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ISSN 2176-1396 
 
 
JOGOS E BRINCADEIRAS COM DEFICIENTES INTELECTUAIS 
 
Juliana Silva Cristina
1
 - UFU 
Maria Clara Elias Polo
2
 - UFU 
 
Grupo de Trabalho – Diversidade e Inclusão 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
Resumo 
Atividades físicas, esportivas e de lazer tem sido cada vez mais utilizadas para melhorar a 
qualidade de vida e reabilitação de pessoas com deficiência e o direito a essa participação vem 
sendo assegurado nas políticas públicas nacionais para essa área. Nesse contexto instituições 
de ensino superior (IES) públicas criam programas que aliam extensão, ensino e pesquisa 
envolvendo esse segmento populacional. Esses programas objetivam estimular docentes a 
desenvolverem propostas voltadas à promoção da integração entre universidade e sociedade. 
Com essa finalidade, é desenvolvido desde 1982, um Programa Extensão denominado 
Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD), em conformidade com o Plano 
Nacional de Extensão (PNEx) e com as ações da Pró-Reitoria de extensão, cultura e assuntos 
estudantis (PROEX) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Esse Programa constitui-
se de vários Projetos relacionados às atividades física, esportiva e de lazer e o presente 
trabalho apresenta a experiência no Projeto Jogos e brincadeiras com deficientes intelectuais 
em um dos projetos do PAPD e que tem o apoio do Programa de Extensão Integração UFU - 
Comunidade (PEIC). Seu objetivo é desenvolver jogos e brincadeiras com adolescentes com 
deficiência intelectual, bem como ampliar a participação de discentes do curso de educação 
física em atividades que envolvam pessoas com deficiência, contribuindo para a sua formação 
inicial. As aulas são ministradas no Campus Educação Física da Faculdade de Educação 
Física, duas vezes por semana com duração de cinquenta minutos, em diferentes espaços 
como campos de futebol, ginásios esportivos, ginásio equipado para a psicomotricidade, pista 
de atletismo e piscinas. Foi possível constatar que as práticas corporais por meio de jogos e 
brincadeiras contribuem no processo de reabilitação, interação social e melhoria da qualidade 
de vida de crianças, adolescentes e adultos jovens com deficiência intelectual e a vivência dos 
acadêmicos e bolsistas com o referido grupo proporcionou o debate e conhecimentos 
fundamentais para formação inicial de professores. 
 
Palavras-chave: Deficiência intelectual. Formação inicial. Educação física adaptada. 
 
1 Graduanda em Educação Física pela Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia 
(FAEFI-UFU). Monitora bolsista Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD). E-
mail: julianasilvacristina@yahoo.com.br 
2 Graduanda em Educação Física pela Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia 
(FAEFI-UFU). Monitora bolsista Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência (PAPD). E-
mail: mcepolo@gmail.com 
10918 
 
Introdução 
Atividades físicas, de lazer, esportivas estão cada vez mais relacionadas com a 
promoção da qualidade de vida bem como a reabilitação de pessoas com deficiência. O direito 
ao lazer, por exemplo, é constitucional e a participação dessas pessoas é assegurada por 
políticas públicas nacionais que visam democratizar o acesso à projetos de atividades físicas, 
e esportes. 
A utilização das atividades físicas, de lazer e esportivas com finalidade de inclusão 
social de pessoas com deficiência, no Brasil, faz parte de um movimento que se iniciou nos 
anos 1980 e adquiriu força a partir dos anos 1990. Conforme Carmo (2001) o trabalho que a 
área da Educação Física desenvolve com essas pessoas, desde essas duas décadas, 
oportunizou a abertura de novos campos de trabalho e pesquisas bem como, propiciou maior 
acesso e participação nas atividades físicas, esportivas e de lazer, reflexo disso, também foi o 
aumento do número de atletas com deficiência nos esportes adaptados e paralímpicos e a 
visibilidade que eles alcançaram na mídia. 
As instituições de ensino superior (IES) públicas realizam programas que objetivam 
estimular docentes e técnicos administrativos a desenvolverem propostas de extensão voltadas 
para promover a integração entre universidade e sociedade, em qualquer âmbito, seja na 
comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, meio ambiente, saúde, 
tecnologia/produção e trabalho, pautando precisamente na perspectiva da inclusão social. 
Nesse contexto, a Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de 
Uberlândia (FAEFI-UFU), desenvolve há 33 anos o Programa de Atividade Físicas para 
Pessoas com Deficiência (PAPD), o qual envolve todos os tipos de deficiência e transtorno 
global de desenvolvimento. O PAPD oferece várias modalidades de atividades físicas, sociais 
e recreativas, como: atividades aquáticas, jogos, brincadeiras, futsal e atletismo, pilates e 
psicomotricidade, musculação, com intuito de garantir melhorias a partir da prática regular da 
atividade física. Esse programa oferece bolsas para monitorias para que haja o incentivo ao 
interesse do discente pela carreira do magistério superior, além de proporcionar a cooperação 
entre o corpo discente e o corpo docente, colaborar com o professor coordenador do programa 
na execução das tarefas didáticas, ajudar e orientar os alunos em seus estudos. 
O PAPD está coerente com as ações da Pró-Reitoria de extensão, cultura e assuntos 
estudantis (PROEX) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e com as Diretrizes do 
10919 
 
