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Rumos e Percursos - Resumo: Gestalt

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RESUMO - GESTALT
1. Um Insight Repentino 
- Segunda década do século XX, Tenerife: Ilha mais importante na história da Psicologia, pois foi onde Wolfgang Köhler estudou macacos.
PS: Até agora, os animais tinham sido treinados ou condicionados a se comportar de determinada maneira que o treinador/experimentador queria. A única maneira deles aprenderem era por tentativa e erro, tropeçando acidentalmente na resposta correta — aquela que tinha comida como recompensa.
Köhler não tinha interesse em treinar os macacos, mas sim observá-los solucionar problemas. Ele acreditava que eram mais inteligentes do que pessoas ensinadas e que eram capazes de resolver problemas de maneira muito semelhante aos humanos. 
Uma macaca, Nueva, pegou uma vara, a esfregou-a no chão por um tempo e perdeu interesse. Depois, algumas frutas foram colocadas do lado de fora, e ela não conseguiu alcançar só esticando o braço, se frustrando e agindo em desespero. Após diversos minutos ela olhou a vara, parou de choramingar e a agarrou, esticando pelas grades da gaiola e arrastando a fruta até que desse para alcançar com sua mão. Uma hora depois Köhler repetiu o experimento. Nueva mostrou certa hesitação, mas pegou a vara e a usou como instrumento mais habilmente do que da primeira vez, e assim conseguiu obter a fruta mais rapidamente. Na terceira vez, ela pegou a vara de imediato, reagindo ainda mais rapidamente. 
Nueva não usou a técnica de tentativa e erro para aprender. Ela aprendeu no decorrer dos movimentos ao acaso, até tocar a comida com a vara. Seus movimentos tinham um objetivo, eram propositados e deliberados. Isso era diferente do comportamento dos gatos na caixa ou dos ratos no labirinto de Thorndike. 
2. A Revolta da Gestalt
Mais ou menos na mesma época da revolução behaviorista nos EUA, aconteceu a revolta da Gestalt, que era mais um protesto contra a psicologia de Wundt. Foi fonte de inspiração para novas visões e sistemas.
- Ia contra a natureza elementar da psicologia wundtiana (elementos sensoriais). Não fazia sentido todo fato psicológico constituir-se de átomos inertes não relacionados e que se combinavam só por associações, introduzindo a ação. 
A Gestalt foi concomitante com o behaviorismo, mas ambos eram independentes. Ambos iam contra Wundt, mas se opunham. 
- A Gestalt admitia o valor da consciência, criticando a redução dela a elementos/átomos.
- Os behavioristas não admitiam o conceito de consciência. 
- Psicologia de Wundt = construção de uma casa: os tijolos (elementos) seriam unidos pela argamassa (processo de associação). Ao olhar pela janela, você não vê as árvores e o céu, mas sim elementos sensoriais, como brilho e tonalidade, que de alguma forma se conectariam para formar nossa percepção de árvore e céu. 
- Acusavam Wundt de afirmar que a percepção dos objetos era meramente soma/junção de elementos, formando uma espécie de pacote. Alegavam que, ao se combinarem, elementos sensoriais formam um novo padrão/configuração (juntar um grupo de notas musicais cria uma melodia ou um tom). O todo é diferente da soma das partes. (Mas W. reconhecia isso, com a síntese criativa)
3. A Percepção: Ilustrando a diferença de Wundt e a Gestalt.
- O wunditiano pede para você descrever sua percepção não como “um livro”, mas sim como “a capa parece um paralelogramo vermelho, há um rebordo branco abaixo e outra linha tênue vermelha escura (...)”. Você fica tão cauteloso que não tem mais certeza do que realmente via e do que apenas pensava que via. Você disse o que via em termos de sensações, que o livro não passa de um composto de sensações elementares, como uma molécula é construída a partir de átomos.
- O gestaltista vai contra isso e dizer que o livro é o fato primário, imediato, direto, incontestável e perceptível. Reduzir uma percepção a sensações é só um jogo intelectual, pois um objeto não é um grupo de sensações. 
