview> Durante 21 meses todo o sistema que envolvia as caixas foi estudado: como dobrá-las, como transportá-las e como reduzi-las. O grande desafio era repensar as caixas de sapatos, que contribuem com milhões de toneladas de lixo anualmente. 26 Figura 4 – Sistema de Logística e Logística Reversa das Caixas Fonte: <http://www.fuseproject.com/work/puma/clever_little_bag/?focus=overview> Esse projeto gerou uma economia anual de mais de 60% com a redução de água, energia e consumo de diesel na manufatura. Além de um sistema que usa 65% menos papelão que a embalagem convencional, não tem impressão laminada, não usa papel de seda, pesa menos, ocupa menos espaço e substitui a sacola plástica. Através de uma estrutura de papelão que é cortada num único pedaço de material plano e não tem impressão ou montagem adicionais, essa embalagem poder ser reciclada de forma rápida e eficiente e permite um empilhamento seguro. Além disso possui uma sacola que protege os sapatos do pó e sujeira no estoque e durante o transporte, é um elemento icônico da marca após a saída da loja, pois substitui a sacola de plástico e também pode ser reutilizada para armazenamento de sapato em malas de viagem. Figura 5 – Sacola e placa da embalagem Fonte: <http://www.fuseproject.com/work/puma/clever_little_bag/?focus=overview> 27 Em relação ao processo de design, existe uma grande dualidade de pensamentos divergentes e convergentes. Gerar alternativas, visualizar novas perspectivas, ter insights pertencem ao primeiro momento, o pensamento divergente. Já em um segundo momento, na fase de convergir, precisamos selecionar ideias da última etapa. Para essa escolha, usamos de parâmetro análises e relatórios quantitativos de algumas das restrições, o que pode gerar uma organização mais conservadora e inflexível (BROWN, 2010). Brown (2010) e Martin (2009), partilham da ideia de que os componentes do design thinking, como o entendimento profundo e integral dos usuários; visualização de novas possibilidades através da prototipação e refinamento constante; e a um novo sistema organizacional que incentive que ideias sejam executadas e esse processo se torne sustentável para operação; são uma alternativa de gestão a ser utilizada no mundo coorporativo. 2.2.2. A importância do design thinking para o mundo coorporativo. Muitas empresas estão reconhecendo que contar apenas com o avanço tecnológico é cada vez menos sustentável, diferentemente de antigamente em que se acreditava que a ciência solucionaria praticamente todos os nossos problemas e a tecnologia seria a ferramenta para essa concretização (BROWN, 2010). Segundo Hayes (2008), há alguns anos atrás as empresas competiam pelo preço, hoje, pela qualidade e amanhã será pelo design. O processo de globalização, somado a disseminação das tecnologias de informação facilitam a transferência de conhecimento (LASTRES; ALBAGLI, 1999). Não obstante, ao contrário do que as autoras afirmam, apenas algumas informações e conhecimentos conseguem facilmente ser transferidos. Os elementos cruciais do conhecimento são dificilmente transferíveis, pois estão enraizados em pessoas, organizações e locais específicos. O termo white space serve para definir uma gama de atividades potenciais não definida ou endereçada ao modelo de negócio atual da empresa. Isto é, oportunidades 28 fora do seu núcleo de competência e além de suas adjacências, que exigem explorar um modelo de negócio diferente. Aproveitar esse espaço requer novas habilidades, novas forças e novos modelos de negócios, além da habilidade de inovar em algo além das competências fundamentais de sua organização. (JOHNSON, 2010). Não se trata de algo que substitua algo que já exista, e também não é o únicomodelo de trazer resultados para a empresa, segundo Luis Alt (2011). O grande diferencial do design thinking é a garantia de um resultado interessante tanto para o consumidor, quanto viável para a empresa. Para Vianna et al. (2011), a partir da necessidade de buscar novos caminhos para inovação, o DT foi criado, e vem sendo uma abordagem centrada no ser humano que vê na multidisciplinaridade, colaboração e tangibilização de pensamentos e processos, caminhos que levam a soluções inovadoras para negócios. 29 3. METODOLOGIA Por metodologia, subentende-se todo o conjunto de regras ou normas estabelecidas para o desenvolvimento de uma pesquisa. Segundo Strauss e Corbin (1998), o método de pesquisa é um conjunto de procedimentos e técnicas utilizados para se coletar e analisar os dados. Trata-se da lógica dos procedimentos científicos utilizados na obtenção de resultados. Seguindo essa mesma linha de raciocínio, Barros (1986) define a metodologia como “estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identificando suas limitações ou não ao nível das implicações de suas utilizações”. A Metodologia, em um nível aplicado, avalia e observa as técnicas de pesquisa, bem como a geração ou verificação de novos métodos que conduzem à captação e processamento de informações com vistas à resolução de problemas de investigação. 3.1. Caracterização da pesquisa Para Demo (2000) a pesquisa é entendida “tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento”. Ela tem o objetivo de “resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos” (BARROS; LEHFELD, 2000). Partindo desse ponto, pode-se classificar a pesquisa de diversas formas. Segundo Silva e Menezes (2002), as maneiras clássicas de realizá-las são de acordo com sua natureza, abordagem, objetivos e procedimentos adotados. Quanto a natureza, a pesquisa utilizada foi caracterizada como básica, pois conforme as próprias autoras, ela objetiva gerar conhecimentos novos e úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Para ser classificada como aplicada, a pesquisa deveria ter como objetivo a geração de conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Em relação à abordagem, tal pesquisa se classifica como qualitativa. Nela, o objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991). Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o 30 universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Partindo para os objetivos, Gil (2007) classifica as pesquisas em 3 possíveis grupos: Exploratória – Tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses e que pode ser classificada como pesquisa bibliográfica e estudo de caso; Descritiva - Pesquisa que exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Além disso pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987). Possui como exemplos os estudos de caso, análise documental e pesquisa ex- post-facto; e Explicativa - Pesquisa que se preocupa em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Elas podem ser classificadas como experimentais e ex-post-facto (GIL, 2007). A partir dessas determinações, a seguinte pesquisa é caracterizada como exploratória. Quanto aos procedimentos adotados, é classificada como um estudo de caso, que segundo Fonseca (2002), pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador. 3.2. Método de pesquisa Como citado previamente, o presente trabalho adota o método de estudo de caso, que segundo Yin (2001), “é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo (o “caso”) em profundidade e em seu contexto de mundo real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto puderem não ser claramente evidentes”. Sendo assim, “a investigação do estudo de caso enfrenta a situação tecnicamente diferenciada em que existirão muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados [...], conta com múltiplas fontes de evidência [...] e beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposições teóricas para orientar a coleta e análise de dados” (Yin, 2001). 