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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
 INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
DEPARTAMENTO DE ARTES 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BELAS ARTES 
 Modalidade Licenciatura 
 
 
 
 
SOB O IMPACTO DO NOVO 
 
 
 
 
Evânia Pereira de Paula 
 
 
 
 
 
 
 
SEROPÉDICA (RJ), 2016-1 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
 INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
DEPARTAMENTO DE ARTES 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BELAS ARTES 
 Modalidade Licenciatura 
 
 
SOB O IMPACTO DO NOVO 
 
 
Evânia Pereira de Paula 
 
 
Monografia apresentada ao curso de 
Licenciatura em Belas Artes da Universidade 
Federal Rural do Rio de Janeiro como parte do 
requisito necessário ao término do curso. 
Orientador: Dr. Fabio De Macedo 
 
 
 
 
 
 
SEROPÉDICA (RJ), 2016-1 
Evânia Pereira de Paula 
 
 
 
 
SOB O IMPACTO DO NOVO 
 
Monografia apresentada ao curso de 
Licenciatura em Belas Artes da Universidade 
Federal Rural do Rio de Janeiro como parte do 
requisito necessário ao término do curso. 
Orientador: Dr. Fabio De Macedo 
 
Seropédica, ____ de _____________ de _____. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
________________________________________ 
Profº. Orientador (Dr. Fabio De Macedo) 
 
 
________________________________________ 
Profº. ( MsC. Antonio José da Silveira) 
 
 
________________________________________ 
Profº. (Esp. Thalles Yvson) 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS: 
 
 
 Agradeço a Deus pоr tеr mе dado saúde е força pаrа superar аs dificuldades. Por ter 
colocado em meu caminho pessoas do bem, amigas, que sempre me deram a mão, me 
ofereceram um ombro amigo quando precisei. E dizê-los muito obrigada. Vocês fazem parte 
de mim. À Instituição pelo ambiente criativo е amigável qυе nos proporciona. Aos meus 
Professores que com carinho e atenção me deram um pouco de seus conhecimentos. Aos 
membros da Banca Examinadora, pela atenção, contribuição e disponibilidade de participar. 
Ao mеυ orientador, Fábio De Macedo, pelo empenho dedicado à elaboração deste trabalho. 
Por todo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 Esta monografia busca apoio teórico que permita debater, alertar e oferecer alguns 
nomes e obras como exemplos de uma arte contemporânea responsável expressiva e criativa. 
Após realizar um rastreio na produção artística ocidental desde o período pré-histórico aos 
dias atuais, fazendo um levantamento da produção artística no Brasil, pretende-se levantar o 
efeito imediato da obra de arte requerida pela estética que se apresenta como dominante, o 
conflito entre razão e sentimento sacudido pelo mundo capitalista no contexto cultural do 
artista atual afetado pelo fenômeno da globalização. Conta-se com o apoio teórico de alguns 
estudiosos sobre o tema da arte e suas contradições nos dias atuais que responda se existe 
uma corrente hegemônica capaz de traduzir adequadamente a arte contemporânea em sua 
totalidade. Nessa conversa apontamos alguns supostos artistas comprometidos apenas em 
escandalizar com materiais inusitados, perecíveis, que caracterizam a natureza efêmera de 
suas supostas obras de arte comprometendo a eternidade da tradição artística ocidental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 This paper seeks theoretical support to enable debate, alert and offer some names 
and works as examples of an expressive and creative responsible contemporary art. After 
performing a trace in Western artistic production from the prehistoric period to the present 
day, making a survey of the artistic production in Brazil, aims to raise the immediate effect of 
the artwork required by the aesthetic that presents itself as dominant, the conflict between 
reason and feeling shaken by the capitalist world in the cultural context of the current artist 
affected by the phenomenon of globalization. It has the theoretical support of some scholars 
on the subject of art and its contradictions nowadays to respond if there is a hegemonic power 
capable of properly translating contemporary art in its entirety. In this conversation we point 
out some supposed artists committed only scandalize with unusual, perishable materials, 
which characterize the ephemeral nature of his alleged works of art compromising the 
eternity of Western artistic tradition. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------01 
I. Breve transcurso da produção artística ocidental---------------------------------------------03 
2. A produção artística no Brasil------------------------------------------------------------------06 
3. Período Pós Moderno ---------------------------------------------------------------------------12 
4. O conceito e a arte contemporânea em revista-----------------------------------------------15 
5. CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------------------------45 
6. BIBLIOGRAFIA---------------------------------------------------------------------------------49 
6.1. Livros---------------------------------------------------------------------------------------49 
6.2. Consultas Eletrônicas---------------------------------------------------------------------49 
6.3. Índice de Reproduções-------------------------------------------------------------------50 
6.4. Notas de aula------------------------------------------------------------------------------52 
 
 
 
 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 Esta Monografia analisa a produção artística nos dias atuais. Pretende-se levantar o 
efeito imediato da obra de arte requerida pela estética que se apresenta como dominante, o 
conflito entre os sentimentos e a razão sacudido pelo mundo capitalista, o contexto cultural 
do artista afetado pelo fenômeno da globalização.O estudo parte da importância e 
necessidade da arte em nossas vidas em contexto de alienação, questionando a falta de 
compromisso entre todos. Nesta perspectiva, busca-se apoio teórico que permita debater a 
presente proposta, alertando, visitando e sobretudo, oferecendo alguns aliados por uma arte 
contemporânea responsavelmente expressiva e criativa. 
 A partir da análise bibliográfica e de imagens selecionadas e capturadas na web, 
pretende-se investigar, como questão central, se existe uma corrente hegemônica capaz de 
traduzir adequadamente a arte contemporânea em sua totalidade. Para tanto, busca-se apoio 
nas ideias de alguns teóricos que permita debater essa proposta, alertando, visitando e, 
sobretudo, oferecendo alguns nomes e obras como exemplos de uma arte contemporânea 
responsavelmente expressiva e criativa, saída do que se pode entender incontestavelmente 
como herdeira da tradição artística ocidental. 
 Após realizar um rastreio na produção artística ocidental desde o período 
pré-histórico aos dias atuais, faço um levantamento da produção artística no Brasil desde o 
período colonial no capítulo 1. Em seguida, repasso o período Pós Moderno, para finalmente 
proceder as análises acerca da arte nos dias atuais. 
 Os autores selecionados para formar a base de apoio teórico do trabalho e suas 
respectivas obras estão Ernst Fischer em “A Necessidade da Arte”, Robert Hughes com o 
documentário “El impacto de lo nuevo 25 años despues”, Ferreira Gullar em “Argumentação 
contra morte da arte” e Luciano Trigo com “A grande Feira”. 
 Nessa conversa aponto alguns artistas e suas igualmentepolêmicas obras que tem 
como objetivo escandalizar (“shock art”), com vistas a espetacularização. Há também 
aquelas peças confeccionadas com materiais inusitados e por vezes perecíveis que 
caracterizam a natureza efêmera destas obras de arte; outras, sustentadas pela designação sob 
2 
 
um caráter neodadaísta e kitsch, onde o importante é o alarde (“show off”). 
 
 
 
 
1 - Breve transcurso da produção artística ocidental 
 
 Há milhares de anos os povos antigos já sentiam a necessidade de se expressar 
artisticamente e utilizar essa mistura de sentimentos e conhecimentos para desenvolver suas 
habilidades. Embora ainda não conhecessem a escrita, essas civilizações foram capazes de 
produzir obras de arte, desde o período da Pré-história. A Arte atravessou todos os momentos 
históricos interferindo em tudo e de uma forma ou de outra atingiu à todos. Em todos esses 
anos a Arte visual caminha de mãos dadas com a razão e a emoção; endossou as rupturas de 
todos os processos políticos, deu poderes, retratou e sugeriu fatos políticos e cotidianos que 
aconteceram ou ficaram sugeridos na história do mundo. 
 A arte Totêmica tinha como tarefa converter os mandatários em deuses. Os totens 
representam uma das formas de arte plástica desenvolvida tanto pelos egípcios - algo tão 
disseminado na linha do tempo da humanidade, quanto pelos aborígines que habitavam a 
costa noroeste do Canadá e o litoral do Alasca, nos Estados Unidos. Para os indígenas essas 
produções tinham enorme importância, pois nelas eles localizavam seus símbolos de 
realização material e definiam seu status. Na Antiguidade Clássica, a arte alcança status de 
conhecimento. Exaltando o belo idealizado, aparecem alguns artistas, sobretudo o pintor 
Apeles e os escultores Fídias e Policleto. A pintura e escultura são estudadas nas Academias 
sob o nome de “desenho”. 
 A arte na Idade Média vive um novo momento marcado pelo fechamento das 
Academias por serem acusadas de templo do paganismo. A arte passa a ser produzida para e 
na Igreja, através das Corporações (guildas, irmandades, confrarias). Desta maneira a Igreja 
Católica assume, neste período, um papel de extrema importância filtrando todas as 
3 
 
