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História do Pensamento Econômico - Livro-Texto Unidade III

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Unidade III
Unidade III
Nesta unidade serão apresentadas as ideias e teorias marxistas e de inspiração neoclássica. Partiremos 
das revoluções do final do século XIX e das contribuições de Marx para o debate. Seguiremos com o 
utilitarismo de Jevons, de Menger e de Walras até chegarmos à discussão das teorias neoclássicas com 
Marshall, Böhm-Bawerk e Sraffa. Os imperialistas também estão presentes nesta unidade, representados 
por Hobson, Luxemburg, Lenin além de Sweezy. Finalizamos com a economia neoclássica do bem-estar 
com a noção de Pareto.
5 AS REVOLUÇÕES DO FINAL DO SÉCULO XIX: DE MARX AO MARGINALISMO
Com a economia política clássica foi possível perceber o desenvolvimento dos estudos da 
economia capitalista com base na filosofia e abstração, assim como os efeitos da nova sociedade 
industrial que estava surgindo em função da revolução. Ainda sob um enfoque de metodologia 
e filosofia econômica, a visão marxista, que abordou os efeitos da revolução industrial sobre o 
capital, está presente juntamente com a evolução, tempos depois, da matematização da economia 
dos marginalistas.
5.1 O pensamento de Karl Marx acerca do capitalismo
Marx dizia em suas obras que o capitalismo, com suas contradições, chegaria inevitavelmente à 
destruição. Inspirados pela visão dos sucessivos levantes operários e envolvidos no trabalho de entender 
e resolver os problemas oriundos da acumulação capitalista, Marx e Engels buscaram analisar o 
capitalismo. Baseando seu estudo da sociedade capitalista numa abordagem metodológica conhecida 
como materialismo histórico e focalizando sua atenção nas relações que determinavam a direção geral 
dos movimentos dos sistemas sociais, em O capital, de 1867, Marx:
[...] procurou simplificar as complexas relações de causa e efeito que 
interligavam as múltiplas facetas dos sistemas sociais, isto é, a teia de ideias, 
leis crenças religiosas, costumes, códigos morais, instituições econômicas e 
sociais presentes em todos os sistemas sociais (HUNT; SHERMAN, 1992, p. 
91-92).
De acordo com Heilbroner (1996a, p. 138):
A concepção materialista da História, escreveu Engels, [...] origina-se do 
princípio que a produção, e com a produção a troca de seus produtos, é a 
base de toda ordem social; que em cada sociedade que apareceu na História 
a distribuição dos produtos, e com ela a divisão da sociedade em classes ou 
estados, é determinada pelo que é produzido, como é produzido e como 
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o produto é trocado. De acordo com esta concepção, as causas finais das 
mudanças sociais e das revoluções políticas devem ser vistas, não na mente 
dos homens nem em seu crescente impulso em direção da eterna verdade 
e da justiça, mas sim nas mudanças das maneiras de produção e de troca; 
devem ser vistas não por meio da filosofia, mas sim da economia da época 
concernente.
 Leitura obrigatória
Leia mais sobre o materialismo histórico em:
RASMUSSEN, U. W. Economia para não economistas: a desmistificação 
das teorias econômicas. São Paulo: Saraiva, 2006. Disponível em: 
<http://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502087843/
pages/47991088>. Acesso em: 3 nov. 2015.
Figura 7 – Karl Marx e O capital
Marx afirmava que a base econômica de uma sociedade, ou seu modo de produção, que era composto 
pelas forças produtivas, como ferramentas, fábricas, equipamentos, recursos naturais, e pelas relações de 
produção, ou seja, relações sociais que os homens mantinham entre si, exercia influência poderosa sobre 
todas as instituições sociais. Identificando também quatro modos de produção (comunismo primitivo, 
escravismo, feudalismo e capitalismo), Marx apontava contradições entre as forças produtivas e as 
relações de produção, que se manifestavam sob a forma de luta entre suas respectivas classes sociais 
(HUNT; SHERMAN, 1992, p. 92-94).
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 Observação
Observe, na leitura de Marx, que além de efetuar uma análise do 
capitalismo, o autor procura também efetuar uma crítica à economia 
política de Smith e de Ricardo.
Marx, acrescentando, fará uma previsão: o capitalismo se destruirá por si mesmo. A produção não 
planejada, a desorganização do sistema, as constantes oscilações de preços, tudo estaria conspirando 
para a inexorável crise.
O sistema, simplesmente, era complexo demais; desencaixava-se de maneira 
constante, perdia o ritmo, produzia determinada mercadoria em excesso e 
outra de menos. Em seguida, o capitalismo deveria produzir seu sucessor 
sem o saber. Dentro de suas grandes fábricas ele precisaria não apenas criar 
a base técnica para o socialismo — produção racionalmente planejada —, 
mas teria, além disso, que criar uma classe bem treinada e disciplinada 
que viria a ser o agente do socialismo, o amargurado proletariado. Por sua 
própria essência dinâmica, o capitalismo iria produzir a própria queda e, no 
processo, alimentaria o inimigo (HEILBRONER, 1996a, p. 141).
Entretanto, 
[...] duas características essenciais diferenciavam o capitalismo dos outros 
sistemas econômicos: (a) a separação do produtor dos meios de produção, 
dando origem à classe de proprietários dos meios de produção, ou seja, o 
capitalista, e uma classe de trabalhadores que se distinguia da outra classe 
por ter sua forma de trabalho por ela controlada e explorada; (b) a infiltração 
do mercado, ou do nexo monetário, em todas as relações humanas, tanto 
na esfera da produção, quando na esfera da distribuição (HUNT; SHERMAN, 
1992, p. 94).
Algumas das principais ideias de Marx podem ser assim resumidas: para ele, o capital gerava lucros 
para uma específica e especial classe social; a relação econômica básica era a da troca e, nesse sentido, 
as mercadorias tinham um valor de uso (criado pelo trabalho útil) e um valor de troca (criado pelo valor 
abstrato); o valor de troca era expresso em termos de preço monetário. Ainda, “o valor de uso não 
poderia ser a base do valor de troca” (HUNT, 2005, p. 198). Tendo: 
[...] estabelecido a ligação entre o valor de troca de uma mercadoria e ‘a 
quantidade de tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção’, 
Marx [...] mostrou as condições sócio-históricas específicas necessárias para 
os produtos do trabalho humano se transformarem em mercadorias (HUNT, 
2005, p. 200).
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Para Marx, enquanto em uma sociedade não capitalista o fluxo de troca poderia ser descrito por 
mercadoria – dinheiro – mercadoria (o processo, nesse caso, envolvendo a troca com o objetivo de 
adquirir outras mercadorias para uso), numa sociedade capitalista, o fluxo caracterizava-se por dinheiro 
– mercadoria – dinheiro (ou seja, o dinheiro era gerado pela produção e troca de mercadorias produzidas 
a partir do capital disponível). A diferença entre dinheiro recebido pela troca das mercadorias produzidas 
e dinheiro gasto com salários era denominada mais-valia, gerada no processo de produção e que tinha 
como origem o fato de os capitalistas comprarem um conjunto de mercadorias (fatores de produção, 
incluindo o trabalho que o operário vendia como mercadoria) por um valor abaixo daquele representado 
pelo conjunto de mercadorias vendidas (resultantes do processo produtivo).
Para Marx, essa análise permitia concluir que a única maneira de o capitalista sobreviver era por meio 
da acumulação cada vez maior de capital, e essa luta pela sobrevivência acabaria por gerar concentração 
econômicae queda da taxa de lucro (em suma, crises setoriais, alienação e miséria da classe operária).
 Saiba mais
GERMINAL. Dir. Claude Berri. França, 1993. 160 min. 
Filme baseado na obra homônima de Émile Zola, retrata a situação dos 
mineiros franceses ao final do XIX, especialmente as condições insalubres 
de trabalho associadas aos baixos salários. 
As leis do movimento capitalista partem do princípio de que o modo de produção capitalista se 
baseava na oposição capital-trabalho; esses dois elementos ou classes mantinham entre si uma relação 
essencialmente de troca em que o trabalhador vendia sua força de trabalho para o capitalista e, com 
o dinheiro, adquiria os elementos indispensáveis para satisfazer suas necessidades materiais de vida. 
Obviamente, essa relação de troca constituía apenas um caso especial do problema mais amplo dos 
valores de troca no âmbito de uma economia de mercado capitalista.
Marx (1996) acreditava que o valor de troca de uma mercadoria era determinado pelo tempo de 
trabalho necessário para produzi-la, percebendo também que o tempo de trabalho despendido na 
produção de uma mercadoria inútil criaria uma mercadoria cujo valor de troca não corresponderia ao 
tempo de trabalho englobado nela. No entanto, o desejo de maximizar lucros levaria o capitalista a 
evitar a produção de mercadorias de baixa procura. Assim, o nível de procura no mercado determinaria 
que mercadorias seriam produzidas e em quais quantidades.
Ao fazer sua análise do capitalismo e da concorrência, Marx parte do princípio de que 
a produção em grande escala, que ocorria no capitalismo inglês do século XIX, era propiciada 
pelo desenvolvimento da produtividade do trabalho, pela organização e pela divisão do trabalho. 
