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Abordagem Tradicional

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Módulo 2 - ABORDAGEM TRADICIONAL
 
- A abordagem tradicional não foi originada por uma teoria explicita (apenas se infere quanto aos conceitos), mas sim por diversas tendências, concepções e práticas educativas aplicadas em um contexto escolar, que foram transmitidas durante o tempo e persistiram, virando referencial para as demais abordagens seguintes.
  
- [Sny] É necessário compreender esse tipo de ensino, pois só uma avaliação cuidadosa e crítica permite ultrapassá-lo/fazê-lo melhor. 
- [Sny] O ensino tradicional é o ensino verdadeiro, pois leva o aluno ao contato com as grandes realizações da humanidade (literatura, artes, raciocínios e demonstrações, aquisições científicas).
- Valorização dos modelos.
- Professor = elemento indispensável na transmissão dos conteúdos.
  
- Ensino centrado no professor, que é um adulto pronto e acabado. 
- Aluno é um “adulto em miniatura”, inacabado que precisa ser atualizado, preparado em todos os níveis. 
- Ensino voltado para o que é externo ao aluno: os programas, as disciplinas, o professor; o aluno é aquele que escuta as informações transmitidas pela autoridade exterior. O professor garante que o conhecimento seja conseguido, independente do interesse ou vontade do aluno, que talvez nem pudesse manifestá-la abertamente sem consequências negativas. 
Homem
 O homem está inserido em um mundo com informações que lhe serão fornecidas. Ele é um receptor passivo até que, cheio de informações necessária acumuladas, pode realizar a transmissão e repetição de conteúdos para quem não os tem, além de poder ser eficiente em sua profissão. Ele é uma ”tabula rasa”, onde se imprime imagens e informações progressivamente.
  	
