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06_Nocoes_de_Direitos_Humanos

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CBM-MG 
Soldado BM 
 
Histórico dos Direitos Humanos. ......................................................................................................... 1 
Direitos individuais. Direitos sociais e direitos difusos. ........................................................................ 6 
Direitos civis e políticos. .................................................................................................................... 25 
Direitos fundamentais. ...................................................................................................................... 39 
Violação de Direitos Humanos. ......................................................................................................... 42 
Segurança pública e cidadania. ........................................................................................................ 46 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. ................................................................................... 56 
Constituição Federal (artigos 1º ao 10). ............................................................................................ 69 
Constituição Estadual: Título II (artigos 4º e 5º), Título IV (artigos 185 a 226). .................................. 78 
Lei Nº 9.455, de 7 de abril de 1.997, Lei da Tortura. ......................................................................... 90 
Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1.990, Estatuto da Criança e do Adolescente. ................................. 95 
Lei Nº 10.741, de 1º de outubro de 2.003, Estatuto do Idoso. ......................................................... 149 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1507587 E-book gerado especialmente para LUCAS MATEUS DE SOUZA ROSA
 
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A evolução dos Direitos Humanos está intrinsecamente ligada a questões sociais, econômicas e 
culturais, moldando-se de acordo com a mobilização social para garantir que suas demandas possam ser 
atendidas. 
Difícil traçar um marco cronológico para a evolução dos direitos humanos, haja vista a complexidade 
dos fatos e a identificação de pontos aleatórios para traçar tal análise1. Contudo, através do estudo do 
Direito Natural é possível identificar que os direitos humanos existem desde os primórdios dos tempos. 
O Direito Natural é o conjunto dos direitos à vida, à segurança pessoal, à liberdade e à igualdade, pois 
são inerentes ao indivíduo desde o seu nascimento, sendo, portanto, justo por natureza. 
No início da História, o direito teve raízes fincadas na dinâmica da natureza, porque o homem era 
movido pelas leis naturais da sobrevivência. 
Tales de Mileto, nascido por volta do ano 600 a.C., é considerado o mais antigo filósofo ocidental. 
Fundou a Escola de Mileto, cujos principais pensadores foram Anaximandro e Anaxímenes. 
A Escola de Mileto postulava que os elementos da natureza (physis), especificamente água, ar, fogo 
e terra, eram os condicionantes da vida humana. Como nada escreveram, essa teoria chegou até nós por 
meio dos filósofos que vieram depois de Sócrates. Segundo ela, o destino dos homens era regido por 
fenômenos naturais, principalmente aqueles ocasionados pela água, que seria o princípio de todas as 
coisas e estava em todas as coisas. Por isso, Tales de Mileto e seus seguidores eram chamados de 
filósofos naturalistas. Esse pensamento, baseado no bom senso e na equidade (segundo definição dada 
por Aurélio Buarque de Holanda), inspirou o Direito Natural. As primeiras noções do Direito Natural 
surgem principalmente com os estudos do filósofo Aristóteles, que definiu duas concepções 
complementares: o justo legal (díkaion nomikón) e o justo natural (díkaion physikón). 
O Direito Natural também é chamado Jusnaturalismo. 
Antonio Fernández-Galiano, no artigo “El jusnaturalismo”, inserido no livro Lecciones de teoría del 
derecho y derecho natural, de Benito de Castro Cid (1999 – p. 419-420), diz o seguinte: 
... o jusnaturalismo afirma a existência de uma ordem preceptiva de caráter objetivo, imutável e 
derivada da natureza, que não pode contrariar os mandamentos dos homens e na qual encontra esse 
direito humano sua fonte e fundamento. 
Mas o entendimento da noção do que seja o jusnaturalismo modificou-se ao longo dos tempos.”2 
O primeiro conceito de jusnaturalismo, foi o Jusnaturalismo clássico, que trazia em sua essência a 
ideia de que o fundamento do direito é a natureza das coisas, ou seja, a ordem natural da natureza, que 
deve ser seguida, pois, segundo Aristóteles, por exemplo, o que é natural é bom e justo. Esta primeira 
ideia de jusnaturalismo acredita-se que adveio com a Antígona, de Sófocles, onde há a invocação de leis 
divinas para justificar a desobediência às ordens dadas pelos rei. 
Com o passar do tempo o direito passou a ser considerado uma herança divina, momento no qual 
surgiu o Jusnaturalismo Teológico, tendo como fundamento as leis concedias por Deus. Referida 
posição imperou até a Idade Média, até onde prevaleceu as convicções religiosas. Um dos primeiros 
pensadores desse tipo de naturalismo foi Heráclito, que defendia a ideia de que o Universo era governado 
por uma lei divina. 
Posteriormente, surgiu o jusnaturalismo escolástico (ou tomista), onde acreditavam que o direito 
tinha como base os mandamentos divinos, advindos da “lei eterna”. Para estes pensadores cristãos, como 
São Tomás de Aquino, dentro desses mandamentos haviam as leis naturais e as leis humanas e que a 
lei natural estabelece hierarquia entre as criaturas, mas que só é justa se baseada na lei eterna, na qual 
Deus é o fundamento de todas as coisas. 
Um dos primeiros pensadores do jusnaturalismo racional foi o holandês Hugo Grotius. Ele o definiu 
desta maneira: “Ditame da justa razão, destinado a mostrar que um ato é moralmente torpe ou 
 
1 AGRA. Walber de Moura. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Ed. Forense. 2010 
2 Sinopses Jurídicas. Direitos Humanos. Ricardo Castilho. Editora Saraiva. 2011 
Histórico dos Direitos Humanos. 
 
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moralmente necessário segundo seja ou não conforme a própria natureza racional do homem, e a mostrar 
que tal ato é, em consequência disto, vetado ou comandado por Deus, enquanto autor da natureza”. Este 
trecho está no livro de Norberto Bobbio, O Positivismo Jurídico: Lições de Filosofia do Direito.3 Para este 
pensador, o fundamento do direito é o homem, que analisa as leis da natureza e as aplica. A base desse 
pensamento foi elaborada por Zenon e os estoicos, mas a essência já estava em Protágoras, cuja célebre 
fórmula
determinava que o homem é a medida de todas as coisas. O jusnaturalismo racional foi, mais 
tarde, adotado pelos romanos, mas profundamente modificado nos séculos XVII e XVIII, quando se 
passou a atribuir à razão, por meio das ciências, o descobrimento da verdade, e não mais à entidade 
divina. Surgia, então, uma nova conceituação para o Direito Natural.4 
Nos séculos XIX e XX surgiu o jusnaturalismo contemporâneo, considerando que o direito precisa 
de um fundamento ético justo, ou seja, o direito precisa ser analisado de acordo com o plano histórico e 
social, considerando a variação da justiça no tempo e no espaço. Um dos pensadores desse 
jusnaturalismo foi Joaquín Herrera Flores. 
Importante ressaltar o contraponto do Direito Natural, qual seja, o Direito Positivo. 
O direito positivo, também chamado de juspositivismo que direito é somente o conjunto de leis postas 
pelo Estado, que define o que é justo por convenção ou justo por lei. 
“O pensador Thomas Hobbes, no livro Leviatã (publicado em 1651) analisou cuidadosamente as leis 
da natureza e chegou à conclusão de que elas somente funcionariam se fossem respeitadas por todos. 
Mas considerou impossível essa obediência, porque achava que os homens são egoístas e somente 
poderiam viver em harmonia se estivessem subordinados a uma autoridade que fiscalizasse o 
cumprimento das leis naturais. Numa análise que considerava realista, definiu que havia grande perigo 
na falta de uma autoridade central, porque os homens em situação de igualdade tinham o mesmo direito 
a todas as coisas; o que ocorreria quando duas pessoas desejassem a mesma coisa e se considerassem 
donas dessa coisa? 
Cada uma tentaria tomar posse do objeto à força e acabariam deflagrando guerras generalizadas. 
Nessas guerras, nem sempre valeria a lei do mais forte, porque mesmo o fraco poderia lançar mão de 
recursos e desenvolver armas para vencer o oponente teoricamente mais poderoso. Por isso, Hobbes 
desenvolveu a teoria em que defendia o absolutismo, ou seja, o poder absoluto ao rei, ao governante que 
representava o Estado. Haveria entre os cidadãos e a autoridade um “pacto social”, pelo qual os homens 
abriam mão de parte de sua liberdade, para permitir que o rei (o Estado) cuidasse de todos, garantindo 
direitos e cobrando obrigações. Essa era a teoria, mas na prática sabemos que o absolutismo levou os 
reis a pensarem que eram donos dos destinos dos súditos. Houve até a publicação de obras de filosofia 
que demonstravam que os reis tinham poder originado dos deuses. Uma dessas obras foi A Política tirada 
da Sagrada Escritura, de Jacques Bossuet, publicada em 1701, da qual o rei Luís XIV, da França, lançou 
mão para justificar suas decisões totalitárias. É famosa uma frase de Luís XIV: “L’Etat c’est moi” (“O 
Estado sou eu”). 
“Curiosamente, nessa época, a Inglaterra já havia abandonado os princípios da doutrina do direito 
divino dos reis, desde a Revolução Gloriosa de 1688, que expulsou os católicos do poder.”5 
Augusto Comte é considerado o pai do positivismo sociológico, porque sistematizou a doutrina, em 
obras que publicou a partir de 1816. Mas o conceito já existia em Roma, quando o imperador Justiniano 
criou um código legislativo para regular os povos conquistados e que firmou a base do Direito Romano. 
O conceito juspositivista também estava incluído em obras de autores como Descartes, Humes e Kant, 
que publicaram livros por volta de 1750. E é preciso considerar também o Código Napoleônico (também 
conhecido como Código Civil Francês), já em 1804, na Idade Moderna, fortemente influenciado pelo 
Direito Romano. Sua aceitação foi ampla em razão de a França ter sido berço da revolução que brandiu 
os conceitos básicos dos direitos humanos modernos: liberdade, igualdade e fraternidade. O avanço 
principal do Código Napoleônico foi a noção da separação dos poderes. No livro Memorial de Santa 
Helena, escrito em 1817 por Emmanuel Les Cases, Napoleão Bonaparte incluiu a seguinte reflexão: 
Minha verdadeira glória não foi ter vencido quarenta batalhas; Waterloo apagará a lembrança de tantas 
vitórias; o que ninguém conseguirá apagar, aquilo que viverá eternamente, é o meu Código Civil”. 
O Código de Napoleão deu origem a chamada Escola Exegética, que determinava que o juiz deve 
julgar estritamente de acordo com a lei criada pelo poder legislativo. Referido Código reconhece o direito 
natural, mas privilegia o direito positivo como forma de atuação do Estado, aplicando-se o Direito Natural 
apenas nos casos em que haja conformidade. Referido código foi fundamental para o desenvolvimento 
do direito no mundo ocidental contemporâneo, já que foi a primeira codificação do direito e fundamental 
para o direito atual. 
 
