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84 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Unidade III 5 ONDAS SONORAS I As ondas mecânicas longitudinais que se propagam num meio, numa faixa de frequência, sendo percebidas pelo sistema auditivo humano, são chamadas de ondas sonoras ou simplesmente som. Geralmente o meio é o ar, mas somos capazes de perceber sons propagando-se em outros meios, como a água, os metais ou os ossos e tecidos do corpo humano. O estudo dessas ondas em particular está relacionado com sua importância na comunicação pessoal, pelas qualidades fisiológicas do som, descritas no final desta unidade. Como existe grande aplicação de ondas mecânicas longitudinais – por exemplo, o uso do ultrassom para fins diagnósticos e terapêuticos –, as propriedades do que chamaremos de som serão estendidas para todas as ondas longitudinais. 5.1 Ondas sonoras Base Helicotrema Ápice 30 [mm] 0 [mm] EstriboMembrana timpânica Escala timpânica Membrana basilar Escala vestibular 1600 Hz 800 Hz 400 Hz 200 Hz 100 Hz 50 Hz 25 Hz Figura 43 – Orelha interna, com informações anatômicas e representação linear da cóclea A orelha humana normal em média é capaz de perceber sons em frequências que variam de 20 Hz a 20000 Hz. Nessa faixa de frequência, o tímpano entra em ressonância com a onda sonora, e os mecanismos na orelha são capazes de traduzir essa perturbação como som. Observa-se que esse intervalo de frequência apresenta uma abrangência diferente daquela verificada na captação de sons por animais. Elefantes, por exemplo, são capazes de perceber sons abaixo de 20 Hz, que chamamos 85 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS de infrassons, e cães e gatos percebem sons com frequências superiores a 20 kHz, que denominamos frequência de ultrassom. A figura anterior mostra o mecanismo da audição humana, com a cóclea – um tubo enrolado em espiral preenchido por um fluido e com 15000 células ciliadas – representada em linha reta. Nessa região, a energia das ondas mecânicas é transformada em sinal elétrico e transmitida ao cérebro. Percebe-se na figura que, em cada região da cóclea, a captação do som ocorre em certa frequência, os agudos perto da base e o som grave próximo à região do ápice. Observação Segundo a terminologia anatômica atual (a partir de 2001), o termo ouvido não deve ser utilizado. Em seu lugar, deve-se empregar orelha em todas as situações. 5.2 Velocidade do som A velocidade de propagação de uma onda mecânica num meio depende das características desse meio. Vimos antes que a velocidade de propagação numa corda tracionada é dada pela equação: F v = µ Lembrete Define-se densidade linear µ como a relação entre a massa e o comprimento (kg/m no SI). Analisando-se essa expressão, tem-se um termo que exprime a propriedade elástica do meio (Ft) e outro termo que indica a propriedade inercial do meio (µ). Para um gás em que se propaga uma onda longitudinal, a propriedade inercial será a massa específica do gás ρ em kg/m3, no SI. A propriedade elástica, relacionada com as compressões e rarefações do meio, é a variação de pressão por variação relativa de volume, denominada módulo de elasticidade volumétrica B: p B V V ∆ = − ∆ O sinal negativo é adotado porque a variação de volume sempre será oposta à variação de pressão (a pressão aumenta, o volume diminui, e vice-versa). A unidade do módulo de elasticidade volumétrica é B. 86 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Logo, a velocidade de propagação de uma onda longitudinal num fluido como água ou gás é dada por: B v = ρ Para um gás ideal o módulo de elasticidade volumétrica B é proporcional à pressão do gás p, sendo válida a relação (B = γ p). Segundo a lei geral dos gases perfeitos escrita pela equação de Clapeyron, tem-se: pV nRT= Ou ainda: mRT RT p MV M ρ = = Observação O número de mols n pode ser escrito como a razão entre a massa do gás (m) e a massa molecular dele (M). Substituindo-se a pressão p na fórmula da velocidade do gás, tem-se: RT v M γ = Em que R é a constante universal dos gases (R = 8,314 J/mol.K), T a temperatura absoluta (na escala kelvin), M a massa molecular do gás e γ uma constante característica do gás. Para uma barra sólida, a velocidade de propagação de ondas longitudinais pode ser calculada pela expressão: Y v = ρ Em que Y é o módulo de Young, parâmetro mecânico que representa a rigidez de um material sólido. Alguns valores característicos da velocidade do som para diferentes meios de propagação estão apresentados na tabela a seguir. 