31 3.3. O campo do estudo de caso Itaú é um banco brasileiro sediado em São Paulo, braço do Itaú Unibanco Holding S.A. voltado ao setor de varejo e múltiplo, que oferece serviços de finanças e seguros a dezenas de milhões de clientes. O banco se tornou o maior banco do hemisfério sul em 3 de novembro de 2008 após anunciar a fusão com o Unibanco, ultrapassando seu rival histórico, Bradesco. Posteriormente assumiu o posto para a sociedade de economia mista Banco do Brasil S.A., permanecendo o Itaú na atualidade como maior banco da América Latina e do hemisfério sul. A área de canais digitais é responsável pelos canais de interação com o cliente (interno ou externo) desde mobile até a rede de agências, cuidando não apenas da interface como também da experiência do usuário com o canal. A sua missão é garantir a excelência na experiência do cliente nos canais de atendimento ao banco, eletrônicos ou assistidos, incentivando e apoiando a evolução e a inovação, garantindo produtividade nos processos internos. 3.4. Técnica de coleta e análise de dados As fontes de dados utilizadas não se limitarão a um único tipo de evidência. Em função da amplitude permitida ao se utilizar um elaborar de caso, serão utilizados seis tipos principais dessas fontes: a documentação (artigos acadêmicos, relatórios e documentos administrativos); a observação direta (visita de campo ao local no qual se realizará o estudo proposto); a observação participante (atuação dentro dessa mesma área do estudo); registros em arquivos (dados provenientes de mapas, tabelas e relatórios oficiais, além de listas de nomes); entrevistas (fontes secundárias diretas) e artefatos físicos (aparelhos e ferramentas de alta tecnologia utilizados na coleta de dados) (YIN, 2001). Para Gil (1996), a análise e interpretação dos dados coletados no estudo de caso diferem das etapas seguidas em outros métodos de pesquisa. A análise dependerá, sobretudo, da qualidade da amostra. A análise realizada a partir da coleta dos dados, tanto primários como secundários, desta pesquisa, será predominantemente descritiva, a fim de fazê-la de maneira imparcial e com fundamentação teórica. 32 Com a finalidade de checar a consistência das informações advindas dos diversos tipos de fontes, aplicar-se-á a técnica da triangulação de dados, que segundo Trivinos (1987), é aplicada visando abranger a maior amplitude possível da descrição, explicação e compreensão. 3.5. Limitações do método A maior dificuldade encontrada na utilização do estudo de caso é justamente sua base limitada para efetuar generalizações.Entretanto, segundo o próprio Yin, fatos científicos baseiam-se, em geral, em conjuntos múltiplos de experimentos em diferentes condições e não se generalizam a partir de um único experimento. Sendo assim, o objetivo de quem realiza a pesquisa é o de expandir e generalizar teorias e não enumerar frequências. 33 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo apresentamos a empresa do estudo de caso, a sua origem e evolução, a cultura de inovação sempre presente durante a sua história e como atualmente, o pensamento do designer vem se tornando uma ferramenta dentro gestão da empresa citada. 4.1. Caracterização da Empresa A origem do banco Itaú, como conhecemos hoje, pode ser dividida em três histórias que se tornam uma: a história do banco da família Vilela, da família Setúbal e da família Moreira Salles. Durante a década de 40, marcada pela economia conturbada, devido ao início da II guerra mundial, iniciou-se um período de menor controle estatal, onde o governo federal fechou algumas filiais de bancos de países do Eixo, como Itália e Alemanha. Assim, Alfredo Egídio de Souza Aranha aproveita-se deste cenário momentâneo e funda o Banco Central de Crédito em 30 de dezembro de 1943, que começa a atuar no ano seguinte. Posteriormente o banco precisou mudar de nome, mudando para Banco Federal de Crédito, por uma solicitação do governo Federal para a diferenciação do Banco Central, autoridade monetária principal. O nome Itaú só seria incorporado mais de 20 anos depois, com a aquisição do banco mineiro "Itaú América", que acabou por gerar o nome usado até hoje: "Itaú", que em Tupi-Guarani significa Pedra Escura. Dentre outras fusões foram feitas para expansão territorial brasileira, no ano de 1960, vem a falecer o fundador, deixando assim a presidência á Eudoro Villela, sendo eleito o novo diretor-presidente. Pelo lado da família Moreira Salles, a história começa um pouco antes, em 1924, com uma carta patente do governo federal autorizando o funcionamento da seção bancária da casa Moreira Salles. Em 1931 este comércio veio a se transformar em uma instituição independente: a casa bancária Moreira Salles, que mais tarde, em 1940, veio a tornar-se o Banco Moreira Salles, a partir da fusão com outras duas instituições bancárias da época, o Banco Machadense e a Casa Bancária de Botelhos. Além disso, a aquisição de parte dos ativos do Banco Nacional em 1955, foi outro grande fator para o crescimento do Unibanco, que só veio a ser conhecido por esse nome em 1975, onde após diversas reorganizações como fusões e aquisições, passa 34 a ser conhecido como União de Bancos Brasileiros S.A. (UBB) (ITAÚ UNIBANCO, 2008). A década de 90 ficou marcada pelo processo de privatização de bancos estatais, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Nesse período, o Itaú adquiriu o Banco do Estado do Rio de Janeiro S.A (BANERJ), o Banco do Estado de Minas Gerais S.A (BEMGE), o Banco do Estado do Paraná S.A (Banestado) e o Banco do Estado de Goiás S.A. (BEG) o que, juntamente com outras aquisições de empresas privadas do setor bancário e seguradoras alavancam enormemente a expansão do Itaú na última década (ITAÚ UNIBANCO, 2008). Esta necessidade de reestruturações, aquisições e fusões, segundo Silva et al (2009) é motivada pela competitividade do mercado, um meio de sobrevivência, fortificar-se diante das possíveis instabilidades que possam ocorrer futuramente. Por esses motivos podemos destacar as aquisições mais conhecidas do Unibanco na década de 90: a do Banco Nacional, o Banco Bandeirantes e a Fininvest. As novas e diversas aquisições, marcaram a entrada do novo milênio dentro do Itaú. Dentre elas podemos destacar a aquisição de estrangeiros como o BBA (creditanstalt), LLoyds TSB e do Canadense Banco Brascan. A holding Itaúsa adquiriu 99% do banco Fiat e em 2005 incorporou a Facilita. Já em 2006, comprou por 2,2 bilhões de dólares as operações do Bankboston, uma subsidiária do Bank of America, com participação em diversos países como Chile e Uruguai, e sede em Miami e Nassau, capital da Bahamas. As instituições financeiras tendem a concentrar se em grandes conglomerados, segundo Silva e Moraes (2006). Por exemplo, unir um banco comercial com outras empresas como banco de investimentos, seguradora, corretora, distribuidora de títulos e valores mobiliários, e sociedade de arrendamento mercantil, para oferecer maior variedade e qualidade nos serviços. Tanto o Itaú, quanto o Unibanco são grandes exemplos da teoria acima, culminando na fusão de ambos em 2008. 