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Leitura e escrita como práticas sociais

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123 
 
 
Revista Lugares de Educação, Bananeiras, v. 1, n. 1, p. 123-132, jan.-jun. 2011 ISSN 2237-1451 
Disponível em <http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rle> 
 
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: ALFABETIZAR LETRANDO 
 
João Fábio Davi Xavier1 
 
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo abordar a perspectiva de alfabetizar letrando, os 
alunos da Educação de Jovens e Adultos. Considerando que há varias práticas de letramento em 
nossa sociedade e que estas práticas não estão ausentes da vida das pessoas, faz-se necessário 
utilizá-las em favor do crescimento intelectual dos indivíduos. Nessa modalidade de ensino, EJA – 
Educação de Jovens e Adultos, o ensino e a aprendizagem precisam fazer sentido na vida dos 
sujeitos envolvidos, por isso, deslocar as práticas de ensino e de aprendizagem da leitura e da escrita 
das ações que realizam no seu cotidiano, dificulta o processo de socialização do saber construído na 
sala de aula. Deste modo, almejando contribuir para um trabalho mais eficaz de alfabetização, a 
perspectiva de alfabetizar letrando, ensinar a ler e a escrever utilizando-se de práticas sociais, 
apresenta-se como uma porta para um fazer didático crítico e reflexivo. Esse contexto foi discutido a 
partir das abordagens de autores como KLEIMAN, (2005), PEREIRA, (2005), SOARES (2006) E 
TFOUNI, (2004) que ofereceram bases valiosas para a fundamentação teórica deste documento. A 
metodologia aqui aplicada deste estudo utilizou uma pesquisa bibliográfica que nos auxiliou na 
análise das informações levantadas neste artigo 
 
Palavras-chave: Letramento. Educação. Alfabetização. EJA. 
 
ABSTRACT: This article aims to address the prospect of literate lyrics, the students of Youth and 
Adults. Whereas there are many literacy practices in our society and that these practices are not 
absent from the lives of people, it is necessary to use them in favor of the intellectual growth of 
individuals. In this mode of education, adult education - Youth and Adults, teaching and learning must 
make sense in the lives of those involved, therefore, shift the practices of teaching and learning of 
reading and writing of the actions they perform in their daily life complicates the process of 
socialization of knowledge built into the classroom. Thus, aiming to contribute to a more effective job 
of literacy, the prospect of teaching letters, teaching reading and writing using social practices, 
presented as a door to make a critical and reflective teaching. This context was discussed from the 
approaches of authors such as KLEIMAN, (2005), PEREIRA, (2005), Soares (2006) E Tfouni (2004), 
who offered valuable foundation for the theoretical foundation of this document. 
 
Keywords: Literacy, Education, Literacy. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A educação formal, adquirida através da escola, da sistematização do 
ensino, é essencial à preparação de todo ser humano, no entanto, o conhecimento 
circula nos mais diferentes espaços nos quais os sujeitos interagem. 
 
1 Pós-Graduado do Curso de Especialização em Língua e Linguística UEPB/CH. 
E-mail: jfabio.davi@bol.com.br 
 
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Revista Lugares de Educação, Bananeiras, v. 1, n. 1, p. 123-132, jan.-jun. 2011 ISSN 2237-1451 
Disponível em <http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rle> 
 