Segundo sua ótica, ainda na época da produção mercantil, na qual boa parte dos meios de 
produção constituía propriedade dos indivíduos e cada trabalhador produzia mercadorias em 
processos isolados e independentes, só era possível atingir a produção em grande escala se os 
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capitais individuais crescessem, ou se os meios de produção se tornassem propriedade particular 
dos capitalistas. Segundo ele, “só assumindo a forma capitalista pode a produção de mercadorias 
tornar-se produção em grande escala” (MARX, 1996, p. 724-725). Esse modo de acumulação 
de capital nas mãos de proprietários individuais é admitido na transição do artesanato para a 
exploração capitalista, também conhecida como acumulação primitiva.
Marx (1996) acaba por definir a acumulação de capital como sendo a retransformação, ou a utilização 
da mais-valia, produzida pela força de trabalho no próprio processo produtivo. A acumulação teria 
seu ritmo dependente da composição orgânica do capital, que era a relação entre o chamado “capital 
constante”, derivado do valor dos meios de produção, e o “capital variável”, derivado do valor da força de 
trabalho. Quanto maior a parcela do capital total destinada ao capital constante em relação ao capital 
variável, maior seria a acumulação do capital total.
Para Marx (1996), o capitalista era uma das rodas motoras do mecanismo de acumulação de 
capital, pois obtinha lucros por ser o proprietário do capital. Reinvestia a maior parte dos lucros 
para ampliar o seu capital e obter, numa etapa seguinte, maiores lucros. Tornava a reinvesti-lo 
para ampliar novamente seu capital e, assim, sucessivamente. Este era o processo da acumulação 
de capital: o capital proporcionava lucros que, por sua vez, proporcionava mais capital e, uma 
vez realizada a acumulação inicial de capital, a ânsia de acumular mais capital tornou-se a força 
motriz do sistema capitalista.
Esse desejo de acumular mais capital criou contradições ao desenvolvimento capitalista. Uma 
importante consequência da acumulação de capital analisada por Marx foi a concentração da riqueza e 
do poder econômico em mãos de um número cada vez mais restrito de capitalistas (HUNT; SHERMAN, 
1992). Segundo Singer (1975, p. 76), “a concentração é o crescimento da empresa média em função da 
procura de maior produtividade, mediante a acumulação de capital, ou seja, pela transformação de uma 
parte dos lucros em novo capital”. 
Para Marx (1996), cada capital individual é uma concentração dos meios de produção; conforme se 
amplia a massa de riqueza que funciona como capital, aumenta a concentração de riqueza nas mãos 
dos capitalistas individuais. Com o crescimento de muitos capitais individuais, cresce também o capital 
social, aumentando a quantidade de capitalistas. Ao mesmo tempo em que ocorre o crescimento de 
muitos capitais individuais, por suas palavras, Marx dizia que:
[...]frações de capitais originais se destacam e funcionam como novos 
capitais independentes [...]. Com a acumulação do capital cresce, portanto, 
[...] o número de capitalistas. Dois pontos caracterizam essa espécie de 
concentração [...]. Primeiro: a concentração crescente dos meios sociais 
de produção nas mãos de capitalistas individuais [...] é limitada pelo 
grau de crescimento da riqueza social. Segundo: a parte do capital social 
localizada em cada ramo de produção reparte-se entre muitos capitalistas 
que se confrontam como produtores de outras mercadorias entre si. 
A acumulação e a concentração que a acompanha estão dispersas em 
muitos pontos, e, além disso, o aumento de capitais em funcionamento 
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é estorvado pela formação de novos e pela fragmentação de capitais já 
existentes. [...]. A acumulação aparece de um lado, através da concentração 
crescente dos meios de produção e do comando sobre o trabalho, e do 
outro, através da repulsão recíproca de muitos capitais individuais (MARX, 
1996, p. 726-727).
Mesmo que o capital social se distribua, ou como dizia Marx, se disperse, em vários capitais individuais, 
como contradição sempre existirá uma atração entre eles, transformando-se em concentração dos 
capitais já existentes. Marx chamou esse fenômeno de expropriação do capitalista pelo capitalista, ou 
transformação de muitos capitais pequenos em poucos capitais grandes. 
 Lembrete
Lembre-se que, no início da exposição sobre Marx, afirmamos que o 
capitalismo tenderia, na visão dele, à autodestruição. É nesse ponto que 
isso aconteceria: quando o capitalista explora o próprio capitalista.
Segundo ele, 
esta dispersão do capital social em muitos capitais individuais ou a repulsão 
entre seus fragmentos é contrariada pela força de atração existente entre 
eles. Não se trata mais da concentração simples dos meios de produção e de 
comando sobre o trabalho, a qual significa acumulação. O que temos agora 
é a concentração dos capitais já formados, a supressão de sua autonomia 
individual, a expropriação do capitalista pelo capitalista, a transformação 
de muitos capitais pequenos em poucos capitais grandes. Este processo 
se distingue do anterior porque pressupõe apenas alteração na repartição 
dos capitais que já existem e estão funcionando; seu campo de ação não 
está limitado pelo acréscimo absoluto da riqueza social ou pelos limites 
absolutos da acumulação. O capital se acumula aqui nas mãos de um só 
porque escapou das mãos de muitos noutra parte. Esta é a centralização 
propriamente dita, que não se confunde com a acumulação e a concentração 
(MARX, 1996, p. 727). 
O processo de concentração decorria da ação combinada de duas forças. Em primeiro lugar, a 
concorrência entre os capitalistas gerando uma situação em que o mais forte esmagava ou absorvia 
o mais fraco. Em segundo lugar, à medida que se aperfeiçoava a tecnologia, ocorria um aumento na 
quantidade mínima de capital necessário para manter em funcionamento uma empresa sobcondições 
normais. Essa empresa precisava ampliar constantemente a produtividade de seus operários sob risco 
de sucumbir à concorrência. Sendo assim, a centralização decorre diretamente da luta concorrencial e 
das vantagens das maiores empresas por possuírem maiores escalas de produção em relação às menores 
(SINGER, 1975). 
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Como a produtividade do trabalho depende do volume de capital posto à disposição do trabalhador 
e a concorrência entre os capitalistas se faz por meio da redução dos custos e da maior produtividade, 
aqueles que conseguem produzir em maior escala têm uma vantagem muito grande com relação aos 
outros na luta concorrencial, já que uma empresa produtiva coloca à disposição do trabalhador um 
volume cada vez maior de recursos produtivos e máquinas, “fazendo com que o que se produzia com 10 
trabalhadores, se produza, agora, com 8” (SINGER, 1675, p. 74-76). 
O processo de centralização, em contradição ao processo de acumulação de capital, atua como uma 
força de atração dos capitais maiores sobre os menores. O processo de centralização encerra a tarefa da 
acumulação de capital por capacitar o capitalista industrial a ampliar a sua escala de produção. Trata-se 
ainda de uma alteração na distribuição dos capitais já existentes, ou uma mudança no “agrupamento 
quantitativo dos elementos componentes do capital social” (MARX, 1996, p. 728).
Segundo Marx, portanto, juntamente com o processo inexorável de acumulação de capital, o 
capitalismo tem uma tendência à concentração e centralização de capitais nas mãos de poucas pessoas. 
À medida que essa concentração e centralização se desenvolvem, grandes capitais acabam se formando. 
Além disso, como parte de seu processo de desenvolvimento, o capitalismo pressupõe aumento do 
tamanho do capital individual mínimo para atuar em cada ramo como parte do processo de concentração 
de capitais.
Os capitais grandes esmagam os menores enquanto os capitais pequenos 
lançam-se assim nos ramos de produção de que a grande indústria se 
apossou de maneira esporádica ou incompleta. A concorrência acirra-se, 
então, na razão direta do número e na inversa da magnitude dos capitais 
que se rivalizam e acaba sempre com a derrota de muitos capitais pequenos, 
cujos capitais ou soçobram ou se transferem para as mãos Dio vencedor 
(MARX, 1996, p. 726-727).
Uma parte importante da obra de Marx está dedicada à discussão da lei de tendência do declínio 
da taxa de lucro bem como suas contratendências que não permitem a destruição do capitalismo. Para 
ele, mesmo em sua fase comercial, anterior à Revolução In dustrial, o poder dos capitalistas passava a ser 
garantido por novas leis sobre a propriedade privada, e o desenvolvimento da produção capitalista tornava 
sem pre necessário o aumento no capital aplicado em determinado empreendimen to industrial para 
que cada empresa pudesse acompanhar a evolução tecnológica. 
Por outro lado, isso se reforçou com a consolidação do capitalis mo industrial. Além das exigências de 
maiores gastos com aper feiçoamentos tecnológicos, visando aos ganhos de produtividade e que garanti-
riam as reduções de custos e os ganhos de competitividade, outro elemento era crucial: a intensificação da 
concorrência entre empresas. Crises de subconsumo ou superinvestimento faziam com que, regularmente, 
fossem eli minadas as empresas menos competitivas, o que levava à concentração da produção em um 
número decrescente de empresas e à centralização de parcelas cada vez maiores da riqueza do capital 
em um número cada vez menor de proprietários (HUNT, 1989, p. 241-242).
