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Unidade I PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO Prof. Deives de Paula Conteúdo – Unidade I Introdução Definição para segurança contra incêndio Histórico Grandes incêndios ocorridos no mundo Normas e regulamentações aplicáveis à segurança contra incêndio, nos âmbitos federal, estadual e municipal Normas internacionais e a NFPA Sistema Global de Segurança contra Incêndio – conceito Requisitos funcionais a serem atendidos pelos edifícios Medidas de proteção passivas e ativas Introdução A definição de segurança contra incêndio é o nosso primeiro desafio. Trata-se de um tema abrangente, e é preciso não desconsiderar aspectos relevantes da questão. Ressalta-se que a forma como se conceitua um fenômeno revela como este é percebido e compreendido pelas pessoas que o definiram. Apesar da abrangência da segurança contra incêndio, as definições mais comuns encontradas nas referências brasileiras sobre o tema se limitam à proteção dos edifícios e ao meio urbano. Introdução Comecemos, portanto, pelo incêndio: podemos afirmar que incêndio é o fogo sem controle. Essa reação química, que fascina a espécie humana desde a sua descoberta, quando sob controle, remete a conceitos como conforto e segurança. Em situação oposta, significa destruição, perda de vidas humanas e patrimoniais, com severos reflexos nos setores econômicos, sociais e no meio ambiente. Quando os incêndios ocorrem nas áreas rurais e florestais, impactam o clima, o bioma, a vegetação e, consequentemente, os níveis de precipitação, atingindo também empresas de base florestal, terras indígenas, áreas de preservação, comprometendo a saúde da população local e contribuindo para o surgimento de doenças respiratórias. Definição proposta para segurança contra incêndio Segurança contra incêndio: é o conjunto de medidas adotadas para impedir que o fogo se torne destrutivo, ou seja, para reduzir o impacto do fogo sem controle visando salvar vidas e bens e proteger o meio ambiente. Envolve a implantação de práticas de planejamento voltadas à segurança, que contemplem medidas de proteção e combate, treinamento, educação, pesquisa, investigação, planejamento para a segurança na construção civil, segurança de operações, treinamento e métodos de sistemas de mitigação de incêndios florestais. Deve ser, portanto, uma ação cotidiana, regulamentada pelos decretos, normas técnicas e regulamentadoras pertinentes. Histórico A preocupação do homem com os incêndios iniciou-se na pré-história, quando, depois de aprender a produzir o fogo intencionalmente, passou a ter controle sobre ele e a transportá-lo entre as aldeias. Portanto, há milhares de anos os homens têm contato com o fogo e suas consequências. Inicialmente, o fogo era produzido por fenômenos naturais como: quedas de raios em árvores, erupção vulcânica, seguida da eliminação de lava incandescente que, ao entrar em contato com os mais diversos materiais ou seres vivos, causavam fogo e destruição. Registros arqueológicos demonstram que por volta de 7.000 a.C. o homem conseguiu produzir o fogo de forma premeditada. Histórico Mais tarde, o domínio do processo de produção de fogo impulsionou o desenvolvimento de outras técnicas produtivas, como a fusão de metais e a fabricação de vidros, além da produção de uma infinidade de utensílios, ferramentas e armas. O fogo é uma força imensa que precisa ser controlada, caso contrário resulta em danos e perdas irreparáveis, ou seja, em incêndios. Desde a Antiguidade, a melhor maneira de ser garantir o bem-estar e a integridade física do homem, do meio ambiente e dos seus bens é o controle do fogo de maneira eficiente. Histórico À medida que o homem evolui, as técnicas para o controle dos fenômenos naturais também são aprimoradas. Atualmente, as atividades de segurança contra incêndios, nas fases de prevenção, proteção e combate, são regulamentadas por procedimentos oriundos de estudos específicos sobre o fogo e incêndios. Há ainda outros fatores, como: a experiência acumulada ao longo da história, que subsidia a elaboração de normas e leis; a gestão dos riscos, o planejamento, a aquisição e o comissionamento de sistemas de proteção contra incêndios; bem como as técnicas de combate a incêndios, de manuseio e armazenamento e transportes de produtos perigosos etc. Grandes incêndios ocorridos no mundo Os incêndios podem ser classificados de acordo com sua origem: natural, acidental ou criminosa. As causas naturais