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ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – DIREITO CIVIL Aula 01 – Petição Inicial Obs I: Sobre a Petição Inicial no novo CPC, observa-se que o procedimento comum é aplicável a todas as causas, salvo disposições em contrário (art. 318 e seguintes no Novo CPC). Obs II: Os Requisitos da petição inicial no procedimento comum estão no artigo 319: NCPC: Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. Importante observar os incisos: 1. II – a qualificação agora exige expressamente que o autor afirme se há união estável, além de ser exigido o endereço eletrônico; 2. VI – Atualmente, a também manifestar-se neste sentido (caso em que, concordando com o autor, a audiência será afastada). Obs III: Sobre a audiência de conciliação, o autor precisa manifestar o desinteresse na realização, uma vez que a necessidade da audiência é presumida. Importante: A multa referente à ausência do réu na audiência só pode ser aplicada se houver expressa menção a essa punição no documento de citação. Obs IV: Em relação as Diligências para descoberta de dados no Novo CPC, O art. 319, §1º do Novo CPC dispõe que “Caso não disponha das informações previstas no inciso II (qualificação), poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção“. Exemplo: o autor poderá requerer justificadamente o acesso a bancos de dados públicos para a busca do endereço do réu. Obviamente, a diligência deverá ser justificada e não pode ser utilizada de forma indiscriminada. Obs V: O art. 319 do CPC prevê que a integralidade dos dados requeridos no seu inciso II pode ser dispensada “se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça” Obs VI: Observações importantes quanto aos pedidos: O art. 322 do novo CPC tem a seguinte redação: As obrigações em prestações sucessivas serão automaticamente incluídas na condenação, independente de declaração expressa do autor, salvo se já estiverem pagas ou consignadas (art. 323 do novo CPC). Conforme o art. 334, se o juiz acolher o pedido inicial (se preencher os requisitos básicos e não for caso de improcedência sumária), será designada audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. Obs VII: Na interpretação dos pedidos e dos demais atos postulatórios, o Juiz deve sempre levar em consideração a efetiva vontade da parte, afastando, por exemplo, erros de grafia e até de semântica quando estiver claro que a parte quis dizer outra coisa, aplicando-se o art. 112 do Código Civil (“Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem“). Obs VIII: Em relação ao Indeferimento da petição inicial, observar o artigo 330 CPC: I – for inepta; II – a parte for manifestamente ilegítima; III – o autor carecer de interesse processual; IV – não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. O § 1o do art. 330 do Novo CPC, deve ser reconhecida a inépcia da petição inicial quando: I – lhe faltar pedido ou causa de pedir; II – o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III – da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV – contiver pedidos incompatíveis entre si. Obs IX: Sobre a possibilidade de emenda da petição inicial no novo Processo Civil: Se o juiz verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 (mencionado acima) e 320 (documentos essenciais), ou que “apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito“, deverá intimar o autor, para que no prazo de 15 dias emende a inicial ou a complete, sob pena de indeferimento, conforme o artigo 321. Obs X: Os prazos pelo CPC atualmente são contados em dias úteis, salvo disposição contrária. Obs XI: Cabe ao Juiz antes de indeferir a petição inicial, determinar a emenda. Obs XII: Em relação aos Recursos contra o indeferimento da petição inicial:a) Se houver o indeferimento total da petição inicial, o autor poderá recorrer através do recurso de apelação. b) Se houver o indeferimento parcial da petição inicial, o autor poderá recorrer por meio do agravo de instrumento. Obs XIII: O recurso de apelação contra o indeferimento da petição inicial possui excepcional efeito regressivo, ou seja, é facultada a retratação pelo juiz que proferiu a decisão, que no novo CPC deve ocorrer no prazo de 5 dias. Obs XIV: Se não houver a retratação, o juiz intimará o réu para contrarrazões normalmente e encaminhará o feito ao Tribunal para julgamento. Observações importantes: Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I – indeferir a petição inicial; Art. 1.015. Obs XV: Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: XIII – outros casos expressamente referidos em lei. A combinação dos três artigos somados ao fato de tratar-se de decisão interlocutória implica a necessidade de reconhecer o cabimento do agravo de instrumento. Aula 02 – Contestação e Reconvenção Obs I: Prazo = 15 dias úteis, nos termos do Artigo 231 CPC. Obs II: Na contestação cabe ao réu rebater todos os pontos e fatos relacionados na exordial, sob pena