A alfabetização é um processo longo, não se executa de uma hora para 
outra e também não se encerra em determinado ciclo da vida escolar. Pode 
percorrer alguns ou longos anos da vida de um sujeito. 
Considerando que a alfabetizar não é só o ato de ensinar aos estudantes a 
leitura e a escrita, mas também e, principalmente, a inserção do sujeito neste 
processo, é pertinente destacar o letramento e suas práticas, que mesmo mantendo 
com a alfabetização, relações diferentes, em si tratando de significados, precisam 
manter-se paralelos, no intuito de promover um ensino de qualidade, no âmbito da 
apropriação dos processos de leitura e escrita alfabética. 
Este trabalho se constitui da perspectiva de que alfabetizar letrando os 
alunos da educação de Jovens e Adultos, trazendo as contribuições do letramento 
para este processo, visto que não se alfabetiza sem letrar e que o letramento é um 
fator essencial na emancipação dos sujeitos. 
Daí a necessidade de entrelaçar estas perspectivas com a finalidade de 
utilizar a leitura e a escrita na sala de aula com mais significados. 
É uma constatação que o sujeito aprende em diferentes fases da sua vida, 
mas a educação de Jovens e Adultos requer determinados direcionamentos, os 
quais se curvam para as práticas e eventos de letramento, nos quais os homens e 
mulheres que convivem em comunidades letradas estão em permanente contato. 
É, pois, o letramento, em seus eventos e práticas, também responsável pela 
alfabetização, inclusive na educação de Jovens e Adultos, na qual os alunos já 
chegam à escola dotados de seus valores e saberes. 
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com vistas a discutir a perspectiva de 
alfabetizar letrando os alunos da educação de jovens e adultos. Aborda inicialmente 
o histórico da EJA, discute alfabetização, letramento e apresenta as considerações 
finais, com o que foi possível concluir a respeito do tema abordado. 
 
2 O HISTÓRICO DA EJA 
 
A história da Educação de Jovens e Adultos se assemelha à história da 
alfabetização de jovens e adultos no Brasil. Teve início na década de 1980 
através de campanhas contra o analfabetismo, pois naquela época, o mesmo 
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representava uns dos grandes problemas sociais do país. Referente ao processo 
de alfabetização, a EJA tem passado para várias modificações, como afirma 
Pereira (2005, p.22): 
 
Na busca de fazer uma alfabetização de adultos que leve, 
efetivamente, ao domínio da linguagem escrita e não só de 
tecnologias e buscando inserir, de modo mais completo, o jovem 
o adulto no mundo da escrita, as experiências tomam 
consistências diferentes e vão construindo novos paradigmas. 
 
 Com isto, percebe-se que o primordial é a inclusão social do jovem ou 
do adulto na sociedade letrada em geral e não colocá-los como indivíduos 
isolados no processo educativo. 
Em meados da década de 1980, surge o letramento que vem nos mostrar 
uma nova concepção de prática da oralidade e da escrita. Existem várias 
discussões em torno do letramento e neste texto buscamos uma proposta que 
enfatize a EJA. A este respeito nos diz Pereira (2005, p.24): 
 
Sendo assim, de acordo com esse modelo, deve-se falar não em 
letramento, mas em letramentos, porque, dadas as condições 
políticas, sociais, culturais, econômicas e pessoais diferenciadas 
de aquisição e de uso da língua escrita, o estado ou condição das 
pessoas também será diferente. 
 
As reflexões sobre letramento, como podemos observar, vão além de um 
mero processo de aprendizagem, dando perspectivas de o indivíduo rever sua 
forma de estar no mundo como educando e cidadão. 
Acreditamos que, no cerne da problematização em relação ao letramento 
e a educação de jovens e adultos, está a falta de vivência dos professores no 
quotidiano dos educandos. Ressaltando que esta prática requer muitas 
discussões e estudos. Assim nos afirma Pereira (2005, p.25.): 
 
No que diz respeito ao professor, essas condições tem haver com 
sua formação, com a percepção de si mesmo e de seu papel na 
escola, com sua interação em relação ao conhecimento,aos 
alunos, ao espaço da sala de aula etc. 
 
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O papel do educador é de fundamental importância para se alcançar os 
objetivos do letramento, pois o mesmo é motivador da comunidade estudantil. 
Nossa problemática a ser estudada será a perspectiva de alfabetizar letrando 
para alcançar melhores resultados com a leitura e a escrita na EJA. Entretanto, 
sabemos que o processo contínuo leva um bom tempo para se conseguir os 
resultados esperados. 
Atualmente, com o advento da informática, percebemos a motivação da 
leitura através da internet, sendo que ainda apenas uma parcela da população 
tem acesso a esse recurso. Assim, diante dos fatos expostos, vários 
questionamentos surgem no contexto destas discussões. 
O tema por nós retratado, alfabetizar letrando os alunos da Educação de 
Jovens e Adultos, requisita uma série de indagações, tais como: Como vem 
sendo trabalhado o processo de escolarização dos jovens e adultos nas 
iniciativas de alfabetização e/ou letramento? Que enfoque teórico predomina no 
seio das experiências de EJA, na atualidade? Qual o conhecimento que os 
educadores de EJA têm da prática do letramento no processo de educação? Qual 
o alcance da proposta do letramento nas experiências de EJA? Todas essas 
indagações servem para nós educadores, que trabalhamos com a EJA, fazermos 
uma reflexão sobre as nossas praticas de Letramento. 
 
