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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO RESUMO

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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
AULA 1 - DO MITO À RAZÃO
NASCIMENTO DA FILOSOFIA
Na Grécia Antiga, a religião e o mito eram as fontes originárias de conhecimento.
O nascimento da polis, no século VIII a.C., provocou grandes transformações na Grécia Antiga.
A passagem de uma visão mágica, mítica e religiosa do mundo para uma interpretação racional, humana, marca o nascimento da Filosofia no Ocidente e o início do período chamado Filosofia Antiga.
O nascimento da Filosofia ocorreu no século VI a.C., nas colônias gregas da Magna Grécia (sul da Itália) e Jônia (atual Turquia). Fatores políticos, religiosos e econômicos contribuíram para o surgimento da Filosofia na Grécia Antiga. 
Fatores políticos: 
As origens da Filosofia vinculam-se ao processo de consolidação da democracia grega em torno da polis.
Esta era a base da cidadania grega: os cidadãos são a finalidade última do Estado, o bem do Estado é seu próprio bem, sua liberdade, sua grandeza.
A cidade-estado grega era o espaço legítimo e legitimador de sua liberdade, a ponto de o Estado tornar-se horizonte ético do homem grego.
A democracia grega se apoiava em uma concepção de cidadania excludente. Eram considerados cidadãos, apenas os homens (varões) que possuíam bens ou riquezas. Portanto, estavam excluídos da cidadania as mulheres, os estrangeiros, os escravos e os homens pobres
Fatores religiosos:
Os gregos conseguiram alcançar um patamar de liberdade religiosa muito elevado em relação a outros povos da Ásia Menor e do Oriente Próximo.
Enquanto em outras nações o poder religioso, aliado às monarquias de cunho tributário, servia para legitimar o Estado absoluto e o poder do rei, algumas cidades-estado da Grécia construíram uma relativa liberdade, baseada na autoridade do Pater Familias (Pai de Família).
A religião grega não se baseava em um livro Sagrado. Portanto, os gregos não tinham dogmas a serem defendidos, ortodoxia, nem heresias, ou uma casta sacerdotal. Estava aberto o caminho para o livre pensar.
Fatores políticos:
O florescimento das cidades-estado gregas deveu-se principalmente ao desenvolvimento da agricultura, artesanato e do comércio marítimo. Antes disso, a Grécia era predominantemente agrária, sendo dominada politicamente por grandes proprietários de terras. Neste contexto, é mais compreensível que cultivasse uma visão mítica do mundo, mais ligada aos ciclos do clima.
O crescimento industrial e comercial fez florescerem as cidades-estado, fazendo surgir novos atores sociais, que começavam a dominar o cenário político e ameaçar o poder da nobreza fundiária. É nessas circunstâncias que a Filosofia nasce, fazendo justificar o poder emergente de comerciantes e artesãos.
DISCURSO FILOSÓFICO NA GRÉCIA ANTIGA
A princípio, os Filósofos pré-socráticos (Como sugere o nome, os filósofos pré-socráticos são aqueles que antecedem a Sócrates. Contudo, essa divisão se dá mais propriamente devido ao objeto de sua filosofia, o interesse pelo estudo da natureza, em relação à novidade introduzida por Sócrates, do que em relação à cronologia. Já que, temporalmente, alguns dos ditos pré-socráticos são contemporâneos a Sócrates, ou mesmo posteriores a ele, como no caso de alguns sofistas), também chamados de "naturalistas" ou Filósofos da physis (Palavra grega que significa natureza - entendendo-se este termo não em seu sentido corriqueiro, mas como realidade primeira, originária e fundamental, ou como o que é primário, elementar e persistente, em oposição ao que é secundário, derivado e transitório), tinham como escopo especulativo o problema cosmológico, ou cosmo-ontológico, e buscavam o princípio ou arché (um princípio que deveria estar presente em todos os momentos da existência de todas as coisas; no início, no desenvolvimento e no fim de tudo. Princípio pelo qual tudo vem a ser.), das coisas.
Cada um dos Filósofos pré-socráticos sugeriu um elemento primordial (princípio) ou causa de todas as coisas que
compõem a realidade física:
Tales de Mileto – a água
Anaximandro de Mileto – o apeíron
Xenófanes de Cólofon – a terra
Anaxímenes de Mileto – o ar
Pitágoras de Samos – o número
Demócrito de Abdera – o átomo
Empédocles de Agrigento – os quatro elementos (terra,água, fogo e ar)
Em um segundo momento, surge a sofística (Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação.) e o foco da filosofia muda do cosmo para o homem e o problema moral.
Como você deve ter percebido, o pensamento filosófico rompeu com a tradição mítico-religiosa na Grécia Antiga.
Os gregos pré-socráticos compreenderam que as causas explicativas do mundo estavam presentes no próprio mundo.
Portanto, através dos elementos primordiais (água, terra, fogo, ar etc.) era possível explicar a realidade, sem a
necessidade de apelo às forças divinas, sobrenaturais, extramundanas.
Os primeiros principais sofistas da Grécia Antiga foram: Protágoras, Górgias, Isócatres, Hípias, Pródico, Crítias,
Antifonte, Trasímaco, mais além com os Filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles.
AULA 2 - SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES
INTRODUÇÃO
Sócrates, Platão e Aristóteles são os mais importantes expoentes da Filosofia grega. As doutrinas desses Filósofos 
compõem o período clássico da Filosofia grega, tendo longa vigência nos séculos seguintes.
Sócrates deu uma nova direção à Filosofia. Enquanto o interesse dos Filósofos pré-socráticos recaiu sobre os estudos
da natureza (physis), Sócrates interessou-se pelas questões humanas, a ética, a política, o conhecimento, a educação,
entre outros problemas que afetam o homem.
As fontes mais importantes de informações sobre Sócrates são as escritas por Platão, Xenofonte e Aristóteles.
Sócrates foi mestre de Platão. Sócrates desempenhou um papel importante no Estado ateniense, fazendo parte do governo da cidade. Porém, em 403 a.C, foi acusado e declarado culpado de corromper a juventude ao ensinar doutrinas que feriam as tradições religiosas da cidade de Atenas, tendo sido condenado à morte por ingestão de cicuta. Embora pudesse se exilar, Sócrates optou por beber tranquilamente o veneno e submeter-se a um fim doloroso.
A principal preocupação de Sócrates era a de levar os seus concidadãos a pensarem.
Nos diálogos de Platão, Sócrates é apresentado como homem dotado de uma mente rigorosa, racional e inquisitiva, que questionava continuamente as crenças fundamentais das pessoas. O Método Socrático consistia em fazer perguntas e desvendar o que estava oculto em cada uma delas, num processo denominado maiêutica.
A filosofia de Sócrates exprimia-se por meio de diálogos. Na sua doutrina, a confiança na razão assumia um papel central: “ninguém é mau voluntariamente”, sendo o mal consequência da ignorância. O grande princípio socrático era o conhecimento de si próprio: “Conhece-te a ti mesmo”.
Platão nasceu em uma família aristocrata de Atenas. Foi brilhante escritor e filósofo e se destacou entre os pensadores
mais influentes da civilização ocidental. Desde jovem, Platão tinha ambições políticas, mas logo se decepcionou com a liderança política de Atenas. Ele se tornou discípulo de Sócrates, seguindo sua filosofia e aderindo ao método por ele utilizado: a busca da verdade através de perguntas, respostas e mais perguntas. Após a morte de Sócrates, Platão abandonou a cidade. As suas viagens levaram-no a lugares como Egito, Cirene e Sicília. Quando regressou a Atenas, co-fundou uma escola que ficou conhecida por Academia, situada no Jardim de Academos, onde se ensinavam os mais diversos assuntos, desde a Matemática à Biologia, da Filosofia à Astronomia. 
Os ensinamentos de Platão foram escritos em forma de diálogo (aproximadamente trinta), de uma conversa ou um
debate entre várias pessoas. Seus diálogos são divididos em três fases.
A primeira fase é representada com Platão tentando comunicar a filosofia de Sócrates. 
Os diálogos da segunda e terceira fase relatam as próprias ideias de Platão,por mais que ele continue a utilizar Sócrates como personagem em seus diálogos.
 Em oposição aos sofistas, Platão propõe um novo método: a dialética (ou arte de pensar), que vai das palavras às ideias. Estas constituem a própria essência, fundamento e modelo das coisas sensíveis e individuais.
TEORIA DO CONHECIMENTO DE PLATÃO
Platão foi o responsável pela formulação de uma nova maneira de pensar e de perceber o mundo. Este
ponto fundamental consiste na descoberta de uma realidade causal suprassensível, não-material, eterna e imutável. Tal realidade subsistiria num mundo separado do mundo sensível e material: o mundo das formas ou das ideias.
Platão, portanto, divide o existente em duas partes: o mundo das ideias e o mundo físico em que vivemos.
No mundo das ideias, tudo é constante e real. Já no mundo físico ou mundo sensível (uma pálida reprodução do mundo inteligível. Trata-se de um mundo de cópias imperfeitas das ideias ou formas, constituindo um mundo de sombras, conforme a famosa Alegoria da Caverna. Segundo Platão, os sentidos físicos não nos revelam a verdadeira natureza das coisas. Por exemplo, ao observarmos algo branco ou belo, jamais chegaremos a ver a brancura ou a beleza plena, embora tragamos, dentro de nós, uma ideia do que elas são.), tudo
está sujeito ao fluxo, à mudança, daí seu caráter relativo e aparente.
	Mundo sensível
	Mundo inteligível
	Caverna;
	Luz;
	Sombras;
	Conhecimento;
	Corpo – Características contrárias a da alma;
	Ideias;
	Imperfeito.
	Alma - possibilita acessos ao inteligível, imutável e
imortal;
	
	Perfeito.
