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CAPI´TULO 2 ESPAC¸OS VETORIAIS 2.1 Espac¸os Vetoriais Definic¸a˜o 2.1. Um espac¸o vetorial consiste em: (1) Um conjunto na˜o vazio V de objetos, denominados vetores. (2) Um corpo de nu´meros (escalares), denotado por IF . (3) Uma operac¸a˜o de adic¸a˜o de vetores de V , que a cada par de elementos u, v ∈ V associa um elemento u+ v ∈ V e satisfaz as seguintes propriedades: A1 u+ v = v + u para quaisquer u e v em V ; comutativa. A2 (u+ v) + w = u+ (v + w) para quaisquer u, v e w em V ; associativa. A3 Existe um elemento 0V em V tal que u+ 0V = u para todo u em V ; existeˆncia de elemento neutro. A4 Para todo elemento u em V existe o elemento −u tambe´m em V tal que u+ (−u) = 0V ; existeˆncia de elemento sime´trico. (4) Uma operac¸a˜o de multiplicac¸a˜o por escalar, que a cada par de elementos u ∈ V e α ∈ IF associa um elemento α · u ∈ V e satisfaz as seguintes propriedades: M1 α · (β · u) = (α · β) · u para quaisquer u ∈ V e α e β em IF . M2 α · (u + v) = α · u + α · v para quaisquer u e v em V e todo e α em IF ; distributiva da adic¸a˜o. 40 CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 41 M3 (α+β)·u = α·u+β ·u para todo u ∈ V e quaisquer e α e β em IF ; distributiva da multiplicac¸a˜o por escalar. M4 Existe 1IF tal que 1IF · u = u para todo u ∈ V ; existeˆncia de unidade. Observac¸o˜es: 1. Tambe´m denotamos o espac¸o vetorial V por (V, +, ·), com + a adic¸a˜o de vetores e · a multiplicac¸a˜o por escalar. 2. Tambe´m denominamos o espac¸o vetorial V por espac¸o vetorial sobre o corpo IF . 3. No caso em que IF = IR, dizemos que V e´ um espac¸o vetorial real. 4. No caso em que IF = C, dizemos que V e´ um espac¸o vetorial complexo. 5. O elemento neutro da adic¸a˜o e´ u´nico. De fato, se existissem dois elementos neutros 0V e 0 ′ V ter´ıamos: 0V = 0V + 0 ′ V = 0 ′ V + 0V = 0 ′ V , provando a unicidade. 6. Para cada u ∈ V existe um u´nico sime´trico em relac¸a˜o a` adic¸a˜o. De fato, se u tivesse dois sime´tricos −u e −u′ ter´ıamos: (−u) = 0V + (−u) = ( u+ (−u′) ) + (−u) = ( u+ (−u) ) + (−u′) = 0V + (−u ′) = −u′, provando a unicidade. 2.1.1 Exemplos de Espac¸os Vetoriais Alguns conjuntos nume´ricos que conhecemos teˆm estrutura espac¸os vetoriais tais como: Exemplos: 1. O conjunto do nu´meros reais, IR, com as operac¸o˜es usuais de adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o de nu´meros reais, e´ um espac¸o vetorial real. 2. O conjunto do nu´meros complexos, C, com as operac¸o˜es usuais de adic¸a˜o e multi- plicac¸a˜o de nu´meros complexos, e´ um espac¸o vetorial complexo, considerando o corpo dos escalares como sendo IF = C. Tambe´m podemos considerar o conjunto do nu´meros complexos, C, com corpo de escalares IF = IR. Neste caso, C e´ um espac¸o vetorial real. SEC¸A˜O 2.1 • ESPAC¸OS VETORIAIS 42 Espac¸os Vetoriais Euclidianos Sabemos que IR e´ o conjunto dos nu´meros reais. O IR2 e´ o produto cartesiano IR × IR, ou seja, e´ o conjunto de todos os pares ordenados (x, y) de nu´meros reais. Assim, IR2 = {(x, y); x e y ∈ IR}. Analogamente, IR3 e´ o produto cartesiano IR× IR× IR, ou seja, e´ o conjunto de todas as ternas ordenadas (x, y, z) de nu´meros reais. Logo, IR3 = {(x, y, z); x, y e z ∈ IR}. De modo geral, IRn, com n ∈ IN e n ≥ 2, e´ o produto cartesiano IR× IR× · · · × IR︸ ︷︷ ︸ n vezes , ou seja, e´ o conjunto de todas n-uplas (x1, x2, · · · , xn) de nu´meros reais. Portanto, IRn = {(x1, x2, · · · , xn); x1, x2, · · · , xn ∈ IR}. Observac¸a˜o: Podemos denotar os elementos de IRn como matriz linha ou matriz coluna, por exemplo, u = (x1, x2, · · · , xn) = [ x1 x2 · · · xn ] = x1 x2 ... xn . Igualdade em IRn Dados u = (x1, x2, · · · , xn) e v = (y1, y2, · · · , yn) em IR n temos: u = v ⇐⇒ (x1, x2, · · · , xn) = (y1, y2, · · · , yn)⇐⇒ x1 = y1 x2 = y2 ... xn = yn Adic¸a˜o em IRn Dados u = (x1, x2, · · · , xn) e v = (y1, y2, · · · , yn) em IR n, a adic¸a˜o de u e v, denotada por u+ v e´ dada por: u+ v = (x1, x2, · · · , xn) + (y1, y2, · · · , yn) = (x1 + y1, x2 + y2, · · · , xn + yn). Propriedades da Adic¸a˜o em IRn Sejam u = (x1, x2, · · · , xn), v = (y1, y2, · · · , yn) e w = (z1, z2, · · · , zn) elementos quaisquer em IRn e 0IRn = (0, 0, · · · , 0)︸ ︷︷ ︸ n−upla de zeros , denotemos por −u = (−x1,−x2, · · · ,−xn), enta˜o valem: CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 43 A1 u+ v = v + u. A2 (u+ v) + w = u+ (v + w). A3 u+ 0IRn = u. A4 u+ (−u) = 0IRn . Multiplicac¸a˜o por Escalar em IRn Dados u = (x1, x2, · · · , xn) em IR n e α ∈ IR a multiplicac¸a˜o de u por α, denotada por α · u e´ dada por: α · u = α · (x1, x2, · · · , xn) = (α · x1, α · x2, · · · , α · xn). Propriedades da Multiplicac¸a˜o por Escalar em IRn Sejam u = (x1, x2, · · · , xn) e v = (y1, y2, · · · , yn) elementos quaisquer em IR n, α e β em IR, enta˜o valem: ME1 α · (u+ v) = α · u+ α · v. ME2 (α + β) · u = α · u+ β · u. ME3 (α · β) · u = α · (β · u). ME4 1 · u = u. Das propriedades A1−A4 e ME1−ME4 segue que IR n, com a adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o por escalar definidas acima, e´ um espac¸o vetorial real. Chamado espac¸o vetorial euclidiano. Observac¸a˜o: De maneira ana´loga definimos em Cn = {(z1, · · · , zn); z1, · · · , zn ∈ C}, con- junto de todas as n-uplas complexas, a adic¸a˜o e a multiplicac¸a˜o por escalar. No caso em que os escalares sa˜o nu´meros reais damos a Cn uma estrutura de espac¸o vetorial real; e no caso que os escalares sa˜o nu´meros complexo Cn e´ um espac¸o vetorial complexo. Exerc´ıcio: Considere o conjunto V = {(x, y) ∈ IR2; x > 0} com as operac¸o˜es: Adic¸a˜o: (x1, y1)⊕ (x2, y2) = (x1 · x2, y1 + y2). Multiplicac¸a˜o por Escalar: α⊙ (x, y) = (xα, α · y), para todo α ∈ IR. (a) Mostre que V e´ um espac¸o vetorial real. (b) Exiba o elemento neutro da adic¸a˜o ⊕. (c) Exiba o sime´trico aditivo de (x, y). (d) Exiba a unidade da operac¸a˜o ⊙. Soluc¸a˜o: SEC¸A˜O 2.1 • ESPAC¸OS VETORIAIS 44 • A adic¸a˜o esta´ bem definida, pois dados (x1, y1) e (x2, y2) em V , enta˜o x1 > 0 e x2 > 0. Como (x1, y1)⊕ (x2, y2) = (x1 · x2, y1 + y2) ∈ V, pois x1︸︷︷︸ >0 · x2︸︷︷︸ >0 > 0. • A multiplicac¸a˜o por escalar esta´ bem definida, pois dados (x, y) em V , enta˜o x > 0. Como α⊙ (x, y)⊕ (x2, y2) = (x α, α · y) ∈ V, pois xα x>0 > 0. • (x1, y1)⊕ (x2, y2) = (x1 ·x2, y1+y2) = (x2 ·x1, y2+y1) = (x2, y2)⊕ (x1, y1), portanto ⊕ e´ comutativa. • ( (x1, y1)⊕(x2, y2) ) ⊕(x3, y3) = (x2 ·x1, y2+y1)⊕(x3, y3) = (x1 ·x2 ·x3, y1+y2+y3) = (x1, y1)⊕ (x2 ·x3, y2+ y3) = (x1, y1)⊕ ( (x2, y2)⊕ (x3, y3) ) , portanto ⊕ e´ associativa. • Existeˆncia de elemento neutro: devemos mostrar que existe (a, b) ∈ V tal que (x, y)⊕ (a, b) = (x, y) para todo (x, y) ∈ V. (x, y)⊕ (a, b) = (x, y), ∀ (x, y) ∈ V ⇐⇒ (x · a, y + b) = (x, y), ∀ (x, y) ∈ V ⇐⇒ { x · a = x y + b = y , ∀ ∈ V ⇐⇒ { a = 1 b = 0 Portanto, o elemento da operac¸a˜o ⊕ e´ 0V = (1, 0). • Existeˆncia de sime´trico de um elemento (x, y) ∈ V : devemos mostrar que existe (a, b) ∈ V tal que (x, y)⊕ (a, b) = 0V = (1, 0). (x, y)⊕(a, b) = (1, 0)⇐⇒ (x·a, y+b) = (1, 0)⇐⇒ { x · a = 1 y + b = 0 ⇐⇒ a x>0 = x−1 = 1 x b = −y Logo, o elemento sime´trico de (x, y)⊕ e´ ( 1 x , −y ) . • α⊙ ( β⊙ (x, y) ) = α⊙ (xβ, βy) = ( (xβ)α, α · (β ·y) ) = (xα·β, α ·β ·y) = (α ·β)⊙ (x, y). Logo vale a condic¸a˜o M1. • α ⊙ ( (x1, y1) ⊕ (x2, y2) ) = α ⊙ (x1 · x2, y1 + y2) = ( (x1 · x2) α, α · (y1 + y2) ) = (xα1 · x α 2 , α · y1 + α · y2) = (x α 1 , α · y1)⊕ (x α 2 , α · y2). Logo vale a condic¸a˜o M2. • (α+β)⊙(x, y) = ( x(α+β), (α+β)·y ) = (xα ·xβ, α·y+β ·y) = (xα, α·y)⊕(xβ, α β ·y) =( α⊙ (x, y) ) ⊕ ( β ⊙ (x, y) ) . Logo vale a condic¸a˜o M3. CAP.2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 45 • A unidade de ⊙, se existir, e´ um nu´mero α ∈ IR tal que α⊙ (x, y) = (x, y), ∀(x, y) ∈ V. α⊙ (x, y) = (x, y), ∀(x, y) ∈ V ⇐⇒ (xα, α · y) = (x, y), ∀(x, y) ∈ V ⇐⇒ { xα = x α · y = y , ∀(x, y) ∈ V ⇐⇒ α = 1. Portanto, a unidade da operac¸a˜o ⊙ e´ o nu´mero 1. Do desenvolvimento acima conclu´ımos que V com a adic¸a˜o ⊕ e a multiplicac¸a˜o por escalar ⊙ e´ um espac¸o vetorial sobre IR. Espac¸os Vetoriais de Matrizes O conjunto da matrizes reais de ordem m × n, que denotamos por Mm×n(IR), com as operac¸o˜es adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o definidas no cap´ıtulo 1, e´ um espac¸o vetorial real. Da mesma maneira, o conjunto da matrizes complexas de ordem m× n, que denotamos por Mm×n(C), tambe´m e´ um espac¸o vetorial. Sera´ real se o corpo considerado e´ IR; e complexo se IF = C. Os espac¸os vetoriais acima sa˜o chamados espac¸os de matrizes. Espac¸os Vetoriais de Func¸o˜es Consideremos o conjunto de todas func¸o˜es de IR em IR, denotado por F(IR), ou seja, F(IR) = {f : IR −→ IR; f e´ uma func¸a˜o.} Em F(IR) definimos a soma e a multiplicac¸a˜o por escalar da seguinte maneira: Observac¸o˜es: 1. Denotamos a func¸a˜o nula, indicada por f0, e´ a func¸a˜o que a todo x ∈ IR associa o nu´mero zero, ou seja, f0 : IR −→ IR; tal que f0(x) = 0 para todo x ∈ IR. 2. Dada uma func¸a˜o f : IR −→ IR, a sua sime´trica, indicada por −f , e´ a func¸a˜o dada por −f : IR −→ IR; tal que (−f)(x) = −f(x) para todo x ∈ IR. Adic¸a˜o de Func¸o˜es Sejam f e g func¸o˜es em F(IR), a soma de f e g e´ uma func¸a˜o, denotada por f + g, dada por: (f + g)(x) = f(x) + g(x), para todo x ∈ IR. SEC¸A˜O 2.1 • ESPAC¸OS VETORIAIS 46 E´ claro que f + g ∈ F(IR). Multiplicac¸a˜o por Escalares em Func¸o˜es Sejam f func¸a˜o em F(IR) e α ∈ IR, a multiplicac¸a˜o de f pelo escalar α e´ uma func¸a˜o, denotada por α · f , dada por: (α · f)(x) = α · f(x), para todo x ∈ IR. Tambe´m temos α · f ∈ F(IR). O conjunto F(IR) com as operac¸o˜es adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o por escalar definidas acima e´ um espac¸o vetorial real. Exemplo: O conjunto das func¸o˜es reais cont´ınuas com domı´nio [a, b], com a e b reais e a < b, e as operac¸o˜es adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o por escalar definidas acima, tambe´m tem estrutura de espac¸o vetorial. Mais precisamente, C([a, b]) = {f : [a, b] −→ IR; f e´ uma func¸a˜o cont´ınua}, e´ um espac¸o vetorial real. Os espac¸os vetoriais acima sa˜o chamados espac¸os de func¸o˜es. Espac¸os Vetoriais Polinomiais Agora consideremos o conjunto dos polinoˆmios reais (ou complexos) de grau ≤ n, para n ∈ IN , com coeficientes reais, denotado por Pn(IR) (ou Pn(C)). Um elemento de Pn(IR) e´ um polinoˆmio p(t) dado por p(t) = a0 + a1t + · · · + ant n, com os coeficientes a0, a1, · · · , an ∈ IR, para todo t ∈ IR. Observac¸o˜es: 1. O polinoˆmio nulo, denotado por p0, e´ o polinoˆmio que a todo t ∈ IR associa o nu´mero zero, ou seja, p0(t) = 0 para todo t ∈ IR. 2. Dado um polinoˆmio p(t) = a0 + a1t + · · · + ant n ∈ Pn(IR), o sime´trico de p, denotado por −p, e´ o polinoˆmio (−p) dado por −p(t) = −(a0 + a1t + · · · + ant n) = −a0 − a1t − · · · − ant n para todo t ∈ IR. CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 47 Podemos considerar a adic¸a˜o e a multiplicac¸a˜o por escalar em Pn(IR) como as definidas em func¸o˜es. Assim, Pn(IR) munido das operac¸o˜es de adic¸a˜o e de multiplicac¸a˜o por escalar e´ um espac¸o vetorial real. Enquanto, que Pn(C) munido das operac¸o˜es de adic¸a˜o e de multiplicac¸a˜o por escalar sobre IR e´ um espac¸o vetorial real, e se a multiplicac¸a˜o por escalar e´ sobre C, enta˜o Pn(C) e´ um espac¸o vetorial complexo. Estes espac¸os vetoriais sa˜o chamados espac¸os de polinoˆmios de grau ≤ n. Teorema 2.2. (Lei do Cancelamento) Seja V um espac¸o vetorial sobre um corpo IF . Dados u, v e w elementos quaisquer em V , se u+ v = u+ w, enta˜o v = w. Demonstrac¸a˜o: Como u + v = u + w, somando (−u) em ambos os lados na igualdade temos v = (−u) + u+ v = (−u) + u+ w = w, como quer´ıamos demonstrar. Teorema 2.3. Seja V um espac¸o vetorial sobre um corpo IF . Dados u e v elementos quais- quer em V , existe um u´nico v ∈ V tal que u+ w = v. Demonstrac¸a˜o: Suponhamos u + w = v, somando (−u) em ambos os lados na igualdade temos w = (−u) + v. Portanto, o u´nico w = (−u) + v. Propriedades de Espac¸os Vetoriais Sejam V um espac¸o vetorial sobre o corpo IF , u, v ∈ V e α, β ∈ IF . Valem as seguintes propriedades: EV1 0IF · u = 0V . EV2 α · 0V = 0V . EV3 (−α) · u = −(α · u) = α · (−u). EV4 Se α · u = 0V , enta˜o ou α = 0IF ou u = 0V . EV5 Se α · u = α · v e α 6= 0IF , enta˜o u = v. EV6 Se α · u = β · u e u 6= 0V , enta˜o α = β. EV7 −(u+ v) = (−u) + (−v) = −u− v. EV8 u+ u = 2u, u+ u+ u = 3u, de um modo geral, u+ u+ · · ·+ u︸ ︷︷ ︸ n vezes = nu. Verificac¸a˜o: SEC¸A˜O 2.1 • ESPAC¸OS VETORIAIS 48 EV1 Seja v = 0IF · u, para todo u ∈ V . Logo, v + v = 0IF · u+ 0IF · u = 0IF · (u+ u) = v. Somando (−v) em ambos os lados da igualdade, obtemos v = 0V . Portanto, v = 0V . EV2 Seja w = α · 0V , para todo α ∈ IF . Logo, w + w = α · 0V + α · 0V = (α + α) · 0V = w. Somando (−w) em ambos os lados da igualdade, obtemos w = 0V . Portanto, w = 0V . EV3 Observemos que α · u+ (−α) · u = (−α + α) · u = 0V . Portanto, −(α · u) = (−α) · u. De maneira ana´loga mostramos que −(α · u) = α · (−u). EV4 Se α = 0IF o resultado segue de EV1. Seja α · u = 0V com α 6= 0IF , enta˜o α e´ invert´ıvel, ou seja, existe um u´nico α −1 ∈ IF tal que α−1 · α = 1. Logo, u = 1 · u = (α−1 · α) · u = α−1 · (α · u) = α−1 · 0V = 0V . Consequentemente, u = 0V . EV5 Como α 6= 0IF , enta˜o α e´ invert´ıvel, e portanto, existe um u´nico α −1 ∈ IF tal que α−1 · α = 1. Logo, u = (α−1 · α) · u = α−1 · (α · u) = α−1 · (α · v) = (α−1 · α) · v = v. Consequentemente, u = v. EV6 Somando −(α · u) em ambos os lados da igualdade α · u = β · u, obtemos α ·u+ ( − (α ·u) ) = β ·u+ ( − (α ·u) ) ⇐⇒ 0V = (β−α) ·u EV4⇐⇒ β−α = 0⇐⇒ α = β. EV7 Observemos que −(u+ v) = (−1) · (u+ v). Logo, −(u+ v) = (−1) · (u+ v) M2= (−1) · u+ (−1) · v = (−u) + (−v) EV3= −u− v. CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 49 EV8 A verificac¸a˜o pode ser feita por induc¸a˜o sobre n. No entanto, na˜o a faremos, pois o conceito de induc¸a˜o foge ao escopo deste texto. 2.2 Subespac¸os Vetoriais Definic¸a˜o 2.4. Seja V um espac¸o vetorial sobre o corpo IF , dizemos que U um subconjunto na˜o vazio de V e´ um subespac¸o vetorial de V se, e somente se, (i) Para quaisquer u1 e u2 em U tivermos u1 + u2 ∈ U . (ii) U com as operac¸o˜es de adic¸a˜o de vetores e multiplicac¸a˜o por escalar definidas em V e´ um espac¸o vetorial sobre IF . Exemplos: 1. O subconjunto S = {(x, y)IR2; y = x} e´ um subespac¸o de IR2. Dados (x1, y1) e (x2, y2) em S temos y1 = x1 e y2, x2. Logo, (x1, y1) + (x2, y2) = (x1, x1) + (x2, x2) = (x1 + x2, x1 + x2) ∈ S e α · (x1, y1) = α · (x1, x1) = (α · x1, α · x1) ∈ S. Ale´m disso, como S ⊂ IR2, portanto a adic¸a˜o e´ comutativa e associativa e as proprie- dades de multiplicac¸a˜o por escalar M1, M2 e M3 se verificam. Como (0, 0) ∈ S; dado (x, x) ∈ S temos (−x,−x) ∈ S e 1 · (x, x) = (x, x) ∈ S Portanto, S e´ subespac¸o vetorial de IR2. 