Os gestaltistas dizem que há mais na percepção do que os olhos veem, ou seja, que vai muito além de elementos sensórias, dados básicos proporcionados pelos sentidos. 
4. As influências anteriores sobre a Gestalt
a) Base: Kant e sua ênfase na unidade de um ato perceptivo.
- Quando percebemos os objetos, temos estados mentais que poderiam parecer compostos de pedaços de fragmentos, mas esses elementos são organizados significativamente (não por processo mecânico de associação). Ou seja: a mente, na percepção, forma ou cria uma experiência unitária. 
- A percepção não é uma impressão e combinação passiva de elementos sensoriais, mas uma organização ativa deles numa experiência coerente. Logo, a mente confere forma e organização ao material bruto da percepção. 
- Algumas das formas que a mente impõe à experiência são inatas (como o espaço, o tempo e a causalidade), não derivam da experiência, mas sim existem na mente como intuitivamente cognoscíveis. 
b) Brentano propunha o estudo do processo ou ato da experiência. Foi um precursor do movimento gestaltista formal. Ele considerava a introspecção wundtiana artificial, favorecendo uma observação menos rígida e mais direta da experiência, mais ou menos como o método ulterior da Gestalt. 
c) Ernst Mach: Influência mais direta. 
- Escreveu sobre sensações da forma do espaço e da forma do tempo, as quais não dependiam dos elementos.
- Os padrões espaciais são figuras geométricas e os padrões temporais são melodias e sensações. Por exemplo, a forma do espaço de um circulo poderia ser branca/preta, grande/pequena, e nada perder de sua qualidade elementar de circularidade. 
- Afirmava que nossa percepção visual ou auditiva de um objeto não muda mesmo que modifiquemos nossa orientação espacial com relação a ele. Uma mesa permanece como tal em nossa percepção quer a olhemos de lado, de cima ou de um dado ângulo. Uma série de sons permanece a mesma tocada mais rápida ou mais devagar. 
- Ehrenfels: impulso mais importante.
- Há qualidades da experiência que não podem ser explicadas em termos de combinações de sensações, as Gestait qualitáten (qualidades configuracionais), que vão além das sensações individuais. 
- Uma melodia é uma qualidade configuracional porque soa da mesma maneira mesmo em tonalidades diferentes. Ela independe das sensações particulares de que é composta. A própria configuração era um novo elemento criado mente sobre os elementos sensoriais. A mente configura a partir de sensações elementares. 
Mach e Ehrenfels não se opunham ao elementarismo, apenas acrescentaram a configuração como um novo elemento. Criticavam, mas davam uma solução diferente. 
- William James também foi precursor, pois considerava os elementos da consciência abstrações artificiais e enfatizou que vemos objetos como um todo, e não como feixes de sensações. 
- Fenomenologia: descrição imparcial da experiência imediata. A experiência não é analisada em elementos nem abstraída artificialmente, mas sim envolve a experiência quase ingênua do senso comum, e não a experiência relatada por um introspector treinado. Descrição imediata, anterior a explicação teórica, dos fatos e das ocorrências psíquicas
5. As Mudanças do Zeitgeist na Física
O Zeitgeist (clima cultural, intelectual) influenciou bastante na Gestalt, pois os psicólogos se esforçavam para acompanhar as ciências naturais. 
- Noções de física cada vez menos atomísticas/elementaristas, com o reconhecimento e aceitação dos campos de força.
- Exemplo: magnetismo. Quando se agita limalha de ferro numa folha de papel apoiada no topo de um imã, a limalha se organiza segundo um padrão característico. Os fragmentos não tocam no ímã, mas são evidentemente afetados pelo campo de força ao seu redor, que têm propriedades de extensão e de padrão/configuração espacial. Em outras palavras, eles eram considerados novas entidades estruturais, e não o somatório dos efeitos de elementos ou partículas individuais.