Assim, as únicas coisas, de fato, permanentes e verdadeiras para Platão, seriam as ideias. Observar o mundo físico (tal
como a ciência faz hoje em dia) pouco serviria, portanto, para alcançarmos uma compreensão da realidade, embora servisse para reconhecermos, ou recordarmos, as ideias perfeitas que traríamos dentro de nós. Ideias ou formas são arquétipos imutáveis. De acordo com Platão, só essas ideias/formas são o fundamento do verdadeiro conhecimento. Platão distinguiu dois níveis de saber:
OPINIÃO
Afirmações relacionadas com o mundo físico, Platão as considerava uma opinião, mesmo que estivesses baseadas na lógica ou
na ciência.
CONHECIMENTO
Segundo Platão, o conhecimento é derivado da razão e não da experiência. Ela pregava que somente através da razão atingimos o conhecimento das formas.
A REPÚBLICA
A República é a maior e mais reconhecida obra política de Platão. A obra se foca na questão de justiça: Como é um Estado justo? Quem é um indivíduo justo?
Segundo Platão, a melhor forma de governo é a aristocracia por mérito. Ele divide o estado ideal em três classes:
a classe dos comerciantes, a classe dos militares e a classe dos Filósofos-reis. (As classes não são hereditárias, elas são determinadas pelo tipo de educação obtida pela pessoa. Com maior nível de educação, a pessoa pertence à classe dos filósofos-reis, que são os encarregados de governar o país.)
A República aborda diversos temas sobre justiça, governo e apresenta um governo utópico. Essa obra vem sendo amplamente lida através dos séculos, por mais que suas propostas nunca tenham sido adotas como uma forma de governo concreta.
Na República, também encontramos o famoso Mito da Caverna (ou Alegoria da Caverna). Trata-se de uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância. Em outras palavras, podemos dizer que a Alegoria da Caverna trata da passagem gradativa do senso comum, enquanto visão de mundo e explicação da realidade, para o conhecimento filosófico (conhecimento racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na casualidade).
Aristóteles (384 – 322 a.C.)
Aristóteles é considerado um dos mais fecundos pensadores de todos os tempos.
As investigações filosóficas de Aristóteles consideraram várias áreas do conhecimento. Podemos citar a Biologia, a Zoologia, a Física, a História Natural, a Poética, a Psicologia, sem falar em disciplinas propriamente filosóficas como a Ética, a Teoria Política, a Estética e a Metafísica. 
Aristóteles nasceu em Estagira, na península macedônica da Calcídica (por isso, ele também é chamado de o stagirita). Era filho de Nicômano, amigo e médico pessoal do rei Amintas 2º, pai de Filipe e avô de Alexandre, o Grande.
Aos 16 ou 17 anos, Aristóteles mudou-se para Atenas (centro intelectual e artístico da Grécia) e estudou na Academia de Platão até a morte do mestre, no ano 347 a.C.
Após a morte de Platão, Aristóteles passou algum tempo em Assos, no litoral da Ásia Menor (atual Turquia), onde casou-se com Pítias, a sobrinha do tirano local. Sendo este assassinado, o filósofo fugiu para Mitilene, na ilha de Lesbos. Foi depois convidado para a Corte da Macedônia onde, durante três anos, exerceu o cargo de tutor de Alexandre, mais tarde “o Grande”.
Em 355 a.C., Aristóteles voltou a Atenas e fundou uma escola próxima ao templo de Apolo Lício, que recebeu o nome de Liceu. O caminho coberto ("peripatos") por onde costumava caminhar enquanto ensinava deu à escola um outro nome: Peripatética. A escola se tornaria a rival e ao mesmo tempo a verdadeira herdeira da Academia platônica.
om a morte de Alexandre, em 323 a.C., o imenso império erguido por ele esfacelou-se. Em Atenas eclodiu um movimento que visava a restaurar a independência da cidade-estado. Malvisto pelos atenienses por causa da sua origem macedônica, Aristóteles foi acusado de “ateísmo” ou “impiedade”. Para não ter o mesmo fim de Sócrates, condenado ao suicídio, exilou-se voluntariamente em Cálcida, na ilha da Eubéia, onde morreu um ano depois.
A metafísica aristotélica (abrange ainda o ser imóvel e incorpóreo, o princípio dos movimentos e das formas do mundo, bem como o mundo mutável e material em seus aspectos universais e necessários.) é a ciência que estuda “o ser enquanto ser”, ou os princípios e as causas do ser e de seus atributos essenciais.
Podemos sintetizar a metafísica aristotélica em quatro questões gerais:
1. POTÊNCIA E ATO
2. MATÉRIA E FORMA
3. MOVIDO E MOTOR
4. PARTICULAR E UNIVERSAL
POTÊNCIA E ATO
A doutrina da potência (possibilidade, capacidade de ser, não-ser atual) e do ato (realidade, perfeição, ser efetivo) é fundamental na metafísica aristotélica. Todo ser, que não seja o Ser perfeitíssimo (Deus), é uma síntese (um símbolo), um composto de potência e de ato, em diversas proporções, conforme o grau de perfeição, de realidade dos vários seres. Um ser desenvolve-se, aperfeiçoa-se, passando da potência ao ato. Esta passagem da potência ao ato é a atualização de uma possibilidade, de uma potencialidade anterior. Por exemplo, um ovo está em ato, mas é potência de uma ave.
Esta doutrina é aplicada e desenvolvida por Aristóteles, especialmente, quando este trata da doutrina da matéria e da
forma, que representam a potência e o ato no mundo, na natureza em que vivemos.
MATÉRIA E FORMA
Segundo Aristóteles, o indivíduo é composto por dois elementos: a MATÉRIA e a FORMA.
A matéria aristotélica, porém, não é o puro não-ser de Platão (mero princípio de decadência), pois esta é também condição indispensável para concretizar a forma. Então, não existe a forma sem a matéria, ainda que a primeira seja princípio de atuação e determinação da segunda. Com respeito à matéria, a forma é, portanto, princípio de ordem e finalidade, racional, inteligível.
Mediante a doutrina da matéria e da forma, Aristóteles explica o indivíduo, a substância física, a única realidade efetiva no mundo, que é precisamente o composto (sínolo) de matéria e de forma.
A essência, que é igual em todos os indivíduos de uma mesma espécie, deriva da forma. Já a individualidade, pela qual toda substância é original e se diferencia de todas as demais, depende da matéria.
O indivíduo é, portanto, potência realizada, matéria enformada, universal particularizado.
Mediante a doutrina da matériae da forma é explicado o problema do universal e do particular, que tanto atormenta Platão. Aristóteles faz o primeiro (a ideia) imanente no segundo (a matéria), depois de ter eficazmente criticado o dualismo platônico, que fazia os dois elementos transcendentes e exteriores um ao outro.
Da relação entre a potência e o ato, entre a matéria e a forma, surge o movimento, a mudança, o vir-a-ser, a que é submetido tudo que tem matéria, potência. A mudança é, portanto, a realização do possível.
Esta realização do possível, porém, pode ser levada a efeito unicamente por um ser que já está em ato, que possui já o que a coisa movida deve vir-a-ser, visto ser impossível que o menos produza o mais, o imperfeito o perfeito, a potência o ato, mas vice-versa.
Mesmo que um ser se mova a si mesmo, aquilo que move deve ser diverso daquilo que é movido, deve ser composto de um motor e de uma coisa movida. Por exemplo, a alma é que move o corpo.
O motor pode ser unicamente ato, forma. A coisa movida, enquanto tal, pode ser unicamente potência, matéria.
Eis a grande doutrina aristotélica do motor e da coisa movida, doutrina que culmina no motor primeiro, absolutamente imóvel, ato puro, isto é, Deus.
Diversamente da ideia platônica, a forma aristotélica não é separada da matéria, e sim imanente e operante nela. Ao contrário, as formas aristotélicas são universais, imutáveis, eternas, como as idéias platônicas. Como todo pensamento e todo juízo, a proposição aristotélica está submetida aos três princípios lógicos fundamentais, condições de toda verdade:
1. Princípio da identidade: Um ser é sempre idêntico a si mesmo: A é A.
2. Princípio da não-contradição: É impossível que um ser seja e não seja idêntico a si mesmo ao mesmo tempo e na mesma relação. É impossível que A seja A e não-A.
3. Princípio do terceiro excluído: Dadas duas proposições com o mesmo sujeito e o mesmo predicado, uma afirmativa e outra negativa, uma delas é necessariamente verdadeira e a outra necessariamente falsa. A é x ou não-x, não havendo
terceira possibilidade.
Como você pôde perceber, o sistema aristotélico invalida o dualismo platônico, representado pela teoria das ideias.
Ora, a forma aristotélica não existe separada, num mundo inteligível e apartado do mundo das coisas sensíveis e materiais. A forma, junto com a matéria, constituiria os indivíduos, as substâncias. Portanto, a forma é parte constitutiva das coisas e faz parte do único mundo existente.
Aristóteles, diferente de Platão, valoriza o conhecimento sensível, desvalorizado por Platão, como fonte de erro e de engano. Ao contrário de Platão, Aristóteles entende que todo o conhecimento possível inicia-se com os sentidos ou a sensação.
Os sentidos, entretanto, são insuficientes, e precisam ser superados por outros graus mais elevados de abstração, passando pela memória, a experiência, a arte (téchne) e chegando à teoria (epistemé), grau mais perfeito do conhecimento.
Os Principais Conceitos da Metafísica Aristotélica 
De maneira muito breve e simplificada, os principais conceitos da metafísica aristotélica (e que se tornarão as bases de toda a metafísica ocidental) podem ser assim resumidos: 
Primeiros princípios: são os três princípios que estudamos na lógica, isto é, identidade, não-contradição e terceiro excluído. Os princípios lógicos são ontológicos porque definem as condições sem as quais um ser não pode existir nem ser pensado; os primeiros princípios garantem, simultaneamente, a realidade e a racionalidade das coisas; 
Causas primeiras: são aquelas que explicam o que a essência é e também a origem e o motivo da existência de uma essência. Causa (para os gregos) significa não só o porquê de alguma coisa, mas também o que e o como uma coisa é o que ela é. As causas primeiras nos dizem o que é, como é, por que é e para que é uma essência. 