2. O conjunto C0([a, b]) = {f ∈ C([a, b]) tal que f(a) = f(b) = 0} e´ um subespac¸o vetorial de C([a, b]). Dados f e g em C0([a, b]) temos f(a) = f(b) = 0 e g(a) = g(b) = 0. Como (f + g)(a) = f(a) + g(a) = 0 + 0 = 0 e (f + g)(b) = f(a) + g(b) = 0 + 0 = 0, enta˜o f + g ∈ C0([a, b]). Como α · f e´ tal que (α · f)(a) = α · f(a) = α · 0 = 0 e (α · f)(b) = α · f(b) = α · 0 = 0, logo α · f ∈ C0([a, b]). Ale´m disso, como C0([a, b]) ⊂ C([a, b]), portanto a adic¸a˜o e´ comutativa e associativa e as propriedades demultiplicac¸a˜o por escalar M1, M2 e M3 se verificam. Finalmente, f0 ∈ C0([a, b]); dado f ∈ C0([a, b]) temos −f ∈ C0([a, b]), pois (−f)(a) = −f(a) = 0 e (−f)(b) = −f(b) = 0; e se f ∈ C0([a, b]), temos 1 · f = f ∈ C0([a, b]). Portanto, C0([a, b]) e´ subespac¸o vetorial de C([a, b]). SEC¸A˜O 2.2 • SUBESPAC¸OS VETORIAIS 50 3. O subconjunto S = {(x, y, z) ∈ IR3; x + y = z − 1} na˜o e´ subespac¸o de IR3, pois u1 = (1,−3,−1) e u2 = (0, 1, 2) esta˜o em S, mas u1 + u2 = (1,−3,−1) + (0, 1, 2) = (1,−2, 1) /∈ S, pois 1 + (−2) = −1 6= 1− 1 = 0. Teorema 2.5. Seja V um espac¸o vetorial sobre IF , um subconjunto U na˜o vazio V e´ um subespac¸o vetorial de V se, e somente se, (i) Para quaisquer elementos u1 e u2 em U tivermos u1 + u2 ∈ U . (ii) Para todo u ∈ U e todo α ∈ IF tivermos α · u ∈ U. Demonstrac¸a˜o: Suponhamos que U e´ subespac¸o vetorial de V , enta˜o U com a adic¸a˜o e a multiplicac¸a˜o por escalar de V e´ um espac¸o vetorial e portanto valem (i) e (ii). Reciprocamente, se U satisfaz (i) e (ii), como U ⊂ V , enta˜o as condic¸o˜es A1, A2, M1, M2, M3 e M4 sa˜o automaticamente satisfeitas, pois sa˜o va´lidas para todos os elementos de V . Mostremos enta˜o as condic¸o˜es A3 e A4. A3 Para todo u ∈ U e todo α ∈ IF , temos α · u ∈ U . Em particular, 0 · u = 0V ∈ U . Portanto, U possui elemento neutro. A4 Para todo u ∈ U e todo α ∈ IF , temos α · u ∈ U . Em particular, (−1) · u = −u ∈ U . Logo, todo elemento de U possui sime´trico em U . Observac¸o˜es: 1. Segue do teorema 2.5 que se U e´ um subconjunto na˜o vazio de V e 0v /∈ U , enta˜o U na˜o e´ subespac¸o de V . 2. Todo espac¸o vetorial V tem pelo menos dois subespac¸os vetoriais: • O pro´prio V . • O conjunto unita´rio {0V }. Estes subespac¸os sa˜o chamados subespac¸os triviais de V . Exemplos: 1. O conjunto U = { f ∈ C([a, b]) tal que f(a) = 1 } na˜o e´ um subespac¸o vetorial de C([a, b]). Soluc¸a˜o: De fato, f0 /∈ U , pois f0(a) = 0 6= 1. CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 51 2. O subconjunto U = { p(t) ∈ P3(IR); p(2) = 0 e p ′(−1) = 0 } e´ um subespac¸o vetorial de P3(IR. Soluc¸a˜o: U 6= ∅, pois o polinoˆmio nulo p0 esta´ em U , ja´ que p0(t) = 0 para todo t ∈ IR e p ′ 0 tambe´m e´ o polinoˆmio nulo. Dados p e q em U e α ∈ IR, enta˜o: (i) (p+ q)(2) = p(2) + q(2) = 0 + 0 = 0 e (p+ q)′(−1) = p′(−1) + q′(−1) = 0 + 0 = 0, portanto p+ q ∈ U . (ii) (α · p)(2) = α · p(2) = α · 0 = 0 e (α · p)′(−1) = α · p′(−1) = α · 0 = 0, portanto α · p ∈ U . De (i) e (ii) conclu´ımos que U e´ subespac¸o de P3(IR). 3. (a) O conjunto soluc¸a˜o do sistema homogeˆneo { −x+ 3y + z = 0 2x − y − z = 0 e´ um subespac¸o vetorial de IR3. A matriz ampliada de S e´ [ −1 3 1 | 0 2 −1 −1 | 0 ] , escalonando obtemos: [ −1 3 1 | 0 2 −1 −1 | 0 ] ∼ [ −1 3 1 | 0 0 5 1 | 0 ] L2 −→ L2 + 2L1 . Assim, a soluc¸a˜o do sistema e´ { −x+ 3y + z = 0 5y + z = 0 ⇐⇒ { x = 3y + z z = −5y ⇐⇒ { x = −2y z = −5y , com y ∈ IR. Logo, o conjunto soluc¸a˜o do sistema e´ U = {(x, y, z) ∈ IR3; x = −2y e z = −5y}. U 6= ∅, pois o sistema admite pelo menos a soluc¸a˜o trivial x = 0 y = 0 z = 0 , portanto, (0, 0, 0) ∈ U . (i) Dados (x1, y1, z1) e (x2, y2, z2) em U temos { x1 = −2y1 z1 = −5y1 e { x2 = −2y2 z2 = −5y2 Logo, (x1, y1, z1) + (x2, y2, z2) = (−2y1, y1, −5y1) + (−2y2, y2, −5y2) = (−2y1−2y2, y1+y2, −5y1−5y2) = ( −2(y1+y2), y1+y2, −5(y1+y2) ) ∈ U. (ii) Ale´m disso, α · (x1, y1, z1) = α · (−2y1, y1, −5y1) = (−2α · y1, α · y1, −5α · y1) ∈ U. Portanto, de (i) e (ii) conclu´ımos que U e´ subespac¸o vetorial de IR3. SEC¸A˜O 2.2 • SUBESPAC¸OS VETORIAIS 52 (b) De modo geral, o conjunto soluc¸a˜o de um sistema homogeˆneo a11x1 + a12x2 + · · ·+ a1nxn = 0 a21x1 + a22x2 + · · ·+ a2nxn = 0 ... am1x1 + am2x2 + · · ·+ amnxn = 0 e´ um subespac¸o vetorial de IRn. Soluc¸a˜o: Para mostrar isto vamos escrever o sistema acima na forma matricial: a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... ... ... am1 am2 · · · amn · x1 x2 ... xn = 0 0 ... 0 . Denotemos por U o conjunto soluc¸a˜o do sistema, e´ claro que U 6= ∅, pois o sistema admite pelo menos a soluc¸a˜o trivial x1 = 0 x2 = 0 ... xn = 0 , portanto, (0, 0, · · · , 0) ∈ U . (i) Sejam λ = λ1 λ2 ... λn e µ = µ1 µ2 ... µn em U , enta˜o a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... ... ... am1 am2 · · · amn · λ1 λ2 ... λn = 0 0 ... 0 e a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... ... ... am1 am2 · · · amn · µ1 µ2 ... µn = 0 0 ... 0 . Logo, a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... ... ... am1 am2 · · · amn · λ1 λ2 ... λn + µ1 µ2 ... µn = a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... ... ... am1 am2 · · · amn · λ1 λ2 ... λn + a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... ... ... am1 am2 · · · amn · µ1 µ2 ... µn = 0 0 ... 