são decorrentes do aquecimento solar de áreas extremamente secas, da queda de um raio, ou ainda da erupção vulcânica. Segundo Setzer (2012), nos últimos 30 anos de monitoramento, o Inpe só identificou focos de incêndios nas áreas onde há presença humana. Os incêndios criminosos são motivados por diferentes razões, desde a intenção de fraudar empresas de seguros até tentativas de assassinato. Grandes incêndios ocorridos no mundo São chamados acidentais os incêndios que não são premeditados ou intencionais. Entretanto, deve-se enfatizar que incêndios não são meras fatalidades, eles ocorrem por negligência, displicência ou desconhecimento. Isso significa que, na maioria das vezes, poderiam ter sido evitados. É o que demonstra a análise dos grandes incêndios da história. Grandes incêndios ocorridos no mundo Tragédia do Gran Circus Norte-Americano (RJ) – 1961. Edifício Andraus (SP) – 1972. Edifício Joelma (SP) – 1974. Lojas Renner (RS) – 1976. Edifício Grande Avenida (SP) – 1981. Vazamento em Cubatão (SP) – 1984. Andorinha (RJ) – 1986. Grandes incêndios ocorridos no mundo Shopping Center Osasco Plaza (SP) – 1996. Show no Canecão Mineiro (MG) – 2001. Marcopolo Ciferal, Xerém (RJ) – 2010. Incêndio da boate argentina – 2004. Incêndio da boate Kiss (RS) – 2013. Grandes incêndios ocorridos no mundo Quando nos detemos em uma análise mais detalhada das causas dos incêndios, deparamo-nos quase sempre com a ausência de medidas de proteção: nos projetos arquitetônicos, as saídas de emergência estão mal dimensionadas ou estão obstruídas; não há controle dos materiais de acabamento e revestimento, desconhecimento ou negligência na utilização e armazenamento de materiais ou produtos explosivos; há precariedade na manutenção das instalações e condições de salvamento e combate ao fogo. Ou seja, é possível resumir as causas em três situações: negligência, imprudência e desconhecimento. Grandes incêndios ocorridos no mundo De acordo com dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), 85% dos municípios brasileiros, ou seja, quase 5 mil cidades não têm proteção e estão cada vez mais populosas. Já nas instalações industriais, os incêndios normalmente são resultado da falta de controle e de conhecimento dos riscos envolvidos nos processos, o que faz com que as medidas de segurança adotadas sejam inexistentes ou insuficientes, ainda que existam regras a serem seguidas. Grandes incêndios ocorridos no mundo E por que há dificuldade em seguir regras? Porque as medidas de segurança adequadas a cada situação encontram-se dispersas no emaranhado de leis, decretos, regulamentos e normas técnicas, nas diferentes instâncias da administração pública com poder de legislar sobre o tema em todas as esferas (municipal, estadual e federal) e ao nível interno das grandes empresas. A ausência de um Código Nacional de Segurança contra Incêndios é um dos pontos determinantes para o alto número de ocorrências. Sem ele, não há padrão mínimo de proteção ao fogo no país. Enquantoalguns Estados possuem legislação que preenche os requisitos satisfatórios de segurança, muitos outros possuem leis insuficientes (LYRA, 2015). Interatividade A maioria das ocorrências de incêndio que não são de origem criminosa poderia ser evitada. Essas ocorrências apontam, basicamente, a inobservância do(s) seguinte(s) fator(es): a) Negligência. b) Imprudência. c) Desconhecimento. d) As alternativas a, b e c estão corretas. e) Nenhuma das anteriores. Normas e regulamentações As normas brasileiras No Brasil, o órgão responsável pela elaboração, atualização e disseminação das normas técnicas é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é signatária da Organization for International Standardization (ISO). Por isso, existem no Brasil as normas NBR ISO, que podem ser apenas traduções fiéis ou conter sutis adaptações à realidade brasileira. Desde meados de 1960, uma comissão especial de estudos ligada à ABNT, formada por estudiosos de diferentes segmentos da segurança contra incêndio, oferecia suporte técnico à elaboração das leis de segurança contra incêndio. Essa comissão foi responsável pela elaboração dos documentos técnicos que são precursores das normas técnicas que conhecemos atualmente. Normas e regulamentações Em 1970, a comissão especial de estudos foi reconhecida como permanente e recebeu o nome de Comissão Brasileira de Prevenção de Incêndio (CBPI). Em 1987, essa instituição ocupava o 24° do Comitê da ABNT e passou a se