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 Saiba mais
Leitura bastante prazerosa é o artigo escrito por Marx, chamado O 18 
brumário de Luis Bonaparte. Nele, Marx descreve um conjunto de ideias 
que influenciariam movimentos políticos mundiais. 
MARX, K. O 18 brumário de Luis Bonaparte. [s.d.]. Disponível em: 
<https://neppec.fe.ufg.br/up/4/o/brumario.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2015.
Para Gorender (1985), partindo-se de uma análise da concorrência entre os capitalistas, a tendência 
à queda da taxa de lucro já havia sido constatada por Smith, que a inferiu da queda da taxa de juros. 
O fenômeno foi explicado pela concorrência entre os capitais cada vez mais acumulados, em que a 
concorrência impelia os salários para cima e induzia à baixa da taxa de lucros. 
Ricardo também deu sua contribuição à questão, mas, em sua explicação, parte do pressuposto 
da lei dos rendimentos decrescentes na agricultura. Uma vez que a produção atinge um ponto 
em que não satisfaz a demanda, o plantio é obriga do a ser deslocado para terrenos cada vez 
menos férteis e distantes dos centros de consumo, aumentando-se os custos e reduzindo-se a 
lucratividade da ativi dade agrícola.
 Lembrete
Lembre-se que na visão de Ricardo acerca da renda da terra ocorrem 
os rendimentos decrescentes de escala na agricultura, o que impacta 
diretamente a posição de lucratividades dos empresários.
Marx parte do que chamou de composição orgânica do capital. O capital de uma empresa foi por 
ele explicado como sendo uma composição entre uma parcela dita constante (equivalente ao valor dos 
meios de produção = c) e uma parcela variável (equivalente ao valor da força de trabalho = salários = 
v), definindo-se uma razão conhecida como a composição orgânica do capital (COK = c/v). Para Marx 
(1991), a acumulação incessante aumentaria a COK, expres sando o desenvolvimento progressivo da 
produtividade social do trabalho, pois, na tentativa de superar a concorrência pela incorporação dos 
avanços tecnológicos, na composição orgânica do capital social médio, o aumento dos fatores constantes 
ocorreria em ritmo maior que o aumento nas quantidades utilizadas da força de trabalho e isso levaria 
a uma tendência à queda da taxa de lucro. Por suas palavras:
a tendência do capitalismo ao decréscimo relativo do capital variável em 
relação ao constante, gera cada vez mais elevada composição orgânica do 
capital global, dai resultando que a taxa de mais-valia, sem variar e mesmo 
elevando-se o grau de exploração do trabalho, expresse-se em taxa geral 
de lucro em decréscimo contínuo. A tendência gradual, para cair, da taxa 
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ge ral de lucro é, portanto apenas expressão peculiar ao modo de produção 
capitalista, do progresso da produtividade social do trabalho (MARX, 1991, 
p. 244-266).
Embora a taxa de lucro seja a relação do lucro com o capital total, o próprio lucro só seria criado 
pelo capital variável e pela força de trabalho que produz a mais-valia, ou seja, pelo trabalho excedente. 
Não se alterando a taxa de mais-valia, expressada pela relação entre mais-valia e o capital variável (m/v), 
a redução da parcela variável no capital total resultaria em uma queda da taxa de lucro. Contudo, a 
tendência histórica do capitalismo consiste na elevação dos elementos do capital constante, impulsionado 
pela valorização do capital e, portanto, de sua acumulação, expressando o crescimento da produtividade 
social do trabalho como resultado do aumento da massa e do valor dos meios de produção por trabalhador 
ocupado e a redução do valor por unidade do produto. Não havia, portanto, para Marx (1991), dificuldade 
lógica na explicação da queda da taxa de lucro. A dificuldade advinha do seu movimento muito lento e 
dos seus efeitos percep tíveis tão somente ao longo prazo.
 Observação
Observe que quando Marx afirma que há uma tendência do 
capitalismo em elevar investimentos em elementos constantes, máquinas e 
equipamentos,o tempo que está analisando é aquele em que o capitalismo 
está se consolidando logo após a revolução industrial. Assim, ele está 
denunciando aquilo que está vivendo.
Essa tendência declinante da taxa de lucro faz com que os capitalistas busquem algumas influências 
compensatórias para reverter esse proces so. Como influências compensatórias, Marx (1991) identificou:
a) o aumento da intensidade da exploração da força de trabalho, ou o barateamento dos bens-salários, 
que, diminuindo o tempo de trabalho necessário, aumentariam o tempo de sobretrabalho e, 
portanto, a criação de mais-valia, aumentando a taxa de lucro;
b) o barateamento dos elementos do capital constante, o que baixaria a COK e elevaria a taxa de lucro;
c) o comércio exterior, por permitir obtenção de bens de produção e/ou 
bens-salários mais baratos, coincidindo com os efeitos de aumentos da intensidade da exploração;
d) a exportação de capitais a países atrasados, onde a taxa de lucro costu ma ser mais elevada, motivo 
pelo qual os lucros dos investimentos no exterior impelem para cima a taxa de lucro no país 
exportador de capitais.
Finalizamos com a seguinte passagem de Marx (1991, p. 266):
A expansão do comércio exterior, embora tenha sido a base do modo de 
produção capitalista em sua infância na fase do capitalismo comercial, 
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mercantilista, transformou-se em seu próprio produto, com o progresso 
posterior do modo de produção capitalista, por causa da necessidade 
intrínseca deste modo de produção: sua necessidade por um mercado 
sempre em expan são.
5.2 O Utilitarismo: Jevons, Menger e Walras.
Por mais que a economia clássica, e a economia política, tenham contribuído para as novas 
descobertas acerca do funcionamento das economias capitalistas, no final da década de 1860, tais 
teorias passam a sofrer ataques fervorosos daqueles que acreditavam que as explicações do mundo 
econômico deveriam distanciar-se das questões filosóficas e abstratas. Assim, a teoria do valor trabalho 
passa a ser cada vez mais contestada. Em seu lugar estaria a teoria do valor utilidade, desenvolvida 
pelos expoentes do marginalismo: Jevons, Menger e Walras. Em suas obras, a crítica principal está nos 
desdobramentos teóricos oferecidos por Ricardo.
Como estavam à frente do tempo de Smith, Ricardo e Mill, os marginalistas encontraram uma 
economia revolucionária em termos de produção, transportes e comunicação, além de uma efervescente 
concentração industrial, agigantamento de empresas e desenvolvimento do mercado financeiro. 
Entretanto, existiam muitos consumidores e muitos produtores que não conseguiam influenciar preços 
de mercado devido a seu tamanho diminuto (se tomados isoladamente). Aos produtores, como não 
exerciam poder de influência sobre o preço, caberia controlar a quantidade de mercadorias levadas ao 
mercado bem como seu processo de produção. Conforme salientam Hunt e Sherman (1992, p. 114), 
“as mercadorias constituíam, segundo os neoclássicos, a fonte última de prazer ou de utilidade que 
supunham quantificável”.
A economia marginalista deve seu triunfo, no século XX, a certos aspectos 
teóricos que a tornaram atraente e a colocaram em vantagem competitiva 
em relação aos clássicos. Ela restringiu o escopo da Economia direcionando 
sua ferramenta de análise para o estudo de problemas de alocação de 
recursos. Este é um importante ponto em comum entre os marginalistas. 
Todos eles buscam estreitar o escopo dos modelos teóricos, perguntando 
basicamente como o processo alocativo poderia ser otimizado em uma 
economia de mercados operando no ponto de equilíbrio, ou como os 
recursos seriam substituídos entre si na margem (FEIJÓ, 2001, p. 268).
Feijó (2001, p. 271-272) salienta:
A nova economia marginalista abstrai as classes sociais e, com elas, as relações 
sociais, estando voltada para a relação psicológica entre indivíduos e bens de 
consumo. [...]. Ela deixa de ser uma ciência social voltada para a explicação das 
relações entre homens e passa a ser considerada uma ciência natural que estuda 
a relação entre homens e bens materiais. [...]. O eixo da análise marginalista 
reside na escolha individual sua categoria teórica central. A decisão de consumo, 
o processo de produção e a repartição dos rendimentos [...].
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 Observação
Observe que com a chegada dos marginalistas e suas teorias utilitaristas, 
o estudo da economia se distancia das questões filosóficas devido à 
importância da análise matemática que passa a ser empreendida.
Assim, Jevons, Menger e Walras formularão a teoria do valor utilidade, base fundamental para o 
desenvolvimento do pensamento marginalista. Defendendo a utilidade marginal decrescente, os autores 
mostram como a utilidade determina os valores das mercadorias. A Teoria da Utilidade pode ser entendida 
como uma medida de satisfação ao explicar a diferença entre utilidade total e utilidade marginal.
 Saiba mais
No artigo a seguir, você poderá compreender a questão do individualismo 
e do egoísmo que baliza as visões utilitaristas de diferentes autores. 
CAILLÉ, A. O princípio de razão, o utilitarismo e o antiutilitarismo. Brasília, 
Soc. estado, v. 16, n. 1-2, jun./dez. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922001000100003&lng=e
n&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 4 nov. 2015.
