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ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – DIREITO CIVIL 
Aula 01 – Petição Inicial 
Obs I: Sobre a Petição Inicial no novo CPC, observa-se que o procedimento 
comum é aplicável a todas as causas, salvo disposições em contrário (art. 318 
e seguintes no Novo CPC). 
Obs II: Os Requisitos da petição inicial no procedimento comum estão no 
artigo 319: 
NCPC: Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os 
nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, 
o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro 
Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência 
do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o 
pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com 
que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção 
do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 
1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, 
na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2º 
A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a 
que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não 
será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a 
obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o 
acesso à justiça. Importante observar os incisos: 1. II – a qualificação agora 
exige expressamente que o autor afirme se há união estável, além de ser 
exigido o endereço eletrônico; 2. VI – Atualmente, a também manifestar-se 
neste sentido (caso em que, concordando com o autor, a audiência será 
afastada). 
Obs III: Sobre a audiência de conciliação, o autor precisa manifestar o 
desinteresse na realização, uma vez que a necessidade da audiência é 
presumida. 
Importante: A multa referente à ausência do réu na audiência só pode ser 
aplicada se houver expressa menção a essa punição no documento de citação. 
Obs IV: Em relação as Diligências para descoberta de dados no Novo CPC, O 
art. 319, §1º do Novo CPC dispõe que “Caso não disponha das informações 
previstas no inciso II (qualificação), poderá o autor, na petição inicial, requerer 
ao juiz diligências necessárias a sua obtenção“. Exemplo: o autor poderá 
requerer justificadamente o acesso a bancos de dados públicos para a busca 
do endereço do réu. Obviamente, a diligência deverá ser justificada e não pode 
ser utilizada de forma indiscriminada. 
Obs V: O art. 319 do CPC prevê que a integralidade dos dados requeridos no 
seu inciso II pode ser dispensada “se a obtenção de tais informações tornar 
impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça” 
Obs VI: Observações importantes quanto aos pedidos: O art. 322 do novo CPC 
tem a seguinte redação: As obrigações em prestações sucessivas serão 
automaticamente incluídas na condenação, independente de declaração 
expressa do autor, salvo se já estiverem pagas ou consignadas (art. 323 do 
novo CPC). Conforme o art. 334, se o juiz acolher o pedido inicial (se 
preencher os requisitos básicos e não for caso de improcedência sumária), 
será designada audiência de conciliação ou de mediação com antecedência 
mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) 
dias de antecedência. 
Obs VII: Na interpretação dos pedidos e dos demais atos postulatórios, o Juiz 
deve sempre levar em consideração a efetiva vontade da parte, afastando, por 
exemplo, erros de grafia e até de semântica quando estiver claro que a parte 
quis dizer outra coisa, aplicando-se o art. 112 do Código Civil (“Art. 112. Nas 
declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do 
que ao sentido literal da linguagem“). 
Obs VIII: Em relação ao Indeferimento da petição inicial, observar o artigo 330 
CPC: I – for inepta; II – a parte for manifestamente ilegítima; III – o autor 
carecer de interesse processual; IV – não atendidas as prescrições dos arts. 
106 e 321. O § 1o do art. 330 do Novo CPC, deve ser reconhecida a inépcia da 
petição inicial quando: I – lhe faltar pedido ou causa de pedir; II – o pedido for 
indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido 
genérico; III – da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV 
– contiver pedidos incompatíveis entre si. 
Obs IX: Sobre a possibilidade de emenda da petição inicial no novo Processo 
Civil: Se o juiz verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos 
arts. 319 (mencionado acima) e 320 (documentos essenciais), ou que 
“apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de 
mérito“, deverá intimar o autor, para que no prazo de 15 dias emende a inicial 
ou a complete, sob pena de indeferimento, conforme o artigo 321. 
Obs X: Os prazos pelo CPC atualmente são contados em dias úteis, salvo 
disposição contrária. 
Obs XI: Cabe ao Juiz antes de indeferir a petição inicial, determinar a emenda. 
Obs XII: Em relação aos Recursos contra o indeferimento da petição inicial:a) 
Se houver o indeferimento total da petição inicial, o autor poderá recorrer 
através do recurso de apelação. b) Se houver o indeferimento parcial da 
petição inicial, o autor poderá recorrer por meio do agravo de instrumento. 
Obs XIII: O recurso de apelação contra o indeferimento da petição inicial 
possui excepcional efeito regressivo, ou seja, é facultada a retratação pelo juiz 
que proferiu a decisão, que no novo CPC deve ocorrer no prazo de 5 dias. 
Obs XIV: Se não houver a retratação, o juiz intimará o réu para contrarrazões 
normalmente e encaminhará o feito ao Tribunal para julgamento. 
Observações importantes: Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses 
previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença. Parágrafo 
único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela 
do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento. Art. 
485. O juiz não resolverá o mérito quando: I – indeferir a petição inicial; Art. 
1.015. 
Obs XV: Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que 
versarem sobre: XIII – outros casos expressamente referidos em lei. A 
combinação dos três artigos somados ao fato de tratar-se de decisão 
interlocutória implica a necessidade de reconhecer o cabimento do agravo de 
instrumento. 
 
