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Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 1. Cabimento. Exceção: Já dissemos que só as decisões são atacáveis por recurso, porém existe uma exceção. Essa, são os embargos, que combatem, além de decisões (qualquer decisão), os despachos, em qualquer nível de jurisdição. - Suporte fático: 1.1. Omissão. A) Sobre pedido. Ex: quando a decisão não resolve a demanda, ou, no caso de cumulação de pedidos, decide só sobre um dos pedidos. B) Sobre argumento relevante lançado pela parte. Ex: Quando se apresenta um argumento de direito, e um argumento de fato, e uma causa de pedir, podendo se cumular a causa de pedir, e na decisão, o magistrado apenas, aborda uma, ou umas das várias causas de pedir que se ofertou. Exemplo prático: Fui a juízo para requerer a nulidade de uma licença ambiental, só havendo ai um pedido. Argumentando duas coisas: que a Constituição não foi respeitada, porque as exigências para a realização do estudo de impacto ambiental não foram respeitadas, e também argumentou que a legislação federal não foi respeitada. Dai existem duas causas de pedir. Uma delas não foi apreciada, havendo omissão quanto a causa de pedir. OBS. Livre convencimento motivado vs. Contraditório (Art. 489, p. 1º, inc. IV): Pelo livre convencimento motivado se extrai que o magistrado não precisa apreciar todos os argumentos que a parte suscitou, e apenas aqueles que entender, que se constitui necessário para a fundamentação da decisão. Porém, diante da construção do novo CPC, o livre convencimento motivado não existe mais, e isso é levantado no art. 489, p 1º, inc. IV. Exemplo prático do art. 489, p. 1º, inc. IV: no caso da licença ambiental, ela pode ser decretada nula pelo fundamento constitucional ou legal, se anular pelo constitucional, não precisa analisar o legal. Então não são todos “em tese”, pois em tese, tem alguns fundamentos que, ao serem analisados não farão a menor diferença. OBS. "Omissão ou contradição sobre ponto relevante" (STJ, EDcl no AgRg na MC 10299-DF). Ver continuação do art. 489, p. 1º. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM MEDIDA CAUTELAR. ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CASSAÇÃO DE MANDATO PARLAMENTAR. DEPUTADO DISTRITAL. ACÓRDÃO DE SEGUNDO GRAU QUE DENEGOU A SEGURANÇA. MEDIDA CAUTELAR EXTINTA SEM APRECIAÇÃO DE MÉRITO. REPETIÇÃO DE CAUTELAR AJUIZADA ANTERIORMENTE. AUSÊNCIA DE VÍCIOS A CONTAMINAREM O ACÓRDÃO EMBARGADO. PRETENSÃO DE EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. 1. Trata-se de embargos de declaração opostos por CARLOS PEREIRA XAVIER em face de acórdão que negou provimento a agravo regimental interposto contra decisão que extinguiu medida cautelar sob o fundamento de ser uma reprodução de ação anterior, contendo as mesmas partes, mesmo pedido e mesma causa de pedir, o que impede a renovação do debate. 2. Os Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina. embargos de declaração não constituem a via adequada para a rediscussão de questões que já foram decididas por ocasião do julgamento do recurso anteriormente apreciado. 3. O aresto embargado apreciou o núcleo das questões discutidas no curso da lide baseando-se em fundamentos suficientes e sólidos, espelhando motivações para o entendimento assumido, não se apresentando omisso ou contraditório acerca de ponto relevante. Impossível o acolhimento de embargos de declaração que tem seu fundamento centrado no mérito da questão jurídica em debate, almejando a reforma dos fundamentos utilizados pelo julgador. 4. Merece plena confirmação a decisão agravada, sendo desprovidas de influência para a sua reforma as argumentações articuladas nesta seara aclaratória. A reiteração da ação cautelar anterior é flagrante, não ficando demonstrada a potencialidade do direito alegado. 5. Conforme já afirmado por ocasião da apreciação do agravo regimental, a fundamentação da existência de ação cautelar anterior (MC nº 10.146/DF, de minha relatoria, transitada em julgado em 22/06/2005), permanece irretocável, não tendo sido abalada pelas alegações manifestadas nesta via aclaratória. A pretensão do requerente continua a mesma: emprestar efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto em face do acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios que denegou a segurança que almejava o restabelecimento de seu mandato parlamentar. Vislumbra-se que, na MC nº 10.146/DF, conformou-se o requerente com o provimento jurisdicional ofertado, quedando-se inerte ante a possibilidade de insurgir- se por meio de agravo regimental, o que fez nesta cautelar. 6. É patente o descaso do requerente com o respeito às regras processuais de nosso ordenamento jurídico, eis que reiteradamente propõe medidas cautelares e recursos com o mesmo objetivo, configurando uma das razões e causa da morosidade do Poder Judiciário, assoberbado de procedimentos desnecessários. 