chamar Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio. No mesmo ano, instalou sua sede no prédio do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, na Praça da Sé. A primeira especificação técnica sobre segurança contra incêndio de que se tem registro é a EB 132:1961 – Especificação Técnica – Portas corta-fogo de madeira revestida de metal, substituída pela norma ABNT NBR 11711, em 1992. Normas e regulamentações A cada grande incêndio, fazia-se mais notável a necessidade e urgência de se ampliar a obrigatoriedade da adoção de medidas de segurança contra incêndio. Entretanto, as referências nacionais não eram suficientes. Assim, foram trazidas as normas internacionais e estrangeiras, que serviram de referência a instruções técnicas, leis, decretos, decretos-leis, portarias, diretrizes técnicas e outros tantos documentos regulamentadores. O conhecimento sobre esse acervo é essencial ao profissional de segurança. Normas e regulamentações Ressalta-se, ainda, que não há qualquer tipo de restrição ao fato de as grandes empresas, com alto nível de risco em seus processos – como a Petrobras, por exemplo –, definirem internamente suas normas de segurança para minimizar as ocorrências e consequências de falhas em seus sistemas. Também não há obrigatoriedade das indústrias do álcool combustível, que têm riscos similares e compartilham de tais regras. No caso de incêndios florestais, a regulamentação oficial é de competência dos órgãos federais Ibama e ICMBio. Normas e regulamentações Hoje não existe qualquer regulamentação ou norma que exerça o papel de um código nacional de segurança contra incêndio. Por essa razão, além das normas brasileiras, algumas regulamentações específicas têm a incumbência de garantir o atendimento às exigências de segurança contra incêndio. Por esse motivo é que as exigências se concentram, principalmente, em instância estadual, e eles são elaboradas pelos Corpos de Bombeiros militares. O Anexo A do livro-texto apresenta as normas brasileiras vigentes. Normas e regulamentações Regulamentações estaduais As regulamentações estaduais estabelecem os requisitos mínimos para garantia da segurança nas edificações nos Estados, e o atendimento a tais exigências legais é verificado por meio da aprovação de projetos e desenhos e vistorias realizadas pelo Corpo de Bombeiros estadual. Os propósitos das regulamentações estaduais estão intrinsecamente relacionadas à lógica da segurança contra incêndio apresentada no Sistema Global de Segurança Contra Incêndio. Normas e regulamentações A maioria dos Estados brasileiros possui uma regulamentação estadual própria, de modo geral, idêntica a do Estado de São Paulo. Diversos municípios mantêm um convênio com o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar para a prestação de serviços em sua localidade. Não havendo legislação municipal que estabeleça as condições exigíveis de segurança contra incêndio das edificações, a regulamentação estadual é aplicada. Se houver legislação local, a legislação estadual basicamente complementa as exigências municipais. Normas e regulamentações Regulamentações municipais Alguns municípios brasileiros possuem sua própria regulamentação contra incêndios, e não necessariamente ela é incorporada ao Código de Obras e Edificações – COEs similares. No caso da cidade de São Paulo, o código se concentra nas medidas construtivas, que visam garantir a segurança das pessoas no abandono do edifício e deixa sob a responsabilidade da regulamentação estadual as questões relativas às instalações e medidas de proteção ativa. Normas e regulamentações Regulamentação federal A ausência de um código nacional de segurança contra incêndio fez com que instituições nacionais não voltadas exclusivamente para as questões relacionadas ao tema incêndio se apresentassem para legislar sobre o assunto em nível federal. É o caso do Ministério do Trabalho e Emprego, principal órgão regulamentador em nível federal sobre a proteção contra incêndio em ambientes produtivos. Suas diretrizes tratam de temas específicos ou remetem às legislações estaduais e normas técnicas aplicáveis. Normas e regulamentações A NR-23 – proteção contra incêndios, promulgada em maio de 2011, por exemplo, destaca que as medidas de prevenção contra incêndio devem estar em conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis. Delibera, ainda, que o empregador deve providenciar informações sobre procedimentos de abandono, dispositivos e alarmes. Dispõe sobre as saídas de