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Perfil de Liderança em Curso Militar

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PERFIL DE LIDERANÇA DOS ALUNOS DO CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS NA ORGANIZAÇÃO MILITAR DE FRANCISCO BELTRÃO 
XXXXXX, Xxxxxx[1: Graduação em ............................., Especialização em ..............................................................pela Instituição ............................................................... E-mail do autor:.... Orientador: ..... ]
RESUMO: Este estudo tem como objetivo relatar o perfil de liderança dos alunos do curso de formação de Oficiais na organização militar devido a importância e necessidade existente nas corporações militares de líderes habilitados para o exercício do comando, para lidarem e motivarem seus subordinados nas atividades e missões cotidianas. Considerando-se que o líder atua com diferentes tipos de pessoas e em todos os níveis da organização, bem como em diversas situações, desenvolvendo e motivando o grupo, como também, monitora e avalia o desempenho individual que, quando é eficiente e eficaz recompensa-os. Disso esta a importância da formação profissional militar, que deve ir além do treinamento, preparando-os intelectualmente para o exercício das funções com humanidade e consciente do seu papel para o bem da sociedade, bem como à realização pessoal e profissional dos líderes e subordinados. Com o estudo verificou-se que os estilos transformacional e democrático são predominantes, pois a influência que o líder exerce em seus subordinados está diretamente relacionado ao estilo de liderar e, disso, depende os resultados das ações no exercício das funções dos policiais, ou seja, eficiente e eficaz se a liderança assim almejar e motivar seus subordinados para obter resultados positivos e significativos condizentes com os objetivos da corporação.
Palavras-chave: Líder. Corporação. Formação. 
1. Introdução
O ser humano sempre depende da convivência para mediar às ações cotidianas, significando que é importante o contato social e a vida em sociedade, isso porque o dia a dia é demarcado pela vivência em grupo, por isso, o tempo todo está se relacionando com outras pessoas. A aprendizagem se dá por meio da comunicação ou interação com outros seres humanos. Assim sendo, todos os movimentos e interações sociais corroboram para que o indivíduo viva num processo grupal, constituída pela ação mútua entre as pessoas. Ou seja, o ser humano é gregário, e ele só existe, ou subsiste, em função de seus relacionamentos nos grupos. 
Este estudo tem como objetivo relatar o perfil de liderança dos alunos do curso de formação de Oficiais na organização militar devido à importância e necessidade existente nas corporações militares de líderes habilitados para o exercício do comando, para lidarem e motivarem seus subordinados nas atividades e missões cotidianas. Haja vista que a liderança desempenha importante papel nas relações humanas e a capacidade de liderar está associada ao sucesso ou ao fracasso da equipe, assim sendo, as características de um líder são diversas, e compete ao mesmo o conhecimento amplo do que o grupo necessita para liderar de forma adequada e condizente com as missões cotidianas.
Isso porque, como se sabe o líder atua com diferentes tipos de pessoas e em todos os níveis da organização, bem como em diversas situações, por isso deve proporcionar o desenvolvimento individual e profissional, motivando seus subordinados, como também, monitorando e avaliando o desempenho individual e da equipe, e com senso de justiça, recompensa-os quando as ações forem eficiente e eficaz, ao mesmo tempo que pune o transgressor. 
Disso está a importância da formação profissional militar, que deve ir além do treinamento, preparando-os intelectualmente para o exercício das funções com humanidade e consciente do seu papel para o bem da sociedade, bem como à realização pessoal e profissional dos líderes e subordinados. Salienta-se que o perfil dos líderes são fundamental para a eficiência e resultados positivos da corporação.
Com o estudo verificou-se que o estilo democrático e de chefia persuasiva são predominantes, pois a influência que o líder exerce em seus subordinados está diretamente relacionado ao estilo de liderar e, disso, depende os resultados das ações no exercício das funções dos policiais, ou seja, eficiente se a liderança assim almejar e motivar seus subordinados para obter resultados positivos e significativos condizentes com os objetivos da corporação.