3 Idem 
4 Idem 
5 Ibidem 
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Em resumo, o Direito Positivo é norteado estritamente nas leis impostas pelo homem, havendo 
punição real e concreta pelo seu descumprimento. Já o Direito Natural, se baseia no que é justo por 
natureza, tempo como fonte a ordem natural das coisas, a moral, a justiça, não havendo, portanto, punição 
no plano concreto, mas apenas no plano moral. 
Apesar de tais diferenças, e do fato do Direito contemporâneo ser baseado no Direito Positivo, não é 
possível excluir o direito natural na interpretação das leis, do contrário, haveria o risco de grandes 
injustiças, apoiado em leis frias, não interpretadas de acordo com a moral e a ética, aplicadas no caso 
concreto. Além disso, o risco do legislador tornar-se totalitário seria enorme. 
O Direito Positivo, orientado também pelo Direito Natural, auxilia na correta distribuição da Justiça e 
ordem social. 
Ademais, para preservar os direitos humanos é preciso levar em conta que o direito muda ao longo do 
tempo, tendo em vista que os valores mudam, os costumes mudam, e por isso a interpretação das leis 
também é modificada com o tempo. 
 
Em termos contemporâneos, temos que a Magna Carta de 1215, é o primeiro documento escrito que 
consagra os direitos humanos, assinado obrigatoriamente pelo rei da Inglaterra, João Sem-Terra. 
Neste documento, pela primeira vez na história foram listados os direitos das pessoas em relação ao 
poder da autoridade e é a base das Constituições Modernas. 
“A história começa quando o rei Ricardo da Inglaterra, conhecido como Coração de Leão, seguiu para 
o Oriente, para combater nas cruzadas. Seu irmão, o príncipe João, assume o trono e estabelece para si 
mesmo prerrogativas que desagradaram profundamente os seus aliados, principalmente os barões. Entre 
essas prerrogativas estava o Direito de Nomeação, segundo o qual o soberano podia nomear bispos, 
abades e funcionários eclesiásticos, e o Direito de Veto, segundo o qual o soberano podia excluir pessoas 
de determinadas funções ou impedir que tomassem posse. Quando foi escolhido para a função de 
arcebispo o religioso Stephen Langton, o rei João não o aceitou e usou contra ele o Direito de Veto. O 
arcebispo Langton tinha sido escolhido pelo próprio papa Inocêncio III, e a posição do rei iniciou uma 
grande revolta da Igreja. Aproveitando-se da situação, os barões que formavam a corte real apoiaram o 
pontífice, exigindo que o rei renunciasse a direitos que consideravam exagerados. O movimento revoltoso 
ganhou força, e foram levadas ao rei duas exigências: que prometesse respeitar a lei e que admitisse que 
a vontade do rei não era mais forte do que a lei. Os barões queriam um documento escrito, com essas 
promessas, e para consegui-lo ameaçaram liderar os aldeões medievais, no seu legítimo direito de 
rebelar-se, previsto no pactum subjectionis. 
No início do século XVIII, os cidadãos não aceitavam mais a tese do absolutismo dos reis nem o 
pretexto de que o poder dos soberanos provinha dos deuses. A própria palavra de São Paulo (omnis 
potestas a
Deo = todo poder vem de Deus) começava a ser questionada. 
Entrava em cena a ideologia revolucionária chamada liberalismo, que defendia a liberdade individual. 
A partir desse pensamento, a sociedade política da época fez um acordo de convivência com a autoridade 
real, o pactum subjectionis (pacto de sujeição), que funcionava assim: os aldeões, religiosos e nobres 
concordavam em subordinar-se a um senhor que, em troca, cuidaria de manter o país protegido pelo 
exército, organizar a produção agrícola e pecuária, cuidar do comércio e guardar as fronteiras. Nesse 
pacto estava previsto que, se os cidadãos não concordassem com as decisões do rei, tinham o direito de 
rebelar-se. No entanto, era um acordo tácito. Não havia documento escrito que o legitimasse. Por isso 
mesmo os barões da Inglaterra queriam que João Sem-Terra assinasse um documento que tornasse 
oficial a sua promessa de respeitar as liberdades individuais.”6 
A partir da Magna Carta foi implementada a monarquia constitucional inglesa, imitada mais tarde pelo 
mundo ocidental, apesar de em 1215 ter sido criada apenas para controlar o comportamento tirano do rei 
João Sem- Terra. 
A cláusula mais conhecida da Magna Carta é a 39, que contém em seu texto o seguinte: 
Nenhum homem livre será preso, encarcerado ou privado de uma propriedade, ou tornado fora da lei, 
ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém contra 
ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra. 
Em síntese, a Magna Carta foi o primeiro documento escrito a resguardar direitos humanos, criada 
para limitar o comportamento tirano do rei João Sem-Terra da Inglaterra, que foi forçado a assinar o 
documento, sob ameaça dos barões de liderarem uma revolta dos aldeões. Além disso, referido 
documento foi a base para a as constituições modernas, notadamente com observância ao artigo 40: “A 
ninguém venderemos, nem a ninguém recusaremos ou atrasaremos o direito ou a justiça”. 
 
 
6 Sinopses Jurídicas. Direitos Humanos. Ricardo Castilho. Editora Saraiva. 2011 
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Em 1789, a Assembleia Nacional da França votou a Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão, 
importante documento para mudança das relações entre Direitos humanos e Estado, positivando as 
prerrogativas do homem e obrigando os entes estatais a respeitá-los e garanti-los. Referida Declaração 
tinha o objetivo de levar a ideia de liberdade a todos os povos e a todos os tempos, tendo, portanto, 
caráter universal. 
 