Plano Nacional de Extensão (PNExt) e contribui com a inserção da dimensão acadêmica da 
extensão na formação dos estudantes e na construção do conhecimento. 
Além de possibilitar uma formação acadêmica diferenciada, a PROEX tem como 
objetivos ampliar a participação de discentes da UFU em atividades de extensão, com caráter 
formativo, evidenciando a indissociabilidade entre extensão, pesquisa e ensino, contribuindo, 
assim, para a formação profissional e para o exercício da cidadania. Uma das ações da 
PROEX/UFU é o Programa de Extensão Integração UFU - Comunidade (PEIC), que tem 
como enfoque estimular a realização de projetos que integrem diferentes áreas do 
conhecimento, além de incentivar o envolvimento de discentes da UFU nas ações de 
extensão, mediante apoio com bolsas de extensão aos acadêmicos dos cursos de graduação. 
O presente trabalho apresenta a experiência vivenciada em um projeto PEIC 
desenvolvido dentro do PAPD com pessoas com deficiência intelectual (DI). 
Objetivo Geral 
Desenvolver jogos e brincadeiras com adolescentes com deficiência intelectual, bem 
como ampliar a participação de discentes do curso de educação física em atividades que 
envolvam pessoas com deficiência, contribuindo para a sua formação inicial. 
Deficiência Intelectual 
De acordo com a American Association of Mental Retardation (AAMR) (2006), a 
deficiência intelectual (DI) corresponde a um funcionamento intelectual significativamente 
abaixo da média e é caracterizada por uma inadequação da conduta adaptativa e pode se 
manifestar até os dezoito anos de idade. 
Segundo a AAMR, não se deve utilizar a divisão de DI leve, moderada, grave ou 
profunda, para designar os graus da deficiência, bem como, não se deve basear somente em 
testes de QI, mas considerar as dificuldades adaptativas do indivíduo. Essa nova concepção, 
sem divisões e sem basear-se apenas em testes de skills, implica alterações importantes no 
plano de serviços e centra a atenção para as habilidades adaptativas, considerando-as como 
uma adequação entre as capacidades dos indivíduos e as do meio em que vivem. 
Devido ao fato de que as pessoas comDI demonstram pouca habilidade e dificuldades 
no que tange generalização de aprendizagens, pesquisadores problematizaram a questão e a 
10920 
 