Para entendermos as teorias da utilidade e de escolha, vamos efetuar um simples raciocínio: 
se as pessoas demandam mercadorias, ou seja, se consomem determinadas mercadorias, isso 
ocorre porque as mercadorias são necessárias à manutenção da vida, e, portanto, o consumo 
deve promover algum tipo de prazer ou satisfação. Em se tratando do consumo de mercadorias, 
dado que a renda não é o bastante para consumir tudo aquilo que se deseja, o agente econômico, 
de forma racional, procurará empregar seus recursos limitados entre as melhores alternativas de 
uso possíveis.
Abstraindo essa ideia para a noção de consumo, se o agente agir racionalmente e pensar na 
maximização de seu bem-estar, despenderá parte de sua renda no consumo de mercadorias necessárias 
à manutenção da vida. Daí, fica estabelecido que as mercadorias apresentam utilidade. Imaginando que 
o prazer, ou a satisfação, percebido pelo consumidor ao adquirir uma mercadoria possam ser medidos, 
teríamos então uma medida de satisfação traduzida em utilidade.
Conforme Silva e Luiz (2010, p. 153-154), 
a utilidade de um bem ou de um serviço é sua capacidade de satisfazer às 
necessidades das pessoas. Assim, a utilidade da água é saciar a sede, de um 
automóvel é sua capacidade de transportar pessoas, objetos etc. Podemos 
dizer, então, que um consumidor, agindo racionalmente, procurará obter 
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a maior utilidade possível a partir de sua renda, que recebe o nome de 
orçamento. Para obter essa utilidade, sua renda será usada na aquisição 
de bens e serviços, que chamamos de cesta de mercadorias. Assim sendo, 
é razoável pensar que, quanto maior o orçamento do consumidor, maiores 
serão suas possibilidades de obter maior quantidade de utilidade, ou seja, de 
melhor satisfazer às necessidades. Para maximizar sua utilidade, isto é, obter 
o maior grau possível de satisfação, o consumidor deve escolher quais bens 
e serviços vai adquirir e também em que quantidade, pois seu orçamento já 
apresenta, por si só, uma limitação.
O britânico William Stanley Jevons contribuiu para a história do pensamento econômico com sua 
obra principal A teoria da economia política,de 1871. Empregando o método dedutivo e recorrendo 
à análise estatística de dados, sua investigação estava no entendimento de que o valor depende da 
utilidade. Defensor do uso da matemática na economia, sua obra está impregnada de formulações e 
expressões matemáticas, a exemplo do uso de cálculo diferencial. Para ele, seria difícil quantificar o 
prazer produzido pelo consumo de unidades de mercadorias, mas são os sentimentos que movimentam 
as pessoas para a compra e venda. Assim, com base nas relações sentimentais do consumo é que se 
procurou matematizar seus efeitos. 
 Saiba mais
Leia o artigo de Alexandre Ottoni Teatini Salles e Rafael Barbieri Camatta 
intitulado O utilitarismo de Jevons e a crítica de Veblen acerca da teoria do 
consumo. Temos certeza de que a leitura o ajudará no entendimento. 
SALLES, A. O. T.; CAMATTA, R. B. O utilitarismo de Jevons e a crítica de 
Veblen acerca da teoria do consumo. Economia Ensaios, v. 28, n. 2, 2014. 
Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/revistaeconomiaensaios/
article/view/24817/17195>. Acesso em: 4 nov. 2015.
Carl Menger, representante da escola austríaca no desenvolvimento do marginalismo, avança 
na discussão da maximização da utilidade com sua obra Princípios de economia política, de 1871. 
Menger apresenta a seguinte divisão da economia: histórica, que trata de fenômenos particulares; 
teórica, buscando encontrar regularidades em termos de renda da terra, relação de demanda e 
oferta e preços; e prática, investigando as regras que guiam a ação individual ou coletiva (BARBIERI; 
FEIJÓ, 2013).
Fortemente influenciado pela escola histórica alemã e distanciando-se das formulações 
matemáticas para explicar a economia, Menger preocupou-se desde cedo com o problema da 
determinação dos preços, empregando uma visão de mundo em que o agente econômico é 
individualista. Conforme Feijó (2001, p. 384), “se o atendimento de desejos e necessidades é o 
propósito da atividade econômica, um elemento externo se interpõe entre necessidades, desejos e 
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sua satisfação: o bem econômico”. Assim, “a combinação dos desejos de comprar e de vender (tudo 
determinado pelas considerações de utilidade) determinava os preços” (HUNT, 1989, p. 290). 
Da França temos Léon Walras e sua obra Elementos de economia política pura, de 1874, com o 
emprego da matemática na análise da economia de equilíbrio geral e de importância fundamental no 
desenvolvimento da microeconomia.
Walras, no início de seus Elementos, distingue a economia pura da economia 
aplicada e da economia social. A primeira é uma ciência físico-natural 
neutra, trata da teoria da riqueza social, o que para ele concentrava-se na 
teoria dos preços de mercado em concorrência perfeita. Tal ciência procura 
demonstrar matematicamente as condições de equilíbrio na economia 
de mercado. A economia aplicada é um conjunto de estudos de casos no 
qual são apontadas, em cada um deles, as condições técnicas e econômicas 
mais favoráveis à produção da riqueza social. Por último, a economia social 
envolve julgamentos éticos sobre que grupos serão favorecidos pelas 
decisões políticas (BARBIERI; FEIJÓ, 2013, p. 282).
Assumindo as hipóteses de livre concorrência de mercados, liberdade de entrada de novas empresas 
concorrentes, mobilidade de fatores de produção na economia e adaptabilidade dos preços às condições 
de concorrência, de demanda e de oferta, Walras reconhece que há forte interdependência dos 
mercados. A partir desse ponto, ele desenvolve o princípio do equilíbrio geral com o emprego de sistema 
de equações simultâneas que interligavam vários mercados.
Da mesma forma que Jevons desenvolveu a ideia de quantificação das utilidades, Walras 
reafirma ser possível tal quantificação a partir do que chamou de “medida-padrão para poder 
avaliar a intensidade de necessidades ou a utilidade intensiva, aplicável não apenas a unidades 
similares do mesmo tipo de riqueza, como também a unidades diversas de vários tipos de 
riqueza” (HUNT; SHERMAN, 1992, p. 115). O olhar de Walras sobre a economia é aquele natural 
em que o fundamento do valor está na escassez. Como existe escassez na economia e, portanto, 
determinadas coisas são raras, no contexto social em que ao homem são oferecidas limitadas 
quantidades daquilo que necessita, o que é escasso tem valor.
Walras salienta que a questão da escassez é relativa e deve-se entendê-la em termos físicos, 
temporais e locais. A escassez deve ser entendida em termos relativos, em termos subjetivos e 
variável de pessoa para pessoa ao passo que o valor de troca das coisas entre as pessoas é objetivo 
por requerer usos da moeda. Assim, a raridade das coisas estaria para as pessoas e não nas 
próprias coisas. Para Mazzucchelli (2003, p. 137), “não existe, portanto, nenhuma determinação 
social por detrás do valor: existem o homem (indivíduo), suas necessidades e a disponibilidade 
física dos produtos”.
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NOME DA DISCIPLINA
 Saiba mais
Consulte o livro a seguir para encontrar muitas informações adicionais 
de cada um dos economistas que estamos apresentando neste livro-texto. 
BARBIERI, F.; FEIJÓ, R. L. C. Metodologia do pensamento econômico: 
o modo de fazer ciência dos economistas. São Paulo: Editora Atlas, 2013. 
Disponível em: <http://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852248
7387?q=Metodologia+do+pensamento+econ%C3%B4mico>. Acesso em: 
4 nov. 2015.
6 DAS TEORIAS NEOCLÁSSICAS AO IMPERIALISMO
O princípio da utilidade, conforme anteriormente descrito em seus expoentes, foi extremamente 
importante para novos desenvolvimentos acerca do individualismo maximizador do agente econômico 
racional. Assim, as teorias neoclássicas aprofundaram o debate com as contribuições de Marshall, Böhm-
Bawerk, Sraffa.
A escola neoclássica, ou marginalista, do pensamento econômico está fundamentada na questão da 
utilidade e contribui para o desenvolvimento de importante esfera da ciência econômica chamada de 
microeconomia. Nessa esfera, a atenção está voltada para o agente racional e maximizador de lucros, 
no qual, pelo emprego de testes matemáticos, podem-se apresentar noções de equilíbrio econômico. 
Vejamos seus principais expoentes.
6.1 Alfred Marshall: equilíbrio de curto prazo e defesa ideológica do 
capitalismo
Pertencente à escola neoclássica de Cambridge, Alfred Marshall sistematizou e complementou os 
escritos de Adam Smith e de David Ricardo, já que, para ele, a economia, ou os estudos econômicos, são 
uma máquina para descoberta da verdade concreta. Sua principal obra, Princípios de economia, lançada 
em 1890, está impregnada de questões de caráter social, pelo fato de indagar se realmente haveria 
necessidade de existirem pobres para que houvesse ricos (STRAUCH, 1982, p. VII-XIX). 
Antes de se dedicar à economia e ficar conhecido como líder da chamada escola neoclássica, Marshall 
concentrou seus estudos em matemática, porém a preferência de seus pais era que ele seguisse a carreira 
religiosa. Dedicou-se ao desenvolvimento das ideias econômicas, bastante influenciado por J. S. Mill.