0 + 0 0 ... 0 = 0 0 ... 0 . Portanto, λ+ µ e´ soluc¸a˜o do sistema, ou seja, λ+ µ ∈ U . CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 53 (ii) Dado α ∈ IR, mostremos que α · λ = α · λ1 α · λ2 ... α · λn ∈ U . a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... ... ... am1 am2 · · · amn · α · λ1 α · λ2 ... α · λn = a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... ... ... am1 am2 · · · amn · α λ1 λ2 ... λn = α · a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... ... ... am1 am2 · · · amn · λ1 λ2 ... λn = α · 0 0 ... 0 = 0 0 ... 0 . De (i) e (ii) conclu´ımos que U e´ subespac¸o vetorial de IRn. 4. O subconjunto de M2(IR) dado por: U = {[ x y z t ] ; x− 2y + 3z = 0 } e´ um subespac¸o vetorial de M2(IR). Soluc¸a˜o: Observemos que A = [ x y z t ] ∈ U ⇐⇒ x− 2y + 3z = 0⇐⇒ x = 2y + 3z ⇐⇒ A = [ 2y − 3z y z t ] . E´ claro que U 6= ∅, pois [ 0 0 0 0 ] ∈ U , ja´ que 2 · 0− 3 · 0 = 0. Sejam A = [ 2y1 − 3z1 y1 z1 t1 ] e B = [ 2y2 − 3z2 y2 z2 t2 ] em U . (i) Temos A+B = [ 2y1 − 3z1 y1 z1 t1 ] + [ 2y2 − 3z2 y2 z2 t2 ] = [ 2y1 − 3z1 + (2y2 − 3z2) y1 + y2 z1 + z2 t1 + t1 ] = [ 2(y1 + y2)− 3(z1 + z2) y1 + y2 z1 + z2 t1 + t1 ] . Portanto, A+B ∈ U (ii) Dado α ∈ IR, enta˜o α · A = [ α · (2y1 − 3z1) α · y1 α · z1 α · t1 ] = [ 2(α · y1)− 3(α · z1) α · y1 α · z1 α · t1 ] . Logo, α · A ∈ U . SEC¸A˜O 2.2 • SUBESPAC¸OS VETORIAIS 54 De (i) e (ii) conclu´ımos que U e´ subespac¸o de M2(IR). 5. O subconjunto de Mn(IR) dado por: U = { A ∈Mn(IR); tr(A) = 0 } e´ um subespac¸o vetorial de Mn(IR). Soluc¸a˜o: Como tr(0n×n) = 0, enta˜o U 6= ∅. (i) Da propriedade TR2 de trac¸o de matrizes quadradas temos: tr(A+B) = tr(A) + tr(B). Logo, se A e B esta˜o em U , enta˜o tr(A+B) = tr(A)︸ ︷︷ ︸ 0 + tr(B)︸ ︷︷ ︸ 0 = 0 + 0 = 0. Portanto, A+B ∈ U . (ii) Da propriedade TR3 de trac¸o de matrizes quadradas, dado α ∈ IR temos: tr(α · A) = α ·tr(A). Logo, se A esta´ em U e α ∈ IR, enta˜o tr(α · A) = α · tr(A)︸ ︷︷ ︸ 0 = α · 0 = 0. Assim, α · A ∈ U . De (i) e (ii) segue que U e´ um subespac¸o de Mn(IR). 6. Os seguintes subconjuntos de Mn(IR) definidos por: U = {A ∈Mn(IR); A T = A}, W = {A ∈Mn(IR); A T = −A} sa˜o subespac¸os vetoriais de Mn(IR). Soluc¸a˜o: (a) Como 0Tn×n = 0n×n, enta˜o U 6= ∅. (i) Sejam A e B esta˜o em U , enta˜o (A+B)T T2= AT +BT = A+B. Portanto, A+B ∈ U . (ii) Sejam A em U e α ∈ IR, enta˜o (α · A)T T3= α · AT = α · A. Assim, α · A ∈ U . CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 55 De (i) e (ii) segue que U e´ um subespac¸o de Mn(IR). (b) Como 0Tn×n = 0n×n = −0n×n, enta˜o W 6= ∅. (i) Sejam A e B esta˜o em W , enta˜o (A+B)T T2= AT + BT = (−A) + (−B) = −(A+B). Portanto, A+B ∈ W . (ii) Sejam A em W e α ∈ IR, enta˜o (α · A)T T3= α · AT = α · (−A) = −(α · A). Assim, α · A ∈ W . De (i) e (ii) segue que W e´ um subespac¸o de Mn(IR). 7. Verifique se o subconjunto U = {A ∈ Mn(IR); A 2 = A} de Mn(IR) e´ um subespac¸o vetorial de Mn(IR). Soluc¸a˜o: U na˜o e´ subespac¸o de Mn(IR), pois a matriz In, identidade de ordem n, esta´ em U , ja´ que I2n = In · In = In. Pore´m, 2 · In /∈ U , pois (2 · In) · (2 · In) = 4 · In 6= 2 · In. 8. O subconjunto U = { p(t) ∈ P2(IR); p(−1) = p(1) = 0 } e´ um subespac¸o vetorial de P2(IR). Soluc¸a˜o: U 6= ∅, pois o polinoˆmio nulo p0 esta´ em U , ja´ que p0(t) = 0 para todo t ∈ IR e portanto, p0(1) = p0(−1) = 0. Dados p e q em U e α ∈ IR, enta˜o: (i) { (p+ q)(1) = p(1) + q(1) = 0 + 0 = 0 (p+ q)(−1) = p(−1) + q(−1) = 0 + 0 = 0 , portanto p+ q ∈ U . (ii) { (α · p)(1) = α · p(1) = α · 0 = 0 (α · p)(−1) = α · p(−1) = α · 0 = 0 , portanto α · p ∈ U . De (i) e (ii) conclu´ımos que U e´ subespac¸o de P2(IR). 9. Os seguintes subconjuntos U = { f ∈ C([−a, a]); f(−x) = f(x) para todo x ∈ [−a, a] } , W = { f ∈ C([−a, a]); f(−x) = −f(x) para todo x ∈ [−a, a] } sa˜o subespac¸os vetoriais de C([−a, a]). Soluc¸a˜o: SEC¸A˜O 2.2 • SUBESPAC¸OS VETORIAIS 56 (a) U 6= ∅, pois a func¸a˜o nula f0 esta´ em U , ja´ que: f0(x) = 0 = f0(−x) para todo x ∈ [−a, a]. Dados f e g em U e α ∈ IR, enta˜o: (i) (f + g)(−x) = f(−x)+ g(−x) = f(x)+ g(x) = (f + g)(x), portanto f + g ∈ U . (ii) (α · f)(−x) = α · f(−x) = α · f(x) = (α · f)(x), portanto α · f ∈ U . De (i) e (ii) conclu´ımos que U e´ subespac¸o de C([−a, a]). (b) W 6= ∅, pois a func¸a˜o nula f0 esta´ em U , ja´ que: f0(x) = 0 = −f0(−x) para todo x ∈ [−a, a]. Dados f e g em U e α ∈ IR, enta˜o: (i) (f + g)(−x) = f(−x)+ g(−x) = ( − f(x) ) + ( − g(x) ) = −(f + g)(x), portanto f + g ∈ W . (ii) (α · f)(−x) = α · ( − f(x) ) = −α · f(x) = (−α · f)(x), portanto α · f ∈ W . De (i) e (ii) conclu´ımos que W e´ subespac¸o de C([−a, a]). Observac¸o˜es: 1. As func¸o˜es do conjunto U do exemplo acima sa˜o chamadas func¸o˜es pares, en- quanto que as func¸o˜es do conjunto W sa˜o chamadas func¸o˜es ı´mpares. 