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Semântica SEMÂNTICA Página 2 de 14 SEMÂNTICA EXPEDIENTE Uníntese | Uníntese Virtual Pedro Stieler Diretor Maria Bernardete Bechler Vice-Diretora Carmem Regina dos Santos Ferreira Gestora de Marketing Roberto de Oliveira Gestor Administrativo Wiltom Dourado Gestor Acadêmico Maria Bernardete Bechler Texto Aline Madrid Flávia Burdzinski de Souza Designers Educacionais SEMÂNTICA - 2016 - Direitos Autorais reservados à UNÍNTESE SEMÂNTICA Página 3 de 14 SEMÂNTICA V SEMÂNTICA Maria Bernardete Bechler 1 Nos primeiros estudos desta disciplina abordamos aspectos relacionados à língua e ao signo linguístico. Para Saussure (1969) Língua é um sistema de signos – um conjunto de elementos (palavras, sinais, frases, textos) que se relacionam organizadamente dentro de um todo. Vimos também que signo é a associação indissolúvel de um significante e de um significado. No estudo do signo, a área da Fonética e da Fonologia se preocupa em descrever e analisar o significante. O estudo do significado das línguas naturais, das palavras, dos sinais, das frases, dos textos, é feito pela Semântica e pela Pragmática. Para os autores Müller e Viotti (apud RODRIGUES e VALENTE, 2012) o objeto de estudo da Semântica como área de estudo da Linguística é o significado das línguas naturais. Porém, a definição do que é o significado vai depender da corrente de estudos de cada autor semanticista, uma vez que há diferentes linhas de estudos semânticos: semântica textual, semântica cognitiva, semântica lexical, semântica discursiva e outras. Assim sendo, nos estudos desta disciplina vamos reconhecer que “a Semântica estuda os conceitos que construímos em nossas mentes quando estamos diante de um signo linguístico, seja ele uma palavra, uma sentença ou um texto” (MCCLEARY; VIOTTI apud RODRIGUES e VALENTE,2012, p .141). 1 Possui especialização em Supervisão Escolar, em Filosofia da Educação e em Coordenação de Práticas e Processos Pedagógicos. Graduação em Letras pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e graduação em Letras pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Atualmente é professora visitante da Universidade Tuiuti do Paraná e vice-diretora da UNÍNTESE. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em educação, ensino e aprendizagem e elaboração de projetos. SEMÂNTICA Página 4 de 14 SEMÂNTICA Se a Semântica estuda os conceitos de palavras, signos, sinais, precisamos entender o que se entende por conceito. Observem o texto ilustrativo de MCcleary e Viotti: Existem milhões de mesas no mundo, cada uma diferente da outra: algumas maiores, outras menores, algumas de madeira, outras de metal, algumas redondas, outras retangulares. Se o signo “mesa” associasse uma pronúncia a uma mesa específica, nós teríamos que dizer que o signo mesa tem um significado diferente para cada objeto mesa que existe no mundo. Não é isto que acontece. Nós todos temos, em nossas mentes, uma “ideia” de mesa, uma abstração que nos faz saber o que é uma mesa, e que nos ajuda a reconhecer uma mesa quando estamos diante uma, não importa qual seja a sua forma, o material que é feito, seu tamanho, ou qualquer outra peculiaridade que ela tenha. Essa “idéia” que temos é o conceito de mesa” (MCCLEARY; VIOTTI apud RODRIGUES e VALENTE 2012, p.141). Um conceito não é uma imagem pictórica mental, isto é: não é uma imagem como uma pintura que se apresenta na nossa mente, uma vez que muitos signos não possuem uma imagem pictórica, à exemplo de “intuição” “inveja”, “interesse”. E outros signos como “atento”, “decidido”? Qual seria a imagem mental? Vimos então que um conceito não corresponde a uma imagem pictórica mental. Segundo as autoras, o conceito que temos sobre tudo o que nos rodeia “nos ajuda a reconhecer” objetos, coisas, fenômenos, sentimentos. Assim sendo, é o conceito que nos permite diferenciar uma coisa da outra. Sabemos que uma brisa não é um vendaval, uma ave não