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Planejamento e Políticas Ambientais W B A 0 14 9 _v 1. 0 2/222 Planejamento e Políticas Ambientais Autor: Prof. Dr. Ronaldo Tavares de Araujo Como citar este documento: ARAUJO, Ronaldo Tavares. Planejamento e políticas ambientais. Valinhos: 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes Assista a suas aulas 05 20 Unidade 2: Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade Assista a suas aulas 28 48 Unidade 3: Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental Assista a suas aulas 56 79 Unidade 4: Temáticas e Temas Usados em Planejamento Ambiental Assista a suas aulas 88 103 Unidade 5: Indicadores Ambientais e Planejamento Assista a suas aulas 111 132 Unidade 6: Política e Gestão Ambiental Assista a suas aulas 140 157 Unidade 7: Política e Planejamento Territorial Assista a suas aulas 165 186 Unidade 8: Novas Tendências de Planejamento, Política e Sustentabilidade Assista a suas aulas 195 2142/222 3/222 Apresentação da Disciplina Desde a antiguidade, a organização do espaço, neste caso entendida como formas de planejamento, é instintiva para o coletivo humano que se propõe a viver em estado gregário, sob objetivos e normas comuns. No processo de gestão ambiental, assim como na nossa vida cotidiana, o planejamento se torna imprescindível, uma vez que, estamos sempre planejando tudo que fazemos com vistas a alcançar o resultado almejado. Assim, os assuntos que iremos discutir aqui, embora contextualizados para à gestão ambiental, poderão ser utilizados em diversos contextos profissionais e pessoais. Assim, esta disciplina foi estruturada para atender às necessidades de profissionais de diversas áreas do conhecimento capazes de unir conhecimentos ambientais complexos para a tomada de decisões estratégicas dentro das organizações, pois sabemos que no atual mundo competitivo só vão se sobressair aqueles que estiverem preparados para fazer boas escolhas e é esta a proposta que essa disciplina traz àqueles que a cursarem. Neste contexto, é possível afirmar que a questão ambiental neste século se apresenta como tema central das agendas governamentais e empresariais em escala global e coloca à toda sociedade o desafio da sustentabilidade. Este desafio relaciona-se integralmente à manutenção das funções ambientais que os 4/222 ecossistemas proporcionam à humanidade desde sua origem. Observa-se que os “bens e serviços” proporcionados pelos ecossistemas naturais e seminaturais não têm sido considerados nas tomadas de decisões sobre o uso da terra, determinando que tanto as grandes com as pequenas áreas naturais, isoladas entre os sistemas culturais predominantes na paisagem, sejam relegadas e modificadas na perspectiva de ganhos econômicos a curto e médio prazo. Nessa perspectiva, o sistema econômico, nas várias tendências políticas, tem valorizado prioritariamente os aspectos culturais em detrimento dos recursos naturais. Desta forma, visando assegurar a sustentabilidade local e regional e, portanto, a sobrevivência e o bem-estar das gerações atuais e futuras, torna-se indispensável elaborar o planejamento do desenvolvimento local e regional considerando as dimensões da sustentabilidade. Assim, o procedimento de planejar as ações deve objetivar o aumento do conhecimento sobre a importância dos sistemas ambientais e conscientizar o homem sobre suas funções, além da fundamental tarefa de incorporar informações ambientais no processo de planejamento e tomada de decisão. Portanto, trazemos para esta disciplina os principais conceitos e aprendizados já desenvolvidos sobre o tema por importantes especialistas da área que serão apresentados de forma sintética, prática e pronta para você, aluno, desenvolver as competências necessárias para se tornar um grande gestor ambiental. 5/222 Unidade 1 A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes Objetivos 1. Identificar como os paradigmas dominantes e alternativos alteram as questões ambientais. 2. Compreender o contexto histórico de desenvolvimento e importância das questões ambientais no Brasil e no mundo. 3. Entender como a gestão ambiental pode ser considerada um novo paradigma. Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes6/222 Introdução Provavelmente você já ouviu falar que a relação do homem com a natureza quase nunca foi desenvolvida de forma harmoniosa e que o poder e, consequentemente, a responsabilidade que o homem tem sobre a natureza é que podem responder pelo surgimento dos grandes problemas ambientais atuais, aqui tratados como questões ambientais, e também como deverá controlá-los da melhor forma possível, utilizando-se de novos paradigmas, ou seja, uma nova ética a seu favor. Entendendo, assim, a ética ambiental como sendo tão ou mais importante quanto a ética humana, impondo à humanidade grande responsabilidade, neste tempo onde o poder é extremo. Desta forma, as questões ambientais devem se transformar numa questão ideológica, buscando explicações e “soluções” nas ciências, filosofia e cultura, considerando que as modificações naturais atuais ocorrem de forma acelerada pelo forte impacto das modernas tecnologias. 1. Paradigmas do Desenvolvimento Neste texto, será utilizada historicamente a Revolução Industrial como o ponto de partida das grandes alterações de origem antrópica no meio ambiente para assim definir o paradigma dominante. Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes7/222 Nesta época, de acordo com Possamai (2010), o antropocentrismo teve início e assim a figura humana passou a ser o centro de referência de nossos pensamentos e ações. Este fato causou grande mudança na perspectiva filosófica e cultural que antes era centrada em Deus, passando assim a ser centrada no homem. Com isso, consolidou-se a ideia de que, com advento e o progresso da razão, o homem se tornaria cada vez melhor e cada vez mais perfeito. Para saber mais A Revolução Industrial que teve seu início entre os séculos XVIII e XIV foi não apenas um surto de inovações técnicas, mas um reordenamento nas formas de organização da produção, com novos mecanismos de exploração do trabalho e controle social do trabalhador, e tendo como consequência uma das mudanças econômicas mais profundas pela qual passou a espécie humana. Disponível em: <http:// guiadoestudante.abril.com.br/estudar/ pergunte-professor/saiba-mais-revolucao- industrial-685882.shtml>. Acesso em: 11 jun. 2015. Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes8/222 Link Assista ao vídeo A História das Coisas. <https://www.youtube.com/ watch?v=7qFiGMSnNjw>. Acesso em: 11 jun. 2015. Desta teoria surge a desvalorização de todas as outras espécies do planeta e a degradação ambiental, já que a natureza existe para ser controlada e utilizada por nós, seres humanos. Com o surgimento da Revolução Industrial, segundo Almeida, et al. (2008), aprofundam-se as transformações econômicas, sociais, políticas e culturais na humanidade. Nos estados-nações que compõem o eixo da economia mundial, o modelo produção-capital baseia- se na pilhagem do sistema natural. O sistema econômico, comandado pela alta burguesia, imprime o ritmo do sistema produtivo, operado pela massa proletariada. Para o autor, ainda, a forma de “operação deste super sistema” considera a natureza como amplas e inesgotáveis reservas de matéria-prima e energia. Entendem, também, que o sistema natural é completamente apto e capaz de assimilar e processar todas as formas de poluição de correntes das atividades produtivas e urbanas. Unidade 1 • A Questão Ambiental e os ParadigmasContrastantes9/222 Assim, a partir dos escritos a seguir, você, aluno, compreenderá como os sistemas econômicos, produtivos e, por conseguinte ambientais estão fortemente ligados, podendo, a partir desta análise, traçar os paradigmas dominantes e alternativos presentes na sociedade até o momento de identificar a gestão ambiental como um novo paradigma. O sistema econômico funciona interativamente com o sistema produtivo. Para saber mais O sistema econômico capitalista começou a se fortalecer após a Revolução Industrial. Esse sistema é caracterizado por fortalecer a ideia de individualismo. Uma das principais ideias do capitalismo é a de que o indivíduo só precisa dele mesmo para crescer e obter sucesso. Adam Smith, que era um economista escocês e é considerado o pai do capitalismo, defendia o liberalismo econômico, era contra a intervenção do Estado na economia. Smith acreditava que o homem capitalista tinha a liberdade econômica e que pelo trabalho e por suas relações sociais poderia obter a riqueza material. (Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/administracao/artigos/52469/o-sistema- economico-capitalista#ixzz3cpihAh4r>). Acesso em: 11 jun. 2015. Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes10/222 Para saber mais O sistema produtivo (sistema fabril mecanizado), isto é, as fábricas passaram da simples produção manufaturada para a complexa substituição do trabalho manual por máquinas. Essa substituição implicou na aceleração da produção de mercadorias, que passaram a ser produzidas em larga escala. Essa produção em larga escala, por sua vez, exigiu uma demanda cada vez mais alta por matéria- prima, mão de obra especializada para as fábricas e mercado consumidor. Tal exigência implicou, por sua vez, também na aceleração dos meios de transporte de pessoas e mercadorias. Era necessário o encurtamento do tempo que se percorria de uma região à outra para escoar os produtos. (Disponível em: <http://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/revolucao-industrial.htm>). Acesso em: 11 jun. 2015. Há uma retroalimentação positiva, consequentemente o sistema produtivo gera bens, que são absorvidos e impulsionam o sistema econômico no sentido de gerar capitais que pagam por esses bens. Por sua vez, o sistema produtivo para atender à demanda, cada vez maior, do sistema econômico tem requerido e exaurido mais recursos do sistema natural (ecossistemas), deixando de haver compensação para o funcionamento de recursos básicos gerados pelo sistema natural. Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes11/222 Para saber mais sistema natural (ecossistemas), significa o sistema onde se vive, o conjunto de características físicas, químicas e biológicas que influenciam a existência de uma espécie animal ou vegetal. É uma unidade natural constituída de parte não viva (água, gases atmosféricos, sais minerais e radiação solar) e de parcela viva (plantas e animais, incluindo os microrganismos) que interagem ou se relacionam entre si, formando um sistema estável. Os ecossistemas são divididos em ecossistemas terrestres e ecossistemas aquáticos. (Disponível em: <http://www.significados.com.br/ecossistema/>). Acesso em: 11 jun. 2015. Os bens de consumo, produzidos pelo sistema produtivo à custa do sistema natural estabelecem uma linha de aproximação, onde os sistemas produtivo e econômico são compensados por bens e capital. Ao sistema natural, espoliado pela extração de recursos, somam-se ainda mazelas da poluição nas suas mais variadas formas. Assim, é possível que você identifique e possivelmente concorde com o Almeida et al (2008), que a otimização da economia de Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes12/222 escala fica na dependência da capacidade de apropriação do sistema produtivo. Este modelo de desenvolvimento apresenta problemas na base energética de sustentação da produção. Estabelecida a crise energética, o efeito de consecução afeta o custo da produção de bens e a circularidade mercadológica dos bens- capitais. Assim, a crise econômica retroalimenta então a crise enérgica, surgindo a crise ambiental desencadeada a partir da implantação do modelo econômico vigente, esta crise se incorpora às outras duas, formando um complexo interativo com retroalimentação positivo, no sentido do aumento da crise estrutural, demonstrada na figura 1. Figura 1 - Demonstração da crise estrutural (ambiental, energética e econômica) Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes13/222 1.1. As questões ambientais e o processo de gestão ambiental como novo paradigma A questão ambiental deve, portanto, se transformar, segundo Almeida et al. (2008), numa questão ideológica, frequentada pela ciência, pela política, pela filosofia e pela cultura, fazendo com que possamos diagnosticar basicamente dois paradigmas, sendo um dominante e outro alternativo, como apresentado na figura 2. Figura 2 - Valores, paradigmas dominante e paradigma alternativo Fonte: Adaptado de: Almeida et al. (2008) Neste momento, depois desta leitura, você aluno, pode estar se perguntando: “Mas afinal o que é um paradigma? E como a gestão ambiental pode ser tornar um paradigma”? Vamos fazer a compreensão em conjunto? Na atualidade, podemos Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes14/222 pontuar a produção e distribuição igualitária de alimentos, geração de empregos, redução da pobreza, aumento e diversificação das matrizes energéticas, abastecimento e disponibilização de água de qualidade e em quantidade suficiente, a perda da integridade dos ecossistemas, incluindo a perda da biodiversidade como problemas fundamentais para o desenvolvimento humano (ARAUJO, 2008). Já os paradigmas dominantes na sociedade, tendo seu início no período da Revolução Industrial, corroboraram para existência das questões ambientais globais deste século, tornam obrigatório à humanidade pensar e implantar sistemas capazes de, ao menos, minimizar os impactos destes paradigmas. Link Leia o artigo “A posição do ser humano no mundo e a crise ambiental contemporânea” e analise como o paradigma dominante se relaciona com o papel do homem no surgimento das questões ambientais. Autoria: Fábio Valenti Possamai, 2010. Disponível em: <http://www. unesco.org.uy/ci/fileadmin/shs/redbioetica/ revista_1/Valenti.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2015. Desta forma, para Philippi (2014), o processo de Gestão Ambiental pode ser considerado um novo paradigma, pois este se inicia quando se promovem adaptações Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes15/222 ou modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas. Para saber mais Gestão ambiental é um sistema de administração empresarial que enfatiza a sustentabilidade. Desta forma, a gestão ambiental visa ao uso de práticas e métodos administrativos para reduzir ao máximo o impacto ambiental das atividades econômicas nos recursos da natureza. Disponível em: <http:// www.portaleducacao.com.br/administracao/artigos/15412/gestao-ambiental-definicao-e- aplicacao-pratica#ixzz3cpnSs8XH> Acesso em: 11 jun. 2015. Neste aspecto, a maneira de gerir a utilização desses recursos é o fator que pode acentuar ou minimizar os impactos. Esse processo de gestão fundamenta-se em três variáveis: a diversidade dos recursos extraídos do ambiente natural, a velocidade de extração desses recursos, que permite ou não a sua reposição, e a forma de disposição e tratamento dos seus resíduos e Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes16/222 efluentes. Assim, a somatória dessas três variáveis e a maneira de geri-las defineo grau de impacto do ambiente urbano sobre o ambiente natural. Glossário Antropocentrismo: ué a filosofia que considera o homem como o centro do universo. Paradigma: é um termo com origem no grego “paradeigma” que significa modelo, padrão. No sentido lato corresponde a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. São as normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites. Questão reflexão ? para 17/222 Como você viu, o conceito de paradigma pode ser alterado pela ação do homem. A existência de paradigmas dominantes e alternativos em uma sociedade é a clara possibilidade do espaço para escolhas e responsabilidades do homem frente às principais questões ambientais existentes na atualidade, possibilitando assim o surgimento da gestão ambiental como novo paradigma das relações sociais, produção e natureza. Reflita sobre o conceito de paradigma e sua relação com a globalização pela leitura do artigo “O paradigma ambiental na globalização neoliberal: da condição crítica ao protagonismo de mercado” de autoria de Fernando Pinto Ribeiro (2012), disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?pid=S1982-45132012000200004&script=sci_arttext>. Acesso em: 11 jun. 2015, e faça uma pequena resenha de até cinco páginas e entregue ao professor presencial. 18/222 Considerações Finais O poder e consequentemente a responsabilidade que a humanidade tem sobre a natu- reza podem responder ao surgimento dos grandes problemas ambientais atuais (ques- tões ambientais). Paradigma deve ser compreendido com padrão, forma, e assim condição de livre arbítrio de escolha da sociedade, tornando-se dominante ou alternativo. A gestão ambiental, ao promover adaptações ou modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas, torna-se uma nova forma de paradigma do qual a sociedade pode se apoderar com vistas a minimizar ou resolver as questões ambientais. Unidade 1 • A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes19/222 Referências ALMEIDA, J.R.; et al. Política e planejamento ambiental. 3. ed. 2. Reimpressão. Rio de Janeiro: Thex. 2008. 480p. ARAUJO, R.T. de. Zoneamento ecológico-econômico do município de Santa Cruz da Conceição – SP: uma proposta conceitual de planejamento para a sustentabilidade local. São Carlos: UFSCar, Tese de Doutorado. 2008. 95p. PHILIPPI JR. A.; ROMERO, M. A.; BRUNA, G.C. Curso de gestão ambiental. 2. ed. Barueri, SP: Ed. Manole, 2014. 1.250p. POSSAMAI, F.V. A posição do ser humano no mundo e a crise ambiental contemporânea. 2010. Disponível em: <http://www.unesco.org.uy/ci/fileadmin/shs/redbioetica/revista_1/Valenti. pdf>. Acesso em: 11 jun. 2015. 20/222 Aula 1 - Tema: A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes – Parte I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 06f9c45513fb120da6e7d6a67b4f295d>. Aula 1 - Tema: A Questão Ambiental e os Paradigmas Contrastantes– Parte II. Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/30c- f2ee7c9ccb25000747a7c1cbc1a3c>. Assista a suas aulas 21/222 1 - Qual o motivo para as questões ambientais se transformarem numa questão ideológica? a) Pelo fato das mudanças ambientais globais estarem mudando de forma natural. b) Pelo fato das mudanças ambientais globais estarem mudando de forma digital. c) Pelo fato das mudanças ambientais globais serem inibidas pelo uso da tecnologia. d) Pelo fato das mudanças ambientais globais serem aceleradas pelo avanço tecnológico moderno. e) Pelo fato das mudanças ambientais globais serem causadas pelo avanço científico e filosófico. Questão 1 22/222 2 - O antropocentrismo inserido no contexto da Revolução Industrial pode ser entendido pela: a) Expressão da figura humana ter passado a ser o centro de referência de nossos pensamentos e ações. b) Expressão racional ter passado a ser o centro de referência de nossos pensamentos e ações. c) Expressão da indústria ter passado a ser o centro de referência de nossos pensamentos e ações. d) Expressão divina ter passado a ser o centro de referência de nossos pensamentos e ações. e) Expressão ambiental ter passado a ser o centro de referência de nossos pensamentos e ações. Questão 2 23/222 3 - Qual os três sistemas que se interagem e podem dar explicação para o surgimento da crise estrutural? a) Econômico, Energético e Racional. b) Racional, Ambiental e Energético. c) Produtivo, Econômico e Natural. d) Produtivo, Econômico e Energético. e) Econômico, Natural e Racional. Questão 3 24/222 4 - Os seguintes itens: “a produção e distribuição igualitária de alimen- tos, geração de empregos, redução da pobreza, aumento e diversificação das matrizes energéticas, abastecimento e disponibilização de água de qualidade e em quantidade suficiente”, estão relacionados com: a) Problemas alternativos para o desenvolvimento humano. b) Problemas fundamentais para o desenvolvimento humano. c) Paradigmas alternativos da humanidade. d) Paradigmas dominantes da humanidade. e) Itens dos sistemas econômicos e produtivos. Questão 4 25/222 5 - A gestão ambiental é descrita como um novo paradigma para o al- cance da sustentabilidade. Tendo o conceito de paradigma como orien- tação da sua resposta assinale a alternativa correta. a) A gestão ambiental é a ponte entre o antropocentrismo e o geocentrismo. b) A gestão ambiental se inicia quando se promovem adaptações ou modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas. c) A gestão ambiental promove a mudança de visão de mundo favorecendo o ser humano em detrimento do meio ambiente. d) A gestão ambiental, assim como a definição de paradigma, explica o surgimento da sustentabilidade. e) A gestão ambiental favorece o aparecimento dos paradigmas dominantes e alternativos de sustentabilidade. Questão 5 26/222 Gabarito 1. Resposta: D. É notório o fato das alterações no meio ambiente ocorridas desde a Revolução Industrial serem causadas pelo homem e acelerada nas últimas décadas pelo avanço tecnológico moderno e desta forma, enseja a necessidade de as questões ambientais serem tratadas de forma ideológica, ou seja, qual a ideia e direção que a sociedade deseja ter frente aos impactos destes avanços tecnológicos e os impactos negativos para o meio ambiente. 2. Resposta: A. Na época da Revolução Industrial deu-se início à super valoração do ser humano frente aos aspectos da natureza. A figura humana passou a ser o centro de referência de nossos pensamentos e ações; este fato causou grande mudança na perspectiva filosófica e cultural que antes era centrada em Deus, passando assim a ser centrada no homem. 3. Resposta: C. Os sistemas econômicos, produtivos e, por conseguinte ambientais estão fortemente ligados. A ocorrência de um desarranjo estrutural em qualquer um destes sistemas, causa a denominada crise estrutural. Este modelo de desenvolvimento apresenta problemas na base energética de sustentação da produção. Estabelecida a 27/222 Gabarito crise energética, o efeito de consecução afeta o custo da produção de bens e a circularidade mercadológica dos bens- capitais. Assim, a crise econômica retroalimenta então a crise enérgica, surgindo a crise ambiental desencadeada a partir da implantação do modelo econômico vigente, esta crise se incorpora às outras duas, formando um complexo interativo com retroalimentação positivo, no sentido do aumento da crise estrutural. 4. Resposta: B. Para que sejapossível a sustentabilidade, se faz necessário conhecer inicialmente quais os problemas que impede a sustentabilidade e resolver estes, promovendo a igualdade no acesso aos recursos naturais e assim, por sua vez, aos recursos produtivos e econômicos. Portanto, os itens apresentados na questão compõem necessariamente os problemas fundamentais para o desenvolvimento humano. 5. Resposta: B. De acordo com Philippi (2014), o processo de Gestão Ambiental pode ser considerado um novo paradigma, pois este se inicia quando se promovem adaptações ou modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas. 28/222 Unidade 2 Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade Objetivos 1. Identificar como o debate em torno do modelo de desenvolvimento mundial no século XX deu início à preocupação das questões ambientais e à sustentabilidade no Brasil e no mundo. 2. Compreender o termo sustentabilidade inserido no contexto do atual século e os desafios de sua integração junto à sociedade. 3. Entender o planejamento ambiental como um dos principais instrumentos indutores da sustentabilidade na sociedade. Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade29/222 Introdução Muitas vezes você se depara com algumas perguntas com respostas difíceis de serem encontradas, não é mesmo? Talvez algumas delas sejam: o ser humano sempre se preocupou com o meio ambiente? Porque falamos e nos preocupamos com a sustentabilidade hoje em dia? Tais respostas, nos obrigam a pesquisar como foi o desenvolvimento histórico destas questões e quais os seus contextos para chegar a tal preocupação nos dias atuais. Portanto, você está convidado a entrar nesta viagem do conhecimento dos principais fatos históricos ambientais do século XX. Para saber mais Smog é o termo usado para definir o acúmulo da poluição do ar nas cidades, que forma uma grande neblina de fumaça no ambiente atmosférico próximo à superfície. A palavra smog, aliás, é justamente a junção das palavras smoke (fumaça) e fog (neblina). Esse fenômeno prejudica a qualidade do ar e também diminui a visibilidade nos ambientes urbanos. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/ geografia/smog.htm>. Acesso em: 11 jun. 2015. Paralelamente nos Estados Unidos, nas décadas de 1950 e 1960, o planejamento econômico ganhava importância sob a visão de crescimento econômico baseado Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade30/222 no PIB (Produto Interno Bruto), sem considerar as questões ambientais e sociais nestes planejamentos. Neste mesmo período, o debate sobre a necessidade de se exigir os estudos de impacto ambiental das grandes obras estatais, tanto no continente europeu quanto no americano tomaram corpo, fazendo com que as universidades retomassem a visão holística e integradora do meio, considerando as ações humanas como parte do processo de avaliação. Nesta realidade, que se transformava lentamente, é que os princípios de planejamento das cidades e do campo foram incorporando o quesito “questões ambientais”. A publicação do livro Primavera Silenciosa da americana Raquel Carson, em 1962, teve importante papel na conscientização da sociedade em relação aos riscos e comprometimento da qualidade do meio ambiente e seus efeitos na saúde humana. Carson aborda a magnificação biológica de moléculas de inseticidas sintéticos clorados, demonstrando que agrotóxicos utilizados nas doses recomendadas poderiam se concentrar na cadeia alimentar, causando problemas aos organismos que ocupam níveis mais elevados da escala trófica, entre eles o ser humano (PHILIPPI JR., 2014). Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade31/222 Link Assista ao vídeo: Dia da Terra - Earth Days - Parte 3 de 12 <https://www.youtube.com/watch?v=GK- Xyc9Wo3Q> Assim, no final da década de 1960 ocorreu uma releitura dos fundamentos conceituais de desenvolvimento, gerada por diversas causas histórico-políticas. Os países subdesenvolvidos estavam sempre muito longe dos padrões do Primeiro Mundo e a ênfase na mentalidade voltada para o consumo provocava consequências graves, tais como poluição, desigualdade social, aumento da criminalidade e insatisfações da sociedade. Ganha destaque a ideia de não haver um modelo único de desenvolvimento, sendo o melhor aquele que a própria sociedade decide, com satisfação de suas necessidades, segundo suas condições e sua representatividade social. Surgiram modelos alternativos de desenvolvimento, considerando benefícios desvinculados do aspecto puramente econômico – como qualidade de vida físico-mental, conforto, higiene, educação –, bem como características negativas do chamado “mundo desenvolvido”, como poluição e degradação ambiental (SANTOS, 2007). Na visão da mesma autora, aquelas antigas premissas de planejamento, com base Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade32/222 Para saber mais O Clube de Roma é uma organização independente, sem fins lucrativos. A função do Clube de Roma é debater as causas principais dos retos e as crises que o mundo enfrenta atualmente: o nosso conceito atual de crescimento, desenvolvimento e globalização. Disponível em: <https://www. portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/ biologia/o-clube-de-roma-1972/20122>. Acesso em: 11 jun. 2015. em definições econômicas e de caráter setorial, não mais serviam como referência indiscutível. Exigiam-se planejamentos mais abrangentes, dinâmicos, preocupados com avaliações de impacto ambiental. Não mais se admitia usar como sinônimos: desenvolvimento econômico e crescimento econômico, qualidade de vida e padrão de vida. Países subdesenvolvidos que haviam alcançado um significativo crescimento de seu PIB ainda conservavam um grande número de indivíduos sem acesso aos serviços sociais básicos (saúde, educação, nutrição), desvinculando a correlação entre crescimento econômico e bem-estar social. Em continuidade, Santos (2007) relata que os estudiosos na área ambiental são unânimes em afirmar que o marco das preocupações do homem moderno com o meio ambiente, incorporando questões sociais, políticas, ecológicas e econômicas com o uso racional dos recursos, deu-se em 1968, com o Clube de Roma. Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade33/222 Essa foi uma reunião de diversos países e de diversas áreas do conhecimento: biológica, econômica, social, política e industrial. Reuniram-se para discutir o uso dos recursos naturais e o futuro da humanidade. O relatório final chamado “Limites de Crescimento” abalou as convicções da época sobre o valor do desenvolvimento econômico e a sociedade passou a fazer maior pressão sobre os governos acerca da questão ambiental. Essa reunião foi o motivo impulsor para que, em 1969, os EUA elaborassem NEPA (National Environmental Policy Act), uma legislação que exigia considerações ambientais no planejamento e nas decisões sobre projetos de grande escala. Seguiram-se ao NEPA diversas legislações, em outros países, com considerações ambientais. Considerando os vários marcos históricos referentes a temas de interesse ambiental, após o “Limites de Crescimento” foram realizadas diversas conferências que passaram a discutir a questão ambiental. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, no ano de 1972, foi considerada a primeira grande reunião mundial sobre o tema e se transformou no marco histórico mais conhecido sobre a discussão ambiental até então. Na reunião de Estocolmo criou-se o PNUMA (Programadas Nações Unidas para o Meio Ambiente), com o objetivo de gerenciar as atividades de proteção ambiental, e o Fundo Voluntário Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade34/222 para o Meio Ambiente. Destaca-se ainda a consolidação do conceito de eco desenvolvimento, que nos anos seguintes foi considerado característico de um modelo ambiental extremista, ensejando a construção da nova terminologia “desenvolvimento sustentável”, que seria considerada uma proposta mais conciliadora e que, a partir daí muitos governos estimularam suas políticas ambientais em seus respectivos centros, tendo como consequência o início dos planejamentos estruturados nesta nova ordem. Já na década de 1980, com a criação da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), coordenada pela Primeira Ministra da Noruega Gro Brundtland, foi apresentado ao mundo em 1987 o Relatório “Nosso Futuro Comum” ou Relatório Brundtland, que oficializou o termo desenvolvimento sustentável. Neste documento foram apontadas as várias crises globais (como energia e camada de ozônio) e destacadas a extinção de espécies e o esgotamento de recursos genéticos. Reforçou-se ainda, o debate sobre o fenômeno da erosão induzida e a perda de florestas. Estas eram as bases a serem consideradas em futuros planejamentos, já adjetivadas nessa década como ambientais (SANTOS, 2007), (PHILIPPI JR, 2014). Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade35/222 Link Gro Brundtland é uma diplomata norueguesa, líder internacional na área do desenvolvimento sustentável e da saúde pública. Primeira mulher a chefiar o governo da Noruega, voltando a ocupar o cargo em outras duas ocasiões, é enviada especial das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, sendo uma das responsáveis por estabelecer o diálogo internacional com governos e organizações para o estabelecimento de um tratado pós-Protocolo de Kyoto. Gro Brundtland integra o The Elders, grupo fundado por Nelson Mandela, que reúne grandes líderes globais que trabalham em conjunto pela paz e pelos Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.fronteiras.com/ conferencistas/gro-harlem-brundtland>. Acesso em: 11 jun. 2015. A Conferência Rio-92, vinte anos após o Encontro de Estocolmo, uniu 178 nações para debater temas voltados à conservação ambiental, à qualidade de vida na Terra e à consolidação política e técnica do desenvolvimento sustentável. Dos documentos finais produzidos pela conferência o que mais mereceu destaque mundial foi a Agenda 21, em que, dentre os seus Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade36/222 quarenta capítulos, o Capítulo 7 faz referência particular para o planejamento rural e urbano, recomendando a avaliação das atividades humanas, do uso da terra e a orientação desejada dos espaços dentro dos preceitos de desenvolvimento sustentável, desdobrado em sustentabilidade econômica, social, ambiental, política e cultural. Assim, a nova ordem para o planejamento estava documentada. Após a Rio-92 foram realizados diversos encontros mundiais para discussão da sustentabilidade, com destaque para as: Rio+5 (Nova York), Reunião de Quioto, no Japão, que deu origem ao Tratado de Quioto que visa diminuir a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, entretanto com baixo impacto mundial ainda; a Rio+10 (África do Sul) com a integração do saneamento ambiental nas discussões e Rio+20 (Rio de Janeiro), cujos resultados ainda não podem ser sentidos na prática (SANTOS, 2007), (PHILIPPI JR, 2014). Link A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Disponível em: <http://www.mma. gov.br/responsabilidade-socioambiental/ agenda-21>. Acesso em: 11 jun. 2015. Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade37/222 Link O Protocolo de Quioto constitui um tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Criado em 1997, definiu metas de redução de emissões para os países desenvolvidos, responsáveis históricos pela mudança atual do clima. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/ clima/convencao-das-nacoes-unidas/ protocolo-de-quioto>. Acesso em: 11 jun. 2015. Atualmente, nos países em desenvolvimento, a alternativa encontrada nos planejamentos é aplicar um ou alguns princípios da Agenda 21 local como o ideário de desenvolvimento sustentável. 1.1. Reflexos do debate mundial sobre a prática da sustentabili- dade no Brasil Neste momento, após compreender o contexto histórico em que se desenvolveu o conceito de sustentabilidade no mundo, você pode estar indagando: “Mas e o Brasil nessa história? Qual a importância da sustentabilidade para o país? Quando o debate mundial sobre as questões ambientais já estava em pleno desenvolvimento, o Brasil vivia seu período de expansão econômica alavancando o seu parque industrial e como consequência aumentando os níveis de poluentes. Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade38/222 Somente no início dos anos 1980 que o Brasil se inseriu neste debate, com a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei n° 6.938/81), uma verdadeira “carta de intenções” em relação à conservação do meio, mas que mesmo assim foi a responsável pela criação do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente), formulando diretrizes de avaliação de impactos, planejamento e gerenciamento, de zoneamento ambientais, usando como unidades de planejamento as bacias hidrográficas. Para saber mais O zoneamento ambiental, como uma ferramenta de planejamento integrado aparece como uma solução possível para o ordenamento do uso racional dos recursos, garantindo a manutenção da biodiversidade, os processos naturais e serviços ambientais ecossistêmicos. Esta necessidade de ordenamento territorial faz-se necessária frente ao rápido avanço da fronteira agrícola, a intensificação dos processos de urbanização e industrialização associados à escassez de recursos orçamentários destinados ao controle dessas atividades. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas/ zoneamento-ambiental>. Acesso em: 11 jun. 2015. Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade39/222 Foi a primeira vez que, explicitamente, surgiu uma proposta de planejamento ambiental no Brasil, como forma de orientação de ordenamento territorial. A lei era densa e se baseava em concepções modernas de avaliação e gerenciamento do espaço. Esse documento inspirou muitos trabalhos voltados a planos de bacias hidrográficas (SANTOS, 2007). Na década de 1990, o planejamento ambiental foi incorporado aos planos diretores municipais. Foi a partir desses trabalhos que se obtiveram as informações mais contundentes sobre qualidade de vida, desenvolvimento sustentável, sociedade e meio ambiente, promovidas pela preocupação com o ser humano. Em 1997 foi estabelecida a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n° 9.433/97), já em 1998 foi sancionada a Lei de Crimes Ambientais (Lei n° 9.795/98) e em 1999 por meio da Lei n° 9.795/99, se estabeleceu a Política Nacional de Educação Ambiental. No ano de 2000, foi promulgada a Lei n° 9.985/00, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Em 2001, a Lei n° 10.257/01, conhecida como Estatuto das Cidades, estabelece diretrizes gerais da política urbana, que é uma política descentralizadora e participativa,no sentido de que as comunidades devem participar das decisões sobre suas áreas de vivência, sua comunidade, bairro ou município. Verifica-se, portanto, que em todos esses instrumentos legais, as Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade40/222 questões ambientais estão presentes e são conduzidas com caráter essencialmente democrático, principalmente no que tange ao desenvolvimento urbano, trazendo a participação social como fundamental em todos os processos de decisão. Em 2007 a Lei n° 11.445/07 cria a Política Nacional de Saneamento Básico, e por fim após 21 anos de tramitações no Congresso Nacional, em 2010, envolvendo embates políticos e econômicos a Lei n° 6.938/10, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Desta forma resumida é que se apresenta os principais marcos históricos referentes às questões ambientais no Brasil, demonstrando que, mais do que outros países, o Brasil embora tenha uma grande quantidade de leis sobre as questões ambientais, está dando os primeiros passos tanto na execução dessas leis, como no processo de construção teórica sobre planejamento ambiental, e em contínuo processo de revisão, nestas últimas quatro décadas. 