A Carta dos Direitos dos Estados Unidos ou Declaração dos Direitos dos Cidadãos dos Estados 
Unidos (em inglês: United States Bill of Rights) é o nome pelo qual as dez primeiras emendas à 
Constituição dos Estados Unidos são conhecidas. Elas foram introduzidas por James Madison para o 
Primeiro Congresso dos Estados Unidos em 1789 como uma série de artigos e entrou em vigor em 15 de 
dezembro de 1791, quando tinha sido ratificada por 3/4 (três quartos) dos estados. Thomas Jefferson era 
um defensor da Bill of Rights. 
Com o Bill of Rights há um maior desenvolvimento dos direitos fundamentais, ocorrendo a positivação 
dos direitos imprescindíveis ao desenvolvimento humano. Ele foi importante pela afirmação de que os 
homens possuem direitos que são inerentes a sua própria natureza, de acordo com os ideais 
jusnaturalistas; e por asseverar que todos são livres e iguais, sem distinção de qualquer natureza, no que 
contribuiu para sepultar a ideia de superioridade da realeza e da nobreza advindas da idade média.7 
Outro documento importante para evolução dos Direitos Humanos foi a Declaração de Direitos do Povo 
Trabalhador e Explorado, a primeira a defender a doção de direitos sociais, garantindo prestações 
mínimas que deveriam ser providas pelos entes estatais. Tal declaração surgiu em decorrência da 
Revolução Bolchevique de 1917 e conferiu direitos as mulheres, restringiu a propriedade privada, 
expandiu as liberdades associativas e colocou, em nível teórico, os trabalhadores como classe dominante 
da sociedade. 
Um marco muito importante para a evolução do conceito de Direitos que conhecemos atualmente foi 
a Segunda Guerra Mundial, na qual ocorreram incontáveis atrocidades, como, por exemplo, a morte de 
milhões de judeus. Com o fim dessa Guerra, em 1945 foi assinada a Carta de Organização das Nações 
Unidas, que tem por fundamento o princípio da igualdade soberana de todos os Estados que buscam a 
paz e, em 10 de dezembro de 1948 a ONU elaborou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Alexandre de Moraes8 lembra que a Declaração dos Direitos Humanos foi a mais importante conquista 
no âmbito dos direitos humanos fundamentais em nível internacional, muito embora o instrumento 
adotado tenha sido uma resolução, não constituindo seus dispositivos obrigações jurídicas dos Estados 
que a compõem. O fato é que desse documento se originam muitos outros, nos âmbitos nacional e 
internacional, sendo que dois deles praticamente repetem e pormenorizam o seu conteúdo, quais sejam: 
o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais, ambos de 1966. 
Posteriormente, surgiram muitos outros pactos importantes para o desenvolvimento dos direitos 
humanos, como: Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as formas de Discriminação 
Racial, Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, Convenção 
sobre os Direitos da Criança, Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Convenção 
contra a Tortura, etc. 
Além do Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos, surgiram os sistemas regionais, que 
buscam internacionalizar os direitos humanos no plano regional, em especial na Europa, na América e na 
África9. Desse Sistema Regional surgiu em 1969, a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto 
de San José da Costa Rica). 
Em âmbito nacional, destaca-se a Constituição Federal, que positivou direitos humanos e conforme 
explica Lafer10, a afirmação do jusnaturalismo moderno de um direito racional, universalmente válido, 
gerou implicações relevantes na teoria constitucional e influenciou o processo de codificação a partir de 
então. Embora muitos direitos humanos também se encontrem nos textos constitucionais, aqueles não 
positivados na Carta Magna também possuem proteção porque o fato de este direito não estar 
assegurado constitucionalmente e uma ofensa à ordem pública internacional, ferindo o princípio da 
dignidade humana. 
 
 
 
 
 
7 AGRA. Walber de Moura. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Ed. Forense. 2010 
8 MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais. Ed. Atlas. São Paulo. 1997. 
9 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 9 ed. São Paulo. Saraiva.2008. 
10 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: Cia. Das letras. São Paulo. 2009 
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Questões 
 
01. (MPT - Procurador do Trabalho - MPT) Sobre a evolução histórica dos direitos humanos, assinale 
a alternativa CORRETA: 
(A) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América consiste em um rol de direitos fundamentais 
inserido na Declaração de Independência proclamada por Thomas Jefferson em 1776, posteriormente 
incorporado aos Artigos da Confederação. 
(B) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América constitui-se de normas originárias constantes da 
Constituição aprovada na Convenção da Filadélfia em 1787. 
(C) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América foi inserido somente em 1791 na Constituição 
americana, sob a forma de emendas constitucionais. 
(D) O Bill of Rights formalmente não é uma norma
federal nos Estados Unidos da América, mas sim 
uma interpretação extensiva da Declaração de Direitos da Virginia promovida pela jurisprudência da 
Suprema Corte americana. 
(E) Não respondida. 
 
02. (PC/SP - Investigador de Polícia – VUNESP) O ano de 1948 representou um marco histórico 
mundial no tocante aos direitos humanos, pois foi nesse ano que: 
(A) foi criada a Corte Internacional dos Direitos Humanos. 
(B) aconteceu a Independência dos Estados Unidos da América 
(C) eclodiu a Revolução Francesa, trazendo os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade 
(D) foi outorgada a Carta Magna na Inglaterra 
(E) foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos do Homem. 
 
03. (DPE/PI – Defensor– CESPE) A respeito do desenvolvimento histórico dos direitos humanos e 
seus marcos fundamentais, assinale a opção correta. 
(A) Os direitos fundamentais surgem todos de uma vez, não se originam de processo histórico 
paulatino. 
(B) Não há uma correlação entre o surgimento do cristianismo e o respeito à dignidade da pessoa 
humana. 
(C) As gerações de direitos humanos mais recentes substituem as gerações de direitos fundamentais 
mais antigas. 
(D) A proteção dos direitos fundamentais é objeto também do direito internacional. 
(E) A ONU é o órgão responsável pela UDHR e pela Declaração Americana de Direitos. 
 
04. (DPE/MS – Defensor– VUNESP) Quando se fala em Direitos Humanos, considerando sua 
historiciedade, é correto dizer que 
(A) somente passam a existir com as Declarações de Direitos elaboradas a partir da Revolução 
Gloriosa Inglesa de 1688. 
(B) foram estabelecidos, pela primeira vez, por meio da Carta Magna de 1215, que é a expressão 
maior da proteção dos Direitos do Homem em âmbito universal. 
(C) a concepção contemporânea de Direitos Humanos foi introduzida, em 1789, pela Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, fruto da Revolução Francesa. 
(D) a internacionalização dos Direitos Humanos surge a partir do Pós-Guerra, como resposta às 
atrocidades cometidas durante o nazismo. 
 
05. (PC/SP - Delegado - PC/SP) Quando, no final do século XVIII, foram declarados os direitos 
fundamentais, eram encarados essencialmente como 
(A) interesses coletivos não individualizáveis 
(B) proliferação dos direitos naturais e objetivos 
(C) expressões da liberdade humana em face do Poder 
(D) objetivos políticos efetivamente protegidos 
(E) vulgarização e trivialização dos direitos naturais 
 
Gabarito 
01. C/ 02. E / 03. D / 04. D / 05. C 
 
 
 
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Comentários 
 
01. Resposta: C 
A Carta dos Direitos dos Estados Unidos ou Declaração dos Direitos dos Cidadãos dos Estados Unidos 
(em inglês: United States Bill of Rights) é o nome pelo qual as dez primeiras emendas à Constituição dos 
Estados Unidos são conhecidas. Elas foram introduzidas por James Madison para o Primeiro Congresso 
dos Estados Unidos em 1789 como uma série de artigos e entrou em vigor em 15 de dezembro de 1791. 
 
02. Resposta: E 
O ano de 1948 representou um marco histórico mundial no tocante aos direitos humanos, pois foi 
proclamada a Declaração Universal dos Direitos do Homem, após a Segunda Guerra Mundial, na qual 
ocorreram incontáveis atrocidades, como, por exemplo, a morte de milhões de judeus. Com o fim dessa 
Guerra, em 1945 foi assinada a Carta de Organização das Nações Unidas, que tem por fundamento o 
princípio da igualdade soberana de todos os Estados que buscam a paz e, em 10 de dezembro de 1948 
a ONU elaborou a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ou do homem). 
 
03. Resposta: D 
A proteção dos direitos fundamentais pela Constituição Federal não exclui outros adquiridos por meio 
do direito internacional. É o que dispõe o art. 5º, § 2º, CF: os direitos e garantias expressos nesta 
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
04. Resposta: D 
Conforme ensina Flávia Piovesan, “(...) internacionalização dos direitos humanos, que constitui um 
movimento extremamente recente na história, surgindo a partir do Pós-Guerra, como resposta às 
atrocidades e aos horrores cometidos durante o nazismo”. 
 
05. Resposta: C 
O direito à Liberdade pertence aos direitos de 1ª dimensão. Possui como marco histórico a Revolução 
Francesa e a Revolução norte-americana, ocorridas no final do século XVIII. É a busca pela não 
intervenção do Estado, tratado assim como direito negativo, por afastar o Estado do indivíduo. 
 
 
 
A Constituição de 1988 foi a primeira a estabelecer direitos não só de indivíduos, mas também de 
grupos sociais, os denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser coletivamente 
consideradas. Por outro lado, pela primeira vez, junto com direitos foram estabelecidos expressamente 
deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos como os indivíduos têm obrigações específicas, 
inclusive a de respeitar os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social. 
 
O artigo 5º da CF/88 que trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, apresenta um rol 
exemplificativo e não um rol taxativo na medida em que os direitos e garantias expressos na 
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte (art. 5º, § 2º). 
- Os direitos fundamentais formalmente constitucionais são aqueles expressamente previstos na 
Constituição, em qualquer dispositivo de seu texto. 
- Os direitos fundamentais materialmente constitucionais são aqueles que não estão previstos no 
texto da Constituição Federal de 1988, mas sim em outras normas jurídicas. Esses direitos fundamentais 
materialmente constitucionais não possuem hierarquia constitucional, exceto se previstos em tratados e 
convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados na forma do art. 5º, § 32, da Constituição 
Federal. 
- Os direitos fundamentais catalogados são aqueles enumerados no catálogo próprio dos direitos 
fundamentais, no Título II da Constituição Federal (arts. 5º ao 17). 
Direitos individuais. Direitos sociais e direitos difusos. 
 
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- Os direitos fundamentais fora do catálogo são todos os previstos fora do catálogo dos direitos 
fundamentais, em outros artigos da Constituição. O direito ao meio ambiente, por exemplo, é um direito 
fundamental de terceira geração, previsto no art. 225 do Texto Maior (não catalogado, portanto). 
 
