Buscar

Significação de justiça para o direito

Prévia do material em texto

SIGNIFICAÇÃO DA JUSTIÇA PARA O DIREITO
Concepção positivista e concepção ética do direito
Estudar a relação entre direito e justiça ao ser estudada enfrenta um dos principais problemas da filosofia jurídica, qual o fundamento do direito?
As respostas podem ser agrupadas em duas posições fundamentais: a concepção naturalista ou positivista do direito; e a concepção humanista ou ética do direito.
A característica das doutrinas positivistas é considerar o direito como fato semelhante aos fenômenos naturais, devendo ser estudado pelos mesmos processos das ciências físicas e naturais. Consideram o direito como um fato, uma norma é "direito" porque é obrigatória.
As doutrinas da concepção ética ou humanista consideram a ética e a atividade humana essencialmente distinta dos fenômenos físicos, atribuindo ao direito um fundamento ético. Considera o direito como um meio de realizar justiça.
No estudo do positivismo é necessário distinguir:
a) o positivismo filosófico;
b) o positivismo científico;
c)o positivismo jurídico propriamente dito.
Por sua vez, as representativas das concepções éticas são:
a) a doutrina clássica do direito natural;
b) a doutrina racionalista do direito natural abstrato;
c) a doutrina da cultura de valores.
2. POSITIVISMO FILOSÓFICO
Ao estudar o desenvolvimento total da inteligência humana A. Comte descobriu uma grande lei fundamental, a qual esse desenvolvimento está sujeito. Tal lei é a chamada Lei dos três estados: o estado teológico, o estado metafísico e o estado positivo.
No estado teológico os agentes da ação são vistos como agentes sobrenaturais; No estado metafísico os mesmos são vistos como forças abstratas; já o estado positivo deixa de preocupar-se com a origem e o destino do universo para ater-se à descoberta de suas leis efetivas.
É marcada por posições divergentes inclusive as de Comte, sendo elas: renúncia à investigação das causas e princípios fundamentais das coisas; a limitação da ciência e da filosofia ao estudo de fenômenos; e a caracterização das leis como relações invariáveis de sucessão e semelhança.
A grande falha do positivismo é a negação da cognoscibilidade das coisas em si mesmas, por isso ele é a negação da filosofia e da ciência, uma vez que, sem princípios universais e necessários não há conhecimento certo de qualquer espécie.
3. O positivismo científico no direito
Neste tópico analisaremos a aplicação do positivismo científico às disciplinas sociais, principalmente, à ciência do direito:
A respeito de tal aspecto, são algumas posições fundamentais a redução da atividade humana e social a uma simples realidade física ou natural; identificam as ciências humanas e sociais, entre elas, a moral e o direito, às ciências físicas e naturais; consideram a atividade humana sujeita ao determinismo rígido do mundo físico ou biológico e negam a existência da liberdade.
O rigor do método, a preocupação com os dados objetivos da realidade constituem elementos altamente positivos que devem ser creditados.
Em contraste com sua contribuição, a variação da conduta humana e dos costumes sociais no espaço e no tempo são desprezados e até negadas. Outro ponto negativo é o método experimental, que apesar de necessário, foi desprezado pelo apriorismo racionalista de algumas correntes. O positivismo prendeu-se apenas ao terreno da ciência experimental, o que é inadmissível, fazer isso é ver apenas uma parte de realidade. Outro erro foi a redução da atividade humana e social às dimensões da realidade física, é inadmissível também a redução das ciências humanas e sociais a um conhecimento teórico, substituir a moral e o direito pela ciência dos costumes é deixar sem respostas a questão fundamental desses ramos.
Positivismo jurídico
O positivismo jurídico consiste fundamentalmente na identificação do direito com o direito positivo, para essa corrente, o a ciência do direito é unicamente a ciência do direito positivo.
Nessa posição temos duas correntes, o positivismo jurídico metodológico, que restringe-se ao estudo do direito positivo, comentando artigos de códigos e legislação, limitando-se a tirar das leis e decisões judiciárias os princípios gerais da legalidade jurídica e o positivismo jurídico doutrinário nega tais princípios, a justiça, o direito natural...etc. 
Analisando o positivismo jurídico, ao negarem ao direito o fundamento ético ou moral acabam contradizendo sua posição e contrariam a verdadeira natureza do direito. Contradizem sua posição, porque não estudam o objetivo dos fenômenos e invadem o campo da filosofia e terminam por fazer metafísica. Contrariando também a verdadeira natureza da ordem jurídica ao reduzirem o direito à força.
Doutrina clássica do direito natural
São Tomás define lei, em geral, pelo exame de quatro características essenciais: ordenação da razão; para o bem comum; promulgada; pela autoridade competente.
Distingue também três tipos de lei: a lei externa, que é o plano de Deus, as coisas como 	obra do legislador, baseando-se este na lei natural, eterna.
A essência da justiça consiste em dar a cada um o que lhe é devido, segundo uma igualdade; há uma justiça geral cujo objeto é o bem comum.
Segundo os ensinamentos de Montesquieu "leis são relações necessárias que decorrem da natureza das coisas". "Antes que houvessem leis, existiam relações de justiça possíveis"
Segundo crítica feita por Miguel Reale, os preceitos são vazios de conteúdos, como deixar em aberto a determinação do devido a cada um.
Doutrina racionalista ou do direito natural abstrato
Quebra o pensamento clássico, os fatos não são observados para deduzir racionalmente os direitos naturais. O direito natural passa a constituir um código completo de regras, que servem de modelo do direito positivo. 
Essa doutrina é inaceitável do ponto de vista filosófico, primeiramente por não conhecer o verdadeiro caráter da natureza humana que é variável, de acordo com o tempo e o lugar. Assim como diz Saleilles, uma doutrina "imobilista" não pode ser social, porque a primeira das leis sociais é a da evolução e do progresso.
Doutrina dos valores ou Doutrina da Cultura
Formulação moderna dos problemas da filosofia e das ciências. Sustenta que o direito pertence ao reino da cultura, segundo esta, o espírito humano pode assumir atitudes: não valorativa, posição que não considera os valores; a valorativa, leva em consideração a escala de valores e suas relações. A ciência jurídica deve ser estudada através da valorativa, sendo a outra inaceitável pela ausência de valores, sendo a última divergente da positivista.
Reconhecem a justiça como valor fundamental do direito, exigindo respeito à personalidade de cada indivíduo. A ideia de justiça se encontra em todas as leis, mas não se esgota em nenhuma. É ela que dá sentido e significação a todo direito positivo

Continue navegando