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Síntese alfabetização e letramento

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Baixado por Carol Amaral (anacaasoares@gmail.com)
Baixado por Carol Amaral (anacaasoares@gmail.com)
CENTRO UNIVERSITARIO ANHANGUERA PITAGORAS
AMPLI
Ana Carolina do Amaral Soares 
 São José dos campos,2023
 
 RELATORIO DE SINTESE
Práticas Pedagógicas em Pedagogia: Práticas de Alfabetização e Letramento
 RELATORIO APRESENTADO A
CENTRO 
UNIVERSITARIO ANHANGUERA AMPLI, COM REQUISITO PARCIAL PARA O APROVEITAMENTO DA DISCIPLINA DE RELATORIO DE SINTESE DA MATERIA PRATICAS PEDAGOGICAS EM PEDAGOGIA: PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO.
 
 Sumario 
INTRODUÇÃO........................................................................1 
Leitura e Letramento na Alfabetização..................................2
Textos que se sabe de memória na alfabetização..........................9
PERGUNTAS TEXTOS QUE SE SABE DE MEMÓRIA NA ALFABETIZAÇÃO....
.....................................................................................................11
Considerações acerca da situação-problema...............................13
Alfabetizando jovens e adultos.......................................................19
RESOLUÇÃO.................................................................................................21
Práticas Pedagógicas em Pedagogia: Práticas de Alfabetização e Letramento
Unidade 01
 Situação problema
Leitura e Letramento na Alfabetização 
O trabalho com leitura durante a alfabetização oferece múltiplas possibilidades de abordagem e se define segundo os propósitos didáticos estabelecidos pelo professor, baseados nas competências a serem alcançadas pelos alunos, no conhecimento que tem do grupo e nos pressupostos teóricos que dispõe.
Entender a leitura como uma prática social que requer conhecimentos específicos por parte dos alunos e que tais conhecimentos precisam ser construídos e ampliados também na escola, torna o planejamento do professor uma tarefa complexa. A situação-problema que apresentaremos a seguir faz a aproximação necessária entre os desafios encontrados pelos professores e os conhecimentos teóricos disponíveis e essenciais. Em uma sala de 2º ano do Ensino Fundamental, com aproximadamente 30 alunos, um professor decide pensar mais criteriosamente sobre o acervo da sala, que será a base de seu trabalho naquele ano. Ele precisa organizar uma lista de livros para colocar na biblioteca de classe. Ele fez um levantamento dos conhecimentos prévios sobre leitura e já conhece algumas características da turma. 
Sabe que a maioria se interessa por ouvir histórias e leituras de notícias do jornal local. Cinco alunos conseguem ler textos simples e curtos, como títulos de livros, manchetes de jornais e revistas, adivinhas e poemas. Os demais gostam de folhear livros com imagens e comentá-las. De modo geral, preferem histórias de livros ilustrados. Cinco alunos não demonstraram muito interesse pelas atividades de leituras das quais participaram, ficando muitas vezes, dispersos. 
Decidido a envolver todo o grupo, heterogêneo como é, o professor pensou em usar os diferentes gêneros textuais, assim os alunos poderiam descobrir suas preferências e ainda ampliar o seu repertório. Mas quais livros usar? Quais os gêneros mais adequados? Será que deve considerar somente os gêneros ou existem outros critérios? Quais? Aprender a ler é o mesmo que decodificar o texto? Que aspectos da leitura se pode enfatizar? A leitura feita pelo professor entra neste trabalho?
Muitas dúvidas foram surgindo à medida que planejava as atividades de leitura com as crianças. O professor precisa tomar algumas decisões e planejar suas ações para utilizar os recursos e explorar ao máximo as situações que irá propor em sala de aula, compreendendo tanto os objetivos do trabalho com leitura como também os pressupostos teóricos em que se baseia. É importante ter claro não só o que se pretende, mas também as razões que orientam suas escolhas. 
Sua tarefa é proceder como se fosse esse professor: solucione esse problema prático, definindo as etapas do trabalho e os propósitos de cada uma delas.
A alfabetização é tornar o indivíduo capaz de ler e escrever, é o processo pelo qual a pessoa adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja, domínio de técnicas pra exercer a arte e a ciência da escrita, e também o desenvolvimento de novas formas de compreensão e interpretação e uso da linguagem de uma maneira geral.
O surgimento do termo literacy (cujo significado é o mesmo de alfabetismo), nessa época, representou, certamente, uma mudança histórica nas práticas sociais: novas demandas sociais pelo uso da leitura e da escrita exigiram uma nova palavra para designá-las. Ou seja: uma nova realidade social trouxe a necessidade de uma nova palavra (SOARES, 2011, p. 29,).
Na verdade, estar alfabetizado é poder ir além do código escrito, é apropriar-se da função social constituinte dos atos de ler e escrever é fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, ser capaz de ler um livro, uma revista, um jornal, estar apto a escrever com total compreensão, ou seja, saber o que está lendo e escrevendo sem somente juntar as silabas, é poder no mundo da cultura conseguir acessar informações e delas se utilizar com senso crítico.
O conceito de alfabetização para Paulo freire tem um significado mais abrangente na medida em que vai além do domínio do código escrito, ele tinha uma visão mais ampla desse conceito, enquanto prática discursiva que possibilita uma leitura crítica da realidade. Ele defendia a ideia de que o ser humano aprende a ler o mundo bem antes de aprender a ler e escrever defendia que a leitura do mundo precede a leitura da palavra fundamentando se na antropologia: o ser humano, muito antes de inventar códigos linguísticos, já lia o seu mundo. 
Enfim, ser alfabetizado não é só ser capaz de juntar letras para formar sílabas, juntar sílabas para formar palavras e palavras para formar frases e frases para formar textos, e sim saber o que está lendo e escrevendo ter noção de concordância saber se o que está escrevendo tem coerência dizer que um sujeito é alfabetizado não é tão simples como parece.
“Progredir alfabetização adentro não é uma jornada tranquila. Encontram-se muitos altos e baixos nesse caminho, cujos significados precisam ser compreendidos. Como qualquer outro conhecimento no domínio cognitivo, é uma aventura excitante, repleta de incertezas, com muitos momentos críticos, nos quais é difícil manter ansiedade sob controle.”( FERREIRO, 2001)
Na maioria das vezes as crianças são alfabetizadas na escola, mas a escola vai além do alfabetizar a escola tem como objetivo formar pessoas leitoras competentes e dar sentido ao ato de ler e escrever formar sujeitos amantes dos livros cidadãos alfabetizados e letrados.
A alfabetização é um processo que não termina, pois no decorrer de nossas vidas estaremos 
sempre em constante aprendizagem, seja na questão intelectual na escrita ou na fala estar aprendendo é estar se alfabetizando.
Tem-se tentado, ultimamente, atribuir um significado demasiado abrangente a alfabetização, considerando-a um processo permanente, que se estenderia por toda vida, que não se esgotaria na aprendizagem da leitura e da escrita. É verdade que, de certa forma, a aprendizagem da língua materna, quer escrita, quer oral, é um processo permanente, nunca interrompido. (SOARES, 2012 pág. 15)
Alfabetizar não é apenas ensinar códigos de língua escrita não deve de maneira alguma ser um processo mecânico hoje não basta apenas saber ler e escrever, mas que se saiba fazer uso da leitura e da escrita.
Pode se concluir da discussão processo de alfabetização a respeito do conceito de alfabetização, que essa não é uma habilidade, é um conjunto de habilidades, o que a caracteriza como um fenômeno de natureza complexa, multifacetado. Essa complexidade e multiplicidadede facetas explicam por que o processo de alfabetização tem sido estudado por diferentes profissionais, que privilegiam ora estas ora aquelas habilidades, segundo a área do conhecimento a que pertencem. (SOARES, 2012 pg.18)
Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa “literacy” que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado até porque alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; letrado é aquele que sabe ler e escrever, interpretar, mas, que responde adequadamente às demandas da sociedade voltada ao uso adequado da leitura e da escrita. Alfabetizar letrando é ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, assim o educando deve ser não apenas alfabetizado, mas também letrado. A linguagem é um fenômeno social, estruturada de forma ativa e grupal do ponto de vista cultural e social de cada um. A palavra letramento é utilizada no processo de inserção numa cultura letrada. 
Alguns estudos sobre alfabetização e letramento vêm, contribuindo para a reflexão sobre novas possibilidades de ação pedagógica com a linguagem verbal, na perspectiva de repensarem-se metodologias de trabalho que favoreçam a construção crítica e a formação de sujeitos letrados.
O letramento surge sempre envolvido no conceito de alfabetização, o que tem levado, a uma interpretação errônea desses dois procedimentos, sendo que o conceito de letramento prevalece sobre o de alfabetização, porém não se podem separar os dois processos, pois a princípio o estudo do aluno no universo da língua escrita se dá justamente por meio desses dois processos: a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita , o letramento.
Na escola a criança deve interagir de maneira firme e constante com o caráter social da escrita e ler e escrever textos significativos e que os levem a buscar mais, devem ouvir histórias que gostam para estimular e sua capacidade de interpretar e a sua imaginação. A alfabetização se ocupa da aquisição da escrita pelo indivíduo, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade.
A criança deve ver a escrita como momento natural de seu desenvolvimento e não como treinamento imposto de fora para dentro: "o que se deve fazer é ensinar às crianças a linguagem escrita, e não apenas a escrita das letras" (vigotsky,2007) 
A alfabetização deve seguir lado a lado com o letramento apesar de serem dois processos de significados diferentes deve ter como início da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes de caráter prático em relação ao aprendizado; entendendo que a alfabetização e letramento, devem ter tratamento metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada .
