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Unidade III NUTRIÇÃO E SEGURANÇA DOS ALIMENTOS Profa. Juliana Casagrande Técnicas alimentares Alinhar valor nutricional ao sabor e boa aparência, algo tão almejado em uma alimentação saudável, é o desafio que as técnicas dietéticas buscam resolver, sem deixar de considerar e adotar o melhor custo-benefício para todos os envolvidos. A preparação técnica dos alimentos tem o intuito de compreender e controlar as operações e modificações que eles sofrem. Também busca a eficiência para utilizar os recursos da melhor forma possível. As técnicas dietéticas são aplicadas em todas as etapas que envolvem o alimento: seleção; compras; armazenamento; pré-preparo; preparo; distribuição. Técnicas alimentares Ao serem adotadas as técnicas dietéticas, devemos considerar o alinhamento dos seguintes aspectos: Nutricionais: preservar o valor nutritivo dos alimentos. Higiênicos: deter ou estacionar a ação de enzimas e micro-organismos indesejáveis. Digestivos: melhorar a digestibilidade e o aproveitamento dos nutrientes. Sensoriais: preservar e/ou ressaltar as características sensoriais dos alimentos, como: cor, odor, sabor, textura e aparência. Econômico: utilizar eficientemente os recursos (matéria-prima, energia, água, mão de obra etc.), buscando o melhor custo-benefício. Técnicas alimentares Processos fundamentais, como redação de receita, medição e pesagem dos ingredientes, fator de correção e índice de cocção precisam ser controlados para atingir uma produção de qualidade e em acordo com a demanda de refeição a ser elaborada, como veremos a seguir. Redação das receitas O sucesso das técnicas dietéticas depende, a princípio, de receitas bem elaboradas, de modo a satisfazer objetivos diversos como: economia de tempo, garantia de qualidade do produto final, redução de custos, gestão de estoque por meio do controle dos produtos a serem utilizados, dimensionamento da mão de obra necessária para realização das preparações, padronização das atividades, além de reprodutibilidade das receitas com a mesma qualidade sensorial, independentemente de quem as prepara (MARTINS et al., 2014). Técnicas alimentares As receitas redigidas também podem ser chamadas de fichas técnicas. INGREDIENTES QUANT. CONV. MOLHO AO SUGO 0,200 L ALHO 0,006 Kg ESPAGUETE COZIDO* 0,300 Kg AZEITE 0,020 L SALSINHA CRESPA 0,005 Kg Modo de preparo: Coloque a porção de massa em água quente e retire. Em uma frigideira esquente o azeite, adicione o alho e o molho sugo ( 2 conchas médias ) deixe esquentar e adicione a massa. Enfeite com um galho de salsinha crespa. Sirva quente. FICHA TÉCNICA: ESPAGUETE AO SUGO Fonte: http://efisconsultoria.blogspot.com.br/2011/07/maior-preocupacao-dos-restaurantes-que.html Técnicas alimentares Algumas regras devem ser seguidas na redação de receitas para facilitar sua leitura e execução sem provocar retrocessos e perda de tempo, além de permitir a fiel reprodução das preparações. (MARTINS et al. 2014, p.180) São as seguintes: Nome da receita: deve ser claro e objetivo, representando bem a preparação. Ingredientes: emitidos por completo e na ordem em que serão utilizados, a quantidade em gramas ou em medida caseira. Modo de preparo: descrever em números consecutivos e lógicos. Rendimento: indicar sempre o número de porções a serem obtidas com a receita. Técnicas alimentares Pesos e medidas A quantificação de ingredientes é o primeiro passo para a execução de uma receita, fator que é determinante para garantir sua reprodutibilidade e alcance do valor nutricional esperado. É muito provável que uma falha de pesagem de ingredientes para mais ou para menos do que o fixado na receita afetará negativamente o resultado da preparação, além de causar desperdício por perda de ingredientes e de tempo. Existem duas formas gerais de expressar as quantidades de ingredientes: Medida padrão: quilos (Kg), gramas (g), litros (L), mililitros (ml). Técnicas alimentares Medida caseira: xícaras, colheres, copos. É recomendável, sempre que possível, utilizar balanças analíticas a fim de obter maior precisão dos pesos. Os ingredientes normalmente são encontrados em estado líquido, seco ou sólido. Para adequada medição de cada um deles, algumas técnicas são indicadas: Ingredientes secos: peneirar antes da pesagem para evitar que ingredientes empedrados atrapalhem a quantidade desejada; retirar com uma colher, em vez de despejar, evitando quantidades excessivas ao pesar; Técnicas alimentares não calcar ou apertar para evitar sobrepeso (em caso de medida caseira); remover