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Curatela: conceito e características

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CURATELA
Conceito
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves, curatela é "encargo deferido por lei a alguém capaz para reger a pessoa e administrar os bens de quem, em regra maior, não pôde fazê-lo por si mesmo", ou seja: é a permissão dada pela lei para que outra pessoa assuma a administração de bens de um terceiro, por este não poder fazê-lo sozinho.
É muito parecida com a tutela e, por isso, muitas das disposições legais referentes a esta última também são usadas pela Curatela (artigo 1.774 Código Civil). 
Dentre algumas dessas semelhanças podemos citar o fato do curador ser obrigado a prestar caução suficiente, quando o juiz a exigir, assim como prestar contas; o fato de que o curador somente pode alienar bens imóveis se o juiz autorizar ou mediante prévia avaliação judicial; ou, também, o fato de serem válidas para o curador todas as escusas voluntárias e proibitórias admissíveis ao tutor.
Mesmo com essas identidades, os dois institutos não se confundem face as seguintes diferenças:
- os poderes do curador são mais restritos que o do tutor;
- pode ser realizada uma tutela testamentária, quando os pais nomeiam o tutor, já a curatela só pode ser outorgada mediante autorização do juiz;
- tutela é destinada a menores de 18 anos, à medida que a curatela, em regra, será deferida a maiores de 18 anos (exceção: nascituro);
- a tutela envolve a pessoa e os bens do menor, enquanto a curatela pode alcançar só a administração dos bens do incapaz, como ocorre com os pródigos, por exemplo.
Características
São algumas das características da curatela:
- a finalidade da curatela é assistencial;
- tem caráter publicista notável, uma vez que é dever do Estado proteger os interesses dos incapazes e, para isso, delega este dever a pessoas idôneas e capazes que, ao serem nomeadas, passam a exercer o múnus público, ou seja, o encargo de exercício público;
- visa completar a capacidade do incapaz;
- é temporária, pois só será válida enquanto a incapacidade se mantiver. Uma vez que esta se cesse, cessa também a interdição e a curatela;
- para que o juiz a decrete, deve ter certeza absoluta da incapacidade e, para isso, será procedido o processo de interdição.
Estatuto da Pessoa com Deficiência:
Artigo 85 . A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial.
§ 1º. A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
§ 2º. A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado.
Processo de Interdição
O CPC/73 dispunha que o juízo examinaria e interrogaria o interditando. 
O NCPC estabelece que o juiz entrevistará o interditando e mais, prevê a possibilidade de o juízo se deslocar até o interditando em casos de impossibilidade de este se apresentar em juízo e que esta entrevista poderá ser acompanhada por especialista, além de ser empregados recursos tecnológicos capazes de auxiliar o interditando a manifestar sua vontade e responder as perguntas formuladas.
Também prevê a possibilidade de ouvir os parentes e pessoas próximas ao interditando, não havendo qualquer dispositivo equivalente no CPC/73. 
No que se refere a pessoas próximas, a lei não define quem seriam essas pessoas, o que certamente caberá à doutrina.
O prazo de impugnação do pedido, que antes era de 05 (cinco) dias a contar da data da entrevista passou a ser de 15 (quinze) dias. 
O interditando poderá constituir advogado, assim como era possível no CPC/73. 
Todavia, caso não o faça, seu cônjuge, companheiro ou algum parente do interditando poderá intervir como assistente. 
Não havia dispositivo semelhante do CPC/73. 
É válido acrescentar que o código vigente dispõe que quando a ação for proposta pelo Ministério Público incumbe ao juiz nomear um curador à lide (artigo 1179 CPC/73).
Quanto à realização de perícia, o NCPC fala em equipe de expertos com formação multidisciplinar. 
Equipe multidisciplinar seria a reunião de um grupo composto por especialistas em diversas e distintas áreas de formação acadêmica, permitindo uma troca e uma abrangência maior de conhecimentos destes profissionais em prol do mesmo objetivo, qual seja, a avaliação do interdito e de seu estado.
Também aborda que o laudo deverá indicar especificamente os atos para os quais o interditando necessita da curatela. 
A curatela poderá ser parcial e seus limites serão fixados em sentença. 
Essa inovação não tem qualquer correspondente seja na lei processual de 1973, seja na lei material, para as quais a interdição é total.
Havendo necessidade de produção de provas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento e, após essa, decretará a interdição e nomeará um curador ao interdito. 
Essa sentença produz efeitos desde então, mesmo estando sujeita a recurso de apelação.
O curador deverá prestar compromisso para exercer a curatela e a sentença que determinar a interdição deverá ser publicada pela imprensa local e pelo órgão oficial por três vezes, sendo posteriormente registrada em livro especial no Cartório do 1° Ofício do Registro Civil da comarca em que foi proferida. 
Legitimidade ativa
A interdição deverá ser promovida pelos pais ou tutores; pelo cônjuge, ou qualquer parente; ou pelo Ministério Público. 
O MP somente deverá promover a interdição em caso de doença mental grave e apenas se as pessoas legitimadas para sua propositura não existirem ou não a promoverem; ou, se existirem, forem incapazes.