produções científicas e culturais, sugando para si toda produção de obras artísticas e fazendo 
prevalecer a temática religiosa. O artista vira anônimo, trabalha por encomenda e produz em 
conjunto com outros artistas. 
 O reaparecimento das Academias no período da Renascença vem de iniciativas 
privadas para serem incorporadas, pouco a pouco, aos Reinos e Estados Monárquicos em 
concomitância com o pensamento humanista que começa a considerar o homem no centro do 
universo e dos acontecimentos. Com isso, o artista recupera o status de conhecedor, de 
intelectual e no campo das artes, passa a assinar as obras de pintura, escultura e arquitetura. E 
a produção artística começa a ser financiada pela burguesia comercial em Florença, que 
registra a grande experiência de mecenato exercido pela família Médici. 
 Num segundo momento, a Igreja e as monarquias também aderem à arte 
renascentista, deslocando a produção para Roma – sede do papado e da Igreja; tanto que 
funda em 1487 a Universidade da Arte da Pintura, rebatizada no século seguinte de 
Academia de São Lucas. Em seguida, no século XVII, a França funda a Academia de Belas 
Artes, inicialmente com Academia Real de Pintura, Escultura e Arquitetura, como projeto 
imperial para difundir sua marca de prosperidade. Pouco a pouco, a academia institui padrões 
que se afastam da monarquia como concursos, salões oficias e deixam de expressar o gosto 
somente dos monarcas até que os salões oficiais perdem força no séc. XIX, quando ficam 
esteticamente parados devido ao excesso de poder. Nascem os Salões dos Independentes e 
com eles o Impressionismo ensejando a formação do mercado de arte. É quando entram em 
cena as Galerias e mostras universais, os marchands (mercadores que passam a intermediar a 
obra e o artista), nasce a crítica de arte. A arte passa então, a depender do crítico. 
 O século XX inicia sob a égide dos movimentos de vanguarda e o Modernismo. O 
mercado e os meios culturais estão sob o comando da novidade, do choque, do novo, da 
ruptura que se desvanece com as Guerras Mundiais na Europa e se desloca para os Estados 
Unidos. Ali a arte é requerida pelo Estado como um projeto para disputar a supremacia da 
produção artística no contexto da Guerra Fria. Enquanto o bloco comunista - liderado pela 
extinta União Soviética - vislumbra exaltar o trabalho e o trabalhador, fazendo-os temas 
centrais de suas obras, restou a Escola de Nova Iorque preconizar uma arte sem o tema, nasce 
o Expressionismo Abstrato, a pintura ação. 
4 
 
“O confronto, supra citado, era o prenúncio da disputa ideológica do séc. XX, entre 
comunismo e capitalismo, que se clarificou com a Guerra Fria em decorrência da 
Segunda Guerra Mundial. 
Ambos os lados consideraram arte veículo fundamental para propagação ideológica. 
O estado soviético estimulando a propaganda socialista através do realismo social e, 
do outro, os norte-americanos apostando no formalismo, sobretudo o 
Expressionismo abstrato, alvo de investimentos de empresas e do próprio 
Departamento de Estado”1. 
 Portanto, o Departamento de Estado Norte Americano investe maciçamente nesta 
chamada Escola de Nova Iorque e o Expressionismo Abstrato para seduzir os artistas a não 
aceitar a Arte Social. Para Amaral... 
“(...) enquanto a arte não reencontrar sua função social, prosseguirá a serviço das 
classes dominantes, ou seja, daqueles que detêm o poder econômico e, portanto, 
político”2. 
 
 
 
 
 
2. A produção artística no Brasil 
 
 No Brasil colonial a arte em geral girava em torno da Igreja e dos cultos religiosos 
com os jesuítas, franciscanos e beneditinos, os quais vieram ao país para catequizar seus 
habitantes. Alguns sacerdotes tinham experiência em pintura, escultura e arquitetura, 
adquirida no velho continente. Foram eles os primeiros a realizar obras artísticas no país e a 
recrutar artesãos e artífices para a decoração de suas construções. 
 Os artistas desse período costumavam ser autodidatas ou orientados por esses 
religiosos, nos moldes da tradição ibérica. Com esse esforço, a pintura começa a aparecer nas 
construções nordestinas, principalmente em Salvador, cidade que era, na época, a sede do 
Governo Colonial. Já no Século XVII, surgem os primeiros sinais de desvinculação da arte à 
religião. Assim, por exemplo, o teto da Igreja de Santa Casa da Misericórdia, ainda em 
Salvador, que apresenta figuras como santos e anjos com roupas como se usavam na época 
em que o artista fez a obra. Também os rostos são pintados com mais liberdade, lembrando o 
 
1 DE MACEDO, F. Campofiorito e a questão da arte menor, p 33. 
2 AMARAL, ARACY. Arte pra quê?: a preocupação social na arte brasileira 1930-1970, p. 3. In: DE MACEDO, F. 
Campofiorito e a questão da arte menor, p 32. 
5 
 
biótipo dos habitantes daquela cidade baiana. 
Destaca-se ainda como pintor religioso do século XVII o Frei Ricardo do Pilar, que pintou o 
mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro e obras como "O Senhor Crucificado", de 1688 ou 
"O Senhor dos Martírios", de 1690 (Figura 1). 
 
 
(Fig. 1) FREI RICARDO DO PILAR (Colônia, c. 1635 — Rio de Janeiro, 1700). 
 Senhor dos Martírios (Detalhe), 1690. Óleos s/ tela, dimensão desconhecida. Obra fixada na sacristia 
do Mosteiro de São Bento. 
 
 
6 
 
 A ocupação holandesa em Pernambuco, no século XVII traz artistas como pintores e 
naturalistas ao país que iriam, pela primeira vez, registrara natureza brasileira. O conde de 
Nassau, que aqui permaneceu entre 1637 e 1644 foi o responsável por grandes projetos de 
urbanização na cidade de Recife e trouxe com ele artistas holandeses como Franz Post e 
Eckhout. Entretanto, apesar de a ocupação holandesa e da estada desses pintores no Brasil ser 
considerada como de grande importância no Século XVII, seu papel foi apenas de registro de 
paisagens e costumes. Com efeito, tratou-se de um acontecimento isolado e os pintores que 
por aqui passaram não deixaram aprendizes ou começaram alguma tradição que pudesse dar 
continuidade aos seus trabalhos. 
 Em Salvador, na então Escola Baiana do Século XVIII, vivia-se a transição do 
barroco ao rococó e nela eram típicas principalmente pinturas de perspectiva ilusionista. 
Destacam-se nesse período, José Joaquim da Rocha, como teto da Igreja de N. Senhora da 
Conceição da Praia, considerada uma das obras-primas da pintura barroca brasileira (1773). 
 A Escola Mineira é a mais famosa, extremamente valorizada pela sua originalidade. 
O ciclo da mineração possibilitou a concentração de riquezas em Minas Gerais e a 
transformação de algumas cidades mineiras em verdadeiros centros urbanos da colônia. A 
primeira pintura de teto em Minas Gerais é realizada por Antônio Rodrigues Belo, em 1755, 
na capela-mor da matriz de Nossa Senhora de Nazaré, em Cachoeira do Campo. A partir de 
então Minas avança como ativo centro artístico nacional. O estilo dos artistas mineiros de 
então era o barroco com forte presença do rococó, sem contudo deixar de lado as formas 
brasileira. O escultor Aleijadinho, um dos principais nomes de nossa arte, é o nome mais 
conhecido dessa escola. 
 Na pintura destaca-se principalmente Manuel da Costa Ataíde. Outros pintores 
mineiros do período foram Manuel Rebelo e Souza e Bernardo Pires, João Nepomuceno 
Correia e Castro, entre outros. Ainda no século XVIII, fora destes centros, destaca-se João de 
Deus Sepúlveda com sua pintura "São Pedro Abençoando o Mundo Católico", em Recife, na 
Igreja de São Pedro dos Clérigos. 
 No Século XVIII, a pintura tem maior desenvolvimento, principalmente devido à 
concentração de artistas em centros que então se desenvolviam, Salvador e Vila Rica (atual 
7 
 
Ouro Preto) e, mais tarde, o Rio de Janeiro. A partir de então pode-se falar em escolas 
distintas no país, como a Escola Fluminense, com pintores como José de Oliveira Rosa, 
Leandro Joaquim, com seus retratos e representações da cidade do Rio de Janeiro e Manuel 
da Cunha, com suas pinturas religiosas e retratos. Ainda no Rio de Janeiro, em 1732, Caetano 
da Costa Coelho começa a realizar na Capela-Mor da Igreja da Ordem 3ª de São Francisco da 
Penitência aquela que seria a primeira pintura perspectivista do Brasil. 
 Em 1800 há a primeira iniciativa de ensino de arte no país com a Aula Pública de 
Desenho e Figura, no Rio de Janeiro e seu regente, Manuel de Oliveira. Em 1808, a Família 
Real e a Corte Portuguesa transferiam-se para o Brasil e a partir daí teríamos uma enorme 
mudança nos rumos que a arte brasileira seguia até então. Enfrentando problemas políticos 
após a queda de Napoleão, um grupo de artistas franceses freta um navio e se dirige ao Brasil, 
quando em 1816 chega a então denominada Missão Artística Francesa, um grupo de artistas e 
artífices franceses como Nicolas-Antoine, Taunay e Jean Baptiste Debret, de formação 
neoclássica que iriam exercer uma profunda influência na arte brasileira da metade do Século 
XIX. Fundam a Academia de Belas Artes em 1816. 
 Dentre as inovações produzidas pela Academia, institui os Salões, mostras e o 
concurso público, conquistando o poder de escolha que antes era outorgado à Monarquia. E 
as obras nacionalistas do Romantismo introduzem valores republicanos. O prêmio de viagem 
se converte em objetivo principal do artista que ocorreu durante o período que vai de 1845, 
data do primeiro prêmio concedido, a 1887, data do último concurso realizado pela 
Academia Imperial até sua reconstituição, quando a instituição se converte em Escola 
Nacional de Belas Artes, transformação consequente da Proclamação da República. 
 Em poucos anos ocorreu uma brusca ruptura, embora dirigida, com o barroco-rococó, 
que era comum nas nossas pinturas para um estilo mais frio, racional e acadêmico, sem 
muitas afinidades com a cultura brasileira de então. Nossa pintura ganhava na técnica, mas 
perdia em espontaneidade. A falta de raízes pode ser atribuída ao fato de um pintor da época 
haver sugerido a importação de modelos europeus para garantir a pose em padrões estéticos 
acadêmicos. Os rígidos padrões adotados pela Academia de Belas-Artes foi, de fato, uma das 
principais razões por que o modernismo tardaria tanto em entrar no Brasil, só logrando êxito 
após 1922, como se analisa mais adiante. Entretanto, apesar de distante do país, o padrão 
8 
 