O impacto da física surgiu em termos pessoais: Köhler foi influenciado por Planck e começou a perceber um vinculo entre a física dos campos e a ênfase da Gestalt no todo. “Desde então, apsicologia da Gestalt se tornou uma espécie de aplicação da física dos campos a partes essenciais da psicologia”. 
> Watson continuou com abordagem reducionista concentrada em elementos (de comportamento).
6. O Fenômeno Phi / A Fundação da Gestalt
- Surgimento do movimento formal da Gestalt. “Estudos Experimentais da Percepção do Movimento”.
- Wertheimer e a experiência sobre a percepção do movimento aparente, do movimento quando nenhum movimento físico real tinha acontecido, que é a “impressão de movimento”. 
- Ele projetou luz por duas frestas, e quando elas eram alternadas rapidamente, os sujeitos viam uma única linha de luz que parecia mover-se de uma fresta para outra. 
- Wundt dizia que toda experiência consciente podia ser analisada em seus elementos sensoriais. Poderia essa percepção do movimento aparente ser explicada em termos de um somatório de elementos sensoriais individuais, que eram apenas duas ranhuras estacionárias de luz? Não, e esse era o ponto central.
- Wertheimer acreditava que o fenômeno Phi era tão elementar quanto uma sensação. O movimento aparente não precisava de explicação: ele existia tal como era percebido, não podendo ser reduzido a nada mais simples. O todo (o movimento aparente da linha) diferia da soma de suas partes (as duas linhas estacionárias). 
- Kurt Koffka: foi provavelmente o mais inventivo dos fundadores da Gestalt. Koffka escreveu um artigo (“A Percepção: Uma Introdução à Teoria da Gestalt”) que apresentava os conceitos básicos da escola e os resultados e as implicações de suas pesquisas. Foi a primeira exposição formal da revolução da Gestalt aos psicólogos americanos, mas o artigo prejudicou a expansão do movimento. “A Percepção” deu início a um mal-entendido de que a psicologia da Gestalt se ocupa exclusivamente da percepção, não tendo, portanto relevância para outras áreas da psicologia. 
A psicologia da Gestalt tinha uma preocupação mais ampla, com problemas do pensamento e da aprendizagem. Só começou com a percepção pelo o Zeitgeist (Wundt) contra a qual se rebelaram; obtivera boa parte do seu apoio de estudos sobre a sensação e a percepção.
- Wolfgang Köhler: era o porta-voz do movimento. Seus livros viraram as obras sobre vários aspectos da psicologia da Gestalt. O seu treinamento em física com Planck o persuadiu de que a psicologia tinha de aliar-se àquela ciência. K passou os sete anos seguintes estudando o comportamento em chimpanzés. 
7. A Natureza da Revolta da Gestalt 
- Os princípios gestaltistas estavam em oposição direta à tradição alemã. 
- O comportamentalismo foi menos contra Wundt e o estruturalismo porque o funcionalismo já tinha mudado a psicologia americana, diferente da Gestalt, que não contou com nada para preparar o caminho. 
- Os líderes da Gestalt exigiam uma completa revisão da velha ordem. Depois do estudo da percepção do movimento aparente, os gestaltistas queriam estudar outros fenômenos da percepção para darem apoio à sua posição, como as constâncias perceptivas (quando estamos em frente de uma janela, uma imagem retangular é projetada na retina; contudo, quando nos colocamos mais para um lado e olhamos para a janela, a imagem retiniana se torna trapezoide, embora continuemos a perceber a janela como retangular. Nossa percepção da janela permanece constante, embora os dados sensoriais - as imagens projetadas na retina - tenham se modificado). 
 Assim como com o movimento aparente, a experiência perceptiva tem uma qualidade de integralidade/completude não encontrada em nenhuma de suas partes. Existe uma diferença a percepção concreta e a estimulação sensorial. A percepção não pode ser explicada simplesmente como uma reunião de elementos sensoriais nem como a mera soma das partes. A percepção é uma totalidade, uma Gestalt, e toda tentativa de analisá-la ou de reduzi-la a elementos provoca a sua destruição.