O MP deverá nomear um curador à lide ao interditando e, não sendo o sujeito que promoveu a interdição, deverá representar o interditando nos autos do procedimento para defender seus interesses, se este último não houver constituído um advogado para fazê-lo.
De acordo com o artigo 1.767 do Código Civil, estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; (alterado pela Lei 13.146 de 2015)
II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade; (Revogado pela Lei 13.146 de 2015)
III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; (alterado pela Lei 13.146 de 2015) 
IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;  (Revogado pela Lei 13.146 de 2015) 
V - os pródigos.
Com a vigência do estatuto, passa a ser a seguinte:
Art. 1767. Estão sujeitos a curatela:
I- aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
II (revogado)
III – os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
IV (revogado)
V- os pródigos
Quando a lei diz "aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade" (II), se refere aos portadores de arteriosclerose ou paralisia avançada e irreversível e, excepcionalmente, os surdos-mudos, desde que tenham sido submetidos a uma educação adequada que os tenha habilitado a manifestar sua vontade. (Revogado)
O inciso III trata dos alcoólatras e dos toxicômanos, ou seja, viciados em bebidas alcoólicas e em drogas, tais como cocaína, maconha, morfina, ópio, entre outras. Deverão estes estarem representados por curador para praticar os atos da vida civil. (Alterado)
No último inciso deste artigo, o Código Civil determina que estão sujeitos a curatela os pródigos. 
Pródigo é o indivíduo que demonstra um defeito de personalidade que o faz gastar dinheiro descomedidamente, isto é, com falta de moderação, fazendo com que se extinga seu patrimônio correndo o risco de ficar reduzido à miséria.
De acordo com o artigo 1.782, do CC, "a interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração". 
E o artigo seguinte, 1.783, prevê que "quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for de comunhão universal, não será obrigado à prestação decontas, salvo determinação judicial".
Os atos praticados pelo amental interditado são nulos, mesmo que no momento do ato este aparentasse alguma lucidez. 
Os atos praticados pelos pródigos, sem assistência de seu curador, são anuláveis. 
Há também formas especiais de curatela como, por exemplo, a que será dada ao nascituro .
 Ao nascituro será dada a curatela quando o pai deste falecer, estando a mãe grávida, e esta estiver interditada ou não puder exercer o poder familiar. 
Não poderá exercer o poder familiar se foi destituída desta obrigação, com relação aos filhos anteriores, posto que a sanção abrange toda a prole, também chamada curadoria prorrogada. 
Estando a mulher interdita, seu curador será o do nascituro. 
Só haverá interesse em nomear um curador próprio para o nascituro se este tiver que receber uma herança, uma doação, um legado, entre outros. 
Por exemplo: Mãe perdeu a guarda dos filhos (perda do exercício do poder familiar) e está grávida quando seu marido falece: deverá ser nomeado um curador para o nascituro. 
Agora se ela já era interditada quando engravidou, falecendo o pai da criança, o próprio curador responsável por ela será também o do nascituro. 
No caso da interdição do enfermo ou portador de deficiência física, estes podem fazer um requerimento pedindo sua própria interdição e, se não puderem fazê-lo, qualquer uma das pessoas elencadas no artigo 1.768 do CC deverá fazê-lo para cuidar de todos ou alguns bens e negócios do primeiro.
IV- pela própria pessoa. (Inserido pela Lei 13.146 de 2015).
NCPC em seu artigo 747, prevê quem pode promover a interdição:
Art. 747 – A interdição deve ser promovida:
I- pelo cônjuge ou companheiro;
II – pelos parente ou tutores;
III- pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando;
III – pelo Ministério Público.
Ou seja:
A conclusão que se chega é que a vida do artigo 1768 do CC, com redação dada pelo Estatuto foi curtíssima, prevalecendo o artigo 747 do novo CPC.
Entretanto, o art. 747 ainda utiliza a expressão “interdição” e não “processo que define os termos da curatela”.
Art. 748:
O Ministério Público só promoverá interdição em caso de doença mental grave: 	
Outra forma de curatela é a dos ausentes.
De forma geral, ela determina que, se uma pessoa desaparecer do seu domicílio sem dela haver notícia e não havendo deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência e irá nomear um curador. 
Sendo que a ausência também será declarada, assim como será nomeado curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. 
Pode ser nomeado curador
O artigo 1.775 do CC elenca quem pode ser nomeado curador no processo de interdição, sendo estes:
a) o cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito; 
b) na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; 
c) na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto, sendo que os mais próximos antecedem os mais remotos.
Existe também a figura do curador dativo, que é a pessoa escolhida pelo juiz quando faltar uma das pessoas mencionadas no artigo acima. 
Esta pessoa deve ser capaz e idônea, podendo inclusive ser alheia à família do interdito.
Exercício da curatela
A curatela segue as mesmas normas dispostas para a tutela, entretanto, altera seu regulamento em alguns pontos. 
Por exemplo, havendo meio de recuperar o interdito, o curador deverá promover o tratamento deste em estabelecimento apropriado. 
Os interditos que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; e os excepcionais sem completo desenvolvimento mental serão recolhidos em estabelecimentos adequados quando não se adaptarem ao convívio doméstico.
Por último, a autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5º do CC, que trata da maioridade civil aos 18 anos de idade.

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