Espera-se contribuir significativamente na construção de conhecimentos, bem como na ampliação desta temática no cotidiano, haja vista o fato de atuar na corporação militar e, com isso, sentir a necessidade de aprofundar os conhecimentos dentro da temática liderança.
3. A Liderança nas Organizações
	Na atualidade o mundo dos negócios, a produção de bens e serviços não pode ser desenvolvida por pessoas que trabalham isolada e individualmente. Pois quanto mais industrializada a sociedade mais depende de organizações para atender às suas necessidades e aspirações. Segundo Chiavenato (2009)
[...] as organizações provocam um tremendo e duradouro impacto sobre as vidas e sobre a qualidade de vida das pessoas. A razão é bem simples: as pessoas nascem, crescem, vivem, são educadas, trabalham e se divertem dentro de organizações. Sejam quais forem os seus objetivos – lucrativos, educacionais, religiosos, políticos, sociais, filantrópicos, econômico, etc. –, as organizações envolvem tentacularmente as pessoas, que se tornam mais e mais dependentes da atividade organizacional (CHIAVENATO, 2009, p. 2). 
É nesse sentido que as organizações são importantes na economia da sociedade, pois é por meio delas que há o desenvolvimento e crescimento industrial, haja vista que as organizações são constituídas por pessoas e dependem delas para realizar os objetivos organizacionais e as pessoas, por sua vez, dependem das organizações para alcançarem seus objetivos pessoais, profissionais, entre outros.
Do ponto de vista das organizações, liderança é uma característica vital, porque ela exerce poderosa influência sobre o indivíduo ou grupo, o que por sua vez influencia no clima da empresa, tornando-o mais ou menos favorável, o que implica na produtividade e lucratividade desta, como cita Chiavenato (2001) a liderança necessária em todos os tipos de organização humana, em cada um de seus departamentos, ou seja, essencial em todas as funções da administração, pois, o administrador precisa conhecer a natureza humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar. Para Wachowicz (2011, p. 208) “Líder é a pessoa em que os demais confiam e se sentem bem com suas palavras e ações”. Para a autora “Liderança não estão relacionada somente ao cargo, mas está muito mais vinculada à cooperação das outras pessoas do setor”. 
	Spector (2002, p. 336) define que “o estilo de liderança é o conjunto de comportamentos que representam um enfoque na forma de lidar com os subordinados”, dessa forma citam-se os tipos de liderança, que segundo Wachowicz (2011, p. 208-9) são:
O líder autocrático ou ‘mandão’, centralizador e controlador dos processos, da execução, das pessoas. Dificilmente consegue delegar ou dividir o que acaba tornando-o sobrecarregado de tarefas e responsabilidades.
O líder democrático ou participativo que faz o perfil mais mediador, conciliador, aquele que busca dialogar com os outros e decidir em conjunto para que todos assumam tarefas e responsabilidades de forma mais igualitária.
Para Wachowicz (2011, p. 208) “Liderança é a capacidade que alguma pessoa tem de influenciar o grupo onde trabalham e juntos buscar alcançar os objetivos do setor, da equipe/grupo/time”.
	De acordo com Chiavenato (2001, p. 149), “estilo de liderança é o padrão recorrente de comportamento exibido pelo líder”. No mesmo quesito, o Estado Maior do Exército Brasileiro (EMEB), define o estilo de liderança como a forma que o líder estabelece a direção, aperfeiçoa planos e ordens, motivando seus subordinados para cumprirem a missão a que foram delegadas. 