partir disto criou-se a hipótese que a DI não baseia-se no déficit estrutural, e sim sobre uma 
capacidade funcional de inteligência (SCHARNOST E BUCHEL, 1990). 
Figueiredo e Gomes (2007) relatam que os processos de aprendizagem da leitura 
escrita por alunos com deficiência intelectual são semelhantes em muitos aspectos aos dos 
alunos que não possuem deficiência, como no letramento, na dimensão desejante, nas 
expectativas do entorno e nas interações escolares. 
Segundo Vigotski (1989), a pessoa com DI tem dificuldade de generalizações que 
requerem maior abstração da situação, das relações de fantasias, conceitos e do irreal. Para ele 
as pessoas com DI possuem uma boa memória para os fatos concretos, mas ao mesmo tempo 
seu pensamento está desprovido de imaginação. 
Outra característica em relação à capacidade funcional da inteligência das pessoas com 
DI se relaciona ao pensamento abstrato. Vigotski (1991) mostra que pessoas com DI tem 
maior dificuldade de ter pensamento abstrato, sendo necessário que a abstração seja ensinada 
a elas e com maior tempo. 
Segundo dados do IBGE 1,4% da população brasileira são pessoas com deficiência 
intelectual. Caracterizada pela redução no desenvolvimento cognitivo, ou seja, no QI, 
normalmente abaixo do esperado para a idade cronológica da criança ou adulto, acarretando 
muitas vezes um desenvolvimento mais lento na fala, no desenvolvimento neuropsicomotor e 
em outras habilidades. 
 Tabela 1 – Percentual de pessoas com DI, 2010. 
Sexo 
Percentual de 
pessoas com DI (%) 
Homens 1,5 
Mulheres 1,2 
TOTAL 1,4 
Fonte: IBGE (2010) 
Essa deficiência não é considerada um transtorno psiquiátrico ou uma doença, e sim 
um ou mais fatores que causam prejuízo das funções cognitivas que acompanham o 
desenvolvimento diferente do cérebro (HONORA; FRIZANCO, 2008). 
A deficiência intelectual é vista, não como um traço que resulta apenas do corpo 
físico, da pessoa em si, e sim como uma expressão do impacto funcional da interação entre a 
pessoa e o ambiente que a cerca. 
Lomba (1999), ressalta a existência de uma variedade de capacidades, incapacidades, 
áreas positivas e áreas que geram resultados negativos, mencionando quatro destas que a 
10921 
 
criança com DI pode apresentar de maneira diferente quando comparada à outras. A área 
motora, cognitiva, da comunicação e a sócio-educacional. 
As causas da DI são desconhecidas de 30 a 50% dos casos. Estas podem ser genéticas, 
congênitas ou adquiridas. Dentre as quais as mais conhecidas são: Síndrome de Down, 
Síndrome alcoólica fetal, intoxicação por chumbo, Síndromes neurocutâneas, Síndrome de 
Rett, Síndrome do X-frágil, malformações cerebrais e desnutrição proteico-calórica. 
Entre as causas conhecidas, dividem-se em pós-natais, perinatais e pré-natais. Como 
causas pré-natais podem-se considerar infecções como rubéola, malária, caxumba, 
citomegalovírus, sífilis, estas que acometem a gestante principalmente nos três primeiros 
meses de gestação, momento em que há o processo de maturação de tecidos como o sistema 
nervoso central. Álcool, drogas, radiações também se encaixam nas causas pré-natais. 
Como causas perinatais estão anóxia ou hipóxia no parto ou parto de fórceps estão 
entre as maiores causas perinatais de deficiência intelectual. Já as causas pós-natais, 
considera-se: moléstias desmielinizantes como sarampo e caxumba, além do fator de privação 
econômica, familiar e cultural, no que concerne estimulação motora, pedagógica, influências 
emocionais resultantes da estrutura familiar, por exemplo. (GREGUOL; COSTA, 2013). 
O profissional de educação física, ao lidar com alunos com DI deve identificar em que 
grau de desenvolvimento cognitivo ele se encontra para que seja possível criar condições 
favoráveis ao seu processo de interação em aula. Deve também, realizar uma análise 
detalhada de desenvolvimento pautada nos contextos institucionais, de modo que a proposta 
de trabalho se torne compatível com o indivíduo. 
Moreira (2004) enfatiza que o aluno deve ser o centro do processo de ensino – 
aprendizagem e as aulas de educação física proporcionam e possibilitam o aluno no centro, 
auxiliando-os em transformações e lhes dando autonomia em escolhas quando se trata de 
jogos e brincadeiras. Para o grupo de deficientes intelectuais, isto não seria diferente. Os 
alunos são posicionados como centro e o professor é o mediador entre o conhecimento e o 
aluno, porém, de uma forma lúdica e extrovertida. 
Conforme Zanella (2012), é muito comum, crianças com deficiência intelectual 
possuírem o mesmo nível de deficiência, contudo, apresentando características, níveis 
adaptativos e comportamentos diferentes. Isso ocorre devido ao fato de que o nível de 
deficiência abrange de forma linear e evolutiva, os diversos campos da existência humana, 
como social, cognitivo, motor e afetivo. 
10922 
 