Aula 02 – Contestação e Reconvenção 
Obs I: Prazo = 15 dias úteis, nos termos do Artigo 231 CPC. 
Obs II: Na contestação cabe ao réu rebater todos os pontos e fatos 
relacionados na exordial, sob pena de serem presumidas como verdadeiros os 
pontos que não forem rebatidos. 
Obs III: o artigo 336 do NCPC, reproduz o princípio da eventualidade já contido 
no CPC/1973: toda matéria de defesa, mesmo que contraditória, deve ser 
deduzida na contestação. 
Obs IV: Além disso, o artigo 342 do NCPC dispõe que o réu somente poderá 
deduzir novas alegações quando relativas a direito ou fato superveniente, no 
caso de competir ao juiz conhecer de tais novas alegações de ofício ou no caso 
de que, havendo expressa autorização legal, puderem sem formuladas em 
qualquer tempo e grau de jurisdição. 
Obs V: Em relação as preliminares de contestação, ou seja, matérias que 
prejudicam ou retardam à apreciação do mérito que devem ser arguidas antes 
da defesa do mérito, estão previstas no artigo 337 do NCPC, contemplando as 
seguintes matérias: 
 Inexistência ou nulidade da citação; 
 Incompetência absoluta e relativa; 
 Incorreção do valor da causa; 
 Inépcia da petição inicial; 
 Perempção; 
 Litispendência; 
 Coisa julgada; Conexão; 
 Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; 
 Convenção de arbitragem; 
 Ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
 Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; 
 Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. 
Obs VI: As matérias acima poderão ser conhecidas de ofício pelo juiz, salvo a 
convenção de arbitragem e a incompetência relativa. 
Obs VII: A contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato 
que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por 
meio eletrônico. 
Obs VIII: Se for alegada a incompetência, será suspensa a realização da 
audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada. Se for 
reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for 
distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento. Se 
for definida a competência, o juízo competente designará nova data para a 
audiência de conciliação ou de mediação. 
Obs IX: Quando o réu alegar ser parte ilegítima ou não ser responsável pelo 
prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da 
petição inicial para substituição do réu, que sendo realizada, caberá ao autor 
reembolsar as despesas e pagar os honorários ao procurador do réu excluído. 
Obs X: Se o réu alegar ser parte ilegítima, terá a incumbência de indicar o 
sujeito passivo da relação jurídica sempre que sempre que tiver conhecimento, 
sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos 
prejuízos decorrentes da falta de indicação. Feita isso, poderá o autor aceitar a 
indicação devendo reembolsar as despesas e pagar os honorários do réu 
excluído ou alterar a petição inicial, para incluir como litisconsorte passivo o 
sujeito indicado pelo réu. 
Importante: Em relação as Exceções, elas estão disciplinadas dentro da parte 
geral do Novo CPC, no artigo 146, as Exceções de Suspeição e impedimento 
foram às únicas que foram mantidas como petições apartadas. 
Obs XI: As hipóteses de Exceção estão contidas nos artigos 144 (impedimento 
- presunção absoluta de parcialidade do juiz, conduzindo a uma nulidade 
absoluta do feito) e 145 (suspeição - presunção relativa de parcialidade relativa 
do juiz, capaz de gerar uma nulidade relativa do processo), sendo tais causas 
também aplicáveis ao membro do Ministério Público, aos auxiliares da justiça e 
aos demais sujeitos imparciais do processo. 
Obs XII: O artigo 146 traz que no prazo de 15 dias, a contar do conhecimento 
do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica 
dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo 
instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de 
testemunhas. 
Obs XIII: Sendo reconhecido o impedimento ou a suspeição ao receber a 
petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto 
legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no 
prazo de 15 dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e 
de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao 
tribunal. 
Obs XIV: Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta 
suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu 
substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. 
Obs XV: Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o 
momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, bem como decretará a 
nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de 
impedimento ou de suspeição. 
Obs XVI: Caso a Exceção seja alegada contra aos demais sujeitos que não o 
juiz, a parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em 
petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em 
que lhe couber falar nos autos e o juiz mandará processar o incidente em 
separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 
dias e facultando a produção de prova, quando necessária. 
Aula 03: Da Reconvenção: 
Obs I: a Reconvenção é prevista no artigo 343 do CPC. 
Obs II: a Reconvenção será proposta na mesma peça da Contestação. 
Obs III: É necessário que a pretensão manifestada na reconvenção seja 
conexa com a ação principal ou com a matéria de defesa. 
Obs IV: a Reconvenção possui caráter autônomo em relação à ação principal, 
ou seja, havendo a desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que 
impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo 
quanto à reconvenção, bem como o réu pode propor reconvenção 
independentemente de oferecer contestação. 
Obs V: a reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro, bem como 
pelo réu em litisconsórcio com terceiro e se o autor for substituto processual, o 
reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a 
reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de 
substituto processual. 
 