São quatro as causas primeiras: 
1. causa material, isto é, aquilo de que uma essência é feita, sua matéria (por exemplo, água, fogo, ar, terra); 
2. causa formal, isto é, aquilo que explica a forma que uma essência possui (por exemplo, o rio ou o mar são formas da água; mesa é a forma assumida pela matéria madeira com a ação do carpinteiro; margarida é a forma que a matéria vegetal possui na essência de uma flor determinada, etc.); 
3. causa eficiente ou motriz, isto é, aquilo que explica como uma matéria recebeu uma forma para constituir uma essência (por exemplo, o ato sexual é a causa eficiente que faz a matéria do espermatozoide e do óvulo receber a forma de um novo animal ou de 2 uma criança; o carpinteiro é a causa eficiente que faz a madeira receber a forma da mesa; o fogo é a causa eficiente que faz os corpos frios tornarem-se quentes, etc.); e 
4. a causa final, isto é, a causa que dá o motivo, a razão ou finalidade para alguma coisa existir e ser tal como ela é (por exemplo, o bem comum é a causa final da política, a felicidade é a causa final da ação ética; a flor é a causa final da semente transformarse em árvore; o Primeiro Motor Imóvel é a causa final do movimento dos seres naturais, etc.). 
Matéria: é o elemento de que as coisas da Natureza, os animais, os homens, os artefatos são feitos; sua principal característica é possuir virtualidades ou conter em si mesma possibilidades de transformação, isto é, de mudança;
Forma: é o que individualiza e determina uma matéria, fazendo existir as coisas ou os seres particulares; sua principal característica é ser aquilo que uma essência é num determinado momento, pois a forma é o que atualiza as virtualidades contidas na matéria; 
Potência: é o que está contido numa matéria e pode vir a existir, se for atualizado por alguma causa; por exemplo, a criança é um adulto em potência ou um adulto em potencial; a semente é a árvore em potência ou em potencial; 
Ato: é a atualidade de uma matéria, isto é, sua forma num dado instante do tempo; o ato é a forma que atualizou uma potência contida na matéria. Por exemplo, a árvore é o ato da semente, o adulto é o ato da criança, a mesa é o ato da madeira, etc. Potência e matéria são idênticos, assim como forma e ato são idênticos. A matéria ou potência é uma realidade passiva que precisa do ato e da forma, isto é, da atividade que cria os seres determinados; 
Essência: é a unidade interna e indissolúvel entre uma matéria e uma forma, unidade que lhe dá um conjunto de propriedades ou atributos que a fazem ser necessariamente aquilo que ela é. Assim, por exemplo, um ser humano é por essência ou essencialmente um animal mortal racional dotado de vontade, gerado por outros semelhantes a ele e capaz de gerar outros semelhantes a ele, etc.; 
Acidente: é uma propriedade ou atributo que uma essência pode ter ou deixar de ter sem perder seu ser próprio. Por exemplo, um ser humano é racional ou mortal por essência, mas é baixo ou alto, gordo ou magro, negro ou branco, por acidente. A humanidade é a essência essencial (animal, mortal, racional, voluntário), enquanto o acidente é o que, existindo ou não existindo, nunca afeta o ser da essência (magro, gordo, alto, baixo, negro, branco). A essência é o universal; o acidente, o particular; 
Substância ou sujeito: é o substrato ou o suporte onde se realizam a matéria-potência, a forma-ato, onde estão os atributos essenciais e acidentais, sobre o qual agem as quatro causas (material, formal, eficiente e final) e que obedece aos três princípios lógico-ontológicos (identidade, não-contradição e terceiro excluído); em suma, é o Ser. Aristóteles usa o conceito de substância em dois sentidos: num primeiro sentido, substância é o sujeito individual (Sócrates, esta mesa, esta flor, Maria, Pedro, este cão, etc.); num segundo sentido, a substância é o gênero ou a espécie a que o sujeito individual pertence (homem, grego; animal, bípede; vegetal, erva; mineral, ferro; etc.). No primeiro sentido, a substância é um ser individual existente; no segundo é o conjunto das características gerais que os sujeitos de um gênero e de uma espécie possuem. Aristóteles fala em substância primeira para referir-seaos seres ou sujeitos individuais realmente existentes, com sua essência e seus acidentes (por exemplo, Sócrates); e em substância segunda para referir-se aos sujeitos universais, isto é, gêneros e espécies que não existem em si e por si mesmos, mas só existem encarnados nos indivíduos, podendo, porém, ser conhecidos pelo pensamento. Assim, por exemplo, o gênero “animal” e as espécies “vertebrado”, “mamífero” e “humano” não existem em si mesmos, mas existem em Sócrates ou através de Sócrates. O gênero é um universal formado por um conjunto de propriedades da matéria e da forma que caracterizam o que há de comum nos seres de uma mesma espécie. A espécie também é um universal formado por um conjunto de propriedades da matéria e da forma que caracterizam o que há de comum nos indivíduos semelhantes. Assim, o 4 gênero é formado por um conjunto de espécies semelhantes e as espécies, por um conjunto de indivíduos semelhantes. Os indivíduos ou substâncias primeiras são seres realmente existentes; os gêneros e as espécies ou substâncias segundas são universalidades que o pensamento conhece através dos indivíduos. (...) 
A metafísica investiga: 
Aquilo sem o que não há seres nem conhecimento dos seres: os três princípios lógico-ontológicos (identidade, não-contradição e terceiro excluído) e as quatro causas (material, formal, eficiente e final); 
aquilo que faz um ser necessariamente o que ele é: matéria, potência, forma ato; 
Aquilo que faz um ser ser necessariamente como ele é: essência e predicados ou categorias; 
Aquilo que faz um ser existir como algo determinado: a substância individual (substância primeira) e a substância como gênero ou espécie (substância segunda). 
É isto estudar “o Ser enquanto Ser” 
Como você pôde perceber, o sistema aristotélico invalida o dualismo platônico, representado pela teoria das ideias.
Ora, a forma aristotélica não existe separada, num mundo inteligível e apartado do mundo das coisas sensíveis e materiais.
A forma, junto com a matéria, constituiria os indivíduos, as substâncias. Portanto, a forma é parte constitutiva das coisas e faz parte do único mundo existente.
Aristóteles, diferente de Platão, valoriza o conhecimento sensível, desvalorizado por Platão, como fonte de erro e de engano.
Ao contrário de Platão, Aristóteles entende que todo o conhecimento possível inicia-se com os sentidos ou a sensação.
Os sentidos, entretanto, são insuficientes, e precisam ser superados por outros graus mais elevados de abstração, passando pela memória, a experiência, a arte (téchne) e chegando à teoria (epistemé), grau mais perfeito do conhecimento.
AULA 3 - FILOSOFIA MEDIEVAL – PARTE I
INTRODUÇÃO
Antes de estudarmos a Filosofia da Idade média, vamos contextualizar o período medieval:
De modo geral, pode-se dizer que o tema mais importante da filosofia medieval foi a questão da relação entre fé e razão.
Razão + Fé = Filosofia Medieval
A Idade Média foi um período profundamente teocêntrico, seus Filósofos foram todos homens
religiosos. Assim, o objeto central de sua reflexão foi via de regra a análise das diferenças e da relação entre os dogmas aceitos pela fé e as verdades descobertas pela razão.
Fé ≠ Razão
A imagem negativa da Idade Média é entendida pela transição entre os clássicos e os novos tempos, movimento que culmina no humanismo renascentista, procurando recuperar as glórias da antiguidade greco-romana.
A fase final da Filosofia Medieval (séculos XI e XV) equivale ao desenvolvimento da escolástica e a criação das universidades.
1 - A filosofia de São Tomás de Aquino, que se aproximou dos textos de Aristóteles, resultou numa nova contribuição para o desenvolvimento da escolástica;
2 - Posições controvertidas que foram assumidas na Filosofia, na Teologia e na Política;
3 - O levantamento de questões que aproximavam a Teologia da Filosofia, investigando racionalmente os fundamentos da
fé cristã;
4 - A presença da tradição aristotélica na Europa ocidental;
5 - O pensamento de Santo Agostinho;
6 - A transição do helenismo para o cristianismo.
NASCIMENTO DA FILOSOFIA CRISTÃ
No período final da Idade Média ocorre a transição do helenismo para o cristianismo.
1. A religião cristã originária do judaísmo surge e se desenvolve no contexto do helenismo. A cultura ocidental da qual
somos herdeiros até hoje é a síntese entre o judaísmo, o cristianismo e a cultura grega.
2. O helenismo permitiu a aproximação entre a cultura judaica e a filosofia grega, que tornou possível, mais tarde, o surgimento de uma filosofia cristã. Em Alexandria, essas culturas conviveram e se integraram, de forma que se falavam várias línguas na região. Nessa época, foi possível encontrar uma aproximação entre a cosmologia platônica e a narrativa da criação do mundo.
3. Inicialmente, o cristianismo não se distinguia claramente do judaísmo. Ele era visto como uma seita reformista
dentro da religião da cultura judaica.
4. Para os gregos, o príncipe divino operava no mundo, essa visão influenciou fortemente o desenvolvimento da filosofia cristã.
5. É em São Paulo que encontramos a concepção de uma religião universal. Ele defendia a necessidade de pregar a todos. Esta é uma diferença básica em relação ao judaísmo e as demais religiões da época.
Podemos dizer que a filosofia grega se incorporou de maneira definitiva à tradição cristã: a lógica e retórica forneceram meios de argumentação; e a metafísica de Platão e de Aristóteles forneceu conceitos chaves (substâncias, essências e etc.), em função dos quais questões teológicas eram discutidas.
FATOS HISTÓRICOS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O NASCIMENTO DA FILOSOFIA CRISTÃ: 
Podemos dizer que a cultura de língua grega hegemônica permitiu a concepção de uma religião universal, que corresponde, no plano espiritual e religioso, a concepção de império no plano político e militar. Essa concepção foi consolidada com o batismo do imperador Constantino, em 337, e com a institucionalização do cristianismo como religião oficial. Entretanto, não havia ainda uma unidade no cristianismo.