> Começar com elementos é começar pelo lado errado, porque os elementos são produtos da reflexão e da abstração derivados da experiência imediata. A psicologia da Gestalt tenta voltar à percepção ingênua, à experiência imediata, onde não há montagens de elementos, mas sim todos unificados; não massas de sensações, mas árvores, nuvens e o céu. 
A palavra Gestalt não tem um equivalente exato, mas é comum forma, totalidade morfológica e configuração. Em alemão, pode ser:
a) propriedades gerais que podem ser expressas por termos como angular ou simétrico, descrevendo características como a triangularidade ou as sequências de tempo numa melodia; 
b) um todo ou entidade concreta que tem como um de seus atributos uma forma ou configuração especifica. 
Assim, a palavra Gestalt pode servir tanto a objetos como às formas características dos objetos. 
O termo NÃO se restringe ao campo visual nem ao campo sensorial total, já que os processos da aprendizagem, da recordação, dos impulsos, da atitude emocional, do pensamento, da ação, etc. podem ser incluídos (assim que tentaram lidar com todo o campo da psicologia).
8. Os Princípios da Organização da Percepção 
- Percebemos os objetos como totalidades unificadas. 
- Os princípios de organização da percepção são leis ou regras a partir das quais organizamos o nosso mundo perceptivo. 
- A percepção/organização ocorre instantaneamente sempre que vemos ou ouvimos diferentes formas ou padrões. Partes do campo perceptivo se combinam, unindo-se para formar estruturas distintas do fundo. 
- O processo primordial na percepção visual não é um conjunto de atividades separadas. O cérebro é um sistema dinâmico em que todos os elementos ativos num dado momento interagem entre si, pelos princípios da organização perceptiva, como proximidade, continuidade, semelhança, complementação, simplicidade (pragnanz ou ‘boa forma”, que é simétrica, simples e estável, não podendo ser tomada mais simples ou mais ordenada), figura/fundo.
Esses princípios de organização não dependem dos nossos processos mentais superiores nem de experiências passadas; eles estão presentes, nos próprios estímulos. São fatores periféricos, mas também há fatores centrais no interior do organismo, que influenciam a percepção.
9. Os Princípios Gestaltistas da Aprendizagem 
A aprendizagem desempenha um papel principal nos processos perceptivos de nível superior. Se baseia no estudo de Köhler sobre macacos e como eles resolviam problemas, e no trabalho de Wertheimer sobre o pensamento produtivo em seres humanos.
A Mentalidade dos Macacos: Köhler interpretou os resultados dos seus estudos em termos da situação como um todo e dos relacionamentos entre os vários estímulos.
Resolução de problemas = reestruturação do campo perceptivo. 
- Quando o macaco puxava a banana para a jaula com pouca hesitação, o problema como um todo era facilmente compreendido pelo animal, mas não claramente de imediato. 
- Se se colocasse uma vara perto das barras da jaula diante da fruta, a vara e a fruta eram visualizadas como parte da mesma situação. 
- Se a vara fosse colocada na parte posterior da jaula, os dois objetos eram vistos de forma menos imediata como partes da mesma situação. Nesse caso, a solução do problema requeria uma reestruturação do campo perceptivo. 
- Quando o animal tinha de juntar as duas varas a fim de construir uma vara de comprimento suficiente, ele tinha de perceber uma nova relação entre as varas. 
Estudos assim foram interpretados como evidência de introvisão (insight), a apreensão ou compreensão aparentemente espontânea e imediata de relações. 
- A solução de problemas e a introvisão diferiam da aprendizagem por tentativa e erro; 
K dizia que condições experimentais de Thorndike eram artificiais e só permitiam o comportamento aleatório do animal. Os gatos na caixa-problema não podiam explorar todo o mecanismo de libertação (todos os elementos pertencentes ao todo), por isso só se comportavam com tentativa e erro. 
