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CONTABILIDADE SOCIETÁRIA I 2018-2 Prof. Ricardo Welter Gaúcho professor.ricardo.welter@gmail.com Celular: (11) 99027-8448 O QUE É INVESTIMENTO? INVESTIMENTOS EXCESSOS DE DISPONIBILIDADES RECURSOS FINANCEIROS (DINHEIRO) QUE SÃO APLICADOS EM INSTRUMENTOS FINANCEIROS INSTRUMENTO FINANCEIRO: É qualquer contrato que dê origem a um ativo financeiro para a entidade e a um passivo financeiro ou instrumento patrimonial para outra entidade INVESTIMENTOS PRAZO (CP / LP / PERMANENTE) MERCADO: FINANCEIRO / CAPITAIS AS EMPRESAS INVESTIDORAS POSSUEM A FACULDADE DE CLASSIFICAR OS SEUS INVESTIMENTOS FINALIDADE ????? DISPONIBILIDADES – AC - (PRAZO INFERIOR A 90 DIAS) INVESTIM. TEMPORÁRIOS DE CP – AC – ATÉ 360 DIAS REALIZÁVEL A LP – AÑC - + DE 360 DIAS INVESTIMENTOS – AÑC – PERMANENTE (complemento das atividades econ.) ABORDAREMOS MAIS ADIANTE: INVESTIMENTO REPRESENTATIVOS EM CAPITAIS DE OUTRAS SOCIEDADES CONTROLADAS COLIGADAS CONTROLADAS EM CONJUNTO (JOINT VENTURES) PARTICIPAÇÕES EM OUTRAS SOCIEDADES QUE FAÇAM PARTE DO MESMO GRUPO PARTICIPAÇÕES EM OUTRAS SOCIEDADES MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS A)MÉTODO DO CUSTO B)MÉTODO DO VALOR JUSTO C) MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Conceito O Método do Custo (MC), também conhecido por Método do Custo de Aquisição ou do custo histórico, consiste em avaliar os componentes do patrimônio tendo como base os valores das transações que lhes deram origem. A Resolução CFC nº 750/1993, que dispõe sobre os Princípios de Contabilidade (PC), estabelece em seu art. 7º que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional, sendo admitida a revisão desse valor original ao longo do tempo. Desta forma, segundo esta resolução, os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa no momento em que são adquiridos, fabricados ou construídos e os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca de obrigação, ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalente de caixa, os quais serão necessários para liquidar esses passivos no curso normal das operações. Importante não esquecer que: em se tratando de bem adquirido, o custo de aquisição, dependendo da natureza desse bem, poderá englobar não só o valor pago ao antigo proprietário (fornecedor), como também os gastos incorridos com tributos não recuperáveis, fretes, corretagens, armazenagens etc. Exemplo: Compra de uma máquina para a fábrica Valor da Máquina conforme NF do fornecedor R$ 150.000,00 Valor do Frete para transporte da máquina R$ 15.000,00 Valor do Guindaste para descarga da máquina R$ 5.000,00 Valor dos gastos para instalação da máquina R$ 35.000,00 Valor dos gastos com treinamento para uso da máquina R$ 5.000,00 TOTAL DOS GASTOS PARA AQUISIÇÃO DA MÁQUINA R$ 210.000,00 Mecanismo de avaliação de investimento pelo Método de Custo Em primeiro lugar, devemos ter em mente que os investimentos devem ser avaliados no momento em que ingressam no patrimônio e, posteriormente, por ocasião da apuração dos resultados e elaboração das demonstrações contábeis. Mensuração inicial Aplicando-se o Método do Custo, quando um investimento ingressa no patrimônio, ele deve ser contabilizado pelo respectivo valor de entrada, isto é, pelo custo de aquisição constante do documento que comprova o ingresso do respectivo investimento, acrescido dos demais encargos com a transação (custos de transação), como corretagens, emolumentos, tributos, etc. Exemplo prático: Vamos assumir que em 15 de maio de X1, a sociedade A tenha adquirido um lote de ações representativas de parte do capital da sociedade B, tendo pago a importância de R$ 3.000,00. Vamos assumir, também, que a sociedade investidora tenha incorrido em gastos com a transação (corretagens e emolumentos) no montante de R$ 200,00. Considerando que a sociedade A tenha a intenção de manter esse investimento com caráter permanente, classificando-o no subgrupo Investimentos do Ativo Não Circulante, veja como contabilizar este fato: Ações da Sociedade B (Investimentos - AñC) a Caixa (AC) Pela aquisição de um lote de ações etc....... R$ 3.200,00 Mensuração Posterior No final