2. Toda func¸a˜o f em C([−a, a]) pode ser escrita como a soma de uma func¸a˜o par e uma func¸a˜o ı´mpar. De fato, consideremos as func¸o˜es g(x) = f(x) + f(−x) 2 e h(x) = f(x)− f(−x) 2 , temos: g(−x) = f(−x) + f ( − (−x) ) 2 = f(−x) + f(x) 2 = g(x), enquanto que h(−x) = f(−x)− f ( − (−x) ) 2 = f(−x)− f(x) 2 = −h(x). Logo, g e´ func¸a˜o par e h e´ func¸a˜o ı´mpar, e e´ claro que g(x) + h(x) = f(x) + f(−x) 2 + f(x)− f(−x) 2 = f(x). 10. O subconjunto S = { v ∈ IR3; v = α(1,−1, 1) + (2, 1, 3) } na˜o e´ subespac¸o de IR3. Soluc¸a˜o: De fato, 0IR3 /∈ S, pois α(1,−1, 1) + (2, 1, 3) = (0, 0, 0)⇐⇒ α + 2 = 0 −α + 1 = 0 α + 3 = 0 ⇐⇒ α = −2 α = 1 α = −3 , um absurdo! CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 57 2.3 Combinac¸a˜o Linear e Subespac¸o Gerado Definic¸a˜o 2.6. Seja V um espac¸o vetorial sobre o corpo IF , dizemos que v ∈ V e´ uma combinac¸a˜o linear dos vetores v1, v2, · · · , vn vetores em V se, e somente se, existem escalares α1, α2, · · · , αn em IF tais que v = α1 · v1 + α2 · v2 + · · · + αn · vn. Exemplos: 1. O vetor (−2, 3) e´ combinac¸a˜o linear dos vetores (1, 0) e (0, 1) de IR2, pois (−2, 3) = −2(1, 0) + 3(0, 1). 2. O polinoˆmio p(t) = t2 + 4t− 7 e´ combinac¸a˜o linear dos polinoˆmios p1(t) = t 2 − 2t + 1 e p2(t) = 3t− 4 de P2(IR), pois p(t) = t2 + 4t− 7 = (t2 − 2t+ 1) + 2(3t− 4). 3. A matriz A = [ −1 3 0 2 ] e´ combinac¸a˜o linear das matrizes A1 = [ 1 1 0 1 ] , A2 = [ 1 1 0 0 ] e A3 = [ 0 1 0 0 ] , pois 2 · [ 1 1 0 1 ] + (−3) · [ 1 1 0 0 ] + 4 · [ 0 1 0 0 ] = [ −1 3 0 2 ] . Definic¸a˜o 2.7. Sejam V um espac¸o vetorial sobre o corpo IF e S um subconjunto finito de V , ou seja, S = {v1, · · · , vn}, o conjunto de todas as combinac¸o˜es lineares de elementos de S e´ um subespac¸o de V , chamado subespac¸o gerado pelos elementos de S, ou simplesmente, subespac¸o gerado de S. Notac¸a˜o: [S] ou [v1, · · · , vn]. Observac¸o˜es: 1. Notemos que [S] = { α1 · v1 + · · · + αn · vn; α1, · · · , αn ∈ IF } . 2. [v1, · · · , vn] e´ o “menor” subespac¸o de V que conte´m os vetores {v1, · · · , vn}. 3. Se U = [S], dizemos que S e´ um sistema de geradores para o subespac¸o U . SEC¸A˜O 2.3 • COMBINAC¸A˜O LINEAR E SUBESPAC¸O GERADO 58 Exemplos: 1. Seja C0([0, 2pi]) = {f ∈ C([0, 2pi]) tal que f(0) = f(2pi) = 0}, vimos que este conjunto e´ subespac¸o de C([0, 2pi]). Consideremos S = {cosx, cos(2x), · · · , cos(nx)}, enta˜o [S] = { f ∈ C0([0, 2pi]); f(x) = α1 cosx + α2 cos(2x) + · · · + αn cos(nx) } . 2. Seja S = 1 0 00 0 0 0 0 0 , 0 1 00 0 0 0 0 0 , 0 0 10 0 0 0 0 0 , 0 0 00 1 0 0 0 0 , 0 0 00 0 1 0 0 0 , 0 0 00 0 0 0 0 1 , enta˜o [S] = α1 1 0 00 0 0 0 0 0 + α2 0 1 00 0 0 0 0 0 + α3 0 0 10 0 0 0 0 0 + α4 0 0 00 1 0 0 0 0 + α5 0 0 00 0 1 0 0 0 + α6 0 0 00 0 0 0 0 1 ; α1, · · · , α6 ∈ IR = α1 α2 α30 α4 α5 0 0 α6 ; α1, · · · , α6 ∈ IR . Portanto, [S] e´ o subespac¸o das matrizes reais triangulares superiores de ordem 3. 3. Seja A = a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... . . . ... am1 am2 · · · amn uma matriz de Mm×n(IR). (a) O subconjunto C(A) = { α1 · c1 + α2 · c2 + · · · + αm · cm; α1, α2, · · · , αm ∈ IR } , com ci = [ ai1 ai2 · · · ain ] a i-e´sima linha de A, para i ∈ {1, · · · ,m}, e´ o subespac¸o de IRn gerado pelas linhas da matriz A, e denominado subespac¸o linha de A. (b) O subconjunto R(A) = { α1 · v1 + α2 · v2 + · · · + αn · vn; α1, α2, · · · , αn ∈ IR } , CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 59 com vj = a1j a2j ... amj a j-e´sima coluna de A, para j ∈ {1, · · · , n}, e´ um subespac¸o de IRm gerado pelas colunas de A, chamado subespac¸o coluna de A. (c) As soluc¸o˜es do sistema homogeˆneo A ·X = 0m×1, com X = x1 x2 ... xn e´ um subespac¸o de IRn, denotado por chamado N (A) e denominado subespac¸o nulidade de A. Se A = −1 1 −1 1 −1 1 0 1 −1 0 0 1 , temos: (a) C(A) = { α1 [ −1 1 −1 ] + α2 [ 1 −1 1 ] + α3 [ 0 1 −1 ] + α4 [ 0 0 1 ] = [ −α1 + α2 α1 − α2 + α3 −α1 + α2 − α3 + α4 ] , com α1, α2, α3 ∈ IR } . Por exemplo, c = [ 1 2 −4 ] ∈ C(A), basta tomar α1 = 1, α2 = 2, α3 = 3 e α4 = −2. (b) R(A) = α1 −1 1 0 0 + α2 1 −11 0 + α3 −1 1 −1 1 = −α1 + α2 − α3 α1 − α2 + α3 α2 − α3 α3 , com α1, α2, α3 ∈ IR . Por exemplo, v = −2 6 −3 2 ∈ R(A), basta tomar α1 = 3, α2 = −1 e α3 = 2. (c) O sistema −1 1 −1 1 −1 1 0 1 −1 0 0 1 · x1x2 x3 = 0 0 0 0 e´ dado por −x1 + x2 − x3 = 0 x1 − x2 + x3 = 0 x2 − x3 = 0 x3 = 0 que tem apenas a soluc¸a˜o trivial x1 = 0 x2 = 0 x3 = 0 Logo, neste caso N (A) = { (0, 0, 0) } . SEC¸A˜O 2.4 • SOMA, SOMA DIRETA E INTERSECC¸A˜O DE SUBESPAC¸OS 60 4. Mostre que p(t) = t2 + t− 1 /∈ [ p1(t), p2(t) ] ⊂ P3(IR), com { p1(t) = t 3 − 2 p2(t) = t+ 1 De fato, q(t) ∈ [ p1(t), p2(t) ] ⇐⇒ q(t) = a(t3−2)+b(t+1) = at3+bt+(b−2a), com a, b ∈ IR. Logo, um polinoˆmio em [ p1(t), p2(t) ] tem grau 3, ou grau 1 ou grau 0, portanto p(t) /∈ [ p1(t), p2(t) ] . Definic¸a˜o 2.8. Dizemos que um espac¸o vetorial V e´ finitamente gerado se existe S um subconjunto finito de V tal que V = [S]. Exemplos: 1. IRn e´ finitamente gerado, pois IRn = [ (1, 0, · · · , 0), (0, 1, · · · , 0), · · · , (0, 0, · · · , 1) ] . 2. Pn(IR) e´ finitamente gerado, pois Pn(IR) = [ 1, t, · · · , tn ] . 