Em relação aos recursos que podem ser utilizados para atrair a atenção, utiliza-se da 
mudança no tom de voz principalmente em explicações, apresentação de desafios e novidades 
– geralmente contribuem para a manutenção da atenção -, o emprego de materiais coloridos 
ou que emitam sons de modo geral. Como também, quando se nota um maior 
comprometimento na compreensão de algum aluno, deve-se fazer o uso de frases claras e 
concisas além de utilizar diferentes canais sensoriais, estímulos táteis, com visuais e 
auditivos. 
As atividades do PEIC Jogos e brincadeiras com Deficientes Intelectuais, alvo deste 
trabalho, procuram estimular o tempo de reação simples em tarefas que envolvem respostas 
rápidas, timing coincidente, presente em tarefas que impliquem a necessidade de ajustar os 
movimentos do corpo, agilidade, controle de força, equilíbrio. 
Metodologia 
O projeto PEIC é realizado na Faculdade de Educação Física da Universidade Federal 
de Uberlândia (FAEFI/UFU) desde fevereiro de 2015 com final previsto para dezembro de 
2015. Participam cinquenta crianças, adolescentes e adultos jovens com deficiência 
intelectual, vinculados ao Programa de Atividades Físicas para Pessoas com Deficiência 
(PAPD). O grupo de DI é composto por indivíduos que apresentam grau de limitação 
moderado, leve, e limítrofe. 
Compõe a equipe executora uma professora do Curso de Graduação em Educação 
Física que atua como coordenadora do projeto, duas acadêmicas bolsistas e aproximadamente 
cinco acadêmicos da disciplina Projeto Integrado da Prática Pedagógica em Educação Física 
Adaptada (PIPE 5). 
São planejados e desenvolvidos jogos e brincadeiras em meio aquático e terrestre, 
duas vezes por semana em aulas com duração variando entre cinquenta minutos e 1h40min. 
São utilizados espaços físicos da Faculdade de Educação Física (FAEFI), como campos de 
futebol, ginásios de esportes, pista de atletismo, ginásios equipados para psicomotricidade e 
piscinas. 
Os materiais e equipamentos utilizados são adequados às necessidades de 
desenvolvimento dos alunos, para que possibilitem otimizar as atividades propostas, como 
bolas, arcos, pranchas, flutuadores, brinquedos pedagógicos, cama elástica. 
10923 
 
Resultados e Discussão 
Pessoas com deficiência intelectual apresentam problemas associados ao sistema 
nervoso central, dessa forma, é de se esperar que haja um grande comprometimento de 
capacidades motoras, influenciando drasticamente na realização de atividades físicas ou 
recreativas (FREITAS, 2005). A partir da vivência e observação em cinco meses, foi possível 
notar grandes mudanças no desenvolvimento de aspectos físicos,motores e cognitivos de 
participantes que compunham o grupo de deficientes intelectuais. 
Ao observar um dos grupos de alunos com DI, composto por quinze pessoas, foi 
possível notar que há o comprometimento de funções motoras em brincadeiras como “corre-
cotia” “mãe gansa” e “coelhinho sai da toca”. 
De forma geral, houve um maior desenvolvimento dos participantes no aspecto 
cognitivo, como por exemplo, a memória e a capacidade de relacionar movimentos com 
outros fatores: “chutar a bola é parecido com o pêndulo do relógio”. 
De acordo com Greguol e Costa (2013), outra forma fundamental de aprendizado, 
corresponde à associação entre processo e produto de execução, sendo considerado um fator 
facilitador para o processo de ensino. Para melhor entender este fator, o exemplo chutar a bola 
explicita que: ao chutar a bola, é fundamental que o indivíduo associe que quando chuta a 
bola, ela tende a subir. Desta forma, a aprendizagem torna-se clara, abrangendo padrões 
motoras, respostas sensório-motoras e atividades reflexivas. 
Conforme estudos de Santana (2008) e Almeida (1997) que a atividade física para 
deficientes como fim terapêutico, pois visam ampliar as capacidades físicas para aprimorar a 
condição de saúde, levando em consideração o sedentarismo. Desta forma, recomenda-se 
trabalhos relacionados à flexibilidade e à resistência muscular, além de estímulos com 
brincadeiras de velocidade. 
O grupo de DI é composto por indivíduos que apresentam grau de limitação 
moderado, leve, e limítrofe. Dessa forma, as atividades propostas foram aderidas pelos 
deficientes, por terem certa facilidade em ajustar-se socialmente ainda que possuam 
dificuldades em exercer tarefas de raciocínio lógico e problemas motores. 
Observou-se também, em um dos grupos, problemas relativos à indisciplina que 
comprometia a realização das atividades, pois dispersava a atenção dos alunos. A acadêmica 
que ministrava as aulas teve dificuldades em liderar o grupo o que ocasionou na 
desorganização e desorientação dos participantes. Faltou em sua atuação a criação de 
10924 
 