Mundo
A realidade é algo que será transmitido principalmente pela educação formal, além de agencias como a família e a Igreja. O mundo é externo ao individuo, que ira se apossar cada vez mais de uma compreensão mais sofisticada ao que vai se confrontando com os modelos, ideais, aquisições, raciocínios, demonstrações... as teorias elaboradas. De posse desse instrumental, ele contribuirá para uma maior compreensão e domínio do mundo que o cerca, seja esse físico ou social, etc. 
As autoridades detentoras do conhecimento são a família, a escola e a igreja, e a função destas é a perpetuação de seus espaços de domínio. 
Sociedade-cultura
- Os tipos de sociedade e cultura podem ser vários. 
- O objetivo educacional (perpetuar-se e conseguir que a produção de pessoas eficientes consigam impulso em direção a um maior domínio sobre a natureza, ampliando e aprofundando áreas de conhecimento) tem relação forte com os valores apregoados pela sociedade do contexto. 
- Os programas exprimem os níveis culturais a serem adquiridos na trajetória da educação. 
Reprova-se quando o mínimo cultural esperado não foi atingido, o que se valida com provas e exames no final de cada etapa do processo. 
Com a aprovação, o aluno é promovido nas séries escolares e, no final do processo, recebe o diploma e título, sendo estes os instrumentos de hierarquização dos indivíduos no contexto social. Essa hierarquia cultural pode ser considerada como fundada no saber, no conhecimento da verdade. Desse modo, o diploma, por exemplo, seria como um mediador entre a formação cultural e o exercício de funções sociais determinadas.
Socialmente falando, essa posição implica que as experiências e aquisições das gerações adultas são condição de sobrevivência das mais novas e da sociedade.
A tendência englobada possui visão individualista, geralmente não possibilitando a cooperação.
> Paulo Freie: Esse tipo de sociedade mantém um sistema de ensino baseado na educação bancária: depositam-se no aluno os conhecimentos, infos, fatos, etc.,
Conhecimento:
A inteligência é uma faculdade capaz de acumular/armazenas informações. O ser humano deve incorporar informações sobre o mundo, que devem ir das mais simples à mais complexas. Para isso, há uma decomposição do conhecimento a fim de simplificá-lo ao ser transmitido ao aluno. Aos alunos são apresentados somente os resultados desse processo para que sejam armazenados. 
Há aqui preocupação com o passado, como modelo a ser imitado e como lição para o futuro.
O caráter cumulativo do conhecimento humano é adquirido por meio da transmissão, de onde se supõe o papel importante da educação formal e da instituição escola. Há constante preocupação em se conservar o produto obtido o mais próximo possível do desejado. 
Além disso, atribui-se ao aluno um papel insignificante na elaboração e aquisição do saber. Cabe-lhe apenas memorizar definições, enunciados, resumos que são oferecidos em um ensino verbalista e formal (verbalismo do professor e memorização do aluno).
Educação:
Entendida como instrução, caracterizada como transmissão de conhecimentos e restrita à ação da escola. No processo da educação, durante o período em que o aluno frequenta a escola, ele se confronta com modelos que lhe poderão ser úteis no decorrer de sua vida durante e pós-escola. 
Para muitos autores, o modelo não é considerado como o contrário da originalidade, da individualidade, próprias de cada criança, mas como condição indispensável para que ela desabroche. De toda forma, porém, se propõe e se defende um tipo de educação com decisões verticais. (Aristocracia de espírito – Alain)
Coloca-se que, para que o aluno possa confrontar com o modelo, o professor deve intervir/orientar. 
A educação é vista como produto, uma vez que tudo está estabelecido a priori, não havendo ênfase no processo de aprendizagem e desenvolvimento do aluno. Trata-se da transmissão de ideais selecionadas e organizadas. 
Escola:
A escola é onde se realiza a educação (transmissão de informação que sistematiza uma cultura complexa). Ela é um lugar onde se raciocina, que deve ser austero para que o aluno não se distraia, e onde o professor deve se manter distante dos alunos. Aprender é como uma cerimônia.
Para esse tipo de abordagem, a escola não é a vida, mas sim parte dela. O professor é o mediador entre aluno e modelos. 
Para Snyders, a escola tradicional considera que os conhecimentos adquiridos não valem por si mesmo, mas como meio de formação e de ir mais além. No entanto, a escola funciona, em grande parte, de modo diferente disso, virando uma caricatura. Uma escola desse tipo é usada com resultados e programas preestabelecidos. 
O tipo de relação social estabelecida na escola é vertical — o professor é a autoridade intelectual e moral (dono do saber), e o aluno, o “copo vazio”. A cooperação entre pares é reduzida, pois a ênfase está na participação individual. Ignoram-se as diferenças individuais. Nesse sentido, a preocupação está na quantidade de informação armazenada e não na formação do pensamento reflexivo e do potencial criativo.
 Sendo assim, a educação é caracterizada pela instrução e transmissão do conhecimento, restrita à escola e ao professor, em tarefas de aprendizagem quase sempre padronizadas. Ela entende o processo educacional como individualista, não possibilitando situações de pesquisas e trabalhos coletivos.
	