acadêmico na arte passa a ser o dominante no Século XIX, a despeito de influência das 
escolas do Romantismo ou Realismo. Destacam-se, entre os artistas brasileiros do período, 
Vítor Meireles, Pedro Américo, Rodolfo Amoedo e Henrique Bernardelli, além do escultor 
Rodolfo Bernardelli, que seria diretor da Escola por quinze anos. 
 Nas últimas décadas do século XIX, as já citadas tendências realistas e românticas 
surgiam entre nossos artistas como uma das poucas manifestações de rebeldia ao estilo 
acadêmico. Entretanto, essas tendências manifestavam-se efetivamente mais na escolha 
temática, como Moema, de Vitor Meirelles, do que na forma, que continuava acadêmica e 
presa ao Neoclassicismo. A Belle Époque brasileira parece ter se estendido de 1889 a 1922. 
Nessa época, apesar da influência da academia ser ainda a principal, começam a ser notadas 
mais manifestações de estilos europeus: além do Romantismo e do Realismo, o 
Impressionismo, o Simbolismo e Art Nouveau, estilo decorativo, com uso de formas 
sinuosas e elementos vegetais. Almeida Júnior parece ter sido um dos primeiros a libertar-se 
um pouco das influências acadêmicas, realizando quadros como tipos e cenas brasileiras, 
sem idealizações neoclássicas. 
 Com a construção da Av. Central (atual Av. Rio Branco), a produção artística se volta 
para arquitetura monumental, escultura em locais públicos e pintura nos Salões Nacionais de 
Belas Artes. No começo do Século XX, Eliseu Visconti, com suas propostas 
neo-impressionista adquiridas em Paris é um dos pioneiros na modernização da arte 
brasileira. Entretanto, a primeira mostra de arte que romperia com o academicismo brasileiro 
- de que se tem notícia - foi feita por um estrangeiro, Lasar Segall em 1913. Tratando de 
romper a estrutura das Artes predominantes no Brasil desde o Renascimento, em 1917, Anita 
Malfatti, recém chegada da Europa, resolve fazer uma exposição intitulada “EXPOSIÇÃO 
MALFATTI”, contendo novas tendências para pintura trazidas da Europa; recebeu severas 
críticas de Monteiro Lobato, quem declarou encarar esta tendência na arte como nada mais 
que um belo horror. Publicou no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, em 20 de dezembro 
de 1917, o artigo “Paranóia ou massificação?”, provocando uma polêmica que afastaria os 
seus seguidores modernistas, senão vejamos: 
“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas. A outra 
espécie que é formada pelos que vêem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de 
teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá, como 
9 
 
furúnculos da cultura excessiva. 
Embora eles se dêem como novos, precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a 
arte anormal ou teratológica. Nasceu com a Paranóia e com a mistificação. Essas 
considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti, ondese notam 
acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias 
de Picasso e companhia”3. 
 
 
 A crítica de Monteiro Lobato ensejou escândalo e rejeição e a mostra é fechada antes 
do tempo. A exposição de Anita, no entanto, abriu caminho para a Semana de Arte Moderna 
em 1922. Com o objetivo de discutir a identidade nacional, compreender a cultura brasileira e 
os rumos das artes, idealizada e organizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 por Di 
Cavalcanti e abraçada por outros artistas e intelectuais, organizaram no Teatro Municipal de 
São Paulo, a Semana de Arte Moderna – considerada marco do movimento modernista no 
Brasil. 
 Abrindo caminho para novas vertentes nas artes, sobretudo as plásticas que, naquela 
época, Monteiro Lobato se preocupava. Destacam-se como artistas modernistas brasileiros: 
Di Cavalcanti, Vicente do Rêgo, Anita Malfatti, Lasar Segall, Victor Brecheret, Tarsila do 
Amaral e Ismael Nery. Não foi fácil para estes artistas serem aceito pela crítica que já estava 
acostumada com padrões estéticos bem definidos, mas, aos poucos, suas exposições foram 
aumentando e o público passou a aceitar as obras modernistas. Começava então, em paralelo 
com outros eventos nacionais, o Modernismo brasileiro que procurava atualizar a arte 
brasileira e quebrar com o academicismo que a orientava, realizando trabalhos que nada 
devessem à arte européia de vanguarda, ao mesmo tempo que preservasse e valorizasse a 
cultura nacional. 
 Alguns registros apontam movimentos isolados que lutam contra ensino conservador 
da Escola Nacional de Belas Artes, como a conhecida contenda protagonizada por Visconti e 
os Irmãos Bernardelli em meio à Proclamação da República que culminou com o que a 
imprensa os qualificou de modernos; e, contra o Salão Nacional de Belas Artes, acusando-o 
de acadêmico. Na década de 1930 nascem associações de artistas reivindicando liberdade, 
luta e engajamento, como o Núcleo Bernardelli e o Grupo Santa Helena. Clubes de Gravura 
 
3 LOBATO, M. Disponível em: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=175426. Acesso em 30/11/2015, às 
01:32. 
10 
 
se constituem para multiplicação da obra. A primeira metade do séc. XX segue agitada por 
fatos e movimentos que clamam por rupturas e o cenário cultural se intensifica para além da 
semana de Arte Moderna de 22 mas, sobretudo, com o Salão Revolucionário de 1931 que 
abriu a mostra para todas as obras inscritas. Em seguida, vem a criação do Salão Nacional de 
Arte Moderna em 1945 e a Bienal de São Paulo de 1951. 
 Em 1960 nasce a nova capital do Brasil. Brasília, e com ela, a marca de uma nova 
arquitetura em meio a novos fundamentos artístico-culturais que consolidam a Arte Moderna 
e ao mesmo tempo no alvorecer da estética pós-moderna. A nova estética se consagra como 
reconhecimento de um novo espírito renovador para a arte até que o Golpe de 64 institui o 
Regime Militar que redunda na Ditadura Militar que alimenta uma arte de reivindicação. 
 
 
 
3. Período Pós Moderno 
 
 Tanto no plano artístico nacional quanto no internacional, o mercado vinha tomado 
de galerias, marchands, críticos de arte, historiadores de arte até o aparecimento de um novo 
agente da produção artística, representado pelos curadores, bem como novos mecanismos de 
financiamentos estatais que são os Editais. Em meio a este novo contexto, o conflito entre o 
tradicional e o conceitual levantou o questionamento do que era arte, e se ela ainda poderia 
ser definida por categorias. A nova vanguarda artística, surgida no período, contestou o 
trabalho isolado de um gênero artístico e rompeu fronteiras. Diante de imensas 
possibilidades, vemos o surgimento de um artista partidário da união entre arte e linguagem 
que apresentou a arte conceitual que explorava a fusão entre arte, conceito, filosofia e 
questionamento sobre arte. E, na insegurança diante dos novos parâmetros, a arte tem sua 
identidade inteiramente comprometida pela fragilidade. 
 Com o fim da II Guerra Mundial, os museus de arte moderna são abertos e as Bienais 
11 
 
facilitam a penetração da arte internacional no país. Por volta de 1960, vemos as últimas 
manifestações que podem ser consideradas pertencentes ao Modernismo, com os 
abstracionistas neoconcretos. As décadas de 60 e 70 assistem a variadas tendências e estilos, 
em que podem ser destacadas a influência da pop art e uma grande busca de liberdade de 
expressão e experimentação. No início dos anos 70, o esgotamento da estética moderna 
enseja a pós moderna e pouco a pouco outras correntes, como o Minimalismo, e sobretudo a 
Arte Conceitual que preconiza o conceito, a ideia em contra o conhecimento técnico 
artesanal e procedimental. Vale mais a ideia e suas explicações. A década de 80 assistiu um 
particular "boom" na pintura no cenário nacional, principalmente em seus primeiros anos, 
com grande números de novos pintores e produções de caráter híbrido. 
 As ideias que sustentam a pretensão de uma arte contemporânea hegemônica foram o 
verdadeiro exemplo de clichê na cultura e produção da arte ocidental;assentadas pela utopia 
de liberdade de atuação do artista, que não tem mais compromissos institucionais que o 
limitem, e poder exercer seu trabalho sem se preocupar em imprimir nas suas obras um 
determinado cunho religioso,político. Esta era da história da arte nasceu em meados do 
século XX e se estende até a atualidade, insinuando-se logo depois da Segunda Guerra 
Mundial. Este período traz consigo novos hábitos, diferentes concepções, a industrialização 
em massa, que imediatamente exerce profunda influência na pintura, nos movimentos 
literários, no universo ‘fashion’, na esfera cinematográfica, e nas demais vertentes artísticas. 
Esta tendência cultural, emerge da insegurança de critérios no bojo das vertiginosas 
transformações sociais ocorridas neste momento a serviço de interesses externos à criação 
artística, como a comercialização da obra e o valor que ela deve corresponder. 
 Os detentores do poder ditam as regras, mandam as mensagens através do controle 
dos canais midiáticos e a massa, como comprovam os institutos de pesquisa, cumprem o 
papel desejado, ou seja, consome. Com a globalização está aumentando ainda mais esta 
escala. A designação está tratando de converter objetos que vem sendo tratados como obra de 
arte, algo que deveria servir apenas como publicidade de uma expressão artística. Estes 
objetos entram em galerias e museus, em geral são constituídos com materiais efêmeros, 
perecíveis e são vendidos por preços exorbitantes. Tal ação sofismática dá a impressão que 
tais objetos são constituídos de um refinado procedimento artístico dotados de profunda 
12 
 