 
 
Aula 04 – Da Apelação: 
 
Obs I: Art. 1010 à 1020 NCPC 
 
Obs II: Requisitos: 
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, 
deverá conter: 
I – os nomes e a qualificação das partes (Entendo que há exigência de 
escrever textualmente a qualificação novamente, ainda que já esteja na 
contestação ou na petição inicial, no entanto a qualificação remissiva a uma 
destas peças não deve ser impedimento ao conhecimento da apelação, 
notadamente face o princípio da primazia do julgamento de mérito previsto, 
norte de todo o Novo CPC); 
II – a exposição do fato e do direito; 
III – as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; 
IV – o pedido de nova decisão (O pedido é essencial na apelação, de modo 
que sempre deve ser solicitada a reforma ou a anulação da sentença, sob pena 
de não conhecimento do recurso). 
 
Obs III: Prazo = 15 dias úteis para recorrer. 
 
Obs IV: O juiz recorrido não deverá realizar juízo de admissibilidade, devendo 
remeter o processo para o tribunal tão logo cumpridas as formalidades 
mencionadas nos itens acima. 
Obs V: É de importante observar que o apelante pode apresentar até mesmo 
questões de fato não propostas no juízo inferior, desde que prove que deixou 
de fazê-lo por motivo de força maior. 
Obs VI: Cabe ao relator do recurso: 
I – decidir monocraticamente se presente uma dentre as seguintes hipóteses: 
 a) Não conhecer do recurso quando o mesmo for inadmissível, estiver 
prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da 
decisão recorrida (art. 932, inciso III); 
 
 b) Negar provimento ao recurso que for contrário a (art. 932, inciso IV): 
 b.1) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou 
do próprio tribunal; 
 b.2) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
 b.3) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas 
ou de assunção de competência; 
 c) Dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a (art. 932, 
inciso V): 
 c.1) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou 
do próprio tribunal; 
 c.2) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
 c.3) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas 
ou de assunção de competência; 
 
Obs VII: Em relação aos efeitos: em regra, a apelação terá efeito suspensivo, isto 
é, impedindo o cumprimento provisório da sentença, salvo se a sentença:I – homologa divisão ou demarcação de terras; 
 I – condena a pagar alimentos; 
III – extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do 
executado; 
IV – julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
V – confirma, concede ou revoga tutela provisória; 
VI – decreta a interdição. 
 
Importante: Para o relator conceder o efeito suspensivo com base nas hipóteses acima, é 
necessário que o apelante demonstre a probabilidade de que seja dado provimento ao 
recurso ou, ainda, que haja relevante fundamentação e risco de dano grave ou de difícil 
reparação no caso do cumprimento provisório da sentença. 
 