1.2. Planejamento Ambiental – conceitos e práticas a caminho da sustentabilidade A partir deste momento, você estudará os principais conceitos de planejamento ambiental e as suas formas práticas que induzem à sustentabilidade. Desde a antiguidade existem relatos de formas de planejamento, condição presente no instinto humano desde o Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade41/222 momento em que este se propôs a viver em sociedade, obedecendo normas e objetivos em comum. Como visto anteriormente, a crescente preocupação da humanidade com as questões ambientais tem seu início no século XX. Desta forma, para que se encaminhassem “soluções” para estas questões, lançou-se mão de instrumentos, em especial o planejamento, aqui entendido conceitualmente de forma simplificada, como um meio sistemático de determinar o estágio em que você está, onde deseja chegar e qual o melhor caminho para chegar lá. Se o planejamento implica decidir sobre ações futuras, previsões e estimativas de cenários futuros são essenciais. Devem ser previstas, por exemplo, as consequências de cada alternativa de ação proposta, bem como o somatório delas. Se ocorrem previsões e formulam-se suas probabilidades, a tomada de decisão também envolve as incertezas e os riscos. Tanto quanto os recursos, as ações propostas devem referir-se a um ou mais locais e também devem ser especializadas, qualificadas e quantificadas. Como costumam ser indicadas para datas e graus de emergência diferentes, elas precisam ser ordenadas por prioridade ao longo do tempo (SANTOS, 2007). A mesma autora cita que o planejamento surgiu, nas três últimas décadas, em razão do aumento dramático da competição por terras, água, recursos energéticos e biológicos, que gerou a necessidade de Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade42/222 organizar o uso da terra, de compatibilizar esse uso com a proteção de ambientes ameaçados e de melhorar a qualidade de vida das populações. Visando à sustentabilidade, o planejamento ambiental geralmente considera os critérios a longo prazo, mas busca estabelecer também medidas a curto e médio prazos. Este procedimento pretende reorganizar o espaço, paulatinamente, para que não apenas no presente, mas também no futuro, as fontes e meios de recursos sejam usados e manejados de forma a responderem pelas necessidades da sociedade. Para Santos (2007), tais necessidades conciliam-se na produção e distribuição de alimento, água, matéria-prima, energia e bens de consumo na construção de moradias e instalações, na disposição e tratamento de resíduos, na criação e manutenção de sistema de circulação e acesso, na criação e manutenção de espaços verdes, na promoção da educação e desenvolvimento cultural. Esta tarefa é bastante complexa e envolve todos os setores da sociedade. Por fim, o planejamento ambiental deve, sobretudo, resolver a questão sobre qual é a melhor combinação de usos de uma área, para satisfazer a necessidade de um maior número de pessoas de forma sustentada (hoje e no futuro) (ARAUJO, 2008). Desta forma, o planejamento ambiental deve estar atrelado ao conceito de desenvolvimento sustentável, cuja Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade43/222 definição - consagrada mundialmente - é o “desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de satisfazer as suas necessidades” (CMMAD, 1988). Glossário PIB: é a sigla para Produto Interno Bruto e representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um período determinado. (Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com.br/pib/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Holístico ou holista: é um adjetivo que classifica alguma coisa relacionada com o holismo, ou seja, que procura compreender os fenômenos na sua totalidade e globalidade. (Fonte: Disponível em: <http://www. significados.com.br/holistico/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Paulatinamente: De maneira paulatina; de modo lento; em que há lentidão: começou a caminhar, paulatinamente, pela casa. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/paulatinamente/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Questão reflexão ? para 44/222 Você observou que o século XX foi o precursor do debate mundial sobre as questões ambientais, que deu origem ao conceito de desenvolvimento sustentável. Neste cenário, o planejamento ambiental encontra-se como o principal instrumento de gestão ambiental indutor da sustentabilidade. Diante disto, leia o artigo Os “Limites do Crescimento” 40 anos depois: das “profecias do apocalipse ambiental” ao “futuro comum ecologicamente sustentável” de autoria Leandro Dias de Oliveira (2012), disponível em: <http://r1.ufrrj.br/revistaconti/pdfs/1/ART4.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2015, e faça a análise da seção do artigo: Comparativo entre as premissas do “Limites do Crescimento” e o “Relatório Brundtland” e integre esta análise com os conceitos de planejamento ambiental 45/222 Questão reflexão ?para apresentados e discutidos na Leitura Fundamental, com o objetivo de mostrar a importância deste instrumento de gestão ambiental como indutor da sustentabilidade, através da escrita de um pequeno texto dissertativo e entregue ao professor presencial. 46/222 Considerações Finais É possível, por meio da compreensão histórica dos fatos, indicar respostas para o surgimento da preocupação humana frente às questões ambientais e como a mesma humanidade planeja e planejará suas ações, cada qual no seu tempo apropriado. Dentre todas as atribuições dadas ao planejamento ambiental, acredita-se que uma das mais importantes seja o fato de se pautar, predominantemente, pelo potencial e pelos limites que o meio apresenta, e não pela demanda crescente ou pela má gestão político-administrativa. Unidade 2 • Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade47/222 Referências ARAUJO, R.T. de. Zoneamento ecológico-econômico do município de Santa Cruz da Conceição – SP: uma proposta conceitual de planejamento para a sustentabilidade local. São Carlos: UFSCar, Tese de Doutorado. 2008. 95p. CMMAD, Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1988. 430 p. PHILIPPI JR., A.; ROMERO, M. A.; BRUNA, G.C. Curso de gestão ambiental. 2. ed. Barueri, SP: Ed. Manole, 2014. 1.250p. SANTOS, R. F. Planejamento ambiental:teoria e prática. 2. ed. v. 1. São Paulo: Oficina de Textos, 2007, 184p. 48/222 Aula 2 - Tema: Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade – Parte I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d7a671ebb2b0b1028f707bb8a128e0ef>. Aula 2 - Tema: Planejamento Ambiental: Fator Indutor da Sustentabilidade – Parte II. Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 3d62e85e0e5c8f38903b88fbfb1a03bf>. Assista a suas aulas 49/222 1 - Qual a publicação que teve papel fundamental para a difusão na cons- cientização da sociedade em relação aos riscos e comprometimento da qualidade do meio ambiente e seus efeitos na saúde humana? a) Primavera Cautelosa. b) Primavera Holística. c) Primavera Silenciosa. d) Primavera Carson. e) Primavera Contagiosa. Questão 1 50/222 2 - O surgimento de um fenômeno climático deu origem aos primeiros de- bates sobre a contaminação de ambientes naturais vinda das atividades in- dustriais, após a Segunda Guerra Mundial. Qual foi este fenômeno? a) Aquecimento Global. b) Buraco da Camada de Ozônio. c) Extinção das espécies da fauna. d) Extinção das espécies da flora. e) Smog. Questão 2 51/222 3 - Qual o significado da sigla PNUMA? a) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. b) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. c) Programa das Nações Unidas para a Sustentabilidade. d) Programa das Nações Unidas para os Recursos Naturais. e) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano. Questão 3 52/222 4 - Na década de 1990, o planejamento ambiental foi incorporado em qual política pública de desenvolvimento urbano? a) Plano de Bacias Hidrográficas. b) Plano de Unidades de Conservação. c) Plano de Zoneamento. d) Plano Plurianual. e) Plano Diretor. Questão 4 53/222 5 - Visando à sustentabilidade, o planejamento ambiental geralmente con- sidera os critérios a longo prazo, mas busca estabelecer também medidas a curto e médios prazos. Marque a alternativa correta que explica esta afir- mação. a) Este procedimento pretende reorganizar o espaço, paulatinamente, para que não apenas no presente, mas também no futuro, as fontes e meios de recursos sejam usados e manejados de forma a responderem pelas necessidades da sociedade. b) O planejamento ambiental considera as informações primárias no estabelecimento de suas diretrizes. c) Este procedimento pretende reorganizar o espaço, rapidamente, para que apenas no presente, e não no futuro, as fontes e meios de recursos sejam usados e manejados de forma a responderem pelas necessidades da sociedade. d) O planejamento ambiental considera as informações secundárias no estabelecimento de suas diretrizes. e) Este procedimento pretende reorganizar o espaço, paulatinamente, para que apenas no presente, as fontes e meios de recursos sejam usados e manejados de forma a responderem pelas necessidades da sociedade. Questão 5 54/222 Gabarito 1. Resposta: C. A publicação do livro Primavera Silenciosa da Americana Raquel Carson, em 1962, teve importante papel na conscientização da sociedade em relação aos riscos e comprometimento da qualidade do meio ambiente e seus efeitos na saúde humana. Carson aborda a magnificação biológica de moléculas de inseticidas sintéticos clorados demonstrando que agrotóxicos utilizados nas doses recomendadas poderiam se concentrar na cadeia alimentar, causando problemas aos organismos que ocupam níveis mais elevados da escala trófica, entre eles o ser humano (PHILIPPI JR, 2014). 