Letramento é informar-se através da leitura, não apenas do que está escrita, mas quando por exemplo, uma pessoa identifica uma placa de pare, ou um sinal de proibido fumar, ou um sinal indicando silêncio, mesmo não sendo alfabetizada, isso é letramento. Estar letrado é buscar notícias e lazer nos jornais, é interagir selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as histórias em quadrinhos, caça palavras, seguir receita de bolo, a lista de compras etc.
Ser letrado é ler histórias com o livro nas mãos, é emocionar-se com as histórias lidas, e fazer, dos personagens, os melhores amigos. Letramento é descobrir o mundo através da leitura e da escrita é ler e compreender não apenas decodificar textos é estar vivendo no mundo do conhecimento constante é estar dentro da história quando você lê um texto, um conto, ou uma história e consegue capturar a sua essência aí você passa a fazer parte dela e isso é mágico.
Segundo FREIRE:
“A narração, de que o educador é sujeito, conduz os educandos a memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em "vasilhas”, em recipientes a serem enchidos pelo educador.” (FREIRE, 1987. Pág.57)
O processo de letramento está associado ao papel que a linguagem escrita exerce na sociedade. Assim, o processo de letramento não se dá somente na escola. Os espaços que frequentamos, os objetos e livros a que temos acesso, as pessoas com quem convivemos, também são agências e agentes de letramento tudo que nos rodeia e nos passa informação de uma maneira ou de outra é um veículo de letramento.
O letramento consiste em possibilitar o contato aos diversos gêneros literários levando a compreender os que eles trazem. Por isso são de foco principal nesse estudo a leitura de textos e histórias infantis e sua contribuição como recurso Pedagógico no processo ensino-aprendizagem.
Nossa primeira tipologia escolhida foi o conto com o título de “A bela Adormecida” da obra Contos Grimm publicado em 1812. Este conto pode ser trabalhado no letramento de crianças a partir dos 4anos. Neste conto temos a oportunidade de despertar a criatividade, imaginação. Por se tratar de texto que agrada o leitor da faixa etária é possível desenvolver o hábito pela leitura.
Com o conto ainda é possível desenvolver habilidades sociais, enriquecer e ampliar o vocabulário e desenvolver o raciocínio lógico e rápido.
Fábula é uma das mais antigas formas de contar história que ainda prende a atenção dos pequeninos, por isso nosso segundo gênero escolhido. O autor Esopo utiliza diversos bichos como personagens em suas fábulas. Esse modelo de narrativa como objetivo de leitura para crianças é recomendado, principalmente pela natureza alegórica de seu discurso e pela possibilidade de discussão sobre a moral, levando o leitor a questioná-la e relacioná-la com o mundo real.
Terceira escolha a lenda como por exemplo, A lenda do Saci é uma das mais conhecidas pela popularização com Monteiro Lobato no Sitio do Pica Pau Amarelo. A lenda é uma narrativa de cunho popular que é transmitida principalmente de forma social de geração para geração. Elas são frutos da imaginação das pessoas que as criam. Ela tem a função de divertir, ensinar e fixar os costumes e crenças de determinada região.
A utilização do texto para a alfabetização em sala de aula é algo muito importante, onde o professor deve criar estratégias para ensinar de acordo com as características individuais de seus alunos, isso envolve leitura, produção de textos promovendo a alfabetização e também o letramento.
Por muito tempo o espaço do texto ficou relegado ao trabalho com análise linguística, o ensino tradicional tomava como unidade de estudo a estrutura da oração e do período. Só a partir década de oitenta, opondo-se a essa maneira de ensino da língua portuguesa, começam a despontar propostas de trabalho diferentes que tomam o texto como unidade de estudo essencial e com o reflexo das contribuições da Linguística Textual, da Teoria dos gêneros, da Sociolinguística, da Análise do Discurso, passou-se a ver o texto como unidade básica da interação verbal.
A Educação Infantil é uma etapa fundamental do desenvolvimento escolar das crianças. Nessa fase, as crianças recebem informações sobre a escrita, quando brincam com os sons das palavras, reconhecendo semelhanças e diferenças entre os termos, manuseiam todo tipo de material escrito, como revistas, gibis, livrinhos, etc., momento em que o professor lê textos ou histórias para os alunos e/ou escreve os textos que os alunos produzem oralmente. Essa familiaridade com o mundo dos textos proporciona maior interação na sociedade letrada.
As práticas pedagógicas de língua materna tem sido alvo de uma constante preocupação pois, os alunos enfrentam muitas dificuldades no que diz respeito ao desenvolvimento da proficiência em leitura e compreensão de textos. No entanto, não se pode esquecer que é função da escola formar alunos com capacidade de fazer uso da linguagem como instrumento de aprendizagem, utilizando informaçõesque os textos contêm, bem como conhecer e analisar criticamente a utilização da linguagem como um transporte de valores e classe, credo, gênero ou etnia. Em sala de aula o professor deve utilizar vários gêneros e não apenas ficar centrado nos livros didáticos, utilizar várias maneiras para melhor ensinar abrir um leque de possibilidades e maneiras diferentes de passar conhecimento.
Tais informações nos mostram e reafirmam que é muito importante se explorar a diversidade de gêneros em sala de aula, está bem concretizada em muitas das práticas dos professores, no entanto, sabemos que não é a presença dessa pluralidade de gêneros que vai gerar a produção de alguma diferença maior, mas sim a uso adequado dos textos e seus gêneros em função de uma busca significativa em uma melhor aquisição da linguagem e da escrita pelos alunos.
Quanto ao aspecto alfabetização, além alfabetizar a escola também tem como função formar cidadãos alfabetizados e letrados, pois se os alfabetizadores não trabalharem esses aspectos só irá continuar a formar pessoas incapazes de assumir sua cidadania de forma plena e pra isso é preciso se forme cidadãos não apenas alfabetizados, mas também letrados. Logo, não só o professor de Língua Portuguesa, mas o corpo docente como um todo deve ser responsável pela trajetória de sucessos e de insucessos que acompanha a formação do alunado.
Assim sendo , se pudermos compreender o texto como uma a unidade básica da linguagem verbal, é de nosso dever utilizá-lo como veículo mediador em nossas aulas e torná-lo cada vez mais presente na escola e na vida dos nossos alunos trazendo para dentro do contexto educacional a diversidade de gêneros textuais disponíveis em toda a sociedade, até porque saber ler e escrever não é suficiente para vivenciar de maneira plena a cultura escrita, para ler diferentes gêneros textuais e responder as demandas da sociedade em que se vive atualmente. Detectar os principais aspectos que as leituras auxiliam no aprendizado da criança da Educação Infantil.
Proporcionar um conhecimento mais histórias infantis não é apenas divertimento nem uma forma de entreter as crianças, mas sim aprendizagem conhecimento e a formação de novos leitores.
Contribuir, através desse estudo possibilitando uma troca de teoria e prática, apontar alternativas metodológicas como a leitura pode contribuir no processo de ensino-aprendizagem da criança inserida na Educação Infantil sobre o assunto, esclarecendo que a leitura de histórias infantis não é apenas divertimento nem uma forma de entreter as crianças, mas sim aprendizagem conhecimento e
a formação de novos leitores.
Contribuir, através desse estudo possibilitando uma troca de teoria e prática, apontar alternativas metodológicas como a leitura pode contribuir no processo de ensino-aprendizagem da criança inserida na Educação Infantil. 
1) Que aspectos da leitura se pode enfatizar?
A escola deve proporcionar aos alunos conhecimentos que os tornem capazes de vivenciar, em outros espaços e situações, diversas práticas sociais de leitura. Para isso, o professor deve trazer à sala de aula as práticas de leitura relevantes para a efetiva participação cidadã. Com esse objetivo, o professor da situação-problema deseja apresentar diferentes gêneros textuais adequados às possibilidades e à sua faixa etária da turma. Os livros escolhidos deverão apresentar desafios que sejam possíveis aos alunos e que favoreçam a construção dos conhecimentos. O professor deve trabalhar de forma explícita as capacidades requeridas para a leitura das obras selecionadas, possibilitando aos alunos constituí-las ou ampliá-las.
2) A leitura feita pelo professor entra neste trabalho?
Para responder esta pergunta teremos que estabelecer relações, pois não a encontraremos explicitamente no texto. O professor, como cidadão, vivência e explora diferentes práticas sociais de leitura e, por meio das leituras que fizer para a turma, poderá expor comportamentos e estratégias usadas durante o processo. A leitura feita pelo professor será, para os alunos, uma grande fonte de informações. Segundo a intenção do professor, exposta na situação-problema, ele poderá ler diferentes gêneros textuais, ampliando o conhecimento dos alunos sobre os comportamentos leitores que apresentar, sobre as características do gênero, sobre suas preferências literárias, entre outros.
3) Aprender a ler é o mesmo que decodificar o texto? 
Diante de tudo o que foi estudado, sabemos que não. Aprender a ler implica muito mais do que a decodificação. Durante a leitura, o sujeito não apenas relaciona símbolos escritos a unidades de som, mas também constrói significados e sentidos dos textos escritos. Assim, aprender a ler não é somente aprender a decodificar e descobrir palavras nos textos, mas é também aprender a construir os seus possíveis sentidos lidos por meio da negociação de significados, do conjunto de referências semânticas constituídos pelos sujeitos na interação com os textos, com base em seus sentidos pessoais e suas experiências.