87 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Tabela 2 – Valores característicos da velocidade do som Substância Velocidade do som (m/s) Gases (0 oC) Dióxido de carbono 259 Hidrogênio 1284 Hélio 965 Nitrogênio 334 Oxigênio 316 Ar (20 oC) 344 Líquidos (25 oC) Glicerina 1904 Água 1493 Água do mar (3,5% salinidade) 1535 Mercúrio 1450 Querosene 1324 Álcool (metanol) 1103 Sólidos Diamante 12000 Vidro Pyrex 5640 Ferro 5960 Alumínio 5100 Latão 4700 Cobre 4760 Ouro 3240 Chumbo 2160 Fonte: Speeds… ([s.d.]). Saiba mais A velocidade do som em vários gases pode ser obtida em laboratório de modo simples. Veja mais em: SPEEDS of different types of waves. Sound, [s.d.]. Disponível em: <https://soundphysics.ius.edu/?page_id=753>. Acesso em: 14 jun. 2017. 5.3 Ondas progressivas Definido um referencial cartesiano para o estudo da propagação das ondas, chamam-se ondas progressivas aquelas que se propagam no sentido positivo do eixo utilizado, segundo o referencial adotado. Até o momento, o estudo das ondas restringiu-se às ondas transversais. Agora, as vibrações ocorrem no sentido de propagação das ondas. Logo, podemos entender o som propagando-se num meio (o ar, por exemplo) como compressões e rarefações do ar. A figura a seguir exemplifica a situação com um alto-falante como fonte perturbadora. Na mesma figura, apresenta-se a relação com as ondas transversais. De fato, se o som for 88 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III captado por um microfone – que transforma essas ondas mecânicas em pulsos elétricos – e visualizado na tela de um osciloscópio, teremos a onda transversal que representa a onda longitudinal. Compressão Rarefação b) λ a) Figura 44 – (a) Onda sonora (longitudinal) evidenciando as regiões de compressão e rarefação. (b) A relação com a onda transversal No estudo das ondas transversais, definimos a função de onda y(x,t), ou seja, as oscilações no eixo y propagando-se no eixo x ao longo do tempo. Para as ondas longitudinais, y(x,t) é substituído por s(x,t), que representa o deslocamento das moléculas oscilando em torno das posições de equilíbrio, isto é: ( ) ms x,t s cos(kx t)= − ω Em que sm é a amplitude de deslocamento. Observação Os valores de k (número de onda) e ω (frequência angular) seguem a mesma definição do estudo do MHS. Considerando que a posição de equilíbrio corresponde ao ponto de máxima pressão (e máxima massa específica) e a posição de amplitude máxima corresponde à menor pressão (e menor massa específica), é possível deduzir que a pressão oscila segundo uma função seno: ( ) mp x,t Bks sen(kx t)= − ω A pressãomáxima será: máx mp Bks= 89 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Pode-se, ainda, relacionar a pressão máxima com as grandezas rwv e sm: máx mp vs= ρω Na figura que se segue, representa-se a situação. 0 ρmáx -Sm ρmín Sm ρmín Figura 45 – Deslocamento do equilíbrio de moléculas de gás na propagação de onda longitudinal 5.4 Interferência O fenômeno da interferência de ondas, abordado antes, será agora estudado em particular para ondas sonoras. Como visto, quando duas ondas se interceptam, pode ocorrer interferência construtiva ou destrutiva. Em ambos os casos, a amplitude resultante será a soma algébrica das amplitudes das ondas originais, respeitando-se o sinal positivo e negativo para as amplitudes. Uma importante aplicação do fenômeno da interferência em ondas sonoras é a possibilidade de aniquilação de sons indesejáveis pela emissão de um som semelhante àquele que se deseja eliminar, mas com oposição de fase. Atualmente, essa aplicação ocorre quando máquinas em operação – por exemplo, na construção civil – emitem um som indesejado para os trabalhadores ao redor. Conhecida a forma da onda sonora emitente, ajusta-se um gerador de áudio para emitir uma onda o mais semelhante possível, mas com oposição de fase. Sons residuais na forma de zunidos que perturbam as pessoas com distúrbio na audição também podem ser minimizados pelo mesmo procedimento. Consideremos para estudo um caso simples, em que duas ondas iguais se propagam num mesmo sentido provenientes de duas fontes posicionadas a distâncias diferentes de um observador. Quando a diferença entre os percursos das ondas (∆L) em relação ao observador for múltiplo inteiro (n) do comprimento de onda, elas chegarão com a mesma fase e a interferência será construtiva. Assim: L n 2 ∆ ∆ϕ = = λ π 90 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Logo, teremos interferência construtiva se n = 0, 1, 2, 3… e Dϕ = n2π. Para que ocorra interferência destrutiva, a condição é uma defasagem de meio comprimento de onda, ou 3/2, 5/2… (n + ½). L 1 n 2 2 ∆ ∆ϕ = + = λ π Ou seja: (2n 1)∆ϕ = + π 6 ONDAS SONORAS II Além da frequência sonora, percebida pela orelha humana na diferenciação de sons mais agudos (alta frequência) e mais graves (baixa frequência), na qualidade fisiológica que se denomina altura do som, para que um som seja percebido, há um mínimo de intensidade sonora, relacionada com a amplitude da onda emitida e com a potência sonora. 