do exercício social, por ocasião da apuração do resultado e elaboração das demonstrações contábeis, esse investimento será avaliado com base na regra “custo ou valor de realização, dos dois o menor”, contida no inciso III do artigo 183 da Lei nº 6.404/1976. Esse dispositivo legal estabelece que os investimentos serão avaliados pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor quando essa perda estiver comprovada como permanente e que não será modificada em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas. Situação 1 – custo menor que o valor de realização Vamos assumir que esses títulos não sejam cotados no mercado de capitais. Vamos assumir, também, que em 31/12/X1, após estudos realizados, a sociedade A (investidora) tenha concluído que o lote de ações adquirido da sociedade B tem como valor provável de realização a importância de R$ 4.500,00. Sendo o custo de aquisição menor que o valor provável de realização, a sociedade A (investidora) apresentará, no seu Balanço de 31/12/X1, esse lote de ações pelo custo, ou seja, por R$ 3.200,00. Neste caso, não cabe ajuste algum nos registros contábeis. Situação 2 – valor provável de realização menor que o custo Vamos assumir, agora, que em 31/12/X2 o valor de realização do lote de ações da sociedade B, após estudos realizados pela investidora (sociedade A), seja igual a R$ 2.000,00. Neste caso, o investimento deverá figurar no Balanço pelo valor provável de realização. Caberá, então, ajuste contábil. Esse ajuste é feito mediante o reconhecimento da perda com débito em conta de despesa e, em contrapartida, crédito em conta redutora da conta que registra o respectivo investimento. A contabilização será como segue: Resultado do Exercício a Perdas Prováveis na realização de Investimentos (AñC) Pelo reconhecimento de perdas tendo em vista estudos etc..R$ 3.200,00 Observações: Com o débito na conta “Resultado do Exercício”, a perda ficou devidamente reconhecida no exercício em que foi constatada (Princípio da Competência). Com o crédito na conta “Perdas Prováveis na Realização de Investimentos”, que é redutora da conta que registra o investimento, este figurará no Balanço pelo respectivo valor de realização. Vejamos, finalmente, como a conta representativa do investimento figurará no Balanço da sociedade A (investidora), em 31/12/X2: ATIVO NÃO CIRCULANTE INVESTIMENTOS AVALIADOS PELO MÉTODO DO CUSTO Ações da Sociedade B............................................................R$ 3.200,00 (-) Perdas Prováveis na Realização de Investimentos ............R$(1.200,00) Saldo .....................................................................................R$ 2.000,00 Nos períodos seguintes, caso o valor de realização do investimento volte a superar o custo de aquisição, o valor provisionado deverá ser revertido para a receita e o investimento figurará no Balanço pelo respectivo custo. Agora que já entendemos o mecanismo que envolve a avaliação de investimentos pelo Método do Custo de Aquisição, resta saber quais são os investimentos que estão sujeitos a avaliação por esse método, bem como o que significa valor de realização e valor de mercado de investimento. Esses assuntos trataremos nas próximas aulas. Aspectos Legais Tendo em vista que o nosso propósito na presente disciplina é estudar somente as técnicas de mensuraçãodos investimentos em instrumentos financeiros ativos, destacamos, a seguir, o disposto na alínea “b” do inciso I e nos incisos III e IV do artigo 183 da Lei nº 6.404/1976: Critérios de Avaliação do Ativo Art.183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: I – as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo: ... b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos de títulos de crédito; ... III – os investimentos em participações no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão de recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas; IV – os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior; Nota importante: Faz-se necessário esclarecer que, com a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade IFRS, que entraram em vigor no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2008, o