A filosofia grega teve uma importância fundamental no processo de unificação do cristianismo, quando as discussões levaram a formulação de uma unidade doutrinária hegemônica, ortodoxa. Os primeiros representantes dessa filosofia cristã pertenceram a, assim, chamada escola neoplatônica cristã de Alexandria.
Uma questão que acompanhou todo o pensamento medieval foi o conflito entre razão e fé, que era foco de tensão permanente. Diversos concílios fixaram a doutrina considerada legítima e condenaram os que não aceitavam esses dogmas expulsando-os da Igreja.
SANTO AGOSTINHO
Um dos grandes pensadores cristãos foi Santo Agostinho. A sua influência filosófica e teológica se
estendeu até o período moderno. 
Veja os três aspectos fundamentais da contribuição desse pensador para o desenvolvimento da Filosofia:
1 - A formulação das relações entre Teologia e Filosofia, entre razão e fé;
2 - A criação da teoria do conhecimento com ênfase na questão da subjetividade e da interioridade;
3 - A elaboração da teoria da história que foi desenvolvida na monumental cidade de Deus.
Santo Agostinho pode ser considerado o primeiro pensador a desenvolver uma noção de uma interioridade que
prenuncia o conceito de subjetividade do pensamento moderno.
Encontramos no pensamento de Santo Agostinho a oposição interior/exterior e a concepção de que a interioridade é o lugar da verdade: é olhando para a sua interioridade que o homem descobre a verdade pela iluminação divina. A teoria da iluminação divina vem substituir a teoria platônica, explicando o ponto de partida do processo de conhecimento e abrindo o caminho para a fé. 
Santo Agostinho viveu em tempos conturbados: a ruína do mundo antigo, a decadência do Império Romano, as invasões dos bárbaros pagãos. Ele mostrou que os eventos históricos devem ser interpretados à luz da revelação, que a cidade divina prevalecerá, já que a história tem uma direção.
A concepção agostiniana teve uma grande influência nodesenvolvimento da noção ocidental de tempo histórico, raiz da visão hegeliana.
Além de Santo Agostinho, é necessário mencionar Boécio (470-525), como um pensador fundamental para a mediação entre na filosofia antiga e a filosofia cristã medieval.
DESENVOLVIMENTO DA ESCOLÁSTICA
Você já estudou que o termo escolástica, designa todos aqueles que pertencem a uma escola ou que se vinculam a
uma determinada escola de pensamento e de ensino. Conheça, agora, os fatores históricos que contribuíram para o
seu desenvolvimento.
As culturas bárbaras que se estabeleceram na Europa Ocidental não tinham conhecimento e, nem tampouco, interesse pela Filosofia. Só a partir do século IX, cinco séculos após a morte de Santo Agostinho, a situação começa a mudar. 
Em 529, São Bento fundou, na Itália, a ordem monástica beneditina, diferente das ordens monásticas das igrejas orientais, que eram exclusivamente contemplativas. Graças aos monges copistas foram preservados os textos da antiguidade clássica greco-romana, nas bibliotecas. 
Progressivamente, o mundo europeu ocidental começava a se reestruturar. A primeira grande tentativa de reestruturação aconteceu no natal do ano 800, quando o papa Leão III, convidou Carlos Magno para ir à Roma e lá o consagrou imperador do sacro império romano germânico. Após a morte de Carlos Magno, seu império foi dividido entre o seu filho e os sucessores deste, levando a uma nova fragmentação política, que gerou grandes conflitos. 
É, portanto, em torno dos séculos XI e XII que vamos assistir o surgimento da chamada escolástica. Neste contexto, aparece a famosa querela entre a razão e a fé que percorre toda a Filosofia Medieval. No entanto, o desenvolvimento da Filosofia torna-se possível devido à difusão de consolidação das escolas nos mosteiros e catedrais.
SANTO ANSELMO
Santo Anselmo é considerado o primeiro grande pensador da escolástica. Ele elaborou sua filosofia buscando articular
a razão e a revelação, a fé e o entendimento.
Santo Anselmo deu a sua principal contribuição à Filosofia na formulação do famoso argumento ou prova ontológica
como ficou conhecido posteriormente (desde Kant). Trata-se de um dos argumentos mais clássicos da
tradição filosófica, tendo sido questionado por outros Filósofos na Idade Média, dentre eles São Tomás de
Aquino.
A conclusão de Santo Anselmo é que não se pode pensar a inexistência de um ser do qual nada maior pode ser
pensado sem contradição. Desse modo, fica provada a existência de Deus.
AULA 4: FILOSOFIA MEDIEVAL - PARTE II
INTRODUÇÃO
A Filosofia Medieval contou com a valiosa contribuição do pensamento árabe. O encontro da filosofia árabe com a filosofia ocidental e como esse encontro favoreceu o desenvolvimento da filosofia escolástica.
FUSÃO ENTRE CULTURAS
Conheça os fatores históricos que contribuíram para a fusão entre a cultura árabe, a filosofia grega e o pensamento
cristão.
FILOSOFIA GREGA
A fusão começa a partir do momento em que Alexandre (século IV a.C.) inicia a expansão do seu Império, levando e
difundindo a cultura grega pelo Oriente Médio, conquistando a Índia. Mesmo após a morte de Alexandre, a expansão
continua por regiões como Egito, Síria, norte da mesopotâmia e Pérsia. A partir desse momento, não restou mais dúvida a mistura entre a língua local e a grega com suas ricas tradições, formando os principais núcleos de cultura.
PENSAMENTO CRISTÃO
No período cristão (IV e V d.C.), outro marco se dará aprofundando essa fusão. Vários cristãos foram condenados e
buscaram exílio no Oriente, principalmente na Síria e na Mesopotâmia. Esses cristãos, além de conhecedores da filosofia e da ciência grega, usavam a língua grega.
CULTURA ÁRABE
A fusão também foi influenciada pelo profeta Maomé (570-632), quando este assumiu a liderança religiosa do povo
árabe, fundando a religião islâmica. Toda a expansão do islamismo foi devido à fragilidade dos reinos existentes nessa
região e da fraqueza militar bizantina. Esse contexto, sem dúvida, favoreceu o encontro dos árabes com os núcleos de
cultura de origem grega e cristã. Portanto, os cristãos da escolástica tiveram o primeiro contato com o pensamento de
Aristóteles através desses núcleos de cultura. Esse encontro foi marcado pela:
Valorização de ensinamentos;
Absorção de cultura e desenvolvimento desta nas várias áreas da Ciência e da Filosofia;
Tradução de inúmeras obras clássicas, algumas delas conhecidas pelos latinos justamente por intermédio dos árabes.
INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO ÁRABE
Os cristãos da escolástica tiveram o primeiro contato com o pensamento de Aristóteles através dos núcleos de cultura. Logo, podemos concluir que o grande desenvolvimento da filosofia escolástica, a partir do século XIII, foi devido à influência do pensamento árabe.
Com o desenvolvimento de uma intensa atividade artesanal e comercial, no século XIII, surgiram núcleos urbanos importantes que tiveram grande influência no enriquecimento de uma pequena parte da população. Consequentemente, houve o rompimento com a ordem econômica (política feudal), dando lugar a um mundo em que as relações sociais permitiam a mobilidade social. Além disso, os artesãos passaram a se organizar em ligas nas cidades (também chamadas de guildas), fazendo nascer um novo tipo de convívio social.
As obras de Aristóteles, com as suas preocupações científicas e empíricas, foram adequadas a esse novo contexto, devido a dois fatores fundamentais que são característicos do século XIII: o surgimento das universidades e a criação das ordens religiosas (franciscanos e dominicanos).
SÃO TOMÁS
 “Para aqueles que tem fé, nenhuma explicação é necessária. Para aqueles sem fé, nenhuma explicação é possível.”
O tomismo tornou-se uma espécie de representante de “uma filosofia cristã oficial”, isto se deu devido à grandeza da obra de São Tomás e da complexidade das questões tratadas. Como exemplo disso, ele desenvolveu as cinco vias da prova da existência de Deus.
São Tomás foi um dos grandes pensadores da alta escolástica. 
Teve uma grande ligação com as universidades do século xii, principalmente a de Paris.
Tornou-se um grande pensador com criatividade e originalidade.
Desenvolveu uma filosofia própria tratando de todas as grandes questões da filosofia e teologia da sua época.
Teve grande interesse pelas obras de Aristóteles e dos pensadores árabes.
Mostrou que a filosofia de Aristóteles era compatível com o cristianismo.
As bases da filosofia e ciência modernas foram lançadas nos séculos XV e XVI, levando ao Renascimento e à Reforma. Nesse período, em oposição à escolástica, é defendida a separação radical entre os campos da razão e da fé, da Filosofia e da Teologia. 
No final do século XIV, a escolástica entrou em crise, porém, isso não significou o seu fim. A filosofia escolástica e o tomismo sobrevivem no período moderno, e até hoje encontram adeptos.
GUILHERME DE OCKHAM
Guilherme de Ockham foi o maior dos lógicos escolásticos. Ele combinou o racionalismo do pensamento
aristotélico com a fé revelada do cristianismo. Pelas posições que assumiu na Filosofia, na Teologia e na Política, e pelos constantes enfrentamentos com as autoridades, Ockham foi perseguido pelo Papa. Foi graças as suas ideias, que foram lançadas as sementes que levaram o sistema filosófico medieval à ruína, dando lugar ao novo senso de investigação crítica inspirado diretamente dos gregos. As bases da filosofia e ciência modernas foram lançadas nos séculos XV e XVI, levando ao
Renascimento e à Reforma. Nesse período, em oposição à escolástica, é defendida a separação radical entre os campos da razão e da fé, da Filosofia e da Teologia. 