6.1 Intensidade e nível sonoro Lembrando que estamos estudando ondas passíveis de serem captadas pela orelha humana, existe um limiar mínimo que uma orelha humana normal é capaz de perceber. Essa grandeza é a intensidade sonora (I). Tal conceito relaciona-se com a quantidade de energia sonora média que atravessa uma unidade de área no decorrer do tempo, ou seja, a potência média sonora por unidade de área. mEI At = Ou: m PI A = Observação Unidade para a intensidade sonora: J/(sm2) = W/m2. 91 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Para uma fonte pontual, a área considerada é a da superfície esférica: Fonte pontual rm 2 P I 4 r = π Figura 46 – Fonte pontual de som A relação anterior pode ser deduzida de forma análoga a partir da potência média transferida por um pulso numa corda: 2 2 média m 1 P v y 2 = µ ω Para a onda longitudinal, substituiremos a densidade linear pelo produto da massa específica pela área (µ = ρA) e a amplitude ym pela amplitude de deslocamento sm. Assim: 2 2 média m 1 P Av s 2 = ρ ω A intensidade sonora será: 2 2 m 1 I v s 2 = ρ ω Observação Note na expressão anterior que a intensidade sonora depende das características da fonte perturbadora (frequência angular e amplitude de deslocamento) e do meio (massa específica e velocidade v). Para uma orelha humana normal, a intensidade sonora mínima média é o valor Io: 12 2 0I 10 W / m −= 92 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Considerando que a percepção do estímulo sonoro na orelha não é uma função linear da intensidade sonora, mas aproxima-se de uma relação logarítmica, surge a necessidade do conceito de nível sonoro (N), cuja relação é: 0 I N 1 0 log I = Observação Unidade de medida para o nível sonoro: decibel (dB). Para realizar medidas de nível sonoro num ambiente, utiliza-se o decibelímetro (figura a seguir). Atualmente, alguns aplicativos de celulares modernos permitem realizar essa medida por meio do microfone do aparelho. A importância da medida relaciona-se com o perigo de ambientes insalubres, com níveis sonoros além do recomendado. Figura 47 – Decibelímetro 93 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Saiba mais O Ministério do Trabalho e Emprego, na Norma Regulamentadora 15, aborda a questão dos limites de tolerância para ruídos contínuos e intermitentes. Leia mais em: SOTO, J. M. O. G. et al. Norma Regulamentadora (NR)-15, da Portaria nº 3.214, de 8.6.1978, do Ministério do Trabalho (atual Ministério do Trabalho e Emprego): um pouco de sua história e considerações do grupo que a elaborou (Parte I). Revista ABHO, v. 9, n. 21, p. 6-17, set. 2010. Disponível em: <http://www.abho.org.br/wp-content/uploads/2014/02/artigo_norma regulamentadora_21_6a17.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2017. Exemplo 1 Uma fonte sonora emite 10 W de potência sonora num show de rock. Considerando a intensidade sonora mínima percebida pelos seres humanos de 10–12 W/m2, determine: a) O nível sonoro emitido percebido a 1,0 m da fonte. b) A distância d dessa fonte em que o nível sonoro percebido seja de 80 dB. Resolução a) Primeiramente, determina-se a intensidade sonora da fonte emissora: m 2 P I 4 r = π 2 2 10 I 0,7958 W / m 4 1 = = π Logo, o nível sonoro é: 12 0 I 0,7958 N 10 log 10log I 10− = = N 119 dB= 94 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Esse valor encontra-se próximo ao limiar da dor. b) Utiliza-se o raciocínio inverso ao do item a: ' 4 2 12 I' 80 10 log I 10 W / m 10 − − = → = m 2 P I' 4 r = π Substituindo-se os valores: 4 2 10 10 4 d − = π d 89,2 m= Exemplo 2 O diagrama a seguir mostra um exame de audiometria de certa pessoa. Os valores anotados com círculos mostram o limiar mínimo de nível sonoro para cada valor de frequência a partir do qual a pessoa registra o som de uma fonte. As cores no exame diferenciam a orelha direita da esquerda. Determine se essa pessoa poderá ouvir um sinal sonoro de frequência 6 kHz e de intensidade 10–10 W/m2. dB 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 125 Hz 250 500 1000 2000 4000 3000 6000 12000 8000 Figura 48 – Exame de audiometria 95 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Resolução Considerando a intensidade sonora mínima 12 20I 10 W / m −= , o nível sonoro correspondente a essa intensidade é:10 12 0 I 10 N 10 log 10log 20 dB I 10 − − = = = Como o exame indica que a intensidade sonora mínima observada para 6000 Hz é aproximadamente de 55 dB a 65 dB, dependendo da orelha, conclui-se que 20 dB não serão percebidos pelo observador. Exemplo 3 Registra-se o nível sonoro de 100 dB no latido de um cão da raça rottweiler. Quantos cães dessa raça, latindo em uníssono, registrariam 120 dB? Considere Io = 10 –12 W/m2. Resolução Calculando a intensidade sonora do latido de um cão: 12 0 I I N 10 log 1 00 10log I 10− = = 2 2I 10 W / m−= Para o nível sonoro de 120 dB, a intensidade sonora I’ é: 12 I' 120 10 log 10− = ' 2 I 