é um roedor, um jornal não é um livro, etc. Esse discernimento é possível tendo em vista que “um conceito é um princípio de categorização” (MCCLEARY; VIOTTI apud RODRIGUES e VALENTE, 2012, p.141), que permite ao ser humano organizar e dar significados para o mundo interno e externo. Antes de explicarmos o que é categorização, é bom deixar claro o que se entende por conceitualização: quando relacionamos um signo às nossas experiências, quando mobilizamos o nosso conhecimento enciclopédico para dar significado a uma palavra, estamos no processo de construção do conceito, a que chamamos de conceitualização. Por exemplo: ao ouvirmos a expressão “manga” podemos associar com a fruta que colhíamos subindo nos galhos da árvore, na infância. Podemos lembrar-nos do doce que era preparado, embalado e vendido. Também podemos associar a palavra manga com uma “manga” de camisa, de casaco, de vestido, que pode ser curta, comprida, larga, justa. Assim, vamos construindo os conceitos, exercitando o processo de significação, exercitando a conceitualização. SEMÂNTICA Página 5 de 14 SEMÂNTICA Numa breve abordagem sobre categorização, partimos do entendimento de que categorizar é um processo mental do ser humano, à medida que em todos os momentos da nossa vida estamos classificando ideias, coisas, situações, para que possamos compreender e construir novos conhecimentos. Categorizar é agrupar entidades (objetos, ideias, ações, etc.) por semelhanças e diferenças. Vamos apresentar um exemplo clássico de categoria apresentado por MCCleary e Viotti (2009): O conceito de ANIMAL, é mais abrangente que de MAMÍFERO. Quando penso em animal, eu coloco em outro grupo todos os que são das categorias minerais e vegetais. Portanto, eu classifico. Vejamos a relação existente entre MAMÍFERO e CACHORRO. Cachorro é mais detalhado que mamífero. Agora vejamos a relação entre CACHORRO e LABRADOR, POODLE, BOXER. Cachorro É MENOS DETALHADO QUE LABRADOR. Ao conceituarmos Labrador, vamos excluir o Poodle, o Boxer, pois as características do Labrador são específicas dele. Na categoria do Cachorro, não estaria a cobra, porque, embora sendo animal, não pertence a categoria de Cachorro. Agora vamos ver um exemplo nas frases: a) Maria é uma médica dedicada. b) Maria tem uma médica dedicada. Vimos acima as diferentes relações que se estabelecem entre Maria e uma médica dedicada empregando os verbos “ser” e “ter” (“Maria é uma médica dedicada” e “Maria tem uma médica dedicada”). O exemplo nos mostra que é decisivo sabermos o significado de cada verbo, assim como o significado de cada palavra, para que possamos compreender as relações estabelecidas por verbos de categorias diferentes. Através dos exemplos apresentados acima, procuramos demonstrar que a língua é o mais poderoso instrumento de categorização que os seres humanos possuem. (MCCLEARY e VIOTTI, 2009). A Semântica contribui para a melhor compreensão do mundo, através do entendimento Dio sentido das palavras e seu contexto. O estudo do significado das palavras na Língua Portuguesa está assim organizado: SEMÂNTICA Página 6 de 14 SEMÂNTICA 5.1- Sinonímia e Antonímia Sinonímia: “Fato linguístico que se caracteriza pela existência de palavras sinônimas” (FERREIRA, 2009, p. 1853). Quando duas palavras ou mais apresentam significados iguais ou semelhantes, são sinônimos. Porém, somente poderão ser consideradas sinônimas quando as palavras puderem ser substituídas, uma pela outrano contexto em que se apresentam. Mesmo sendo possível a substituição, dificilmente acontece de uma palavra ter exatamente o mesmo significado de outra. Homem saudável/Homem forte (robusto). Não existem sinônimos perfeitos, uma vez que cada palavra traz consigo um conjunto de valores, significados distintos. Exemplos de palavras com significados iguais ou semelhantes: velho – idoso, antigo; perto – próximo, junto; bonito – formoso; breve – rápido, transitório. Antonímia: “Caráter das palavras antônimas. Emprego de antônimos” (FERREIRA, 2009, p. 153). Quando duas palavras apresentam significados contrários, diferentes, são antônimos. Exemplos: cedo –tarde / bem – mal / claro – escuro. 