AULA 5: FILOSOFIA MODERNA - PARTE I
INTRODUÇÃO
O termo “moderno” já era usado na Filosofia Medieval, mas o conceito de modernidade veio de duas noções
fundamentais relacionadas – a ideia de progresso e a valorização do indivíduo, que são decorrentes de fatores
históricos como:
O Humanismo Renascentista (século XV);
A Revolução Científica (século XVII);
A ReformaProtestante (século XVI);
A redescoberta do ceticismo.
Humanismo Renascentista
O conceito de Renascimento abrange os séculos: XV e XVI, que foi o período histórico intermediário entre o medieval e o moderno. Podemos dizer que o traço mais característico desse período foi o humanismo.
Um dos principais pontos de partida do humanismo foi o grande Concílio Ecumênico de Florença, em 1431.
O humanismo teve também uma grande importância na política. As partes centrais do ideário humanista tratam da rejeição da tradição escolástica em favor de uma recuperação da natureza humana individual, ponto de partida de uma nova ordem. O principal pensador político mais original desse período foi sem dúvida Nicolau Maquiavel (autor de O Príncipe, publicado em 1532).
LUTERO
Em uma visita a Roma (1510), Lutero ficou chocado com a corrupção da sede da Igreja e começou a defender a necessidade de uma reforma.
Portanto, o marco do início da Reforma Protestante foi a pregação por Lutero das suas 95 teses contra os teólogos católicos da universidade e contra o papa Leão X (1517). O envolvimento dos papas nas questões políticas da época foi um fator gerador de conflitos. A igreja necessitava de grandes recursos financeiros e procurava obtê-los através da venda de indulgências.
A ideia de reforma foi bastante comum no desenvolvimento do cristianismo. O próprio cristianismo foi uma espécie de movimento de reforma do judaísmo. Foram comuns os pregadores em vários países da Europa, defendendo a volta de um cristianismo mais simples e mais espiritual, mantendo a necessidade da pobreza do clero e criticando a hierarquia eclesiástica.
O protestantismo, o movimento de oposição a Roma, difundiu-se por outros países, a exemplo de Calvino na Suíça, em Genebra. Com isso, a Igreja Católica inicia uma ofensiva contra o protestantismo. O Concílio de Trento estabeleceu as bases doutrinárias e litúrgicas. A Inquisição ganhou nova força e, assim, surgiram novas ordens religiosas como a Companhia de Jesus, de caráter militante.
No século seguinte, a Guerra dos Trinta Anos opõe católicos e protestantes por toda Europa.
A ética protestante, principalmente calvinista, proporcionou grande desenvolvimento econômico da Europa, permitindo
a acumulação do capital.
A ruptura provocada pela Reforma é um dos fatores propulsores da modernidade, embora Lutero se aproxime mais da
filosofia medieval agostiniana.
Sua concepção teológica é uma interpretação da doutrina de santo Agostinho sobre a luz natural que todo o indivíduo
tem em si e que permite entender e aceitar a revelação, não necessitando da intermediação da igreja, dos teólogos, da
doutrina dos concílios. A fé é suficiente. Se a discussão em torno da “regra da fé” abre caminho acerca do livre arbítrio e da salvação, essa discussão levanta questões de natureza moral.
Para Lutero, a salvação só é possível pela graça divina, dom de Deus que independe do saber adquirido, ou da
obediência da autoridade eclesiástica, assim rejeita a doutrina ética da escolástica tomista e o esforço humano não desempenha nenhum papel na salvação.
Além do Humanismo Renascentista e da Reforma Protestante, a Revolução Científica também contribuiu para o
conceito de modernidade.
A Revolução Cientifica moderna teve seu ponto de partida na obra de Nicolau Copérnico, através de cálculos dos
movimentos por meio dos corpos celestes.
COPÉRNICO
A obra de Nicolau Copérnico rompeu com o sistema geocêntrico, em que a Terra se encontra imóvel no lugar central do universo, indo contra uma teoria estabelecida a praticamente vinte séculos. Copérnico sacudiu a visão de mundo medieval estática imaginando a Terra girando em torno do sol, desenvolvendo sua pesquisa propondo a hipótese heliocêntrica. Ele conserva uma concepção de um cosmo fechado, tendo como limite a esfera das estrelas fixas, típica da visão antiga. A ideia de um universo infinito foi incorporada progressivamente à ciência moderna.
PLATÃO
A revolução científica moderna inspirou-se em Platão, que já havia antecipado o modelo heliocêntrico.
KEPLER
Em 1609, o astrônomo alemão Johannes Kepler defendeu a ideia de que o universo é regido por leis matemáticas.
GALILEU
Porém, é na verdade Galileu quem diz “a natureza é um livro escrito em linguagem geométrica”. Esse é o ponto de partida do mecanicismo que vê a natureza como um mecanismo, como as engrenagens de um relógio impulsionado por uma força externa. Galileu ainda postulava a ideia de órbitas circulares. Podemos considerá-lo como ponto de chegada de um processo da antiga visão de mundo e de ciência.
LEONARDO DA VINCI
Em Leonardo da Vinci, podemos encontrar um ótimo exemplo de modernidade. São duas as grandes transformações científicas: 
Do ponto de vista da cosmologia – o modelo empreendido por Galileu – universo infinito e movimento dos corpos celestes, principalmente da Terra. 
Do ponto de vista da ideia de ciência – a valorização da observação do método experimental que se opõe à ciência contemplativa dos antigos.
Outro fator histórico que contribuiu para o conceito de modernidade foi a redescoberta do ceticismo. O interesse
pelo ceticismo antigo é retomado no Renascimento como parte do movimento de volta aos clássicos.
A Idade Média havia sido, em grande parte, ignorada pelos céticos devido à refutação do ceticismo por santo
Agostinho. Possivelmente, os céticos foram os primeiros Filósofos a questionar a possibilidade do conhecimento e a levantar a
questão sobre os limites da natureza humana do ponto de vista cognitivo, o que será uma das grandes temáticas do
pensamento moderno até Kant.
Podemos considerar Michele de Montaigne o filósofo mais importante desse período, quanto à retomada e ao
desenvolvimento do ceticismo, inclusive devido a sua influência em Descartes.
A visão cética de Montaigne pode ser considerada um dos pontos de partida do subjetivismo e do individualismo.
Diante de um mundo de incerteza, mergulhado em guerras e conflitos religiosos e políticos o homem refugia-se dentro
de si.
AULA 6: FILOSOFIA MODERNA – PARTE II
INTRODUÇÃO
René Descartes (1596-1650) viveu em um tempo de profunda crise da sociedade, tempo de transição entre uma tradição que
sobrevivia e outra que estava surgindo, resultando em uma nova visão de mundo. Ele acompanhou as grandes transformações da sua época, como: 
1 - O início das grandes navegações e a descoberta das Américas.
2 - As teorias científicas de Copérnico e Galileu, que revolucionaram a maneira de se considerar o mundo físico.
3 - A escolástica medieval, que estava longe de desaparecer.
4 - A decadência do sistema feudal, substituído por uma nova ordem econômica baseada no comércio livre e no individualismo.
5 - A Reforma de Lutero, que abalou a autoridade universal da Igreja Católica no Ocidente, e a Contra Reforma, reação ao Protestantismo, que teve como consequência a Guerra dos Trinta Anos, na qual o próprio Descartes participou.
6 - A arte retomando os valores da antiguidade clássica, impondo uma cultura leiga, às vezes, de inspiração pagã.
A crença no poder crítico da razão humana individual é traço fundamental da modernidade de Descartes. A
modernidade é ruptura com a tradição, a autoridade da fé pela razão humana, oposição às instituições.
O homem da época de Descartes viveu uma grande diversidade de experiências. Devemos compreender o pensamento filosófico de Descartes como o resultado da reflexão sobre a experiência de vida.
É possível considerar Descartes como um dos iniciadores da modernidade, doravante, influenciará o desenvolvimento
do pensamento filosófico. 
Com Descartes, a necessidade de contextualização do pensamento e o sujeito pensante entram em cena:
“Terei a satisfação de mostrar os caminhos que segui e apresentar minha vida como em um quadro”. 
Descartes sempre escreveu na primeira pessoa do singular. Interessado pela Matemática; viajou por diversos países da Europa; descobriu sua vocação filosófica decidindo dedicar-se a “descobrir os fundamentos dessa ciência admirável”.Ele considerou a Matemática como modelo de sua reflexão filosófica e, com isso, pretendia elaborar uma matemática
universal para todos os assuntos.
Nesse tempo de conflitos, crises e incertezas, Galileu foi proibido de lecionar. Ao tomar conhecimento da condenação
de Galileu, Descartes desistiu de publicar a sua obra - O tratado do mundo.
Em 1637, Descartes publicou, em francês, seus tratados científicos que têm como introdução o discurso do método.
Descarte adquiriu fama e sua obra foi condenada.
CONHEÇA O PROJETO FILOSÓFICO DE DESCARTES:
UTILIZANDO ESSE MÉTODO, SABEREMOS COMO USAR DA INTUIÇÃO.
As regras de Descartes se inspiram na geometria. São simples, mas devem ser seguidas à risca. Jamais devemos
deixar de observá-las.
Regra 1: Jamais aceitar como exata coisa alguma que eu não conheça evidentemente.
Regra 2: Dividir cada dificuldade a ser examinada em tantas partes quantas possíveis e necessárias para resolvê-las.
Regra 3: Impor ordem nos meus pensamentos, começando pelos assuntos mais simples de serem conhecidos.
Regra 4: Fazer para cada caso enumerações tão exatas que esteja certo de não ter esquecido nada, assim nunca se
confundirá o falso com o verdadeiro, chegando ao verdadeiro conhecimento.
A etapa inicial da argumentação cartesiana é a formulação de uma dúvida metódica, colocando tudo em questão.
Começa-se duvidando de tudo: senso comum, argumento de autoridade, testemunho dos sentidos, das informações da
consciência, da realidade do exterior e do próprio corpo. A cadeia de dúvidas se interrompe diante do seu próprio ser
que duvida. Se duvido, penso: “Penso, logo existo”.