1 W / m= Logo o número n de cães será: ' 2 I 1 n 100 I 10− = = = Resposta: 100 cães. 96 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Exemplo 4 Em música, a unidade cent é usada para medir intervalos musicais correspondentes à percepção da audição humana. Como a orelha humana apresenta uma resposta logarítmica, a equação que relaciona cent (n) com a frequência de duas notas f1 e f2 é: 1 2 2 f n 1200 log f = A orelha humana muito sensível é capaz de perceber o valor mínimo de 4 cents. Considerando a frequência padrão de afinação de uma orquestra de 440 Hz, qual a menor frequência de batimento que um maestro com ouvido absoluto pode perceber? Resolução Substituindo na equação n = 4: 1 2 2 f 4 1200 log f = 1 2 2 1 f log 300 f = 1 300 2 440 2 f = 2f 438,985 Hz= f 1,015 Hz∆ = 6.2 Fontes de sons musicais A percepção que temos dos sons permite diferenciarmos dois sons de mesma frequência e mesma intensidade sonora, mas emitidos por fontes distintas. Por exemplo, sabemos diferenciar a nota lá (440 Hz) emitida por um violino ou por uma flauta. Tal qualidade fisiológica do som chama-se timbre, e o que distingue essas ondas é a forma da onda. Quando elogiamos um cantor que apresenta uma voz diferenciada, é ao timbre novamente que nos referimos. A capacidade humana de emitir sons perturbando o ar que passa nas cordas vocais abrange extensa faixa de frequência e de intensidade sonora máxima. O diagrama da figura a seguir apresenta: a região da fala, a região delimitada por frequências e níveis sonoros relativos à música, e a região da audição, limitada nas abscissas pelas frequências mínima e máxima e pelo nível sonoro (e respectiva intensidade sonora) e na parte superior pelo limiar da dor. 97 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS 120 100 80 60 40 20 0 1 10-2 10-4 10-6 10-8 10-10 10-12 N ív el so no ro (d B) In te ns id ad e so no ra (W /m 2 ) Limiar mínimo Fala Música Região da audição Limiar da dor 10 20 50 10 0 20 0 50 0 10 00 20 00 50 00 10 00 0 20 00 0 50 00 0 10 00 00 102 Frequência (Hz) Figura 49 – Diagrama de nível sonoro N (em dB) e intensidade sonora (em W/m2) versus frequência (em Hz), delimitando as regiões da fala, da música, da audição e os limiares A música é analisada aqui pelas fontes de sons musicais, cada qual produzindo uma vasta emissão de frequências, com diversos timbres, e utilizando-se das ondas estacionárias, estudadas antes. Quando se toca um violão, uma onda estacionária vibra no comprimento da corda (definido pelo músico ao pressionar a posição certa no braço), ou seja, emite-se a frequência desejada. Alguma parte da caixa do violão apresentará o tamanho certo para entrar em ressonância e o som ser produzido. Portanto, o formato da caixa do violão deve propiciar a possiblidade de entrar em ressonância para diferentes comprimentos de onda (ou frequências). A figura que se segue apresenta dois instrumentos acústicos de corda para ilustrar a afirmação. Esse mecanismo se repete para todos os instrumentos acústicos de corda. Em guitarras e contrabaixos elétricos, são captadores que se valem do eletromagnetismo para transformar a vibração mecânica da corda em sinal elétrico e, a partir deste, amplifica-se, distorce-se, ou seja, altera-se, a forma de onda para ela ser reproduzida num alto-falante. Ondas estacionárias também são provocadas nos instrumentos de percussão e nos de sopro, o que veremos em detalhes. 98 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III 60 Hz 240 Hz 72 Hz 378 Hz 95 Hz 338 Hz 109 Hz 352 Hz 128 Hz 426 Hz 175 Hz 478 Hz Figura 50 – Instrumentos de corda com caixa de ressonância Considere um tubo aberto nas duas extremidades em que uma onda sonora é estabelecida por uma perturbação no bocal do instrumento. Nas extremidades do tubo, formam-se duas regiões de menor pressão acústica. Para visualizarmos facilmente esse estudo, consideraremos as ondas longitudinais do som com representação de ondas transversais. Reforça-se aqui que se trata apenas de uma representação que se relaciona com a verdadeira forma longitudinal das ondas sonoras. A figura a seguir apresenta as ondas estacionárias, que chamaremos de harmônicos, para tubos abertos; a figura posterior, as ondas estacionárias (harmônicos) para tubos fechados. 