o excesso com uma espátula ou faca (em caso de medida caseira). Ingredientes líquidos: colocar o medidor em superfície plana, se possível ao nível dos olhos; não segurar o medidor na mão; não levantar o medidor até os olhos. Ingredientes sólidos: não pesar gordura congelada, pesar a forma pastosa; calcar bem no medidor para expulsar o ar; retirar o excesso com uma espátula. Técnicas alimentares Fator de correção ou IPC É a relação entre o peso bruto e o peso líquido do alimento. Por alimento bruto considera-se aquele in natura; alimento líquido, a parte comestível após a retirada de semente, raiz, casca e defeitos. Esse fator indica, portanto, o rendimento do produto. Sempre será maior que 1 e quanto mais alto for esse valor, mais perdas representará. O grau de qualidade do artigo e as técnicas culinárias interferem nesse resultado. Fatores de correção menores tendem a serem obtidos por meio da utilização de materiais frescos, equipamentos apropriados para corte, treinamento de manipuladores e preparações adequadas ao grau de qualidade do produto. Fonte: adaptado de Martins et.al, 2014 Técnicas alimentares Índice de cocção É a relação entre o peso cozido e o peso cru (limpo) do alimento. Peso cozido corresponde ao alimento preparado e pronto para ser servido, peso limpo é o alimento cru a ser cozido. Resultados acima de 1 indicam que e o alimento absorve água durante a cocção, ou seja, ganha peso. Como exemplo, temos as leguminosas e os cereais. Resultados abaixo de 1 assinalam que o alimento perde peso e água, o que ocorre com carnes e vegetais. Fonte: adaptado de Martins et.al, 2014 Fonte: adaptado de Martins et.al, 2014 Interatividade Dentro de uma cozinha, qual é a importância do controle correto do fator de correção ou IPC? a) Apenas controle de custos. b) Para organização e planejamento do número de funcionários. c) Para controle de custos e planejamento correto da compra de matérias-primas. d) Apenas otimização da utilização de equipamentos. e) Nenhuma das alternativas anteriores. Técnicas alimentares Tipos de calor e técnicas de cocção As etapas culinárias normalmente empregadas para modificar o alimento são agrupadas em três fatores: Físicos: aplicação de calor, subdivisão com ou sem separação de partes (cortar, picar, moer, centrifugar, decantar), dissolução, união, peneiramento, misturar, espremer, bater, amassar, sovar etc. Químicos: cocção, adição de ácidos e bases, combinações químicas. Biológicos: ação de enzimas, bactérias e fungos (leveduras). Técnicas alimentares A aplicação de calor é uma das etapas mais significativas na transformação dos alimentos. As formas de transmissão de calor são classificadas do seguinte modo: Radiação: calor é transferido ao alimento por meio de ondas de energia, que vibram em frequência alta, deslocando-se rapidamente e elevando a temperaturana superfície do alimento. Condução: transferência de calor de molécula para molécula, por contato do mais quente para o mais frio. Convecção: transferência de calor por meio do ar ou líquido. Uma corrente de convecção é formada e através dela a porção do alimento se movimenta conforme sua densidade. Equipamento para cocção Descrição Método de transmissão de calor Micro-ondas As moléculas de água do alimento sofrem agitação através de ondas eletromagnéticas, gerando energia, ou seja, o calor que aquecerá o alimento. Irradiação e convecção Forno-combinado Método rápido e com controle de tempo e temperatura. O calor é baseado em circulação forçada de ar quente com injeção automática de vapor. Combinação de calor seco e úmido Seladora a vácuo Método que conserva as características organolépticas e prolonga a validade. O alimento passar por etapa de condimentação, selagem a vácuo, cozimento lento e a seguir é refrigerado. Cocção a vácuo ou sous vide Banho-maria Cozimento lento e uniforme; sem contato direto com a água. Steaming Frigideira e tacho Utilização de gordura como condutor de calor em imersão. Cocção em calor seco Técnicas alimentares Forno Ligeira cor dourada na superfície do alimento Calor seco Batata corada Grelha, chapa e espeto Alimento sofre desidratação Calor seco e ar confinado (convecção) Carnes Panela de pressão Alimento sofre hidratação Calor úmido Carnes e leguminosas Adaptado de: Martins et al. (2014). Técnicas alimentares Técnicas culinárias O que deve ter prioridade em uma preparação culinária? A valorização da aparência ou o atendimento ao valor nutricional? A melhor resposta para esta pergunta é aquela que considerar ambos os aspectos como importantes. O