Assim, Descartes introduz uma grande modificação no pensamento moderno: “ a crença na autonomia do pensamento,
a ideia de que a razão bem dirigida basta para encontrar a verdade sem precisar dos livros e dos “dogmas”.
Para Descartes, o espírito humano tem em si os meios de alcançar a verdade, se souber cultivar sua independência e
conduzir-se com método. A certeza é possível porque o espírito humano já possui ideias gerais, claras e distintas que
são inatas (inerentes à capacidade de pensar), portanto, não estão sujeitas ao erro. A primeira ideia inata é o cogito
pelo qual nos descobrimos como seres pensantes.
Mesmo hoje, o argumento do cogito e suas consequências suscitam grandes interesses.
O objetivo de Descartes, contudo, é fundamental para a possibilidade do conhecimento científico. É necessário,
portanto, encontrar um caminho de superação desse idealismo radical, no qual a única realidade certa é a existência do
puro pensamento.
No entanto, é fundamental encontrar uma ponte entre o pensamento subjetivo e a realidade objetiva.
Na realidade, Descartes deixa bem claro que não se pode confiar na tradição, nos ensinamentos do saber adquirido, e constataque a tradição, ao contrário do que pretendia, estava muito longe de ter encontrado a verdade e de ter constituído um sistema sólido e coerente que lhe desse autoridade.
A única alternativa possível parecia ser a interioridade, a própria razão humana, a luz natural que o homem possui em si mesmo, a sua racionalidade. Portanto, o homem traz dentro de si a possibilidade do conhecimento
Enquanto o racionalismo de Descartes prioriza a razão, o filósofo Francis Bacon insiste na necessidade da experiência.
AULA 7: FILOSOFIA MODERNA - PARTE III
INTRODUÇÃO
O empirismo (A palavra empirismo, deriva da palavra grega “empeiria”, que significa basicamente uma forma de saber derivado da experiência sensível, e de informações acumuladas com base nesta experiência, permitindo a realização de fins práticos.) e o racionalismo (pensamento cartesiano) constituíram conjuntamente algumas das principais correntes do pensamento moderno na sua fase inicial.
A corrente empirista desenvolveu-se, sobretudo, na Inglaterra e entre os Filósofos de língua inglesa, estando
diretamente ligada à criação da Real Sociedade de Londres para o Progresso do Conhecimento Natural (Essa sociedade foi fundada em 1660 e patrocinada pelos ricos comerciantes de Londres, que tinham interesse nas possíveis aplicações técnicas desses conhecimentos, desde as questões de navegação até os estudos sobre linguagem que permitiam a comunicação com os povos das novas terras com que negociavam. Contudo, o empirismo não se restringiu ao contexto de língua inglesa, encontrando repercussão também na França e em outros países.).
Podemos dizer que o empirismo é a posição filosófica que toma a experiência como guia e critério de validade de suas
afirmações, especialmente nos campos da teoria do conhecimento e da filosofia da ciência.O grito de guerra do empirismo é a frase de inspiração aristotélica: “Nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos”. Ou seja, todo conhecimento resulta de uma base empírica, de percepções ou impressões sensíveis sobre o real, elaborando-se e desenvolvendo-se a partir desses dados da realidade sensorial.
Os empiristas, portanto, rejeitam a noção de ideias inatas ou de um conhecimento anterior à experiência ou
independente desta. A seguir, você conhecerá os três principais pensadores do empirismo clássico:
Francis Bacon (1561-1626);
John Locke (1632-1704); e
David Hume (1711-1776).
BACON E O MÉTODO EXPERIMENTAL
Podemos distinguir dois aspectos inter-relacionados da contribuição de filosófica de Bacon:
A CONCEPÇÃO DE PENSAMENTO CRÍTICO CONTIDO NA TEORIA DOS ÍDOLOS:
A filosofia de Bacon, assim como a de Descartes, caracteriza-se por uma ruptura bastante explícita em relação à tradição anterior, sobretudo a escolástica de inspiração aristotélica.
A preocupação fundamental de Bacon é com formulação de um método que evite o erro e coloque o homem no caminho do conhecimento correto. É nesse contexto que encontramos a sua teoria dos ídolos.
Os ídolos são ilusões ou distorções que, segundo Bacon, “bloqueiam a mente humana”, impedindo o verdadeiro conhecimento. Os ídolos podem ser de quatro tipos: ídolos da tribo, ídolos da caverna, ídolos do foro e ídolos do teatro.
A DEFESA DO MÉTODO INDUTIVO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO E DE UM MODELO DE CIÊNCIA ANTIESPECULATIVO E INTEGRADO A TÉCNICA
Bacon propõe um modelo para a nova ciência. Segundo ele, o homem deve despir-se de seus preconceitos, tornando-se “uma criança diante da natureza”, somente assim alcançará o verdadeiro saber.
O novo método científico é o da indução que, a partir da observação atenta da natureza, permite formular leis científicas que são generalizações indutivas, a partir das quais se pode controlar a natureza e dela tirar benefícios para o homem.
Bacon é um pensador que acredita no progresso. Para ele, o conhecimento se desenvolve na medida em que adotamos o método correto e a experiência como guia. Ele teve uma importância fundamental no sentido da ruptura com a tradição.
A TEORIA DAS IDEIAS DE LOCKE E A CRÍTICA AO INATISMO
John Locke vê a filosofia como uma tarefa crítica e preparatória para a construção da ciência. Ele desenvolve um
modelo empirista, antiespeculativo e antimetafísico de conhecimento.
Portanto, não existem ideias inatas. Isto é, o conhecimento não é inato, mas resulta da maneira como elaboramos os
dados que nos vêm da sensibilidade por meio da experiência.
Para Locke, a mente é como uma folha em branco, a	 “tábula rasa”, na qual a experiência deixa as suas marcas.
Desta forma, para processarmos o conhecimento em nossa mente, precisamos da reflexão, assim como distinguir entre as qualidades primárias e as secundárias das substâncias.
Locke é considerado como um dos primeiros Filósofos do período moderno a desenvolver uma filosofia da linguagem,
mais especificamente uma teoria do significado.
O CETICISMO DE DAVID HUME
O ceticismo de Hume pode ser interpretado a partir do questionamento que dirige a dois princípios ou pressupostos fundamentais da tradição filosófica: a causalidade e a identidade pessoal. Por outro lado, Hume também afirma que a maneira pela qual conhecemos e pela qual agimos no real depende apenas de nossanatureza, de nossos costumes e de nossos hábitos. Por esta razão ainda não se chegou a definir se ele é mais cético ou mais naturalista.
A CONTRIBUIÇÃO VALIOSA DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU
Rousseau nasceu em Genebra e foi um dos mais importantes pensadores franceses do século XVIII no campo da política, da moral e da educação, influenciando os ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa (1789).
Rousseau não condena toda e qualquer sociedade, mas sim aquela que acorrenta e aprisiona o homem. Ele chegou a adotar como modelo de sociedade justa e virtuosa a Roma republicana do período anterior aos césares.
O ponto de partida da filosofia de Rousseau é uma concepção de natureza humana representada pela famosa ideia: “O
homem nasce bom, a sociedade o corrompe” (Contrato Social, livro I, cap. 1), à qual se acrescenta a ideia de que “o homem nasce livre e por toda parte se encontra acorrentado”. Para Rousseau, é possível, portanto, formular um ideal de sociedade em que os homens sejam livres e iguais, ideal este que servirá de inspiração à Revolução Francesa.
A grande questão para Rousseau consiste em: Saber como preservar a liberdade natural do homem. E ao mesmo tempo garantir a segurança e o bem estar que a vida em sociedade pode lhe oferecer.
Sua resposta se encontra fundamentalmente no Contrato Social (Segundo a teoria do contrato social, a soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade. O fundamento dessa soberania é a vontade geral, que não resulta apenas na soma da vontade de cada um.), mas também é possível observá-la em outros textos.
A vontade particular e individual de cada um diz respeito a seus interesses específicos, porém, enquanto cidadão e
membro de uma comunidade, o indivíduo deve possuir também uma vontade que se caracteriza pela defesa do interesse coletivo, do bem comum. Segundo a teoria do contrato social, é papel da educação a formação da vontade geral dos membros da sociedade transformando, assim, o indivíduo em cidadão, em membro de uma comunidade. O processo educativo pressupõe o conhecimento profundo e deve dar a devida importância às leis psicológicas do desenvolvimento do educando. Essas leis devem orientar todo o processo educativo, deixando de lado todas as especulações teóricas a esse respeito.
Essas leis podem ser resumidas da seguinte forma:
Deve-se observar a natureza e seguir o caminho que ela traçar.
As funções, que se exercem numa etapa de vida, afirmam e preparam o surgimento e o desenvolvimento das funções
posteriores.
Mesmo quando uma ação parece ser desinteressada, parece não satisfazer alguma necessidade ou interesse
funcional, na realidade se trata sempre de uma adaptação funcional.
Deve-se respeitar a individualidade de cada educando, pois cada um tem sua forma própria. É em função dessa
individualidade que ele deve ser orientado.
Na proposta de Rousseau, para que o processo educativo não degenere num exercício estéril e até nocivo, é indispensável partir da estrutura específica do educando.
Não se deve ver na criança um adulto em miniatura, como era costume na época, uma etapa passageira, provisória, da xistência humana, pois a criança tem uma existência própria e acarreta direitos específicos.
AULA 8: FILOSOFIA MODERNA – PARTE IV
INTRODUÇÃO - ILUMINISMO
O Iluminismo foi um movimento de grande importância a partir da segunda metade do século XVIII.
O pano de fundo do Iluminismo é a filosofia crítica, que tem como características três pressupostos básicos: a
liberdade; o individualismo e a igualdade jurídica. Nesse sentido a Revolução Francesa (1789) pode ser considerada uma tentativa de concretização desses ideais: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. “Os homens nascem e permanecem livres”, é o artigo primeiro da Declaração dos Direitos do Homem.
