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FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
RESENHA CRÍTICA DO FILME O HOMEM ELEFANTE COM ÊNFASE NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE
CABEDELO – PB
2014
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
ANTONIO ALMEIDA MAGALHÃES NETO
DANIEL PEREIRA FRANCISCO
LUIZ FERNANDO SOUZA MOSCOSO MAIA
GABRYELLA ALZIRA BRITO VIEIRA
KAIO GERMANO DE LIMA E SILVA
MATHEUS DE SOUSA CARVALHO
RESENHA CRÍTICA DO FILME O HOMEM ELEFANTE COM ÊNFASE NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE
Resenha crítica do filme O Homem Elefante apresentado às professoras Carolina de Andrade e Vera Lúcia, docentes dos módulos MERHU e Português Instrumental da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba, para obtenção de nota.
CABEDELO – PB
	2014
RESENHA CRÍTICA DO FILME O HOMEM ELEFANTE
O Homem Elefante, gravado em 1980 nos EUA, é um filme dirigido por David Linch, um diretor ligado às artes plásticas e explorações estéticas, que trouxe a longa-metragem mais que um tom documental, mas um toque de surrealismo, de imagens intencionalmente distorcidas e em preto-e-branco, onde mesclam o real e o fantástico.
O filme, que se passa no século XIX, em uma Londres tipicamente vitoriana, conta a história de John Merrick, inglês portador de uma doença que produzia extremas deformações e que teve sua vida descrita nos livros do médico Frederick Treves, o qual, em suas memórias, teve a cautela de substituir o nome verdadeiro do paciente, Joseph, por John, provavelmente pensando em mantê-lo no anonimato.
Merrick apresentava um quadro clínico progressivo, que evoluiu principalmente a partir dos nove anos de idade, que incluía macrocefalia, crescimentos ósseos que conferiam um aspecto disforme ao rosto, apresentava um dos lados do corpo hipertrofiado, um dos braços inutilizado, os pés aumentados de tamanho e o corpo recoberto por papilomas; o peso excessivo da cabeça fazia com ele precisasse dormir recostado por causa do risco de asfixiar-se. Durante vários anos, pensou-se que a doença era neurofibromatose, mas, apenas em 1996, exames radiológicos do esqueleto de John, preservado no Ryal London Hospital, revelaram que a doença era a Síndrome de Proteu, uma doença hereditária, descoberta em 1979. Todas essas variações e problema na estética do paciente podem ter levado a chamarem-no de homem-elefante.
Na época, a região próxima ao London Hospital, onde se passa boa parte do drama, era muito populosa, com mais de seiscentos mil habitantes, pobres, imigrantes, muitos oriundos da Europa Central. Linch constrói um retrato das precárias condições de vida, habitação, trabalho, saneamento, higiene e saúde da população trabalhadora, fatos que estão bastante explícitos no filme. E foi nesse cenário de miséria e exploração que o jovem John Merrick foi exibido como uma aberração em uma espécie de Freak Show (show de aberrações), onde compartilhava espaço com outros horrores como a mulher barbada, o homem cobra, as gêmeas siamesas, dentre outros. Diversões em que se ri do mais fraco, do mais miserável, do feio, do grotesco. A desventura de ser, além de pobre, diferente.
Atualmente, não há shows de aberrações de maneira tão discriminada como na época em que passa a história do filme, mas ocorrem de maneira disfarçada e mascarada, principalmente através de meios midiáticos.
No filme, dando ênfase para o Homem Elefante, a exibição circense inicia com o anúncio da atração principal dos Frutos do pecado original. Isso se dá pelo fato de que, na época, a explicação para a causa de deformidades relacionava-se a transgressões cometidas pelos afetados ou seus genitores. 
Muito jovem, John perdeu sua mãe, a quem sempre se referia como um anjo e somente nela, talvez, mesmo que por pouco tempo, tenha encontrado o amor verdadeiro. Posteriormente, seu pai se casou com outra mulher, que o obrigava a vender bugigangas na rua para ganhar dinheiro, até que sua aparência o impediu de continuar, pois passou a ser atormentado pelas crianças e a assustar as pessoas nas ruas. Merrick, então, foi voluntariamente para sua cidade natal, onde escreveu para um empresário se oferecendo como atração. Desse modo, John Merrick era considerado um monstro, umas mistura de dois reinos, o animal e o homem.
No final de 1884, na região sul de Londres, após ter os espetáculos proibidos pela polícia devido o grande tumulto que causava, Dr. Treves, um cirurgião e anatomista da época, viu John Merrick pela primeira vez, em uma apresentação particular que contratou do empresário Sr. Bytes. E, mesmo com uma vasta experiência médica, tendo visto centenas de casos horríveis de deformações, aquele foi de longe o mais importante para Treves, que de tão chocado não conteve as lágrimas, movido por um misto de compaixão e curiosidade científica, e leva o homem elefante para Royal London Hospital para apresentar seu caso, ao vivo, à Sociedade Médica de Patologia de Londres.
