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EUGENIA

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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA - URCAMP 
FISIOTERAPIA 
MAICON RODRIGUES MOREIRA 
 
 
A EUGENIA NO BRASIL 
 A eugenia é um conjunto de ideias e praticas relativas a um 
“melhoramento da raça humana” pela seleção dos genitores tendo como base 
o estado de hereditariedade. A hereditariedade determinaria como o individuo 
seria, ou seja, como seria sua personalidade, seu caráter, colocando o mesmo 
numa classificação “superior” ou “inferior”. 
O movimento eugenista deveria “sanar” a sociedade de pessoas que 
apresentassem determinadas enfermidades ou características indesejáveis 
promovendo determinadas praticas para acabar com essas características nas 
gerações futuras. Essas práticas eram aplicadas as raças e não aos indivíduos, 
baseando-se num determinismo racial, traduzindo-se a uma hierarquia racial. 
Em 1917 o medico e farmacêutico Renato Kehl, principal propagandista de 
eugenia no Brasil e na America Latina, iniciaria uma grande campanha de 
divulgação das ideias eugênicas no meio medico e intelectual. Esta grande 
campanha contribuiu para que em janeiro de 1918 fosse fundada a sociedade 
Eugênica de São Paulo, a primeira sociedade de eugenia da América Latina. 
Durante os anos de 1920, o movimento deslocou-se para o Rio de Janeiro, 
onde ganhou novo fôlego devido ao crescente nacionalismo que estimulava 
grande parte da intelectualidade local. Os primeiros passos do movimento 
eugenista se confundiam com os ideais sanitaristas. Segundo Nancy Stepan, a 
eugenia era congruente com as ciências sanitárias, e alguns interpretaram 
como um novo ramo da higiene. Segundo Olegário de Moura, “sanear e 
eugenizar”. O que possibilitou essa aproximação entre as ideias sanitaristas e 
a eugenia, foi o fundo neolamarckista e sua convicta afirmação na transmissão 
dos caracteres adquiridos. De maneira geral, os eugenista entendiam que o 
ponto de partida de seus estudos deveria iniciar com as questões relativas a 
influencia do meio sobre a saúde e a raça nacional. Acreditavam que as 
doenças venéreas, a tuberculose, o alcoolismo, a nicotina e outras drogas e 
infecções, poderiam degenerar a prole de pais portadores destes males. Em 
1929, Renato Kehl passou a publicar o boletim da Eugenia, e no mesmo ano foi 
realizado o I Congresso Brasileiro da Eugenia, estes acontecimentos foram 
fundamentais no processo de transformação do debate sobre a eugenia no 
Brasil. A partir do final da década de 1920, as concepções lamarckistas 
começaram a ser questionadas. Já no primeiro congresso brasileiro da 
eugenia, Roquette-Pinto, presidente e criador do evento, afirmara que durante 
muito tempo, supôs-se que o meio dominara os organismos, portanto a 
medicina e a higiene resolveriam o problema da saúde. Estes argumentos, e 
outros, contrários as noções neolamarckistas desestruturaram as bases 
cientificas e ideológicas de boa parte dos eugenista. Para que a “raça nacional” 
pudesse ser transformada nesta sonhada “elite de eugenios”, os eugenista 
entendiam que atitudes radicais como esterilização, pena de morte, controle 
rigoroso na entrada de emigrantes, obrigatoriedade do exame pré-nupcial, 
proibição do casamento inter-racial e de portadores de doenças contagiosas, 
precisariam ser observadas, lembrando o sucesso do programa de higiene 
racial norte-americano e alemão. 
Deste modo a eugenia revelou uma fase fundamental na historia das 
ciências no Brasil, evidenciando importantes aspetos do pensamento social 
brasileira e ideologias raciais , cientificas e políticas doas primeiras décadas do 
século XX. Hoje, a comunidade cientifica, em geral, questiona a eugenia. Ao 
contrario do ideal do “super-homem” e da sociedade homogênea, atualmente, o 
paradigma genético e o de que a “diversidade é qualidade” e a variação é 
considerada positiva, trazendo vantagens. Há, também, por parte da 
comunidade cientifica uma preocupação no sentido de evitar a possibilidade de 
discriminação de pessoas portadoras de determinado tipo de gene. É perigoso 
dizer que as ideias eugênicas desapareceram, pois, não apenas ainda existam 
os que defendem, como também sua difusão pela sociedade em geral foi muito 
grande, deixando resquícios no senso comum e implicando comportamentos 
cotidianos discriminatórios, o que envolve a utilização do saber cientifico pela 
sociedade.

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