A Enciclopédia é um projeto monumental pedagógico que pretendeu ser uma espécie de grande síntese do saber da
época, sua publicação teve grande influência na Revolução Francesa e contribuiu para a contestação da monarquia absoluta, e do poder da Igreja.
A bandeira da França foi adotada em 15 de fevereiro de 1794, cinco anos após a Revolução Francesa (1789).
A bandeira possui formato retangular e é composta por três faixas verticais nas cores azul, branca e vermelha. Estas
cores simbolizam a Revolução Francesa. A bandeira tricolor francesa também simboliza o lema da Revolução Francesa "Liberdade, Igualdade e Fraternidade".
IMMANUEL KANT (1724-1804)
O alemão Immanuel Kant, é o último expoente deste bloco empírico-racionalista, entre os neo-humanistas, foi o principal que proclamou a saída do homem do estado de incapacidade, em que jazia sob o peso da tradição da autoridade. Ele desafiou o homem a se atrever servir da razão.
Kant define a filosofia como “a ciência da relação de todo conhecimento e de todo uso da razão com o fim último da
razão humana”, caracterizando-se pelo tratamento de quatro questões fundamentais.
O QUE POSSO SABER?
Diz respeito à metafísica, no sentido kantiano de investigação sobre a possibilidade de legitimidade do conhecimento.
O QUE DEVO FAZER?
A resposta é dada pela moral.
O QUE POSSO ESPERAR?
O problema da esperança, de que trata a religião.
O QUE É O HOMEM?
Objeto da antropologia, à qual em última análise se reduzem as outras três e que é na verdade a mais importante das
quatro.
Tendo em vista estas questões, o filósofo deve determinar:
As fontes do saber humano;
A extensão do uso possível e útil de todo saber, e;
Os limites da razão.
O pensamento de Kant também se insere dentro do movimento de crítica à educação dogmática, aberto pela ilustração.
Kant não concebia as normas e os modelos conforme a própria existência concreta e variável (mas de um sujeito universal), e nem admitia o modelo tradicional de ideal, que se impôs exteriormente ao indivíduo.
Para ele, são as leis inflexíveis e universais da razão pura e da razão prática que constroem o conhecimento e a lei moral, o que significa a valorização definitiva do sujeito como ser autônomo e livre, para o qual tanto o conhecimento como a conduta são obras suas.
A EDUCAÇÃO NA CONCEPÇÃO DE KANT
A importância atribuída por Kant à educação encontra-se fundamentada nas obras mais clássicas, como a Crítica da
Razão Pura e Crítica da Razão Prática.
A Crítica da Razão Pura, visa investigar as condições de possibilidade do conhecimento, ou seja, o modo pelo qual, na
experiência de conhecimento, sujeito e objeto se relacionam e em que condições. Esta relação pode ser considerada legítima, sujeito e objeto são termos relacionais que só podem ser considerados como partes da relação de conhecimento.
Para Kant, cabe à educação formar o caráter moral – “o homem só pode tornar-se homem pela educação”, “ele é tão somente o que a educação fez dele”, e ainda “mandamos em primeiro lugar, as crianças à escola, não na intenção de que nela aprenda alguma coisa, mas a fim de que se habitue a observar pontualmente o que se lhes ordena”.
Kant redefine a relação pedagógica, reforçando a atividade do aluno que deve aprender “pensar por si mesmo”. O saber é ato de liberdade. O princípio kantiano foi reexaminado no século XX, por diversos autores na área da moral e da
educação, como Piaget ou ainda Habermas.
AULA 9: FILOSOFIA MODERNA - PARTE V
INTRODUÇÃO
A urbanização acelerada do século XIX, proveniente do capitalismo industrial, criou forte expectativa com respeito
à educação, pois a complexidade de trabalho exigia melhor qualificação da mão-de-obra.
Desde o século XVII, Comênio já anunciava a necessidade de “ensinar tudo a todos”. Porém, este projeto apenas se
tornou concreto no século XIX com a intervenção cada vez maior do Estado para estabelecer a escola elementar universal, laica, gratuita e obrigatória.
	O primeiro pensador que você conhecerá é o positivista
Augusto Comte (1798-1857), para Comte, a humanidade (e o próprio indivíduo na sua trajetória pessoal), passa por diversos estágios até alcançar o estado “positivo” (O termo “positivo” designa o “real”,em oposição às formas teológicas ou metafísicas de explicação do mundo que predominam na filosofia.), que se caracteriza pela maturidade do espírito humano.
O positivismo de Comte exprime a exaltação provocada no século XIX pelo avanço da ciência moderna, capaz de
revolucionar o mundo com uma tecnologia cada vez mais eficaz: “Saber é poder”. Esse entusiasmo desembocou em
várias correntes de pensamento, dentre elas destacamos o cientificismo (Cientificismo é a visão reducionista segundo a qual a ciência seria o único conhecimento válido.).
Segundo Comte, o método das ciências da natureza (baseado na observação, experimentação e matematização),
deveria ser estendido a todos os campos de indagação e a todas as atividades humanas, inclusive a educação como veremos a seguir.
Figura. 
CONHEÇA AS CONTRIBUIÇÕES DO POSITIVISMO DE COMTE PARA A EDUCAÇÃO:
I - Augusto Comte estava convencido de que a educação deveria levar em conta, em cada indivíduo, as etapas que a humanidade percorrera: o pensamento fetichista da criança seria superado pela concepção metafísica, e esta, finalmente, pela positivista, no momento em que atingisse a idade madura.
II - O positivismo passou, então, a permear de maneira eficaz a pedagogia, ora de maneira explícita, ora implícita. Essa doutrina
também atuou de maneira marcante no conteúdo e na forma de educar das escolas estatais, sobretudo, na luta a favor do ensino
laico das ciências e contra a escola tradicional humanista religiosa.
III - No século XX, ainda permaneceu viva a influência do positivismo. Por exemplo, a psicologia comportamentista de Watson e Skiner serviu de base a muitas teorias pedagógicas. No Brasil, o positivismo influenciou as medidas governamentais do início da República e, na década de 1970, a tentativa de implantação da escola tecnicista.
JOHANN F. HERBART (1776 – 1841)
Johann F. Herbart trouxe grande contribuição para a pedagogia como ciência, buscando o maior rigor de método. Ele também é considerado o precursor de uma psicologia experimental aplicada à pedagogia. Mesmo que essa psicologia conservasse alguns sinais de metafísica e ainda utilizasse uma avaliação matemática de valor discutível, ela se tornou um avanço em relação às teorias anteriores.
Segundo Herbart, a conduta pedagógica deve seguir três procedimentos básicos:
 1 – O GOVERNO : É a forma de controle da agitação infantil, levado a efeito inicialmente pelos pais e depois pelos mestres, a fim de submeter a criança às regras do mundo adulto e tornar possível o início da instrução.
2 – A INSTRUÇÃO - É o processo principal da educação, supõe o desenvolvimento dos interesses. Para Herbart, interesse tem um sentido bem específico de poder ativo que determina quais ideias e experiências receberão atenção.
Herbart compreende a instrução como construção, o que leva a não separar a instrução intelectual da moral, já que uma é condição da outra.
3 – A DISCIPLINA - É aquilo que mantém firme a vontade educada no propósito da virtude. Enquanto o governo é exterior e heterônomo, mais usado com crianças pequenas, a disciplina supõe a autodeterminação característica do amadurecimento moral, que leva à formação do caráter proposto.
Herbart, insatisfeito com a precária assimilação do que se ensinava nas escolas, afirmava que sua ineficiência se devia
aos métodos mal aplicados, que em nada se relacionavam com os conhecimentos adquiridos na prática dos alunos, e
que só geravam uma memorização superficial que logo era esquecida. Para evitar o fracasso metodológico, ele propõe os cinco passos formais, que favoreceriam o desenvolvimento do aluno: 
A preparação; 
A apresentação; 
A assimilação;
A generalização; 
A aplicação.
O caráter de objetividade de análise, a tentativa de psicometria, o rigor dos passos seguidos e a sistematização são aspectos característicos do pensamento de Herbart que determinam a sua grande influência no pensamento pedagógico.
Além dos seus cinco passos formais que marcaram de maneira vigorosa o ensino expositivo da escola tradicional, que adquiriu um caráter de rigor por emprestar do método científico a indução, Herbert afirma que o caminho do raciocínio vai do concreto para o abstrato.
Para Herbert, o conhecimento é oferecido pelo mestre ao aluno, que só depois vai aplicá-lo na sua experiência de vida.
FRIEDRICH FROEBEL (1782 – 1852)
O alemão Friedrich Froebel (No campo da Pedagogia, Friedrich Froebel aprendeu muito com as ideias de Pestalozzi. Uma visão mística marca seu pensamento e obra.) também trouxe valiosa contribuição para a educação.
A principal contribuição pedagógica de Froebel resulta da atenção para com as crianças na fase anterior ao ensino
elementar, ou seja, a educação da primeira infância. Foi pioneiro na fundação do “jardim de infância”, em alusão ao jardineiro cuidando da planta desde pequenina para que cresça bem, pressupondo que os primeiros anos são básicos para a formação humana.
Froebel valorizou as atividades lúdicas no trabalho com as crianças, por perceber o significado funcional do jogo e do
brinquedo para o desenvolvimento sensório-motor, e inventou métodos para aperfeiçoar as habilidades. Ele estava convencido de que a alegria do jogo levaria a criança a aceitar o trabalho de forma mais tranquila.
Para estimular os impulsos criadores da atividade lúdica, Froebel inventou cuidadosos equipamentos, de acordo com
a fase em que se encontravam as crianças. As construções da primeira série foram por ele chamadas de “dons”, como se fossem “dádivas divinas”.
Além dos dons, Froebel destaca as ocupações: tecelagem, dobradura, recorte e, também, o canto e a poesia como instrumentos importantes para facilitar, sobretudo, a educação moral e religiosa.