2. Resposta: E. Um primeiro grande momento histórico que merece sua citação foi a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1946, logo após o final da Segunda Grande Guerra e nos anos seguintes, onde o debate se iniciava em torno da contaminação de ambientes naturais vinda das atividades industriais, como o smog em Londres. 3. Resposta: B. Na reunião de Estocolmo 1972, criou-se o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), com o objetivo de gerenciar as atividades de proteção ambiental, e o Fundo Voluntário para o Meio Ambiente. 55/222 4. Resposta: E. Na década de 1990, o planejamento ambiental foi incorporado aos planos diretores municipais. Foi a partir desses trabalhos que se obtiveram as informações mais contundentes sobre qualidade de vida, desenvolvimento sustentável, sociedade e meio ambiente, promovidas pela preocupação com o ser humano. 5. Resposta: A. Para Santos (2007), visando à sustentabilidade, o planejamento ambiental geralmente considera os critérios a longo prazo, mas busca Gabarito estabelecer também medidas a curto e médio prazos. Este procedimento pretende reorganizar o espaço, paulatinamente, para que não apenas no presente, mas também no futuro, as fontes e meios de recursos sejam usados e manejados de forma a responderem pelas necessidades da sociedade. E, tais necessidades conciliam- se na produção e distribuição de alimento, água, matéria-prima, energia e bens de consumo na construção de moradias e instalações, na disposição e tratamento de resíduos, na criação e manutenção de sistema de circulação e acesso, na criação e manutenção de espaços verdes, na promoção da educação e desenvolvimento cultural. 56/222 Unidade 3 Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental Objetivos 1. Identificar, por meio do planejamento ambiental, o que é essencial e representativo da realidade. 2. Entender a natureza, as características, a função e o funcionamento do todo. 3. Estudar as principais etapas, estruturas e instrumentos de planejamento ambiental com vistas à construção do próprio planejamento ambiental pelo aluno. Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental57/222 Introdução No dia a dia, muitas vezes você nem percebe, mas está planejando tudo a cada segundo, a cada passo que é dado na rua. É isto mesmo que você está pensando agora, sempre planejamos, mesmo que de forma inconsciente. Fazemos isto como forma de sobrevivência neste mundo contemporâneo onde o que é verdadeiro ou correto já não é mais daqui alguns momentos, obrigando-nos a cada instante planejar novamente nossas ações e “caminhos”. Desta forma, você é o convidado especial para o conhecimento das estruturas de organização e funcionamento do planejamento ambiental, instrumento fundamental nos sistemas de gestão ambiental que você utilizará no seu curso de pós-graduação e principalmente na vida profissional. Para estudar os sistemas ambientais, cujos elementos estão em permanente interação, exige-se como ferramenta a interação entre várias disciplinas, para que cada uma delas, em articulação com as demais, apresente resultados e interpretações que levem ao diagnóstico do sistema estudado. Desta forma, os métodos e técnicas de análise ambiental devem absorver a interdisciplinaridade como um pressuposto, o que, do ponto de vista dos participantes, exige profissionais de várias especialidades atuando em conjunto, numa equipe multidisciplinar (MAGLIO & PHILIPPI JR, 2010). Embora existam diversas formas e fontes bibliográficas para citar a descrição das etapas de planejamento ambiental, neste texto utilizou-se as etapas descritas na obra “Construindo o Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental58/222 desenvolvimento local sustentável”, de autoria de Sérgio C. Buarque (2008), que aborda o planejamento ambiental para uma localidade específica, neste caso o município. 1. Estrutura organizacional para o planejamento ambiental O processo de planejamento se divide em quatro etapas sequenciais,interligadas e continuadas: o conhecimento da realidade, a tomada de decisões, a execução do plano e, finalmente, o acompanhamento, o controle e a avaliação das ações (CARVALHO, 1997 apud BUARQUE, 2008). As duas primeiras etapas do processo de planejamento – conhecimento e tomada de decisões – constituem a fase de elaboração propriamente dita dos planos de desenvolvimento local, que definem o que será executado, expresso pelo documento ou produto (plano de desenvolvimento). Entretanto, devem ser definidos nessa fase os elementos básicos para a execução e o acompanhamento do plano, que se iniciam, efetivamente, imediatamente após a sua aprovação pela sociedade. Na realidade, um dos componentes centrais do plano que será, portanto, produzido nessas duas etapas, será a formulação de um modelo de gestão, que representa o sistema de organização da sociedade e dos agentes públicos para as duas etapas seguintes: a execução e o acompanhamento do plano. De forma resumida e sistemática, Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental59/222 apresenta-se, a seguir, a sequências das atividades de elaboração do plano. a. Conhecimento da realidade: para tomar decisões fundamentadas e consistentes, é necessário, antes de tudo, compreender a realidade da localidade, deve passar, de alguma forma e com diferentes níveis de profundidade e rigor técnico, pelos seguintes procedimentos sequenciais e complementares: • Delimitação do objeto: o processo de trabalho deve se iniciar com a delimitação da localidade (ou comunidade) que se pretende planejar: seus limites físico- geográficos e institucionais, as relações estruturais das variáveis determinantes e as relações da localidade com seu contexto socioeconômico, ambiental e político-institucional (onde está situada a localidade?). • Diagnóstico: O diagnóstico consiste na compreensão da realidade atual da localidade e dos fatores internos que estão amadurecendo e que podem facilitar ou dificultar o desenvolvimento local. Para se perceberem as condições atuais da localidade, é importante se analisar o processo de evolução recente da realidade, que sintetiza a história da localidade e os fatores que explicam o seu Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental60/222 desempenho. Para incorporar as concepções contemporâneas de desenvolvimento – desenvolvimento sustentável –, o diagnóstico deve tratar a realidade de forma multidisciplinar, procurando observar e confrontar os componentes ou dimensões econômica, sociocultural, ambiental, tecnológica e político- institucional. Toda análise e reflexão deve convergir para a identificação dos principais problemas e potencialidades locais, o que é insatisfatório na realidade ou está impedindo o desenvolvimento (problemas) e o que pode facilitar o desenvolvimento local (potencialidades). O que a sociedade não aceita e pretende modificar na realidade? O que emperra e estrangula o desenvolvimento local? E, quais as grandes potencialidades e condições da localidade para alavancar o desenvolvimento? • O diagnóstico deve combinar e confrontar o levantamento e análise técnica da realidade com a visão da sociedade – fazendo interagir as diferentes percepções dos atores sociais – sobre a situação local, seus principais problemas e potencialidades internas. Deve-se estabelecer Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental61/222 uma negociação das duas percepções da realidade, bastante distintas, mas complementares, cotejando os interesses e desejos da sociedade com os limites e as possibilidades técnicas. • Prognósticos: o prognóstico busca antecipar possíveis desdobramentos futuros da realidade e, principalmente, do seu contexto externo, informação importante para dimensionar as possibilidades de realização dos desejos da sociedade e, portanto, para formulação da estratégia de desenvolvimento local. Trata-se, nesse caso, de compreender em que condições se situa a localidade e para onde ela tenderia a evoluir, destacando