consciência estética, quando aquilo que é verdadeiramente constituído de qualidade 
estético-artística parece está para trás como uma coisa retrógrada. 
 No bojo destas especulações, os artistas passam a questionar a própria linguagem 
artística, a imagem em si, a qual subitamente dominou o dia-a-dia do mundo contemporâneo. 
Em uma atitude metalinguística, o criador se volta para a crítica de sua mesma obra e do 
material de que se vale para concebê-la, o arsenal imagético ao seu alcance. Nos anos 60, a 
matéria gerada pelos novos artistas revela um caráter espacial, em plena era da viagem do 
Homem ao espaço, ao mesmo tempo em que abusa do vinil. 
 Nos 70 a arte se diversifica, vários conceitos coexistem, entre eles a Pop Art, que opta 
por uma arte geométrica, inspirada nos ídolos desta época, na natureza celebrativa desta 
década – um de seus principais nomes é Andy Warhol; o Expressionismo Abstrato; a Arte 
Conceitual;o Minimalismo; a Body- Art (corpo como objeto); a Internet Street e a Art Street, 
a arte que se desenvolve nas ruas, influenciada pelo grafite pelo movimento hip-hop. É na 
esteira das intensas transformações vigentes neste período que a arte contemporânea acredita 
ancorar sua hegemonia. 
 A arte passa a realizar uma mistura de vários estilos, diversas escolas e técnicas. Não 
há uma mera contraposição entre a arte figurativa e abstratação, pois dentro de cada uma 
destas categorias há inúmeras variantes, desde que seja excluído a tradição de procedimentos 
e sobretudo as linguagens, técnicas e procedimentos tradicionais, tema que se analisa mais 
adiante. Enquanto alguns quadros se revelam rigidamente figurativos, outros a muito custo 
expressam as características do corpo de um homem, como a Marilyn Monroe concebida por 
Willem de Kooning, em 1954. No seio das obras abstratas também se encontram diferentes 
concepções, dos traços ativos de Jackson Pollock à geometrização das criações de Mondrian. 
Outra vertente artística opta pelo caos, como a associação aleatória de jornais, selos e outros 
materiais na obra Imagem como um centro luminoso, produzida por Kurt Schwitters, em 
1919. 
 
 
13 
 
4. O conceito e a arte contemporânea em revista 
 
 A arte conceitual é um movimento cultural que teve sua configuração formulada na 
Europa e nos Estados Unidos durante a década de 1970, inspirada nos ready-made de 
Duchamp em 1917. Foi uma espécie de reação ao formalismo da arte, principalmente 
européia, da década de 1960. As ideias estéticas da arte conceitual se espalham pelo mundo, 
chegando ao Brasil. Nela, o conceito é mais importante do que o objeto e sua representação 
física; fazem uso de performances, instalações artísticas, vídeos, textos e fotografias. 
Valoriza a forma humana, elementos da natureza e objetos criados pelo homem, rompe com 
o formalismo criados pelo homem. 
 Os artistas nunca tiveram tanta liberdade criadora, tão variados recursos de materiais 
em suas mãos. As possibilidades e os caminhos são múltiplos, as inquietações mais 
profundas, o que permite à arte contemporânea ampliar seu espectro de atuação, pois ela não 
trabalha apenas com objetos concretos, mas principalmente com conceitos e atitudes. Sentir é 
muito mais importante que a própria arte em si, que agora já não é o objetivo final, mas sim 
um instrumento para que se possa meditar sobre os novos conteúdos impressos no cotidiano 
pelas velozes transformações vivenciadas no mundo atual, são basicamente as teorias e 
cláusulas que sustentam a aparente hegemonia da arte contemporânea. 
 E mais: a arte visual sofreu várias rupturas de acordo com seu tempo. Estamos 
caminhando por uma arte fluída que mostra o momento atual, globalizado, em que vivemos. 
A solidão do ser e seu desejo descartável e imediato de tudo. Onde tudo é passageiro, sem 
raízes, onde todos os pilares se desvanecem no ar. Artistas estão em contradição, não estão 
sabendo passar a mensagem ao observador. Querem impactar o observador. E depois do 
impacto seu trabalho se torna descartável. Observo que há dois lados. Como disse o escritor 
Monteiro Lobato: (- O dos que querem seguir os grandes mestres se preocupam em ensinar o 
processo e treinar o olhar do observador e, existe àquele que busca o status de artista e tem 
em sua cabeça romântica a ideia de que ele é meio que um mágico, um gênio criador.) 
 Muitas vezes por estar ao lado da elite econômica ou integrá-la, com elevado status 
social, o aspirante a artista é convidado por alguém influente e expõe em galerias essa 
14 
 
produção que está dando o que falar, uma arte descartável, perecível, que apodrece e empurra 
a um público alienado que acaba por consumi-la sem reclamar. Fazem uma exposição com 
materiais perecíveis, fotografam e depois escrevem seus sentimentos, tudo isso patrocinado 
com dinheiro público.A seguir, passo às análises de alguns artistas e obras de representantes 
da arte conceitual, vertente supostamente hegemônica da arte contemporânea para, em 
seguida, confrontar com aquela vinculada à tradição pictórica. 
 Começo citando o processo de trabalho do publicitário Vik Muniz (Figura 2) que 
consiste em compor imagens com os materiais inusitados para a confecção de suas obras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig.2)VIK MUNIZ. Carlão – Imagem da série de lixo, 2008. Digital, 129,29 x 101,6 cm. 
15 
 
 
Vik Muniz realiza suas obras sobre uma superfície e as fotografa, normalmente 
perecíveis, cujos registros resultam no produto final de sua produção. As fotografias de suas 
obras fazem parte de acervos particulares e também de museus em Londres, Los Angeles, 
São Paulo e Minas Gerais. Em 2010, foi produzido um documentário intitulado “Lixo 
Extraordinário” sobre o trabalho de Vik com catadores de lixo de Duque de Caxias, cidade 
localizada na área metropolitana do Rio de Janeiro - uma boa publicidade sobre o quanto 
geramos de lixo. A filmagem recebeu um prêmio no festival de Berlim na categoria Anistia 
Internacional e no Festival de Sundance. 
 Adriana Varejão com formação adquirida em cursos livres da Escola de Artes Visuais 
do Parque Lage usou, em 2000, a carne, as vísceras e o sangue para se tornarem vocábulos 
recorrentes em sua obra intitulada“Azulejaria verde em carne viva” (Figura 3). Chocou com 
sua exposição inusitada e seu status, hoje, cada vez ganha mais espaço nacional e 
internacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig.3) ADRIANA VAREJÃO. Azulejaria verde em carne viva, 2000. 
Óleo s/ tela e polurietano em suporte de alumínio e madeira, dimensão desconhecida. 
16 
 
 É quando coloco em evidência que os opositores desse “vale tudo” a “qualquer 
preço” para chamar a atenção e franquear a inserção da arte e do artista, consideram que 
vários “artistas” estão participando de uma indecência exacerbada, nada mais nada menos 
que uma espécie de montagem artística.E, a pergunta que não quer calar é se há outro 
caminho sem recorrer ao apelo que considero alheio a arte? Seja artista romântico ou 
capitalista, este deve ser consciente, criativo, ousado, é claro! O artista deve buscar algo novo 
mas, que valorize a arte visual compromissado com a busca da permanência de sua criação, 
ainda que devemos considerar toda manifestação artística ou não importante, pois afinal são 
dados. Só que arte é uma coisa para além da mera propagação de mensagem ou ideia, e não 
basta ser publicidade, novidade. Como um dia já cantou Elis Regina: “O novo sempre vem, 
(mas nem tudo que é novo é bom e nem tudo que é velho é ultrapassado)”4. Precisamos 
refletir, expor sentimentos, retratar um momento, usar as ferramentas que temos; com 
consciência e conscientizar, contribuir com a educação a massa para que saiba entender o seu 
tempo, sua história, sua cultura e o mais importante é valorizar a arte e não o novo ou a 
novidade, como bem expressa Ferreira Gullar, senão vejamos: 
“O novo é por definição, conjuntural, circunstancial e efêmero. Conjuntural e 
circunstancial porque uma coisa só é nova em determinado momento e em 
determinadas circunstâncias, uma vez que o que é velho num momento e em certo 
contexto pode ser novo ao se transferir para outro contexto, decorre daí que o novo é 
efêmero. Mesmo porque seria uma contradição, em termos, imaginar-se um novo 
permanente, logo, o novo é uma qualidade externa (não essencial) às coisas, e a busca 
do novo pelo novo, uma empresa fútil. Não obstante, essa busca determinou em boa 
parte da atividade artística do século que finda. Como se explica isso? E se a busca do 
novo é futilidade, deve entãoa arte repeli-lo e submeter-se ao convencionalismo e ao 
conformismo? Essas perguntas já mostram que o assunto exige exame e reflexão”5. 
Ferreira Gullar fala ainda sobre as instalações em galerias de Arte: 
“Estive em Paris e fui ao Museu de Arte Moderna. Só vale pelo acervo de obras 
realizadas até a década de 40. Depois disso. Nada vale a pena. O museu está vazio. 
Ninguém vai lá. Tinha até uma exposição da Yoko Ono, que só fazia besteira 
também. Mas mesmo assim estava vazio. Só está lá porque ficou famosa depois que 
casou com o (ex-beatle John Lennon). É inacreditável ver os diretores do museu 
convidando esse tipo de gente para expor. O resultado disso é que ninguém vai lá ver 
a exposição. Já o Louvre recebe multidões de pessoas. Assim como o Museu Picasso. 
Antigamente, Leonardo da Vinci sentia-se orgulhoso por ter mestres, e quando, em 
Milão, encomendaram a escultura de um cavalo, ele saiu atrás de cada obra dos 
escultores anteriores a ele, para aprender e só então se aventurar a fazer a sua 
 