Isso foi o estopim de grandes mudanças na vida de John Merrick, quando passou a experimentar bons tratos até então só concedidos por sua mãe. No hospital, o respeito e a dignidade caracterizaram um convívio salutar junto ao Sr. Carr Gomm, diretor do hospital, às zelosas enfermeiras, bem como ao Dr. Treves, seu médico tutor, com tem manteve constante relação médico-paciente (RMP), que, segundo Costa e Azevedo (2010), vai além do encontro situacional entre dois intérpretes, algo maior do que fazer perguntas e exames físicos, receitar medicamentos e prescrever condutas, mas mescla atividades técnicas e pessoais, e a empatia surge para promover grandes avanços, remetendo à sensibilização do médico pelas mudanças sentidas e refletidas, momento a momento, pelo paciente.
Nas relações interpessoais, inerentes ao exercício profissional, é a qualidade do encontro que determina sua eficiência. Reconhecidamente, a empatia, entendida como a troca de sensibilidade entre médico e paciente, é essencial neste encontro. Assim, na formação e na identificação do bom profissional médico, a relação médico-paciente é sempre referida como fundamental na promoção da qualidade do atendimento (PEREIRA; AZEVÊDO, 2005).
Devido o grande número de acidentes de trabalho e péssimas condições de vida da população, o Hospital de Londres era muito carregado e, por força do regulamento, não podia admitir pacientes considerados incuráveis, o que foi um duro entrave a ser ultrapassado, e que custou grande esforço por parte do Dr. Treves e seu diretor, Dr. Gomm, o qual publicou uma carta, com a cortesia do jornal The Times, descrevendo, pela primeira vez, de forma humana e não sensacionalista o drama homem elefante, causando grande impacto na opinião pública e compaixão, que culminou em muitas doações e um pedido da própria rainha Vitória pela permanência de Merrick no hospital.
Durante a sua permanência no hospital, Joseph Merrick foi tratado com dignidade e carinho, como um ser humano, e se portou como um autêntico cavalheiro. Jamais se queixou, pelo contrário, e nunca criticou aqueles que o maltrataram no passado. O Dr. Treves lhe ofereceu livros, que abriram um novo horizonte e proporcionaram novas emoções. Ele era muito romântico, adorava ler histórias de amor.
Percebe-se que, em todo o momento que foi tratado por Treves, John sempre foi sujeito ativo do seu processo saúde-doença, e, de acordo com Filho (1998), a ideia de participação ativa está subentendida na expressão interação médico-paciente. O termo "interação", conforme o Dicionário Aurélio, define uma "ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pessoas; ação recíproca". Ele refere-se a um processo que ocorre entre dois agentes, mais do que como a ação de um sujeito sobre outro, o que não fica claramente explicitado na palavra "relação". A interação médico-cliente, quer a chamemos de relação médico-paciente ou de relação profissional-cliente, pressupõe, como em todas as relações humanas, a existência de um contexto. O contexto é o que a configura, estabelece seus limites e possibilidades e determina os papéis e funções dos participantes.Segundo Pinheiro e Guizardi (2004), o cuidado integral é também entendido como “entre-relações” de pessoas, ou seja, como efeitos e repercussões de interações positivas entre usuários, profissionais e instituições, traduzidas em tratamento digno e respeitoso com qualidade, acolhimento e vínculo. Assim, a integralidade é um dispositivo político, de crítica de saberes e poderes, e constituído por práticas cotidianas que habilitam os sujeitos nos espaços públicos a criarem novos arranjos sociais e institucionais em saúde.
O termo cuidado é polissêmico; os pensadores gregos usavam a palavra epimeléia para designar cuidado - atitude de consideração e ação, conhecimento e afeto. O cuidado integral envolve quatro dimensões: a compaixão, o ajudar na autonomia do sujeito a ser cuidado, o compartilhar da dor e o disponibilizar à pessoa os recursos disponíveis para enfrentar a situação de doença (PINHEIRO; GUIZARDI, 2004).
Uma situação que incita a reflexão sobre o cuidado é a da relação entre John Merrick e Marge Kendal, uma atriz de teatro, bastante popular na época. Ela descobre o paciente por meio de uma notícia de jornal, visita-o no hospital, leva-lhe presentes e se torna sua amiga. Também atua como figura importante na busca de recursos entre a nobreza londrina para a manutenção do doente no hospital. Estaria proporcionando cuidado quando eles recitam um excerto de Romeu e Julieta e ela diz: “Você não é o Homem Elefante... Você é Romeu!”? Ou quando convida Merrick para ir ao teatro pela primeira vez? Evidentemente, a atriz é reconhecida e ovacionada pelo público por conta de sua ação filantrópica. De qualquer modo, tanto ela quanto o médico contribuem para dar uma vida mais confortável e digna aJohn Merrick. Mesmo tendo ajudado o paciente, o médico não escapa de enfrentar um dilema ético, expresso pelo questionamento: “sou bom ou mau?”.