3. Mm×n(IR) e´ finitamente gerado, pois Mm×n(IR) = 1 · · · 0 ... . . . ... 0 · · · 0 m×n , · · · , 0 · · · 0 ... . . . ... 0 · · · 1 m×n . 2.4 Soma, Soma Direta e Intersecc¸a˜o de Subespac¸os Teorema 2.9. Seja V um espac¸o vetorial sobre o corpo IF . Se U e W sa˜o subespac¸os vetoriais de V , enta˜o: (i) O subconjunto de V : U ∩W = {v ∈ V ; v ∈ U e v ∈ W} e´ um subespac¸o de V . (ii) O subconjunto de V : U +W = {v ∈ V ; v = u+ w, com u ∈ U e w ∈ W} e´ um subespac¸o de V . Demonstrac¸a˜o: (i) U ∩W 6= ∅, pois 0V ∈ U e 0V ∈ W , 0V ∈ U ∩W . CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 61 • Sejam v e u em U ∩W , enta˜o v e u esta˜o em U e v e u esta˜o em W . Como U e W sa˜o subespac¸os de V , enta˜o v + u ∈ U e v + u ∈ W . Consequentemente v + u ∈ U ∩W. • Dado v em U ∩W , enta˜o v ∈ U e v ∈ W . Dado α ∈ IF , como U e W sa˜o subespac¸os de V , enta˜o α · v ∈ U e α · v ∈ W . Logo, α · v ∈ U ∩W. Portanto, U ∩W e´ subespac¸o de V . (ii) U +W 6= ∅, pois 0V ∈ U e 0V ∈ W , 0V + 0V = 0V ∈ U +W . • Sejam v1 e v2 em U +W , enta˜o v1 = u1 + w1 e v2 = u2 + w2 com u1, u2 ∈ U e w1, w2 ∈ W . Como U e W sa˜o subespac¸os de V , enta˜o u1 + u2 ∈ U e w1 + w2 ∈ W . Consequentemente, v1 + v2 = (u1 + w1) + (u2 + w2) = (u1 + u2) + (w1 + w2) ∈ U +W. • Dado v em U +W , enta˜o v = u+ w, com u ∈ U e w ∈ W . Como U e W sa˜o subespac¸os de V , dado α ∈ IF temos α · u ∈ U e α · w ∈ W . Logo, α · v = α · (u+ w) = α · u+ α · w ∈ U +W. Portanto, U +W e´ subespac¸o de V . Observac¸o˜es: 1. O subespac¸o U ∩W e´ chamado subespac¸o intersecc¸a˜o de U e W . 2. O subespac¸o U +W e´ chamado subespac¸o soma de U e W . 3. No caso em que U ∩W = {0V }, o subespac¸o soma U+W e´ chamado subespac¸o soma direta e denotado por U ⊕W . 4. Dados V um espac¸o vetorial, U e W subespac¸os de um V . De modo geral, U ∪W na˜o e´ subespac¸o vetorial de V . Por exemplo, para V = IR2, U = {(x, y) ∈ IR; x = 0 e W = {(x, y) ∈ IR; y = 0}, respectivamente o eixo y e o eixo x no plano cartesiano, enta˜o U ∪W = {(x, y) ∈ IR; x = 0 ou y = 0}, ou seja, e´ o conjunto dos pontos do plano cartesiano que esta˜o ou no eixo x ou no eixo y. Assim, (1, 0) ∈ U ∪W e (0,−3) ∈ U ∪W , mas (1, 0) + (0,−3) = (1,−3) /∈ U ∪W. Exemplos: Em cada um casos abaixo, obtenha os subespac¸os U ∩W e U +W , verifique se a soma e´ direta. SEC¸A˜O 2.4 • SOMA, SOMA DIRETA E INTERSECC¸A˜O DE SUBESPAC¸OS 62 1. V = IR3 com U = {(x, y, z) ∈ IR3; x = y} W = {(x, y, z) ∈ IR3; z = 0} Soluc¸a˜o: • (x, y, z) ∈ U ∩W ⇐⇒ { x = y z = 0 ⇐⇒ (x, y, z) = (x, x, 0). Logo, U ∩W = {(x, y, z) ∈ IR3; x = y e z = 0}. • U +W = {(x, y, z) ∈ IR3; (x, y, z) = (a, a, b) + (c, d, 0)}. Logo, (x, y, z) ∈ U +W ⇐⇒ x = a+ c y = a+ d z = b Tomando a = 0 b = z c = x d = y podemos escrever um vetor (x, y, z) de IR3 como soma de um vetor de U e um vetor de W . Portanto, U +W = IR3, pore´m a soma na˜o e´ direta, pois U ∩W 6= {0IR3}. 2. V = M2(IR) com U = {[ a11 a12 a21 a22 ] ∈M2(IR); a22 = a11 } W = {[ a11 a12 a21 a22 ] ∈M2(IR); a11 = 0 e a21 = −a12 } Soluc¸a˜o: • A = [ a b c d ] ∈ U ∩W ⇐⇒ { a = d a = 0 e c = −b ⇐⇒ a = d = 0 e c = −b ⇐⇒ A = [ 0 b −b 0 ] . Logo, U ∩W = {[ 0 b −b 0 ] ∈M2(IR) } . • U +W = {[ x y z t ] ∈M2(IR); [ x y z t ] = [ a b c a ] + [ 0 d −d e ]} Logo, [ x y z t ] ∈ U +W ⇐⇒ x = a y = b+ d z = c− d t = a+ e Tomando a = x b = y c = z d = 0 e = t− x podemos escrever um vetor [ x y z t ] deM2(IR) como soma de um vetor de U e um vetor de W . CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 63 Portanto, U +W = M2(IR), pore´m a soma na˜o e´ direta, pois U ∩W 6= {0M2(IR)}. 3. V = Mn(IR), com n ∈ IN e n ≥ 2, U = {A ∈Mn(IR); A e´ sime´trica} W = {A ∈Mn(IR); A e´ anti-sime´trica} Soluc¸a˜o: • A ∈ U ∩W ⇐⇒ { A e´ sime´trica A e´ anti-sime´trica ⇐⇒ { A = AT A = −AT ⇐⇒ A = −A ⇐⇒ 2A = 0n×n ⇐⇒ A = 0n×n. Logo, U ∩W = {0Mn(IR)}. • Vimos no estudo de matrizes quadradas que toda matriz A ∈ Mn(IR) pode ser escrita como: A = ( A+ AT 2 ) ︸ ︷︷ ︸ sime´trica + ( A− AT 2 ) ︸ ︷︷ ︸ anti-sime´trica . Portanto, U ⊕W = Mn(IR), a soma e´ direta pois U ∩W = {0n×n}. 4. V = F(IR) com U = { f ∈ F(IR); f e´ par } W = { f ∈ F(IR); f e´ ı´mpar } Soluc¸a˜o: • f ∈ U ∩W ⇐⇒ { f e´ par f e´ ı´mpar ⇐⇒ { f(−x) = f(x) para todo x ∈ IR f(−x) = −f(x) para todo x ∈ IR ⇐⇒ f(x) = −f(x) para todo x ∈ IR⇐⇒ 2f(x) = 0 para todo x ∈ IR ⇐⇒ f(x) = 0 para todo x ∈ IR⇐⇒ f = f0 a func¸a˜o nula. Logo, U ∩W = {f0}. • Vimos que toda func¸a˜o f ∈ F(IR) pode ser escrita como: f(x) = ( f(x) + f(−x) 2 ) ︸ ︷︷ ︸ func¸a˜o par + ( f(x)− f(−x) 2 ) ︸ ︷︷ ︸ func¸a˜o ı´mpar . Portanto, U ⊕W = F(IR), a soma e´ direta, pois U ∩W = {0F(IR)}. 