de serem presumidas como verdadeiros os pontos que não forem rebatidos. Obs III: o artigo 336 do NCPC, reproduz o princípio da eventualidade já contido no CPC/1973: toda matéria de defesa, mesmo que contraditória, deve ser deduzida na contestação. Obs IV: Além disso, o artigo 342 do NCPC dispõe que o réu somente poderá deduzir novas alegações quando relativas a direito ou fato superveniente, no caso de competir ao juiz conhecer de tais novas alegações de ofício ou no caso de que, havendo expressa autorização legal, puderem sem formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. Obs V: Em relação as preliminares de contestação, ou seja, matérias que prejudicam ou retardam à apreciação do mérito que devem ser arguidas antes da defesa do mérito, estão previstas no artigo 337 do NCPC, contemplando as seguintes matérias: Inexistência ou nulidade da citação; Incompetência absoluta e relativa; Incorreção do valor da causa; Inépcia da petição inicial; Perempção; Litispendência; Coisa julgada; Conexão; Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; Convenção de arbitragem; Ausência de legitimidade ou de interesse processual; Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. Obs VI: As matérias acima poderão ser conhecidas de ofício pelo juiz, salvo a convenção de arbitragem e a incompetência relativa. Obs VII: A contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico. Obs VIII: Se for alegada a incompetência, será suspensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada. Se for reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento. Se for definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de conciliação ou de mediação. Obs IX: Quando o réu alegar ser parte ilegítima ou não ser responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu, que sendo realizada, caberá ao autor reembolsar as despesas e pagar os honorários ao procurador do réu excluído. Obs X: Se o réu alegar ser parte ilegítima, terá a incumbência de indicar o sujeito passivo da relação jurídica sempre que sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. Feita isso, poderá o autor aceitar a indicação devendo reembolsar as despesas e pagar os honorários do réu excluído ou alterar a petição inicial, para incluir como litisconsorte passivo o sujeito indicado pelo réu. Importante: Em relação as Exceções, elas estão disciplinadas dentro da parte geral do Novo CPC, no artigo 146, as Exceções de Suspeição e impedimento foram às únicas que foram mantidas como petições apartadas. Obs XI: As hipóteses de Exceção estão contidas nos artigos 144 (impedimento - presunção absoluta de parcialidade do juiz, conduzindo a uma nulidade absoluta do feito) e 145 (suspeição - presunção relativa de parcialidade relativa do juiz, capaz de gerar uma nulidade relativa do processo), sendo tais causas também aplicáveis ao membro do Ministério Público, aos auxiliares da justiça e aos demais sujeitos imparciais do processo. Obs XII: O artigo 146 traz que no prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. Obs XIII: Sendo reconhecido o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. Obs XIV: Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. Obs XV: Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, bem como decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição. Obs XVI: Caso a Exceção seja alegada contra aos demais sujeitos que não o juiz, a parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos e o juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 dias e facultando a produção de prova, quando necessária. Aula 03: Da Reconvenção: Obs I: a Reconvenção é prevista no artigo 343 do CPC. Obs II: a Reconvenção será proposta na mesma peça da Contestação. Obs III: É necessário que a pretensão manifestada na reconvenção seja conexa com a ação principal ou com a matéria de defesa. Obs IV: a Reconvenção possui caráter autônomo em relação à ação principal, ou seja, havendo a desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção, bem como o réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação. Obs V: a reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro, bem como pelo réu em litisconsórcio com terceiro e se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual. Aula 04 – Da Apelação: Obs I: Art. 1010 à 1020 NCPC Obs II: Requisitos: Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, deverá conter: I – os nomes e a qualificação das partes (Entendo que há exigência de escrever textualmente a qualificação novamente, ainda que já esteja na contestação ou na petição inicial, no entanto a qualificação remissiva a uma destas peças não deve ser impedimento ao conhecimento da apelação, notadamente face o princípio da primazia do julgamento de mérito previsto, norte de todo o Novo CPC); II – a exposição do fato e do direito; III – as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV – o pedido de nova decisão (O pedido é essencial na apelação, de