99 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS L Fundamental ou 1º harmônico L v Lf f v 2L � � � � 2 2 1 1 L 2º harmônico L v L f f v L f f 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 L 3º harmônico L v L f f v L f f 3 2 2 3 3 2 3 3 3 3 1 n-ésimo harmônico n n 1 nv f 2L f nf = = Em que n = 1, 2, 3, 4, 5… Figura 51 – Tubo sonoro aberto nas duas extremidades, com representação das ondas estacionárias para o 1o, o 2o e o 3o harmônico e extrapolação para o n-ésimo harmônico Nos tubos sonoros abertos, as frequências possíveis das ondas estacionárias são múltiplas da frequência fundamental, e esta apresenta comprimento de onda igual ao dobro do comprimento do tubo. Numa situação prática de emissão de um simples assobio, tem-se um tubo aberto emitindo um som fundamental. Sendo constante a velocidade de propagação do som no ar, varia-se o comprimento da coluna de ar ao aproximar ou afastar a língua dos lábios, produzindo assim várias frequências, sempre no modo fundamental. Lembrete A relação entre frequência f e período T é: 1 f T = Logo: n n nv 2L f T 2L nv = → = 100 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Nos tubos com uma extremidade fechada, encontra-se uma região de máxima compressão e, na outra extremidade (aberta), a região de menor pressão. No interior do tubo, estabelece-se uma onda estacionária com um comprimento de onda tal que essas características de pressão mantêm-se constantes. L Fundamental ou 1º harmônico L v Lf f v 4L � � � � 4 4 1 1 L 3º harmônico L v L f f v L f f 3 4 4 3 3 4 3 3 3 3 1 L 5º harmônico L v L f f v L f f 5 4 4 5 5 4 5 5 5 5 1 n-ésimo harmônico 2n 1 (2n 1)v f 4L+ + = 2n 1 1f (2n 1)f+ = + Em que n = 1, 2, 3, 4, 5… Figura 52 – Tubo sonoro fechado em uma das extremidades, com representação das ondas estacionárias para o 1o, o 3o e o 5o harmônico e extrapolação para o n-ésimo harmônico Instrumentos musicais que utilizam tubos sonoros fechados, como a flauta de Pã (figura a seguir), são peças importantes em músicas folclóricas da Romênia, da Oceania e dos países andinos, e já eram populares entre os gregos e os etruscos desde o século VI a.C. Os tubos sonoros abertos, por sua vez, aparecem em vários instrumentos de sopro da atualidade e em órgãos de tubos (encontrados em grandes catedrais). Figura 53 – Flauta de Pã, com vários tubos sonoros fechados 101 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Exemplo 1 Um tubo sonoro, de comprimento L, fechado em uma das extremidades, ressoa numa frequência de 425 Hz. Seccionando-se 20 cm do tubo, ele passa a ressoar a 255 Hz. Considerando a velocidade do som no ar 340 m/s e que não há nenhuma ressonância para cortes no tubo menores que 20 cm, determine o comprimento original (L) do tubo. Resolução Para um tubo fechado de comprimento L, tem-se: 2n 1 1f (2n 1)f+ = + Para L – 0,2, a expressão é: 2(n 1) 1 1f (2(n 1) 1)f− + = − + Dividindo-se as duas expressões e substituindo-se as frequências: 425 (2n 1) n 2 255 (2n 1) + = → = − Portanto, para o comprimento L, tem-se o 5º harmônico (2 . 2 + 1 = 5) e a frequência 425 Hz: 5 5v 5.340 f 425 4L 4L = → = Portanto: L 1,0 m= 6.3 Batimentos O fenômeno de batimento caracteriza-se pela formação de uma onda a partir de interferências de ondas periódicas com frequências ligeiramente diferentes. Essas ondas, propagando-se juntas, irão em certo momento sofrer interferências parcialmente construtivas e, em outro momento, interferências parcialmente destrutivas. O som resultante é percebido por um ouvinte com uma frequência média entre as duas frequências emitidas. Nota-se ainda uma variação na intensidade do som resultante, oscilando numa frequência chamada de frequência de batimento, que é igual à diferença entre as duas frequências originais. Demostram-se essas relações a seguir. Considere dois sons emitidos com a mesma amplitude e com as frequências fA e fB, sendo fA > fB: A B A Bf f logo T T > < 102 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Suponha que, no instante inicial t = 0, as ondas se encontrem em fase. O próximo tempo em que as ondas estarão novamente em fase será t = TBAT, o período de batimento. Essa condição corresponde a um número n de períodos da onda A e (n-1) de períodos decorrentes na onda B: ( )BAT A BAT BT nT T n 1 T= = − Eliminando-se n das equações, resta: BAT A B 1 1 1 T T T = − Então: BAT A Bf f f= − Portanto, a frequência de batimento corresponde à diferença entre as duas frequências dos sons de origem. Para o estudo da amplitude resultante do fenômeno do batimento, considere as funções das mesmas ondas em questão: ( )A m A B m BS S cos 2 f t S S cos(2 f t)= π = π A BS S S= + ( ) ( )m A BS S (cos 2 f t cos 2 f t )= π + π Aplicando-se a identidade trigonométrica: ( ) 1 1cos 2cos ( )cos ( ) 2 2 α + β = α − β α + β Vem: A B A B A B BAT 1 1 S 2cos (2 )(f f )cos (2 )(f f )t 2 2 1 (f f ) S 2cos (2 )(f ) cos(2 ) t 2 2 = π − π + + = π π Verifica-se nessa última equação que o primeiro termo varia lentamente a frequência de batimento fBAT e está relacionado com a amplitude de deslocamento, e o segundo termo oscila com a frequência média. A sequência de imagens da figura a seguir ilustra a situação. 