5.2- Sinônimos na LIBRAS Para identificarmos quanto um sinônimo é próximo de outro, precisamos analisar as marcações não-manuais utilizadas (RODRGUES e VALENTE, 2012). Na Língua Portuguesa os adjetivos lindo e bonito não têm exatamente o mesmo significado, uma vez que lindo tem um grau de intensidade maior. Na LIBRAS a intensidade marcante é demonstrada pela expressão facial durante a sinalização. SEMÂNTICA Página 7 de 14 SEMÂNTICA Nas imagens2 a seguir, apresentamos a ilustração dos sinônimos bonito- lindo/ gordo – obeso / educado – gentil (RODRIGUES e VALENTE, 2012, p. 164- 165). BONITO BELO 2 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 SEMÂNTICA Página 8 de 14 SEMÂNTICA As imagens ilustrando GORDO-OBESO e EDUCADO – GENTIL demonstram que o sinal manual é o mesmo, o que diferencia os sinais são as marcações não manuais. 5.3- Antônimos na LIBRAS Na LIBRAS também existem sinais que representam oposição, são sinais que significam o contrário de outro sinal. Em Português os vocábulos jovem e novo podem ser sinônimos quando queremos referir que uma pessoa é jovem. Podemos dizer, corretamente, que uma pessoa é nova. Na LIBRAS o emprego de jovem e novo não é aceito, formará, com certeza, frases agramaticais, uma vez que jovem somente é empregado para referir-se a pessoas. Novo significa pouco tempo de uso, ou de aquisição. Poderão também ser empregados para referir pessoas em cargos recentes, ou recém chegadas a locais, empresas e outros. Nos exemplos que seguem podemos entender melhor o emprego de jovem e novo: 1. MARIA COMPRAR SAPATO NOVO AMANHÃ. (Maria vai comprar um sapato novo amanhã). 2. ESTUDAR ESCOLA 2 SURD@ NOV@. (Dois surdos novos estão estudando na escola.) 3. A UNÍNTESE TER MUIT@ INTERPRETE JOVEM. (A Uníntese tem muitos intérpretes jovens) 4. PESSOA JOVEM GOSTAR FILMES AÇÃO. (Pessoas jovens gostam de filmes de ação). Em LIBRAS não é possível jovem ser sinônimo de novo. Porém, existe o antônimo de jovem- velho e o antônimo de novo-velho, expressos nas imagens: SEMÂNTICA Página 9 de 14 SEMÂNTICA Sinal antônimo de JOVEM = VELHO 13 Sinal antônimo de NOVO= VELHO24 a) Hiponímia e Hiperonímia Mais dois vocábulos novos que fazem parte da Semântica estão sendo apresentados neste estudo. Já vimos que sinônimo é a relação que existe entre duas palavras com significantes diferentes e significado semelhante; antônimo é a relação que se estabelece entre duas palavras com significados contrários. Agora vamos entender hiponímia e hiperonímia. Para entender o que se entende por hiponímia e hiperonímia vamos lembrar que as palavras estabelecem uma relação de significado entre si. Observe o exemplo que segue, - Minha amiga cultiva margaridas, cravos, rosas, petúnias. Ela adora flores. Atenção às palavras: margaridas, cravos, rosas, petúnias e flores. Todas remetem à ideia de flor. Todas as palavras listadas estabelecem alguma relação entre si.Assim, vamos entender facilmente o conceito de hiperonímia e hiponímia: Hiperonímia: como o prefixo hiper indica, essa palavra refere-se a uma ideia do todo (flor), da qual se originam as outras palavras (margaridas, cravos, rosas, petúnias). 3 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 4 Fonte: IESDE Brasil em Aspectos Linguísticos da Libras -2012 SEMÂNTICA Página 10 de 14 SEMÂNTICA Hiponímia: são palavras de conceito mais restrito, mais específico em relação a outras com um conceito mais geral. São as palavras do enunciado acima: margaridas, cravos, rosas, petúnias, representam uma parte do todo. Flores representam o todo. Outros exemplos: Hiperôimo: ave hiponômio: andorinha Hiperôimo: felinos hiponômio: tigre, leão b) Ambiguidade Quando uma expressão linguística tem mais de um sentido diz-se que é uma expressão ambígua. A ambiguidade pode ser ocasionada por