bom senso alinhado às técnicas culinárias é o melhor caminho para a tomada de decisão a fim de obter uma alimentação balanceada e interessante. Prefira métodos de cocção de curta duração, pois são os melhores para conservar proteínas e vitaminas. Técnicas alimentares Atenção ao aspecto das hortaliças antes mesmo do preparo. Vegetais originalmente verdes que estiverem amarelados ou legumes com textura flácida são sinais de que os nutrientes já foram perdidos. O bicarbonato favorece a cor de determinados alimentos ao ativar a clorofila de legumes e verduras, por exemplo, mas destrói fibras e nutrientes, principalmente o cálcio. A cocção no vapor favorece o sabor e a textura de alimentos como a couve-flor. Entretanto, o tempo de cocção varia de acordo com o corte do produto e também em relação a quantos dias ele ficou armazenado antes do preparo. Técnicas alimentares Embora a cocção ao vapor seja interessante, é preciso cuidado para não optar sempre por esse método, evitando o risco de monotonia alimentar. Conhecer o valor nutricional dos ingredientes ajudará a compor um cardápio pouco calórico, porém saboroso. Optar por técnicas de cocção do tipo ensopados e assados em vez de fritura em imersão permite diminuir a gordura da dieta. Quer preparar um bife à milanesa sem excesso de gordura adicional, sem fritura? Asse-o em forno sobre a grelha em 220 ºC, borrifando um pouco de óleo vegetal na superfície do produto. Técnicas alimentares Molhos e temperos são aliados na diversificação das preparações. O capricho em relação à escolha dos líquidos aromáticos contribuirá com sabor e textura, pois o tempero penetra e amacia o alimento, podendo até cozinhar. Exemplo: acidez do limão amacia a fibra de peixe. Métodos para conservação do alimento Garantir o valor nutricional e a sanidade dos alimentos corresponde, respectivamente, ao atendimento da segurança alimentar e segurança do alimento a ser servido ao consumidor. Conservar quer dizer evitar as condições prejudiciais que levem a alterações indesejadas do alimento, como a presença de insetos, pragas e micro-organismos, além das condições que promovem reações químicas enzimáticas e não enzimáticas, como rancidez em alimentos gordurosos e escurecimento de frutas e vegetais. Técnicas alimentares Os principais mecanismos para conservação de alimentos consistem em aplicação de calor e de frio, controle de umidade, aplicação de produtos químicos e o uso de métodos combinados. Método físico através de calor Com temperatura acima de 65ºC, elimina-se a maioria das bactérias; acima de 100ºC, todas as bactérias. Pasteurização: elimina totalmente a flora microbiana patogênica existente na forma vegetativa. É um tratamento brando, indicado para produtos sensíveis que não resistem à esterilização. Proporciona curto tempo de validade, por isso deve ser associado a outros métodos de conservação, por exemplo, refrigeração. Técnicas alimentares Esterilização: são usadas altas temperaturas, que acabam cozinhando o produto. Destrói toda microbiota nociva e patogênica. Apertização: aplicação lenta de calor, na ausência de ar, por meio da embalagem fechada contendo o alimento. Destrói os micro-organismos sem alterar o alimento. Branqueamento: inativa enzimas de frutas e hortaliças. É um pré-tratamento térmico, geralmente associado a outros métodos de conservação. Técnicas alimentares Método físico através de frio Atua na desaceleração do crescimento bacteriano e redução da ação enzimática, preservando as características do alimento. Vejamos: Refrigeração: entre 0 e 10ºC. Retarda a atividade microbiana. Congelamento: abaixo de 0ºC. Paralisa a atividade microbiana. Controle de umidade Consiste na retirada de água do alimento a fim de impedir a proliferação de micro-organismos. Os métodos que utilizam essa técnica são: Técnicas alimentares Secagem natural. Desidratação. Liofilização: usada em grandes quantidades de alimentos, um por vez. Trata-se de congelamento seguido de secagem a vácuo. Adição de soluto. Métodos combinados Defumação. Radiação. Técnicas alimentares Novas tecnologias para conservação de alimentos: alta pressão hidrostática, atmosfera modificada, resfriamento a vácuo, resfriamento por túnel de ar forçado. Interatividade Quais são os principais mecanismos utilizados para conservação de alimentos? a) Desnaturação e liofilização. b) A temperatura fria. c) A temperatura quente. d) A adição de solutos. e) Aplicação de calor e de frio, controle de umidade, aplicação de produtos químicos e o uso de métodos combinados. Técnicas alimentares