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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Tecnologia de Alimentos TAL 392 - Matérias Primas de Origem Vegetal Aula Prática 4 IDENTIFICAÇÃO DE DESORDENS PELO FRIO EM FRUTAS Turma 5 Alice Moreira Silveira - 93411 Fabiana Silva Rocha Rodrigues - 96581 Livia de Oliveira Novaes Vidon - 93398 Vitor Farineli Garcia - 96612 Viçosa - MG 02 de maio de 2019 1. Introdução O armazenamento sob baixas temperaturas tem sido considerado o método mais eficiente para a preservação das qualidades da maioria dos produtos hortifrutícolas, devido aos seus efeitos na redução da respiração, transpiração, produção de etileno, amadurecimento, senescência e desenvolvimento de podridões. Entretanto, um de seus principais problemas é provocar desordens fisiológicas, conhecidas como “desordens pelo frio” (ou chilling). A susceptibilidade aos danos causados pelo frio depende de fatores diversos, como a cultivar, a temperatura, o tempo de exposição, o grau de maturação, as características climáticas da zona de cultivo e as temperaturas anteriores à colheita. O grau de sensibilidade dos produtos hortícolas às baixas temperaturas está diretamente relacionado à sua capacidade de armazenamento. Nesse contexto, produtos de climas temperados são considerados menos sensíveis ao chilling do que produtos de origem tropical e subtropical, sendo que os sintomas geralmente demoram mais para se manifestar. Essa diferença ocorre, em grande parte, devido ao mais alto grau de insaturação dos lipídios que compõem as membranas celulares dos tecidos dos produtos de clima temperado, característica que confere maior estabilidade às membranas celulares, sítios principais de alterações decorrentes do frio. A sintomatologia do dano por frio varia de acordo com a espécie, com os tecidos e com o tempo de permanência abaixo da temperatura mínima de segurança (TMS). A TMS é a temperatura limite ou crítica, definida como aquela abaixo da qual podem resultar, em determinado tempo, alterações sensoriais irreversíveis, amadurecimento deficiente e alterações fisiológicas. Nas frutas e hortaliças, os sintomas visíveis característicos de dano por frio incluem o colapso ou degenerescência de polpa, a formação de depressões superficiais, a incapacidade de desenvolvimento de coloração uniforme, o incremento da respiração e da produção de etileno, o aumento da suscetibilidade ao ataque microbiano, o escurecimento enzimático e as mudanças da coloração da polpa. Essas alterações das membranas celulares podem promover o contato entre enzimas e substratos, provocando alterações sensoriais, como mau cheiro, descoloração e perda de firmeza, devido à atividade das enzimas hidrolases da parede celular. O frio afeta tanto a integridade dos tecidos quanto o metabolismo dos produtos. Tem sido observado que, em temperaturas demasiadamente baixas, há uma modificação da fluidez da membrana lipídica, que passa da fase líquido cristalina para a gel-sólida, o que reduz a permeabilidade seletiva das mesmas e resulta em uma série de respostas secundárias, incluindo os sintomas característicos. Geralmente, com o desenvolvimento dos danos de frio, há um estímulo na produção endógena de ACC (ácido 1-aminociclopropano 1-carboxílico) e de etileno, encurtando a vida de armazenamento do produto. Além disso, os danos diminuem sua resistência, permitindo a penetração de patógenos causadores de podridões e provocando o amadurecimento irregular de algumas frutas. O aumento da taxa respiratória se deve ao aumento da produção de piruvato, decorrente da perda na capacidade de regulação da produção desse composto, na reação catalisada pela enzima piruvato quinase e pela ativação da enzima fosfosfrutoquinase-PPi, desencadeada pelo etileno. Sabendo isso, o armazenamento de frutos deve ser realizado com cautela, observando a faixa de temperaturas em que o fruto pode sofrer alterações. Além da temperatura, o tempo que o fruto é submetido a esse tipo de armazenamento também interfere nas injúrias que este pode sofrer. 2. Objetivos Identificar as injúrias na maçã manga e banana após duas semana no congelador e na geladeira. 3. Materiais e Métodos Os materiais utilizados foram: ● 2 bananas ● 2 mangas ● 2 maçã ● Saco plástico ● Geladeira ● Congelador ➢ Escolheu-se as frutas; ➢ Colocou-se um fruta de cada em um saco plástico identificado que foi levado para a geladeira; ➢ Colocou-se um fruta de cada em um saco plástico identificado que foi levado para o congelador; ➢ Após 7 dias, retirou-se as frutas do congelador e geladeira; ➢ Cortou-as e observou-se, a coloração e textura de cada fruta, comparando o resultado da geladeira e do congelador. 