fatores sintáticos ou semânticos. A ambiguidade sintática não é o foco dos estudos da semântica. A ambiguidade sintática torna possível analisar a frase de duas maneiras diferentes, tendo em vista como a frase está estruturada. Exemplo: Márcia pediu a João para sair. Na frase, a ambiguidade não é causada por uma palavra de duplo sentido. A ambiguidade nasce da estrutura da frase. A frase pode ser entendida como: a) Márcia pediu permissão a João para sair. b) Márcia pediu a João que saísse. Em nossos estudos da área da Semântica no que se refere a ampla noção sobre ambiguidade, vamos nos limitar à ambiguidade lexical, que ocorre quando uma palavra apresenta dois ou mais sentidos diferentes, isto é, duas ou mais palavras têm o mesmo som, mas têm o sentido diferente. Exemplo: Eu vou te esperar naquele banco. Sentido 1: banco de sentar Sentido 2 : banco instituição financeira. SEMÂNTICA Página 11 de 14 SEMÂNTICA A ambiguidade lexical na LIBRAS aqui apresentada, está baseada na pesquisa realizada por Jorge Bidarra e Tânia Aparecida Martins no artigo “O Problema da Ambiguidade Lexical para a Interpretação Envolvendo a Língua Portuguesa e LIBRAS” (2012). Os autores demonstraram que na LIBRAS muitos sinais são realizados com parâmetros idênticos, mas não têm o mesmo significado. Assim sendo, quando dois sinais têm os parâmetros idênticos, porém o sentido de cada um deles é diferente, temos o que caracteriza a homonímia. Diz- se, então, que os sinais com os mesmos parâmetros, mas com significados diferentes são homônimos. QUADRO 1: A seguir, apresentaremos exemplos de contextos em que cada um dos homônimos INTERPRETAR/FRITAR e JEITO/BAHIA podem acontecer na realização da comunicação envolvendo a LIBRAS e a Língua Portuguesa. As imagens que ilustram os homônimos abaixo integram o trabalho de pesquisa dos autores Jorge Bidarra e Tânia Aparecida Martins, antes referidos. Para facilitar a compreensão, serão apresentados na seguinte ordem: 1° Em Língua Portuguesa, em forma de glosas. 2° Na ordem sintática da sentença em LIBRAS. 3° Na ordem básica da Língua Portuguesa. Exemplos: Homônimos: 1) INTERPRETAR / FRITAR SEMÂNTICA Página 12 de 14 SEMÂNTICA 1) INTERPRETAR EL@ INTERPRETAR EU ENTENDER CLARO. Ele/ela interpreta, eu entendo, fica claro. 1) FRITAR MINHA MÃE CARNE FRITAR GOSTOSO. A carne que minha mãe frita é gostosa. Homônimos : 2) JEITO/ BAHIA 2) BAHIA BAHIA ESTADO BRASIL LINDO. A Bahia é um lindo Estado brasileiro. EU ONTEM COMPRAR TV LOJA BAHIA. SEMÂNTICA Página 13 de 14 SEMÂNTICA Ontem eu comprei uma TV na loja Bahia. O BAHIA PERDER 0 X 2CORINTHIANS Que pena! O Bahia perdeu para o Corinthians por dois a zero. 2) JEITO JEITO PESSOA PRECISA RESPEITAR. É preciso respeitar o jeito das pessoas. Os exemplos acima relacionados a “homônimos” evidenciam a importância de que o contexto seja entendido para que haja a total compreensão da mensagem. Polissemia: É a característica de uma palavra que tem mais de um significado. Quando uma mesma palavra pode ser empregada com significados diferentes temos a manifestação da ambiguidade semântica chamada de polissemia. Ex.: Depois de muito trabalho, ele ocupa um alto posto na empresa. Abasteço meu carro no posto da esquina, onde tem melhores ofertas. Exemplos de palavras polissêmicas: o mesmo sinal para mais de um significado em LIBRAS: SEMÂNTICA Página 14 de 14 SEMÂNTICA Segundo Rodrigues e Valente (2012), o emprego da polissemia na LIBRAS ainda é um desafio para os tradutores e iniciantes, uma vez que nem sempre um sinal da línguas de sinais possui todos os significados que a palavra igual na Língua Portuguesa. Este estudo, embora breve, procurou demonstrar que a Semântica estuda a língua em situações do cotidiano do falante, onde ocorre o diálogo, a interação, daí a importância da compreensão da linguagem com seu numerosos jogos de interpretação e do contexto situacional em que a comunicação acontece.
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