> Continuidade de ideias, sem rupturas ou crises.
Ensino-aprendizagem:
A ênfase é dada às situações em sala de aula, onde o professor instrui e ensina. Então, comumente associamos educação à instrução, considerando a aprendizagem como um fim em si mesmo: os conteúdos e informações precisam ser adquiridos, e os modelos, imitados.
Sendo assim, a existência de um modelo é importante. Caso contrário, a criança estará em um mundo que não foi “ilustrado pelas obras dos mestres”. Acredita-se nas virtudes formativas das disciplinas, e que é falsa toda crença numa continuidade simples entre a experiência imediata e o conhecimento, e é precisamente porque há esse salto a se efetuar que a intervenção do professor é necessária.
É nessa intervenção que reside a problemática do E.T., já que muitas vezes se visa apenas a atuação do professor. Comenta-se que seus elementos fundamentais são imagens estáticas que progressivamente serão impressasnos alunos, cópias de modelos do exterior gravada em mentes individuais. 
O E.T. lança mão da atividade dos alunos (apresentação de dados intuitivos, imaginação...). Formam-se alunos com reações estereotipadas e automatizadas, hábitos, geralmente isolados, que somente conseguem aplicar o que aprenderam em modelos idênticos aos aprendidos, levando a uma compreensão parcial dos fenômenos. O aluno que adquiriu o hábito ou que “aprendeu” apresenta, quase sempre, compreensão apenas parcial. Essas reações estereotipadas estão ligadas a uma expressão simbólica (verbal, algébrica ou numérica).
O isolamento das escolas e o artificialismo dos programas não facilitam a transferência de aprendizagem. Ignoram-se as diferenças individuais, pois os métodos não variam ao longo das classes nem dentro da mesma classe. 
Em termos gerais, é um ensino caracterizado por se preocupar mais com a variedade e a quantidade de noções/conceitos/informações do que com a formação do pensamento reflexivo. Ao cuidar e enfatizar a correção, a beleza, o formalismo, acaba reduzindo o valor dos dados sensíveis ou intuitivos, o que pode ter como consequência a redução do ensino a um processo de impressão, a uma pura receptividade.
 A expressão tem um lugar proeminente, daí esse ensino ser caracterizado pelo verbalismo do mestre e pela memorização do aluno. 
Evidencia-se uma preocupação com a sistematização dos conhecimentos apresentados de forma acabada. As tarefas de aprendizagem quase sempre são padronizadas, o que implica poder recorrer-se à rotina para se conseguir a fixação de conhecimentos/conteúdos/informações.
Professor-aluno 
A relação professor-aluno é vertical, sendo que o professor detém o poder decisório quanto à metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula... Ele informa e conduz seus alunos em direção a objetivos que lhes são externos, por serem escolhidos pela escola e/ou pela sociedade em que vive e não pelos sujeitos do processo. 
O professor detém os meios coletivos de expressão. As relações que se exercem na sala de aula são feitas longitudinalmente, em função do mestre e de seu comando. A maior parte dos exercícios de controle e dos de exame se orienta para a reiteração dos dados e informações anteriormente fornecidos pelos manuais ou pelos apontamentos dos cursos. 
O papel do professor está intimamente ligado à transmissão de certo conteúdo que é predefinido e que constitui o próprio fim da existência escolar. Pede-se ao aluno a repetição automática dos dados que a escola forneceu ou a exploração racional desses dados. 
Num tipo mais extremado, as relações sociais são quase que praticamente suprimidas, e a classe, como consequência, permanece intelectual e afetivamente dependente do professor.
O professor exerce, aqui, o papel de mediador entre cada aluno e os modelos culturais. A relação predominante é professor-aluno (individual), sendo a classe apenas a justaposição dessas relações duais, na maioria das vezes paralelas, inexistindo a constituição de grupo em que haja interação entre os alunos.
> No entanto, cabe lembrar que o professor também estabelece uma relação de igual hierarquia com a instituição escolar e social: obedece às regras e cumpre um papel preestabelecido. Existe um ciclo vicioso de manutenção do sistema. 
 