Do mesmo modo, um animal num labirinto não pode ver o padrão ou projeto geral, mas apenas cada corredor que encontra; por isso, tudo o que pode fazer é experimentar cegamenteseguir por um ou por outro. 
Na concepção gestaltista, antes da introvisão ocorrer, o organismo tem de ter capacidade de ver os relacionamentos entre os vários elementos do problema. Isso sustenta a concepção molar do comportamento, em oposição à molecular, e reforça a ideia de que a aprendizagem envolve a reorganização ou reestruturação do ambiente psicológico.
O Pensamento Produtivo em Seres Humanos 
A obra de Wertheimer sobre o pensamento produtivo aplicava os princípios da aprendizagem ao pensamento criativo em seres humanos. 
- Esse pensamento se processa em termos de todos. Não somente o aprendiz considera a situação como um todo como o professor deve apresentar-lhe a situação como um todo. 
O problema como um todo tem de dominar as partes. Os detalhes de um problema só devem ser considerados em relação à estrutura da situação total, e que a solução de problemas deve realizar-se do problema como um todo para as suas partes, e não ao contrário. 
Se o professor organizasse os elementos dos exercícios em sala de aula de modo a formar todos significativos, a introvisão iria ocorrer. Uma vez percebido, o princípio da solução de um problema poderia ser transferido prontamente para outras situações.
Essa abordagem difere da aprendizagem por tentativa e erro de Thorndike, em que a solução do problema está, num certo sentido, oculta, e o aprendiz tem de cometer erros antes de acertar a trilha correta. 
- Atacava as práticas da instrução ou da aprendizagem mecânica (associacionista). A repetição raramente é produtiva, pois o aluno é incapaz de resolver uma variação de um problema quando a solução tinha sido aprendida de modo mecânico, e não por meio da introvisão. 
Ele concordava, no entanto, que materiais como nomes e datas tinham de ser assimilados de modo mecânico por meio da associação e da repetição. Dizia que a repetição era útil até certo ponto, mas seu uso habitual levava a um desempenho mecânico, e não a um pensamento verdadeiramente criativo ou produtivo. 
10. O Princípio do Isomorfismo
- Problema dos mecanismos cerebrais envolvidos na percepção. Tentaram desenvolver uma teoria dos correlatos neurológicos subjacentes de gestalts percebidas. 
- O cérebro é um sistema dinâmico em que os elementos ativos num dado momento interagem. O cérebro funciona é capaz de organizar ou modificar ativamente os elementos sensoriais que recebe.
- Correspondência direta entre a percepção e sua contraparte neurológica: a atividade cerebral é um processo total configurativo. Para explicar o fenômeno phi, deve haver uma correspondência entre a experiência psicológica/consciente e a experiência cerebral subjacente. Esse ponto de vista é denominado isomorfismo. 
- Percepção = mapa, que é idêntico (iso) em forma (mórfico) àquilo que representa, embora não seja uma cópia literal do território. O mapa, no entanto, serve de guia confiável para o mundo real percebido. 
- Os processos corticais têm um comportamento semelhante ao dos campos de força, sugerindo que, assim como o comportamento de um campo de força eletromagnético em volta de um ímã, os campos de atividade neuronal podem ser estabelecidos por processos eletromecânicos no cérebro em resposta a impulsos sensoriais. 
11. A Expansão da Psicologia da Gestalt
- Na metade dos anos 20, a Gestalt era coesa, dominante e vigorosa na Alemanha, com um dos maiores e mais bem equipados laboratórios do mundo. 
- A ascensão dos nazistas ao poder 1933, com seu violento anti-intelectualismo e antissemitismo e suas ações repressivas, forçou muitos estudiosos, inclusive os líderes da Gestalt, a deixar o país. O movimento passou a ocupar uma posição inferior no sistema acadêmico alemão da época, e o seu centro passou para os Estados Unidos. 
- A expansão nos EUA foi feita por contatos pessoais, artigos e livros. 