7. Embargos de declaração rejeitados. (STJ, Relator: Ministro JOSÉ DELGADO, Data de Julgamento: 06/10/2005, T1 - PRIMEIRA TURMA) C) Não oposição de embargos e preclusão diante da ausência de apreciação de questões de ordem pública, apreciáveis ex officio. Exemplo prático: Você é condenado a pagar 100 mil reais, você descobre que o juiz é incompetente absolutamente. Nesse caso, você pode embargar, desde que esteja no prazo, mesmo não tendo provocado, antes da sentença, o juiz a se manifestar sobre um ponto que ele deveria de ofício conhecer, e assim, não há preclusão. 1.2. Obscuridade. A) Redação incompreensível. B) Texto ilegível. 1.3. Contradição. A) Fundamentação contraditória com a parte dispositiva B) Na Fundamentação e na decisão (parte dispositiva). Por ex: Dentro da fundamentação, quando o juiz diz que a demanda está prescrita, mas reconhece o direito, e sendo o caso, condena a pagar a quantia devida. Na parte dispositiva, quando o juiz ao julgar procedente dois pedidos, sendo que um é contrario ao outro. 1.4. Erros/inexatidões materiais (Art. 494, I) - correção de ofício (EDEResp 2874-SP e EDEResp 123.127). Essa é a 4ª hipótese, consignada no novo código. 1.5. Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina. Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo. 1.5. Equívoco manifesto. A) Erro de fato. Um erro de fato pode ser considerado um erro material, quando o juiz não afasta a prova, acolhe a prova, mas acaba concluindo que um fato que a prova aponta como ocorrido, não aconteceu. Isso pode ser considerado erro material. B) Decisão ultra petita. É um equivoco material. C) Art. 897-A, CLT: manifesto equívoco no exame de pressupostos de admissibilidade. Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. 2. Objeto. 2.1. Errores in procedendo. 2.2. Erros materiais. 2.3. Errores in iudicando (Art. 897-A, CLT). 2.4. "Sentença ou acórdão" - as decisões interlocutórias e o art. 93, IX, CF. Apesar de não estar expresso, *qualquer tipo de decisão, e os despachos. 3. Forma de interposição. 3.1. Prazo (art. 1.023, CPC): 5 dias. A) Inaplicabilidade do enunciado 641 da súmula do STF: ED não pressupõem sucumbência. STF, enunciado 641 da súmula. Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido. 3.2. Petição escrita dirigida ao juiz. OBS. Exceção: Lei 9.099/95. Juizados especiais Art. 49. Os embargosde declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão. Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina. 3.3. Local de interposição: juízo a quo. 3.4. Dispensa preparo (Art. 1.023, CPC). 4. Efeitos dos Embargos de Declaração. 4.1. Efeito devolutivo: é permitida a reformatio in pejus nos Embargos de Declaração? Em regra, não permite, pois a parte limita o interesse recursal. Embora, a situação da parte pode piorar. Por ex: a decisão é contraditória, porque na decisão o juiz entende, na fundamentação, que a parte deve ser condenada integralmente, mas na parte dispositiva condena a pagar parcialmente. A parte embraga para resolver essa contradição, porque o juiz pode mudar a parte dispositiva, e adequara parte dispositiva a fundamentação da decisão, isso não é reformatio in pejus, porque ele não está corrigindo o erro iundicando, ele está corrigindo um erro in procedendo, um vício contido na decisão. 4.2. Ausência de efeito suspensivo (Art. 1.026) automático (Art. 1.026, p. 1º). Há a possibilidade de efeito suspensivo manual. 4.3. Efeito modificativo ou infringente dos ED (Art. 1.024, p. 4º) e interposição de recurso pela parte contrária. Os embargos podem assumir eventualmente efeito modificativo, e se isso acontecer, e se realmente modificar o teor da decisão, aquele sujeito que já tinha apelado da decisão, antes da interposição dos embargos pela outra parte(porque o prazo para apelação é simultâneo ao do ED, sendo o prazo para o ultimo menor q o de apelação), vai poder complementar sua apelação, no prazo de 15 dias. Isso somente se os embargos assumir efeito modificativo. 4.4. Interrupção de prazo de interposição de outro recurso (Arts. 1.026). OBS. Nos Juizados... A) ED contra sentença suspende prazo de recurso inominado. B) ED contra Acórdão em RI interrompe prazo para RE. 5. Procedimento. 5.1. Oposição no prazo de 5 dias. 5.2. Contraditório e efeitos infringentes (Art. 1.023, p. 2º). Em regra, não gera necessidade de contraditório, porém se apresentar potencialidade de efeito modificativo, o juiz tem que abrir prazo para o contraditório, antes da decisão. Isso só acontece se houver efeitos infringentes. OBS. Recebimento do ED como AgRg (Art. 1.024, p. 3º). Material elaborado por Beatriz Araujo com base nas aulas e doutrina. 5.3. Decisão em 5 dias* (Art. 1.024) com efeito integrativo pelo mesmo decisor que proferiu a decisão atacada. 5.4. Embargos dos embargos (Art. 1.026, p. 4º). Quando um dos pedidos que você formulou nos embargos não foi apreciado, ou um fundamento não foi apreciado, ai pode embargar dos embargos, até o juiz aplicar a multa do 1.026. 5.5. Multa do 1.026, p. 2º e 3º, CPC.
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