4) Quais livros usar? Quais os gêneros mais adequados? Será que devemos considerar somente os gêneros ou existem outros critérios? Quais?
Podemos afirmar que outros critérios podem colaborar para tais respostas, por exemplo, algumas características do grupo já observadas pelo professor são bastante relevantes: os alunos se interessam por ouvir histórias e 
leituras de notícias do jornal; cinco alunos que conseguem ler textos simples e curtos, como títulos de livros, manchetes de jornais e revistas, adivinhas e poemas; gostam de folhear livros com imagens; preferem histórias de livros ilustrados e outros cinco alunos não demonstram interesse pelas atividades de leituras.
Diante do exposto podem ser usados livros e outros portadores textuais que atendam aos interesses dos alunos e aos propósitos do professor: livros ilustrados de diversos gêneros; diferentes textos de jornais, como notícias, tirinhas, entrevistas, manchetes, etc.; livros de poemas (variando o tema para tentar conquistar diferentes crianças); livros de adivinhas; histórias em quadrinho (por serem ilustradas e possuírem textos curtos e em caixa alta); outros livros e textos ainda não apresentados pelo professor como livros informativos sobre variados temas agradem o grupo e que talvez atraiam aqueles que ainda não se interessaram por leitura. 
Em todas essas escolhas, é fundamental que o professor preserve a fonte original dos textos, pois elas carregam informações de contexto que são essenciais às inferências dos leitores. 
Ao observar e conhecer melhor o grupo de aluno, o professor encontra elementos que orientam suas escolhas e possibilita que ele avance para os demais aspectos que o trabalho de leitura exige. Por meio da leitura de contos ilustrados, por exemplo, o professor poderá trabalhar com a turma diversos comportamentos leitores. Da mesma forma que ao ler poemas poderá focar em estratégias que favorecem a reflexão sobre o sistema de escrita.
 Und 02
Textos que se sabe de memória na alfabetização
Situação problema;
O processo de alfabetização e letramento é marcado por muitos desafios. Os alunos envolvidos mobilizam conhecimentos, fazem relações entre o que lhes é apresentado e tudo aquilo que já sabem, levantam hipóteses, arriscam-se em tentativas e aproximações para compreender o sistema alfabético. Conhecem e fazem uso de práticas sociais de escrita e leitura, mesmo não sendo escritores e leitores convencionais. Assim, se tornam cada vez mais competentes no uso da língua. 
Os professores também são mobilizados por variados desafios: precisam planejar situações que ajudem seus alunos e que eles atinjam os objetivos pedagógicos, possibilidades e condições de trabalho em sala de aula. Portanto, além de amplo conhecimento acerca do objeto de estudo, os professores precisam conhecer muito bem seus alunos, compreender o que sabem, o que precisam aprender e como aprendem.
A situação-problema que apresentamos a seguir contribui para você enfrentar questões cotidianas na sala de aula de professores do 1ºano, como: que tipo de textos ajudam mais as crianças no início da alfabetização? 
Conheça, a seguir, o desafio desta unidade.
Em uma sala de aula de 1º ano, o professor deseja trabalhar com textos da tradição oral na alfabetização. Porém, tem dúvidas sobre como proceder para selecionar os textos: quais são mais adequados? Que tipo de apoio eles oferecem? Que propostas podem ser desenvolvidas com base nesses textos? 
Seu desafio é ajudar esse professor planejando uma atividade baseada em um texto que pode ser conhecido de memória.
 Minha resolução
Começo com uma atividade para desenvolver com os alunos em sala de aula. 
1ª Ação: Sítio do Sr. Juca
· Disponha os alunos em círculo ou em “u” e apresente esta ou outra ilustração semelhante, em slide ou cartaz.
· Apresente o sítio do Sr. Juca e pergunte se conhecem e o que costuma ter em um sítio. Deixe que relatem suas vivências.
· Solicite que criem, com o colega do lado, uma historinha envolvendo o ambiente do sítio do Sr. Juca. Se apresentarem dificuldade, faça perguntas como:
· Tem animais? Quais? Quantos?
· Existem plantas e frutas?
· Como o Sr. Juca cuida de seu sítio?
· O que o Sr. Juca pode fazer com as frutas que sobram?
· Deixe que falem aos demais colegas, sobre o que imaginaram.
Propósito: Mobilizar conhecimentos para a elaboração de problema considerando uma frase apresentada.
Discuta com a turma:
· Qual informação foi apresentada inicialmente?
· O que você consegue fazer com a informação apresentada?
· De acordo com a frase ou situação dada, você é capaz de pensar em uma pergunta?
· A pergunta que você pensou está relacionada com a frase apresentada?
· O que você precisa saber ou fazer para responder a essa pergunta?
· Quais são os dados necessários para responder a essa pergunta?
· Esses dados são coerentes com a frase apresentada?
· Esses dados são coerentes com a pergunta criada por você?
· É possível chegar a uma solução para o problema que você criou?
Materiais complementares:
Textos com figuras que ajudem os alunos.
 1)Quais são mais adequados? 
· Abecedário de Bichos
· Lá vem história
· Cada bicho seu capricho
2)Que tipo de apoio eles oferecem? 
· O Abecedário dos bichos brasileiros é uma obra de Geraldo Valério, publicada pela Martins Fontes, que combina o alfabeto com os animais da fauna brasileira. As belíssimas ilustrações são do biólogo Humberto Conso. Júnior. Do mesmo autor e com uma proposta similar, há também o Abecedário das aves brasileiras.
· Lá vem história, de Heloisa Pietro, também publicado pela Companhia das Letrinhas, é uma coletânea de contos que traz clássicos como O Negrinho do Pastoreio e Macunaíma e outras histórias fantásticas para o público infantil.
· Que criança nunca sonhou em ser grande? Clara aborda justamente esse desejo dos pequenos de bancar os adultos de uma forma leve e divertida. Os autores são Ilan Brenman e Silvana Rendo, e a publicação é da Brinque Books.
3)Que propostas podem ser desenvolvidas com base nesses textos?
Abecedário de Bichos
O livro possui os poemas de Carlos Rodrigues Brandão estruturados pela ordem alfabética dos títulos, todos os títulos são nomes de animais. Para cada poema, crianças da cidade de Pirapora, no Norte de Minas Gerais, fizeram um desenho, que ilustra o livro de forma diferenciada. A prosa poética também invade o livro no começo e no final, quando o autor explica a proposta e convida a se divertir com o livro. Ao final ainda há espaço para a criança desenhar e atividades pedagógicas.
Recomendado para leitores iniciantes (início da alfabetização).
Lá vem história
Aprender pela escuta, pegando carona na voz de alguém que é conduzido por olhos atentos às páginas de um livro. Ler para as crianças não é só um exercício que desperta o encantamento, mas um diálogo que auxilia o desenvolvimento da linguagem na primeira infância e o estabelecimento de vínculos afetivos.
O artigo “Aprender a partir da leitura em voz alta dos adultos”, publicado pelas pesquisadoras Ana Teberosky e Angelica Sepúlveda, da Universidade de Barcelona, na Espanha, confirma a riqueza de aprendizados gerados a partir da leitura de histórias, seja para a formação do corpo, do pensamento ou das emoções entre zero e seis anos. Essas informações são trazidas pelo nosso parceiro Laboratório de Educação, no post do dia 11 de fevereiro.
Ampliando a “leitura”
Segundo a pesquisa, ao escutar e se relacionar com as palavras do outro, que ganham vida por meio de livros, poemas, notícias, canções e outros textos, as crianças são capazes de ampliar o conhecimento em relação à linguagem oral e escrita, construindo significados a sua própria maneira.
“É um processo que alimenta as potencialidades desse princípio da vida e que estimula uma concepção ampliada de “leitura”
No estudo, a leitura do adulto pode ser entendida também como a leitura da própria criança, tanto no sentido da substituição da ação, quanto no sentido metafórico. “O sentido vicário acontece quando a criança participa da leitura por meio do outro que lê, ao escutar, apontar, olhar, nomear, perguntar e comentar aquilo que é lido”, afirma.
Por outro lado, o sentido metafórico “deriva de um ‘como se’: como se lesse as leituras que são compartilhas, quando participa dela”, pois ela compreende o que está sendo dito. A leitura dos adultos, sejam eles pais, mães, cuidadores ou professores, prepara a aprendizagem infantil para o desenvolvimento da linguagem, uma espécie de primeiro passo da formação de leitores autônomos e com melhor desempenho escolar.
O trabalho realizado por Ana Teberosky e Angelica Sepúlveda buscou analisar a prática da leitura em voz alta para as crianças, seus benefícios, explorando a escolha dos livros e maneiras de ler. As autoras defendem que essa escuta leva a construção de um vocabulário mais rico e ao desenvolvimento de uma linguagem mais complexa e elaborada pelos pequenos.
Para os bebês, por exemplo, pode ser uma boa oportunidade de interação com uma linguagem diferente da cotidiana apresentada pelos adultos, o que favorece a ampliação do repertório de palavras conhecidas. Aos poucos, os pequenos leitores vão identificando o livro, enquanto um objeto que possui palavras, ordem e estrutura narrativa que compõe uma história.
Como ler histórias para crianças?
Ler histórias que estão escritas é diferente de reproduzi-las oralmente. Nosso parceiro Laboratório de Educação explora esse assunto em um conteúdo sobre a importância de escutar a leitura de textos, apontando comportamentos de diferentes idades na primeira infância durante a escuta.