4.1.1. Fusão: Itaú e Unibanco Foi anunciada a fusão das operações financeiras entre o banco Itaú e o Unibanco em 3 de novembro de 2008, o que elevou a empresa à posição da maior instituição bancária do Brasil, o maior conglomerado financeiro do hemisfério sul e ainda o colocou dentro da lista dos 20 maiores bancos do mundo. 35 O Itaú Unibanco Holding S.A. resultou da fusão entre Itaú Holding Financeira S.A. (controlada pela Itaúsa) e Unibanco Holdings S.A., tomando o lugar de 17ª maior empresa em capitalização de mercado do mundo, com um total de ativos combinado de mais de 575 bilhões de reais, 4,8 mil agências e 14,5 milhões de correntistas. As agências do Unibanco foram descaracterizadas paulatinamente e recebendo as características "Itaú" até o fim de 2010, quando a marca "Unibanco" definitivamente deixou de ser utilizada em agências físicas, os clientes foram migrados para a plataforma Itaú e todas as empresas do conglomerado passaram a trabalhar com marcas e características deste. Por outro lado, encontramos alguns resquícios do Unibanco dentro de alguns produtos atuais do Itaú, como é o caso do Uniclass que passou a se chamar Itaú Uniclass. Uma característica resultante dos processos de fusão e incorporação de diversas empresas financeiras é a segmentação por serviço e perfil de cliente, que serão explicadas no capítulo seguinte. 4.1.2. Serviços e Segmentação O segmento de pessoa física pode ser dividido em dois principais grupos: Itaú, Itaú Personnalité e o Itaú Uniclass, como ilustra as figuras 1,2 e 3 com os respectivos logotipos. Figura 6 – Logo do Itaú Fonte: <http://www.itau.com.br/> 36 Figura 7 – Logo do Itaú Uniclass Fonte: <http://www.itau.com.br/> Figura 8 – Logo do Itaú Personnalité Fonte: <http://www.itau.com.br/> O segmento mais popular de varejo do banco, é o Itaú, que oferece serviços como o de conta corrente, poupança, Limite Itaú Para Saque (LIS), mais conhecido como cheque especial, empréstimos pessoais com ou sem garantia, crédito consignado (INSS, Órgão Público e Empresas privadas), cartões de crédito, seguro de residência, vida e acidentes pessoais, financiamento de automóveis e Imobiliário, planos de previdência privada, consorcio, administração de ativos e planos de capitalização para pessoas físicas. Para diferenciar os clientes de alta renda existe a divisão Itaú Personnalité, que oferece serviços especializados visando satisfazer as demandas desse perfil de cliente diferenciado. Além de agências exclusivas e diferenciadas, o Personnalité oferece serviços de consultoria por gerentes altamente treinados para atender as necessidades específicas desses clientes, podendo oferecer uma grande carteira de produtos e serviços exclusivos. Em relação ao acesso à caixas eletrônicos os clientes Personnalité também têm acesso às agências e caixas eletrônicos Itaú e Unibanco em todo o país. 37 Já o Itaú Uniclass trata-se de uma herançado Unibanco que conflitava com a Personalité. A principal diferença de ambos é que o conceito Uniclass era para clientes e não agências, ou seja, os clientes de uma agência poderiam ser classificados de forma diferentes. Motivado por esse conflito, em meados de 2011 o Itaú Personnalité reformulou sua estratégia e elevou o limite de clientes-alvo para pessoas com renda superior ou com investimentos superiores aos estabelecidos anteriormente. Com isso o Uniclass fica exclusivo para clientes que se encontravam nessa antiga faixa de valores conflitantes entre os segmentos, e seguindo os seus preceitos de não possuir uma agência diferenciada. Existe ainda uma estrutura dedicada apenas à órgãos públicos federais, estaduais e municipais. Atua principalmente nos estados do Rio de Janeiro, Paraná, Goiás e Minas Gerais, onde adquiriu bancos estatais nos processos de privatização ocorridos na década de 90. Para atender o perfil de cliente pessoa jurídica o Itaú possui outros segmentos como o Itaú Negócios, que presta um serviço especial para pequenas (faturamento anual entre R$ 500 mil e R$ 10 milhões) e microempresas (até R$ 500 mil). Foram montadas 150 plataformas na cidade de São Paulo, no final de 2005, para prestar serviços especializados a empresas com faturamento anual inferior a R$ 500 mil (pequenas empresas). No ano seguinte, esse mesmo serviço se expandiu para mais de 80 localidades em todo o interior do estado de São Paulo, e posteriormente foram instaladas 94 plataformas no estado vizinho, o Rio de Janeiro. No ano de 2007, esses serviços foram começam a ser ofertados nos estados de Minas Gerais e Paraná. Em 2008 e 2009, essa expansão teve prosseguimento, com a instalação de outras plataformas para microempresas. Todos os gerentes dessas plataformas receberam treinamento para terem condições de oferecer as melhores soluções para cada perfil de cliente, oferecendo soluções personalizadas e fornecendo aconselhamento detalhado sobre todos os produtos e serviços a microempresas e pequenas empresas. Captar o expressivo potencial dessa clientela, suprindo as necessidades dessas empresas e seus proprietários, principalmente em relação a gestão de fluxos de caixa e linhas de crédito é a estratégia deste segmento. 38 Para as empresas de porte médio, o Itaú oferece um leque completo de produtos e serviços financeiros, incluindo contas correntes, opções de investimento, seguros, planos de previdência privada e produtos de crédito. Os produtos de crédito incluem empréstimos de capital para investimento, empréstimos de capital de giro, financiamento de estoques, financiamento de comércio, serviços de câmbio, leasing de equipamentos, cartas de crédito e garantias. Além disso o Itaú pode realizar operações financeiras em nome dessas empresas, como operações interbancárias, operações no mercado aberto e operações de futuros, swaps, hedging e arbitragem. Oferece também serviços de cobrança e de pagamento, como salários, tributos e fornecedores. O segmento institucional do banco possui frentes como Itaú Private Bank e Itaú BBA, conforme as figuras 4 e 5 a seguir que ilustra os logotipos respectivos: Figura 9 – Logo do Itaú PrivateBank Fonte: <http://www.itau.com.br/> Figura 10 – Logo do Itaú BBA Fonte: <http://www.itau.com.br/> O Itaú Private Bank é especializado em consultoria financeira para pessoas físicas com grande patrimônio sendo hoje o maior no seu segmento na América Latina. O Itaú BBA é responsável pelas atividades de serviços bancários para grandes empresas e banco de investimento. Oferecendo uma carteira completa de produtos e serviços por meio de um quadro de profissionais altamente qualificados. As atividades realizadas vão desde operações típicas de um banco comercial até operações nos mercados de capitais e serviços de consultoria em fusões e aquisições. Tais atividades são totalmente integradas, o que permite ao Itaú BBA adaptar seu desempenho às necessidades de seus clientes. 