	Quanto aos estilos de liderança autocrático e democráticoKouzes e Posner (2007) citam que a liderança autocrática é também, conhecida como autoritária ou voltada para as tarefas. A principal característica é de que o líder toma as decisões e impõe as ordens aos subordinados sem explicações ou justificativas. E a democrática, também conhecida como participativa é voltada para as pessoas, em que o trabalho é apresentado aos subordinados e debatido com os mesmos, os quais apontam sugestões e, com isso, conduz a sentimento de participação e satisfação, bem como o envolvimento pessoal, entre outras. 
	Assim sendo, não há um perfil ideal de líder ou de liderança, pois há que se considerar que o líder eficaz sabe quando deve ser democrático ou autocrático, ou seja, deve utilizar os estilos de acordo com a situação, com as pessoas e com as tarefas a serem executadas, disso está à importância de o líder conhecer as pessoas que fazem parte de sua equipe, para que possa liderar adequadamente e agilizar as atividades a que compete. Porém, o principal problema da liderança é saber quando aplicar cada estilo, com quem e em qual circunstancia e tarefas realizadas.
	Independente do conceito ou da classificação adotada é certo que a liderança influencia diretamente em uma organização e esta influência se dá de acordo com o estilo de liderança existente. Ressalta-se que estilo de liderança é o padrão de comportamento relativamente consistente que caracteriza um líder, no entanto, um líder pode adotar vários estilos de liderança em sua trajetória profissional, ou seja, de acordo com o que as situações do momento exigem, podendo ser democrático ou autoritário, assim como as mudanças advindas de sua personalidade.
	Há duas espécies que especificam os tipos de chefia e/ou líder, a autoritária e a persuasiva. A autoritária tem por base o despotismo arbitrário, utiliza a autoridade. “Isso discutível no sistema estruturado, posiciona-se acima, inclusive, do próprio direito, admite o emprego da força como forma de persuasão” (PARANÁ, 1998, p. 8). Essa espécie de chefia impõe a força acima do direito e as normas são estruturadas a partir disso.
	As características do chefe autoritário são de centralizador, não há confiança nos subordinados, não delega poderes, as decisões são tomadas pelo chefe, sem a admissão de sugestões e, ao delegar ordens não há a preocupação de ser compreendido. Exige o cumprimento de suas ordens e aguarda os resultados que devem ser de seu agrado, não é tolerante, não usa o senso de justiça ao punir, e não releva as razoes dos seus subordinados.
	Como consequência do sistema autoritário, pode-se citar a apatia, ansiedade e o medo. A apatia é uma das reações dos subordinados, pois a apatia é marcada por um estado de insensibilidade ou indiferença diante dos fatos ocorridos, fazendo com que os subordinados não se preocupem diante dos problemas, deixando de agir em determinadas situações devido à chefia autoritária.
	Também pode ocorrer a agressividade como consequência da chefia autoritária, em que os subordinados quando submetidos a este tipo de regime, sentem-se limitados, gerando certa vingança quando possível diante das frustrações, desejos incutidos e limitações. Como também, a ansiedade pode resultar do sistema autoritário, por tratar-se de um estado traduzido pela insegurança, que provem do medo e da incerteza nas ações cotidianas, devido à pressão exercida pelo chefe.
	O medo é um sentimento de inquietação, surgindo nas situações de perigo, tanto real quanto imaginário, de uma ameaça, susto ou temor. Sendo provocado pelo sistema de chefia autoritária, em que, muitas vezes, leva os subordinados a situações de desespero.
Qualquer grupo de pessoas que estiver submetido a uma chefia apenas autoritária estará em desequilíbrio constante. Nele existirá a insatisfação pessoal, aparecerá a figura dos aduladores, que nada farão a não ser agradar o chefe. A produção sofrerá uma queda e poderá, até mesmo, aparecer a sabotagem aos trabalhos realizados ou em realização, ao menor descuido do chefe. Os subordinados também tenderão a culpa-lo pela sua ineficiência. (PARANÁ, 1998, p. 9).