“Cria-se uma relação afetiva quando estamos lendo para as crianças – por exemplo, quando permitimos que se aconcheguem e se aproximem ao compartilhar as emoções da história. Esse tipo de vínculo favorece o desenvolvimento emocional das crianças e suas relações sociais com os outros”, aponta o post.
Mesmo quando a leitura passa a ser solitária e silenciosa, transformação que geralmente acontece quando as crianças ficam mais velhas e aprendem a ler, o estudo aponta que a verbalização dos textos pelos adultos segue sendo importante durante toda a escolaridade. Isso acontece, pois elas têm a oportunidade de observar um leitor mais experiente e aprender a partir de uma interação de qualidade.
Entrar em contato com situações e sentimentos que aparecem nas histórias pode ser também uma oportunidade de conversar sobre assuntos difíceis como perdas, mortes e medos em geral.
“A leitura em voz alta se compara a uma peça de teatro, onde a audiência participa e entra, imaginativamente, nos espaços fictícios e narrativos da cena”, descreve.
Outro formato possível de ser explorado é a poesia, um convite para interagir com ritmo e musicalidade, contribuindo para a formação do imaginário, do jogo simbólico e da criatividade. As lunetas reuniram 15 livros de poemas infantis para presentear as crianças com poesia.
Possibilidades criadas pela literatura
A literatura infantil é um assunto bastante explorado por aqui. Uma das reflexões trazidas ao Lunetas pela professora e crítica literária CristianeTavares, é que os livros destinados ao público infantil não se resumem a funções utilitárias. Ou seja, embora sejam muitas vezes transformados em objeto de consumo ou reduzidos a uma utilidade específica, como, por exemplo, à exploração do conteúdo escolar, os livros podem ser fonte de fantasia.
“É estranhamento, provocação para os sentidos, encontro de vozes plurais”
Seja com foco nos benefícios gerados às crianças ou simplesmente pelo puro prazer da ação, a leitura em voz alta pode ser, no fundo, uma ferramenta, mas também um território aberto de possibilidades. O que as autoras da pesquisa indicam é que essas experiências sejam naturais e tenham diversidade, criando oportunidades variadas de contato com as produções textuais, e que possam iniciar de um jeitinho que não parece algo obrigatório a se fazer ou seja desagradável para as crianças.
Considerações acerca da situação-problema Und 03 
A alfabetização e letramento são processos sobre os quais sempre me instiguei a entender como e de que maneira acontecem na escola, principalmente na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Entender esses dois processos é indispensável para que, o trabalho na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental sejam significativos para os sujeitos que nela atuam.
Nesse contexto, a alfabetização é entendida como uma técnica que tem como objetivo ensinar a ler e escrever de maneira coerente, já o letramento se trata da habilidade de fazer o uso da leitura e escrita não só na escola, mas em outros espaços sociais. Assim, alfabetizar e letrar são interdependentes. Então quando bem articulados ao planejamento de um educador, podem trazer benefícios, ou seja, uma aprendizagem mais significativa e eficaz na vida dessas crianças.
O principal objetivo desta monografia é ressaltar a função da Educação Infantil, e entender como o letramento pode ser executado nesta etapa, e de que maneira isso se evidencia. Para isso, a pesquisa empírica buscou entender como a alfabetização e letramento são trabalhados em duas escolas públicas dos municípios de Toparei e Porto Mauá. Foram entrevistadas três educadoras da Educação Infantil, duas destas lecionando em uma mesma instituição e uma em outra instituição, ambas públicas. Também foram entrevistados três pais de crianças que frequentam a Educação Infantil. Os nomes utilizados ao longo do texto são fictícios para preservar a identidade dos pesquisados.
No primeiro capítulo, trago a alfabetização e letramento em outra perspectiva, a de leitura de mundo. Alfabetizar e letrar é sim aprender a ler e escrever de maneira coerente, mas também, é a compreensão do mundo, a sociedade, o tempo e o espaço, sendo interpretados, de modo que compreendam a realidade pois, nessa perspectiva a leitura e a escrita ainda não são executadas sistematicamente. Nesse sentido, a alfabetização e letramento são processos que podem estar presentes no cotidiano da maioria dos seres humanos, e são necessários para que possam inserir-se na realidade e entender, compreender o mundo, a sociedade no qual se encontra.
No segundo capítulo, ressalto a etapa da Educação Infantil e suas especificidades, destacando o que de fato acredito, pautado nas obras de pesquisadores da infância, que seja ideal estar presente no cotidiano das crianças que frequentam esse ambiente. Então evidencio a possibilidade de elaboração de um currículo que tenha com base os princípios éticos, políticos e estéticos que garantem experiências e vivências de modo que se desenvolvam. Então, por meio currículo elaborado pelos educadores das escolas pesquisadas, é que se pode organizar um planejamento que atinja as metas e objetivos estabelecidos no Projeto Político Pedagógico. Para a organização deste, proponho que sejam elencados os campos de experiência conforme a Base Nacional Curricular Comum apresenta.
A Educação Infantil precisa levar em conta que, esta é uma fase em que as crianças estão em desenvolvimento, e por isso precisa proporcionar vivências significativas. São essas vivências que se dão de maneira lúdica, por meio do brincar, do descobrir o mundo e a si mesmo que fazem parte do dia a dia nesta etapa. É por meio desse ambiente curioso que sugiro que esta etapa seja um ambiente que evidencia o letramento de maneira que os instigue ao mundo letrado. A educação Infantil não tem como foco a alfabetização, mas sim proporcionar o letramento e o contato com mundo da leitura.
Ressaltando-o, no terceiro capítulo, que a alfabetização se inicie nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Destaca-se a perspectiva de alfabetizar letrando, em um ambiente alfabetizador que interligue com o planejamento do educador. Proponho que a sala do primeiro ano seja um ambiente lúdico e que ofereça materiais que instiguem as crianças a aprender a ler e escrever. Alfabetizar letrando é mais do que ensinar ler e escrever, mas acima de tudo é perceber o uso da leitura e da escrita no contexto social, como uma prática que faz parte da realidade social de cada sujeito.
A razão da escolha do tema alfabetização e letramento se dá devido a percepção, durante minha trajetória como educadora, de crianças atuando na Educação Infantil com habilidades avançadas na leitura e escrita. Será mesmo que está habilidade precisa ser desenvolvida antes de ingressar nos Anos Iniciais? O que de fato pode ser evidenciado na Educação Infantil? alfabetização ou letramento? No decorrer do texto, o leitor entenderá como e de que maneira ressalto que estes processos podem ser evidenciados na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Quando pensamos em alfabetização e letramento, logo ponderamos que este processo se inicia ao ingressar nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ou até mesmo na Educação Infantil. Entretanto, ressalto que alfabetizar e letrar são práticas que precisam ser executadas em seu tempo, em meio ao desenvolvimento de cada sujeito.
Ao tratar de alfabetização e letramento como um processo contínuo, que vai se constituindo conforme nós desenvolvemos, saliento o estímulo da oralidade desde cedo para que impulsione este processo. A oralidade é uma produção cultural que se desenvolve conforme a língua que um sujeito traz consigo, diante da cultura em que vive, por isso se desenvolve por meio da interação coletiva com outros sujeitos.
A todo momento os sujeitos estão em constante contato com a oralidade, então, desde que o bebê se encontra no ventre de sua mãe por exemplo está sendo estimulado pelos adultos a iniciar o processo de aquisição da oralidade, que se inicia por meio de conversas, cantigas e histórias. Através desses estímulos, começam a perceber que as coisas, os objetos e as necessidades básicas possuem uma denominação, e
consequentemente surgem as primeiras tentativas de expressar sua necessidade por meio da fala.
Esse vínculo afetivo desde muito cedo é, como uma base para que, ao nascer, crescer e ingressar na Educação Infantil os sujeitos já estejam provocados e instigados ao processo de alfabetização e letramento. É por meio desse processo que se inicia, antes mesmo de nascerem, que a oralidade vai se constituindo, contribuindo para o processo de alfabetização e letramento numa perspectiva de leitura de mundo.
Conforme este sujeito cresce, vai percebendo que tudo ao seu redor tem um significado e aos poucos inicia um processo de leitura de mundo, interpretando e conhecendo o espaço em que está inserido. Isso significa que mesmo sem saber que um determinado objeto pode ser lido e tem uma grafia, entende e interpreta que o mesmo tem sua função. Como exemplo disso, pode se pensar em uma criança que necessita para dormir uma chupeta e, toda noite antes de deitar-se encontra este objeto para usá-lo. Esta criança mesmo sem saber que a chupeta possui uma grafia, interpreta e entende que objeto é este, e que é necessário para que possa dormir.
Além disso, o ambiente em que está inserido apresenta representações de variados lugares com que se depara cotidianamente, ou seja, toda representação de uma loja por exemplo, comroupas e manequins na vitrine mesmo que não saiba sua denominação, interpreta que este local representado é uma loja de roupas. Ferreiro afirma:
Muito antes de serem capazes de ler, no sentido convencional do termo, as crianças tentam interpretar os diversos textos que encontram ao seu redor (livros, embalagens, comerciais, cartazes de rua), títulos (anúncios de televisão, histórias em quadrinhos, etc...) (1996, p.65).