emergência. A NR-33 – segurança e saúde no trabalho em espaços confinados tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos para identificação de espaços confinados, bem como promover o reconhecimento, a avaliação, o monitoramento e o controle dos riscos existentes nesses locais. Normas e regulamentações A NR-20 – segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis estabelece os requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho contra os fatores de risco de acidentes oriundos das atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis. Já a NR-16, de junho de 2014, trata das atividades e operações perigosas, bem como define o que são essas operações. Para consultar outras normas do Ministério do Trabalho e do Emprego, acesse: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas- regulamentadoras-1.htm>. Normas e regulamentações Normas estrangeiras e internacionais É evidente que as normas internacionais podem ser adotadas, desde que os devidos os cuidados sejam atendidos. Em primeiro lugar, porque são direcionadas à realidade social, econômica, política e cultural do seu país de origem, como é o caso das normas da Nacional Fire Protection Association (NFPA), amplamente utilizadas em vários países, especialmente da América Latina, o que inclui o Brasil. Por outro lado, sendo o Brasil signatário da ISO, há um acordo entre alguns países da América Latina para que as normas da NFPA tenham prioridade, uma vez que essa organização se comprometeu emelaborar normas que contemplem também a realidade brasileira. Normas e regulamentações National Fire Protection Association (NFPA) A NFPA é uma organização internacional, sem fins lucrativos, fundada nos Estados Unidos em 1896. Sua missão é reduzir as ocorrências de incêndio em todo o mundo, além de outros perigos à qualidade de vida, elaborando e disseminando códigos e normas técnicas, pesquisa, treinamento e educação. Publicou mais de 300 códigos e normas direcionados à melhoria da segurança contra incêndio. Cerca de 6 mil voluntários trabalham em 200 comitês técnicos. No Brasil, há um Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio, o CB-24, com 20 comissões de estudos. Interatividade Não existe, atualmente, nenhuma regulamentação ou norma que exerça o papel de um código nacional de segurança contra incêndio. No entanto, qual (ou quais) regulamentos específicos que devem ser observados, de acordo com cada situação? a) No âmbito federal, por meio das normas regulamentadoras (NRs) para segurança e saúde nos locais de trabalho e das normas brasileiras. b) No âmbito municipal, por meio de regulamentações municipais, como o Código de Obras ou Edificações. c) No âmbito estadual, por meio de regulamentações dos Corpos de Bombeiros militares. d) As respostas a, b, c estão corretas. e) Nenhuma das respostas está correta. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio A proposta apresentada pelo Sistema Global de Segurança Contra Incêndio tem como objetivo o conjunto de ações coerentes, que se originam do perfeito entendimento dos objetivos da segurança contra incêndio que norteiam as soluções definitivas e funcionais. Estabelecê-lo para cada edifício é responsabilidade de todos os técnicos envolvidos na concepção do projeto, mas o arquiteto pode vir a ter o papel mais importante, na medida em que o projeto arquitetônico considera as características relacionadas à segurança contra incêndio dentro do seu contexto. O arquiteto, então, fará inicialmente a definição dos requisitos necessários para o seu cumprimento. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Os incêndios apresentam, em sua evolução, três fases características, segundo Berto (1991) e Seito et al. (2008): fase inicial, a fase de inflamação generalizada; a fase de extinção. Na fase inicial, o incêndio se restringe a um foco representado pela combustão do primeiro objeto ignizado. Em seguida, vem a fase de inflamação generalizada, com a elevação acentuada da temperatura devido ao envolvimento simultâneo de grande quantidade de materiais combustíveis. Depois de aproximadamente 80% dos materiais combustíveis já terem sido consumidos pelo fogo, o incêndio chega à sua fase de extinção. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio As medidas para segurança contra incêndio nas edificações podem ser divididas em dois grandes grupos: medidas de precaução / prevenção – são aquelas que se destinam a prevenir a ocorrência do início do incêndio, isto é, controlar o risco do início da combustão; medidas de proteção – estabelecidas para proteger a vida humana e os bens materiais dos efeitos nocivos do incêndio que já se desenvolve. Atuando em conjunto, as medidas de prevenção e proteção propostas para uma edificação visam manter o risco de incêndio em níveis aceitáveis. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio A segurança contra incêndio nas edificações, segundo a proposta definida por Berto (1991), agrupa-se em oito elementos, a seguir: prevenção ou precaução contra o início do incêndio; limitação do crescimento do incêndio; extinção inicial do incêndio; limitação da propagação do incêndio; evacuação segura do edifício; precaução contra a propagação; precaução contra o colapso estrutural; rapidez, eficiência e segurança das operações. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Prevenção ou precaução contra o início do incêndio É o único composto por medidas de prevenção, que visam controlar eventuais fontes de ignição e sua interação com materiais combustíveis. Já os demais elementos são compostos por medidas de proteção, cada qual com as características definidas. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Limitação do crescimento do incêndio Composto por medidas que visam dificultar ao máximo o crescimento do foco do incêndio, de forma que este não se espalhe pelo ambiente de origem, o que envolveria atingir materiais combustíveis que estariam no local e, assim, a temperatura se elevaria rapidamente. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Extinção inicial do incêndio Composto por medidas que visam facilitar a extinção do foco do incêndio, de forma que este não se generalize pelo ambiente. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Limitação da propagação do incêndio Composto por medidas que visam impedir a propagação do incêndio que cresceu para além do seu ambiente de origem. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Evacuação segura do edifício Tem o objetivo de assegurar a fuga dos usuários do edifício para que todos possam sair com rapidez e em segurança. Essa evacuação deverá ser processada a partir do momento em que ocorrer a inflamação generalizada no local de origem. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Precaução contra a propagação Almeja obstar a propagação do incêndio para outros edifícios próximos. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Precaução contra o colapso estrutural Pretende impedir a ruína parcial ou total da edificação. As altas temperaturas, em função do tempo de exposição, afetam as propriedades mecânicas dos elementos estruturais, podendo enfraquecê-los até que provoquem a perda da estabilidade. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Rapidez, eficiência e segurança das operações Visa assegurar as intervenções externas para o combate ao incêndio e o resgate de eventuais vítimas. Tais intervenções devem primar pela rapidez, eficiência e segurança daqueles que as realizam. Devem ocorrer no estágio mais incipiente do incêndio, antes de sua propagação pelo edifício. Contudo, mesmo após essa propagação ter acontecido, continua a ser indispensável para se evitar a perda de vidas humanas e o alastramento do fogo por todo o edifício, evitando-se o risco de colapso estrutural. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Essas medidas exigidas pelo sistema global podem estar anexas aos aspectos construtivos da edificação ou associadas ao uso e ocupação do edifício, correspondendo à sua operação e manutenção. Para que um prédio seja seguro contra incêndio, deve-se de antemão saber quais os objetivos desse sistema global de segurança proposto e quais são os requisitos funcionais que devem ser atendidos. Interatividade Assinale a alternativa correta: a) As medidas de precaução / prevenção são aquelas que se destinam a prevenir a ocorrência do início do incêndio, isto é, controlar o risco do início do incêndio. b) As medidas de prevenção são aquelas destinadas a proteger a vida humana e os bens materiais dos efeitos nocivos do incêndio que já se desenvolve. c) O elemento precaução contra o início do incêndio apresenta somente medidas de proteção, visando o controle de eventuais fontes de ignição e sua interação com materiais combustíveis. d) As medidas de precaução / prevenção não fazem parte do Sistema Global de Segurança Contra Incêndio. e) Nenhuma das anteriores está correta. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio As medidas de proteção contra incêndio podem ser divididas em duas categorias: passivas e ativas. A primeira pode ser entendida como aquela em que o sistema instalado na edificação não reage ativamente aos estímulos do incêndio. Entretanto, visa manter a integridade da estrutura pelo máximo de tempo possível, evitando seu colapso, até que os ocupantes possam ser retirados da edificação com segurança. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Seguem algumas de suas características: limitar o crescimento do incêndio; restringir a propagação do incêndio; evitar a propagação do incêndio em edificações adjacentes; coibir o colapso estrutural; garantir a evacuação segura da edificação; agilizar as ações de combate a incêndio e resgate de pessoas. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio A proteção ativa pode ser entendida como aquela que, em face da ocorrência do incêndio, o sistema instalado na edificação responde aos estímulos provocados pelo fogo de forma manual ou automática, por exemplo: sistema de proteção por extintores de incêndio; sistema de proteção por hidrantes e mangotinhos; sistema de proteção por chuveiros automáticos (ou sprinklers); sistema de alarme de incêndio; sistema de detecção de fumaça; entre outros. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio As disposições apresentadas também devem também ser observadas em dois momentos distintos da implantação do empreendimento, sendo: prevenções e proteções relativas ao processo produtivo do edifício – implantadas nas etapas de concepção e construção da edificação, ou seja, desde o projeto até a entrega do empreendimento; prevenções e proteções relativas ao uso da edificação – necessárias após a entrega da edificação e devem ser consideradas ao longo de sua utilização. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Considerando, então, que a segurança está associada à probabilidade de risco de ocorrência de determinados eventos que proporcionam perigo às pessoas e aos bens, percebe-se que ela pode ser obtida por meio da isenção de tais riscos. Como a exclusão total de riscos, na prática, é algo utópico, pode-se entender a segurança contra incêndio como o conjunto de vários níveis de proteção. O nível de segurança contra incêndio obtido para um edifício está diretamente ligado ao controle das categorias de risco, tanto no processo produtivo como em sua utilização. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Os requisitos funcionais a serem atendidos pelo edifício para resolver os tópicos abordados nos oito elementos do SGSCI: dificultar a ocorrência do princípio de incêndio; dificultar a ocorrência da inflamação generalizada dos materiais combustíveis presentes no ambiente; possibilitar a extinção do incêndio no ambiente de origem; dificultar sua propagação para os outros ambientes; permitir a fuga dos usuários do edifício; manter o edifício íntegro, sem danos, sem ruína parcial e/ou total; propiciar operações de combate ao fogo e de resgate de vítimas. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio As medidas de proteção passiva têm capacidade de influenciar as definições de materiais (principalmente de acabamento) a serem utilizados na distribuição e disposição dos espaços, na composição da fachada, na circulação interna, vertical e horizontal e na implantação do edifício no lote nos acessos imediatos. Portanto, com um conhecimento amplo dessas definições, o projeto arquitetônico pode ser pensado, já na sua essência, levando em conta os aspectos de segurança contra incêndio, principalmente nos edifícios que assumem proporções avantajadas ou que apresentem características que definem risco elevado. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio As medidas de proteção ativa constituem-se, basicamente, das instalações prediais, ou seja, instalações hidráulicas destinadas ao combate do incêndio, como os sistemas de hidrantes e instalações elétricas destinadas à iluminação de emergência, bombas de incêndio, geradores, entre outros. Tais medidas também devem ser consideradas no projeto arquitetônico, pois interagem de maneira decisiva tanto na circulação interna do edifício como na distribuição de seus ambientes. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Os elementos de precaução contra o início do incêndio e a limitação de sua propagação entre edifícios compõem-se unicamente de medidas passivas de proteção. Já o elemento evacuação segura do edifício apresenta as medidas de proteção ativa, a fim de assegurar a proteção das rotas de fuga (medidas de proteção passiva). Os elementos rapidez, eficiência e segurança das operações de combate e resgate são prejudicados quando não são satisfatórios: os equipamentos de combate, o acesso seguro da brigada no interior do edifício e o acesso externo ao edifício também constituem as medidas passivas. Desse modo, percebe-se que as medidas passivas de proteção contra incêndio têm papel de destaque dentro do SGSCI. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio A ação contra o fogo pode ser orientada em três critérios: garantir a incolumidade das pessoas; assegurar a proteção dos bens; permitir a recuperação da edificação. Tendo em vista que devemos garantir a incolumidade da população fixa e flutuante da edificação, a questão fundamental a ser proposta é relativa ao tempo em que essa condição deve ser mantida. Isso envolve considerações a respeito da edificação e da sua localização, do percurso do posto de bombeiros mais próximo até o local, bem como das facilidades de acesso. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Dessa forma, temos um condicionamento ao trânsito, às características da rua ou do logradouro em que a edificação se situa: largura, declividade, tipo e condição da pavimentação, redes aéreas e de postes e abastecimento de água, para que ocorra uma operação mais correta e eficiente dos meios de combate e salvamento. Durante esse período, deve-se afastar o perigo de colapso estrutural da edificação e de suas partes, ou seja, cada componente da edificação deve manter intacta sua capacidade de atender às funções para as quais foram projetadas. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio A compartimentação visa dividir o edifício em células capazes de suportar a ação da queima dos materiais combustíveis nela contidos, impedindo o alastramento do fogo. A contenção do incêndio em seu ambiente de origem tende a facilitar as operações de combate ao fogo. Ademais, a compartimentação restringe a livre movimentação da fumaça no interior do edifício. Dessa forma, os resultados que podem ser alcançados são: conter o incêndio em seu ambiente de origem; manter as rotas de fuga seguras contra os efeitos do incêndio; facilitar as operações de combate ao incêndio. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio A compartimentação horizontal se destina a impedir a propagação do incêndio no pavimento em que se originou. Pode ser obtida por meio dos seguintes dispositivos: paredes corta-fogo; portas corta-fogo nas aberturas das paredes corta-fogo destinadas à circulação de pessoas e de equipamentos; registros corta-fogo nos dutos de ventilação e nos dutos de exaustão que transpassam essas paredes; selos corta-fogo nas passagens de cabos elétricos e tubulações através das paredes corta-fogo. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Já a compartimentação vertical se destina a impedir a propagação do incêndio entre pavimentos. Assim, cada pavimento deve compor um compartimento isolado. Vejamos os itens que são necessários: entrepisos corta-fogo; enclausuramento de escadas com paredes e portas corta-fogo; registros corta-fogo nos dutos de ventilação e nosdutos de exaustão que intercomunicam os pavimentos; selos corta-fogo nas passagens de cabos elétricos e tubulações entre os pavimentos; resistência ao fogo no entorno do edifício. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio O efeito global das mudanças promovidas pelas altas temperaturas alcançadas nos incêndios sobre a estrutura do edifício pode ser observado por meio da diminuição progressiva de sua capacidade portante. Durante esse processo pode ser alcançado, em determinado momento, um ponto no qual o limite último de tensão se iguala à primeira tensão aplicada, propiciando então a falência de elementos estruturais. As estruturas dos edifícios, em função dos materiais que as constituem, devem ser dimensionadas, ou seja, precisam apresentar resistência ao fogo compatível com a magnitude do incêndio que possa ocorrer. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Além do colapso do edifício, o pior fenômeno que se pode esperar na evolução do incêndio é o da conflagração, quando os prédios são sucessivamente envolvidos na queima. Nessa situação, as perdas ganham muita proporção e a situação torna-se incontrolável. A propagação do incêndio entre edifícios isolados pode ocorrer por meio dos seguintes mecanismos: radiação térmica emitida pelo edifício incendiado; convecção, caso os gases quentes emitidos pelas aberturas existentes na fachada ou pela cobertura do edifício incendiado atinjam a fachada do prédio adjacente. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Na etapa de especificação dos materiais de acabamento e revestimentos que vão compor o projeto de um edifício, materiais combustíveis podem ser incorporados ao sistema construtivo e ao projeto como um todo. No caso de um princípio de incêndio, as chamas podem se propagar rapidamente, colocando em risco outras medidas já tomadas para a segurança contra incêndio. Na escolha dos materiais de acabamento e revestimento do prédio, é necessário que o projetista conheça alguns critérios de avaliação dos itens que farão parte do acabamento, do envoltório da fachada, da vedação, entre outros. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Primeiramente, deve-se determinar a classe a que pertence o material (Classe I, II, III, IV, V e VI), sendo que Classe I é composta por materiais incombustíveis e as demais por materiais combustíveis, porém com o índice de propagação de chamas diferentes. Os materiais da Classe II terão um índice de propagação de chamas menor que um material da Classe III, e assim sucessivamente. Por exemplo, para um edifício residencial com altura superior a 12 metros, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo solicita a elaboração de um projeto considerando o controle de materiais de acabamento e revestimento (CMAR) aplicados, indicando as classes dos materiais escolhidos para pisos, paredes e forros. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Além da realização do controle de materiais de acabamento e revestimento, deve-se conhecer a carga incêndio específica da edificação, que é a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas na combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço, inclusive os revestimentos das paredes, divisória, pisos e tetos. Como exemplo, a Instrução Técnica nº 14, do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, apresenta a forma de determinar-se esses valores. A carga de incêndio específica é o valor da carga incêndio dividido pela área de piso do espaço considerado, expresso em megajoule por metro quadrado – MJ/m2. Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Os fabricantes de materiais de acabamento e revestimento devem estar aptos a fornecer a carga incêndio dos seus materiais ao arquiteto projetista, para que ele consiga estimar a carga incêndio do edifício projetado e tenha condições de priorizar os materiais que possuam menores índices de propagação de chamas. É imprescindível o conhecimento desse assunto pelos arquitetos projetistas e engenheiros civis associados à construção civil, pois o descaso e negligência no controle de materiais de acabamento e revestimento pode causar eventos catastróficos e danos irreparáveis, como o incêndio ocorrido na boate Kiss, em janeiro de 2013. Interatividade Assinale a alternativa correta: a) As medidas de proteção ativa não estão incorporadas ao sistema construtivo e reagem de maneira passiva ao desenvolvimento do incêndio. b) As medidas de proteção passiva são aquelas destinadas ao combate do início do incêndio, as quais ficam passivas no início e depois são acionadas automática ou manualmente. c) As medidas de proteção ativa são aquelas destinadas ao combate do início do incêndio, entrando em ação quando acionadas de forma manual. d) As medidas de proteção passiva são aquelas incorporadas ao sistema construtivo e que reagem de maneira ativa ao desenvolvimento do incêndio, podendo até extingui-lo. e) Nenhuma das anteriores está correta. ATÉ A PRÓXIMA! Slide Number 1 �Conteúdo – Unidade I � Introdução Introdução Definição proposta para segurança contra incêndio Histórico Histórico Histórico Grandes incêndios ocorridos no mundo Grandes incêndios ocorridos no mundo Grandes incêndios ocorridos no mundo Grandes incêndios ocorridos no mundo Grandes incêndios ocorridos no mundo Grandes incêndios ocorridos no mundo Grandes incêndios ocorridos no mundo Interatividade Resposta Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Normas e regulamentações Interatividade Resposta Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Interatividade Resposta Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Sistema Global de Segurança Contra Incêndio Interatividade Resposta Slide Number 70
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