A concepção geral da obra de Marshall baseia-se numa visão microeconômica neoclássica do regime 
capitalista de produção, supondo-se uma tendência natural para o equilíbrio, onde as forças do mercado 
distribuíam os recursos da melhor maneira possível entre os diversos usos alternativos. Seu método 
de análise enfatiza as chamadas análises de equilíbrio parcial com amplo uso da abordagem coeteris 
paribus, uma das mais famosas contribuições de Marshall. 
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 Saiba mais
Para ver a grandiosidade da obra de Marshall, leia o artigo:
MATTOS, L. V. de. Marshall e os críticos à economia política clássica. Rev. 
Econ. Polit. São Paulo, v. 30, n. 2, abr./jun. 2010. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572010000200006&script=sci_
arttext>. Acesso em: 4 nov. 2015.
Para explicar a dinâmica do sistema econômico capitalista, Marshall parte de três premissas:
a) lei da sobrevivência do mais apto, que se reporta aos organismos que utilizam o meio ambiente 
de melhor forma no atendimento de suas necessidades;
b) a ideia de que qualquer organismo evolui dentro de um sistema de funções diferenciadas e 
integradas; e
c) o conceito de ciclo vital, que se refere ao nascimento, auge e declínio dos organismos.
As duas primeiras premissas deram origem à tese da tendência à extinção das pequenas unidades 
produtivas; depois de revistas pelo próprio Marshall, deram origem à tese de permanência provisória ou 
temporária daquelas unidades, que propiciou o conceito de ciclo vital (SATO, 1977). 
Analisando a tese da extinção de pequenas unidades de fabricação e utilizando a lei da sobrevivência 
do mais apto, Marshall mostra a importância do princípio da divisão do trabalho sobre a vida econômica, 
reafirmando o ponto de vista de Adam Smith de que a divisão do trabalho possibilita o aumento da 
riqueza da população. De acordo com sua segunda premissa, assegura ainda que o desenvolvimento de 
um organismo, físico ou social, envolve uma crescente subdivisão de funções das diferentes partes de um 
conjunto. Essa diferenciação manifesta-se na indústria como divisão do trabalho e no desenvolvimento 
da especialização da mão de obra, do conhecimento e da maquinaria (MARSHALL, 1982).
O princípio de que os organismos mais desenvolvidos são os mais aptos a sobreviver na luta pela 
existência requer uma interpretação cautelosa, pois o fato de uma coisa ser benéfica ao seu meio não 
é suficiente para assegurar sua sobrevivência. Essa luta pela existência faz com que se multipliquem 
os organismos mais capazes de aproveitarem-se das vantagens que o meio oferece. Entretanto, os 
organismos que mais se utilizam do meio são simultaneamente aqueles que mais beneficiam e prejudicam 
aqueles que os cercam. Diante disso, cada indústria deveria procurar uma melhor localidade para poder 
tirar proveito de recursos naturais propiciados pelo meio ambiente, para assim chegar à condição de 
“mais apta” (MARSHALL, 1982).
Em um estágio primitivo da civilização, cada lugar tinha que depender de seus 
próprios recursos para a maioria das mercadorias pesadas que consumia [...] 
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e as necessidades e os costumes dos produtores e dos consumidores foram 
pouco a pouco se transformando, o que tornou fácil aos produtores irem 
de encontro das necessidades de alguns consumidores, se concentrando em 
determinados locais (MARSHALL, 1982, p. 231). 
Marshall (1982, p. 231) chamou de “indústrias localizadas” aquelas resultantes dessa 
concentração de produtores e consumidores. Disse, ainda, que as diversas causas para essa 
localização foram as condições físicas, tais como natureza do clima e do solo. Admite ainda 
que “o próprio caráter industrial de todo um país pode ter sido grandemente influenciado pela 
riqueza de seu solo ou pelas facilidades para o comércio”. A concentração de grande número de 
pequenas unidades fabris da mesma espécie numa mesma localidade, ou que a concentração de 
grande parte do comércio do país em mãos de um número pequeno de firmas ricas e poderosas, 
é decorrência ou resultado da divisão do trabalho. Contudo, as formulações marshallianas sobre 
economias de escala mostram que:
são basicamente as grandes empresas que usufruem das vantagens da divisão 
do trabalho e da ampliação das vendas, e serão as únicas a sobreviverem 
no ambiente caracterizado pela diferenciação e integração de funções, não 
restando dúvida sobre o futuro pouco promissor das pequenas unidades 
produtivas (MARSHALL apud SATO, 1977, p. 15). 
Quando Marshall coloca que só as grandes empresas obterão rendimentos crescentes, ele 
destaca que na pequena empresa o trabalho tende a ser desempenhado por poucas pessoas em 
máquinas obsoletas, que requerem grande habilidade de seus operadores. O uso de máquinas novas, 
tecnologicamente superiores, ficaria restrito às grandes empresas, que as adquirem sem muito esforço 
financeiro. Assim, como essas máquinas são mais especializadas, geram maior produtividade. Já o 
pequeno empresário raramente tem condições de acompanhar plenamente a evolução tecnológica, 
dado o encarecimento do maquinário, resultando daí a expulsão de pequenas empresas de alguns 
ramos industriais (SATO, 1977).
Além dessa vantagem, o grande empresário pode contar com uma mão de obra mais especializada 
e também deixar determinadas tarefas para outros funcionários mais capacitados, ficando com tempo 
para pensar na expansão de sua empresa. 
 Observação
Essa situação é contrária àquela do pequeno empresário, pois está preso 
a atividades de rotina, que são de muita valia na condução dos negócios.
Marshall, porém, revê sua própria tese da extinção de pequenos empresários com a tese da 
permanência provisória, pois na primeira só a grande empresa teria alguma vantagem proporcionada 
pela divisão do trabalho. As ideias de Marshall passam então a referir-se ao que ele chamou de “firma 
representativa”. A firma representativa era, “em certo sentido, uma firma média. Não tinha quaisquer 
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vantagens ou desvantagens especiais e seus custos de produção refletiam os custos médios das diversas 
indústrias de uma mesma localidade” (MARSHALL, 1982, p. 15).
A tese da permanência provisória ou temporária analisa a não expulsão das pequenas unidades 
de produção do sistema econômico por dois motivos. Em primeiro lugar, o aparecimento contínuo 
de aventureiros: em qualquer lugar são encontradas pessoas propensas a correr riscos, instalando 
novas unidades de produção, pequenas, só para serem chamados de homens de negócios, renovando o 
mundo empresarial. Em segundo lugar, o sistema de subcontratação, responsável pela manutenção das 
pequenas escalas de produção, quando a grande indústria distribui trabalho a pequenas oficinas. Esse 
fator leva Marshall a encontrar outra vantagem para as grandes empresas.
6.2 Böhm-Bawerk e a medida do capital
Eugene Von Böhm-Bawerk, em A teoria positiva do capital, de 1889, procurou formular uma crítica 
ao pensamento de Marx no sentido de entender uma medida do capital que fosse independente de 
qualquer preço. Acreditava estar ciente das imperfeições da definição de capital empreendida por quase 
todos os economistas conservadores, mas estava preocupado em mostrar a inadequação da visão de 
Marx sobre o capital. Além de criticar Marx, Böhm-Bawerk procurou desenvolver uma teoria do capital 
e dos juros, entendendo que este último seria inevitável na economia capitalista. 
 Saiba mais
Entenda um pouco mais acerca da teoria do capital e dos juros de 
Böhm-Bawerk lendo: 
IORIO, U. J. A teoria austríaca do capital. Ano IX, n. 101, ago. 2010. 
Disponível em: <http://www.ubirataniorio.org/antigo/AM_10_Ago.pdf>. 
Acesso em: 4 nov. 2015.
Conforme bem salienta Sandroni (1989), os juros resultam de mecanismos psicológicos que induzem 
os indivíduos a acreditarem mais no presente do que no futuro, o que, de certa forma, remete tanto a 
uma ordem econômica – a disponibilidade hoje é melhor do que a possibilidade de disponibilidade no 
futuro – quanto a uma ordem técnica – cada processo de produção requer seu tempo. Conforme explica 
Hunt(1989, p. 341):
Böhm-Bawerk dizia que só havia dois fatores de produção originais: a terra 
e o trabalho. O capital passava a existir quando se percebia que a produção 
levava tempo. O trabalho não pode ser feito instantaneamente; tem que ser 
feito com tempo. Além do mais, as pessoas descobriam que havia muitos 
métodos alternativos de produzir um bem. Alguns eram rápidos e diretos, 
exigindo relativamente pouco tempo. Outros eram mais cheios de minúcias, 
mais indiretos, exigindo tempo. 
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Pensando em termos de produção, e de sua maximização, a visão empreendida pelo austríaco 
era a de que para uma dada quantidade de trabalho, quanto maior fosse o período gasto para 
se efetuar a produção, maior seria o produto do trabalho, mesmo que em situação de retornos 
marginais decrescentes de escala. O que parece fazer sentido para Bawerk é que o objetivo final 
da produção seja a maximização da quantidade produzida. O problema está instalado quando 
se considera a questão das preferências dos consumidores que preferem o consumo presente ao 
futuro. Assim, o tempo requerido por determinada produção gera efeitos no grau de utilidade que 
os consumidores percebem.