Aplicabilidade 
 
Nos termos do art. 5º, § 1º dispõe que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais 
têm aplicação imediata. Esse comando constitucional, embora inserto no art. 5º da Constituição, não tem 
sua aplicação restrita aos direitos e garantias fundamentais individuais e coletivos arrolados nos incisos 
deste mesmo artigo. 
Sua incidência alcança as diferentes classes de direitos e garantias fundamentais de nossa Carta 
Magna, ainda que indicados fora do catálogo próprio, a eles destinado (arts. 5º ao 17). 
Contudo, essa regra de aplicação imediata, não é absoluta. Embora a regra seja a eficácia e a 
aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais, o fato é que existem direitos fundamentais que 
consubstanciam normas de eficácia limitada, dependentes de regulamentação por lei para a produção de 
seus efeitos essenciais. 
 
Titularidade dos Direitos Individuais e Coletivos 
 
- Brasileiros natos e naturalizados e as pessoas jurídicas que sejam constituídas no Brasil de acordo 
com as leis brasileiras. 
- Estrangeiros residentes e apátridas. A expressão “residentes no Brasil” deve ser interpretada no 
sentido de que a carta federal só pode assegurar a validade e gozo dos
direitos fundamentais dentro do 
território brasileiro, não excluindo, pois, o estrangeiro em trânsito pelo território nacional, que possui 
igualmente acesso às ações. 
Assim sendo, temos os direitos e garantias previstos no art. 5.º da CF têm como destinatários as 
pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, públicas ou privadas ou mesmo entes 
despersonalizados nacionais (massa falida, espólio, etc.). 
 
DIREITO À VIDA: 
 
O direito à vida, previsto de forma genérica no art. 5º, caput, abrange tanto o direito de não ser morto, 
privado de vida, portanto, o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida digna. 
 
1) Direito de Não Ser Morto: 
a) Proibição da pena de morte: (art. 5.º, XLVII, “a”) 
A CF assegura o direito de não ser morto quando proíbe a pena de morte. A aplicação da pena de 
morte só é permitida em caso de guerra externa declarada. Não é possível a introdução da pena de morte 
por Emenda Constitucional, visto que o direito à vida é direito individual e o art. 60, § 4.º, dispõe que os 
direitos individuais não poderão ser modificados por emenda (cláusula pétrea, imutável). 
Também não seria possível um plebiscito para a introdução da pena de morte, tendo em vista que a 
própria CF estabelece suas formas de alteração e o plebiscito não está incluído nessas formas. A única 
maneira de se introduzir a pena de morte no Brasil seria a confecção de uma nova Constituição pelo 
poder originário. 
 
b) Proibição do aborto: O legislador infraconstitucional pode criar o crime de aborto ou 
descaracterizá-lo, tendo em vista que a CF não se referiu ao aborto expressamente, simplesmente 
garantiu a vida. Assim, o Código Penal (CP), na parte que trata do aborto, foi recepcionado pela 
Constituição Federal. 
O CP prevê o aborto legal em caso de estupro e em caso de risco de morte da mãe. A jurisprudência 
admite, no entanto, o aborto eugênico baseado no direito à vida da mãe, visto que nesse caso existe risco 
de integridade física e psicológica desta. Aborto eugênico é aquele concedido mediante autorização 
judicial nas hipóteses de comprovação científica de impossibilidade de sobrevivência extrauterina. Para 
que o aborto seja legalizado no Brasil, basta somente à vontade do legislador infraconstitucional, tendo 
em vista que a CF não proibiu nem permitiu esse procedimento. 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento realizado no dia 11 de abril de 2012, 
por maioria de votos, “julgou procedente o pedido contido na Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF) 54, ajuizada na Corte pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde 
(CNTS), para declarar a inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez 
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de feto anencefálico é conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, todos do Código 
Penal. O ministro Marco Aurélio de Mello, afirmou que dogmas religiosos não podem guiar decisões 
estatais e fetos com ausência parcial ou total de cérebro não têm vida, e por isso dava total procedência 
à ação, no que foi acompanhado pelos Ministros Rosa Maria Weber, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Carmem 
Lúcia, Ayres Britto, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Os ministros entenderam ser também essencial que 
o Ministério da Saúde crie normas para o aborto de anencefálicos para garantir a segurança da mulher. 
Ademais, em decisão proferida pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em 29.11.2016, no 
julgamento do HC 124.306-RJ, foi afastada a prisão preventiva dos acusados da prática de aborto com o 
consentimento da gestante. Entendendo o ministro relator que é preciso dar interpretação conforme a 
Constituição aos artigos 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para excluir do 
seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. Argumenta 
que o bem jurídico protegido (a vida potencial do feto) é “evidentemente relevante”, mas a criminalização 
do aborto antes de concluído o primeiro trimestre de gestação viola diversos direitos fundamentais da 
mulher, além de não observar suficientemente o princípio da proporcionalidade. 
 
c) Proibição da eutanásia: O médico que praticar a eutanásia, ainda que com autorização do paciente 
ou da família, estará cometendo crime de homicídio. A eutanásia se configura quando um médico tira a 
vida de alguém que teria condições de vida autônoma. No caso de desligar os aparelhos de pessoa que 
só sobreviveria por meio deles, não configura a eutanásia. 
 
d) Garantia da legítima defesa: O direito de a pessoa não ser morta legitima que se tire a vida de 
outra pessoa que atentar contra a sua própria. 
 
DIREITO À LIBERDADE 
 
1) Liberdade de Pensamento (art. 5.º, IV e V): É importante que o Estado assegure a liberdade das 
pessoas de manifestarem o seu pensamento. Foi vedado o anonimato para que a pessoa assuma aquilo 
que está manifestando caso haja danos materiais, morais ou à imagem. O limite na manifestação do 
pensamento se encontra no respeito à imagem e à moral das outras pessoas. 
Caso ocorram danos, o ofendido poderá se valer de dois direitos: 
a) Indenização por dano material, moral ou à imagem: “São cumuláveis as indenizações por dano 
material e dano moral oriundos do mesmo fato – Súmula n. 37 do STJ”; 
b) Direito de resposta, consiste essencialmente no poder, que assiste a todo aquele que seja 
pessoalmente afetado por notícia, comentário ou referência saída num órgão de comunicação social, de 
fazer publicar ou transmitir nesse mesmo órgão, gratuitamente, um texto seu desmentido, retificação ou 
apresentando defesa a esta informação. Este instrumento deve realmente ser usado para defesa e não 
para ataque ao ofensor. Se o direito de resposta for negado pelo veículo de comunicação, caberá medida 
judicial. 
 
2) Liberdade de Consciência, de Crença e de Culto (art. 5.º, VI, VII e VIII): A liberdade de 
consciência refere-se à visão que o indivíduo tem do mundo, ou seja, são as tendências ideológicas, 
filosóficas, políticas, etc. de cada indivíduo. A liberdade de crença tem um significado de cunho religioso, 
ou seja, as pessoas têm a liberdade de cultuar o que elas acreditam. A CF proíbe qualquer distinção ou 
privilégio entre as igrejas e o Estado. O que se prevê é que o Estado poderá prestar auxílio a qualquer 
igreja quando se tratar de assistência à saúde, à educação, etc. Seja qual for à crença, o indivíduo tem 
direito a praticar o culto. A CF/88 assegura, também, imunidade tributária aos templos quando se tratar 
de qualquer valor auferido em razão de realização do culto. Ainda, a CF assegura o atendimento religioso 
às pessoas que se encontrem em estabelecimentos de internação coletiva, como manicômios, cadeias, 
quartéis militares, etc. 
 
3) Liberdade de Atividade Intelectual, Artística, Científica e de Comunicação (art. 5.º, IX): A CF 
estabelece que a expressão das atividades intelectual, artística, científica e de comunicação é livre, não 
se admitindo a censura prévia. É uma liberdade, no entanto, com responsabilidade, ou seja, se houver 
algum dano moral ou material a outrem, haverá responsabilidade por indenização. O direito do 
prejudicado se limita à indenização por danos, não se podendo proibir a circulação da obra. Apesar de 
não haver previsão na CF/88 quanto à proibição de circulação de obras, o Judiciário está concedendo 
liminares, fundamentando-se no fato de que deve haver uma prevenção para que não ocorra o prejuízo 
e não somente a indenização por isso. Os meios de comunicação são públicos, sendo concedidos a 
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terceiros. Caso a emissora apresente programas que atinjam o bem público, ela poderá sofrer sanções, 
inclusive a não renovação da concessão.
Veda-se a censura de natureza política, ideológica, artística (art. 220, § 2º), porém, apesar da liberdade 
de expressão acima garantida, lei federal deverá regular as diversões e os espetáculos públicos, cabendo 
ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e 
horários em que sua apresentação se mostre inadequada. 
 
4) Liberdade de Trabalho, Ofício ou Profissão (art. 5.º, XIII): É assegurada a liberdade de escolher 
qual a atividade que se exercerá. Essa é uma norma de eficácia contida porque tem uma aplicabilidade 
imediata, no entanto traz a possibilidade de ter o seu campo de incidência contido por meio de requisitos 
exigidos por lei. A lei exige que certos requisitos de capacitação técnica sejam preenchidos para que se 
possa exercer a profissão (Exemplo: O advogado deve ser bacharel em direito e obter a carteira da OAB 
por meio de um exame; O engenheiro deve ter curso superior de engenharia; etc.). 
 