39 4.2. Itaú Unibanco e Inovação Antes de apresentar os dados da pesquisa de campo, devemos contextualizar com dados primários e secundários como ocorreu todo o processo de Inovação dentro do Banco Itaú Unibanco. Os dados são referentes a outras pesquisas realizadas referente ao assunto abordado e publicadas pelo próprio banco. Desde o princípio da história dos dois bancos, tanto o Itaú quanto o Unibanco, atribuíam o sucesso de seus negócios, antes de quaisquer outros fatores, à inovação que introduziram através de seus produtos e aos colaboradores que executavam com enorme maestria. Esses princípios são muito bem representados em frases célebres de seus líderes: “Um banco não se faz apenas com capital”, dizia Setúbal. Enquanto que Whalther Moreira Salles afirmava que o grande sucesso do Unibanco era “... saber escolher pessoas. ” Salles dizia ainda que, o grande diferencial do Unibanco era ser “um banco de pessoas atendendo pessoas”. Ainda que o conceito de Design Thinking não tenha sido definido na época, o líder do Unibanco já entendia o quanto ter empatia pelo cliente era um diferencial de mercado que o colocava a frente de outros bancos. Inovadores nos negócios, Setúbal e Moreira Salles, foram pioneiros tanto na difusão do uso da informática no processamento dos negócios bancários, quanto nos serviços oferecidos aos seus clientes. Com grandes investimentos em automação e suportados por centros operacionais modernos e de grande porte, tanto o Banco Eletrônico, do Itaú, quanto o 30 Horas, do Unibanco, são as expressões concretas da liderança exercida nessa área crítica da atividade bancária de grande escala. Em 6 de maio de 1966, foi criado o Banco Federal Itaú de Investimentos S.A., logo após essa área de atividade ter sido institucionalizada pelo Banco Central do Brasil. Inicialmente era uma sociedade anônima de capital aberto, com o objetivo de realizar operações de participação ou de financiamento, a prazo médio e longo, para suprimento de capital fixo ou de movimento, mediante aplicação de recursos próprios, assim como angariação, intermediação e aplicação de recursos de terceiros e outras atividades que viessem a ser permitidas pelas autoridades monetárias. Posteriormente, em 1979, a Itautec, uma empresa 100% nacional especializada no desenvolvimento de produtos e soluções, oriunda de um departamento de tecnologia do Banco Itaú, inicia suas atividades em São Paulo. Chegou a possuir a décima maior base instalada de máquinas de autoatendimento (caixa eletrônico) no 40 mundo e a segunda na América Latina, segundo o Retail Banking Research, e, a maior rede própria de assistência técnica em informática no Brasil. Em 2013, a empresa japonesa OKI Eletronic adquiri 70% das ações da Itautec, rendendo 100 milhões de reais a empresa, além de uma série de benefícios e garantias estabelecidas com à controlada pelo grupo Itaúsa (ROSTÁS, 2014). Em 1983, os bancos brasileiros começavam a investir em sistemas informatizados. O primeiro caixa eletrônico do país foi instalado em Campinas, interior de São Paulo, pelo banco Itaú, vide o anúncio de página inteira publicado no dia 14 de abril daquele mesmo ano: Figura 11 – Propaganda do primeiro Caixa Eletrônico Fonte: <http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,ha-30-anos-o-primeiro-caixa-eletronico- no-brasil,8995,0.htm> Hoje em dia, segundo o próprio site do banco, são mais de 44 mil caixas eletrônicos, incluindo os do Banco24horas onde se é possível fazer saque, consulta e empréstimos. 41 Desde 2011, algumas agências do Itaú abrem mais cedo (às 8h ou às 9h) e outras que fechamo atendimento ao público mais tarde, às 18h ou às 19h. As agências que ficam dentro de shopping centers funcionam das 12h às 20h. Nestes locais, a partir das 17h, o atendimento é exclusivo para clientes do banco. A iniciativa gerada pela necessidade dos clientes que trabalham no chamado horário comercial, e precisam realizar suas transações em agências antes ou depois de seu expediente. Ter empatia nesse caso proporcionou conveniência e atendimento mais rápido, fora do período de pico de movimento desses pontos. No final de 2013, todos os Caixas Eletrônicos do Itaú (CEI) possuíam leitores biométricos, e cliente com a biometria cadastrada já conseguiam efetuar saques em caixas eletrônicos até um determinado valor sem uso do cartão da conta, somente usando a identificação biométrica. Esse método de identificação por meio de impressão digital é a tecnologia adotada nos sistemas de identificação mais modernos do mundo, graças ao seu alto grau de confiabilidade. Além da digital do cliente, o leitor verifica o padrão da circulação sanguínea para autenticar a operação. A ampliação da tecnologia nos terminais bancários vem aumentando a segurança dos clientes e a confiabilidade das transações, além de conferir mais agilidade e conveniência. O Itaú Unibanco inaugurou em 2015 um novo data center em Mogi Mirim (SP), numa área de 815 mil metros quadrados, aumentando a capacidade de processamento e armazenamento das operações em 25 vezes. "Este empreendimento é de uma complexidade e magnitude inéditas, preparando de fato o banco para o futuro", afirmou Roberto Setubal, presidente executivo do Itaú Unibanco (EXAME, 2015). 42 Figura 12 – Foto do Centro Tecnológico de Mogi Mirim Brasil Fonte: <http://www.baguete.com.br/noticias/13/03/2015/itau-abre-seu-maior-data-center-no- pais> Por outro lado, o Itaú está de olho nas inovações do mercado, e duas iniciativas tornam esse interesse nítido, uma delas é o Hackathon em 2014. A instituição financeira é a primeira a realizar primeiro uma maratona de design e programação. O objetivo da iniciativa era incentivar os futuros profissionais da área de tecnologia a desenvolverem soluções para facilitar a vida das pessoas dentro da temática “Banco Digital”. Figura 13 – Foto do Hackathon Itaú 2014 Fonte: < http://www.murilogun.com.br/geral/fotos/hackathon-itau-2014> 43 E das iniciativas mais recentes, o Itaú Unibanco junto com a Redpoint e.ventures inauguraram, em 2015, o espaço Cubo Coworking, uma iniciativa conjunta, sem fins lucrativos, voltada para incentivar a inovação e o empreendedorismo digital no país. O prédio, com 5.000m², possui 3 andares de coworking, 1 andar para workshops e treinamentos, anfiteatro para 130 pessoas, espaço para café e terraço com lounge para interação e eventos. Segundo o diretor do projeto, Flávio Pripas, “Até hoje não existe um local onde pessoas possam ir para encontrar startups, investidores e mentores. Foi pensando nisso que surgiu o Cubo, para facilitar e preencher a lacuna de densidade” (SANTOS, 2015) Figura 14 – Foto interna do espaço Cubo Coworking Fonte: <http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/album/2015/09/10/conheca-o-cubo- espaco-para-start-ups-em-sao-paulo.htm#fotoNav=4> Recentemente o CUBO foi vencedor da categoria Melhor Coworking do Brasil, durante a CASE, Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo. “Receber este prêmio, apenas dois meses após sua inauguração, reforça o reconhecimento do ecossistema de que estamos no caminho certo para ser o principal hub de empreendedorismo tecnológico no cenário brasileiro”, disse a superintendente de Gestão de TI do Itaú, Erica Jannini, em uma matéria do site Portal da Propaganda (2015). Porém a inovação não é uma onda, e deve ser vista como contínua com disse Marissa Mayer, ex-executiva do Google e atual CEO do Yahoo!. Em outras palavras a inovação não acontece, ela deve estar presente e fazer parte da cultura da empresa. A seguir vamos apresentar uma visão de como parte dessa cultura foi implantada dentro do Itaú Unibanco. 