 
	As chefia persuasiva baseia-se no convencimento, na indução, o chefe persuasivo tenta, por meio de razões lógicas, emocionais e afetivas, entre outras, motivar seus subordinados nas ações, com respeito à dignidade humana. Para o chefe persuasivo “todo homem é merecedor de respeito, pela as simples condição de ser humano, levando em conta as diferenças entre os indivíduos sob os pontos de vista físico, intelectual e moral” (PARANÁ, 1998, p. 10). Isso significa que ao distribuir as ações o líder persuasivo escolhe o subordinado que melhor se adequa a missão a ser realizada. Para isso, considera as características físicas, intelectuais e morais do subordinado. 
	As características do chefe persuasivo se destaca ao fato de que antes de tomar uma decisão ele procura questionar os subordinados a respeito, tendo o cuidado de aperfeiçoamento e treinamento da corporação, para que todos tenham condições de realizar as tarefas, por meio de uma administração baseada na instrução prática, segura e atual.
	Também é característica de um chefe persuasivo dar apoio as iniciativas individuais, quando realizada de forma acertada, aceitando as boas sugestões que visem a melhoria do sistema e das condições de trabalho da corporação. No entanto, é importante que o líder saiba punir e recompensar, para que seja justo com todos. Pois “Não se deve tratar com igualdade os desiguais” (PARANÁ, 1998, p. 11). Isso porque, ao deixar de punir o transgressor da disciplina o chefe estará sendo injusto com os que não a transgrida. 
Quando se trata bem o mau indivíduo, está-se rebaixando o bom indivíduo à altura do mau. O chefe justo recompensa o subordinado que merece, mas não deixa de punir aquele que também o faz por merecer. Outra observação importante, a punição deve ser justa. Não deve ser nem maior nem menor do que a transgressão. (PARANÁ, 1998, p. 11).
	Dessa forma, as reações que o chefe persuasivo promove aos subordinados são a confiança, a lealdade, a iniciativa, entre outras, pois o chefe persuasivo se torna merecedor da confiança dos subordinados e proporciona autoconfiança, fazendo-os sentirem-se capazes de resolver suas tarefas. Promove a lealdade uma vez que é leal a seus subordinados, e quando o subordinado é motivado realiza suas tarefas com satisfação e, quando bem instruído e seguro do que faz, sabem tomar decisões com iniciativas acertadas.
	Os traços características da corporação que indicam segurança do êxito ou fracasso do chefe, segundo Paraná (1998, p.12-13) é a disciplina, o moral, o espírito de corpo e o grau de eficiência.
	A disciplina militar é o estado de ordem e obediência que existem na corporação. Implica na subordinação da vontade do indivíduo em benefício do conjunto. É o prolongamento e a aplicação, ao caso particular, da disciplina existente em qualquer sociedade organizada. A verdadeira disciplina exige obediência constante e consciente, capaz de, preservando a iniciativa, funcionar sem os tropeços, mesmo na ausência do chefe. É implantada na unidade através da instrução e da aplicação judiciosa das punições e recompensas, pela confiança e senso de responsabilidade que se deve despertar em cada indivíduo, pelo cumprimento fiel dos deveres e obrigações. 
	Moral é o estado mental e emocional do indivíduo, sua importância não deve ser submetida porque contribui para a eficiência da corporação, como indícios de moral elevado são: o zelo ou o esforço voluntário dispensado às tarefas da corporação; o sentimento de valor pessoal consequente da confiança depositada ao chefe nas atividades cotidianas e o prazer ou orgulho do subordinado resultante do cumprimento das tarefas a estes atribuídas. 
	Espírito de corpo se refere ao estado mental e emocional da corporação. Decorre das reações mútuas da corporação e das circunstâncias que se encontra o grupo. Quando é elevado, as realizações do grupo sobrepõem as individuais. As ações do passado e presente da corporaçãoconstituem força poderosa para elevar o espírito de corpo, a unidade possuidora em alto grau cumpre as missões, a despeito dos obstáculos que parecem intransponíveis, ele aumenta à medida que aumenta a amizade entre chefe e subordinados, decaindo em caso contrário. 