 Observação
Böhm-Bawerk chama a atenção para o fato de que quanto mais tempo 
as mercadorias levam para ficar disponíveis no mercado maior grau de 
utilidade elas apresentam. 
Vejamos:
O padrão de tempo de produção afetava as utilidades percebidas pelas 
pessoas de duas maneiras separadas e opostas. A primeira era que mais bens 
teriam mais utilidade e, quanto mais longo fosse o período de produção, 
mais bens haveria para o consumo. A segunda era que, quanto mais cedo as 
pessoas conseguissem seus bens, mais utilidade esperariam, e um período de 
produção mais longo implicaria um maior adiamento do consumo (HUNT, 
1989, p. 342) 
Da mesma forma que aumentar o tempo de produção geraria maior utilidade àquilo que se espera 
para consumo, é preciso aumentar também o volume de capital empregado no processo produtivo. Aqui, 
o capital indicará: a quantidade de fatores de produção necessária no processo produtivo, a duração 
desse processo de produção e o padrão temporal do uso desses fatores, admitindo que “a definição 
da natureza do capital ficava inteiramente absorvida pelo processo de maximização da utilidade pela 
simples introdução do tempo na análise” (HUNT, 1989, p. 342).
6.3 Sraffa: produção de mercadorias por meio de mercadorias
Piero Sraffa, economista italiano, contribuiu para o desenvolvimento do pensamento econômico com 
sua obra Produção de mercadorias por meio de mercadorias, editada em 1960. Sua preocupação é retomar 
o debate acerca da teoria do valor trabalho colocado por David Ricardo e buscar o desenvolvimento 
de um novo conceito na economia: o de mercadoria-padrão. A partir desse conceito, Sraffa procurava, 
ainda, o estabelecimento de uma medida invariável de valor, assim como fora efetuado por Smith, 
Ricardo e Marx.
Em seu modelo, a economia é explicada por sistemas de equações lineares que se traduzem em 
equações de produção. Como o modelo não considera o fator tempo ou suas implicações, admite-se, 
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portanto, um sistema estático em que “a demanda é considerada como dada, os coeficientes técnicos de 
produção são fixos e não há possibilidade de acumulação de capital” (FAÇANHA; JATOBÁ, 1979, p. 143). 
A análise de Sraffa está pautada em um modelo simples de economia de subsistência em que se 
produzem apenas duas mercadorias e cada uma delas serve como insumo necessário para a produção 
das duas. Em termos de quantidades de produção, “mal dá para serem usadas como insumos na produção 
da mesma quantidade de cada uma delas, a cada período sucessivo” (HUNT, 1989, p. 470). Entretanto, a 
quantidade que é produzida deve ser usada como insumo da própria produção para que seja mantido 
o processo.
O modelo retrata uma economia produzindo indefinidamente, ano após 
ano, 400 arrobas de trigo e 20 toneladas de ferro, as quais são gastas 
integralmente na própria subsistência. Ou seja, não há excedente. Nessa 
situação, os preços ou valores das mercadorias trigo e ferro que garantem a 
continua autorreprodução do sistema, derivam tão somente das condições 
técnicas e objetivas de produção (NICOLAU, 1989, p. 62-63).
Da descrição de um modelo simples, Sraffa passa a descrever um modelo complexo em que se 
produzem quantidades de mercadorias para além do nível de subsistência em que cada uma das 
mercadorias servirá como insumo para, pelo menos, alguns outros produtos. Dessa generalização, e 
também utilizando sistemas de equações com maior quantidade de mercadorias, para dado salário de 
subsistência – fixado como na economia marxista –, determina-se o preço das mercadorias e do lucro, 
assumindo produção de excedente.
A atenção de Sraffa volta-se para a forma como Marx divide o trabalho: em socialmente necessário, 
aquele gerado pelo tempo de trabalho em que o trabalhador remunera sua própria existência e 
reprodução; e trabalho excedente, que é o tempo de trabalho que remunera o capital. Nesse ponto, 
Sraffa discorda de Marx:
A capacidade de trabalho não é [...] uma mercadoria cujo valor seja 
determinado como o valor de qualquer outra mercadoria. Portanto, não 
pode haver divisão alguma do trabalho necessário e trabalho excedente; 
por isso, o trabalho excedente não pode ser tido, comprovadamente, como 
a fonte de mais-valia. Sraffa define o total de salários e lucros como mais-
valia (HUNT, 1989, p. 473).
 Observação
Apesar de Sraffa retomar a discussão da teoria do valor trabalho de 
Ricardo bem como buscar fundamentos na teoria marxista, ele não adota 
nem uma nem outra como correta. Simplesmente procura propor um novo 
modelo a partir delas.
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Sraffa, na busca de explicação lógica da teoria do valor trabalho, segue sua análise para verificar 
os impactos nos preços relativos e nos lucros quando o trabalho passa a receber excedente. Nesse 
momento, cresce o valor dos salários e, por consequência, os preços de produção que ocasionam 
impactos diferentes nos preços relativos em decorrência da quantidade de trabalho e demais insumos 
utilizados no processo produtivo. Assim, mais cara será a mercadoria de trabalho intensivo. Na busca de 
uma medida invariável de valor, para que seja possível o preço de uma mercadoria refletir apenas seus 
custos com os insumos (trabalho), tal mercadoria deve:
ser produzida com uma razão socialmente média entre o trabalho e 
outros insumos-mercadorias; use como insumos-mercadorias apenas 
outras mercadorias produzidas sob essas mesmas condições de produção 
socialmente médias; tenha as mesmas condições socialmente médias de 
produção aplicáveis a todos os insumos-mercadorias que, em qualquer 
ocasião, tenham feito parte da cadeia de produção de mercadorias que 
culminou com a produção da mercadoria que vai servir de medida invariável 
de valor (HUNT, 1989, p. 474). 
6.4 Os imperialistas: Hobson, Luxemburg, Lenin e Sweezy 
Com os desdobramentos da economia capitalista e a necessidade de expansão de mercados na busca 
de maior lucratividade e poder, encontramos os imperialistas explicando suas visões.
6.4.1 John A. Hobson e o estudo do imperialismo
Defensor de diversas causas progressistas, Hobson desenvolveu uma teoria que exerceria influência 
nos seguidores marxistas. Entendendo ser o imperialismo fruto de diferentes forças sociais, ele define 
a teoria como “a luta pela dominação política e econômica de regiões povoadaspor ‘raças inferiores’” 
(HUNT; SHERMAN, 1992, p. 156). 
Em Imperialismo: um estudo, publicado em 1902, Hobson esclareceu que a falta de demanda 
interna gerava a necessidade capitalista de conhecer e explorar novas regiões como forma 
de escoamento de produção. Tal insuficiência de demanda interna gerava, por consequência, 
desigualdades na distribuição de renda no mercado doméstico que somente poderiam ser 
amenizadas por meio de reformas radicais no sentido de promover uma distribuição mais 
igualitária. Segundo Hunt (1989, p. 379):
Hobson via o imperialismo como um processo social parasitário, através 
do qual interesses econômicos existentes no interior do Estado, usurpando 
as rédeas do Governo, promove a expansão imperialista para explorar 
economicamente outros povos, de modo a extorquir-lhes a riqueza para 
alimentar o luxo nacional. 
De outro modo, justificava-se o imperialismo como forma de promover a “civilização” dos povos, do 
mesmo modo que foi feito com a imposição da religião cristã. Hobson discorda disso, acreditando ser 
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tal justificativa mera propaganda de um fenômeno complexo que tinha objetivos muito bem definidos: 
expansão militar e fortalecimento do poder político. Contudo, mesmo considerando as questões 
militares, preconizava que: 
a força básica que promovia e dirigia o imperialismo era [...] a ânsia 
interminável de acumular capital e de investir os lucros obtidos com este 
capital em novo capital cada vez mais lucrativo. O problema era que, uma 
vez acumulado o capital, ficava cada vez mais difícil encontrar alternativas 
de investimento para ele (HUNT, 1989, p. 380).
Além de reconhecer a importância dos investimentos empresariais para o desenvolvimento 
capitalista, Hobson dedica parte da sua obra para a análise de que os bancos e as instituições financeiras 
são agentes fomentadores de investimentos em mercados externos. 
 Observação
Da mesma forma que o mercado de comércio internacional era 
importante para escoamento de produção não demandada no mercado 
interno, sua análise concluiu que os lucros advindos dos empréstimos 
financeiros internacionais eram muito maiores comparativamente aos 
obtidos no mercado de comércio internacional. 
Assim, quem são os principais promotores do imperialismo? Banqueiros e financistas, mas não 
somente eles se beneficiavam do imperialismo. Para Hobson, beneficiam-se do imperialismo, nesta 
ordem, os financistas, as empresas dedicadas à produção bélica e empresas que produziam artigos para 
exportação (HUNT, 1989).