termo “Provisão” passou a ser utilizado na terminologia contábil de maneira restrita. Conforme a NBC TG 25, esse termo somente deve ser empregado na intitulação de contas representativas de passivos com prazo e valores incertos. Contudo, ele continua sendo empregado com as mesmas finalidades de antes, nos textos das legislações comercial, societária, trabalhista, previdenciária e tributária brasileiras. Diante disso, para adequar a terminologia contábil aos padrões internacionais, a partir daqui, para fins contábeis, interpretaremos as provisões mencionadas no artigo 183 da Lei 6.404/1976 como correspondendo ao reconhecimento de perdas e utilizaremos em contrapartida das contas representativas dessas perdas contas intituladas como “Perdas Estimadas para Redução ao Valor Realizável”, “Perdas Prováveis na Realização de Investimentos” e outras. Investimentos sujeitos a avaliação pelo Método do Custo Segundo disciplina contida na Lei nº 6.404/1976, estão sujeitos à avaliação pelo Método do Custo de Aquisição, todos os investimentos classificados no Ativo Circulante e nos subgrupos Ativo Realizável a Longo Prazo e Investimentos do Ativo Não Circulante, exceto aqueles sujeitos aos seguintes métodos: Método do Valor Justo, e, Método da Equivalência Patrimonial. Observe no texto do artigo 183 transcrito anteriormente que: O inciso I refere-se a aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de crédito, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo. O inciso III, refere-se a investimentos (permanentes) em participação no capital de outras sociedades; e O inciso IV refere-se a outros investimentos como obras de arte, propriedades para investimentos etc. Observe, ainda, que nos três incisos apresentados consta a exigência do reconhecimento de perdas para ajustar o valor do investimento quando este for inferior ao valor provável de realização ou ao valor de mercado. Contudo, para os investimentos em títulos representativos do capital de outras sociedades, classificados no Ativo Não Circulante, subgrupo Investimentos, (desde que não sejam em coligadas, controladas ou em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum) somente será permitido o reconhecimento de perda quando for possível provar que a perda é permanente e que o valor do investimento não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas. Finalmente, é importante destacar que o inciso I do mencionado dispositivo legal segrega os investimentos nele tratados em dois grupos: na alínea “a”, que não transcrevemos anteriormente, o dispositivo trata das aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para a venda, as quais serão avaliadas pelo Método do Valor Justo; na alínea “b”, o dispositivo tratadas demais aplicações e os direitos e títulos de crédito, que devem ser avaliados pelo valor do custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior. Valor de realização e valor de mercado A Lei nº 6.404/1976 apresenta os conceitos de valor de realização e de valor de mercado para os investimentos e instrumentos financeiros, no §1º do artigo183, como segue: § 1º Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se valor justo: ... c) dos investimentos, o valor liquido pelo qual possam ser alienados a terceiros. d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não compulsória realizada entre as partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro: 1) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares. 2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou 3) o valor obtido por meio de modelos matemático-estatístico de precificação de instrumentos financeiros. Este dispositivo legal, antes do advento das Leis nº 11.638/2007 e 11.941/2009, referia-se a valor de mercado; agora, após alterações introduzidas pelas citadas Leis, refere-se a valor justo. Por não ser necessário incluir detalhes das técnicas contábeis no texto da Lei, o legislador delegou competência para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ao incluir nos §§ 3º e 5º do artigo 177, a obrigatoriedade do cumprimento, por parte das sociedades por ações, das normas expedidas pela CVM.