Obs VIII: Em relação ao efeito devolutivo da apelação: A sentença tem o objetivo de 
extinguir o processo, o efeito devolutivo da apelação tem a função de devolver 
ao Poder Judiciário o conhecimento que – no caso da apelação – é de toda a 
matéria impugnada. 
 
Obs IX: Todas as questões suscitadas e discutidas durante o processo, mesmo 
que não solucionadas no juízo a quo (recorrido), podem ser analisadas pelo 
tribunal se tiverem relação com a matéria impugnada. 
 
Obs X: Se o pedido ou defesa tiver utilizado mais de um fundamento e o juiz 
não os acolher em sua totalidade (não acolher todos) na sentença, a apelação 
devolverá ao tribunal o conhecimento de todos eles, ainda que não sejam 
determinantes à sentença. 
Obs XI: Sobre a Teoria da causa madura, o artigo 1013 §§ 3º e 4º do CPC, 
possibilita que o tribunal julgue o mérito da apelação imediatamente: 
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal 
deve decidir desde logo o mérito quando: 
I – reformar sentença fundada no art. 485 (julgamento sem resolução de mérito 
– Destaco que nestes casos, o juiz pode retratar-se em 5 dias); 
II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites 
do pedido ou da causa de pedir; 
III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que 
poderá julgá-lo; 
IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. 
§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, 
o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem 
determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. 
 
Importante: Para a aplicabilidade da teoria acima, com o julgamento imediato 
pelo tribunal do mérito da causa, é necessário que a causa esteja devidamente 
instruída, ou seja, que as partes já tenham se manifestado sobre o tema e que 
não seja preciso a produção de novas provas. 
 
Aula 05 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: 
 
Obs I: Os embargos de declaração são uma espécie de recurso, 
sendo julgados pelo próprio órgão que prolatou a decisão. 
Ex.: os embargos de declaração opostos em face de uma sentença são 
julgados pelo próprio juiz que proferiu a decisão. 
Obs II: Previsão legal: artigos 1022 a 1026 NCPC. 
 
Obs III: O prazo dos embargos de declaração é de 5 dias. 
 
Obs IV: Hipóteses de cabimento no NCPC: 
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial 
para: 
I — esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; 
II — suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o 
juiz de ofício ou a requerimento; 
III — corrigir erro material. 
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: 
I — deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos 
repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso 
sob julgamento; 
II — incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º. 
 
Importante: no art. 1.022 do NCPC, ficou expressamente previsto que cabem 
embargos de declaração contra qualquer decisão judicial, inclusive contra 
decisões interlocutórias. 
 
Obs V: Em relação aos Efeitos dos Embargos de Declaração: 
 
1º) Efeito Devolutivo: impede o trânsito em julgado da decisão embargada, 
reabrindo a possibilidade de alguma reapreciação da decisão – ainda que 
nos estritos limites da função dos embargos declaratórios: (i) esclarecer a 
decisão, eliminando-lhe obscuridades ou contradições; (ii) integrar a decisão, 
suprindo-lhe omissões; ou (iii) corrigir erros materiais contidos na decisão. 
 
2º) Efeito interruptivo de prazos recursais: interrupção do prazo para a 
interposição de outros recursos eventualmente cabíveis contra a decisão. 
Uma vez interpostos, interrompem-se os prazos para a interposição dos 
demais recursos, por qualquer das partes (art. 1.026, caput, segunda parte), 
isto é, os prazos começam a contar de novo, desde o início, a partir da 
intimação da decisão dos embargos declaratórios. 
Importante: o efeito interruptivo aplica-se: 
(a) a qualquer das partes, e não apenas àquela que interpôs os embargos; 
(b) a todos os capítulos da decisão, e não apenas àquele(s) objeto dos 
embargos; 
(c) mesmo quando os embargos não são conhecidos, por serem reputados 
inadmissíveis, ressalvada apenas a hipótese de não conhecimento por 
intempestividade, quando já houver inclusive decorrido o prazo para o(s) 
outro(s) recurso(s) – hipótese em que não haverá mais nada para 
interromper. 
3º) Efeito modificativo dos embargos de declaração (“embargos de 
declaração com efeito infringente”): Em regra, a função dos embargos de 
declaração não é a de modificar o resultado da decisão, fazendo com que a 
parte que perdeu se torne a vencedora. Essa não é a função típica dos 
embargos. 
 