Logo que se inserem no espaço em que vivem, vão percebendo que as representações estão presentes por todos os lados, bem como que necessitam se apropriar, entender o modo como as pessoas se comunicam, mesmo que ainda não saibam ler e escrever no sentido convencional. Assim, a alfabetização e letramento “passa a ser entendida como um longo processo que começa bem antes do ano escolar em que se espera que a criança seja alfabetizada e consiga ler e escrever pequenos textos” (BRANDÃO; ROSA, 2010 p.20).
A alfabetização e letramento se inicia antes de os sujeitos ingressarem na escola, pois inseridos na sociedade em que vivem tem de interpretar as representações que seu cotidiano oferece, os livros, folders, anúncios entre outras e localizar-se no espaço social. A Educadora Carla afirma (pré de 5a):
Acredito que a alfabetização e o letramento é um processo que começa muito antes da entrada da criança na escola, então, o aluno que ingressa na pré-escola já vem com um conhecimento de mundo bastante amplo, tendo curiosidades e desejos e o professor deve estimular e aprimorar, a fim de que encontre sentido para estar na escola.
Não se trata da alfabetização e letramento somente como o ato de ler e escrever, este processo é muito mais amplo que este simples ato, ele envolve tudo ao nosso meio, ao nosso redor, então, o nosso cotidiano gira em torno da alfabetização e letramento, é aprender a linguagem do mundo. Assim, ler o mundo é um estudo do ser humano no decorrer de seu desenvolvimento na sociedade para que possa compreender o espaço, as coisas, os objetos, e executar tarefas simples de seu dia a dia. A leitura e escrita são atividades de linguagem que pertencem ao cotidiano de todo ser humano, portanto, importante mediador para inserir-se na realidade.
Entretanto, se tratando do processo de alfabetização e letramento na perspectiva de leitura e escrita, esse processo apresenta um conceito mais definido do que é alfabetizar e letrar. A alfabetização é a capacidade que um sujeito desenvolve de ler e escrever de maneira coerente, reconhecendo os fonemas e grafemas apresentados em um determinado texto. Alfabetizar, é oferecer condições para que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas neste sujeito com a aptidão de executá-las.
Em conformidade com Rangel, “a alfabetização em seu sentido próprio, específico, envolve o processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita. Neste caso, alfabetizar significa adquirir a habilidade de codificar a língua oral em língua escrita (escrever) e de decodificar a língua escrita em língua oral (ler)” (2008, p.9). Já o processo de letramento está relacionado com a prática da leitura e da escrita no contexto social.
Alfabetização e letramento embora tenham suas especificidades, caminham juntas no processo de leitura e escrita, e nesse sentido, ser letrado é fazer o uso da leitura e escrita, é ler e escrever, mas acima de tudo saber interpretar esta ação. Então o letramento interligado com a alfabetização traz uma proposta pedagógica de alfabetizar letrando nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, envolvendo práticas de leitura e escrita, o que discutirei mais adiante.
Portanto, a alfabetização e letramento começa bem antes que as crianças saibam ler e escrever formalmente, uma vez que se trata de um processo que se faz presente antes mesmo da criança vir ao mundo e se integrar na sociedade. Ele pode estar presente no cotidiano de todos os seres humanos e conforme se desenvolvem percebem que saber ler e escrever é uma necessidade para que possam interpretar o mundo a sua volta.
A alfabetização e letramento são processos que estão em construção a todo momento na vida de uma criança ou adulto, isso porque a prática da leitura e escrita torna-os cada vez mais aptos a esse exercício. Entretanto, um sujeito alfabetizado nem sempre é um sujeito letrado, isso porque o ato de alfabetizar é a habilidade de ler e escrever de maneira coerente, já o letramento está relacionado com a prática da leitura e escrita conforme seu contexto social. Acontece que nem sempre o hábito de ler e escrever é incentivado pela escola/educadores e então formam-se sujeitos apenas alfabetizados, mas não se constituem como sujeitos que praticam o letramento.
Nessa perspectiva que destaco o processo de alfabetizar letrando nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, evolvendo mais do que aprender a ler e escrever, mas executar esses processos como uma prática social, em seu dia a dia, sendo o letramento nesse sentido o “resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita” (SOARES, 2003, p.39).
Um sujeito letrado compreende a importância dessa prática em seu meio social e tem domínio sob a leitura e
escrita, ou seja, é um sujeito que utiliza a leitura e escrita como uma prática social. Para que os educandos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental compreendam a leitura e a escrita em seu contexto social, destaco a possibilidade da escola, os educadores, os pais, a sociedade em geral fazerem parte da aquisição desse processo.
Primeiramente ressalto que a sala do primeiro ano precisa ser um ambiente alfabetizador, organizado com diversas atividades que os próprios alunos desenvolvem, além de livros infantis, jornais, revistas, folders, cartazes, textos e histórias diversificadas. Ferreiro afirma:
Em cada classe de alfabetização deve haver um “canto ou área de leitura” onde se encontrem não só livros bem editados e ilustrados, como qualquer tipo de material que contenha a escrita (jornais, revistas, dicionário, folhetos, embalagens e rótulos comerciais, receitas, embalagens de medicamentos etc.)Quanto mais variado esse material, mais adequado para realizar diversas atividades de exploração, classificação, busca de semelhanças e diferenças e para que o professor, ao lê-los em voz alta, de informações sobre “o que se pode esperar de um texto” em função da categorização do objeto que veicula. Insisto: a variedade de materiais não é só recomendável (melhor dizendo, indispensável) no meio rural, mas em qualquer lugar onde se realize uma ação alfabetizadora (1993, p.33).
Ressalto também, que o ambiente do primeiro ano pode oferecer ludicidade, brinquedos, jogos de modo que a aprendizagem seja significativa. A criança do primeiro ano depara-se com inúmeras grafias, letras, palavras e se a alfabetização for proporcionada de maneira lúdica os instigará a aprender de maneira que a leitura e escrita seja algo prazeroso para ela. Paula, educadora (pré de 4a) diz: “O lúdico é muito importante como estratégia de trabalho para o desenvolvimento de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais na formação da criança.”
A escola é o principal ambiente que alfabetiza as crianças, é quem ensina de fato a habilidade de ler e escrever, entretanto é na sociedade que alfabetização se concretiza. Por isso, é importante que as crianças percebam que o ato de ler e escrever não é para a escola, mas sim para que cada sujeito possa inserir-se na realidade, como uma garantia de existência na sociedade em que vivem. Daí a importância de o educador mostrar que a alfabetização se encontra nos rádios, na TV, nos jornais, nas revistas, nas ruas, no local onde vivem, e possibilitar que outras pessoas falem sobre sua profissão ou contam uma história, então a alfabetização é extraclasse, não ocorre somente no espaço escolar, ela engloba todo contexto em que estes sujeitos estão inseridos.
Instigados pela curiosidade em aprender a ler e escrever não só no contexto na escola, mas sim englobando todo local que vivem, o educador pode utilizar desta disposição das crianças e utilizara favor do processo de alfabetização e letramento. Isso significa que o educador precisa levar em conta a cultura, o conhecimento e o
tempo que cada sujeito leva para compreender esses processos.
O planejamento do educador precisa estar interligado com o ambiente no qual ele alfabetiza, este que pode ir se modificando conforme os avanços das crianças. É muito importante que o planejamento seja organizado conforme os interesses e necessidades das crianças de modo que tenha como centralidade o lúdico, despertando gosto e interesse pela prática da leitura e escrita de modo que compreendam o uso de ambas em diversos contextos do cotidiano. Para Carla, educadora (pré de 5a): “fundamental que no processo de alfabetização, as crianças saibam as funções sociais e as finalidades da leitura e escrita. Só compreendendo e praticando que a alfabetização terá sentido”.
Assim, dá-se a possibilidade de alfabetizar letrando, propondo atividades que envolvam as práticas sociais das crianças além do contexto escolar, envolvendo a realidade que cada sujeito vive. Alfabetizar letrando é mais do que ensinar a ler e escrever, é fazer o uso dessa prática no dia a dia e buscar alternativas para ampliar a leitura e a escrita. As crianças aprendem a ler e escrever por meio do que vivem, conforme a cultura em que está inserido, com quem e como interage com outros sujeitos e é por meio dessa interação que a leitura e a escrita vão avançando.
Ler e escrever não são apenas habilidades estabelecidas em torno da decodificação; muito mais do que isso, saber ler e escrever significa apropriar-se das diversas competências relacionadas à cultura orientada pela palavra escrita, para dessa forma atuar nessa cultura e, por decorrência, na sociedade como um todo
(SCHOLZE; RÖSING, 2007, p.9).
Portanto, alfabetização e letramento andam juntas no processo de aquisição da leitura e escrita, partindo do pressuposto que alfabetizar letrando é trazer pra dentro da sala de aula a prática da leitura e escrita, conforme a realidade de cada sujeito. “Os processos de alfabetização e letramento escolares envolvem, fundamentalmente, a apropriação e o uso competente da leitura e da escrita de textos variados, com significado e relevância social” (SCHOLZE; RÖSING, 2007, p.38). Assim, a prática da leitura e escrita é buscada pela criança conforme o interesse e a forma como lhe trará algum significado social, e é por meio desse interesse que a alfabetização vai se constituindo e sendo ampliada no decorrer de seu processo de alfabetização e letramento.
Und 04
Situação-problema
Alfabetizando jovens e adultos
A alfabetização de jovens e adultos está marcada historicamente por muitos insucessos. Precisamos considerar que não só os educadores têm consciência dessa dolorosa trajetória, mas principalmente esses alunos guardam marcas por não terem alcançado as expectativas escolares, muitas vezes responsabilizados por não aprenderem.