	Eficiência é a capacidade de realizar as missões estabelecidas com êxito, em curto prazo e com o mínimo dispêndio dos meios e da melhor maneira possível. Obtêm-se por meio da instrução segura e de uma chefia capacitada, aumenta com boa disciplina, moral elevado e espírito de corpo. 
Para que o líder possa exercer sua função dentro da organização, bem como a equipe, é necessário que o ambiente de trabalho seja propício, ou seja, que tudo funcione e esteja organizado de forma que todos possam agir sem interromper o trabalho do outro, ou então, não encontrar o material necessário para suas ações, o desenvolvimento eficiente e eficaz de uma atividade exige bons hábitos e capacidade de organização, para Rocha e Freiberger (2011) o rendimento do trabalho depende do planejamento, de estabelecer prioridades. Contudo, há também as questões de relações que também influenciam no ambiente de trabalho. 
Conviver em comunidade, grupos, equipes, família, times [...] requer das pessoas participantes uma grande habilidade para enfrentar a frustração, medo, superação de conflitos, ter como objetivo maior a busca contínua pela melhoria e sinergia nas relações interpessoais: desenvolver e estabelecer a arte da boa convivência (WACHOWICZ, 2011, p. 164). 
	Com um ambiente organizado e boa relação de convivência entre a equipe o trabalho terá melhores resultados, e isso independe das ações do líder, mas sim de todo o grupo, das ações de cada um para que todos se sintam bem naquele espaço, e juntos possam produzir e sentir a gratificação do objetivo realizado. O trabalho em equipe subtende-se trabalhar em um grupo, seja ele de qualquer representatividade, levando-se em conta que grupo é a junção de várias pessoas. 
A eficiência é entendida pela virtude na qual se produz um efeito, o que é de suma importância para uma equipe, já a eficácia é a produção desse efeito desejado. Segundo Chiavenato (1994) a eficiência é o meio onde se baseiam os procedimentos a serem alcançados, métodos, rotinas com a intenção de alcançar algo objetivado. Desta maneira o desencadeamento de um bom desempenho, método e procedimento possibilitam uma melhor eficiência, aumentando consequentemente a mesma. 
A eficácia é o resultado da elaboração da eficiência, dependendo do alcance dos objetivos e do resultado do trabalho final. Tanto a eficiência quanto a eficácia não necessitam andar juntas numa determinada situação, podem não ter vinculação uma da outra num determinado seguimento de uma empresa. O interessante seria a coadunação de ambas, numa junção de suas características, sendo uma equipe tanto eficiente quanto eficaz.
Em qualquer relação intrafuncional de um determinado seguimento sempre haverá um dinamismo para o desempenho das funções. Isso também depende muito do comando da equipe, da função da liderança e da característica da organização.
Sobre o assunto Parker (1995) aduz que, a interação grupal merece muita consideração para o sucesso da equipe. Mas, à medida que as novas organizações forem criando mais estruturas horizontais de equipe, essas dinâmicas necessita mudar. 
O líder terá que ser mais maleável e os membros mais adaptáveis, tendo em vista a contribuição e a inserção de pessoas de diferentes funções e cultura de seus membros, o que pode tornar a equipe mais competitiva. As equipes precisam ser mais rápidas no estabelecimento da confiança, e ter uma comunicação aberta na resolução de conflitos.
Pode-se concluir que, cada membro de equipe adquire as habilidades inerentes às funções de outros membros da equipe e, com isso está capacitado a apoiar os demais, detectar erros no trabalho e participar mais eficazmente da solução de problemas relativos a questões técnicas complexas. 