É mister destacar que a comunicação é uma ferramenta inerente ao cuidado integral e importante na relação médico-paciente. Silva, Guimarães e Savonitti (2000) retratam que a comunicação é um processo de interação no qual são compartilhadas mensagens, ideias, sentimento e emoções, podendo influenciar o comportamento das pessoas que, por sua vez, reagiram a partir de suas crenças, valores, história de vida e cultura. A comunicação pode ser realizada de forma verbal e/ou não verbal. No que tange à comunicação verbal, esta se caracteriza pela exteriorização do ser social, e a não verbal, o ser psicológico, sendo sua principal função a demonstração dos sentimentos.
Nesse contexto, a comunicação, seja ela verbal ou não verbal, emerge como um instrumento para a promoção de um cuidado humanizado. Por conseguinte, a comunicação colabora para promover o cuidado emocional, que é considerada uma habilidade de compreender o imperceptível, exigindo alto nível de sensibilidade para as manifestações verbais e não verbais do cliente que possam indicar ao profissional da Saúde, sobretudo ao enfermeiro, suas necessidades individuais (BARBOSA; SILVA, 2007; PETERSON; CARVALHO, 2011).
Jeammet, Reynaud e Consoli (2000) frisam que a relação médico-paciente faz parte da comunicação médica do mesmo modo que o sintoma. Como ele, a relação médico-paciente exige ser cifrada, a fim de que o sentimento apareça e que ela se torne um sinal inteligível para as duas partes.
Observa-se uma necessidade crescente de desenvolver uma comunicação mais aberta entre médicos e pacientes que possibilite uma maior qualidade na relação. Em face disso, o primeiro ponto a ser apresentado para reflexão é relativo ao comportamento profissional do médico. Este deve incorporar aos seus cuidados a percepção do paciente acerca de sua doença, que possivelmente diverge do modelo clínico, visto que são valores e compreensões próprias daquele caso. Isto não significa que os médicos tenham de se transformar em psicólogos ou psicanalistas, mas que, além do suporte técnico-diagnóstico, necessitam de sensibilidade para conhecer a realidade do paciente, ouvir suas queixas e encontrar, junto com ele, estratégias que facilitem sua adaptação ao estilo de vida influenciado pela doença.
Voltando ao filme, por fim, a cena da morte de John vem logo após a conclusão da montagem da miniatura de uma catedral e de ter assistido a uma peça musical no teatro, quando fora homenageado pela Senhora Kendal e ovacionado pelos presentes, após um último agradecimento que fez ao seu médico amigo, Dr. Treves. Ao final, mostra a empatia que Merrick sentiu com a imagem de uma criança no leito, dormindo como uma pessoa normal, em um quadro na parede do quarto. Uma eventual decisão de Merrik de dormir como uma pessoa normal pode ter sido a causa de sua morte.
O filme é uma parábola, já que é apenas baseado em fatos reais e não mostra com total exatidão a ocorrência dos fatos, sobre o preconceito social diante do estranho e da doença vista como uma aberração, anomalia, anormalidade. Segundo Meneghel (2008), o diferente que gera espanto e repulsa, por parte tanto de pobres quanto de ricos, em busca de atrações bizarras. Um filme sobre os processos de exclusão baseados na diferença, na doença como estigma. O Homem Elefante é uma exploração sobre as fronteiras entre normal/anormal e a forma como a diferença é tratada. Focaliza o voyeurismo, que se mantém nos tempos atuais, cada vez mais cultivados nos freak shows midiáticos explorados até a náusea pelos meios de comunicação social. Alerta para a necessidade de se problematizar, por um lado, a diferença enquanto traço integrante dos seres humanos, e, por outro, a ética dos atores e instituições sociais para tratar com esta diferença.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, I. A.; SILVA, M. J. P. Cuidado humanizado de enfermagem: o agir com respeito em hospital universitário. Rev. Bras. Enferm. v.60, n.5, p546-551, 2007.
COSTA, F. D.; AZEVEDO, R. C. S. Empatia, relação médico-paciente e formação em medicina: um olhar qualitativo. Rev. bras. educ. med. 2010, vol.34, n.2, pp. 261-269.
JEAMMET; P.; REYNAUD, M.; CONSOLI, S. Psicologia Médica. 2 ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2000.
MENEGHEL, A. N. O Homem Elefante: reflexões sobre saúde, doença e anormalidade. Interface (Botucatu). v.12, n.25, p.427-432, 2008.
PEREIRA, M. das G. A.; AZEVEDO, E. S. A relação médico-paciente em Rio Branco/AC sob a ótica dos pacientes. Rev. Assoc. Med. Bras., v.51, n.3, p. 153-157, 2005.
PETERSON, A. A.; CARVALHO, E. C. Comunicação terapêutica na enfermagem: dificuldades para o cuidar de idosos com câncer. Rev. Bras. Enferm. v.64, n.4, p.692-697, 2011.
SARDANO, E. J. Reflexões em torno do filme “O homem Elefante”. Revista Bioethikos. v.5, n.2, p.201-211, 2011.
SILVA, L. M. G.; et al. Comunicação não-verbal: reflexões acerca da linguagem corporal. Rev. Latino-Am. Enfermagem. v.8, n.4, p.52-58, 2000.
SOAR FILHO, E.J. A interação médico-cliente. Rev. Assoc. Med. Bras. v.44, n.1, p.35-42, 1998.
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