4. Resultados e Discussão 4.1. Refrigeração Foto 1. Geladeira (1° dia). Fotos 2 e 3. Geladeira (15° dia). Foto 4. Adequação à temperatura ambiente (15° dia). No primeiro dia de análise, foram observados danos físicos nos frutos, como algumas marcas nas cascas da laranja e da banana e parte da manga estava amassada. Após 15 dias na geladeira, verificou-se que a parte danificada da manga escureceu e estava imprópria para consumo. Em relação à possíveis mudanças devido o armazenamento em temperatura abaixo do ambiente, entre 6 a 10°c, a banana e a manga foram afetada. Na banana, a coloração de sua casca foi alterada, sofrendo escurecimento mas não uniforme e sua polpa apresentou textura um pouco menos consistente, principalmente nas extremidades. Já a manga apresentou algumas manchas escuras em sua polpa e houve uma leve descoloração de sua casca, tornando-se um pouco mais acinzentada. Após adequação à temperatura ambiente foi possível notar o amolecimento da polpa da manga e reparar a opacidade da coloração da casca da banana. Assim, esses frutos que sofreram alterações e em outros que são classificadas como tropicais estão sujeitos à transtornos metabólicos quando expostos a temperatura inferiores a uma faixa de 10 a 13 °c. Verifica-se que as temperaturas mínimas de segurança para não ocorrência de injúrias no resfriamento variam entre 11,5 a 13 °c para a banana e 10 a 13°c para a manga. Os danos pelo frio podem ser provocados por mudanças fisiológicas, as quais podem se intensificar em decorrência do prolongamento da exposição à baixa temperatura. O processo é caracterizado pelo enfraquecimento dos tecidos, diminuindo a sua capacidade de realizar os processos metabólicos normalmente, reduzindo a produção de compostos essenciais e sofre influência do estágio vital em que se encontra o fruto. Além dos sintomas do “chilling” já observados na prática, foram encontrados em outras pesquisas o amadurecimento deficiente da banana e também uma falha no amadurecimento da manga, os quais não puderam ser verificados de forma adequada devido a não utilização de instrumentos específicos naanálise mas que certamente se relacionam com a modificação observada na textura. A maçã não sofreu injúrias justamente porque apresenta uma faixa de temperatura mínima de segurança entre 2 a 3°c. Assim, armazená-la nessa condição torna-se uma opção para a redução de seu amadurecimento por retardar as reações químicas e enzimáticas envolvidas nesse processo. 4.2. Congelamento Foto 5. Freezer (1° dia). Fotos 6 e 7. Freezer (15° dia). O mesmo procedimento de marcação dos danos iniciais da fruta feitos na análise dos efeitos do resfriamento foram repetidos, entretanto nenhuma alteração em relação aos mesmos foram observados após 15 dias de congelamento. Porém, os efeitos do congelamento em si foram rapidamente notados. A banana apresentou um escurecimento na casca em tom amarronzado e ambas as polpas estavam visivelmente enrugadas. Esse processo de conservação é caracterizado pela formação de cristais de gelo pela água presente nos tecidos e a medida que isso acontece, as células se desidratam e enrugam. Como o processo ocorre não só extra mas também intracelular, há geração de danos ou morte das células. Foto 8. Descongelamento (15° dia). No descongelamento, as células danificadas se tornam suscetível à desidratação e assim os tecidos perdem sua rigidez e ficam encharcados, assim como foi verificado na prática. Não há um padrão a ser seguidos pelos vegetais no que diz respeito a esse tipo de injúria, ou seja, alguns podem ser mais susceptíveis à sua ocorrência e outros podem apresentar poucos sintomas. Todavia, recomenda-se que frutos que foram congelados sejam utilizados posteriormente ainda dessa forma. 5. Conclusão Tendo em vista os aspectos observados, podemos concluir que, todas as amostras de frutas encontraram-se com algumas desordens físicas ocasionadas pelas exposições ao frio. Isso deve-se ao fato da refrigeração, abaixo da temperatura ideal, causar danos à elas, alterando o sabor, aroma, textura, escurecimento da casca, diminuição da polpa e da capacidade de maturação. Apesar desses fatos, a refrigeração diminui a produção de etileno, responsáveis pelo amadurecimento do fruto, e também a atividade enzimática, que dificulta a susceptibilidade à microorganismos. Ou seja, tudo depende da finalidade dada a fruta. Portanto, há de se pensar na logística de produção, de armazenamento e, também, investir em pesquisas, pois quanto menor forem as perdas mais alimentos estarão disponíveis, significativamente, a população. 6. Referências Bibliográficas CHITARRA, Adimilson Bosco; ALVES, Ricardo Elesbão. Tecnologia de Pós Colheita para Frutas Tropicais. Fortaleza: Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria – Frutal / Sindicato dos Produtores de Frutas do Estado do Ceará - Sindifruta, 2001. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/41370695/curso-pos-colheita>. Acesso em: 30 abr. 2019. DEGASPARE, Larissa Miori (Org.). O uso de refrigeração na conservação de frutas. 2014. Coordenado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ – USP. Disponível em: <http://www.esalq.usp.br/cprural/boapratica/mostra/95/o-uso-de-refrigeracao-na-c onservacao-de-frutas.html>. Acesso em: 30 abr. 2019. FREIRE JUNIOR, Murillo. Conservação a frio. Coordenado pela Agência Embrapa de Informação Tecnológica Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/tecnologia_de_alimentos/arvore/C ONT000fid5sgie02wyiv80z4s473caciza4.html>. Acesso em: 30 abr. 2019. SILVA, Juarez de Sousa e; FINGER, Fernando Luiz; CORRêA, Paulo César. ARMAZENAMENTO DE FRUTAS E HORTALIÇAS. In: SILVA, Juarez de Sousa e. Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas. Viçosa, Mg: Editora Aprenda Fácil, 2008. Cap. 18. p. 469-502. Disponível em: <ftp://ftp.ufv.br/dea/poscolheita/Livro%20Secagem%20e%20e%20Armazenagem%2 0de%20Produtos%20Agricolas/livro/mb_cord/mb1/cap18.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2019. Ricardo Alfredo Kluge e Juan Saavedra del Aguila. Técnicas já disponíveis reduzem danos causados por frio. Disponível em: <https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/va07-armazenamento0 2.pdf>. Acesso em: 01 maio 2019.
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