Dietoterapia A adequada função de digestibilidade do organismo depende das condições do sistema digestivo, que pode ser imaturo em crianças ou debilitado em idosos e doentes. As dietas hospitalares têm definições e características específicas. A primeira dieta que destacamos é a geral/normal: é rotineiramente adotada quando a condição clínica do paciente não exige restrições alimentares. Comumente, são formuladas de modo padronizado e com baixo teor de lipídios, gordura saturada, colesterol, açúcar e sal, a fim de se enquadrar nas recomendações alimentares da maioria da população. Há ainda instituições que disponibilizam cardápio para que o cliente escolha suas refeições. Técnicas alimentares Temos também a dieta modificada, caracterizada por alterações na consistência. É indicada para pacientes que têm limitação para mastigar ou deglutir. “É insuficiente em calorias, fibras e em todos os outros nutrientes essenciais, devendo ser usada apenas por curtos períodos de tempo” (MAHAN et al.,2013). Quando necessário, suplementosde proteína e caloria podem ser administrados via oral; suplementos de líquidos e eletrólitos, administrados via intravenosa. Entre as nomenclaturas de dietas modificadas, incluem-se dieta líquida, dieta de líquidos claros, dieta líquida restrita e dieta pastosa. Os alimentos oferecidos comumente são: chá, caldos, bebidas gaseificadas, sucos de frutas claros e gelatina. Técnicas alimentares Por fim, acentuamos a dieta restrita de nutrientes, marcada pela retirada de ingredientes da dieta ou das receitas. Por impactar diretamente na alteração do valor nutricional, é importante sempre avaliar e optar por ingrediente substituto que seja capaz de atender, em conjunto, aos fatores nutricionais, digestivos e sensoriais. Os indivíduos cuja dieta seja restrita em todas as fontes de leite de vaca frequentemente precisam de um suplemento de cálcio; já aqueles que evitam ovos precisam receber outros alimentos para suprir vitaminas D, proteína e energia. Técnicas alimentares Gastronomia hospitalar A frase “comida de hospital” normalmente é relacionada à alimentação ruim, de má qualidade, sobretudo por não ser saborosa, inclusive fazendo com que seja pouco aceita pelos pacientes. A gastronomia hospitalar surgiu para mudar esse cenário, levando conforto e qualidade nessa fase complicada que é a estadia hospitalar. Martins et al. (2014) apresentam uma definição de gastronomia hospitalar: [...] É a arte de conciliar a prescrição dietética e as restrições alimentares de clientes à elaboração de refeições saudáveis e nutritivas, atrativas e saborosas, a fim de promover a associação de objetivos dietéticos, clínicos e sensoriais, oferecendo nutrição com prazer. Técnicas alimentares Apresenta os seguintes diferenciais: Aplicação de conceitos de hotelaria na área hospitalar, eliminando o preconceito de ambiente inóspito. Além de cortês, o atendimento é individualizado e personalizado. Processo alimentar refinado em termos culturais, incluindo materiais extras e especiais, como bebidas, utensílios e talheres sofisticados. O indivíduo passa a se sentir cliente e não paciente. O poder de escolha do paciente/cliente é valorizado e atendido. O gosto e a temperatura dos alimentos são adequados e o indivíduo recebe informações sobre isso, passando a aceitar melhor o tratamento. Princípios da segurança de alimentos Segurança de alimentos é o termo que se refere a medidas de prevenção de contaminações nos alimentos e, por conseguinte, proteção à saúde e segurança do consumidor. Um alimento seguro é um alimento livre de contaminações, que são chamadas de perigos. Estes são classificados em três tipos: físico, biológico e químico. Conhecer esses perigos aos quais os alimentos estão sujeitos durante as diferentes fases, desde a matéria-prima até o produto final, é fundamental para definir medidas de controle durante sua produção, manipulação e distribuição. Princípios da segurança de alimentos Legislações Para ser produzido e comercializado no País, o alimento está sujeito à inspeção sanitária, que é feita com base em requisitos de legislações de origem federal, estadual e municipal. Inspeção sanitária é: um procedimento da fiscalização, efetuado pela autoridade sanitária, que avalia em toda a cadeia alimentar as Boas Práticas de Produção e/ou as Boas Práticas de Prestação de Serviços, com vistas a atender o Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) estabelecido através da verificação do cumprimento dos procedimentos previstos nos seus manuais, na utilização do Sistema