103 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Sinal da pulsação 1,0 rad/s Sinal da pulsação 1,1 rad/s Interferência (batimento) 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 0 0 0 10 10 10 20 20 20 30 30 30 40 40 40 50 50 50 60 60 60 70 70 70 80 80 80 90 90 90 Tempo Tempo Tempo Figura 54 – Diferentes formas de onda sonora de mesma frequência captadas por um microfone, caracterizando diferentes timbres de som Exemplo 1 Duas ondas sonoras se propagam num mesmo meio homogêneo segundo as funções (no SI): ( ) ( )3 31 2S 1 0 cos 6000 t S 1 0 cos 5000 t − −= π = π Determine: a) A frequência de batimento da onda resultante da interferência dessas ondas. b) A função da onda resultante. Resolução a) A frequência de batimento fBAT é definida por f1 – f2. Identifica-se na função: 1 12 f 6000 f 3000 Hz π = π = 2 22 f 5000 f 2500 Hz π = π = 104 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Logo: BAT 1 2f f f= − BATf 3000 2500 500 Hz= − = b) A função da onda resultante, de modo geral, é: A B BAT 1 (f f ) S 2cos (2 )(f ) cos(2 ) t 2 2 + = π π Portanto: S 2cos(500 )cos(5500 )t= π π 6.4 Efeito Doppler Quando existe um movimento relativo entre a fonte emissora das ondas e o observador delas, ocorre o fenômeno denominado efeito Doppler. Esse fenômeno foi descrito inicialmente, em 1842, pelo físico e matemático austríaco Christian Doppler, quando apresentou seu trabalho para a Royal Bohemian Society, na tentativa de explicar as cores das estrelas binárias. Em 1848, de modo independente, o físico francês Hippolyte Fizeau descobriu o mesmo efeito para ondas eletromagnéticas. Assim, o efeito também é conhecido como Doppler-Fizeau. As aplicações do efeito são verificadas em várias áreas da ciência, na determinação da velocidade de objetos com o uso de radares que emitem e captam as ondas de radiofrequência refletidas, ou ainda com a utilização de lasers e ultrassom, e em Astronomia determinando a velocidade de afastamento das estrelas. A figura que se segue ilustra o efeito Doppler na localização do golfinho. Orifício nasal Melão emite ondas Mandíbula transmite as ondas para a orelha interna Figura 55 – Sistema de sonar do golfinho Exemplificando o efeito: quando uma moto se aproxima de um observador (ouvinte, no caso) com a buzina acionada, percebe-se um som mais agudo na aproximação e mais grave no afastamento. 105 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS No entanto, para o motociclista, a onda sonora produzida pela buzina emitida apresenta uma só frequência. No efeito Doppler, há uma compressão das ondas que são percebidas pelo observador, diminuindo o comprimento de onda e aumentando a frequência observada em relação à frequência emitida. Quando a fonte sonora se afasta do observador, há um aumento dos comprimentos de onda observados e uma diminuição da frequência observada em relação à emitida. Percebe-se o mesmo efeito com a fonte sonora em repouso e o ouvinte em movimento, ou seja, havendo movimento relativo entre a fonte sonora e o observador, existirá o efeito Doppler. As equações que nos permitem relacionar a frequência emitida pela fonte sonora f e a frequência observada f’ estão associadas com as velocidades relativas entre fonte e som e observadore som. A relação geral pode ser escrita como: rel (som,obs) rel(som,fonte) v f’ f v = E pode ser aplicada em qualquer situação. Analisaremos alguns casos. Observação A velocidade escalar relativa de um móvel A em relação a um móvel B é vA – vB. Se B estiver se deslocando em sentido oposto (vB < 0), a velocidade relativa acabará sendo uma soma. Caso 1 Fonte (M), observador 1 (O1) e observador 2 (O2) estáticos: O1 λO1 λM λO2 O2 Figura 56 Nesse caso, temos λΜ = lO1 = lO2. Portanto, fM = fO1 = fO2 e não se verifica o efeito Doppler. 106 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Caso 2 Observadores (O1 e O2) parados e fonte sonora (M) em movimento. O1 λM λO2 λO1 O2vO1M Figura 57 Nesse caso, em relação à fonte M, as ondas sonoras encontram-se comprimidas para o observador O1 (lO1 > λM) e espaçadas para o observador O2 (lO2 < λM). Assim, dois casos ainda se distinguem: Fonte sonora se aproxima do observador: fonte v f’ f v v = − Fonte sonora se afasta do observador: fonte v f’ f v v = + 107 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Caso 3 Observadores (O1 e O2) em movimento e fonte sonora (M) estática. O1 λM λO2λO1 O2vO2 vO1 M V VV → → → → → Figura 58 Para o observador que se afasta da fonte sonora, a velocidade relativa será calculada como v – vo1: O1v vf’ f v − = Para o observador que se aproxima da fonte sonora: O1v vf’ f v + = Saiba mais O efeito Doppler associado a pulsos de ultrassom é utilizado para a obtenção de imagens da corrente sanguínea mesmo em pequenos fluxos. Havendo variação na velocidade do sangue, o aparelho poderá detectar e relatar numa imagem colorida. Leia mais em: CASTELLÓ, C. M. et al. Ultrassonografia Doppler colorido e Doppler espectral para o estudo de pequenos fluxos. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v. 11, n. 22, p. 2691-2713, 2015. Disponível em: <http://www.conhecer.org. br/enciclop/2015c/agrarias/Ultrassonografia%20doppler.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2017. 108 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Exemplo 1 Um estudante encontra-se parado na calçada, esperando o sinal abrir, quando ouve um som de frequência 1360 Hz da sirene de uma ambulância vindo em sua direção, com velocidade de 15 m/s. Se a ambulância parar em frente ao estudante, em qual frequência a sirene será percebida? Considere 340 m/s a velocidade do som no ar. Resolução O problema descreve um observador estático e uma fonte em movimento de aproximação. A incógnita é a frequência real emitida pela fonte. Logo; fonte v f ' f v v = − 340 1360 f 340 15 = − f 1300 Hz= Assim, na aproximação, o estudante percebe um som mais agudo (1360 Hz) que o original (1300 Hz). Exemplo 2 O som característico dos carros de Fórmula 1 ao longo da reta evidencia facilmente o efeito Doppler. Um microfone instalado em certo ponto da pista e ligado a um osciloscópio registra a frequência f1 quando um carro se aproxima e a frequência f2 quando ele se afasta. Conhecendo a velocidade do som no ar v = 340 m/s e a razão entre as frequências f1/f2 = 21/13, determine a velocidade do carro, em km/h. Figura 59 – Efeito Doppler 109 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Resolução Com o efeito Doppler, a frequência observada f’ difere da frequência original f devido ao movimento relativo fonte/observador com som. A relação geral que prevê as situações é: rel (som,obs) rel(som,fonte) v f’ f v = No caso, temos o observador estático e a fonte em movimento. Na aproximação: 1 fonte v f f v v = − fonte 1 v v f f v − = Quando a fonte sonora se afasta do observador, tem-se: 2 fonte v f f v v = + fonte 2 v v f f v + = Igualando-se as expressões: fonte fonte 1 2 v v v v f f v v − + = fonte1 2 fonte v vf f v v + = − Substituindo-se os valores: fonte fonte 340 v21 13 340 v + = − fonte fonte7140 21v 4420 13v− = + fontev 80 m / s 288 km / h = = 110 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III 6.5 Velocidades supersônicas, ondas de choque Analisando novamente o caso descrito para o efeito Doppler quando a fonte sonora se encontra em movimento: quando a velocidade da fonte sonora começa a se aproximar da velocidade do som característica do meio, as ondas comprimidas à frente da fonte formam uma barreira conhecida como barreira do som. Lembrando que as ondas longitudinais são formadas por regiões de rarefação e compressão do ar, temos uma região de acúmulo de pressões máximas constituindo a referida barreira. Na equação do cálculo da frequência, vista no item anterior, teremos no denominador a velocidade relativa tendendo a zero e, assim, a frequência observada apresentará um valor que tende ao infinito e a equação perderá sua utilidade. A situação é representada na figura que se segue: Sobreposição Cone de choque Frentes de onda Velocidade subsônica Velocidade supersônica Mach 1 Figura 60 – Fonte sonora com velocidade aproximando-se da velocidade do som; fonte sonora com a velocidade igual à do som (Mach 1); velocidade supersônica O preciso instante do rompimento da barreira do som é apresentado na figura a seguir: Figura 61 – Momento de rompimento da barreira do som No momento exato em que a velocidade da fonte se iguala à velocidade do som (vf = vsom), o rompimento ocasiona um estrondo (estrondo sônico), percebido por um observador que se encontra com velocidade abaixo da velocidade do som (ou em terra), e não pelo piloto do avião. 111 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Após ultrapassar a velocidade do som, o piloto ouve apenas o som das turbinas propagando-se pelos materiais do avião, e as ondas sonoras se propagam no ar como ondas circulares não concêntricas, formando um cone de choque (cone de Mach), pois reúnem-se frentes de onda com a compressão máxima nos limites desse cone. Essa onda de choque é capaz de quebrar vidraças se um avião ultrapassa a velocidade do som em pouca altitude. Um observador em terra, em local seguro (onde o cone já tenha dissipado energia), percebe visualmente a passagem do avião e, depois, a chegada de um som longo de baixa frequência. O ângulo θ central do cone de Mach é dado por: som fonte v sen v θ = A grandeza número de Mach é definida pela razão entre a velocidade da nave e a velocidade do som. Por exemplo, Mach 3 significa, fisicamente, que o objeto se encontra com o triplo da velocidade do som: som v n v = Resumo Vimos nesta unidade que ondas longitudinais propagando-se num meio com frequências entre 20 Hz e 20 kHz são percebidas como som. O som, entendido como compressões e rarefações do meio, propaga- se com uma velocidade que depende do meio. Para os fluidos, vale a relação a seguir, que apresenta o módulo de elasticidade