modo que sempre deve ser solicitada a reforma ou a anulação da sentença, sob pena de não conhecimento do recurso). Obs III: Prazo = 15 dias úteis para recorrer. Obs IV: O juiz recorrido não deverá realizar juízo de admissibilidade, devendo remeter o processo para o tribunal tão logo cumpridas as formalidades mencionadas nos itens acima. Obs V: É de importante observar que o apelante pode apresentar até mesmo questões de fato não propostas no juízo inferior, desde que prove que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. Obs VI: Cabe ao relator do recurso: I – decidir monocraticamente se presente uma dentre as seguintes hipóteses: a) Não conhecer do recurso quando o mesmo for inadmissível, estiver prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida (art. 932, inciso III); b) Negar provimento ao recurso que for contrário a (art. 932, inciso IV): b.1) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b.2) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; b.3) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; c) Dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a (art. 932, inciso V): c.1) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; c.2) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c.3) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; Obs VII: Em relação aos efeitos: em regra, a apelação terá efeito suspensivo, isto é, impedindo o cumprimento provisório da sentença, salvo se a sentença:I – homologa divisão ou demarcação de terras; I – condena a pagar alimentos; III – extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV – julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V – confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI – decreta a interdição. Importante: Para o relator conceder o efeito suspensivo com base nas hipóteses acima, é necessário que o apelante demonstre a probabilidade de que seja dado provimento ao recurso ou, ainda, que haja relevante fundamentação e risco de dano grave ou de difícil reparação no caso do cumprimento provisório da sentença. Obs VIII: Em relação ao efeito devolutivo da apelação: A sentença tem o objetivo de extinguir o processo, o efeito devolutivo da apelação tem a função de devolver ao Poder Judiciário o conhecimento que – no caso da apelação – é de toda a matéria impugnada. Obs IX: Todas as questões suscitadas e discutidas durante o processo, mesmo que não solucionadas no juízo a quo (recorrido), podem ser analisadas pelo tribunal se tiverem relação com a matéria impugnada. Obs X: Se o pedido ou defesa tiver utilizado mais de um fundamento e o juiz não os acolher em sua totalidade (não acolher todos) na sentença, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento de todos eles, ainda que não sejam determinantes à sentença. Obs XI: Sobre a Teoria da causa madura, o artigo 1013 §§ 3º e 4º do CPC, possibilita que o tribunal julgue o mérito da apelação imediatamente: § 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I – reformar sentença fundada no art. 485 (julgamento sem resolução de mérito – Destaco que nestes casos, o juiz pode retratar-se em 5 dias); II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. § 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. Importante: Para a aplicabilidade da teoria acima, com o julgamento imediato pelo tribunal do mérito da causa, é necessário que a causa esteja devidamente instruída, ou seja, que as partes já tenham se manifestado sobre o tema e que não seja preciso a produção de novas provas. Aula 05 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: Obs I: Os embargos de declaração são uma espécie de recurso, sendo julgados pelo próprio órgão que prolatou a decisão. Ex.: os embargos de declaração opostos em face de uma sentença são julgados pelo próprio juiz que proferiu a decisão. Obs II: Previsão legal: artigos 1022 a 1026 NCPC. Obs III: O prazo dos embargos de declaração é de 5 dias. Obs IV: Hipóteses de cabimento no NCPC: Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I — esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II — suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III — corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I — deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II — incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º. Importante: no art. 1.022 do NCPC, ficou expressamente previsto que cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial, inclusive contra decisões interlocutórias. Obs V: Em relação aos Efeitos dos Embargos de Declaração: 1º) Efeito Devolutivo: impede o trânsito em julgado da decisão embargada, reabrindo a possibilidade de alguma reapreciação da decisão – ainda que nos estritos limites da função dos embargos declaratórios: (i) esclarecer a decisão, eliminando-lhe obscuridades ou contradições; (ii) integrar a decisão, suprindo-lhe omissões; ou (iii) corrigir erros materiais contidos na decisão. 