de APPCC, e no atendimento à legislação sanitária. Orienta ainda a intervenção, objetivando a prevenção de agravos à saúde do consumidor no que se refere às questões sanitárias, inclusive quanto ao teor nutricional (BRASIL, 1993). Portaria nº 326,de 30 de julho de 1997 Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 Portaria nº 1.428, de 26 de novembro de 1993 Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004 Resolução RDC nº 218, de 29 de julho de 2005 Princípios da segurança de alimentos Interatividade Quais são os principais objetivos da gastronomia hospitalar? a) Elaborar pratos saborosos. b) Através de técnicas dietéticas corretas, elaborar refeições saudáveis e individualizadas, dando atenção para a aparência dos alimentos, unindo nutrição e prazer. c) Oferecer cardápios diferenciados ao cliente. d) Restringir a quantidade de temperos da refeição. e) Oferecer refeições menos calóricas. Anvisa é uma autarquia vinculada ao Ministério da Saúde, cuja finalidade é promover “a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização”, assim como “dos ambientes, dos processos, dos insumos, das tecnologias dos portos, aeroportos e de fronteiras relacionados a produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária”. Perigo De acordo com Codex Alimentarius (FAO, 2006, p.57), perigos são “agentes biológicos, químicos ou físicos indesejados ou propriedade do alimento com potencial de causar efeito adverso à saúde”. Princípios da segurança de alimentos Princípios da segurança de alimentos Perigo físico É todo material estranho que eventualmente entre em contato com o alimento, podendo afetar a segurança do consumidor. Exemplos: papel, plástico, vidro, entre outros. Algumas medidas para prevenir a ocorrência de perigo físico são: não usar adornos, joias e relógios na área de produção; não carregar objetos nos bolsos; manter o local de trabalho organizado; não fazer consertos provisórios; ter atenção e cuidado; fazer inspeções visuais dos alimentos e do ambiente; sempre fazer o treinamento de colaboradores. Perigo químico Representa toda substância química não pertencente ao produto, sendo capaz de provocar alterações indesejadas no material, como mudança de sabor, cor, aspecto e toxicidade. Vejamos algumas recomendações essenciais: Não reaproveitar embalagens de artigos de limpeza e outros produtos químicos. Usar produtos aprovados, em concentração adequada e com rótulo completo. Sempre armazenar itens de limpeza separados de alimentos ou materiais descartáveis. Princípios da segurança de alimentos Princípios da segurança de alimentos Lubrificar corretamente os equipamentos, com produto permitido e em quantidade recomendada, e em horário conveniente, ou seja, quando não houver alimentos próximos. Fazer a limpeza adequada das linhas de produção e dos utensílios, jamais deixando resíduos de produto de limpeza, por exemplo. Ter atenção e cuidado. Efetuar o treinamento de colaboradores. Princípios da segurança de alimentos Perigo biológico Por que não descongelar alimentos em temperatura ambiente? Por que não consumir ou elaborar enfeites com hortaliças não higienizadas? Essas são questões simples, mas algumas vezes negligenciadas, não levadas em consideração. Os micro-organismos são os principais responsáveis pelas alterações dos alimentos, por isso, quase todos os métodos de conservação são baseados na eliminação total ou parcial dos agentes microbianos ou então na criação de condições que desfavoreçam seu crescimento. Princípios da segurança de alimentos Quantidades significativas de micro-organismos permanecem no alimento e acabam sendo ingeridas por meio da alimentação, resultando em infecção, intoxicação ou toxinfecção, sintomas de doenças transmitidas por alimentos (MARTINS et al., 2014). Fonte: adaptado de Martins et.al, 2014 Princípios da segurança de alimentos De acordo com Mahan(2013), em situações normais os micro- organismos ingeridos são reduzidos pela acidez estomacal, cujo pH é baixo (em média 1 a 4) devido a ações combinadas do ácido clorídrico e das enzimas proteolíticas do estômago. Entretanto, em situações favoráveis os micro-organismos podem escapar do estômago e entrar no intestino, isso ocorre quando a quantidade de micro-organismo ingerido é excessiva, quando o indivíduo está desnutrido ou sob efeito de medicamento, suprimindo a secreção ácida. Como o principal risco biológico é representado pelos micro- organismos, é fundamental considerar que eles são provenientes de vias diversas, desde o ar, o solo, até o manipulador de