volumétrico B e a massa específica do fluido: B v = ρ Para uma barra sólida, substitui-se Bpelo módulo de Young Y. Ondas longitudinais progressivas apresentam uma pressão máxima dada em função da amplitude de deslocamento sm e de demais grandezas já citadas: máx mp vs= ρω Do mesmo modo que as ondas transversais, as ondas longitudinais sofrem interferência, que poderá ser construtiva ou destrutiva, dependendo da diferença de fase entre elas. 112 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III O conceito de intensidade sonora I apresenta a potência transmitida por unidade de área A (em W/m2 no SI), sendo a potência média dada por: 2 2 média m 1 P Av s 2 = ρ ω A mínima intensidade percebida pela audição humana é I0 = 10 –12 W/m2. A grandeza mais adequada para a percepção sonora é o nível sonoro, que relaciona de forma logarítmica a intensidade sonora local com a intensidade sonora mínima: 0 I N 1 0 log I = Fontes sonoras musicais geralmente têm como base de seu funcionamento as ondas estacionárias. Na análise de tubos sonoros abertos nas duas extremidades, a frequência dos harmônicos é múltiplo inteiro da frequência fundamental: 1 v f 2L = ; para tubos sonoros com uma das extremidades fechada, os harmônicos serão números ímpares da frequência fundamental: 1 v f 4L = . Quando duas ondas longitudinais se propagam com pequena diferença entre suas frequências, surgem interferências parciais, e a onda resultante apresenta uma oscilação com frequência média entre as frequências originais e uma amplitude que oscila com uma função periódica de frequência igual à diferença entre as frequências originais, no fenômeno denominado batimento. O efeito Doppler, que no cotidiano é facilmente percebido e tem várias aplicações, ocorre quando existe movimento relativo entre a fonte sonora e o observador, o qual percebe uma frequência f’ diferente da frequência original f: rel (som,obs) rel(som,fonte) v f’ f v = Ultrapassada a velocidade do som, a relação anterior perde a validade e geram-se ondas de choque que se propagam no espaço formando um cone (cone de Mach), com ângulo central igual à razão entre as velocidades do som e da fonte. 113 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 OSCILAÇÕES E ONDAS Exercícios Questão 1. (Enade 2014) Sensores ultrassônicos são usados na medição de grandezas como distância e nível. Alguns desses sensores emitem um sinal na frequência de 40 kHz que, ao atingir um objeto, retorna; e, quando captado, permite calcular a distância do objeto ao sensor. Nesse contexto, avalie as afirmativas a seguir: I – O cálculo da distância pode ser obtido usando-se equações da mecânica clássica. II – Para evitar uma interferência entre o sinal enviado e sinais espúrios advindos de fontes eletromagnéticas, deve-se utilizar um filtro. III – No caso específico de um sensor ultrassônico, o cálculo da distância baseia-se na variação da velocidade e, dessa forma, no efeito Doppler. IV – Para uma leitura adequada do sinal desse sensor em um sistema de aquisição de dados, deve-se utilizar uma taxa de amostragem de no mínimo 80 kHz, a fim de evitar o efeito aliasing. É correto apenas o que se afirma em: A) I e IV. B) II e III. C) III e IV. D) I, II e III. E) I, II e IV. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: a afirmativa está correta porque a velocidade do som pode ser considerada constante e a distância pode ser calculada diretamente da fórmula c s t . II – Afirmativa incorreta. 114 FI S - Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 07 /2 01 7 Unidade III Justificativa: o ultrassom é uma onda mecânica, de natureza completamente diferente das ondas eletromagnéticas. Dessa forma, fontes eletromagnéticas não interferem diretamente no sensor (mas podem fazê-lo de outras formas – por exemplo, no circuito em que o sensor está ligado). III – Afirmativa incorreta. Justificativa: o cálculo da distância é feito diretamente da mecânica clássica. IV – Afirmativa correta. Justificativa: o teorema da amostragem impõe que a taxa de amostragem deve ser de pelo menos o dobro da banda do sinal. Dessa forma, supondo que o valor máximo de frequência contida no sinal seja de 40 kHz e, portanto, sua banda seja também de 40 kHz, sabemos que a frequência de amostragem deve ser de, no mínimo, 80 kHz. Questão 2. Um alto-falante está produzindo um som com frequência igual a 1.0 kHz e intensidade de 0,5 mW/m2 à distância de 10 m. Supondo-se que não existam reflexões e que o alto-falante emita igualmente em todas as direções, a potência transmitida pela onda e a intensidade sonora a 5 m são: A) Pm W e I W m m 4 4 105 3 2 B) Pm W e I W m m 5 3 22 10 C) Pm W e I W m m 2 4 105 3 2 D) Pm W e I W m m 2 2 105 3 2 E) Pm W e I W m m 1 1 105 3 2 Resolução desta questão na plataforma.
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