Trabalhar com esse público exige do professor alfabetizador um olhar cuidadoso e diferenciado. A ele cabe a tarefa de apresentar a esses alunos uma proposta que considere e valorize seus conhecimentos e experiências e que possa ampliar seus saberes. 
Para nos aproximar das questões que envolvem o cotidiano do professor alfabetizador em uma turma de jovens e adultos, propomos a seguinte situação-problema. 
A professora Janaína trabalhou alguns anos com a alfabetização de crianças e sempre gostou muito dos desafios que essa experiência traz. Acompanhar e promover as aprendizagens das crianças, que aos poucos conseguiam ler e escrever, construindo seus conhecimentos e ganhando cada vez mais possibilidades para participar de práticas sociais de letramento, realmente foi muito importante em sua trajetória profissional.
Em razão dessa experiência, a professora foi convidada a alfabetizar um grupo de jovens e adultos. Assim que o conheceu, percebeu que as propostas que desenvolvia com as crianças não poderiam ser simplesmente transpostas ao novo grupo.
Muitas questões foram surgindo e mobilizando-a a pensar nas diferenças entre alfabetizar crianças e alfabetizar jovens e adultos: 
· O que diferencia o trabalho com esses dois públicos? 
· Que aspectos teórico-metodológicos da sua ação com as crianças podem colaborar na alfabetização de jovens e adultos? 
· Quais outros aspectos específicos precisam ser levados em consideração? 
· Seu desafio é responder essas questões escrevendo uma proposta de trabalho para o primeiro ano da turma de alfabetização de jovens e adultos.
· A proposta deve ter de uma a duas páginas e pode ser apresentada em forma de texto, projeto didático pré-formatado ou sequência didática. Além de apresentar as ideias e ações, é necessário explicitar seus propósitos e justificar suas escolhas.
· Saiba o que é preciso para a resolução desta situação-problema.
· Reconhecer as peculiaridades da alfabetização de jovens e de adultos e o que se deve considerar no trabalho a ser proposto.
· Compreender os aspectos teórico-metodológicos da ação docente na prática de alfabetização de jovens e adultos, tais como: 
· De que modo assegurar o letramento nas práticas alfabetizadoras, ou seja, que práticas sociais de leitura e de escrita podem ser exploradas?
· Como propor a leitura para os adultos, que livros e outros textos podem ser trabalhados com os alunos?
· Como formar agrupamentos ou duplas de trabalho mais produtivas e colaborativas na aprendizagem?
· É muito importante relembrar os estudos realizados nas unidades anteriores. Assim como o professor que se depara com o novo grupo e apoia-se no conhecimento que dispõe por meio do trabalho que desenvolveu de alfabetização de crianças, você poderá fazer uso das reflexões anteriores para apoiar-se na busca de novas respostas.
 Resolução 
Em sentido estrito, alfabetização é o ensino e a aprendizagem do sistema alfabético de escrita. Assim, indivíduos alfabetizados – crianças, jovens ou adultos – deverão ser capazes de codificar e decodificar esse sistema, por meio da escrita e da leitura. O que difere a alfabetização de jovens e adultos da alfabetização de crianças é especialmente o público a quem se destina essa aprendizagem. Os processos cognitivos se assemelham, parcialmente, mas também guardam grandes diferenças. As semelhanças estão no processo ativo do aprendiz, através de construção e reconstrução de hipóteses sobre a escrita – de acordo com estudos da psicogênese da aquisição da língua escrita.
Entretanto, a alfabetização de jovens e adultos foi, durante muitos anos, concebida e desenvolvida igualmente ao que se propunha na alfabetização de crianças. As didáticas, metodologias e até mesmo as cartilhas direcionadas a esse público não se diferenciavam daquelas dirigidas às crianças. A infantilização de textos e atividades era – e, em muitos casos, ainda persiste – repassada a jovens e adultos, sem levar em conta seus conhecimentos e ciclos de vida, suas experiências e expectativas, seus desejos e suas necessidades em relação ao aprender a ler e a escrever. A alfabetização de jovens e adultos também apresenta exigências especiais na formação daqueles que vão atuar junto a esse público. Professores alfabetizadores precisam ter conhecimentos sobre peculiaridades dos interesses de jovens e adultos, muito diferentes dos das crianças; ao mesmo tempo, precisam reconhecer que eles manifestam diferenças, entre si, nas expectativas e demandas no que diz respeito ao aprendizado.
Na década de 60 do século XX, o educador Paulo Freire marcou bem a especificidade do campo da alfabetização de jovens e adultos, ao apresentar uma proposta conscientizadora que levasse em conta não só a aquisição do sistema de escrita, mas também a cultura da comunidade e a visão crítica do mundo. Atualmente, os programas direcionados a esse campo agregam ao pensamento pedagógico freiriano a compreensão mais ampla de processos de letramento e, portanto, a concepção de que a alfabetização não se reduz às habilidades de decodificação e codificação do sistema de escrita. É essencial, portanto, que o alfabetizandocompreenda e vivencie as funções reais da escrita em nossa sociedade, para que seu aprendizado sirva como instrumento de luta na conquista da cidadania. Assim, pressupostos teóricos e metodológicos de propostas curriculares ou métodos de alfabetização de jovens e adultos devem garantir o acesso à alfabetização associado aos usos e às funções sociais da língua escrita, para que os jovens e adultos alfabetizados de hoje não se tornem os analfabetos funcionais de amanhã.
 E ao analisarmos um pouco a história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil, podemos observar que existem mudanças significativas e essenciais referentes a esta modalidade educacional no Brasil, principalmente na legislação e na metodologia utilizada no processo ensino-aprendizagem. Tais mudanças se mostram necessárias para que possamos democratizar cada vez mais a educação, principalmente a de adultos.
Pudemos observar, que a não mais infantilização dos métodos de alfabetização de adultos, vem aumentando cada vez mais a procura de adultos a esta modalidade, enriquecendo o processo de ensino-aprendizagem, nos ajudando a responder quem são os educandos e seus educadores.
O que se pode observar no Brasil é que, a todo o tempo surgem no processo educacional novas campanhas de alfabetização, com a finalidade de envolver a sociedade na responsabilidade pela educação de adultos. Identificamos então que a partir deste pressuposto, a educação de adultos não acontece somente no ambiente oficial, o ambiente escolar, mas sim em várias esferas educacionais como ONG’s e sistemas privados, a fim de diminuir cada vez mais, o déficit educacional pertinente aos adultos.
As mudanças ocorridas ao longo dos anos na legislação, por exemplo, nos mostram um avanço considerável no objetivo implantado a educação de adultos. O dever de formar cidadãos para o mercado de trabalho, por exemplo, busca suprir uma necessidade do sistema de capital, ao mesmo modo que supre uma necessidade de este jovem adulto de concluir seus estudos para poder se inserir neste mercado.
A diferença social e cultural que marca a escola e suas relações humanas, pode ser um ambiente propício para a expressão das experiências de vida que cada aluno possui. No caso dos adultos, muitos deles são pessoas que vieram de outros estados, possuindo na sua bagagem cultural conhecimentos do mundo da vida. Por isso cabe ao profissional crítico a tarefa de explorar tais conhecimentos e buscar relações entre eles e aqueles necessários a aprendizagem na escola.
Então, buscamos entender aqui, quem são os jovens e adultos e quem são seus educadores. Com isso então nos aprofundamos na leitura de autores como Paulo Freire, Suzana Schwartz, Moacir Gadotti, José Romão, Álvaro Vieira Pinto, Telma Ferraz Leal, Eliana Borges de Albuquerque e Artur Gomes de Morais e Maria Antônia de Souza.
Queremos aqui contribuir com este trabalho, na reflexão sobre formação e prática voltadas a EJA, respondendo a questões como: O que é a Educação de Jovens e Adultos? Quem são seus alunos e seus professores? O que diz a legislação sobre a EJA? Quais são as perspectivas e reflexões que são necessárias a EJA?
Por fim, entendemos aqui a responsabilidade que este trabalho tem para que haja a discussão e reflexão das políticas educacionais existentes para a EJA, tanto para que se possa repensar um pouco sobre as metodologias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem, complementando pesquisas já existentes sobre o tema.
1. O QUE É A EDUCAÇÃO?
Existem inúmeras definições acadêmicas para a educação e seus conceitos, na qual não iremos dar conta de todas neste trabalho, porém buscaremos entendê-la a partir de duas perspectivas, os significados restritos e amplos. Então definirei estes sentidos a partir de Álvaro Vieira Pinto autor do livro Sete lições sobre a educação de adultos, lançado pela Editora Cortez
Para (PINTO, 2010), A educação é a formação do homem pela sociedade em que está inserida, ou seja, é o processo em que a sociedade integra o indivíduo em seu modo de ser social, buscando sua aceitação para atuar em fins coletivos e não individuais. Nessa perspectiva, “a educação é o processo pelo qual a sociedade forma seus membros à sua imagem e em função de seus interesses” (PINTO, 2010).
Segundo o autor, a educação dita restrita refere-se à educação infantil e juvenil na vida humana, isto segundo a pedagogia clássica. Podemos dizer aqui que pensar desta forma passa a ser um erro, quando é reduzido seu verdadeiro conceito para tal. Este sentido nos leva a entender que a educação é ofertada de forma sistematizada, convencional.