5) Liberdade de Locomoção (art. 5.º, XV): É a liberdade física de ir, vir, ficar ou permanecer. Essa 
liberdade é considerada pela CF como a mais fundamental, visto que é requisito essencial para que se 
exerça o direito das demais liberdades. Todas as garantias penais e processuais penais previstas no art. 
5.º são normas que tratam da proteção da liberdade de locomoção. Por exemplo, o habeas corpus é 
voltado especificamente para a liberdade de locomoção. Essa norma também é de eficácia contida, 
principalmente no que diz respeito à liberdade de sair, entrar e permanecer em território nacional. A lei 
pode estabelecer exigências para sair, entrar ou permanecer no país, visando a proteção da soberania 
nacional. 
 
6) Liberdade de Reunião (art. 5.º, XVI): É a permissão constitucional para um agrupamento transitório 
de pessoas com o objetivo de trocar ideias para o alcance de um fim comum. O direito de reunião pode 
ser analisado sob dois enfoques: De um lado a liberdade de se reunir para decidir um interesse comum 
e de outro lado à liberdade de não se reunir, ou seja, ninguém poderá ser obrigado a reunir-se. Para a 
caracterização desse direito, devem ser observados alguns requisitos a fim de que não se confunda com 
o direito de associação. São eles: 
a) Pluralidade de participantes: Trata-se de uma ação coletiva, ou seja, deve haver várias pessoas 
para que possa haver uma reunião. A diferença é que, na reunião, não existe um vínculo jurídico entre as 
pessoas reunidas, diferentemente da associação, em que as pessoas estão vinculadas juridicamente. 
b) Tempo: A reunião tem duração limitada, enquanto na associação, a duração é ilimitada. 
c) Finalidade: A reunião pressupõe uma organização com o propósito determinado de atingir certo fim. 
É a finalidade que vai distinguir a reunião do agrupamento de pessoas. Essa finalidade deve ter 
determinadas características, ou seja, a reunião deve ter uma finalidade lícita, pacífica e não deve haver 
armamento. 
d) Lugar: Deve ser predeterminado para a realização da reunião. Não é necessária a autorização 
prévia para que se realize a reunião, no entanto, o Poder Público deve ser avisado com antecedência 
para que não se permita que haja reunião de grupos rivais em mesmo local e horário. O objetivo do aviso 
ao Poder Público também é garantir que o direito de reunião possa ser exercitado com segurança. 
O direito de reunião tem algumas restrições, quais sejam: 
- Não pode ser uma reunião que tenha por objetivo fins ilícitos; 
- Não pode haver reunião que não seja pacífica e não deve haver utilização de armas (art. 5.º, XLIV). 
A presença de pessoas armadas em uma reunião não significa, no entanto, que a reunião deva ser 
dissolvida. Nesse caso, a polícia deve agir no sentido de desarmar a pessoa, mas sem dissolver a reunião. 
Em caso de passeata, não poderá haver nenhuma restrição quanto ao lugar em que ela será realizada; 
- Durante o Estado de Defesa (art. 136, § 1.º, I, “a”) e o Estado de Sítio (art. 139, IV), poderá ser 
restringido o direito de reunião. 
- Este direito poderá ser exercido independentemente de prévia autorização do Poder Público, desde 
que não frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio 
aviso à autoridade competente. Esse prévio aviso é fundamental para que a autoridade administrativa 
tome as providências necessárias relacionadas ao trânsito, organização etc. 
 
7) Liberdade de Associação (art. 5.º, XVII a XXI): Normalmente, a liberdade de associação se 
manifesta por meio de uma reunião. Logo, existe uma relação muito estreita entre a liberdade de reunião 
e a liberdade de associação. A reunião é importante para que se exerça a associação, visto que 
normalmente a associação começa com uma reunião. É o direito de coligação voluntária de algumas ou 
muitas pessoas físicas, por tempo indeterminado, com o objetivo de atingir um fim lícito sob direção 
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unificante. A associação, assim como a reunião, é uma união de pessoas que se distingue pelo tempo, 
visto que o objetivo que se quer alcançar não poderá ser atingido em um único momento na associação, 
enquanto na reunião, o objetivo se exaure em tempo determinado. 
 
DIREITO À IGUALDADE 
 
O inciso I do art. 5º traz, em seu bojo, um dos princípios mais importantes existentes no ordenamento 
jurídico brasileiro, qual seja, o princípio da isonomia ou da igualdade. Tal princípio igualou os direitos e 
obrigações dos homens e mulheres, todavia, permitindo as diferenciações realizadas nos termos da 
Constituição. 
Quando falamos em igualdade, podemos fazer a distinção entre igualdade material e igualdade formal. 
A igualdade material é aquela efetiva, onde realmente é possível perceber que há aplicabilidade da 
máxima que “os iguais serão tratados igualmente e os desiguais desigualmente, na medida de suas 
desigualdades”. Já, a igualdade formal é aquela explicitada pela lei, que nem sempre é vista na realidade 
de modo efetivo. Desta maneira, é importante salientar que nem sempre a igualdade formal corresponde 
à igualdade material. 
Tal princípio vem sendo muito discutido ultimamente, principalmente no que diz respeito às cotas 
raciais utilizadas pelos negros com a finalidade de ingressarem em faculdades públicas. 
De acordo com entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, de forma vinculante, ninguém 
pode ser privado de direitos, nem sofrer quaisquer restrições de ordem jurídica, em razão de sua 
orientação sexual, como, por exemplo, a percepção de benefício pela morte de companheiro do mesmo 
sexo. Com base no mesmo entendimento, a Suprema Corte, deu interpretação conforme ao art. 1.723 do 
Código Civil, para assegurar o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo de forma 
contínua, pública e duradoura como entidade familiar. 
 
DIREITO À SEGURANÇA 
 
A CF, no caput do art. 5.º, quando fala de segurança, está se referindo à segurança jurídica. Refere-
se à segurança de que as agressões a um direito não ocorrerão e, se ocorrerem, existirá uma eventual 
reparação pelo dano que a pessoa tenha. O Estado deve atuar no sentido de preservar as prerrogativas 
dispostas nas normas jurídicas. Não basta ao Estado criar e reconhecer direitos ao indivíduo; tem o dever 
de zelar por eles, assegurando a todos o exercício, com a devida tranquilidade, do direito a vida, 
integridade física, liberdade, propriedade etc. 
 
1) Acesso ao Poder Judiciário (art. 5.º, XXXV): A competência para dar segurança jurídica é do 
Poder Judiciário. É por meio do acesso ao Poder Judiciário que as pessoas conseguem a segurança 
jurídica. Diante de uma agressão ou de ameaça de agressão a um direito, a pessoa poderá ir ao Judiciário 
e assegurá-lo. Para que o Judiciário tenha o dever de conceder a segurança jurídica, não é necessário 
comprovar a efetiva lesão,
ou seja, pode-se, preventivamente, buscar essa segurança para impossibilitar 
a lesão ao direito. Esse acesso tem uma exceção no art. 217, §1.º, da CF/88, que prevê que, em casos 
relativos aos esportes, deve antes haver uma decisão da Justiça Desportiva para que se possa recorrer 
ao Judiciário. Também na lei que regulamenta o habeas data, existe a disposição de que se devem 
esgotar os meios administrativos para que se possa, então, recorrer ao Judiciário. 
 
2) Direito à petição (art. 5.º, XXXIV, “a”): O inc. XXXIV do art. 5.º da CF estabelece que, 
independentemente do pagamento de taxas, a todos são assegurados: 
a) O direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de 
poder. Pode a petição ser dirigida a qualquer autoridade do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário e a 
autoridade a quem é dirigida deve apreciá-la, motivadamente, mesmo que apenas para rejeitá-la, pois o 
silêncio pode caracterizar o abuso de autoridade por omissão. 
b) O direito de petição, classificado como direito de participação política, pode ser exercido por pessoa 
física ou jurídica e não precisa observar forma rígida. Não se exige interesse processual, pois a 
manifestação está fundada no interesse geral de cumprimento da ordem jurídica. 
c) O direito de petição não se confunde como direito de ação, já que, por este último, busca-se uma 
tutela de índole jurisdicional e não administrativa. 
 
3) Assistência jurídica (art. 5.º, LXXIV): Para se pedir em juízo, a CF exige que o pedido seja 
formulado por um advogado. Às vezes, também é necessária a produção de provas. Para garantir que 
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aqueles que não possuem condições financeiras possam ter acesso ao Poder Judiciário, portanto, o 
Estado tomou para si o dever de fornecer a assistência jurídica. 
 
4) Devido Processo Legal (art. 5.º, LIV): A prestação jurisdicional deve respeitar o devido processo 
legal. Quando se trata dessa questão, observa-se um duplo acesso. Por um lado, dispõe que o Estado, 
sempre que for impor qualquer tipo de restrição ao patrimônio ou à liberdade de alguém, deverá seguir a 
lei. Por outro lado, significa que todos têm direito à jurisdição prestada nos termos da lei, ou seja, a 
prestação jurisdicional deve seguir o que está previsto em lei. O respeito à forma é uma maneira de 
garantir a segurança. 
 