2º) Efeito interruptivo de prazos recursais: interrupção do prazo para a interposição de outros recursos eventualmente cabíveis contra a decisão. Uma vez interpostos, interrompem-se os prazos para a interposição dos demais recursos, por qualquer das partes (art. 1.026, caput, segunda parte), isto é, os prazos começam a contar de novo, desde o início, a partir da intimação da decisão dos embargos declaratórios. Importante: o efeito interruptivo aplica-se: (a) a qualquer das partes, e não apenas àquela que interpôs os embargos; (b) a todos os capítulos da decisão, e não apenas àquele(s) objeto dos embargos; (c) mesmo quando os embargos não são conhecidos, por serem reputados inadmissíveis, ressalvada apenas a hipótese de não conhecimento por intempestividade, quando já houver inclusive decorrido o prazo para o(s) outro(s) recurso(s) – hipótese em que não haverá mais nada para interromper. 3º) Efeito modificativo dos embargos de declaração (“embargos de declaração com efeito infringente”): Em regra, a função dos embargos de declaração não é a de modificar o resultado da decisão, fazendo com que a parte que perdeu se torne a vencedora. Essa não é a função típica dos embargos. Obs VII: São objetivos típicos dos embargos: O objetivo dos embargos de declaração é o esclarecimento, complemento ou correção material da decisão. Portanto, eles não se prestam a invalidar uma decisão processualmente defeituosa nem a reformar uma decisão que contenha um erro de julgamento. A) esclarecer obscuridade; B) eliminar contradição; C) suprir omissão; D) corrigir erro material. Obs VIII: Pode ocorrer da decisão dos embargos alterar o resultado da decisão embargada, produzindo efeitos infringentes. Obs IX: Efeito infringente como consequência do normal emprego dos embargos: os embargos declaratórios podem ao suprir a omissão, eliminar a contradição, esclarecer a obscuridade ou corrigir o erro material, alterar substancialmente o teor da decisão embargada. Por exemplo: o juiz havia julgado procedente o pedido condenatório ao pagamento de quantia, mas omitiu-se de examinar a questão da prescrição da pretensão de cobrança – que foi objeto de alegação pela parte e deveria até ser conhecida de ofício. Uma vez apontada essa omissão em embargos de declaração e constatada pelo juiz, seu suprimento poderá alterar essencialmente o resultado do julgamento. Ao examinar a questão da prescrição e tê-la por ocorrida, o juiz emitirá um julgamento de mérito desfavorável ao autor, antes vencedor. Mas – reitere-se – quando isso ocorrer, estar-se-á diante da função normal, típica, dos embargos. Obs X: O caráter puramente infringente: O que normalmente não se admite é o emprego puro e simples dos embargos declaratórios com o escopo de se rediscutir aquilo que o juiz decidiu. Nesse caso, afirma-se que se trata de caráter puramente infringente. Em regra, quando isso acontecer, os embargos deverão ser rejeitados. Obs XI: Numa especial aplicação do princípio da fungibilidade: se os embargos forem interpostos contra decisão monocrática de relator com a mera pretensão de efeitos infringentes cabe a sua conversão em agravo interno, devendo ao recorrente ser oportunizada a complementação das razões recursais, para adequá-la às exigências do art. 1.021 e eventualmente acrescentar outros fundamentos e pedidos que não haviam sido incluídos (art. 1.024, § 3.º). Obs XII: Em qualquer caso em queos embargos possam assumir caráter infringente – seja no cumprimento de sua normal função, seja no seu emprego atípico –, antes de decidi-los o julgador deve ouvir a parte contrária no prazo de cinco dias (art. 1.023, § 2.º). Obs XIII: se uma decisão for modificada por embargos de declaração, concede-se à parte que já havia interposto o recurso seguinte o prazo de quinze dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração, para que proceda à complementação ou alteração de suas razões recursais, nos exatos limites da modificação (art. 1.024, § 4.º). Obs XIV: Se a parte não emendar o recurso, o órgão julgador deverá verificar se o recurso encontra-se prejudicado pela modificação da decisão anteriormente prolatada ou se ele permanece sendo passível de conhecimento. Obs XV: Se o julgamento dos embargos não gerar nenhuma mudança na decisão - seja porque eles não foram conhecidos ou providos, seja porque, embora providos, isso não implicou nenhuma alteração substancial no conteúdo decisório –, o recurso ajuizado antes será processado e julgado independentemente de ratificação (art. 1.024, § 5.º). Obs VIII: Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso, conforme art. 1.026 do NCPC. Obs IX: O STJ, recentemente, teve o seguinte entendimento sobre os embargos de declaração: “Os embargos de declaração, ainda que contenham nítido pedido de efeitos infringentes, não devem ser recebidos como mero "pedido de reconsideração". STJ. Corte Especial. REsp 1.522.347-ES, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 16/9/2015 (Info 575).