Já a educação “em sentido amplo, (autêntico)” (PINTO, 2010), enxerga a educação do ser humano em sua totalidade, incluindo também a educação de adultos. É o sentido mais verdadeiro da educação que visa, a priori, e concordamos, que a educação ocorre no indivíduo a partir de seu nascimento até o fim da vida. Ou seja, o ser humano vive em um processo contínuo de educação, onde, a transferência de saberes e a construção de conhecimentos jamais terminam. É um processo de formação do homem, um fato histórico
2. EDUCAÇÃO E CULTURA
Falamos no tópico anterior sobre o conceito de educação, concordando com seu sentido que insere a educação de adultos na formação integral do indivíduo. Porém agora vamos abordar um novo viés que está inteiramente integrado a educação, a cultura.
Na sociedade, a educação se apresenta como um meio de reprodução da cultura. “A educação é a transmissão integrada da cultura em todos os seus aspectos, segundo os moldes e pelos meios que a própria cultura existente possibilita.” (PINTO, 2010)
A educação tem a finalidade de transferir a cultura praticada na sociedade. Sendo assim, no ato educativo, são passados os valores sociais, normas e deveres que o indivíduo deve seguir durante toda sua vida social. Entendemos que tais transferências de valor cultural para um indivíduo, tornam-se algo relevante para sua formação, pois será transferida para ele desde seu nascimento, tornando-se integrada a seu caráter desde sua base. Assim, “o método pedagógico é função da cultura existente.” (PINTO, 2010).
Entretanto, é possível afirmar que a escola é um ambiente sociocultural, onde a cultura de sua sociedade é transmitida através da educação. A escola e os educadores têm a função de transmitir o conhecimento através do ato educativo sem desassociar a cultura do conteúdo a ser transferido. Nesse sentido, “o saber é o conjunto dos dados da cultura que se tem tornado socialmente conscientes e que a sociedade é capaz de expressar pela linguagem. ” (PINTO, 2010).
Contudo, é importante ressaltar que a educação se multiplica com sua própria realização. Quanto mais o homem é educado, mas ele sente a necessidade da educação. Como já dissemos, a educação nunca é acabada, quanto mais o temos, mais a queremos. Ela é intencional. Quando o homem se sente inacabado, necessita adquirir novos conhecimentos, então, é através da educação que ele consegue sua autoconsciência, se insere cada vez mais na sua cultura social e adquire novos conhecimentos.
Então a educação insere-se na cultura como totalidade, processo que cria e transmite a cultura social para o
indivíduo, sendo a educação um produto ideológico da sociedade cultural.
3. ALFABETIZAÇÃO E SEUS CONCEITOS
Não podemos aqui falar sobre os conceitos da educação e sua inserção na cultura, sem falar da alfabetização. O ato de alfabetizar se constitui como fator principal na formação do indivíduo como um ser “completo”, liberto da opressão das classes opressoras que regem as regras de toda sociedade. Isso porque, ao estar alfabetizado o sujeito social finda se emancipando socialmente e intelectualmente.
Então, entendemos que o ato de alfabetizar vai além do aprender a codificar e decodificar o sistema de simbologias escritas, pois, a alfabetização está em constante acontecimento na vida do educando. Por isso, é muito importante que o educador não desconsidere o conhecimento prévio de seus alunos para que se chegue a um resultado positivo e relevante em relaçãoao processo de alfabetização de um dado discente.
Mas, neste momento não intencionamos discutir a Educação Libertadora de Paulo Freire, nem desejamos entrar na questão de conhecimentos específicos, como as formas de ensino-aprendizagem de um educador para um educando, porque isto será problematizado mais adiante. O que idealizamos aqui no momento é mostrar os diferentes conceitos que a alfabetização tem para os principais pensadores educacionais.
Para Telma Ferraz Leal, Eliane Borges de Albuquerque e Artur Gomes de Morais (2010, p.15), A alfabetização consiste na ação de alfabetizar, de ensinar crianças, jovens ou adultos a ler e escrever.
Já Suzana Schwartz (2010, p.24), no sentido etimológico, alfabetizar significa “levar a aquisição do alfabeto”, o que deixa o termo reduzido a uma estratégia mecânica, articulada com a habilidade de codificar e decodificar grafemas e fonemas. Ela ainda diz que “o conceito de alfabetização se refere a habilidade de ler e escrever”.
Compreendemos então que o ato de alfabetizar vai muito além do ensinar a ler e escrever, do codificar e decodificar. A alfabetização perpassa a perspectiva do conhecimento físico para o conhecimento intelectual, quero dizer, que vai além do indivíduo ler, escrever. O ato de alfabetizar considera todo o aprendizado adquirido pelo educando indo além das paredes da sala de aula, em busca de um status quo capaz de torná-lo liberto de um sistema educativo falho que não enxerga a sua riqueza intelectual.
Sabemos que o analfabeto funcional, como é chamado os que não sabem ler e escrever, não são analfabetos por completo. Não podemos dizer que por ele não saber decodificar e codificar letras, palavras, sílabas e etc., ele seja um completo analfabeto. Ele pode não ser conhecedor da língua escrita, mas conhece muito bem o significado das coisas que consegue visualizar em sua volta. Daí cabe a escola trabalhar o processo de ensino e aprendizagem com o objetivo de reverter esta situação de não aprendizado da linguagem escrita, seja para crianças, jovens e adultos, integrando-os com os conhecimentos de decodificação e codificação intelectual já existentes. Isso é o que pode ser denominado de Alfabetização Cultural.
Entraremos agora no objeto de estudo deste trabalho acadêmico de conclusão de curso, ou seja, a Educação de Jovens e Adultos, mais conhecida como EJA. Não poderíamos chegar aqui sem antes conceituarmos um pouco a educação, a cultura e a alfabetização, que são três fatores de alta relevância na construção do processo ensino-aprendizagem e do ato educativo em si.
Porém neste próximo tópico vamos discutir um pouco sobre a EJA, seus educandos e seus educadores, currículo, legislação, propostas, práticas e etc. Não podemos aqui então deixar de falar da alfabetização dos jovens e adultos e da concepção desta educação como educação popular e outras modalidades destinadas a
ela.
4. A EJA E SEUS DIFERENTES TERMOS
Muitas vezes a educação de adultos é definida por termos que na maioria das vezes não lhe pertence. “Por isso falamos em educação assistemática, não formal e extraescolar, expressões que valorizam mais o sistêmico, o formal e o escolar.” (GADOTTI, ROMAO, 2011).
O que pretendemos mostrar aqui então é o outro lado dessa educação de adultos que é rica em si mesma. Então vamos começar a entender a definição de alguns termos. Segundo Moacir Gadotti, (2011, p. 36):
Os termos educação de adultos, educação popular, educação não formal e educação comunitária, que não devem ser usadas como sinônimos. Os termos educação de adultos e educação não formal referem-se a mesma área disciplinar teórica e prática da educação.
A UNESCO utiliza do nome Educação de Adultos, para referir-se a uma área especializada da educação, o que é correto em partes, mas não deve ser desassociada da educação global.
Já termo educação não formal que vem sendo utilizado principalmente pelos EUA para referir-se à educação de adultos que se desenvolve nos países de Terceiro Mundo que é geralmente vinculada aos projetos de educação comunitária.
Carlos Rodrigues Brandão (1984, p.181), define a educação em três etapas. São elas:
1ª a Educação de classe: entendida como os processos não formais de reprodução dos diferentes modos das classes populares;
2º a Educação popular: como processo sistemático de participação na formação, fortalecimento e instrumentalização das práticas e dos movimentos populares com o objetivo de apoiar a passagem do saber popular ao saber orgânico (saber da comunidade para o saber de classe na comunidade).
3º a Educação do sistema: educação (oficial) que segue os valores e regras dos polos dominantes da sociedade.
5. O ANALFABETISMO E DO NÃO LETRAMENTO DO ADULTO
Então depois de aqui nos problematizarmos um pouco mais sobre a EJA e suas múltiplas definições, vamos abordar o tema de analfabetismo. Porém, não falaremos aqui sobre o analfabetismo geral, vamos ser mais específicos puxando para o analfabetismo dos adultos.
“O analfabetismo é a expressão da pobreza, consequência inevitável de uma estrutura social injusta.” (GADOTTI, 2011).
Porém, o pior analfabetismo acontece pela omissão, negação do direito de alfabetização na idade certa por parte dos opressores (burgueses, classes abastadas), que fazem o sistema de ensino básico ser precário, ocasionando que esses indivíduos não tenham uma alfabetização adequada.
Atrelado a isto, este indivíduo cresce e por conta da vida adulta, não consegue se alfabetizar da maneira mais correta, pois, tem novas condições mais objetivas como o ter que trabalhar para ter salário, sustento da casa, a própria moradia e etc.
A escola necessita não somente formar sujeitos sociais alfabetizados, mas também letrados. Os professores, seguindo ao legado que Paulo Freire, tem que ser libertadores, sendo capaz de despertar o desejo de alfabetizar e letrar do indivíduo. Mas quem falou que o adulto não é letrado e alfabetizado? Existem inúmeras formas de alfabetizar e letrar os adultos, porém o que afirmamos aqui é a necessidade de uma alfabetização e letramento culto que não pode ser passado para o indivíduo somente através da escola.
“Até hoje, é o desejo de aprender a ler e escrever palavras e textos que circulam em nossa sociedade que leva jovens e adultos analfabetos a irem/retomarem à escola, as salas de aulas de alfabetização. (LEAL, ALBUQUERQUE, MORAIS, 2010, P. 15).