3 DISCUTINDO ALFABETIZAÇÃO 
 
A definição do termo Letramento requisita uma compreensão que vai 
além do aprender a ler e a escrever, pois este processo é longo e precisa ser 
aprofundado. A alfabetização e o letramento têm o seu papel na formação de 
cidadãos. Essas práticas são mais usadas na Educação de Jovens e Adultos 
que, se valem de métodos de ensino que valorizam o que o aluno já sabe e o 
contexto no qual vai utilizar o seu aprendizado. 
Porém, podemos perceber que a problemática do analfabetismo 
representa uma dívida social com os menos favorecidos em relação a 
investimentos no sistema educacional. Todavia, não pode existir justiça social se 
não há políticas públicas referentes reparadoras, nas quais pessoas que foram 
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excluídas do ensino tenham o direito constitucional de aprender a ler, escrever, a 
contar, bem como ter consciência dos seus direitos e deveres. 
A Educação de Jovens e Adultos tem contribuído muito com o processo 
de alfabetização e letramento no país. Para este público, a escola não realizou 
sua função social ou foi negada por diversos motivos: a necessidade de trabalho 
para manter o sustento da família, a falta de escolas no campo, migração 
forçada, entre outros. O estudo abre portas para novas oportunidades, mesmo 
mediante a um mercado competitivo e exigente. A EJA foi e está sendo uma 
oportunidade para muitos, porém é preciso repensar novas metodologias. 
Pensando nestes fatos, podemos analisar que há muito a se fazer no 
campo da EJA. O aprender nunca é limitado e está em constante evolução. 
Assim, entre os fatores decisivos para a criação de uma nação justa, humana e 
igualitária, que desejamos criar, encontra-se a capacitação do povo para o uso da 
informação escrita. E na EJA, esse trabalho deve ser bem difundido entre os 
educandos. Acreditar que através da leitura e da escrita podemos ter uma 
sociedade menos desigual no âmbito social e cultural. 
Competir com os avanços tecnológicos em uma sociedade cada vez mais 
consumista, com hábitos de leitura e escrita frágeis, nos faz reconhecer a 
necessidade de uma ação educativa eficaz. Nesse mundo globalizado, o 
conhecimento é a maior riqueza que uma sociedade pode ter. É importante 
descobrir as causas e buscar soluções que possam reverter o processo em que 
se encontra essa problemática. 
Quando nos referimos à questão da alfabetização, trazemos a mente 
elementos que requisitam uma discussão mais aprofundada com vistas a 
distinção entre alfabetização e letramento. Para muitos estudiosos por alfabetizar 
entende-se o aprender a ler e a escrever. Emitir opinião sobre esse assunto na 
atualidade é um pouco complexo, pois o conceito de alfabetização vem passando 
por várias modificações. 
Nos primórdios os conceitos de alfabetização ocupavam-se com a 
aquisição da língua (oral e escrita), sem um aprofundamento e uma reflexão 
sobre o contexto de vida no qual o indivíduo estava inserido. Assim nos afirma 
Soares: “Sem dúvida não há como fugir, em se tratando de um processo 
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complexo como a alfabetização, de uma multiplicidade de perspectivas, 
resultantes de diferentes áreas do conhecimento” [...] (SOARES, 2003, p.14). 
Quando as pessoas são bem alfabetizadas tudo tende a progredir em 
todos os aspectos de sua vida, uma vez que terá domínio crítico da leitura e da 
escrita. Podemos constatar que o fenômeno do alfabetismo acontece em várias 
perspectivas: histórica, antropológica, sociológica, sócio-lingüística, psicológica, 
discursiva, textual, entre outras. 
Precisamos dar ênfase á importância da leitura em todas as idades. 
Países desenvolvidos são aqueles que priorizam a educação como meio de 
vencer as desigualdades sociais. Todos têm direito ao saber, pois o mesmo 
transforma os indivíduos. Tudo isso é possível através da formação do leitor que 
requer um período de tempo, o hábito continuo da leitura. Há pessoas que 
aprenderam a ler através de revistas em quadrinhos e logo depois veio o gosto 
pela leitura. Precisamos ter consciência de que esse processo tem duas pessoas 
primordiais que são os pais e professores. 
Mesmo com o advento da internet, as crianças e jovens não sabem o 
quanto é prazeroso ler, até na tela do computador. Estamos na era do 
conhecimento e não há outra forma de adquiri-lo a não ser através da leitura. 
Pois o mercado de trabalho necessita de profissionais qualificados com um bom 
nível intelectual. Com isso percebemos que é preciso ter uma consciência 
coletiva com relação à importância do ato de ler. 
O letramento não acontece apenas na alfabetização do indivíduo, mas 
sim em contínuo trabalho; deforma que toda sociedade possa ganhar de forma 
justa e igualitária. 
 
