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A psicanalise e o direito - Id, ego e superego (1) dir 2018 (1)

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Direito e Psicanálise e a
Estruturação do Aparelho Psíquico
ID, EGO E SUPEREGO
Prof. Sandro Rodrigo Steffens
Curso de Direito 3º período 
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Relações entre o Direito e a Psicanálise
Direito é a norma de conduta imposta por autoridade coatora. Isto porque a relação entre os indivíduos de uma comunidade deve se basear no princípio da justiça.
Norberto Bobbio define o direito como sendo: 
“o conjunto de normas de conduta e de organização, constituindo uma unidade e tendo por conteúdo a regulamentação das relações fundamentais para a convivência e sobrevivência do grupo social, tais como as relações familiares, relações econômicas, as relações superiores de poder, e ainda a regulamentação dos modos e formas através das quais o grupo social reage à violação das normas.” (BOBBIO, 1997, p. 349) 
Já a Psicanálise
 
É um método de investigação teórica da psicologia, desenvolvido por Sigmund Freud, médico neurologista, que se propõe à compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente.
Psicanálise
Ou seja, ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos. Afirmam os doutrinadores que a Psicanálise tem por objeto a personalidade normal e a personalidade anormal, sendo na realidade o estudo da alma humana.
A teoria psicanalítica criou uma revolução tanto na concepção como no tratamento dos problemas afetivos.
 Há um grande interesse pela motivação inconsciente, pela personalidade, pelo comportamento anormal e pelo desenvolvimento infantil.
Na verdade, direito e psicanálise estão presentes em todos os momentos da vida do homem. 
O Direito atua diante do fato gerado pelos atos do homem e sua repercussão na sociedade. 
A Psicanálise procura desvendar os impulsos que antecedem aos atos para chegar à razão que deu origem aos mesmos.
Para Groeninga, "cabe aos psicanalistas sensibilizar os que lidam com o Direito para as questões de família, permitindo uma compreensão mais ampla dos conflitos e do sofrimento". (GROENINGA, 2004, p.144)
Frequentemente, o indivíduo traz uma demanda jurídica com pedidos objetivos, tais como: o divórcio consensual ou litigioso, a pensão alimentícia, a guarda dos filhos, as visitas, a divisão de bens e cabe ao judiciário encontrar uma saída para regulamentar à convivência familiar.
A psicanálise, neste contexto, proporciona um tipo de escuta que leva o sujeito a refletir sobre suas queixas, e a se responsabilizar por elas, deixando de remeter ao outro muitas vezes aquilo que é seu.
O direito não enxerga o sujeito da mesma forma que a psicanálise
O sujeito jurídico é visto como aquele provido de razão, detentor do livre arbítrio, aquele que tem consciência de seus atos e pode controlar suas vontades, capaz de discernir o que é proibido do que não é, assumindo as punições que lhe são cabíveis, servindo para os outros como modelo, já que nem todos os desejos são permitidos.
Certo é que para se viver em sociedade os homens têm que se submeter às leis, que geram restrições, porém algo sobra, ou escapa, o que causa um mal‐estar. 
As leis foram impostas em nossa sociedade com a finalidade de estabelecer normas para uma boa convivência com as pessoas que nos rodeiam. 
Entretanto na grande maioria das vezes acabamos por nos tornar dependentes e submissos a ela. Se existe a lei é porque existe o desejo.
Modelo de Estrutura do aparelho psíquico
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CARACTERÍSTICAS ID, EGO E SUPEREGO
 
ID
O id é regido pelo princípio do prazer, 
O id exige satisfação imediata desses impulsos, 
Sem levar em conta a possibilidade de conseqüências indesejáveis.
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CARACTERÍSTICAS ID, EGO E SUPEREGO
EGO
O ego funciona principalmente a nível consciente e pré-consciente. 
 Regido pelo princípio da realidade.
 O ego cuida dos impulsos do id, tão logo encontre a circunstância adequada. 
Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos.
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CARACTERÍSTICAS ID, EGO E SUPEREGO
	SUPEREGO
- Atua como censor do ego.
Tem a função de formar os ideais e valores do sujeito, derivados da família, sociedade.
Constitui a força moral da personalidade.
Representa o ideal, mais do que o real.
	
 	
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CARACTERÍSTICAS ID, EGO E SUPEREGO
SUPEREGO
Busca a perfeição, mais do que o prazer.
Foi formado pela criança por meio das contribuições recebidas dos pais.
A justiça pode apresentar-se como um “superego externo”, ao atual expondo e exigindo o cumprimento de normas éticas e morais na sociedade.
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Considerações Finais
De acordo com Giddens (2007), Bauman (2009), na contemporaneidade tudo leva a crer que as organizações psíquicas contemporâneas não mais se encontram mais sob o “reinado” do superego, já que esta instância psíquica é representativa de uma organização social estável e hierárquica.
Como consequência principal, observamos falhas nos processos de elaboração, em que podemos tomar a cisão e/ou o mecanismo de recusa como mecanismos de defesa mais comuns.
 
Quer dizer, assistimos a um afloramento de mecanismos de defesas pobres em capacidades de simbolização, em função de falhas nas “garantias metassociais” e “metapsíquicas”, como por exemplo, o enquadramento da vida social e cultural, os grandes processos de regulação da vida coletiva: mitos e ideologia; crenças e religiões; autoridades e hierarquia; instituições culturais e políticas.
Assim como Freud (1930) salientou, o mal-estar na civilização resulta de sofrimentos em função das exigências de uma sociedade que irremediavelmente frustra.
Conjecturando, se há algo que mudou desde Freud (1930), é justamente a capacidade de lidar com a frustração – de assimilá-la, transformá-la, elaborá-la, pois isso necessita de recursos psíquicos sofisticados.
Recursos psíquicos envolvem a elaboração em nível pré-consciente, e ampara-se em garantias metassociais estáveis, que não possuímos mais. 
Atualmente, é a capacidade de representar a falta que está em questão. Vivemos em uma sociedade que mais frustra do que disponibiliza recursos, elementos da cultura, para que os indivíduos consigam transformar suas dificuldades em algo construtivo
Bibliografia 
	BERGERET, J. Psicopatologia teoria e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2006.
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