Suzana Schwartz (2010, p.41), diz que o objetivo do trabalho didático-alfabetizador é contribuir para que os sujeitos se tornem usuários autônomos da linguagem.
6. EDUCANDO E SEUS EDUCADORES
Não poderíamos aqui falar tanto das inúmeras formas de educação popular sem pelo menos entendermos as duas principais engrenagens fundamentais para que o ato educativo aconteça. Os educandos e seus educadores.
6.1. EDUCANDOS
Para que possamos falar um pouco sobre os educandos, temos que responder à alguns questionamentos sobre eles. Quem são? Quais as suas perspectivas? O que os levaram a abandonar o ensino regular? Por que a EJA?
Essas são algumas das perguntas principais que precisamos responder para entender os alunos da EJA, porém não são as únicas, sendo os educandos dotados de inúmeros questionamentos sobre seu retorno à escola e a sua aquisição de conhecimentos.
Então agora vamos começar a responder aos questionamentos. Os alunos da EJA, são aqueles que não tiveram a possibilidade de concluir os seus estudos no seu tempo regular. Ele vem agora buscar sua inserção nesta sociedade, que na maioria das vezes é entendida como “falsa erudita”, onde o mercado “capital”, busca cada vez mais pessoas com elevados graus de letramento. Mais quem afirma que esses educandos não são letrados? Ninguém, ou melhor, o mercado. Acreditamos aqui que todo o ser social ele tem seu grau de letramento individual, isto porque, não podemos deixar de considerar o letramento fora da escola. Este indivíduo busca o letramento dentro da escola, mas não deixou de adquirir o seu letramento fora dela.
Esses educandos são os adultos, que um dia receberam uma educação bancária, que não respeitava uma transferênciamútua de conhecimentos, fazendo que conteúdos fossem depositados em cada um. Graças a Paulo Freire, esta concepção foi bastante criticada, principalmente em seu livro Pedagogia do Oprimido, que retrata justamente a opressão que esses estudantes receberam de opressores, que não são os professores, mas todo o sistema educativo. Os educandos da educação popular eram tratados com preconceitos e hoje este preconceito ainda não deixou de existir, mas, acontece em insignificante quantidade, por aqueles que ainda insistem em oprimir quem não merece ser oprimido.
A falsa caridade, da qual decorre a mão estendida do “demitido da vida”, medroso e inseguro, esmagado e vencido. Mão estendida e trêmula dos esfarrapados do mundo, dos “condenados da terra”. A grande generosidade está em lutar para que, cada vez mais, estas mãos, sejam de homens ou de povos, se estendam menos em gestos de súplica. Suplicas de Humildes a poderosos. E se vão fazendo, cada vez mais, mãos humanas que trabalhem e transformem o mundo. (FREIRE, 1997:42).
Esta citação do mestre Paulo Freire, refere-se justamente ao que o educando sofreu e ainda sofre ao longo do tempo. Vivem em uma sociedade em que precisam todos os dias se curvarem a aqueles que são seus opressores. Por isso, o novo conceito de educação libertadora proposta por Freire, diz que os conhecimentos adquiridos por todos os educandos devem ser sempre considerados, pois, somente se conhece o que é bom quando se conhece o ruim.
Por isso a perspectiva desses educandos aparece na sua fome de adquirir novos conhecimentos, se atualizar cada vez mais para assim poder ser mais liberto de um sistema onde opressores oprimem e oprimidos são sofridos. Porém vale salientar aqui, que não adiantará uma mutua transferência de conhecimentos sem que mútuas experiências sejam respeitadas. Ai a importância do professor, que ao nosso ver, está entre os dois lados, o do opressor e do oprimido. Profissional este que tem o dever de transmitir e respeitar conhecimentos e transferências, eliminando qualquer preconceito existente.
Na medida em que esta visão bancária anula o poder criador dos educandos ou o minimiza, estimulando sua ingenuidade e não sua criticidade, satisfaz ao interesse dos opressores: para estes o fundamental não é o desnudamento do mundo, a sua transformação. O seu “humanitarismo”, e não humanismo, está em preservar a situação de que são beneficiários e que lhes possibilita a manutenção de sua falsa generosidade. (FREIRE, 1997:83).
Esta citação de Freire nos indica o real interesse que os opressores têm com os seus educandos sejam em ensino regular e principalmente na Educação Popular. Não querem indivíduos críticos e sim indivíduos passivos, domáveis, obedientes, para que eles possam através de sua falsa erudição controlar tudo e todos. Vale salientar que quando utilizamos o termo “falsa erudição”, queremos chamar à atenção para dizer que este saber dito erudito por parte dos opressores, o saber oficial, não é o saber correto a ser seguido, pois, cada ser social busca em seu individualismo, seus próprios interesses de aprendizagem. Então, o saber erudito é como uma mistura de todos os saberes em busca de uma perspectiva que atenda a todas as classes sociais, respeitando umas às outras, sem que nenhuma seja tida como maior ou melhor que outro. É como um equilíbrio para que a boa criticidade seja alcançada e a opressão não aconteça.
Agora retornando ao assunto, queremos aqui, concordar com mais uma citação de Freire, sobre a espécie de lavagem cerebral que é feita nos oprimidos para que eles ajam como querem seus opressores:
“Na verdade, o que pretendem os opressores “é transformar a mentalidade dos oprimidos e não a situação que os oprime”, e isto para que, melhor adaptando-os a esta situação, melhor os dominem”. (FREIRE, 1997:84).
Caso este objetivo não seja alcançado, a da concepção práxis bancárias, os oprimidos recebem o nome de “assistidos”, mas que são marginalizados e discriminados pela própria sociedade oprimida pelo simples fato de não serem dominados e não se encaixarem na perspectiva da opressão, que é a de formar cidadãos cada vez mais controlados e passivos.
6.2. OS EDUCADORES
Acima pudemos entender quem são os alunos da Educação de Jovens e Adultos e o porquê eles assim procuram tal modalidade de educação. Agora buscaremos aqui entender quem são os educadores da EJA. Esses profissionais são Pedagogos? Profissionais do Magistério? Existe alguma formação específica para os profissionais da EJA? É uma modalidade educacional que está além do curso de Pedagogia? E quando o curso de pedagogia e seu currículo dão conta da EJA? Esses são alguns questionamentos que tentarei esclarecer aqui, levando em conta as ideias de Paulo Freire e Suzana Schwartz.
“O objetivo do trabalho didático-alfabetizador é contribuir para que os sujeitos se tornem usuários autônomos da linguagem”. (Schwartz, 2010:41).
O professor alfabetizador, não deve contemplar somente o sistema de linguagem e tornar o estudante, que é um ser de muita luz, autônomo dessa linguagem e da escrita. O professor é, segundo Paulo Freire, o libertador deste aluno para a vida.
Temos que considerar o estudante da EJA como um ser já com vida praticamente conclusa, o que lhe falta é só a liberdade que o professor tem o papel de lhe dar, através da transferência dos múltiplos conhecimentos. Queremos então chamar a atenção, que o ato de ensinar não é só o método de transferência de conhecimentos, mas também o ato de respeitar o conhecimento já adquirido dos seus alunos, realizando a soma de suas experiências já existentes com as que o próprio professor terá que transferir, o que chamamos então de troca de saberes.
Então, o ato de transferir conhecimento vai muito além de ensinar, de aprender, e até mesmo vai mais além do fazer. Transferir conhecimentos requer necessidades extraordinárias de respeito e de conhecimento por parte do professor que na maioria das vezes não é encontrado em livros ou aprendidos nas faculdades. Cabe aos professores usarem sua inteligência para assim poder perceber a necessidade real de cada aluno e de cada turma e assim poder andar com seus alunos, juntos, em um caminho repleto de conhecimentos e boas experiências.
(Schwartz, 2010) diz que o professor necessita refletir sobre si, primeiramente, de forma crítica, sobre que teorias ele vai seguir a fim de ter clareza sobre que correntes teóricas ele irá seguir para embasar sua prática, e decidir que tipo de aluno ele quer formar. São eles:
· Um aluno copista: que não reproduz, que não transfere e consequentemente não aprende. É o tipo de aluno que existe na escola somente para copiar o que o professor escreve no quadro, não opina, não aparece para o professor, não entende, quer só terminar o seu estudo na escola e receber sua ficha de conclusão do curso, seja ele fundamental ou médio. Geralmente este tipo de aluno não estuda, e utiliza o método de decoração do que é escrito pelo professor em sala de aula. Esse é o perfil do professor “Professarão”, fazendo referência ao livro professores e professauros de Celso Antunes, onde é possível enxergar que é o professor que não está muito preocupado se o aluno aprendeu; este professor deposita o conteúdo estando mais preocupado no deposito do que na aprendizagem.
· Um aluno reprodutor de ideias: é aquele que não é autônomo de fato. É incapaz, ou melhor, não consegue ter ideias próprias porque a prática docente não lhe permite tal. Às vezes pensa que é mais fácil reproduzir o que o professor fala, pois acha mais cômodo, do que pensar e tirar suas próprias conclusões, e as vezes esse aluno chega às suas conclusões tendo ideias maravilhosas, mas, devido a autoridade ainda militar do professor, prefere guardar pra si sua opinião e reproduzir a opinião do outro. Este professor dito por mim como militar, faz jus ao professor autoritário que prefere impor sua opinião, ao invés de transferir e respeitar ideias. É o professor que pensa que é o dono da verdade, o detentor de todo conhecimento e que o aluno é a mais pura

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