44 4.3. Design Thinking no Itaú O design sempre esteve muito ligado a cultura da inovação, principalmente pelos seus princípios, mas dentro do sistema organizacional bancário sempre esteve ligado a parte gráfica e virtual, muitas vezes trabalhando junto ao marketing. Funções como desenhar interfaces de tela de um caixa eletrônico eram vistas apenas do ponto de vista estético, a responsabilidade do designer na época estava muito mais ligada a imagem do banco, por uma ótica marqueteira, deixando de lado questões como a experiência centrada no usuário. Não obstante, no decorrer deste estudo, vimos que a inovação é essencial a uma empresa que quer se manter como referência no mercado, e ao começarem a oferecer serviços digitalmente, os bancos não poderia se manter omissos às práticas que sites comerciais e principalmente aplicativos mobile do mercado já executavam. Destaca-se ainda, que esses mesmos sites e aplicativos começam a concorrer com vários segmentos do mercado de serviços, como por exemplo o bancário. Por muitas vezes, oferecer o mesmo serviço com agilidade e personalização, devido ao seu tamanho diminuto e pelo fato de iniciarem com uma tecnologia mais atual, essas novas empresas, as startups, começam a cada vez mais a inserir o design na ótica gerencial e estratégica, e os bancos para não ficarem para trás, iniciam um movimento nesta direção. Diante deste cenário, o banco Itaú Unibanco inicia um processo de mudança de cultura dentro de alguns segmentos internos, dentre eles um chamado Wealth Manegement & Services (WMS), que é responsável pela gestão dos produtos e serviços relacionados ao mercado de capitais, foi o primeiro a receber um espaço nomeado de Inovateca. Este espaço encontra-se situado no Centro empresarial no Jabaquara (SP), com mais de 200m², que além de possuir ferramentas necessárias para o desenvolvimento do trabalho criativos, como por exemplo canetas coloridas, post-its, cola, tesoura, e até mesmo blocos de montar, conta com toda uma decoração descontraída, como no caso das tradicionais baias que foram substituídas por sofás confortáveis. Essas características da Inovateca fazem com que elas “funcionem como “ilhas” onde todos se sentem confortáveis em fazer propostas mais ousadas ou quebrar paradigmas” segundo Fabrício Dore, ex-superintendente de Inovação em Tecnologia e UX em uma entrevista na época em que ainda exercia o cargo. Ele ainda completa que “o dia a dia de um banco pode envolver momentos de desafio e tensão 45 que induzem a um comportamento mais cauteloso. ” Sendo assim a Inovateca é um ambiente em que se pode questionar o status quo e imaginar o que o banco pode ser no futuro. (BOSCO, 2013) Após a construção da primeira, foi criada a segunda Inovateca. Maior que a primeira, esta fica localizada no Centro de Tecnologia na Avenida do Estado (SP). Este fato representa o início de uma segunda onda mudança de cultura dentro do banco, porém desta vez voltada à área de Tecnologia. Com o tempo os serviços bancários começaram a oferecer mais tecnologia, agregando nos seus serviços, portanto começam a atuar cada vez mais como empresas de software. Ou seja, sendo cada vez mais ágeis e centrados nas necessidades de seus usuários, segundo Dore. (BOSCO, 2013) Figura 15 – Inovateca do CTO Fonte: < http://www.revistawide.com.br/design/inovacao> Além da criação desses dois novos laboratórios, o Itaú Unibanco, ainda visando criar uma cultura de inovação mais forte, contrata a IDEO e a Livework para uma consultoria em DesignThinking e Design de Serviços. A criação de uma visão, valores e áreas de atuação para a nova estrutura fico como responsabilidade da IDEO, enquanto que a Livework ficou responsável pelo desenho e na implantação dos novos serviços, metodologias, ferramentas e na capacitação dos funcionários. A ideia principal dessas consultorias era preparar a equipe que daria continuidade com essa metodologia. Ao todo, foram 150 executivos capacitados, impactados e sensibilizados durante o período da consultoria. A multidisciplinariedade da equipe que irá executar o processo de design thinking é essencial para a qualidade do resultado. Quanto mais diferente e opostos as linhas de raciocínio possam ser, maior é a probabilidade de se entregar valor aos diferentes tipos de cliente que o banco pode possuir. Sendo assim, o banco conta com 46 profissionais de diferentes campos do conhecimento, dentre eles podemos citar muitos designers de formação, mas também administradores, programadores, publicitários, antropólogos e até mesmo biblioteconomistas. Essa mesma interdisciplinaridade foi um dos principais aliados da disseminação da cultura de inovação. Porém, no início, como descrevem os funcionários entrevistados, as áreas de inovação sofreram com a antiga cultura, principalmente por parte das outras áreas do banco que acabavam por enxergar ainda como uma área que executava trabalhos mais operacionais - “um tirador de pedidos’ como exemplifica uma das entrevistadas. Entretanto, com o passar do tempo, as áreas de inovação acabavam por entregar a parte operacional somada com algo a mais que tivesse por base os conceitos de design thinking aprendidos. Esse algo a mais acabava por agregar muito valor ao trabalho e cada vez mais valorizava e doutrinava esses princípios a outras áreas. Hoje em dia, esses princípios impactaram milhares de colaboradores e se encontram em diversos segmentos, como negócios, tecnologia, marketing entre outros. Da mesma forma em que encontramos o design thinking incorporado nas pessoas através da colaboração, o encontramos incorporado ao ambiente através da descontração e praticidade dos espaços físicos. Além das duas unidades da Inovateca, o Itaú Unibanco proporciona alguns ambientes de trabalho coloridos e decorados com frases de inspiração, onde através de pequenos detalhes, como a decoração da mesa de muitos colaboradores feita com bonecos de desenhos, filmes, jogos e seriados, nota-se o clima de liberdade que os funcionários possuem, bastante diferente do resto do mundo coorporativo. Paradoxalmente, a mesma tecnologia que é o principal diferencial do setor bancário é também a sua principal restrição na hora de ser ágil e implantar todas as mudanças planejadas. Porém, a partir dessas restrições, foram adotadas novas soluções, como a extensão natural do design thinking que é o Lean Startup, que prega o "pensamento enxuto" (lean thinking) aplicado ao processo empreendedor. O foco em desenvolver o mínimo produto viável (MVP) ajuda a reduzir o desperdício, focando apenas em desenvolver aquilo que é essencial para entregar valor ao usuário. Relembrando, o termo design thinking tem como um dos principais defensores Tim Brown, CEO da IDEO, para explicar a diferença entre ser designer e pensar como designer, pontuando a migração do design do nível tático e operacional para uma 47 abordagem mais gerencial e estratégica. “É uma metodologia que utiliza a intuição, elemento que a maioria dos profissionais não costuma e não sabe usar” afirma David Keley, fundador da escola de