5) Juiz natural (art. 5.º, LIII): A decisão de um caso concreto deve ser feita pelo Juiz natural que é o 
Juiz ou o Tribunal investido de poder pela lei para dizer o direito no caso concreto, ou seja, é o Juiz ou 
Tribunal que tem a competência, previamente expressa, para julgar determinado caso concreto. Discute-
se, hoje, a existência ou não do princípio do Promotor Natural, que seria extraído da locução; processar, 
prevista no inc. LIII do art. 5.º da CF. Conforme leciona Nelson Nery; no âmbito interno do Ministério 
Público, o princípio do Promotor Natural incide para restringir os poderes do Procurador-Geral de Justiça 
de efetuar substituições, designações e delegações, que devem circunscrever-se aos casos 
taxativamente enumerados na lei, sendo vedado ao chefe do parquet (promotor), em qualquer hipótese, 
a avocação do caso afeto ao Promotor Natural. 
 
6) Vedação a Juízes e Tribunais de exceção (art. 5.º, XXXVII): A nossa ordem jurídica não admite 
que sejam criados Tribunais ou designados Juízes especialmente para decidir um caso concreto (Juízes 
ou Tribunais de exceção). Qualquer tipo de Tribunal de exceção significa um atentado à imparcialidade 
da Justiça, comprometendo a segurança jurídica. 
 
7) Contraditório e ampla defesa (art. 5.º, LV): Deve-se respeitar o contraditório e a ampla defesa 
como requisitos para que o devido processo legal seja respeitado. O contraditório é a possibilidade que 
deve ser assegurada, a quem sofrer uma imputação em juízo, de contraditar essa imputação, ou seja, de 
apresentar a sua versão dos fatos. A ampla defesa significa que as partes devem ter a possibilidade de 
produzir todas as provas que entendam necessárias ao esclarecimento dos fatos e ao convencimento do 
Juiz. Excepcionam-se apenas as provas obtidas por meio ilícito. Há também a garantia do duplo grau de 
jurisdição, ou seja, a pessoa vencida e inconformada com a decisão tem o direito a uma revisão dessa 
decisão, que será sempre feita por um juízo colegiado. 
 
8) Isonomia: Deve haver um tratamento isonômico. A isonomia entre as partes decorre de um princípio 
disposto na CF. Todos os órgãos públicos deverão dar tratamento isonômico para as partes (Exemplo: 
Se o Juiz dá o direito a uma das partes de apresentar uma outra prova, ele deverá, obrigatoriamente, dar 
o mesmo direito à outra parte). 
 
9) Motivação das decisões: Toda a decisão judicial deverá ser motivada, visto que uma decisão sem 
motivação desobedece ao devido processo legal e será considerada inválida. 
 
10) Publicidade: O Juiz deve dar publicidade de todas as decisões que ele proferir e todos os atos 
serão públicos. 
 
11) Segurança em Matéria Penal: Quando se trata de segurança em matéria penal, a CF tomou mais 
cuidado, tendo em vista a competência punitiva do Estado. Essa competência punitiva tem, entretanto, 
limites, visto que a aplicação da pena vai restringir a liberdade física de locomoção e que os demais 
direitos têm ligação estreita com o direito à liberdade de locomoção. A pena somente poderá ser aplicada 
se estiver prevista anteriormente em lei e na forma prevista em lei, seguindo um procedimento específico 
também previsto em lei. A aplicação da pena, portanto, está vinculada à disposição legal. 
 
12) Princípios processuais gerais: Os princípios processuais gerais estão presentes na matéria 
penal, ou seja, deverão sempre ser aplicados. 
 
a) Princípio da estrita legalidade penal (art. 5.º, XXXIX): A CF dispõe sobre o princípio genérico da 
legalidade. Em determinados campos, entretanto, a CF tem o cuidado de reforçá-lo, aplicando-o 
especificamente a cada área. Esse é, então, o princípio da estrita legalidade. Para que o comportamento 
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seja punido pelo Estado, se o crime estiver descrito em lei e se essa lei for anterior ao comportamento 
ilícito, somente poderá ser aplicada a pena que a lei estabelecer. 
 
b) Princípio da irretroatividade (exceção, art. 5.º, XL): Há um reforço nessa ideia quando se trata de 
matéria penal. O próprio Direito Penal, entretanto, excepciona esse princípio, ou seja, há a possibilidade 
de retroatividade da lei no tempo para beneficiar o réu. 
 
Existem algumas outras garantias previstas na CF/88, quais sejam: 
 
- Princípio da incomunicabilidade da pena: A pena não pode passar da pessoa do criminoso. A CF 
prevê somente uma hipótese de comunicabilidade da pena, que é o caso de indenização, quando os 
sucessores respondem por ela até o quinhão da herança (inc. XLV); 
 
- Garantia de que determinado tipo de pena não será aplicada: Há limitação à própria atividade do 
Estado. Existem penas que o legislador não poderá cominar, quais sejam: pena de morte, pena de caráter 
perpétuo, pena de trabalho forçado, pena de banimento e penas cruéis. A pena será cumprida em 
estabelecimentos distintos, assegurando a divisão por sexo, idade e gravidade do delito; 
 
- Princípio do Juiz natural: Ninguém poderá ser sentenciado nem preso senão pela autoridade 
competente; 
 
- Princípio da presunção de inocência: Todos são inocentes até que se prove o contrário. Ninguém 
será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença. Somente poderá ser preso aquele que 
for pego em flagrante ou tiver ordem escrita fundamentada pela autoridade judiciária competente. 
 
- Proibição da prisão civil por dívidas, salvo no caso de devedor de pensão alimentícia
(inc. LXVII): A 
prisão civil é medida privativa de liberdade, sem caráter de pena, com a finalidade de compelir o devedor 
a satisfazer uma obrigação. Nos termos da Constituição Federal a prisão civil será cabível em duas 
situações, no caso de inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e no caso do 
depositário infiel. Porém, o Pacto de San José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil (recepcionado de 
forma equivalente a norma constitucional), autoriza a prisão somente em razão de dívida alimentar. Desta 
forma, não se admite, por manifesta inconstitucionalidade, a prisão civil por dívida no Brasil, quer do 
alienante fiduciário, quer do depositário infiel. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que 
só é possível a prisão civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação 
alimentícia. Nesse sentido, foi editada a Súmula Vinculante nº 25: “É ilícita a prisão civil de depositário 
infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”. 
 
DIREITO A PROPRIEDADE 
 
O inc. XXIII do art. 5.º da Constituição Federal dispõe que a propriedade atenderá à sua função social, 
demonstrando que o conceito constitucional de propriedade é mais amplo que o conceito definido pelo 
Direito privado. O Direito Civil trata das relações civis e individuais pertinentes à propriedade, a exemplo 
da faculdade de usar, gozar e dispor de bens em caráter pleno e exclusivo, direito esse oponível contra 
todos, enquanto a Constituição Federal sujeita a propriedade às limitações exigidas pelo bem comum. 
Impõe à propriedade um interesse social que pode até mesmo não coincidir com o interesse do 
proprietário. 
O direito de propriedade importa em duas garantias sucessivas: de conservação e compensação. 
 
- Garantia de conservação: Ninguém pode ser privado de seus bens fora das hipóteses previstas na 
Constituição. 
 
- Garantia de compensação: Caso privado de seus bens, o proprietário tem o direito de receber a 
devida indenização, equivalente aos prejuízos sofridos. 
 
Desapropriação é o ato pelo qual o Estado toma para si ou transfere para terceiros bens de 
particulares, mediante o pagamento de justa e prévia indenização. Trata-se de forma originária de 
aquisição de propriedade. A desapropriação é a forma mais drástica do poder de intervenção do Estado 
na economia, só sendo admissível nas hipóteses especialmente previstas na Constituição. São estas as 
hipóteses de desapropriação: 
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. 13 
a) por necessidade pública; 
b) por utilidade pública; e 
c) interesse social. 
 
A indenização paga pelo Poder Público no processo de desapropriação, para ser juridicamente válida 
precisa atender a determinadas exigências constitucionais. Deve ser: 
 
a) justa (deve ser feita de forma integral, reparando todo o prejuízo sofrido pelo particular); 
b) prévia (o pagamento deve ser feito antes do ingresso na titularidade do bem); e 
c) em dinheiro (o pagamento deve ser feito em moeda corrente e não em títulos para pagamento futuro 
e de liquidez incerta). 
 
Em linhas gerais, vislumbra-se que a Constituição de 1988 foi a primeira a estabelecer direitos não só 
de indivíduos, mas também de grupos sociais, os denominados direitos coletivos. 
Assim, as pessoas passaram a ser coletivamente consideradas. Por outro lado, pela primeira vez, junto 
com direitos foram estabelecidos expressamente deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos como 
os indivíduos têm obrigações específicas, inclusive a de respeitar os direitos das demais pessoas que 
vivem na ordem social. 
 