 Saiba mais
No texto indicado, Caio Martins Bugiato apresenta breve biografia do 
imperialista e desenvolve outro olhar acerca da contribuição do teórico: 
BUGIATO, C. M. Teoria do Imperialismo: John Hobson. Revista de Iniciação 
Científica da FFC, v. 7, n. 2, p. 126-139, 2007. Disponível em: <http://
www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/ric/article/viewFile/171/157>. 
Acesso em: 5 nov. 2015. 
6.4.2 Rosa Luxemburg e a acumulação de capital
Herdeira da economia política marxista, Rosa Luxemburg, na obra A acumulação do capital, de 1913, 
utiliza-se da teoria da reprodução do capital de Marx para formular sua teoria do imperialismo, definindo-o 
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como “a expressão política do processo de acumulação de capital, de sua luta para conquistar regiões 
não capitalistas, que não se encontrem ainda dominadas” (LUXEMBURG, 1970, p. 392). 
Para Luxemburg (1970), reprodução significa produção nova ou renovação do processo de 
produção. Em sociedades com base capitalis ta, essa renovação depende de condições técnicas e 
sociais, ou seja, depende de meios materi ais de produção e da força de trabalho empenhados na 
produção de mercadorias. Essas mercadorias, ao serem levadas ao mercado e trocados por dinheiro, 
deve rão gerar lucro ao seu produtor/vendedor.
No capitalismo, o ritmo de produção global do capital assume a forma de realização de mais-
valia como condição imprescindível à acumulação de capital, mas determinado pelas necessidades 
de consumo da sociedade. Dessa forma, períodos de prosperidade e depressão representam um 
elemento importante no processo de reprodução capitalista, fazendo com que este oscile em torno 
da capacidade de consumo da sociedade. Portanto, para Rosa Luxemburg (1970), a produção de 
mercadorias não constitui um fim para o produtor capitalista, e sim um meio para apropriar-se da 
mais-valia. Por suas palavras:
a verdadeira finalidade e impulso motriz da produ ção capitalista não 
é conseguir mais valia em geral, numa só apro priação, em qualquer 
quantidade, mas de forma ilimitada, em quantidade crescente 
(LUXEMBURG, 1970, p. 18).
Assim, acrescenta que, para que o capita lista consiga uma apropriação mais rápida da mais-valia, 
ele deverá incrementar seu processo produtivo, incorporando novos meios de produção, no intuito de 
ampliar a produção, diminuir custos e baratear o preço das mercadorias. Para que a reprodução do 
capital prossiga seu caminho, cada capitalista individual deverá reinvestir parte de sua mais-valia na 
produção de mercadorias, incorporando mais bens de capital, ou seja, transformando mais-valia em 
capital constante, exigência do processo de concorrência.
Reforçando esse pensamento, temos que, para Luxemburg (1970, p. 21):
no sistema, a produção não visa essencialmente à satisfação das 
necessidades: seu objetivo imediato é a criação do valor que domina em 
todo o processo da produção e da reprodução. A produção capitalista 
não é produção de artigos de consumo nem de mercadorias, em geral, 
porém de mais-va lia. 
Após fazer uma análise do processo de reprodução capitalista, Luxemburg se preocupa em saber 
para quem e quando produzem os capitalistas, na medida em que não consomem tudo o que produzem, 
mas acumulam. Ela está interessada em identificar quem viabiliza a realização da mais-valia em constante 
crescimento. Sustenta, en tão, que uma economia capitalista sem relação comercial com setores não 
capitalistas internos ou externos às suas fronteiras é incapaz de acumular, pois esse modo de produção 
só pode funcionar normalmente em acumulação mais intensa se vinculado a um meio não capitalista 
que lhe forneça um mercado externo adicional em expansão. Enquanto se reduz o consumo inter no, 
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a acumulação é motivada pelo crescimento de consumo externo, isto é, da economia não capitalista 
(SINGER, 1985: p. XXXVII-XL).
Posto que os capitalistas acumulassem bens de capital não pelo desejo de fazê-lo, mas na expectativa 
de obter lucros, essa ação poderia ser comprometida por falta de consumo interno. Então, Luxemburg 
acaba por concluir que, na esfera interna de uma economia capitalista, os ganhos dos capitalistas e dos 
trabalhadores não eram suficientes para permitir, por um período prolongado, a reali zação contínua 
da mais-valia gerada pela expansão da produção de mercado rias. A autora procura descobrir de 
onde provinham os gastos adicionais que haviam tornado possível essa expansão, concluindo por fim 
que “o capitalismo apare ce e se desenvolve historicamente num meio social não capitalista” 
(LUXEMBURG, 1970, p. 317). Segundo ela, o capitalismo necessita de cama das sociais não capitalistas para 
desenvolver sua mais-valia, pois o capital não alcança seus objetivos em uma economia “natural”, ou seja, 
pré-capitalista, uma vez que esse tipo de economia acontece em função de necessidades domésti cas, 
não existindo demanda por mercadorias estrangeiras e nem excedente de produtos.
Figura 8– Rosa Luxemburg
Para Luxemburg (1970), o desenvolvimento de uma econo mia de mercado seria uma forma de 
acabar com as economias não capitalistas. Em seus estudos, ela encontra a resposta para a explicação 
do expansionismo das economias capitalistas do início do século XX: houve uma tendência histórica 
do modo de produção capitalista a expandir-se continuamente, submetendo a seu controle áreas não 
capitalistas e incorporando-as ao seu domínio. Os gastos dessas áreas não capitalistas com a aquisição 
de mercado rias produzidas nas economias avançadas proporcionavam a demanda adicio nal de que 
necessitavam. Conforme Hunt e Sherman (1992, p. 159), o quadro teórico de Luxemburg mostrou que:
O desenvolvimento do capitalismo exacerbava o nacionalismo, o militarismo 
e o racismo. Ao abordar a questão das despesas militares, percebeu 
claramente a dupla função que desempenham: proteger os impérios 
capitalistas distribuídos pelo mundo e, ao mesmo tempo, proporcionar 
estímulos à demanda agregada no plano doméstico.
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 Saiba mais
Interessante artigo acerca do assunto é Imperialismo: segunda fase do 
capitalismo, escrito por José Eustáquio Diniz Alves. Convidamos você para 
a leitura. 
ALVES, J. E. D. Imperialismo: segunda fase do capitalismo. Rio de janeiro, 
2008. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/aparte/pdfs/imperialismo_
segunda_fase_do_klismo_nov08.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2015.
6.4.3 Lenin e o comunismo
De origem russa e líder o Partido Comunista, Vladimir Ilitch Lenin também contribuiu para o 
desenvolvimento da história do pensamento econômico bem como para o avanço das ideias imperialistas 
quando publicou, em 1916, sua obra maior Imperialismo: o mais elevado estágio do capitalismo, 
fortemente influenciado por Hobson. Focalizando a atenção na importância dos bancos e do capital 
financeiro, Lenin desfila argumentos para explicar que cada vez mais os homens de negócios se 
distanciavam da administração direta de suas empresas para se transformarem em pessoas que viviam 
de rendas e, neste aspecto, o setor bancário faz o papel de guardião dos interesses dos capitalistas, 
supervisionando o capital industrial. 
Figura 9 – Lênin
Segundo Lenin, para que o capitalismo pudesse avançar ainda mais, haveria a necessidade de 
separação de interesses entre os homens de negócios, donos das fábricas, daqueles que estavam 
na esfera financeira. É dessa separação que o imperialismo encontrará sua fé: o domínio do capital 
financeiro sobre o produtivo (HUNT, 1989). Por qual motivo o capital financeiro exercia supremacia 
sobre o produtivo?
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Para que as empresas pudessem aumentar sua produção, e assim melhores possibilidades de ganhos, 
emissão de ações são necessárias e negociadas via bancos. Assim, o capital financeiro concentrado nas 
mãos daquilo que se convencionou chamar de oligarquia financeira, exerceria lucros com a negociação 
das ações de empresas. Dá-se, portanto, o financiamento econômico do capitalismo, no qual novas 
oportunidades de investimento lucrativo para o capital excedente deveriam sempre ser encontradas. 
 Observação
Tanto Hobson quanto Lenin encaram que a exportação de capitais será 
mais rentável do que o próprio comércio externo.
 Saiba mais
Outro expoente da escola marxista que dedicou sua obra à área 
financista do capitalismo foi Rudolf Hilferding. Convidamos você à leitura 
de sua obra. Procure entender como ele explica o lucro do fundador.
HILFERDING, R. O capital financeiro. São Paulo: Nova Cultural, 1985. 
Coleção Os Economistas.
Decorrente da importância da exportação de capitais, no mundo de Lenin surgem: 
duas divisões de mundo, distintas e bastante separadas [...]. Primeiro, havia 
uma divisão do mundo entre associações capitalistas, como os cartéis de 
empresas internacionais ou as colossais firmas multinacionais. [...]. A segunda 
divisão do mundo era entre os governos capitalistas e não só refletia como 
também promovia a primeira divisão do mundo entre os grandes trustes e 
cartéis (HUNT, 1989, p. 395).
Inevitáveis ao avanço do capitalismo estão as guerras e os conflitos pela busca de mais mercados 
com possibilidade de produção e exploração lucrativa. Assim, sendo o imperialismo o último estágio do 
capitalismo, anuncia-se um colapso no sistema.