as tendências prováveis dos processos externos, ressaltando aqueles de maior impacto sobre a realidade local. O prognóstico deve, assim, identificar as oportunidades que o contexto abre e oferece para o desenvolvimento local, e os fatores externos que podem constituir ameaças ao seu desenvolvimento. As alternativas futuras do contexto procuram interpretar para onde deve evoluir, provavelmente, o contexto socioeconômico e político-institucional em que está inserida a localidade. É, Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental62/222 portanto, uma expressão do cruzamento dos determinantes externos com os condicionantes internos, com diferentes hipóteses de comportamento futuro. Dependendo dessas hipóteses, a localidade pode caminhar para diferentes alternativas de desenvolvimento futuro, que delimitam as possibilidades de realização dos desejos da sociedade. b. Tomada de decisões: Esta etapa do processo de planejamento trata das efetivas escolhas da sociedade sobre o seu futuro e, principalmente, das ações necessárias e viáveis para se promover o desenvolvimento local. Como apresentado a seguir, as decisões se manifestam por meio de um conjunto de fatores que irão compor o plano de desenvolvimento: • Visão do futuro: a primeira definição importante da sociedade local diz respeito ao futuro desejado: aonde se pretende chegar com a implementação de um plano, o que se define por meio de uma descrição qualitativa e quantitativa da realidade futura. A visão do futuro se manifesta em três subconjuntos diferenciados (visão do futuro, objetivos e metas). O primeiro apresenta o estado futuro desejado pela Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental63/222 sociedade, atemporal e livre de restrições, sinalizando para uma imagem objetivo a longo prazo que serve de referência para as decisões estratégicas. • Considerando a realidade atual e o futuro desejado, podem ser definidos os objetivos que serão perseguidos pelo plano de desenvolvimento, expressando o desenho da situação futura desejada e possível de alcançar no horizonte do plano (o que se pretende e se pode alcançar e aonde se quer chegar no futuro?). Na verdade, os objetivos são uma descrição qualitativa do futuro desejado para um determinado prazo. • Por outro lado, as metas representam a quantificação dos objetivos, explicitando os resultados quantificáveis pretendidos e que podem ser gerados com a estratégia do plano em determinados prazos. • Formulação das opções estratégicas: a estratégia é um conjunto selecionado de ações convergentes e articuladas capazes de transformar a realidade, de modo a construir o futuro desejado e, portanto, viabilizar os objetivos e as metas definidas pela sociedade. Assim, as opções estratégicas Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental64/222 identificam as ações capazes de enfrentar e contornar os problemas e estrangulamentos centrais e de explorar as principais potencialidades locais, de modo a aproveitar as oportunidades externas e a permitir a defesa diante de prováveis ameaças. • Elaboração dos programas e projetos: o passo seguinte no processo decisório deve levar à formulação das ações concretas e operacionais. Dessa forma, a elaboração dos programas e projetos representa uma síntese consistente e integradora dos processos agregados – formulação das opções estratégicas – e desagregados – que detalham a estratégia na definição de ações por dimensão para enfrentaros problemas e explorar as potencialidades econômicas, socioculturais, ambientais, tecnológicas e político- institucionais. • Como todas as etapas do processo de planejamento, os programas resultam em um processo combinado de análise técnica, formulação política e visão da sociedade, incluindo as múltiplas e diferenciadas aspirações desta última, procurando analisar a sua consistência e viabilidade e sua relação com as definições Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental65/222 programáticas e técnicas. • Definição dos instrumentos: para a implementação da estratégia com suas políticas, programas e projetos, devem ser definidos e viabilizados instrumentos (meios financeiros, legais, organizacionais, institucionais) com que se pode e se deve contar para a efetiva execução do plano. Particularmente os instrumentos financeiros devem ser sistematizados em uma matriz de fontes e usos que distribua os recursos nas áreas programáticas, organizando os já existentes, os que podem ser captados e os que devem ser criados. Os instrumentos procuram definir, portanto, os meios financeiros, fiscais, organizacionais e institucionais, legais e políticos com que se pode e se deve atuar para a efetiva execução das ações locais. • Para definição dos instrumentos gerais devem ser realizados os seguintes procedimentos: (Análise dos meios requeridos; Análise dos diversos instrumentos, fontes de recursos, programas e projetos; Análise da pertinência e adequação; Análise da viabilidade financeira). • Formulação do modelo de gestão: O modelo de gestão Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental66/222 é o sistema institucional e a arquitetura organizacional adequados e necessários para se implementar a estratégia e o plano de desenvolvimento local, mobilizando e articulando os atores (organizações da sociedade) e agentes (instâncias públicas), com seus diversos instrumentos, e assegurando a participação da sociedade no processo, para a execução e acompanhamento das ações. • Trata-se da definição da forma como a sociedade e o Estado (setor público) devem se organizar para a implementação das ações, da gestão dos instrumentos e programas, e para avaliação dos seus resultados. • O sistema deve estruturar e distribuir as responsabilidades dos agentes e atores para a execução das diversas tarefas e atividades, expressas, de forma sintética, em uma matriz institucional, que distribui as responsabilidades e atividades entre os atores e agentes públicos (incluindo os indicadores de avaliação e acompanhamento), de modo a comprometer a sociedade numa situação de corresponsabilidade e reforçar o controle social sobre o processo. • Por outro lado, deve explicitar Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental67/222 os mecanismos e as instâncias de participação da sociedade e dos atores sociais no acompanhamento e na implementação do plano, assegurando o sistema participativo de gestão. • Construção da adesão e sustentabilidade políticas: o conjunto das atividades definidas para elaboração do plano deve gerar elementos suficientes para compor uma versão do documento que expresse a estratégia de desenvolvimento sustentável. Entretanto, para que esse documento tenha uma base sólida de sustentação na sociedade e nos parceiros, é necessário que passe por vários ciclos de discussão estruturada com a sociedade, para ir construindo a aderência política dos atores. Para tanto, devem ser implementadas a seguintes subatividades: (Distribuição de documento preliminar para as instâncias; Discussões e formulações da sociedade; Discussão na instância política mais agregada; construção de uma agenda de compromissos e revisão e produção da versão final). Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental68/222 2. Instrumentos de planejamen- to ambiental O planejamento ambiental pode se apresentar sob diferentes formas de expressão. A escolha de um determinado instrumento deve ocorrer em função dos objetivos, objeto e tema central enfocados. Deve considerar a adequação de sua estrutura e conteúdo, do espaço político- territorial visado, do detalhamento previsto para as proposições e do tempo disponível para execução. Em diversos casos, trabalhos com Zoneamentos, Estudos de Impacto Ambiental, Planos de Bacias Hidrográficas, Planos Diretores Ambientais, Planos de Manejo ou Áreas de Proteção Ambiental, entre outros, são apresentados como sinônimos de planejamento ambiental. Link Zoneamentos - elencado como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei federal nº 6.938/1981), o termo, posteriormente, quando da edição do decreto federal nº 4.297/2002, evolui para zoneamento ecológico-econômico (ZEE). Disponível em: <http://www.mma.gov.br/ gestao-territorial/zoneamento-territorial/ item/8188>. Acesso em: 11 jun. 2015. Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental69/222 Link Estudos de Impacto Ambiental - é o conjunto de relatórios técnicos destinados a instruir o processo de licenciamento. Os relatórios são elaborados por equipe multidisciplinar, habilitada e independente, com base em Instruções Técnicas (IT´s) específicas. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/Portal/ MegaDropDown/Licenciamento/EstudoImpAmbReldeImpactoAmb/index.htm&lang=>. Acesso em: 11 jun. 2015. Para saber mais Planos de Bacias Hidrográficas - O objetivo geral do planejamento em recursos hídricos é garantir o bem-estar das pessoas em um ambiente ecologicamente sadio, incluindo esperança individual e coletiva de desenvolvimento sustentável. O objetivo geral de um plano de bacia é a compatibilização entre oferta e demanda de água, em quantidade e qualidade, para todos os pontos da bacia hidrográfica. Disponível em: <http://www.agenciapcj.org.br/novo/instrumentos-de-gestao/ plano-de-bacias>. Acesso em: 11 jun. 2015. Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental70/222 Para saber mais Planos Diretores Ambientais – ler o artigo “Política Ambiental Municipal: importância do Plano Diretor em normatizar a ocupação e expansão urbana no que tange ao desenvolvimento sustentável e recuperação ambiental”. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_ link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11872>. Acesso em: 11 jun. 2015. Para saber mais Planos de Manejo - O manejo e gestão adequados de uma Unidade de Conservação devem estar embasados não só no conhecimento dos elementos que conformam o espaço em questão, mas também numa interpretação da interação destes elementos. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/ portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/planos-de-manejo.html>. Acesso em: 11 jun. 2015. Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental71/222 Essas formas deveriam, na realidade, ser chamadas de instrumentos do planejamento ambiental, se atuam sobre o meio natural e atividades produtivas ou se atuam como caminho e recurso dirigidos a alcançar objetivos e metas específicos, e, ainda, se estão baseados em sua função ou utilidade e observam as formalidades e limites de suas atribuições particulares. A primeira questão a ser inquirida pelo planejador é se o instrumento selecionado representa um processo de planejamento ambiental, com uma estrutura composta das fases consideradas imprescindíveis, que englobam desde a proposição do objetivo e seleção da área a propostas que materializam as alternativas selecionadas ou a estratégia adotada. Um simples exemplo é o zoneamento territorial,comumente citado como um instrumento do planejamento. O zoneamento compõe-se das fases de inventário e diagnóstico, que resultam na definição de áreas que compartimentam os diversos sistemas ambientais componentes do espaço estudado. As zonas supostamente homogêneas referem-se às áreas identificadas numa paisagem (por exemplo, bacias hidrográficas) passíveis de ser delimitadas no espaço e na escala adotada e que possuem estrutura e funcionamento semelhantes. São definidas por agrupamentos das variáveis (componentes, fatores e atributos ambientais) que apresentam alto grau de associação Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental72/222 dentro da paisagem. Diferentes zonas homogêneas exibem significativa diferenciação entre os grupos de variáveis. Em outras palavras devem-se reconhecer com clareza as similaridades dos elementos componentes de um grupo e, simultaneamente claras definições entre os grupos. Estas zonas precisam considerar as potencialidades, vocações e fragilidades naturais, identificar os impactos, bem como expressar as relações sociais e econômicas do território. De forma geral, os zoneamentos ambientais são apresentados na forma de mapas temáticos, matrizes ou índices ambientais. Deve-se destacar que, no Brasil o zoneamento é muito usado pelo Poder Público como instrumento legal, para implementar normas de uso do território nacional. No entanto, o reconhecimento dessas áreas, que se restringe a analisar o ambiente e classificar seus atributos, é somente um suporte para um planejamento ambiental, necessitando de complementações metodológicas que conduzam a orientações para o uso desses espaços dentro de cenários temporais. Entre todas as considerações feitas, um aspecto crucial que os planejadores devem lembrar é que, seja qual for o instrumento de planejamento ambiental escolhido, sempre se trabalha com um recorte da realidade do espaço e, portanto, a complexidade e as relações do meio são simplificadas e generalizadas. O melhor Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental73/222 desempenho está na identificação de objetivos abrangentes e concretos, do instrumento correto, das variáveis que representam mais fielmente as principais relações existentes e dos problemas fundamentais no cenário real e futuro do espaço planejado. Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental74/222 Glossário Sistemática - Ação ou efeito de sistematizar; sistematização. Biologia. Ciência que caracteriza, sistematiza e/ou classifica os seres vivos. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/ sistematica/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Cotejar - Confrontar, comparar. Comparar, pôr em paralelo. (Fonte: Disponível em: <http:// www.dicio.com.br/cotejar/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Atemporal - Que não pode ser controlado pelo tempo; que não se adequa a qualquer tempo; que não faz parte de um tempo determinado; intemporal: livro atemporal. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/atemporal/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Mobilizar - Dar movimento a, movimentar. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/ mobilizar/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Articular - Unir pelas juntas, juntar pelas articulações. Suceder-se numa ordem crescente: as partes de uma exposição que se articulam bem. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com. br/articular/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Matriz - Lugar onde alguma coisa se gera ou se cria; fonte, manancial. Disposição ordenada de um conjunto de elementos estatísticos. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/ matriz/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental75/222 Glossário Instância - Qualidade daquilo que é iminente; particularidade do que pode acontecer a qualquer momento; atributo do que está prestes a... (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio. com.br/instancia/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Enfocado - Que se pôs em foco. Visto conforme uma acepção. (Fonte: Disponível em: <http:// www.dicio.com.br/enfocado/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Imprescindível - que não se pode dispensar ou renunciar. Que não se pode prescindir, renunciar ou dispensar. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/imprescindivel/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Comumente - De maneira comum, ordinária; de modo vulgar. Em que há frequência ou de modo habitual. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/comumente/>. Acesso em: 11jun. 2015). Inventário - Listagem detalhada mercadorias, produtos etc. Caracterização pormenorizada de alguma coisa. (Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/inventario/>. Acesso em: 11 jun. 2015). Questão reflexão ? para 76/222 Você observou que existem diversos instrumentos de planejamento ambiental que podem ser utilizados para resolução das questões ambientais atuais. Provavelmente em conjunto com o Zoneamento Ecológico-Econômico, os Planos de Manejo de Unidades de Conservação no Brasil sejam os principais e mais bem estudados e implementados. Desta forma, acesse o link do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade: <http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades- de-conservacao/planos-de-manejo.html> e aprofunde seus conhecimentos sobre este instrumento, analisando um dos diversos planos de manejo de unidades de conservação existentes no país. 77/222 Considerações Finais » Identifica-se que para cumprir suas etapas, o planejamento ambiental, de forma geral, apresenta-se como um processo, ou seja, é elaborado em fases que evoluem sucessivamente, sendo o resultado de uma a base ou os princípios para o desenvolvimento da etapa seguinte. » Ao se escolher um instrumento de planejamento ambiental, é inevitável refletir se o planejamento preocupa-se em administrar o recurso, ordenar o espaço, executar tarefas, manusear o meio, propor alternativas, implementar projetos, monitorar, controlar eventos, controlar doenças, garantir a perenidade do recurso, aproveitar e explorar o recurso, entre outras ações. Unidade 3 • Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental78/222 Referências BUARQUE, S.C. Construindo o desenvolvimento local sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2008. 4ed. cap. 5. p. 95-120. MAGLIO, I.C.; PHILIPPI JR, A. Planejamento ambiental: metodologia e prática de abordagem. In: PHILIPPI JR, A. Saneamento, saúde e ambiente. 1. ed. 2. reimpressão, Barueri, SP: Ed. Manole., 2010. p. 663-688. SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. 2. ed. v. 1. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. 184p. 79/222 Aula 3 - Tema: Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental – Parte I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f6c89a775dc2a455190b1e168938b56d>. Aula 3 - Tema: Etapas, Estruturas e Instrumentos do Planejamento Ambiental – Parte II. Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 8f45ba95934ad63734f1d5e346264c32>. Assista a suas aulas 80/222 1- Quais são as quatro etapas sequenciais, interligadas e continuadas que integram um planejamento? a) O conhecimento da realidade, a tomada de decisões, a execução do plano e o acompanhamento e a coleta de dados primários, secundários e terciários. b) O controle e a avaliação das ações, a coleta de dados primários, secundários e terciários, montagem da equipe de trabalho e, a participação da sociedade local. c) O conhecimento da realidade, a tomada de decisões, a execução do plano e o acompanhamento e o controle e a avaliação das ações. d) O controle e a avaliação das ações.
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