4 Elis Regina.Álbum Falso brilhante -faixa “Como nossos pais”, 1976. 
5 GULLAR, F. Argumentação contra a morte da arte, 1993, P. 41. 
17 
 
escultura. Na época moderna, ao contrário, ninguém quer ter mestres, todo mundo 
quer inventar a arte por si mesmo, todo mundo quer ser pai e mãe de si mesmo. Hoje, 
se você disser para qualquer pessoa que ela aprendeu alguma coisa com alguém, ela 
te dá um tiro, ela não aprendeu nada com ninguém, ela inventou tudo. Quer dizer: 
isso é o que essa pessoa pensa”6. 
 Assim, assumo coincidir com a ideia de que vivemos um momento confuso. O artista 
deixou de ser um contestador para ser um provocador. Instalações, obras conceituais 
perecíveis, surgiram em oposição aos museus e ao mercado, com cobertura da mídia. Jornais 
e revistas repetiram as mesmas informações. Exaltando a diversidade brasileira. 
 No espaço da arte contemporânea supostamente hegemônica, predominam valores 
que são construídos por interesses de Mercado. Um valor construído por pretensiosos que 
tentam parecer sofisticados, atribuindo sentido a algo que não possui sentido algum, restando 
questionar onde está o diferencial que deve prevalecer numa mensagem artística. 
“(...) hoje, literalmente, qualquer coisa pode ser designada como arte. O preço disso é 
o rompimento de um consenso tácito sobre o que é ou deve ser a arte. O sistema 
desliga-se assim da realidade e passa a operar num plano abstrato, virtual, puramente 
especulativo, sem qualquer lastro. A obra circula entre a instituição e o mercado, num 
vaivém infinito, ou melhor: a instituição é absorvida pelo mercado, na medida em 
que perde sua autoridade de legitimação autônoma da arte, desprendida de seu valor 
de troca”7. 
 Como se desprende, o jornalista Luciano Trigo compartilha da mesma opinião de 
Ferreira Gullar e vai à luta defendendo seu pensamento, expressa no livro “A grande Feira” 
que é uma reação ao vale-tudo da arte contemporânea. O jornalista fala sobre os equívocos e 
contradições da arte contemporânea. Cita o caso da decomposição de Damien Hirst -um 
tubarão morto em um tanque de formol e o mesmo começou a decompor dois anos 
após(Figura 4); vendido para Steve Cohen por R$ 12.000.000 que virou a capa do seu livro, 
como metáfora para o presente momento que, segundo as palavras de Trigo não passa de um 
apodrecimento da arte. A decomposição, contudo, causou um pequeno alvoroço no mundo 
da arte, mas foi logo abafado. Artista e colecionador negociaram a substituição do animal 
original e não se falou mais do assunto e da arte produzida. 
 
6VINICIUS, MARCELO. A arte contemporânea segundo Ferreira Gullar. Entrevista publicada em Artes e Ideia sem 
2013. 
7(TRIGO, L..A grande feira, pág. 86. 
18 
 
 
(Fig. 4) DAMIEN HIRST. Tubarão, 1991. 
Vidro, aço, solução de 5% de formaldeído,213 x 518 x 2013 cm. 
 
 
 
 
 
 O crítico de arte, escritor e produtor de televisão Robert Hughes nos diz que na arte 
não há progresso, somente flutuações de intensidade. Para Luciano Trigo a jogada mais 
radical nessa mesa de xadrez foi feita no início do século XX por Marcel Duchamp com seu 
famoso urinol, quando assume uma atitude antiarte e se apropria de objetos já feitos. Em 
1917, ele expõe sua obra intitulada A Fonte (Figura 5), e assinou com o pseudônimo R. 
Mutt, no qual se tratava de um simples e comum urinol branco invertido. Com esta atitude 
provocativa, Duchamp acabou estabelecendo um debate entre Arte e Conceito, onde dizia 
que para ser um artista não era necessário ter um dom ou habilidade para produzir belíssimas 
pinturas ou esculturas, e sim apresentar a todos algo totalmente diferente, novo e inesperado. 
 Robert Hughes produziu o documentário "El impacto de lo nuevo 25 años despues" 
(BBC, 2004), que foi concebido tendo como base um ensaio de oito capítulos sobre pintura, 
19 
 
arquitetura e outras formas de arte produzido em 1979. Um panorama sobre os temas 
culturais dos últimos 100 anos. Com o slogan de um olhar sobre o passado para (re)pensar o 
presente, aspirando um futuro para poder, de uma maneira crítica, reexaminar algumas 
demandas da Arte Moderna, em meio a uma sociedade líquida, onde tudo passa com 
velocidade extrema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig. 5)MARCEL DUCHAMP. A Fonte, 1917. 
 Cerâmica, 61 x 36 x 48 cm. 
 
 
 
20 
 
 Em sua análise, o crítico faz um recorte de tempo entre a Torre Eiffel (Figura 6), 
símbolo de "uma nova era", e a queda das Torres Gêmeas (Figura 7), em Nova Iorque, 
logotipo de um mundo capitalista. A torre francesa marca o início da era moderna; já a queda 
das torres nova-iorquinas assinala seu terrível final. Nesse arco de tempo tantos outros 
acontecimentos marcaram a humanidade: duas guerras, holocausto, etc. A humanidade se viu 
amedrontada frente a tais acontecimentos. Uns reagiram, outros, impactados, se deixaram 
levar pela inércia. 
 
 
(Fig. 6)TORRE EIFFEL (Fig. 7) TORRES GÊMEAS 
 
Ainda no documentário produzido pela BBC, Hughes questiona o valor estético da obra 
Guernica de Picasso (Figura 8), mas ressalta ser a última grande pintura política destinada à 
reflexão que apresento abaixo. Mas, por vezes, essa reação se provém de subjetividade 
exacerbada. Em seu conceito, atualmente as pinturas não retratam guerras e sim as fobias 
21 
 
pessoais dos artistas. Impactam o espectador com um golpe imediato. Os artistas, para 
evidenciar sua existência, produzem imagens comprovadamente vendidas. Diante disso, será 
que a arte perdeu sua força de reação? 
 
 
 
(Fig. 8) PABLO PICASSO. Guernica, 1937.Óleo s/ tela, 349 x 777 cm. 
 
 
 
 
Andy Warhol (Figura 9). Ele converteu a arte num negócio, produzindo supostas novidades. 
A moda era protagonista naquela arte repetitiva e cafona – adjetivos aplicados por Hughes. 
Suas obras seguiam a sensação de saturação e anestesia advinda dos meios de comunicação 
de massa. Marylin Monroe se convertera numa paródia grotesca da Virgem Maria no desejo 
por uma cultura laica. E tais obras rapidamente foram incluídas no repertório visual 
universal. 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig. 9) ANDY WAHROL. Gold Marilyn Monroe, 1962. 
Serigrafia e polímero sintético s/ tela, 221,4 x 144,7 cm. 
 
 
 
 
 Jeff Koons, o mais famoso artista americano vivo, influenciado pelos ready-made de 
Duchamp, iniciou a carreira metendo em caixas transparentes objetos desde enceradeiras à 
bolas de basquete.Em seguida, produziu obras em aço inoxidável. A instalação de Jeff 
Koons de 1981 cria uma vitrine para a vida doméstica americana. Jeff Koons passou por telas 
de teor pornográfico, o sexo é tema comum em sua obra. Fez seus ajudantes pintarem 
réplicas exatas de anúncios sem propósitos. Como Warhol, pinta ícones da cultura 
23 
 
pós-moderna que parecem souvenires gigantes. Faz o mesmo com a religião, considerada 
uma apoteose irreversível. Utiliza objetos da sociedade de consumo para recriar novos 
objetos de consumo. (Figura 10). Lembra um presente para o Dia dos namorados, do Dia das 
mães, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig.10) JEFF KOONS. Hanging Deart, 1994. 
Aço inoxidável com pintura de cor transparente e fita amarela, 269,2 x 215,9 x 101,6 cm. 
 
 
 
 
 
 Hughes fala sobre o mercado de arte apontando o problema sobre valorização da 
24 
 
obra. Em seu conceito, os altos valores retiram a obra de arte dos olhos do público e as 
confina ao cofre de um milionário qualquer, que às vezes a tem como investimento. O 
resultado desta ação é uma ocultação visual da obra que equivale a um vandalismo espiritual, 
uma obscenidade cultural. É essa uma prática comum ao colecionador. Não há como negar 
que tantas obras chegaram até nós por meio do colecionismo. Inúmeros museus têm em seus 
acervos coleções como empréstimo. Mas essa é uma prática possível a poucas pessoas, o que 
torna a arte um privilégio à parte por afastar do público o compromisso intrínseco do artista, 
qual seja a doação permanente de sua sensibilidade e "(...) compromisso com o belo e 
manifestação da beleza de que tanto necessita a humanidade, nas imagens que a rodeia"8. 
 Em breve paralelo, nos cabe citar e analisar alguns artistas que permaneceram fiéis à 
uma tradição pictórica e que vem sendo alvo de ligeiras confrontações. Algumas trajetórias 
os colocam à margem da linha sustentada pela suposta hegemonia da produção artística, é o 
Antonio López (Figuras 11), em cuja obra pintura e tradição permanecem amalgamadas. 
 