 
 
Com o advento das revoluções (americana e francesa) do século XVIII, veio a ascensão da burguesia 
ao poder, o que garantiu alguns direitos individuais, como a inviolabilidade de domicílio, da 
correspondência, o devido processo legal e a proibição da prisão ilegal. Advindo também o capitalismo 
que aumentou significativamente a produção, porém, veio com ele a miséria da classe trabalhadora, pois 
não tinham amparo estatal (prestação negativa do Estado). 
Apesar da classe trabalhadora ser produtora da riqueza da burguesia, era excluída de seus benefícios 
e de uma qualidade de vida condigna. Passaram então a organizar-se na luta por seus direitos e maior a 
estabilidade do desenvolvimento econômico. 
Foi necessário, portanto, a intervenção do Estado em prol dos menos favorecidos. No Brasil, os direitos 
sociais vieram com a Constituição de 1934, e permanece até a Constituição atual. 
 
Conceito 
 
Consiste em direito econômico-social e tem por objetivo melhorar as condições de vida e de trabalho 
para todos. Veio para criar garantias positivas prestadas pelo Estado em favor dos menos favorecidos, 
bem como dos setores da sociedade economicamente mais fracos. 
Segundo Silva11, os direitos sociais “são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou 
indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos 
mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, portanto, 
direitos que se ligam ao direito de igualdade”. 
Os direitos sociais exigem a intermediação do Estado para sua concretização; consideram o homem 
para além de sua condição individualista, e guardam íntima relação com o cidadão e a sociedade, então 
abrangem a pessoa humana na perspectiva de que ela necessita de condições mínimas de subsistência. 
Por tratarem de direitos fundamentais, há de reconhecer a eles aplicabilidade imediata (artigo 5º, § 1º 
da CF/88), e no caso de omissão legislativa haverá meios de buscar sua efetividade, como o mandado 
de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão. 
 
Classificação 
 
O art. 6º da Constituição deixa claro que os direitos sociais não são somente os que estão enunciados 
nos artigos 7º, ao 11. Também são encontrados no Título VIII - Da Ordem Social, artigos 193 e seguintes. 
Os direitos sociais podem ser agrupados em grandes categoriais: 
a) os direitos sociais dos trabalhadores (subdivididos em individuais e coletivos); 
b) os direitos sociais de seguridade social (saúde e previdência social); 
c) os direitos sociais de natureza econômica; 
 
11 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 32ª ed. Rev. E atual. – São Paulo: Malheiros Editores, 2009. 
Direitos Sociais 
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. 14 
d) os direitos sociais da cultura e esporte; 
e) os de segurança; 
f) família, criança, adolescente, idoso e pessoas portadoras de deficiência. 
 
José Afonso da Silva12 propõe a divisão dos direitos sociais em: 
a) relativos aos trabalhadores 
Direito à saúde, à educação, à segurança social, ao desenvolvimento intelectual, o igual acesso das 
crianças e adultos à instrução, à cultura e garantia ao desenvolvimento da família, que estariam no título 
da ordem social. 
b) relativos ao homem consumidor 
Direitos relativos ao salário, às condições de trabalho, à liberdade de instituição sindical, o direito de 
greve, entre outros (CF, artigos 7º a 11). 
 
Princípio da Máxima Efetividade 
Segundo Paulo Bonavides, os direitos sociais tomaram corpo após expansão da ideologia e da reflexão 
antiliberal. O jurista adverte que tais direitos passaram por um “ciclo de baixa normatividade, ou tiveram 
eficácia duvidosa, em virtude de sua própria natureza de direitos que exigem do Estado determinadas 
prestações materiais nem sempre resgatáveis por exiguidade, carência ou limitação essencial de meios 
e recursos”.13 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 explicitou amplo rol de direitos sociais, tornando ainda mais 
relevante o tema de sua eficácia. De fato, apenas positivar direitos, reconhecê-los e apontar sua 
importância
não é suficiente; quanto maior a consagração formal de direitos sociais, maior a dificuldade 
de lhes garantir uma aplicação efetiva. 
Como se tratam de direitos a prestações, que envolvem um custo especial, deve-se refletir em que 
medida os direitos sociais, por força do disposto no § 1º, artigo 5º da CF, estão em condições de serem 
diretamente aplicáveis. Sem esquecer, aliás, que inexiste norma constitucional destituída de eficácia e 
aplicabilidade. 
Observa-se pela história que a obrigação de atender aos direitos sociais ditou ao Estado a expansão 
dos serviços públicos, especialmente dos anos vinte para frente. Hoje, em que pese o notável avanço, 
permanece válido discutir até que ponto o Estado deve dar o atendimento a esses direitos ou apenas 
amparar sua busca. 
Para Luís Roberto Barroso, “o intérprete constitucional deve ter compromisso com a efetividade da 
Constituição: entre interpretações alternativas e plausíveis, deverá prestigiar aquele que permita a 
atuação da vontade constitucional, evitando, no limite do possível, soluções que se refugiem no 
argumento da não aplicabilidade da norma ou na ocorrência de omissão do legislador”.14 
Esta aplicação imediata é o desejável. Todavia, seria utópico concluir que o Estado brasileiro, no seu 
atual estágio de evolução, poderia assegurar o pleno exercício dos direitos sociais a todos. 
Teresa Arruda Alvim Wambier destaca que “a plena e efetiva realização do ordenamento jurídico 
no plano social, embora, embrionariamente, já esteja concebida no plano normativo (em sentido 
amplo), depende de fatores econômicos, éticos e culturais”.15 Dissemina-se, no entanto, o raciocínio 
de que a aplicação desses direitos deve se pautar na máxima efetividade possível. 
 
Reserva do possível 
Segundo Ingo Wolfgang Sarlet16, a reserva do possível apresenta tríplice dimensão: 
a) efetiva disponibilidade fática dos recursos para a efetivação dos direitos fundamentais; 
b) a disponibilidade jurídica dos recursos materiais e humanos, que guarda íntima conexão com a 
distribuição de receitas e competências tributárias, orçamentárias; 
c) proporcionalidade da prestação, em especial no tocante à sua exigibilidade e, nesta quadra, também 
da sua razoabilidade. 
A reserva do possível, nas suas diversas dimensões, está ligada diretamente às limitações 
orçamentárias que o Estado possui. Para que se determine a razoabilidade de determinada prestação 
estatal é importante pensar no contexto: a saída adequada para “A” deve ser a saída adequada para 
todos os que se encontram na mesma situação que “A”. 
 
12 Idem. 
13 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 27ª ed. Atual. – São Paulo: Malheiros Editores, 2012, pp. 582-583. 
14 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. – São Paulo: 
Saraiva, 2011, p. 329. 
15 DIDIER JR, Fredie – Org. Ações Constitucionais. 6ª ed. Rev., ampl. E atual. – Salvador: Editora Juspodivm, 2012, p. 21. 
16 SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10ª ed. 
Rev. Atual. E ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, 287. 
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. 15 
Trata-se, também, de atenção ao princípio da isonomia, capitulado no artigo 5º da Constituição. 
Alguns autores denominam este princípio como a reserva do “financeiramente possível”, relacionando-
o com a necessidade de disponibilidade de recursos, principalmente pelo Estado, para sua efetiva 
concretização. 
Aponta-se este princípio como limitador de certas políticas públicas. Por exemplo, não seria possível 
a edição de uma lei para aumentar o valor do salário mínimo, se tal medida implicasse negativamente e 
de forma desastrosa nas contas da previdência social, outros gastos públicos. Certamente, medidas não 
razoáveis ou em desacordo com o momento e evolução históricos implicam resultados contrários à 
própria eficácia dos direitos. 
A cláusula da reserva do possível não pode servir de argumento, ao Poder Público, para frustrar e 
inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na própria Constituição. A noção de “mínimo 
existencial” é extraída implicitamente de determinados preceitos constitucionais (CF, art. 1º, III, e art. 3º, 
III), e compreende um complexo de prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir 
condições adequadas de existência digna, em ordem a assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito 
geral de liberdade e, também, a prestações positivas originárias do Estado, viabilizadoras da plena fruição 
de direitos sociais básicos. 
 
Mínimo existencial 
O mínimo existencial deve ser visto como a base e o alicerce da vida humana. Trata-se de um direito 
fundamental e essencial, vinculado à Constituição Federal, e não necessita de Lei para sua obtenção, 
tendo em vista que é inerente a todo ser humano. Como conceito de mínimo existencial, temos que se 
refere ao “conjunto de condições materiais essenciais e elementares cuja presença é pressuposto da 
dignidade para qualquer pessoa. Se alguém viver abaixo daquele patamar, o mandamento constitucional 
estará sendo desrespeitado”.17 
No caso de o Poder Público abster-se de cumprir, total ou parcialmente, o dever de implementar 
políticas públicas definidas no texto constitucional, transgride a própria Constituição.18 A inércia estatal 
configura desprezo e desrespeito à Constituição e, por isso mesmo, configura comportamento 
juridicamente reprovável. 
 