design thinking na Universidade Stanford. E foi exatamente nesses princípios que o Itaú Unibanco tentou trilhar sua mudança de cultural de inovação, resultando em um processo divido em três etapas distintas: Inspiração, ideação e prototipação. Na etapa da inspiração buscamos entender o problema que queremos resolver, oportunidade que nos motiva, os sentimentos envolvidos no serviço ou produto, entre outras informações que só conseguimos através da empatia pelos usuários. Entrevistar o cliente, acompanha-lo como espectador sombra, onde apenas se observa, em uma transação no caixa eletrônico, ou até mesmo realizar pesquisas em mercados análogos, para ver com esse solucionam problemas semelhantes, são formas que o banco Itaú Unibanco busca por uma imersão inicial ou em profundidade durante um processo de design thinking. Já a etapa da ideação tem como intuito gerar e desenvolver ideias que estejam de acordo com o contexto do assunto trabalhado. Além das ferramentas necessárias, é importante a multidisciplinariedade do time envolvido no processo de geração de ideias, normalmente incluindo-se aqueles que serão “servidos” pelas soluções que estão sendo desenvolvidas como especialistas de sua própria experiência. Os processos que são utilizados pelos funcionários do banco nesta etapa variam entre brainstorms, onde nenhuma ideia é desestimulada inicialmente, workshops de cocriação, com participantes que vão desde o cliente até a área de negócios, ou até mesmo desenhar a jornada completa de um novo cliente ao abrir uma conta, mapeando todos os pontos de contato do usuário com o serviço durante a realização desta ação. A fase da prototipação tem como objetivo auxiliar a validação das ideias geradas nas duas primeiras etapas, porém não necessariamente é a última fase do processo de design thiking. Ela pode ocorrer ao longo do projeto conjuntamente com as etapas de imersão e ideação. Tangibilizar uma ideia é a passagem do abstrato para o físico de forma a representar a realidade, mesmo que ainda muito simples, para proporcionar validações. Da ótica da equipe de projeto, ao dar forma à ideia é necessário elaborar com mais detalhes, e aumentar os níveis de fidelidade da solução ao longo do processo. Por outro lado, do ponto de vista do usuário, ao interagir com o 48 protótipo criado, em diferentes níveis de contexto, o usuário avalia e fornece diversos insumos para evolução e aperfeiçoamento do projeto. Um exemplo prático do uso do design thinking como ferramenta de inovação foi quando uma equipe de 14 funcionários do banco, dentre eles funcionários da área de inovação, treinados na metodologia, juntamente com profissionais de diversas áreas da corretora, foram buscar inspiração numa importadora de bebidas para resolver um problema em comum. Embora essa seja uma das associações menos óbvias, o banco e a importadora compartilhavam da dificuldade de atrair novos clientes, receosos de entrar num universo considerado desconhecido, sofisticado e complexo demais. Desta forma, a equipe se inspirou em um projeto de assinatura de vinhos criada por importadoras, em que o cliente recebe rótulos selecionados pagando uma mensalidade. O Itaú lançou um produto seguindo essa mesma lógica, onde o cliente pode fazer um investimento em ações a partir de 100 reais por mês, escolhendo os papéis entre as ações selecionadas pela corretora. Assim como a importadora, a corretora também prepara informações sobre as empresas e o mercado de capitais para enviar regularmente ao cliente. Com cerca de 400 novos investidores por mês para o Itaú, o produto é um ótimo resultado, ainda mais sendo lançado no ano de 2008 onde muitas pessoas deixaram o mercado de ações como afirma Jean Sigrist, diretor da Itaú Corretora e responsável por inovações na área de mercado de capitais do banco. Figura 16 – Equipe do Itaú em ambiente diferenciado Sigrist (ao centro) com a equipe do Itaú: ambiente descontraído para inovar. Fonte: <http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1004/noticias/quer-inovar-libere-a- intuicao> 49 Não obstante,o processo do design thinking como metodologia apenas gera resultados pontuais, incorporar os seus princípios ao comportamento e iniciativas de seus funcionários é onde ocorre a evolução da inovação. Para que esse processo ocorra de forma natural implementaram três iniciativas que tem como função imergir os colaboradores dentro de um processo criativo aos poucos, estimulando a mudança de percepção e quebrando alguns mitos sobre a inovação: Insights: Evento onde palestrantes contam histórias de vida e empreendimento, motivacionais. O evento acontece uma vez por semestre. Desta forma o grupo de colaboradores do Itaú percebe e identifica como ocorre uma inovação. Figura 17 – Foto do evento Insights em 2013 Fonte: < http://themob.com.br/> Ciclo de Conversas: Evento de debate com um convidado e um grupo menor de participantes, acontecendo mensalmente. O objetivo desta iniciativa é ajudar o grupo de colaboradores do Itaú a discutir a inovação. Challenge: É uma competição interna anual, onde grupos de trabalho apresentam seus projetos - e o ganhador no final do ano terá seu projeto implementado. Proporciona aos funcionários participantes a pratica da inovação. 50 Todos esses pontos descritos anteriormente foram descritos para reafirmar a essência do design thinking, e quais são as principais peculiaridades ao se implantar essa metodologia em uma organização bancária. No item seguinte levantaremos alguns resultados pontuais observados no estudando, com o objetivo de concluir o capitulo. 4.4. Contribuição do design thinking no desenvolvimento da cultura de inovação no Itaú Unibanco Atualmente o banco reconhece o design e o seu modo de pensar como uma ferramenta poderosíssima no processo de inovação, uma vez que funcionários com altos cargos gerenciais, como especialistas, coordenadores, gerentes, e até superintendentes, sejam designers de formação. Além disso, nas áreas de tecnologia e WMS, onde se disseminou inicialmente a metodologia do DT, o design foi incorporado até para aqueles colaboradores formados em outras áreas do conhecimento. Esse aspecto gera uma liberdade para os mais diversos pensamentos, tornando o ambiente em um lugar favorável a geração de novas ideias. A impressão que se passou foi de uma empresa que está em uma etapa avançada do processo da incorporação do pensamento de designer para todas as áreas do banco. A benéfica contribuição do DT no desenvolvimento do processo de inovação pode ser pontuada em alguns aspectos mais relevantes. 4.4.1. Mentalidade Incorporada Se tratando de uma empresa da dimensão do Itaú Unibanco, não se espera que todos os funcionários sejam impactados por projetos pontuais por uma área de inovação, porém, nota-se um trabalho árduo em direção a um estabelecimento de uma cultura de inovação ampla, que impacte o maior número de colaboradores possíveis. Segundo os entrevistados, antes dessa mudança de cultura, mesmo nas áreas de inovação, os funcionários tomavam decisões em cima de planilhas de dados que mostrassem que essas mesmas decisões não tinham grande risco, o que limitava totalmente o processo de inovação. 