 
(Fig. 11). ANTONIO LÓPEZ. Madrid desde Torres Blancas, 1974.Óleo s/ madeira, 156,8 x 244,9 cm. 
 
 
8 Notas de aula na disciplina PROJETO ARTÍSTICO. Prof. Fábio De Macedo, 2015. 
25 
 
Lopez é pintor e escultor portador de um rigor técnico e procedimental a serviço da 
representação da realidade visual ou do mundo visível de seu entorno, o que o faz contrastar 
com os ismos que se estabeleceram ao longo do século passado. Antagonista da pretensa 
hegemonia da arte contemporânea, carrega a faixa de artista mais cotizado no mercado de 
arte espanhol.Outros notáveis exemplos, podem ser recolhidos em alguns artistas gestados 
pela Escola de Londres, sobretudo Francis Bacon, Lucien Freud e Paula Rêgo (Figuras 12, 
13e 14). 
 
 
(Fig. 12) FRANCIS BACON. Figura na pia, 1976. 
Óleo s/ tela, ´198 x 147,5 cm. 
 
 Pelo caminho do hiperrealismo, a natureza é quase que transformada em suporte. 
26 
 
Hughes, ainda no documentário produzido pela BBC em 2004 visita a obra de Lucien 
Freud(Figuras 13), grande nome dessa estética. Freud pinta o corpo humano de figuras do 
seu entorno de maneira a tornar a experiência visual em algo inquietante. A pincelada é 
espessa, quase rugosa; o trato cromático, rico de matizes, revela tons suaves, expondo a 
expressão de suas figuras. A natureza é tratada com grande semelhança. Porém, o retrato da 
realidade causa estranheza. Seus temas perturbam. Uma pintura figurativa que incomoda o 
olhar e o espírito. 
 
 
 
 
(Fig. 13). LUCIEN FREUD. Anabel dormindo, 1987. Óleo s/ tela, 38,7 x 55,9 cm 
 
 
 
 
 
 Sobre os excêntricos que decretam a morte da pintura, Hughes comenta ainda que a 
27 
 
exposição de Lucien Freud é a triunfante reivindicação de seu direito, de seu vigor em 
continuar existindo. Apesar de que arte mantém uma tarefa mais humilde e a aura do pintor 
passa sobreviver com uma luz baixa se comparada ao do gênio percebido até a 
reprodutividade da imagem ocasionada pela tecnologia, em mas igualmente difícil frente ao 
ímpeto de revolução propagada há uns 100 anos: “sua sobrevivência está pendente de ser um 
diferencial consequente do compromisso com o belo e manifestação da beleza de que tanto 
necessita a humanidade, nas imagens que a rodeia”9.Também em sentido oposto à suposta 
hegemonia da arte contemporânea, a pintora portuguesa Paula Rego vai dizer que toda 
pintura é uma narrativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig. 14) PAULA RÊGO. Entre mulheres, 1997. Óleo s/ papel montado em alumínio, 170 x 130 cm. 
 
 Autora de uma obra enigmática, pinta sob a perspectiva crítica e social, mostrando 
 
9 DE MACEDO, F. Notas de aula na disciplina Projeto Artístico, 2015. 
28 
 
situações de mazelas e poder: aborto, ditadura, opressão etc. Sua obra revela que para ter 
valor não precisa impactar instantaneamente e para ser contemporânea não deve se submeter 
ao sistema. Devido a essa força social é que a obra de Paula Rego não pode ser tirada de 
circulação, o que privaria o público do contato com ela. Na mesma senda, destacamos ainda 
outros nomes cuja trajetória colaboram com a existência de uma linha alternativa à pretensa 
hegemonia da chamada arte conceitual; só pra citar aqueles mais próximos aos nossos dias, 
como o equatoriano Oswaldo Guayasamín (Figura 15). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig. 15) OSWALDO GUAYASAMIN. Ternura, 1989.Óleo sobre tela, 135 x 100 cm. 
 
29 
 
Após ampliar seus conhecimento com o muralista Diego Rivera, adotou os temas 
identificados com os povos nativos da América Latina se entregando a uma arte engajada, 
mantendo-a compromissada com a busca da redenção daqueles povos. Sua ligação com a 
Revolução Cubana e o governo Fidel Castro dificultaram o pleno reconhecimento da 
produção artística ocidental, ainda que tenha alcançado parciais resultados da crítica e 
daqueles governos que lhe encarregaram importantes obras monumentais.Outro caso de 
dissonância com as vozes pretensamente hegemônicas na arte contemporânea vem do 
colombiano Fernando Botero(Figuras16).Dono de uma obra de que atinge exorbitantes 
cifras no mercado internacional de arte, o artista se mantém fiel à tradição dos recursos e 
procedimentos pictóricos e escultóricos, empregando-os a favor da distorção dos 
personagens em suas obras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig. 16) FERNANDO BOTERO, Still life with green soup, 1972. Óleo sobre tela, dimensão desconhecida. 
30 
 
 No caso brasileiro, podemos destacar alguns exemplos da permanência da tradição 
artística através de célebres artistas, como Reynaldo Fonseca, Lydio Bandeira de Mello, 
Claudio Valério Teixeira, Gil Vicente(Figuras 17, 18, 19 e 20). Em uma análise global, os 
identificamos como típicos portadores da tradição artística disseminada pelas academias de 
belas artes que se sucederam em terras brasileira, iniciadas pela Missão Artística Francesa de 
1816. 
 
 
 
(Fig. 17) REYNALDO FONSECA, Menino com pássaro, 2003. 
Óleo sobre tela, 43 x 38 cm. 
 
 
 
31 
 
 Com um ligeiro passar de olhos, identificamos nas obras desses artistas brasileiros 
elementos que permitem identificá-los como umaprodução que resiste às intempéries da 
pretensa hegemonia da arte contemporânea. Tais exemplos, representam, portanto, os 
antagonismos a qualquer tentativa de dar hegemonia a produção artística atual. Não há como 
negar a presença e sobrevivência de uma vertente artística alimentada pela tradição que foi 
gestada historicamente pela humanidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig. 18) LYDIO BANDEIRA DE MELLO.O contador de histórias, 1994. 
Têmpera, óleo s/madeira, 154 x 140m. 
32 
 
Tais exemplos permitem reexaminar a produção artística sob uma visão crítica da 
própria crítica, identificando uma dissonância reprimida no uníssono amplamente sustentado 
pela historiografia da arte contemporânea, o que permite tipificar de complexa e heterogênea 
a produção artística contemporânea. 
 
 
 
(Fig. 19) CLAUDIO VALÉRIO TEIXEIRA, Natureza morta com fukushima ao fundo, 
 2011, Óleo sobre tela, 120 x 160 cm. 
 
 
 
 
 
Por conta disso, a arte de hoje exige, cada vez mais do artista, uma resposta. Cabe a 
ele escolher o que enfrentar ou deixar “passar batido”, por assim dizer. Por mais dividida que 
seja a realidade dos dias atuais, o artista é um, entre os agentes sociais, pronto e disposto a 
33 
 
repensá-la. Num mundo em que vivemos bombardeados por imagens, é preciso um criterioso 
modo de seleção daquilo que vemos. 
 
 
 
 
(Fig. 20) GIL VICENTE. Inimigos, George Bush, 2005. 
Carvão e crayon sobre papel, 200 x 150 cm. 
 
 
 
 
 
David Hockney (Figura 21)soube como poucos exercer a maestria da estilização. 
Avançou também com a fotografia. Suas aquarelas são feitas diretamente sobre o papel, sem 
34 
 
desenhos prévios. Ele optou pela busca da simplificação. Contudo, Hockney, coincidindo 
com a tradição pictórica, acredita que a pintura possui uma realidade para além da fotografia, 
ou seja, uma realidade subjetiva no sentido que a visão periférica alcança mais espaço que o 
enquadramento da lente. 
 
 
 
(Fig. 21) DAVID HOCKNEY, A big splash, 1967. 
Acrílico sobre tela, 96 x 96. 
 
 
 
 
 
35 
 
O aparente descaso que vem se colocando ultimamente para com as técnicas 
tradicionais, sobretudo com o desenho como base para todas as técnicas e linguagens das 
artes visuais, visto como algo essencial da profissão para os antagonistas da suposta 
hegemonia da arte contemporânea, revela apenas, em meu entendimento, o fim da 
hegemonia da formação artística. Tal orientação decorre, em parte, da crença de que a 
fotografia e a TV, assim como as novas mídias, dão conta da realidade e da emoção de forma 
mais eficiente. Tais linguagens, em meu entendimento, são, de fato, novas vias, mas, nunca 
serão estrada única para a cultura e a sociedade e, sobretudo, para o conhecimento. 
 É preciso ficar claro que em outro flanco sobrevivem defensores, com a mesma 
determinação, sustentando que as linguagens tradicionais, sobretudo desenho e a pintura, nos 
colocam em relação profunda com o objeto. Não podemos ignorar que para a Renascença, 
movimento cultural que elevou as belas artes ao patamar de conhecimento elevado, o 
desenho era a prova de verdade do quanto necessitamos de uma arte. 
O princípio e a ideia dos meios de comunicação de massa é buscar o imediatismo, que é 
aceito pela massa por sua simplicidade e facilidade, dessa forma seduz o indivíduo levando-o 
ao consumismo frenético, o tornando individualista, livre de crenças e solitários. Não 
podemos deixar que a característica desse nosso tempo seja o cabeça quadrada, mas vale 
acreditar que estamos em pleno período da conscientização. 
Diante da responsabilidade que pesa sobre o artista frente ao seu tempo, uma pintura 
não precisa ser necessariamente figurativa. Há espaço para obras de cunho abstrato. Como as 
obras com linhas retas e cores primárias de Piet Mondrian (Figura 22), “A imagem do 
moderno”. 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig. 22) PIET MONDRIAN, Composição C, 1920, Óleo sobre tela, 60 x 60 cm. 
 