 
4 O QUE É LETRAMENTO? 
 
Letramento é um vocábulo novo, que surgiu da necessidade de se 
nomear um novo fato social. A palavra tem sua origem do inglês: literacy, que 
significa em linhas gerais, “o estado ou condição que assume aquele que 
aprende a ler e a escrever” (SOARES, 2006, p.17). No fim do século XIX, na Grã-
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Bretanha, com o fenômeno da “Revolução Industrial” e ampliação do direito ao 
voto, surge o termo literacy pelo fato de representar mudanças históricas das 
práticas sociais. Daí pode-se constatar que houve e está ocorrendo mudanças no 
processo de alfabetização e do letramento. Esse novo estado que grupos e 
indivíduos passam a ter quando se apropriam da língua escrita que é o 
denominamosde letramento. 
Assim, Soares evidencia que Letramento é, pois, o resultado da ação de 
ensinar ou de aprender a ler e a escrever: “o estado ou condição que adquire um 
grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita. 
(SOARES, 2006, p.18).” 
Dessa forma entende-se que letramento é uma prática pela qual o 
indivíduo, através da leitura e da escrita, se integra à sociedade. Quantas 
pessoas, conhecemos que sabem escrever o seu nome, mas não conseguem 
encontrar uma palavra num dicionário? Sabem identificar o nome do ônibus, 
porém não podem escrever uma carta a um parente ou achar informações numa 
tabela? Atualmente não basta apenas a ler e escrever. 
Nossa sociedade, por muito tempo, considerou suficiente que o indivíduo, 
para ser considerado alfabetizado, codificasse e decodificasse os códigos 
escritos. Mas hoje sabemos que, a condição de alfabetizado é mais que apenas 
não saber ler e escrever, é fazer uso destes conhecimentos em situações reais 
de uso. 
Sabemos que não pode haver desenvolvimento tecnológico, econômico 
ou cultural, por parte da sociedade, se não priorizarmos o processo de aquisição 
do saber. O analfabetismo compromete o crescimento eqüitativo de um país. 
Entretanto, apenas a aquisição da leitura e da escrita não garante o 
desenvolvimento social. 
Indivíduos alfabetizados, mas que não participam da sociedade letrada, 
são considerados analfabetos funcionais, pessoas a quem foi informada a 
tecnologia da leitura e da escrita, mas que não desenvolveram a capacidade de 
usar a leitura e a escrita na prática social, como ferramenta que os insere na 
sociedade como cidadãos plenos de direito. Outro fato nos chama a atenção: 
muitas pessoas analfabetas podem ser letradas. 
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Segundo Soares: 
 
[...] Um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado social e 
economicamente, mas se vive em um meio em que a leitura e a 
escrita têm presença forte, se interessa em ouvir a leitura de 
jornais, feita por um alfabetizado, se recebe cartas. que outros 
leem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado as escreva 
(...) se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações afixados 
em algum lugar, esse analfabeto é, de certa forma, letrado, 
porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais de 
leitura e de escrita. Da mesma forma, a criança que ainda não se 
alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los, brinca de escrever, 
ouve histórias que lhe são lidas, está rodeada de material escrito 
e percebe seu uso e função, essa criança é ainda „analfabeta‟ (...) 
mas já penetrou no mundo do letramento, já é, de certa forma, 
letrada (SOARES, 2006, p.24). 
 