5. V = IR4 com U = {(x, y, z, w) ∈ IR4; x+ y = 0 e z − w = 0} W = {(x, y, z, w) ∈ IR4; x− y − z + w = 0} Soluc¸a˜o: • (x, y, z, w) ∈ U ∩W ⇐⇒ { x = −y e w = z x = y + z − w ⇐⇒ −y = y + z − z ⇐⇒ 2y = 0⇐⇒ { y = 0 x = 0 ⇐⇒ (x, y, z, w) = (0, 0, z, z). Logo, U ∩W = {(x, y, z, w) ∈ IR3; x = y = 0 e w = z}. • U +W = IR4, veremos isto apo´s enunciarmos o teorema da dimensa˜o da soma e da intersecc¸a˜o. SEC¸A˜O 2.5 • DEPENDEˆNCIA E INDEPENDEˆNCIA LINEAR 64 6. V = P3(IR) com U = {p(t) = a0 + a1t+ a2t 2 + a3t 3 ∈ P3(IR); a3 = −a1} W = {p(t) ∈ P3(IR); p(−1) = p ′(−1) = 0} Soluc¸a˜o: • p(t) = a0 + a1t+ a2t 2 + a3t 3 ∈ U ∩W ⇐⇒ { a3 = −a1 p(−1) = p′(−1) = 0 ⇐⇒ a3 = −a1 a0 − a1 + a2 − a3 = 0 a1 − 2a2 + 3a3 = 0 ⇐⇒ a3 = −a1 a0 = a1 − a2 + a3 2a2 = a1 + 3a3 ⇐⇒ a3 = −a1 a0 = a1 − a2 − a1 = −a2 2a2 = a1 − 3a1 = −2a1 ⇐⇒ a3 = −a1 a2 = −a1 a0 = a1 Logo, U ∩W = {p(t) = a1 + a1t− a1t 2 − a1t 3 ∈ P3(IR)}. • U +W = P3(IR), veremos isto apo´s enunciarmos o teorema da dimensa˜o da soma e da intersecc¸a˜o. Observac¸a˜o: Seja V um espac¸o vetorial, se U eW sa˜o subespac¸os de V tais que V = U⊕W , enta˜o para cada v ∈ V existem u´nicos u ∈ U e w ∈ W tais que v = u+ w. De fato, se existissem u1,u2 ∈ U e w1, w2 ∈ W com v = u1 + w1 = u2 + w2, enta˜o ter´ıamos u1 − u2 = w2 −w1 ∈ U ∩W , mas como V = U ⊕W , enta˜o u∩W = {0V }, da´ı que u1 − u2 = w2 − w1 = 0V , e portanto { u1 = u2 w2 = w1 . Portanto a decomposic¸a˜o de v como soma de um elemento de U e um elemento de W e´ u´nica. 2.5 Dependeˆncia e Independeˆncia Linear Definic¸a˜o 2.10. Seja V um espac¸o vetorial sobre o corpo , dizemos que um subconjunto S = {v1, v2, · · · , vk}, de V , e´ linearmente independente se, e somente se, a equac¸a˜o a1v1 + a2v2 + · · ·+ akvk = 0V tem apenas a soluc¸a˜o trivial a1 = a2 = · · · = ak = 0. No caso em que a equac¸a˜o tem alguma soluc¸a˜o na˜o trivial, dizemos que S e´ linearmente dependente. Observac¸a˜o: Em geral usamos a notac¸a˜o L.I. para vetores ou conjunto de vetores line- armente independentes e a notac¸a˜o L.D. para designar vetores ou um conjunto de vetores linearmente dependentes. Exemplos: Nos casos abaixo verifique se S e´ L.I. ou L.D. CAP. 2 • ESPAC¸OS VETORIAIS 65 1. V = P2(IR) e S = {t+ 1, t 2 − 1, t+ t2}. Soluc¸a˜o: a(t+ 1) + b(t2 − 1) + c(t+ t2) = 0⇐⇒ (a− b) + (a+ c)t+ (b+ c)t2 = 0 ⇐⇒ a− b = 0 a+ c = 0 b+ c = 0 ⇐⇒ a− b = 0 b+ c = 0 b+ c = 0 ⇐⇒ { a = b c = −b Portanto, por exemplo, a = b = 1 e c = −1 e´ uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o, consequente- mente S e´ L.D. 2. V = M2(IR) e S = {[ 1 −1 1 0 ] , [ 0 1 1 −1 ]} . Soluc¸a˜o: a [ 1 −1 1 0 ] + b [ 0 1 1 −1 ] = [ 0 0 0 0 ] ⇐⇒ [ a −a+ b a+ b −b ] = [ 0 0 0 0 ] ⇐⇒ a = 0 −a+ b = 0 a+ b = 0 −b = 0 ⇐⇒ { a = 0 b = 0 Logo, a u´nica soluc¸a˜o da equac¸a˜o e´ a trivial a = b = 0, portanto S e´ L.I. 3. V = IR3 e S = {(1,−1, 3), (−2, 3,−5), (0, 1, 1)}. Soluc¸a˜o: a(1,−1, 3) + b(−2, 3,−5) + c(0, 1, 1) = (0, 0, 0) ⇐⇒ (a− 2b,−a+ 3b+ c, 3a− 5b+ c) = (0, 0, 0)⇐⇒ a− 2b = 0 −a+ 3b+ c = 0 3a− 5b+ c = 0 ⇐⇒ a− 2b = 0 b+ c = 0 b+ c = 0 ⇐⇒ { a = 2b c = −b Logo, por exemplo, b = 1, a = 2 e c = −1 e´ uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o, consequentemente S e´ L.D. 4. V = C([0, 2pi]) e S = {1, cosx, sen (2x)}. Soluc¸a˜o: a+ b cos(2x) + csen x = 0 para todo x ∈ [0, 2pi]. Em particular para x = 0, x = pi 2 e x = 3pi 2 obtemos: a+ b = 0 a− b+ c = 0 a+ b− c = 0 ⇐⇒ a+ b = 0 −2b+ c = 0 −c = 0 ⇐⇒ a = 0 b = 0 c = 0 Portanto, S e´ L.I. SEC¸A˜O 2.5 • DEPENDEˆNCIA E INDEPENDEˆNCIA LINEAR 66 5. V = F(IR) e S = {1, cos2 x, sen2x}. Soluc¸a˜o: a+ b cos2 x+ c sen2x = 0 para todo x ∈ IR. Mas sabemos que cos2 x+ c sen2x = 1 para todo x ∈ IR, portanto a equac¸a˜o acima tem soluc¸a˜o na˜o trivial a = 1 b = −1 c = −1 Logo, S e´ L.D. Observac¸o˜es: Seja V um espac¸o vetorial, decorrem da definic¸a˜o de dependeˆncia e inde- pendeˆncia linear as seguintes consequeˆncias: 1. Se S = {v1, v2} e´ um subconjunto de V , com v1 6= 0V e v2 6= 0V , enta˜o S e´ L.D. se, e somente se, v1 e v2 sa˜o mu´ltiplos (proporcionais). 2. Se S = {v} e´ um subconjunto unita´rio de V e v 6= 0V , enta˜o S e´ L.I. 3. Se S e´ um subconjunto de V tal que 0V ∈ S, enta˜o S e´ L.D, ou seja, todo conjunto que conte´m o elemento neutro, 0V , e´ linearmente dependente. 4. Se S e S ′ sa˜o subconjuntos de V com S L.D. e S ⊂ S ′, enta˜o S ′ tambe´m e´ L.D., ou seja, todo conjunto conte´m um subconjunto L.D. tambe´m e´ L.D. 5. Se S e´ um subconjunto L.I. de V , enta˜o todo subconjunto de S e´ L.I. 6. O conjunto vazio, ∅ ⊂ V , e´ linearmente independente. Teorema 2.11. Sejam V um espac¸o vetorial sobre o corpo IF e v1, v2, · · · , vk vetores em V . O conjunto S = {v1, v2, · · · , vk} e´ linearmente dependente (LD) se, e somente se, um de seus elementos pode ser escrito como combinac¸a˜o linear dos demais elementos. Demonstrac¸a˜o: Suponhamos que S = {v1, v2, · · · , vk} e´ um subconjunto L.D. de V , enta˜o a equac¸a˜o a1v1 + a2v2 + · · ·+ akvk = 0V tem alguma soluc¸a˜o trivial. Suponhamos sem perda de generalidade que uma soluc¸a˜o na˜o trivial seja com a1 6= 0, enta˜o temos: a1v1 = −a2v2 − · · · − akvk =⇒ v1 = − a2 a1 v1 + · · · − ak a1 vk. Assim, v1 se escreve como combinac¸a˜o linear dos demais vetores. Reciprocamente, supondo que v1 = α1v2 + · · ·+ αk−1vk, enta˜o temos v1 − α1v2 − · · · − αk−1vk. Consequentemente, S e´ linearmente dependente.
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