 Saiba mais
Assista ao filme Adeus, Lênin, que retrata o conflito do período da 
Guerra Fria em que duas potências mundiais tentavam impor seu regime 
político-econômico aos demais países do mundo. 
ADEUS, Lênin. Dir. Wolfgang Becker. Alemanha, 2002. 118 min.
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6.4.4 Paul Marlor Sweezy e as ideias marxistas
Sweezy, economista estadunidense, em sua obra de 1942, Teoria do desenvolvimento capi talista, 
retoma a lei de tendência declinante da taxa de lucro identificando, além das influências compensatórias 
anteriormente discutidas em Marx, ou tras forças importantes que tendem a reduzir ou a elevar a taxa 
de lucro. 
Por forças que influenciariam negativamente a taxa de lucro, identificou o poder dos sindicatos 
bem como a ação estatal destinada ao benefício do trabalho. As forças que impelem para cima a taxa de 
lucro seriam as organizações de empregadores, a formação de monopólios e a ação estatal destinada a 
benefi ciar o capital e, por último, a exportação de capital, por aliviar a pressão sobre o mercado interno de 
trabalho e impedir que a acumulação exerça plenamen te seus efeitos depressivos na taxa de lucro.
De acordo com Sweezy (1983), no mundo real existe uma grande quantidade de países que, com um 
processo de interdependência, mantêm relações econômicas entre si, relações de troca de mercadorias, 
for mando uma economia mundial integrada e determinando uma forma particular de divisão internacional 
do trabalho, pois cada país exporta mercadorias com melhores e maiores vantagens. Contudo, as relações 
econômicas internacionais não se limi tam às trocas de mercadorias, já que:
são suplantadas pelos movimentos de capital, ou seja, pela exportação 
por alguns países e importação por outros, de mercadorias que têm 
características e funções específicas de ca pital (SWEEZY, 1983, p. 221-222).
Países enviam meios de produção que outros países necessitam, colocando em prática seu processo 
produtivo de mais-valia que, uma vez realizada, deve ser enviada regular mente ao país exportador do 
capital. Capitalistas de países cujo lucro é baixo, ou cuja acumulação tenha atingido seu ponto máximo, 
tenderão a exportar ca pitais para países de alto lucro, fazendo com que as taxas de lucro se igualem nos 
diferentes países devido à mobilidade do capital (SWEEZY, 1983).
Como vimos, quando Sweezy (1983) analisa os movimen tos da economia mundial provocados 
pelo próprio desenvolvimento do capitalismo, não está somente preocupado com as relações de troca de 
mercadori as entre países, mas também em discutir modificações qualitati vas nas partes componentes da 
economia mundial. Sweezy encara, então, o impe rialismo como um estágio no desenvolvimento da economia 
mundial, em que as contradições do processo de acumulação atingiram tal maturidade que a exportação de 
capital é uma característica das relações econômicas mundiais.
O autor sustenta que, em países onde a liberdade de comércio e de movimento de capital é a norma, 
haveria uma tendência para que as taxas de desenvolvimento do capitalismo em escala mundial fossem 
niveladas pelos movimentos de capitais. Contudo, na realidade, isso não acontece, pois:
as relações entre países têmconstituído até certo ponto o domínio da política 
econômica, ou seja, da ação estatal dirigida para a realização de objetivos 
econômicos definidos, [já que] “na esfera internacional os interesses do 
capital são diretamente e rapidamente traduzidos em termos de política 
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estatal, [e desta forma] os antagonismos internacionais do imperialismo 
assumem a forma de conflitos entre Estados e portanto, indiretamente, en tre 
as nações como um todo (SWEEZY, 1983, p. 224-225).
6.5 Pareto e a economia neoclássica do bem-estar
Retornando às noções utilitaristas e marginalistas e procurando continuar a teoria do equilíbrio 
geral de Walras está Vilfredo Pareto, economista italiano, e sua obra Manual de economia política 
originalmente lançada em 1906. 
Recorrendo ao positivismo lógico e considerando as questões de escolha do agente econômico 
racional que procura maximizar sua função utilidade diante das restrições que se apresentam para tal 
fim, o que se coloca é se essa noção também pode ser elevada ao nível de uma economia como um todo. 
Ou seja, em vez de pensar em maximização da utilidade do agente econômico tomado individualmente, 
há possibilidade de considerar condição maximizadora para um sistema econômico tomado como um 
todo. Conforme destaca Napoleoni (1963, p. 34),
o critério fornecido por Pareto é o seguinte: uma configuração constituída 
por um conjunto de grandezas não confrontáveis é considerada máxima 
quando não é possível aumentar uma dessas grandezas sem diminuir 
qualquer outra. [...] No sentido de Pareto, uma configuração é máxima 
quando todas as outras configurações possíveis são, ou menores do que a 
considerada, ou inconfrontáveis em relação a ela.
Considerando uma economia em equilíbrio geral, há que se pensar de duas formas. A primeira com 
relação à produção e seus recursos. Para dada estrutura produtiva em que são oferecidos todos os 
recursos econômicos necessários para que qualquer produção aconteça, se se deseja maior quantidade 
da produção de determinada mercadoria, a produção de máxima eficiência somente será alcançada, se 
e somente se, forem diminuídas as quantidades demandadas das demais mercadorias, ou de alguma 
delas. Como os fatores de produção são limitados, se estiverem mais empregados na produção de algum 
artigo, outro será prejudicado, coeteris paribus.
Outra forma de se considerar o assunto é com relação ao consumo e o emprego da renda: 
em relação a uma dada disponibilidade de bens e ao sistema de preferências 
de cada agente, uma situação relativa de consumo é máxima, ou ótima, 
quando não é possível melhorar a posição de um qualquer sem piorar a de 
outro (NAPOLEONI, 1963, p. 35).
Pareto chama atenção para o fato de que a posição de equilíbrio no sistema econômico como um todo 
somente é permitida considerando um mercado concorrencial em que, de maneira quase que automática, 
a distribuição inicial de fatores de produção atenderá à demanda de bens, desde que sem interferência 
de algum agente alheio à distribuição natural. Assim, para dada distribuição natural de recursos, teríamos 
diferentes configurações ótimas de repartição da renda entre os indivíduos da sociedade.
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 Saiba mais
O Ótimo de Pareto versa que em determinada situação em que se 
encontrem dois agentes, para que um ganhe, necessariamente, o outro 
deve perder. Leia mais em:
A LEI da eficiência de Pareto. Econometrix, [s.d.]. Disponível em: <http://
www.econometrix.com.br/pdf/a-lei-da-eficiencia-de-pareto.pdf>. Acesso 
em: 5 nov. 2015.
Diferentemente dos imperialistas, na economia de Pareto, prevalece o conservadorismo em que 
qualquer situação de conflito sequer é considerada, motivo pelo qual deve ser aceita a eficiência bem 
como a racionalidade da existência de livre mercado em que são solucionados os problemas da alocação 
de recursos.
 Resumo
Nesta unidade avançamos em termos de conhecimento do 
desenvolvimento das ideias contidas na construção da história do 
pensamento econômico. Partimos das ideias marxistas e de seu principal 
expoente, Marx, denunciando as consequências nefastas que o capitalismo 
oferece à sociedade. A visão de Marx acerca do capital é uma visão 
extremamente crítica e diferente daquela empreendida pelos economistas 
clássicos, notadamente Smith e Ricardo, tanto é que o título da obra maior 
de Marx oferece tal informação: O capital: crítica à economia política. Com 
esse teórico, pudemos perceber nitidamente a tendência do capitalismo 
quanto à concentração e centralização de capitais. Essa tendência é 
facilmente verificada na atualidade se considerados determinados setores 
concentrados nas mãos de poucos, como s indústria financeira. Assim, 
a economia de Marx apresenta uma economia em que os interesses 
individuais de lucro prevalecem apesar de seu apelo social.
O individualismo é retomado pelos autores da escola utilitarista e 
marginalista. Para eles, o indivíduo procura maximizar a sua função utilidade, 
tanto em termos de consumo quanto em termos de geração de lucros. Os 
principais expoentes do marginalismo contribuíram decisivamente para 
o desenvolvimento do pensamento econômico a partir de outro olhar: 
aquele mais racional, direto, frio e calculista. Fortemente influenciados 
pela matemática, procuram, portanto, dar outra roupagem para a análise 
econômica, agora buscando uma medida de bem-estar ou satisfação. 
Distanciam-se da filosofia econômica e aprofundam a análise econômica 
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pelo método dedutivo influenciados pelo positivismo, determinante para o 
desenvolvimento da economia aplicada.
Na mesma linha, mas retornando aos fundamentos marxistas, estão os 
imperialistas, que sustentam a necessidade latente de o capitalismo avançar 
em acumulação de capital, mas, agora, não mais como economia doméstica 
e sim em um ambiente internacionalizado. Defendem a ideia de que, para 
que o capitalismo possa avançar e continuar sua trajetória de acumulação 
de capital, novos mercados devem ser conquistados, seja pelo comércio, 
pelo uso da força e do poder militar, ou pela via financeira. Finalizamos 
com a noção de equilíbrio geral oferecida pela visão neoclássica de Pareto, 
retomando uma das principais leis econômicas: a noção de limite.

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