Embora a fundamentação teórica de sua psicologia tenha sido objeto de críticas severas, é inegável a influência da pedagogia de Froebel expressa na difusão dos jardins de infância espalhados pelo mundo.
JOHANN HEINRICH PESTALOZZI (1746 – 1827)
Estudioso de Rousseau, Pestalozzi sempre se interessou pela educação elementar, especialmente das crianças pobres,
e fez algumas tentativas educacionais inéditas e audaciosas ao trabalhar com crianças em situação social bem precária. Por isso, ele é considerado um dos defensores da escola popular extensiva a todos.
Pestalozzi atraiu a atenção do mundo como mestre, diretor e fundador de escolas. Ele exerceu profunda influência em vários países da Europa, e suas ideias chegaram até os Estados Unidos.
FUNÇÃO SOCIAL DO ENSINO
Pestalozzi reconhecia firmemente a função social do ensino, sem restringi-lo à formação do homem-gentil. Além disso, alertava que não bastava a simples instrução do povo, mas, sobretudo, a formação completa, pela qual o indivíduo é
levado à plenitude do seu ser.
VIVÊNCIA INFLUENCIA A EDUCAÇÃO
Para Pestalozzi, o indivíduo é um todo cujas partes devem ser cultivadas: a unidade espírito-coração-mão corresponde
ao importante desenvolvimento da tríplice atividade conhecer-querer-agir, por meio da qual se dá o aprimoramento da inteligência, da moral e da técnica. Daí a importância dos métodos para a organização do trabalho manual e intelectual.
Segundo Pestalozzi, deve-se partir sempre da vivência intuitiva, para só depois introduzir os conceitos.
NATUREZA SUSTENTA A EDUCAÇÃO
O método de Pestalozzi para educar se funda em um princípio simples: seguir a natureza. A família constitui a base de
toda a educação por ser o lugar do afeto e do trabalho comum. Também é positiva a experiência religiosa, contudo não
confessional.
AULA 10: QUESTÕES FILOSÓFICAS ATUAIS E DESAFIOS À PRÁTICA EDUCACIONAL
INTRODUÇÃO 
No século XX, a filosofia contemporânea é em grande parte o resultado da crise do pensamento moderno do século
XIX. Este pensamento entra em crise a partir das críticas de Hegel e de Marx.
HEGEL Aponta para a necessidade de se levar em conta o processo histórico de formação da consciência.
MARX Questiona seus pressupostos idealistas.
Essa ruptura já vinha se manifestando tanto com relação aoracionalismo quanto ao empirismo, no que se referia ao
conhecimento e à ciência como modelos privilegiados de relação do homem com a realidade.
EM QUE CONSISTE O PROCESSO EDUCATIVO CONTEMPORÂNEO?
O processo educativo contemporâneo é influenciado pela crise e a instabilidade às quais o mundo está sujeito desde o início do século XX, tanto no campo social, político e econômico, como também no campo da educação;
O importante é compreender a fundamentação da complexidade da época contemporânea e analisar as ideias básicas dos educadores que marcaram o século XX e o início desse novo século;
Não resta dúvida de que o século XX foi bastante rico em experiências educacionais e no pluralismo de teorias pedagógicas;
Constatamos notáveis transformações tanto no campo, quanto na cidade e na mentalidade, de tal forma que podemos identificar a crise que a humanidade passa na transição do milênio;
Há a constatação do envelhecimento de alguma coisa que não serve mais, e ao mesmo tempo o esforço no sentido de encontrar novos caminhos de saídas;
A crise estando generalizada, é claro que a educação também será profundamente afetada;
Na busca de novos caminhos a educação passando a ter um caráter político, devido à importância que exerce na sociedade, sendo instrumento de transmissão da cultura e formação da cidadania;
A sociedade contemporânea marcada profundamente pela mentalidade utilitarista e pragmática em que tudo gira em torno do que dá retorno imediato, status e poder, precisa com urgência encontrar soluções.
JOHN DEWEY (1859 – 1952)
John Dewey, defensor do pragmatismo, trouxe para a educação uma contribuição nova onde houve avanços em
termos de preocupação com a realidade do aluno, mas que ficou limitado ao conhecimento da dimensão psicológica deste, não conseguindo envolvê-lo num projeto maior que garantisse a transformação da mesma. Para Dewey o processo educativo depende essencialmente da ligação da escola ao lar e à comunidade que o educando faz parte. 
Sua filosofia é primeiramente marcada pelo instrumentalismo, isto é, pelo seu desejo de romper com uma filosofia clássica que ele via como mais ou menos ligada à classe dominante, para torná-la um instrumento que permitiria os homens se adaptarem melhor ao mundo moderno. O método que Dewey escolheu para fazer isso foi chamado de "teoria da investigação", uma ideia baseada na concepção de que a mudança do ambiente ocasiona problemas de adaptação que devem ser resolvidos por meio de uma investigação onde várias hipóteses são examinadas. As teorias filosóficas tradicionais são então vistas como meios de fornecer hipóteses a serem testadas.
Dewey também participou, paralelamente ao novo liberalismo britânico, na constituição do que é atualmente chamado de Liberalismo social, vista atualmente como centro ou centro-esquerda. Para ele, o indivíduo não é um ser isolado, mas participa de uma sociedade. Esta tese marca sua filosofia política como evidenciada pela importância dada ao público. A sua filosofia política também visa o desenvolvimento da individualidade, isto é, a auto realização por meio da democracia, concebida não como uma forma de governo, mas como uma participação de indivíduos na ação coletiva. Finalmente, sua pedagogia, intimamente ligada ao seu ideal democrático, visa dar aos estudantes os meios e o caráter necessário para participar ativamente da vida pública e social.
PROCESSO EDUCATIVO
O processo educativo deve integrar-se na experiência concreta, nos interesses e necessidades do educando, deve
também se tornar processo individualizado. Nesse processo, as atividades manuais, práticas, assumem a mesma
importância que desempenham na vida real.
Dewey, apoiando-se em Willian James, afirma que o essencial no processo educativo consiste na educação pela ação
manual e intelectual, bases da própria experiência. Trata-se de desenvolver o processo educativo dentro de um ambiente natural, onde o educando aprende a viver, e não num ambiente onde só se aprende informações, que só se referem à vida real de uma maneira oblíqua e indireta, ou que dizem respeito a um futuro remoto, que talvez o educando nunca venha a viver.
Em outras palavras, a escola deve ser a réplica em miniatura da própria comunidade!
O processo educativo deve levar o educando a assumir, de acordo com os interesses, os valores culturais da comunidade, a integrar a sua experiência na experiência da comunidade, pois são as forças da comunidade que atuam na sua vida e com estas ele terá que operar. O educador deve levar o processo de tal maneira que não haja conflito entre esforço e interesse. Concretizar o ideal da socialização do processo educativo implica na sua crescente individualização, com o objetivo de aproximar-se melhor do meio em que o educando deve desempenhar suas aptidões e capacidades. Portanto, deve fundamentar-se nas características individuais do educando, principal agente do processo educativo.
ANÍSIO TEIXEIRA (1900-1971)
O Pragmatismo de Dewey e a Escola Nova serão trazidos para o Brasil, através do educador Anísio Teixeira que foi
aluno e seu admirador nos Estados Unidos.
O universo educacional de Anísio Teixeira aponta para uma íntima relação entre escola e sociedade, o que traz como
consequência a concepção de uma escola ativa, baseada na ciência, na democracia e no trabalho.
Se a sociedade passava por mudanças era preciso que a escola preparasse o novo homem, o homem moderno, para
integrar-se à nova sociedade que deveria ser essencialmente democrática. É o fazer, através do método experimental,
que deve definir a escola ativa e democrática.
O caráter apenas instrutivo da educação brasileira vem se dissolvendo ao longo do tempo. Essa evolução poderá ser atribuída a alguns fatores: novo paradigma de homem e de sociedade, novas concepções de educação, novas teorias de ensino e de aprendizagem, novos pensadores e, creio que ainda mais importante, novos pensamentos, desta vez críticos, nas mentes da maioria dos cidadãos desse país, até mesmo daqueles com pouca instrução escolar.
É fato que a educação escolar tem com uma de suas funções a construção ou o despertar do pensamento crítico nos seus discentes. Mas de onde vem a criticidade daqueles que nem mesmo conheceu o caminho da escola? A resposta não é muito difícil: da mídia, dos cidadãos com instrução escolar, que compartilham esse conhecimento com o seu próximo no cotidiano, da reflexão sobre os modelos de outrora se comparados com os atuais etc.
Independente dos motivos ou motivadores da queda do modelo de educação voltada apenas à instrução é importante que saibamos um pouco mais sobre essa (re) evolução, que muito contribuiu para a democracia do ensino público, assim como da abolição da discriminação da oferta do ensino brasileiro.
O cenário era de desigualdades educacionais, de discriminações. Eis que em meio a tanta injustiça e pensamentos e ações dominadores surge aquele que lutaria pelos direitos dos menos favorecidos financeiramente, principalmente no quesito educação.
Inspirado pelo filósofo e pedagogo norte-americano John Dewey, o brasileiro Anísio Teixeira trouxe várias contribuições e mudanças à educação do Brasil. A ele e ao seu pioneirismo devemos a implantação de diversas escolas públicas em todo o território nacional, como forma de democratizar o ensino e tornar acessível à aprendizagem, independente da classificação social do indivíduo.
Para Teixeira, como a sociedade encontrava-se transformada num novo paradigma, com novas exigências e necessidades, seria necessário, também, até mesmo como reflexo da demanda desse novo modelo de sociedade, um novo paradigma de homem. Esse novo indivíduo deveria estar preparado para os desafios advindos desse novo cenário e a educação seria o meio de proporcionar-lhe essa preparação. Todavia, essa preparação não deveria ser uma mera instrução ligada ao mercado de trabalho, mas sim uma verdadeira educação, que estimulasse o indivíduo a pensar e agir criticamente perante os problemas que o viessem confrontar.

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