- Embora atraísse atenção nos Estados Unidos (útil antídoto para os exageros do comportamentalismo), a psicologia da Gestalt não encontrou aceitação geral. Seu progresso como escola de pensamento foi lento, pois:
a) o comportamentalismo vivia era muito popular; 
b) barreira linguística; 
c) muitos psicólogos acreditavam que a Gestalt só tratava da percepção; 
d) os três líderes foram para escolas americanas que não tinham pós-graduação, sendo difícil atrair discípulos que expandissem e divulgassem o movimento, não havendo uma nova geração; 
e) os gestaltistas tinham ido para o país protestando contra algo que já não estava em questão. 
Quando perceberam as tendências da psicologia americana, os gestaltistas miraram no comportamentalismo, reducionista e atomista, alegando que também lidava com abstrações artificiais, sendo uma abordagem molecular. 
Também criticavam a negação comportamentalista da validade da introspecção e sua eliminação da consciência. Koffka alegava não haver sentido em desenvolver uma psicologia sem consciência, porque isso reduzia a psicologia a uma mera coleção de pesquisas com animais. 
Com o tempo, os princípios gestaltistas foram absorvidos nas áreas da psicologia infantil, da psicologia aplicada, da psiquiatria, da educação, da antropologia e da sociologia. Alguns psicólogos clínicos combinaram a abordagem da Gestalt com a psicanálise. 
A tendência geral na psicologia americana tem sido considerar os ensinamentos dos psicólogos gestaltistas acréscimos interessantes e potencialmente úteis a outros sistemas, mas não como a base de um sistema abrangente. 
- Hoje, a Gestalt não é mais revolucionária, mas seus adeptos tentam aprimorar seus pontos básicos. 
- Ela não foi totalmente absorvida pela corrente principal da psicologia americana, conservando uma identidade de movimento minoritário. 
- Ela tem exercido uma influência visível em muitas áreas da psicologia, incluindo a percepção, o pensamento, a aprendizagem, a personalidade, a psicologia social e a motivação. 
12. A Teoria de Campo: Kurt Lewin (1890-1947)
- Lewin: motivação humana; estudo do comportamento humano em seu contexto físico e social total. 
- A teoria de campo considerava que as atividades psicológicas da pessoa num campo psicológico, o espaço vital. O campo total são todos os eventos passados, presentes e futuros que possam influenciar uma pessoa, e cada um desses eventos pode determinar o comportamento numa dada situação. Assim, o espaço vital consiste na interação das necessidades do indivíduo com o ambiente psicológico. 
O espaço vital pode revelar graus variáveis de diferenciação, a depender da quantidade e do tipo de experiência que a pessoa acumulou. Como não tem experiências, um bebê tem poucas regiões diferenciadas no espaço vital. 
A teoria de campo de Kurt Lewin tem influenciado o trabalho no campo da dinâmica de grupo e em outras áreas da psicologia social. 
- Ele escolheu a topologia para mapear ou diagramar o espaço vital, a fim de mostrar, a qualquer momento dado, os alvos possíveis da pessoa e os caminhos que levam a eles. 
- Para representar a direção, Lewin desenvolveu uma forma de geometria qualitativa chamada espaço hodológico, em que usava vetores para representar a direção do movimento rumo a um alvo. Também usou a noção de valências para designar o valor positivo ou negativo dos objetos no âmbito do espaço vital. Objetos que atraiam a pessoa ou satisfaçam necessidades têm valência positiva; objetos ameaçadores têm valência negativa. Para Lewin, todas as formas de comportamento podem ser representadas por um diagrama. 
Lewin postulou um estado de equilíbrio entre a pessoa e o seu ambiente. Quando esse equilíbrio é perturbado, surge uma tensão (conceito de motivação ou necessidade) que leva a algum movimento, numa tentativa de restaurar o equilíbrio. Ele acreditava que o comportamento humano envolve o contínuo aparecimento de tensão-locomoção-alívio. Essa sequência é semelhante à de necessidade-atividade-alívio. Sempre que uma necessidade é sentida, existe um estado de tensão, e o organismo tenta descarregá-la agindo de modo a restaurar o equilíbrio. 