alimentos. Então, a fim de evitar o perigo biológico, é indispensável a adoção de todas as diretrizes de BPF, além de treinamentos, qualificação de fornecedores e qualidade da matéria-prima. Princípios da segurança de alimentos Os microrganismos que oferecem maior risco à saúde são as bactérias. Devido à sua grande resistência aos fatores adversos (calor, frio) elas são algumas das maiores responsáveis pelo aparecimento das DTAs (Doenças Transmitidas por Alimentos). Exemplos de bactérias causadoras de DTAs: Staphylococcus aureus Clostridium botullinum Bacillus cereus Vibrio cholerae Riscos “Risco é a probabilidade de ocorrência de um perigo à saúde pública, de perda da qualidade de um produto ou alimento ou de sua integridade econômica” (BRASIL, 1998). Após a análise do perigo, que consiste na identificação e determinação de quais são os potenciais perigos (físico, químico e biológico) associados a uma matéria-prima ou processo, uma análise de risco deve ser conduzida. Essa avaliação tem o objetivo de verificar a possibilidade de o perigo atingir níveis graves e prejudiciais à saúde; precisa ser realizada em todas as etapas do processo, desde o recebimento de matéria-prima até a distribuição. Para obter um produto de qualidade, é fundamental que a conclusão da análise de risco indique que o perigo será reduzido a níveis aceitáveis ou será eliminado. A metodologia e ferramenta completa para essas atividades chama-se APPCC. Princípios da segurança de alimentos Princípios da segurança de alimentos Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA): Fonte: BRASIL, 2017 Princípios da segurança de alimentos O “surto alimentar é caracterizado como episódio em que duas ou mais pessoas apresentam os mesmos sinais/sintomas após ingerir alimentos e/ou água da mesma origem” (BRASIL, 2017). O Brasil iniciou a vigilância dos surtos alimentares em 1999, porém, apenas em 2016 regulamentou-se a obrigatoriedade da notificação das ocorrências para os serviços de saúde. Qualquer cidadão pode notificar, por telefone, correio eletrônico ou pessoalmente o setor municipal de saúde responsável pela vigilância epidemiológica. Princípios da segurança de alimentos O histórico de dez anos de ocorrência mostra que o ano de 2011 foi o que mais indicou surtos, com o total de 17.884 pessoas doentes; os agentes etiológicos que ocorrem com maior frequência são as bactérias patogênicas Salmonella, E. coli, B. cereus, S. aureus e C. perfringer. Desde 2009 , a região Sudeste lidera o ranking, apresentando em todos os anos o maior número de notificações de doenças transmitidas por alimentos no Brasil. Na sequência aparece a região Sul (BRASIL, 2017). Princípios da segurança de alimentos Contaminação cruzada É o termo usado para designar casos em que contaminantes físicos, químicos ou biológicos são transferidos entre os locais e/ou materiais. Durante a preparação dos alimentos devem ser adotadas medidas a fim de minimizar o risco de contaminação cruzada. Deve-se evitar o contato direto ou indireto entre alimentos crus, semipreparados e prontos para o consumo (BRASIL, 1997). Princípios da segurança de alimentos Algumas medidas para prevenir a ocorrência de contaminação cruzada: É vital criar a distinção física e conceitual das áreas de acordo com a criticidade, por exemplo, estabelecer “área suja” e “área limpa” ou “área de limpeza” e “área de processo” (BRASIL, 1997). Os manipuladores que manuseiam matérias-primas consideradas “sujas” não devem manipular em seguida e diretamente os produtos acabados e semiacabados, a menos que troquem o uniforme e higienizem as mãos. Princípios da segurança de alimentos Se existir possibilidade de contaminação, as mãos devem ser cuidadosamente lavadas entre uma e outra manipulação de produtos nas diversas fases do processo. Equipamento e utensílios que tenham entrado em contato com matérias-primas ou com material contaminado devem ser limpos e desinfetados cuidadosamente antes de serem utilizados para entrar em contato com produtos acabados (BRASIL, 1997). Interatividade Qual alternativa representa com mais efetividade as principais medidas de controle que podemos praticar para evitar as DTAs? a) Lavagem correta das mãos, conservação e armazenamento corretos, controle de tempo e temperatura na produção. b) Utilizar uniformes limpos e não usar adornos. c) Não descongelar as carnes em temperatura ambiente. d) Utilizar luvas descartáveis para manusear os alimentos. e) Nenhuma das alternativas anteriores. ATÉ A PRÓXIMA!
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