3.1 Liderança militar 
A definição de liderança militar para o Exército Brasileiro (EB) é a capacidade de influenciar o comportamento humano e conduzir pessoas ao cumprimento do dever. Na atualidade constata-se a preocupação com um compromisso mais amplo, por meio de aperfeiçoamento contínuo da corporação, além dos limites rotineiros da missão (CASTRO, 2009). 
As organizações especificamente militares têm por base duas colunas mestras, que são a hierarquia e a disciplina, as quais são princípios filosóficos e ideológicos, de inquestionável valor, protegidos por legislação e regulamentação. Segundo especificações do Curso de Formação de Sargentos PM (PARANÁ, 1998, p. 5), “o objetivo da chefia militar é fazer da Polícia Militar uma organização capaz de cumprir fielmente qualquer missão e em condições de agir convenientemente, mesmo na ausência de ordens”. Nesse sentido o líder que aplica acertadamente os princípios de chefia consegue transformar a unidade em um organismo eficiente, disciplinado, elevado moral e alto espírito de corpo. 
Como princípios de chefia pode-se citar que envolve o conhecimento da profissão, aperfeiçoamento, integração, entre outros necessários ao bom desenvolvimento das atividades da corporação.
[...] conhecer sua profissão, conhecer a si próprio e procurar aperfeiçoar-se conhecer seus homens e integrar-se pelo bem estar, manter seus homens bem informados, dar o exemplo, verificar se a ordem foi bem compreendida, fiscalizada e executada, treinar seus homens como uma equipe, decidir com acerto e oportunidade, ter amor a responsabilidade e desenvolver esse sentimento entre os subordinados, empregar a tropa de acordo com suas possibilidade, assumir a responsabilidade de seus atos. (PARANÁ, 1998, p. 7).
Segundo Videira (2002) existem conceitos importantes sobre a liderança para o meio militar, que assim são especificados:
Chefia Militar (Chefe Militar) - Exercício profissional de um cargo militar, consubstanciando o comando (autoridade legal), a administração (gestão de coisas e pessoas) e a liderança (condução de seres humanos). 
Comando (Comandante) - Componente da chefia militar que traduz, em essência, a autoridade da qual o militar está investido legalmente no exercício de um cargo. 
Administração (Administrador) - Componente da chefia militar que traduz, em essência, as ações que o militar executa para gerir pessoal, material, patrimônio e finanças, inerentes ao exercício do cargo que ocupar. 
Liderança (Líder) - Componente da chefia militar que diz respeito ao domínio afetivo do comportamento dos subordinados compreendendo todos os aspectos relacionados com valores, atitudes, interesses e emoções que permitem ao militar, no exercício de um cargo, conduzir seus liderados ao cumprimento das missões e à conquista dos objetivos determinados. (VIDEIRA, 2002, p.9). 
Cabe considerar que esses conceitos tem origem em estudos e manuais direcionados para o Exército Brasileiro. Porém, cabe salientar que a Polícia Militar é uma Força Auxiliar e reserva do Exército Brasileiro, integrante do Sistema de Segurança Pública e Defesa Social do Brasil. 
A maneira como é exercida a chefia mostra sua qualidade, pois está diretamente ligada às qualidades do chefe. As qualidades, por sua vez, são os atributos humanos de suma importância para um chefe, haja vista que estes facilitam a aplicação dos princípios de chefia auxiliando na aquisição da confiança, respeito e da cooperação dos subordinados (PARANÁ, 1998).
O comandante é responsável por tudo eu sua unidade faz ou deixa de fazer. O chefe reconhece e assume essa responsabilidade em todas as ocasiões, qualquer tentativa para fugir a ela desfaz os laços de lealdade e respeito que devem existir entre o comandante e os seus subordinados. (PARANÁ, 1998, p. 21).
A liderança militar pode ser dimensionada em três níveis importantes para lidar com a crescente complexidade à medida que os níveis atingem seus pontos mais elevados (VIDEIRA, 2002). Os três níveis são especificados a seguir:
A liderançadireta ou de primeira linha se refere no estio em que a comunicação entre subordinados e líder ocorre face a face. Aplicada aos grupos de combate, seções, pelotões e companhias. Nesse tipo de liderança, o contato é mantido constantemente e diretamente entre o líder e seus subordinados. 