situações em que o comprometimento e falta de atenção dos DI não fossem fator determinante 
na execução da atividade 
Constatou-se, também, dificuldades de um dos acadêmicos no relacionamento 
interpessoal com um dos grupos, o que pode ser atribuído ao fato de essa ser sua primeira 
experiência com alunos com DI e à sua falta de conhecimento em relação à deficiência. 
Os acadêmicos demonstraram dificuldades para lidar com a falta de atenção e apatia 
para de alguns DI. Apenas após cinco meses de atividades, eles notaram que os deficientes 
intelectuais apresentam atenção seletiva, que é uma dificuldade em prestar atenção nos 
estímulos mais importantes. 
 Em quase todas as atividades, principalmente no início do projeto, as monitoras 
bolsistas interviram em relação à estrutura da atividade proposta. Longas filas, alunos que 
permanecem parados esperando sua vez favorecem comportamento fora daquele esperado, 
consequentemente gera indisciplina e tumulto na aula. 
Cabe destacar que de forma geral os acadêmicos apresentam muitas dificuldades em 
planejar, organizar e registrar suas ideias e diante disso, surgiu a necessidade de formar com 
os cinco acadêmicos um grupo de estudo, no qual foram estudados e discutidos artigos 
científicos com temáticas relacionadas à DI e atividade física, os quais deram subsídios para 
responderem à questões como: o que você mudaria na sua prática com os DI ou quais tipos de 
jogos e brincadeiras seriam apropriados para o seu aluno? Esses estudos em grupos 
contribuíram para minimizar essas dificuldades, subsidiaram a realização do planejamento das 
atividades recreativas e jogos com os DI e a construção dos relatórios relatando a experiência. 
Foi realizado um trabalho com os DI baseado em jogos e atividades recreativas ao ar 
livre e pôde-se constatar que houve melhorias nos aspectos motores e cognitivos, sobretudo 
no desenvolvimento social e afetivo. 
Considerações Finais 
O objetivo do Projeto PEIC aqui relatado é desenvolver jogos e brincadeiras com 
adolescentes com deficiência intelectual, bem como ampliar a participação de discentes do 
curso de educação física em atividades que envolvam pessoas com deficiência, contribuindo 
para a sua formação inicial. 
Para alcançar esse objetivo, em primeiro lugar os acadêmicos realizaram uma 
avaliação inicial observaram e conheceram melhor os alunos do programa. Por meio desse 
10925 
 
relatório inicial foi possível elaborar um bom planejamento que contribuiu para o processo de 
reabilitação, interação social e melhoria da qualidade de vida dos alunos com DI. 
Além disso, outro aspecto fundamental foi a participação de discentes do curso de 
educação física em atividades que envolvam pessoas com deficiência, que contribuiu de 
forma ímpar na formação dos graduandos, uma vez que ampliou os conhecimentos a respeito 
não só da deficiência intelectual, mas também em todos os setores da educação. 
Conhecimentos esses adquiridos durante as aulas ministradas, do estudo dos textos que 
abordam a temática da deficiência intelectual. 
Foi possível constatar que as práticas corporais por meio de jogos e brincadeiras 
contribuem no processo de reabilitação, interação social e melhoria da qualidade de vida de 
crianças, adolescentes e adultos jovens com deficiência intelectual e a vivência dos 
acadêmicos e bolsistas com o referido grupo proporcionou o debate e conhecimentos 
fundamentais que ampliaram a participação de discentes do curso de educação física nessas 
práticas, colaborando em sua formação inicial para atuar na área da Educação Física 
Adaptada. 
REFERÊNCIAS 
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deficiência mental. In: Deficiência Mental. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. P. 45 – 68. 
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10926 
 
FREITAS, M. S. S.; VASCONCELOS, M. O.; SILVA, M. A. Deficiência Mental e 
coordenação motora: Estudo comparativo dos níveis de coordenação motora entre 
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