 
 
 
 Outro exemplo nos dias de hoje, é Sean Scully (Figura 23). Não há em suas formas a 
preocupação com o limite, embora as áreas de cor sejam bem estabelecidas. Seu estilo é 
reflexivo, evocando serenidade. Pensa em algo "espiritualmente potente". A arte abstrata não 
está vinculada a um tempo; ela busca a harmonia e a elegância. “Saiu-se do terreno da 
representação para o da presentação”10. 
 
 
10 Gullar, F. Argumentação contra a morte da arte,1993. Pp.23. 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fig. 23) SEAN SCULLY. Enter Yellow, 1999. 
Óleo sobre tela, 213,5 x 162, 5 cm. 
 
 
 
 
 
 Uma das razões abordadas por Hughes para sentenciar a morte da arte é a novidade. 
Sobre esse "valor" da arte contemporânea, Ferreira Gullar também trata no livro 
"Argumentação contra a morte da arte". No capítulo “A questão do novo”, põe em discussão 
o pressuposto da ruptura, tão presente nas conversações sobre pós-moderno. A originalidade 
minando a tradição. Enquanto no passado era comum aprender arte copiando os grandes 
mestres, na atualidade, a busca da originalidade começa a minar a obediência aos modelos 
clássicos. Após impactar o espectador, que nesse contexto recebe a denominação de 
38 
 
"fluídor", essa “arte” perde seu brilho e torna-se um 'elefante branco'. 
 Gullar cita a obra de Leonardo da Vinci “A Virgem, o Menino Jesus, Sant'Ana e S. 
João Batista” (Figura 24), hoje na National Gallery, de Londres, como exemplo de obra que 
não perdeu seu caráter original. Diz ele que tanto o tratamento de claro-escuro quanto a 
composição piramidal (os rígidos retratos em perfil e o agrupamento de figuras numa grade 
horizontal no primeiro plano da pintura deram lugar a uma “configuração piramidal”, mais 
tridimensional. Essa composição simétrica alcança o clímax no centro) foram fatores 
internos e necessários para que a obra acontecesse. 
 Assim, é contundente crer que as inovações implementadas por Leonardo somente 
sobreviveram ao tempo por serem interior à obra de arte. Sem elas a obra deixaria de existir. 
Na pós-modernidade a obra deixa de existir no exato momento em que perde sua estrutura 
externa. 
 Mondrian entendia que a arte se tornaria dispensável à medida que o homem 
encontrasse seu equilíbrio. Segundo Fischer isso é impossível, pois a arte nunca 
desaparecerá. A necessidade de se sentir um homem total, uma plenitude impedida pelas 
limitações humanas, faz o homem não se satisfazer com a sua própria existência, logo busca 
algo que o eleve da simples condição de humano. Desejamos ser mais que mera existência. 
Neste sentido, a arte é o meio indispensável para esta união do indivíduo com o todo. O 
artista deve transformar a experiência em memória e a memória em expressão. 
 
 
“(...) Se fosse da natureza do homem o não ser ele mais do que indivíduo, tal desejo 
seria absurdo e incompreensível, porque então como indivíduo ele já seria um todo 
pleno, já seria tudo o que era capaz de ser. O desejo do homem de se completar indica 
que ele é mais do que um indivíduo... A arte é o meio indispensável para essa união 
do indivíduo com o todo; reflete a infinita capacidade humana para a associação, para 
a circulação de experiências e ideias”11.11 FISCHER, E. A necessidade da Arte, 1987. Pp. 13. 
39 
 
 
 
(Fig. 24) LEONARDO DA VINCI. A virgem e o menino com Sant'ana, 1915. 
Óleo sobre madeira, 168 x 112 cm. 
 
 
 Todos nós fantasiamos com o sucesso, buscamos aplausos, queremos ser importantes 
em alguma área profissional. Nas artes visuais não poderia ser diferente, desejamos 
profundamente viver do nosso trabalho e sermos reconhecido como alguém de talento em 
nosso campo de atuação. O que fazer para ser notado? Pra começar conhecer a linguagem da 
arte, a história da arte, os procedimentos da arte. Entender o momento da arte, sem esquecer 
toda carga que a arte nos trouxe até aqui, se sentir responsável pelo legado. Para tanto, é 
preciso saber que o artista não é uma máquina e sim um ser sensível, que sabe expor seus 
sentimentos de forma sublime e única. 
40 
 
 Na busca da produção de fatos e espetacularização, a produção contemporânea se 
baseia ainda na ideia da transgressão de valores, consoante com a resignação da própria arte e 
do conceito. Para tanto considera válido qualquer tipo de transgressões, como aquelas de 
ordem moral e sistemas de crença, como recurso para atrair a atenção. Exemplo desta 
vertente é o caso do artista australiano Luke Sullivan fez uma escultura da Virgem Maria de 
burca, enquanto sua conterrânea Piscilla Bracks em agosto de 2007 conseguiu seus 15 
minutos de fama expondo um quadro que fundia as imagens de Jesus Cristo e Bin Laden, 
(Figuras 25 e 26). 
 
 
 
 
 Típico exemplo da citada transgressão, no Rio de Janeiro, em 2000, a falecida Marcia 
X (Figura 27),de camisola, usa terços para desenhos de pênis no chão. Ocupando uma área 
determinada, enquanto o público acompanhava o desenvolvimento do trabalho 
41 
 
“Pênis-crucifixo” causou tantos protestos que obrigou a direção do Centro Cultural Banco do 
Brasil a retirar a peça da Exposição Erótica “Os sentidos da Arte”. Como explanado em 
linhas anteriores, é esse um típico caso em que o produto está muito mais relacionado com a 
publicidade do que com a arte, pois chama atenção da mídia; baseada na provocação, mais do 
que na pretensão autoral, a esquisitice e a extravagância planejada se fixaram como um dos 
padrões do pluralismo pós-moderno. 
 
 
 
(Fig. 27) MÁRCIA X.Pênis Crucifixo, 2000. 
Terços de plástico, dimensão desconhecida. 
 
 Na mesma linha de desvio da obra de seus valores próprios, ou seja, artísticos, cabe 
mencionar a artificialidade que acaba por sustentar a obra e/ou o artista por outras vias, como 
é o caso de mecanismos externos, manipulados pelos agentes da produção artística e sua rede 
42 
 
de influência, como menciona Luciano Trigo: 
“A cotação de uma obra não tem mais qualquer relação com suas qualidades 
intrínsecas, mas sim com os lugares por onde passou, com quem a justificou, dos 
marchands e galerias aos grandes museus, tudo orientado para a valorização e o 
lucro. Sintomaticamente, o foco das discussões sobre arte passou da estética para a 
matemática financeira. 
É assim que se fabricam os mitos. Ironicamente, muitos artistas contemporâneos, 
como serrano, passaram a se parecer com os santos: somente com muita fé (ou 
deliberada má fé, no caso dos agentes do mercado) se pode acreditar no valor das 
suas produções”12. 
 Nasce, dessa maneira, um artista mescla de gabinete e ativista, pendente de produzir 
fatos em meio a uma influente rede de contatos que seja capaz de catapultar sua produção ao 
êxito. Nessa linha, se afasta cada vez mais do domínio técnico e procedimental artístico, 
avançando a um perfil capaz de abraçar a lógica de captação dos recursos necessários para 
promover qualquer que seja o produto que esteja capacitado à produzir. Seduzido por um 
caminho sem volta, este artista gasta, cada vez mais, sua energia desviado para uma função 
artificial à criação artística, mais ligada ao mundo da publicidade. Repelido da criação 
artística para responder outras demandas, esse artista vem cada vez mais ocupando-se a 
coordenar, negociar, organizar, articular, defender ou sustentar retoricamente ideias junto aos 
agentes da produção, se empata quase que integralmente de buscar a inserção de suas 
obras-ideias ainda que estas não tenham qualquer preocupação com a qualidade ou carregue 
os signos dessa premissa. 
 É triste pensar que "A fonte" vai completar 100 anos e ainda hoje esta atitude antiarte 
endossa a ideia e Marcel Duchamp transformando artistas em regressistas. A arte Conceitual 
é ruim. Não enriquece nossa cultura, degrada e empobrece nossa sociedade ao exaltar o 
vulgar, o grosseiro. E as pessoas que a promovem estão impedindo a massa de conhecer a 
obra de arte produzida por artistas verdadeiros e talentosos. 
 