Na liderança organizacional é de forma indireta, ou seja, por meio da cadeia de comando. Realizada nos escalões brigada e superiores, em que a influência dos comandantes é mais ampla quando operam por intermédio de seus estados-maiores, por ser praticamente impossível conhecer pessoalmente e falar com todos os integrantes das unidades. 
A liderança estratégica realiza-se nos mais altos níveis, tanto no contexto institucional do Estado quanto em contextos operacionais. É de fundamental importância que o líder tenha visão do futuro, para traçar metas estratégicas. 
Segundo Videira (2002, p. 30) o Estado Maior do Exército Brasileiro (EMEB) expõe que é possível estruturar o perfil do líder militar de acordo com três pilares, que são: o caráter, a competência profissional e a maneira como ambos se manifestam pelo comportamento, ou seja, o que o líder deve ser, o que o líder deve saber e o que o líder deve fazer, respectivamente. 
Nesse sentido é importante à formação acadêmica e profissional do policial militar, e uma das maneiras contundentes é a educação a distância (EaD). Na educação corporativa, a modalidade de ensino a distância possibilita a inserção social, propagação do conhecimento individual e coletivo e, ainda, colabora na construção de uma qualidade na prestação do serviço policial justa, igualitária e com resultados práticos eficientes e eficazes. 
É neste sentido que a educação corporativa no âmbito policial vê a possibilidade de formar profissionais conscientes de seu papel social, considerando-se a possibilidade de estudar em qualquer lugar, sem preocupação com deslocamento, assim como a flexibilidade nos horários de estudo, em que cada participante organiza seu horário e local para aperfeiçoar-se, capacitar-se e melhorar sua formação profissional. (PRETI, 2005).
	De acordo com Muller (2009) há que se considerar que um público interno que trabalha em diferentes regiões e distantes de vivências que envolvam aprendizagens mediadas por tecnologias educacionais e, pela concepção de que o treinamento para a atividade policial-militar exige prática, programas de EaD não dariam suporte, disso é que começou a ser estruturado nestas instituições um planejamento que pudesse romper tais paradigmas e ofertar a formação continuada com mais frequência, ensejando, assim, em práticas inovadoras de educação para a realidade, incorporando, com o passar do tempo, novas ações e projetando outras formas possíveis com o uso da Educação a Distância plenamente ou como apoio, pois é importante e necessária à carreira política.
	Nesse sentido é que se destaca a importância das inovações na área da formação profissional, seja continuada ou treinamento, mas que se voltem as reais necessidades de cada área profissional. 
Segundo Poncioni (2007), no Brasil, é comum, a ocorrência de mudanças serem vinculadas à necessidade de dar respostas imediatas às demandas por mais segurança motivados pela opinião pública diante de episódios de repercussão ocorridos na sociedade. 
Ainda segundo Poncioni (2007), no Brasil, a necessidade de melhorar a competência profissional do policial é formulada sob a forma de um desempenho mais eficiente e responsável, também mais efetivo na condução da ordem e da Segurança Pública. O que leva a compreensão de que quanto melhor for a competência profissional do policial, melhor será a prestação de seus serviços.
Considerando-se que em uma organização policial, o primeiro contato que se tem com os conhecimentos e habilidades técnicas são nas academias de polícia, em que o conteúdo do processo de formação visa moldar os futuros policiais para o exercício da profissão. 
De acordo com Poncioni (2007), os valores, crenças e pressupostos emergem neste domínio e os programas de ensino e treinamento fazem parte de um contexto social do policial.