Metodologia
Caracterizado o ensino como transmissão de patrimônio cultural, confrontação com modelos e raciocínios elaborados, a metodologia se baseia na aula expositiva e nas demonstrações do professor à classe (auditório).
O professor já traz o conteúdo pronto para a aula, cabendo ao aluno escutá-lo, memorizá-lo de modo passivo e realizar posteriormente, sozinho, os exercícios de fixação. O ponto fundamental é o produto da aprendizagem. A reprodução do conteúdo de forma automática e sem variações é um indicador de que houve aprendizagem e o produto está assegurado. Resumidamente: dar a lição e tomar a lição. 
Elementos da vida emocional/afetiva são reprimidos, pois impedem uma boa e útil direção do trabalho de ensino. 
> O uso frequente do método expositivo como forma de transmissão faz com que muitos concebam o magistério como uma arte centrada no professor. 
No método expositivo como atividade normal, está implícito o relacionamento professor-aluno: o professor é o agente, o aluno é o ouvinte. O trabalho intelectual do aluno será iniciado após a exposição do professor com a realização de exercícios propostos. A situação é preparada e, por isso, artificial. Tal tipo de método tem por pressuposto basear a aprendizagem no exercício de aluno. A motivação para a realização do trabalho escolar é, portanto, extrínseca e dependerá de características pessoais do professor para manter o aluno interessado e atento. 
Usualmente, o assunto tratado é terminado quando o professor conclui a exposição, prolongando-se, apenas, por meio de exercícios de repetição, aplicado e recapitulação. O trabalho continua mesmo sem a compreensão do aluno, e somente uma verificada a posteriori que permitirá ao professor tomar consciência desse fato.
Surgem dificuldades no que se refere ao atendimento individual, pois o resto da classe fica isolado quando se atende a um dos alunos particularmente. É igualmente difícil para o professor saber se o aluno esta necessitando de auxilio, uma vez que usualmente quem fala é o professor. Dessa forma, há a tendência a se tratar a todos igualmente: mesmo ritmo de trabalho, mesmos livros-texto, mesmo material didático, repetir as mesmas coisas, adquirir os mesmos conhecimentos.
Algumas matérias são consideradas mais importantes que outras, o que se constata pela diferença de carga horária entre as disciplinas . Privilegiam-se igualmente o verbal (escrito e oral), as atividades intelectuais e o raciocínio abstrato. 
Quanto ao ensino intuitivo, uma das vertentes do E.T., verificam-se igualmente problemas no que se refere à metodologia. Pretende-se provocar certa atividade no aluno: no entanto, a psicologia sensual-empirista não fornece respaldo teórico à fundamentação dessa atividade, pois a ignora.
Essa forma de ensino pode ser caracterizada pelo uso do método "maiêutico”, cujo aspecto básico é o professor dirigir a classe a um resultado desejado, através de uma série de perguntas que representam, por sua vez, passos para se chegar ao objetivo proposto. Os defensores do método maiêutico pensam que ele provoca a pesquisa pessoal do aluno. Ainda atualmente tal tipo de metodologia é frequentemente encontrado em nossas salas de aula. 
Para que o professor possa utilizar tal método, a matéria deverá ser dividida em vários elementos. A cada elemento correspondem perguntas às quais o aluno deverá responder. Fica visível, em sala de aula, uma troca verbal intensa entre professor e alunos, em termos de pergunta/resposta, até que o resultado proposto seja atingido. Como os alunos chegam a esse resultado, infere-se que tenham compreendido o conjunto relacionado de ideias tal como foi proposto.
Avaliação
A avaliação é realizada predominantemente visando à exatidão da reprodução do conteúdo comunicado em sala de aula. Mede-se, portanto, pela quantidade e exatidão de informações que se consegue reproduzir. Dai a consideração de provas, exames, chamadas orais, exercícios, etc., que evidenciem a exatidão da reprodução. O exame passa a ter um fim em si mesmo, e o ritual é mantido. As notas obtidas funcionam, na sociedade, como níveis de aquisição do património cultural. 
Considerações finais 
Como se mencionou anteriormente, o termo "ensino tradicional” é ambíguo e engloba vários sentidos. Uma característica comum é a prioridade atribuída à disciplina intelectual e aos conhecimentos abstratos. Igualmente comum é a consideração da missão catequética e unificadora da escola. Programas minuciosos, rígidos e coercitivos. Exames seletivos, investidos de caráter sacramental. O diploma consiste, nessa visão, em um principio organizador e na consagração de todo o ciclo de estudos. O método de recitação e as espécies de conteúdo ensinadosderivam de uma concepção estática de conhecimento.

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