 
 
 
12 TRIGO, L.A grande feira, pág. 228. 
43 
 
5 - CONCLUSÃO 
 
 
 Nesse trabalho de conclusão de curso de graduação em Belas Artes na UFRRJ, 
enfoquei o comportamento da produção artística que se apresenta como hegemônica nos dias 
atuais. Para tanto, realizei um breve rastreio na história da arte, da Arte Rupestre aos dias de 
hoje e reuni alguns autores cujos aportes teóricos acredito contribuir para aquilatar o papel e 
a função das belas artes ou artes visuais, diante dos (des)caminhos que a produção artística 
vem percorrendo em conflito com a permanência daquela identificada como tradição 
artística, sobretudo no campo da pintura. 
 Nessa perspectiva, o presente estudo visa compreender a arte contemporânea, para o 
que analisa a produção artística a partir de um conjunto de obras e seus artistas, agrupando-os 
em duas vertentes antagônicas:uma identificada com a tradição e a outra,com a ruptura. 
Neste flanco, o estudo desvela o processo de espetacularização desviando a aspirante a obra 
dos valores intrínsecos da arte, estratégia que embaralha e dificulta a avaliação isenta e veloz, 
devido a quantidade de luzes difusas que ofuscam a identificação das qualidades que a obra 
deve ser portadora. Em outro flanco, apresentamos pintores e obras recentes que demonstram 
a permanência da tradição nos dias atuais, marcados pelo desnecessidade de 
espetacularização. 
 Minha inquietação reside no que pondero como desvio da criação artística nos dias 
atuais, uma encruzilhada colocada como considerável obstáculo à capacitação daqueles 
artistas que desejam ou necessitam desenvolver sua poética em uma das linguagens 
autônomas, como a pintura, desenho, gravura, escultura; desenvolver o potencial criador em 
uma delas não é algo que acontece da noite para o dia na vida de um artista. Pelo contrário, 
alcançar uma boa formação artística é necessário tempo e enfrentar os fracassos. 
 Nessa perspectiva, tratei de investigar alguns paradigmas que se apresentam para o 
artista contemporâneo, como o choque do novo, na relação do artista com a produção. Ao 
examinar a arte no Brasil abordei os limites que separam a publicidade e a arte, com vistas a 
compreender as rupturas que a inovação causa em nosso pensamento, questionando até que 
ponto alguns trabalhos examinados são verdadeiramente artísticos, pois apesar dos mesmos 
44 
 
trabalharem com o fenômeno da visualidade, não encontrei vestígios dos ingredientes 
plasticidade ou emoção para além do cultural, do inusitado, do chamamento de atenção, ou 
seja, da citada espetacularização. São questões que permanecem em análise constante, para 
além do tempo presente, diante da insegurança de critérios estabelecidas nos tempos atuais. 
 Aqui, indico a continuidade de se estudar o objeto deste trabalho, qual seja a arte dos 
dias atuais e seus critérios, quando seja possível examiná-lo constantemente com rigor eimparcialidade pelas atuais e futuras gerações, sempre que menos compromissadas com 
interesses daqueles que hoje comandam a produção artística. 
 Ao centrar a pesquisa em algumas fontes, como no livro “Argumentação contra a 
morte da arte” em que Ferreira Gullar apresenta o novo imaginário crítico ocorrido após o 
impressionismo que passou a influenciar a contemporaneidade. Contando com a própria 
necessidade do sistema capitalista em tornar tudo consumível e descartável. É quando evoco 
a preocupação do autor, quando opina que houve uma desconstrução da linguagem artística 
em que não há mais o que ser destruído, levando-a a caminhos de destruição. 
 Fundamentais contribuições que embasaram esse estudo vieram do documentário “El 
impacto de lo nuevo, 25 años despues”, quando lembra que as pessoas necessitam da beleza 
da arte, como uma forma de silêncio e contemplação, um meio que mostre que há mais vida 
além do cotidiano. Estas análises resgatam a ideia de que a arte é uma necessidade humana, 
apesar de sua aparente decadência. É quando coincide com Ernst Fischer quem, em seu livro 
“A Necessidade da Arte”, expressa que a arte é tão necessária pelo seu potencial de mudar o 
mundo e incitar a ação reflexiva quanto pelo seu potencial de mudar o homem ao incitar a 
imaginação emocional. 
 Outro ponto decisivo em nossa análise vem das contribuições do jornalista Luciano 
Trigo quando levanta sobre o vale tudo da arte contemporânea, fazendo revelações 
contundentes sobre as estratégias e artifícios manejados pelos artistas e produtores desse 
mundo fechado em torno da produção artística contemporânea. Seus estudos remetem no 
intuito de alertar mentes alienadas a parar um pouco e refletir mais sobre o valor da arte 
visual para o ser humano e a importância e sentido da arte em nossa história. 
 O estudo levantou os problemas consequentes da preocupação dos artistas por 
manter-se em evidência num mercado cada vez mais competitivo, onde muitos optaram por 
45 
 
chamar a atenção da mídia com jogadas de marketing periódicas. Usando todo tipo de 
ferramentas para alcançar seus objetivos, nos coloca, seja enquanto investigador, crítico ou 
artista, vigilantes e compromissados com a responsabilidade de avaliação crítica de forma 
periódica. 
 Em contraposição, o estudo levantou artistas e obras que atestam a coexistência 
imune da tradição artística, analisando alguns pintores e obras, afastando a pretensa 
hegemonia da produção artística contemporânea, tendo em vista o quadro de complexidade 
que se desvela. O estudo dá visibilidade a permanência de artistas imunes àqueles 
estratagemas que consideram externos à arte, como são alguns artistas das mais variadas 
matizes. 
 Para tanto, o trabalho rebateu a visão hegemônica da produção artística atual, 
empurrada pela teoria, a crítica e meios de comunicação, controlada pelos principais agentes 
da produção dando sustentação a artificial sensação de supremacia que gera uma suposta 
supremacia do conceito sobre os valores intrínsecos da obra na criação artística, tapando o 
que hora nos ocupamos por desvelar, qual seja a existência de um quadro de diversidade. 
 Assim, concluo que a persistência de um artista compromissado em esmerar sua 
produção pendente dos fundamentos da tradição artística evidenciam o grau de 
complexidade da criação e da produção artística, e caracteriza um quadro de complexidade e 
heterogeneidade diante de pretensas teorias hegemônicas que tentam reduzir a arte 
contemporânea. 
 Antes de finalizar, creio que este trabalho contribui para resignificar a arte 
contemporânea, sinalizando suas contradições e complexidades, onde a tradição é 
permanentemente inquerida sobre sua pertinência ou não na produção artística, num ringue 
onde a incessante busca do novo, da ruptura, que produz a espetacularização mais forte do 
que nunca, por um lado. Por outro, o estudo mostrou a permanência da tradição imune a toda 
classe de investidas depredatórias de grupos organizados e detentores de influências que 
produzem uma espécie de “La dolce vita” da produção artística nos dias atuais. 
 Dessa forma convido o leitor compromissado com o processo criativo responsável 
em ser um ativista para semear em escolas espaços de criação, de troca, de ensinamentos, de 
análises e diálogos a fim de reforçar a poesia e alimentar a imaginação. Precisamos ter a 
46 
 
capacidade crítica de consumo para que tenhamos qualidade. Por fim, concluo este estudo 
com uma frase de um autor que nos legou memoráveis contribuições nos mais variados 
campos do conhecimento. Artista de todos os tempos, sua visão interdisciplinar potencializa 
seus aportes no campo da arte, mais particularmente da Arte da Pintura, cuja obra nunca, 
jamais envelhecerá, foi Leonardo da Vinci quem proferiu a seguinte frase: "Não desprezes a 
pintura - pois estarás desprezando a contemplação apurada e filosófica do universo"13. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13CAMPANI, Raul. A Função da Arte II, 2013. 
47 
 
6 - BIBLIOGRAFIA: 
 
6.1. Livros: 
 
AMARAL, ARACY. Arte para que?: A preocupação social na arte brasileira, 1930 - 
1970. São Paulo: Ed. Nobel, 1987. 
 
DE MACEDO, Fábio - Campofiorito e a questão da arte menor. Dissertação de mestrado 
em Ciência da Arte, 2000. 
 
CARVALHO, Eide: O Pensamento Vivo de Da Vinci. São Paulo; Editora Martin Clarte, 
1986. 
 
FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1996. 
 
GULLAR, Ferreira. Argumentação contra a morte da arte. Rio: Editora Revan, 1993. 
 
PAZZINATO, Alceu L. História Moderna e Contemporânea. São Paulo - Editora Ática - 
2002 
 
RODINÒ, Simonetta Prosperi Valenti. Forme, funzioni, tipologie. In: SCIOLLA, Gianni 
Carlo. Ildisegno. Cinisello Balsamo (MI): Silvana Editoriale, 1991. 
 
PEREIRA, Sonia Gomes - 185 anos de Escola de Belas Artes. Editora UFRJ, 2001 - 2002. 
 
TRIGO, Luciano. A Grande Feira. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2014. 
 
 
 
 
6.2. Consultas Eletrônicas: 
 
 
CAMPANI, Raul. A Função da Arte II, 2013. Blog Compani Cultural. Disponível em: 
http://www.campanicultural.com.br/2013/04/a-funcao-da-arte-ii.html. 
Acesso em: 25/11/2015, às 22:26. 
 
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https://www.youtube.com/watch?v=if7mAHCwlbI . Visto em: 02/05/2014, às 17h28. 
 
Elis Regina. Álbum Falso brilhante -faixa Como nossos pais,1976.Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=2qqN4cEpPCw . Acesso em 14/06/2016 às 07:10. 
 
Função da Arte. Disponível em: 
http://www.campanicultural.com.br/2013/04/a-funcao-da-arte-ii.html. Acesso 
48 
 
em:25/11/2015, às 22:26. 
 
História da Arte. Disponível em: 
http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/maneirismo.htm HYPERLINK 
http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/maneirismo.htm.Visto em: 03:15. 
 
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http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=175426. Acesso em 30/11/2015, às 
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http://www.pitoresco.com/art_data/pintura_brasileira/index.htm. Acesso em 30/11/2015, às 
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VINÍCIUS, Marcelo, A arte contemporânea segundo Ferreira Gullar. Entrevista publicada 
em Artes e Ideias, 2013. Disponível em: 
http://lounge.obviousmag.org/marcelo_vinicius/2013/01/a-arte-contemporanea-segundo-fer
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em:http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/lucian-freud--corpo-a-corpo-com-a-carne-1

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