51 Pensar como designer, por meio de hipóteses, cocriação na geração de soluções e a desmistificação do medo de errar, entre outras características, trouxeram aos funcionários do banco uma liberdade maior para ousar de forma criativa e encontrar soluções realmente inovadoras. 4.4.2. Experiência centrada no usuário Uma vez que existem outras empresas oferecendo o mesmo produto, com preço menor e uma experiência melhor, se fez necessário que todo mercado bancário se inserir-se no meio digital de forma tão ou mais eficiente que a concorrência. O design thinking vem para ajudar na criação de uma experiência melhor, através do olhar empático pelo cliente, o banco tenta entender as reais necessidades do cliente através de uma ótica mais ampla, que inclui comportamentos, contextos e cenários. 4.4.3. Prototipação Criar protótipos de baixa fidelidade ajuda na validação de aspectos da solução, reduzindo riscos, criando valor, e gradualmente consolidando o projeto. Diminuir a distância com o seu usuário, através da validação de um protótipo é diminuir o ruído possível entre qual solução o cliente realmente deseja e a solução que o banco irá oferecer. De forma geral, foi-se observado que mesmo o Itaú sendo considerado uma empresa inovadora, ela teve que incorporar e amadurecer alguns conceitos como o do design thinking, e esses mesmos conceitos que trouxeram uma evolução no processo de inovação. Dito isto, o próximo capítulo visa apresentar as considerações finais do trabalho. 52 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS No modelo econômico atual, a forma como se lida com o desenvolvimento de produtos e serviços e com a própria gestão dos negócios não é mais suficiente para o nível de competitividade global que se atingiu. Em um universo extremamente conectado, complexo e que exige respostas cada vez mais rápidas; no qual é necessário massificar a fim de reduzir custos ao mesmo tempo em que é preciso inovar para diferenciar serviços e produtos, tal paradoxo acaba por deixar o mundo corporativo sem direções claras e definidas. O conceito de inovação está cada vez mais presente no mundo corporativo, mas pouco se entende sobre seu real significado e processo de implementação. O design surge então como uma nova fronteira de exploração e orientação organizacional e, juntamente com ele, a abordagem do design thinking vem com o intuito de fornecer os elementos necessários para a contribuição no processo de inovação. Esta pesquisa tinha como objetivo inicial o aprofundamento do conhecimento sobre a metodologia design thinking e sua aplicação no processo de inovação realizado por uma empresa do setor financeiro, e foi atingido com base nos estudos executados. Sendo assim, a pesquisa demonstrou justamente as contribuições que o design thinking teve para o processo de inovação no Itaú Unibanco. Essa demonstração foi feita a partir dos temas estudados no desenvolvimento da fundamentação teórica, os quais ofereceram elementos necessários para a execução do estudo de caso, além da condução geral da pesquisa, em que foi possível perceber que o design thinking e os aspectos inerentes a ele estão incorporados nos projetos de inovação da empresa em questão, uma vez que fornecem subsídios como: Mentalidade incorporada, ou pensar da mesma maneira que um designer, na qual soluções com novas perspectivas, criatividade e que geram valor agregado e benefícios aos clientes, são capazes de serem propostas a partir da forma de pensamento multidimensional. No Itaú, essa mentalidade é difundida por meio da cultura de inovação. Foco no ser humano. Tal prática já faz parte da cultura e do cotidiano do Itaú, e permite a compreensão aprofundada dos desejos e necessidades das pessoas a partir da observação sistemática das tendências e contextos que acompanham as mudanças comportamentais. 53 Prototipagem, para validar conceitos e consolidar ideias. No Itaú são feitos protótipos de tela de caixa eletrônico, site, sejam eles digitais ou feitos num pedaço de papel. 5.1. Limitações da pesquisa As maiores limitações para a realização desse trabalho foram referentes à dificuldade de se encontrar bibliografia para a fundamentação teórica, pois trata-se de uma área de estudos relativamente nova, e à própria coleta de dados. A fim de superar essas limitações, usou-se da triangulação de dados, visto que as informações coletadas para o embasamentodeste trabalho foram obtidas de distintas fontes. 5.2. Futuras pesquisas Utilizando-se dos conhecimentos adquiridos na elaboração deste trabalho, algumas sugestões para trabalhos futuros podem ser colocadas. A primeira delas se refere ao fato de poder se aplicar o mesmo estudo em empresas de pequeno porte, as quais não tem um processo estruturado de inovação ou mesmo qualquer diretriz sobre o assunto. Outra sugestão seria a de realizar um estudo em empresas que já têm contato com a aplicação da inovação, mas não trabalham com a área de design, a fim de analisar como foi dado o processo de inovação, compará-la com outras empresas do setor e verificar de que forma o design thinking poderia ser incorporado nesse processo. 5.3. Contribuições da pesquisa Como contribuição teórica, o presente trabalho aponta que ainda é grande a necessidade de desenvolvimento de mais estudos e trabalhos teóricos na área de design thinking. Apesar de se tratar de um assunto relativamente novo e ainda atual, tanto o número de publicações brasileiras como o de publicações estrangeiras traduzidas para o português ainda são muito reduzidos. Como contribuição prática, esse trabalho viabiliza a redução do espaço que ainda existe entre teoria e prática, principalmente durante a implantação, período 54 normalmente mais conturbado, por lidar com a quebra do status quo. Foca-se principalmente na questão que o conceito de design ao ser levado ao campo da gestão, principalmente no setor de serviços como o bancário, deve ser aplicado com um certo grau de personalização, aplicando os conceitos de empatia da metodologia na própria empresa. Como contribuições finais, mostrou-se o que design thinking pode ser uma ferramenta valiosa no processo de inovação das empresas, gerando desde insights até inserções reais no mercado. Pode auxiliar também na transformação da própria inovação em importante vantagem competitiva. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALT, Luis. Empatia, Colaboração e Experimentação. Disponível em: <http://luisalt.wordpress.com/>. Acesso em: outubro de 2015. ANTHONY, S.; CHRISTESEN, C. Mitos sobre a Inovação. In: HARVARD BUSINESS SCHOOL. Implementando a inovação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 19--‐28. AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul. Design Thinking. Porto Alegre: Bookman, 2011. BAHIANA, C. A importância do Design para sua Empresa. Rio de Janeiro: CNI, 2004. BARROS, Aidil Jesus Paes de & SOUZA, Neide Aparecida de. Fundamentos de Metodologia. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. BARROS, A. J. P.; LEHFELD N. A. S. Fundamentos de metodologia: um guia para iniciação cientifica. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. BECATTINI, G. (1999, June). Flourishing small firms and the re-emergence of industrial districts. Proceedings of the 44th ICSB - International Council for Small Business World Conference, Naples, Italy, 20-23. BEZERRA, Charles. O designer humilde. São Paulo. Rosari, 2008. BONSIEPE, Gui. Design: do material ao digital. Trad. Cláudio Dutra. Florianópolis: FIESC/IEL, 1997. BOSCO, Tiago. Inovação e design thinking. Disponível em <http://www.revistawide.com.br/design/inovacao>. Acesso em: agosto de 2015 BROWN, Tim; KATZ, Barry. Change by design: how design thinking transforms organizations and inspires innovation. New York: HarperCollins, 2009. BROWN, Tim. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsiever, 2010. COSTA, F.; SCALETSKY, C. Design management e design estratégico: Uma confusão conceitual. Trabalho apresentado no 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Paulo, 2010. CPD - Centro Português de Design. MANUAL DE GESTÃO DE DESIGN. Porto:– CPD, 1997. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. DESCHAMPS, Jean Philippe, NAYAK, P. Raganayh. Produtos irresistíveis. São Paulo: Makron Books, 1997. 56 DESLAURIERS J-P. Recherche qualitative; guide pratique. Québec (Ca): McGrawHill, Éditeurs, 1991 DON KUMARAGAMAGE, Y. Design Manual Vol. 1, 2011 DORNELLAS, José Carlos de Assis, Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Elsevier Editora, 2008, Rio de Janeiro. EXAME. Disponível em <http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/itau-unibanco- inaugura-data-center-de-r-3-3-bilhoes> Acesso em: novembro de 2015 FLUSSER, Vilém. A Filosofia do Design. Tradução Sandra Escobar. Portugal: RELOGIO D'AGUA, 2009. FONSECA, J.J.S. Metodologia da pesquisa científica. Apostila. Fortaleza: UEC,2002. FORNASIER, Cleuza Bittencourt Ribas. Sistema de integração do conhecimento organizacional pelo design thinker. 348 p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Florianópolis, 2011. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1996. GRANDO, Nei. Usando o design thinking para criar e inovar nos negócios. 2011. Disponível em:< http://neigrando.wordpress.com/2011/07/18/usando--‐o--‐design--‐ thinking--‐para--‐criar--‐e--‐inovar--‐nos--‐negocios/>. Acesso em: outubro de 2015. HAMEL, G.; SAYAGO, A. . Derrubando as muralhas que cercam a criatividade empresarial. In: HARVARD BUSINESS SCHOOL. Implementando a inovação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 29--‐39. HANSON,D.; NITZSCHE R. Designing, a transformação do desing estratégico .2007. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/artigos>. Acesso em: abril de 2015. HAYES, Robert H. Produção, estratégia e tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2008. HESKETT, John. Design: A Very Short Introduction. OUP Oxford. 2005 ITAÚ UNIBANCO. Relatório Anual de Sustentabilidade. 2008. Disponível em http://www.itauunibanco.com.br/relatoriodesustentabilidade/pt-br/anexos/ Acesso em: outubro de 2015. JOHNSON, Mark W. Seizing the White Space: business model innovation for growth and renewal. Harvard Business Press. 2010. JONES, M.; SAMALIONIS, F. From Small Ideas to Radical Service Innovation, Design Management Review, Vol. 19 No. 1, 2008. 57 KURZWEIL, Ray. The Law of Accelerating Returns. Kurzweilai.net. Disponível em: <http://www.kurzweilai.net/the-law-of-accelerating-returns>. Acesso: julho de 2015. LASTRES, H.M.M. e ALBAGLI, S. Informação e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro, Campus, 1999. LINDNER, Luís. Proposta de modelo de gestão de design para comunicação de valor. Trabalho de conclusão de curso de design, centro de comunicação e expressão (Graduação) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. MARTIN, Roger. The design of business: why design thinking is the next competitive advantage. Boston: Harvard Business, 2009 MICHAELIS. Disponível em: <www.uol.com.br/michaelis>. Acesso em: abril de 2015 MINAYO, Maria Cecília de Sousa (Org.). Pesquisa sócia: Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2001. MOORE, Gordon E. Cramming more components onto integrated circuits, Reimpressa da revista Electronics, volume 38, número 8, de abril de 1965, p.114. IEEE Solid-State Circuits Newsl., v. 20, n. 3, p. 33-35, 2006. MOURA, M. ET AL. Faces do Design. Rosari. 2003. MOZOTA, B. B. Design management. Paris: Éditions d’Órganization, 2002. MOZOTA, B. B. Design management: using design to build brand value and corporate innovation. New York: Allworth Press, 2003. NIEMEYER, Lucy. Design no Brasil: origens e instalação. 3. ed Rio de Janeiro: 2AB, 2000.NIEMEYER, Lucy. Design no Brasil: origens e instalação. 3. Ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2000. PADILHA, Ivan. A Inovação pode estar na superfície. 2009. Disponível em: <http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT108789-17453,00.html>.Acesso em: abril de 2015. PORTAL DA PROPAGANDA. Cubo recebe o Spark Awards 2015 na categoria Melhor Coworking. Disponível em: <http://portaldapropaganda.com.br/noticias/2325/cubo- recebe-o-spark-awards-2015-na-categoria-melhor-coworking/> Acesso em: novembro de 2015. ROSSETTI, A ET AL. A organização baseada no conhecimento: novas estruturas, estratégias e redes de relacionamento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO. São Paulo: Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento – SBGC, 2005. V CD ROM ROSTÁS, Renato. Itautec conclui venda das áreas de automação e serviços à Oki. Disponível em <http://www.valor.com.br/empresas/3393032/itautec-conclui-venda- das-areas-de-automacao-e-servicos-oki> Acesso e: Novembro de 2015 58 SANTOS, Claudiney. Itaú inaugura espaço voltado a apoiar empreendedorismo digital e projetos de inovação. Disponível em : <http://convergecom.com.br/tiinside/10/09/2015/itau-inaugura-espaco-para-apoiar-o- empreendedorismo-digital/> Acesso em: novembro de 2015. SCHNEIDER, Beat. Design – pesquisa e ciência. In Design uma introdução. São Paulo;Blucher, 2010. SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do desenvolvimento econômico. 3ª Ed. São Paulo: abril Cultural, 1982. SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Classificação das ações do SENAI/SENAI. DN. – Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.senai.br/upload/publicacoes/arq633274459599482283.pdf> Acesso em: abril de 2015 SILVA, Minelle Enéas da et al. Fusões e incorporações: Decisões estratégicas que elevam o poder de uma organização. In. XII SEMEAD, 2009, Campinas. Empreendedorismo e Inovação. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead>. Acesso em Outubro de 2015. SILVA, E. L. MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001. SILVA, C. A. T. & MORAES, M. C. Concentração do setor financeiro brasileiro após o Plano Real. In: CONGRESSO USP CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 6., 2006, São Paulo (SP). Anais...São Paulo: USP, 2006. SIMON, Herbert A. The Sciences of the Artificial. 3rd. 1996. STRAUSS, A., CORBIN, J., 1998. Basics of Qualitative Research: Techniques and Procedures for Developing Grounded Theory. 2 ed. London, SAGE Publications TRIVIÑOS, A. N. S. - Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo, Atlas, 1987. VIANNA, M; VIANNA, Y; ADLER, I. K.; LUCENA, B.; RUSSO, B. (2012). Design Thinking Inovação em Negócios. 1ª Ed, Rio de Janeiro: MJV Press. WOLLNER, Alexandre et al. Alexandre Wollner e a formação do design moderno no Brasil. São Paulo: Cosac Naify, 2005. YIN, Robert K. Estudo de caso – planejamento e métodos. (2Ed.). Porto Alegre: Bookman. 2001.