> efeito de Zeigarnik. 
A característica notável da psicologiasocial de Lewin é a dinâmica de grupo, a aplicação de conceitos relativos ao comportamento individual e grupal. Assim como o indivíduo e o seu ambiente formam um campo psicológico, o grupo e o seu ambiente compõem um campo social. 
Os comportamentos sociais ocorrem no interior de entidades sociais simultaneamente existentes como subgrupos, membros de grupos, barreiras e canais de comunicação, e delas resultam. Assim, o comportamento do grupo é uma função do campo total existente em qualquer momento dado. Um experimento clássico envolveu estilos de liderança e e seus efeitos sobre a produtividade e o comportamento.
Estudos como esse iniciaram importantes novas áreas de pesquisa social e contribuíram para o desenvolvimento da psicologia social. Além disso, Lewin acentuou a importância da pesquisa de ação social, o estudo de problemas sociais relevantes voltado para a introdução de mudanças. Ele se preocupava com os conflitos raciais, e sua pesquisa de ação social transformou problemas como a discriminação e o preconceito em estudos controlados. 
Lewin também foi fundamental na promoção do treinamento da sensibilidade, que tem sido aplicado a muitas situações no campo da educação e do mundo dos negócios para reduzir os conflitos intergrupais e desenvolver o potencial individual. 
De modo geral, seus programas experimentais e descobertas de pesquisa são mais aceitáveis para os psicólogos do que suas concepções teóricas. 
13. Críticas à Psicologia da Gestalt
- Eles tentavam resolver problemas transformando-os em postulados. A organização da percepção consciente (fenômeno phi) não foi tratada como um problema a requerer solução, mas como um fenômeno que simplesmente existia, e isso equivalia a resolver um problema por meio da negação da sua existência. 
- Nunca explicaram as leis do seu sistema. Para muitos, sua posição era vaga, e os conceitos e termos básicos não foram definidos com rigor suficiente para serem cientificamente significativos. (ser vago =/= ser incompleto)
- As bases da psicologia da Gestalt não eram, na realidade, novas (verdade, mas irrelevante);
- ela se ocupava demais da teoria em detrimento da pesquisa experimental e dos dados empíricos comprobatórios. (Ela tem orientação teórica, mas também usa experimentação, tendo um volume de pesquisas);
- O trabalho experimental dos gestaltistas é inferior ao dos teóricos E-R por lhe faltar controles e porque os seus dados não quantificados não são suscetíveis de análise estatística (como os resultados qualitativos têm precedência, boa parte das pesquisas foi deliberadamente menos quantitativa do que consideram necessário. A maioria das pesquisas deles é preliminar, investigando problemas no âmbito de um outro referencial.);
- Tentativas de reproduzir a experiência das duas varas com chimpanzés forneceram pouco apoio ao papel da introvisão, de modo que a solução símia do problema não ocorre de repente e pode depender da aprendizagem ou de experiências prévias;
- Consideram pressupostos fisiológicos mal definidos e mal sustentados (a teorização nessa área é conjetural, mas suas especulações são um útil auxiliar do sistema. A validade dos resultados não diminui pelo referencial especulativo no qual elas são realizadas.)
14. Contribuições da Psicologia da Gestalt
- Efeito revigorante e estimulante sobre a psicologia como um todo. 
- Influenciou as áreas da percepção e da aprendizagem, e ainda tem contribuições a dar. 
- Ao contrário do comportamentalismo, ela conserva boa parte de sua identidade distinta, visto que os seus principais pilares não foram absorvidos por inteiro pela corrente principal do pensamento psicológico. 
- Ela continua a estimular o interesse pela experiência consciente como problema legítimo para ao menos alguns psicólogos. Admitem, contudo, que não é possível investigá-la com a mesma precisão e objetividade com que se estuda o comportamento manifesto.

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