E podemos nos perguntar: por que os indivíduos não alfabetizados 
apresentam níveis de letramento, apesar de serem excluídos numa sociedade 
onde a leitura e a escrita estão profundamente arraigadas? A este respeito, 
Tfouni nos ensina que: 
 
[...] a explicação (...) não está em ser, ou não alfabetizado, 
enquanto indivíduo. Está sim, em ser, ou não, letrada a sociedade 
nas quais esses indivíduos vivem. Mais que isso: está na 
sofistificação das comunicações, dos modos de produção, das 
demandas cognitivas pelas quais passa uma sociedade como um 
todo quando se torna letrada, e que irão inevitavelmente 
influenciar aqueles que nela vivem alfabetizados ou não. 
(TFOUNI, 2004, p.27). 
 
A pessoa letrada já não é mais a mesma, que era quando analfabeta, ela 
passa a ter outra condição social e cultural – não se trata propriamente de mudar 
de nível ou de classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo 
de viver na sociedade, sua inserção na cultura – sua relação com os outros, com 
o contexto, com os bens culturais tornar-se diferente (SOARES, 2006, p.46). 
A prática de leitura e da escrita é um meio pelo qual o indivíduo adquire 
conhecimento, pois o saber é poder na era do conhecimento e da informação. E o 
letramento tem esse papel transformador na sociedade. 
Afirma-nos MATENCIO (2005 p.46-47): 
 
Visto que numa dada cultura há diferentes letramentos 
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associados aos variados domínios da vida, bem como diversidade 
nos modos como os sujeitos tomam parte eventos e situações 
nesses períodos, parece-nos adequado e relevante examinar de 
que forma esses sujeitos, situados em contextos específicos, 
membros de determinadas comunidades, atuam em eventos 
mediados pela escrita. 
 
Acreditamos que as práticas sociais contribuem na inclusão social das 
pessoas e o processo de letramento tem demonstrado isso. Pois é contínuo e 
não tem fim, aprende-se sempre. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As contribuições das práticas e eventos de letramento nos quais estão 
inseridos os estudantes que fazem parte da educação de Jovens e Adultos são 
significativas para o seu processo de alfabetização. 
Sabemos que um indivíduo não aprende só na escola e nem só com o 
seu professor, muito menos só o que o professor ensina, pois estamos inseridos 
em contextos diferentes que envolvem conhecimento e o prender se faz presente 
e necessário a cada segundo da vida, seja para fazer uma compra ou para tomar 
um remédio requisitado pelo médico. 
Os saberes e fazeres dos professores e os universos nos quais estão 
inseridos, bem como o meio no qual o aluno está inserido também contribuem 
com suas práticas e eventos de letramento que chegam até a escola e de forma 
bem significativa fortalecem o alfabetizar e o letrar dos alunos. 
Diante disso, foi importante discutir sobre o letramento, a educação de 
jovens e adultos e perceber o quanto estão intricados os processos de 
alfabetização e letramento para a apropriação do sistema de escrita alfabética 
pelos alunos da EJA. 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
KLEIMAN, A, B. In: MATENCIO, M, L, P. (Orgs) Letramento e formação do 
professor: práticas discursivas, representações e construção do saber. Campinas, 
SP: Mercado de letras, 2005. (Coleção Idéias sobre linguagem). 
PERREIRA, M. L. C. A construção do letramento na educação de jovens e 
adultos. 1. ed., 1 reimpr. Belo Horizonte: Autêntica/FHC –FUMEC, 2005. 
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. 11. reimpr. Belo 
Horizonte: Autêntica, 2006. 
____. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2003. 
TFOUNI, L. V. Letramento e alfabetização. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2004 
(Coleção Questões de Nossa Época, v. 47). 
 
 
 
 
 
 
 Recebido em maio de 2011. 
 Aprovado em junho de 2011.

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