Nesta perspectiva, os programas de ensino e treinamento profissional dos policiais nas academias de polícia exemplificam uma das estratégias fundamentais de transmissão de ideias, conhecimentos e práticas de uma dada visão do papel, da missão, do mandato e da ação deste campo profissional, que necessariamente envolve a transmissão de valores, crenças e pressupostos sobre este campo específico e que é revelada, particularmente, nas diretrizes teóricas e metodológicas dos currículos dos cursos oferecidos para a socialização do novo membro, em um contexto sócio histórico determinado. (PONCIONI, 2007, p.588).
Com isso pode-se constar a importância do contexto de formação básica das academias de polícia para a construção da identidade e que influencia consideravelmente na vida do profissional de Segurança Pública. 
5 Considerações Finais
Diante do exposto neste estudo, percebe-se a importância do líder na corporação nas ações e missões cotidianas as quais envolvem participação ativa de toda a equipe, cabe salientar que um líder na corporação é responsável pelo processo de interação individual e do grupo, tendo por base os princípios de liderança e/ou chefia militar, considerando as quatro características da corporação que indicam o êxito ou o fracasso do líder, que são a disciplina, o moral, o espirito de corpo e o grau de eficiência.
Toda e qualquer organização, o trabalho em equipe se dá na obtenção de resultados, ou seja, na resolução de problemas e realização dos objetivos, que pode ser por meio da qualidade na realização da tarefa, ou pela comunicação eficiente, que leva a uma maior integração entre os membros na execução das atividades diárias com competência e qualidade. E, para o trabalho em grupo, a centralidade está na dinâmica das inter-relações e no vínculo entre os integrantes do grupo, que potencializa a realização da tarefa.
O estudo deixa claro que a liderança e a chefia na Polícia Militar requerem características específicas e doutrina, bem como a formação, qualificação e treinamentos constantes. Haja vista que a Polícia Militar está assentada nos alicerces basilares da hierarquia e disciplina, em que não é permitido qualquer inversão de valores, pois a disciplina militar obriga-os a isso.
Convém salientar que em todo grupamento humano surgem líderes de forma espontânea, pois muitas das características e perfil de um líder são natos e, a partir disso, passa a dirigir o grupo.
Considerando-se que na Polícia Militar chefe é o que está no maior posto ou graduação. Para que o policial militar possa crescer na carreira é preciso seguir com os estudos, cursos e até mesmo determinadas situações que envolvem as missões militares.
Porém, um soldado não poderá exercer a liderança somente pelo fato de saber influenciar o comportamento humano. Mas, por outro lado, em todo grupo surge a figura do líder.
Na Polícia Militar exige-se que o chefe deve se esmerar em sua capacidade de influenciar e conduzir seus subordinados a ponto que possa assumir, por mérito próprio o papel de líder.
Por fim, salienta-se que o líder se torna responsável pelas ações e missões realizadas ou não pelos seus subordinados e, portanto, reconhece e assume tais responsabilidades nas situações cotidianas como forma de manter a lealdade e o respeito necessário entre líder e subordinado.
Desta forma, constatou-se que os objetivos do estudo foram alcançados, na medida em que a bibliografia consultada mostra que o perfil de liderança nas organizações militares, bem como as qualidades exigidas esta relacionadas as atividades realizadas com vigilância, vivacidade e presteza, como também a boa aparência do policial militar na corporação, coragem no exercício das missões espírito de decisão, sentimento do dever, tenacidade entre outros que contribuem para o desempenho da liderança e a interação social na eficácia da equipe na corporação estão relacionados ao tratamento do grupo,levando em consideração a cultura e os valores de cada um, proporcionado pelas condições oferecidas no espaço laboral, e pela conduta de seus líderes por adotarem o modelo democrático e persuasivo em suas atuações na Polícia Militar ou enquanto acadêmico em formação profissional.
REFERÊNCIAS 
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PRETI, Oreste (Org.). Educação a distância: ressignificando práticas. Brasília: Líber Livro, 2005.
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