Vedação do retrocesso 
A vedação do retrocesso não está expressamente prevista no vigente texto constitucional, mas foi 
acolhida pela doutrina moderna. 
Esse princípio, no dizer de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, “visa a impedir que o legislador 
venha a desconstituir pura e simplesmente o grau de concretização que ele próprio havia dado às normas 
da Constituição, especialmente quando se trata de disposições constitucionais que, em maior ou menor 
escala, acabam por depender dessas normas infraconstitucionais para alcançarem sua pela eficácia e 
efetividade”.19 
Em síntese, não pode o legislador diminuir ou radicar os direitos humanos fundamentais, aqui inseridos 
os de segunda dimensão. Muito embora o constituinte originário tenha elevado à condição de cláusulas 
pétreas apenas os direitos e garantias individuais, a doutrina e a jurisprudência parecem corroborar o 
entendimento de ser legítima a manutenção de estabilidade nas conquistas dispostas na Carta Política. 
Não se trata de conferir imutabilidade às normas relativas a direitos sociais, mas segurança jurídica ao 
assegurar que os tais não sejam suprimidos, ou diminuídos em sua importância e alcance. 
Tal princípio vincula não só o legislador infraconstitucional, bem como o legislador constituinte 
derivado, ao elaborar Emendas à Constituição. 
 
Direitos sociais em espécie 
Educação: O direito à educação está tratado nos artigos 6º e 205 da Constituição Federal. Esse direito 
tem por sujeito passivo o Estado e a família. O Estado tem o dever de promover políticas públicas de 
acesso à educação de acordo com os princípios elencados na própria CF (art. 206), e, por expressa 
disposição, obriga-se a fornecer o ensino fundamental gratuito (art. 208, § 1º). 
 
17 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. – São Paulo: 
Saraiva, 2011, p. 202. Cf., a propósito, Ana Paula de Barcellos, A eficácia jurídica dos princípios constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa humana, 2002, 
p. 305: “Esse núcleo, no tocante aos elementos matérias da dignidade, é composto pelo mínimo existencial, que consiste
em um conjunto de prestações mínimas 
sem as quais se poderá afirmar que o indivíduo se encontra em situação de indignidade (...) Uma proposta de concretização do mínimo existencial, tendo em conta 
a ordem constitucional brasileira, deverá incluir os direitos à educação fundamental, à saúde básica, à assistência no caso de necessidade e ao acesso à justiça”. 
18 ADI 1.484/DF, Rel. Min. Celso de Mello. 
19 PAULO, Vicente. Resumo de direito constitucional descomplicado/Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. 6ª ed. – São Paulo: Método, 2012, p. 101. 
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Vale destacar, ainda, que o STF editou a súmula vinculante de número 12, para evitar a violação do 
disposto no artigo 206, IV da CF: “A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o 
disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal”. 
 
Saúde: Apenas em 1988 foi que a saúde passou a ser tratada, pela ordem constitucional brasileira, 
como direito fundamental. 
Gomes Canotilho e Vital Moreira sinalizam que o direito à saúde comporta duas vertentes: “uma, de 
natureza negativa, que consiste no direito a exigir do Estado (ou de terceiros) que se abstenha de 
qualquer ato que prejudique a saúde; outra, de natureza positiva, que significa o direito às medidas 
e prestações estaduais visando à prevenção das doenças e ao tratamento delas”.20 
 
Alimentação: Com voto favorável pelo Brasil, foi reconhecida pela comissão de Direitos humanos da 
ONU em 1993 como direito fundamental. A alimentação adequada está ligada à dignidade da pessoa 
humana, portanto, é dever do poder público adotar medidas necessárias para uma alimentação digna e 
nutritiva a toda população. 
 
Trabalho: O direito ao trabalho, isto é, de ter um trabalho ou de trabalhar, é o meio mais expressivo 
de se obter uma existência digna21, e está previsto na CF/88 como um direito social. 
Constitui um dos fundamentos do Estado democrático de Direito os valores sociais do trabalho (CF, 
artigo 1º, inciso IV), ademais, o artigo 170 da CF/88 funda a ordem econômica na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tudo a assegurar uma existência digna a todos, em atenção à justiça social. 
Nos termos do art. 22, I, da CF, compete privativamente à União legislar sobre direito do trabalho, não 
estando ela obrigada a utilizar-se de lei complementar para disciplinar a matéria, que somente é exigida, 
nos termos do art. 7º, I, da mesma Carta, para regrar a dispensa imotivada. 
 
Moradia: O direito à moradia não é necessariamente direito a uma casa própria, mas sim a um teto, 
um abrigo em condições adequadas para preservar a intimidade pessoal dos membros da família (art. 5, 
X e XI), uma habitação digna e adequada. 
Não há dúvidas de que a casa própria seria o meio mais efetivo de se concretizar o direito à moradia, 
todavia, esta não é a realidade social vigente. 
A própria impenhorabilidade do bem de família, levada a efeito pela Lei n° 8.009/90, encontra 
fundamento no artigo 6º da Constituição Federal. 
 
Transporte: Com o advento da Emenda Constitucional nº 90, de 15 de setembro de 2015, o transporte 
passou a figurar no rol dos direitos sociais. A inserção de um direito ao transporte guarda sintonia com o 
objetivo de assegurar a todos uma efetiva fruição de direitos (fundamentais ou não), mediante a garantia 
do acesso ao local de trabalho, bem como aos estabelecimentos de ensino, serviços de saúde e outros 
serviços essenciais, assim como ao lazer e mesmo ao exercício dos direitos políticos, sem falar na 
especial consideração das pessoas com deficiência (objeto de previsão específica no artigo 227, § 2º, 
CF) e dos idosos, resulta evidente e insere o transporte no rol dos direitos e deveres associados ao 
mínimo existencial, no sentido das condições materiais indispensáveis à fruição de uma vida com 
dignidade. 
 
Lazer: A Constituição dispõe, no § 3º do Artigo 217 que “o Poder Público incentivará o lazer, como 
forma de promoção social”. Tal direito está relacionado com o direito ao descanso dos trabalhadores, 
ao resgate de energias para retomada das atividades. 
Costuma-se condenar os empregadores que, entregando excessiva carga de trabalho ao empregado, 
retiram-lhe o intervalo interjornada de modo a inibir o convívio social e familiar, suprimindo a oportunidade 
de ócio, isto é, de tempo destinado ao lazer, garantida constitucionalmente. 
 
Segurança: A segurança tem o condão de conferir garantia ao exercício pleno, e tranquilo, dos demais 
direitos e liberdades constitucionais. Na dimensão de direito social está intimamente relacionada com o 
conceito de segurança pública, tratada no artigo 144 da Constituição Federal. 
Ensina José Afonso da Silva que segurança “assume o sentido geral de garantia, proteção, 
estabilidade de situação ou pessoa em vários campos, dependente do adjetivo que a qualifica (...) A 
 
20 Apud José Afonso da Silva, Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., atual. Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros 
Editores, 2012, p. 188. 
21 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., atual. Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros Editores, 
2012, p. 189. 
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segurança pública consiste numa situação de preservação ou restabelecimento dessa convivência social 
que permite que todos gozem de seus direitos e defesa de seus legítimos interesses”.22 
O STF afirmou que o direito à segurança “é prerrogativa constitucional indisponível, garantido mediante 
a implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a obrigação de criar condições objetivas que 
possibilitem o efetivo acesso a tal serviço. É possível ao Poder Judiciário determinar a implementação 
pelo Estado, quando inadimplente, de políticas públicas constitucionalmente previstas, sem que haja 
ingerência em questão que envolve o poder discricionário do Poder Executivo.”23 
 
Previdência social: No texto constitucional, estão previstas prestações previdenciárias de dois tipos: 
os benefícios, que são prestações pecuniárias para a) aposentadoria por invalidez (CF, art. 201, I), por 
velhice e por tempo de contribuição (CF, art. 201, § 7º) b) nos auxílios por doença, maternidade, reclusão 
e funeral (art. 201, I, II, IV e V); c) no salário-desemprego (artigos 7º, II, 201, II, e 239); d) na pensão por 
morte do segurado (art. 201, V). 
Os serviços que são prestações assistenciais: médica, farmacêutica, odontológico, hospitalar, social e 
de reeducação ou readaptação profissional. 
 
Proteção à maternidade e à infância: Tal direito está inserido como direito previdenciário (artigo 201, 
II), e como direito assistencial (artigo 203, I e II). Destaca-se, também, no artigo 7º, XVIII da CF a previsão 
de licença à gestante. 
 
Assistência aos desamparados: A Constituição Federal estabelece que a assistência social será 
prestada aos necessitados, independentemente contribuírem ou não com a previdência social. 
 
Questões 
 
01. (IF/PA - Assistente em Administração - FUNRIO/2016) Constituem direitos sociais conforme 
Constituição Federal de 1988, dentre outros, os seguintes: 
(A) a religião, o lazer e a segurança. 
(B) o voto, a cultura e a integração nacional. 
(C) o trabalho, a moradia e a segurança. 
(D) a igualdade tributária, a cultura e a segurança. 
(E) a cultura, a religião e o transporte. 
 
02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2016) Sobre a disciplina constitucional dos direitos 
sociais, assinale a alternativa CORRETA. 
(A) A assistência gratuita aos filhos e dependentes é garantida desde o nascimento até oito anos de 
idade em creches e pré-escolas. 
(B) É garantido seguro contra acidentes de trabalho,

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