Obs VII: São objetivos típicos dos embargos: O objetivo dos embargos de 
declaração é o esclarecimento, complemento ou correção material da decisão. 
Portanto, eles não se prestam a invalidar uma decisão processualmente 
defeituosa nem a reformar uma decisão que contenha um erro de julgamento. 
A) esclarecer obscuridade; 
B) eliminar contradição; 
C) suprir omissão; 
D) corrigir erro material. 
Obs VIII: Pode ocorrer da decisão dos embargos alterar o resultado da 
decisão embargada, produzindo efeitos infringentes. 
Obs IX: Efeito infringente como consequência do normal emprego dos 
embargos: os embargos declaratórios podem ao suprir a omissão, eliminar a 
contradição, esclarecer a obscuridade ou corrigir o erro material, alterar 
substancialmente o teor da decisão embargada. Por exemplo: o juiz havia 
julgado procedente o pedido condenatório ao pagamento de quantia, mas 
omitiu-se de examinar a questão da prescrição da pretensão de cobrança – 
que foi objeto de alegação pela parte e deveria até ser conhecida de ofício. 
Uma vez apontada essa omissão em embargos de declaração e constatada 
pelo juiz, seu suprimento poderá alterar essencialmente o resultado do 
julgamento. Ao examinar a questão da prescrição e tê-la por ocorrida, o juiz 
emitirá um julgamento de mérito desfavorável ao autor, antes vencedor. Mas 
– reitere-se – quando isso ocorrer, estar-se-á diante da função normal, típica, 
dos embargos. 
Obs X: O caráter puramente infringente: O que normalmente não se 
admite é o emprego puro e simples dos embargos declaratórios com o 
escopo de se rediscutir aquilo que o juiz decidiu. Nesse caso, afirma-se que 
se trata de caráter puramente infringente. Em regra, quando isso acontecer, 
os embargos deverão ser rejeitados. 
Obs XI: Numa especial aplicação do princípio da fungibilidade: se os 
embargos forem interpostos contra decisão monocrática de relator com a 
mera pretensão de efeitos infringentes cabe a sua conversão em agravo 
interno, devendo ao recorrente ser oportunizada a complementação das 
razões recursais, para adequá-la às exigências do art. 1.021 e 
eventualmente acrescentar outros fundamentos e pedidos que não haviam 
sido incluídos (art. 1.024, § 3.º). 
Obs XII: Em qualquer caso em queos embargos possam assumir caráter 
infringente – seja no cumprimento de sua normal função, seja no seu 
emprego atípico –, antes de decidi-los o julgador deve ouvir a parte contrária 
no prazo de cinco dias (art. 1.023, § 2.º). 
 
Obs XIII: se uma decisão for modificada por embargos de declaração, 
concede-se à parte que já havia interposto o recurso seguinte o prazo de 
quinze dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração, 
para que proceda à complementação ou alteração de suas razões recursais, 
nos exatos limites da modificação (art. 1.024, § 4.º). 
 
Obs XIV: Se a parte não emendar o recurso, o órgão julgador deverá verificar 
se o recurso encontra-se prejudicado pela modificação da decisão 
anteriormente prolatada ou se ele permanece sendo passível de 
conhecimento. 
Obs XV: Se o julgamento dos embargos não gerar nenhuma mudança na 
decisão - seja porque eles não foram conhecidos ou providos, seja porque, 
embora providos, isso não implicou nenhuma alteração substancial no 
conteúdo decisório –, o recurso ajuizado antes será processado e julgado 
independentemente de ratificação (art. 1.024, § 5.º). 
 
Obs VIII: Os embargos de declaração interrompem o prazo para a 
interposição de recurso, conforme art. 1.026 do NCPC. 
 
Obs IX: O STJ, recentemente, teve o seguinte entendimento sobre os 
embargos de declaração: “Os embargos de declaração, ainda que 
contenham nítido pedido de efeitos infringentes, não devem ser 
recebidos como mero "pedido de reconsideração". STJ. Corte Especial. 
REsp 1.522.347-ES, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 16/9/2015 (Info 575).

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