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GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO DEZEMBRO / 2014 Escola de Contas do Tribunal de Contas dos Municípios Estado de Goiás GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO Prof. Thiago Parísio Thiago Parísio é graduado em administração de empresas pela UFPE, pós-graduado em gestão de pessoas pela FAFIRE. É servidor concursado do Tribunal de Contas de Pernambuco desde 2005, exerceu a chefia da Divisão de Patrimônio entre 2008 e 2011, da Divisão de Compras entre 2012 e 2013, da Divisão de Materiais entre janeiro e setembro de 2014 e novamente da Divisão de Patrimônio da instituição a partir de outubro de 2014. (e-mail: gestaodepatrimonio2012@gmail.com) 2 SUMÁRIO COMPRAS I Identificação de necessidades .......................................................................................... 5 1.1 Definições ........................................................................................................... 5 1.2 Evolução das compras ....................................................................................... 6 1.3 Fluxo de compras ............................................................................................... 7 1.4 Escolha de fornecedores .................................................................................... 8 1.5 Desafios para o setor de compras ................................................................... 10 1.6 Centralização x Descentralização .................................................................... 10 II Especificações ............................................................................................................... 11 2.1 Definições ......................................................................................................... 11 2.2 Elementos essenciais ....................................................................................... 11 2.3 Fontes .............................................................................................................. 12 2.4 Direcionamento ................................................................................................ 12 2.5 Padronização ................................................................................................... 13 2.6 Segmentação de produtos ............................................................................... 13 III Modalidades de compras .............................................................................................. 15 3.1 Licitação ........................................................................................................... 15 3.2 Pregão (presencial ou eletrônico) .................................................................... 17 3.3 Compra por dispensa de licitação .................................................................... 20 3.4 Compra por inexigibilidade de licitação ............................................................ 24 3.5 Compra por adiantamento (suprimento individual) .......................................... 25 3.6 Sistema de Registro de Preços (SRP) ............................................................ 27 IV Compras e gestão de contratos ................................................................................... 31 4.1 Aspectos fundamentais .................................................................................... 31 4.2 Formalização contratual ................................................................................... 31 4.3 Encargo e remuneração ................................................................................... 32 MATERIAIS I Conceitos e definições .................................................................................................... 34 1.1 O que é gestão de materiais? .......................................................................... 34 3 1.2 Atividades da gestão de materiais ................................................................... 35 II Previsão de demandas .................................................................................................. 36 2.1 O que é previsão de demandas? ..................................................................... 36 2.2 Padrões de demandas ..................................................................................... 36 2.3 Técnicas de previsão ....................................................................................... 37 III Especificação de materiais ........................................................................................... 40 IV Agrupamento e classificação ........................................................................................ 41 V Controle de estoques .................................................................................................... 43 5.1 Gestão de estoques ......................................................................................... 43 5.2 Causas de erro em registros ............................................................................ 44 5.3 Classificação de estoques ................................................................................ 44 5.4 Classificação ABC ............................................................................................ 45 5.5 Outros métodos de controle ............................................................................. 47 5.6 Avaliação de estoques ..................................................................................... 49 5.7 Custos de estoques .......................................................................................... 52 5.8 Indicadores de estoques .................................................................................. 53 VI Recebimento e distribuição .......................................................................................... 55 6.1 Recebimento .................................................................................................... 55 6.2 Distribuição ....................................................................................................... 56 VII Movimentação e armazenagem .................................................................................. 58 7.1 Movimentação .................................................................................................. 58 7.2 Condições básicas do arranjo físico ................................................................. 59 7.3 Técnicas de estocagem ................................................................................... 60 VIII Inventário .................................................................................................................... 64 8.1 O que é um inventário? .................................................................................... 64 8.2 Modalidades de inventário ............................................................................... 64 8.3 Tipos de inventário ........................................................................................... 65 8.4 Etapas do planejamento de inventário ............................................................. 65 8.5 Indicador de inventário ..................................................................................... 67 PATRIMÔNIO I Conceitos e definições .................................................................................................... 68 1.1 Patrimônio público ............................................................................................68 4 1.2 O que é gestão patrimonial? ............................................................................ 69 1.3 Classificação de bens ...................................................................................... 70 1.4 Material de consumo x Material permanente ................................................... 71 II Incorporações ................................................................................................................ 74 2.1 O que é incorporação? ..................................................................................... 74 2.2 Número patrimonial .......................................................................................... 76 2.2.1 Código de barras ........................................................................................... 77 III Controle físico ............................................................................................................... 79 3.1 Modalidades de movimentação de bens .......................................................... 79 3.2 Movimentação centralizada x descentralizada ................................................. 80 IV Manutenções ................................................................................................................ 82 V Modalidades de desfazimento ....................................................................................... 84 5.1 Avaliação de bens para alienação ................................................................... 87 5.2 Irregularidades patrimoniais ............................................................................. 88 VI Baixas ........................................................................................................................... 91 6.1 Casos especiais de baixas ............................................................................... 92 VII Depreciações ............................................................................................................... 94 7.1 Métodos mais utilizados ................................................................................... 95 VIII Inventário .................................................................................................................... 98 8.1 O que é um inventário? .................................................................................... 98 8.2 Modalidades de inventário ............................................................................... 98 8.3 Planejamento de um inventário ........................................................................ 99 8.4 Nova tecnologia: RFID ................................................................................... 100 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 102 LEGISLAÇÃO ................................................................................................................. 103 EXERCÍCIOS .................................................................................................................. 106 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Ceará, planejar compras é “determinar objetivos relacionados a aquisições, mediante a definição, estudo e coordenação dos meios e recursos para atingi-los”. Ampliando o entendimento, o processo de contratação pública pode ser definido como “o conjunto de fases, etapas e atos estruturado de forma lógica para permitir que a Administração, a partir da identificação precisa da sua necessidade e demanda, possa definir com precisão o encargo desejado, minimizar seus riscos e selecionar, isonomicamente, se possível, a pessoa capaz de satisfazer a sua necessidade pela melhor relação benefício-custo” (Renato Geraldo Mendes, 2012). O grande desafio de uma aquisição bem feita é conseguir conciliar três atributos geralmente incompatíveis: celeridade, qualidade e preço. Um compra célere nem sempre é a mais econômica e ainda pode comprometer a qualidade do que se está adquirindo. Comprar bem, portanto, pode ser considerado “uma arte”. 6 Ao contrário do senso comum que enxerga compras como um ato de procura de bens e serviços para posterior suprimento à organização, a ―função‖ compras é mais complexa e demanda responsabilidades maiores como: Garantir o efetivo suprimento de materiais e serviços, nas quantidades certas e nos prazos demandados pelos requisitantes; Comprar com celeridade, qualidade e economia; Planejar as aquisições; Manter relação próxima com outras unidades organizacionais; Manter um cadastro atualizado de fornecedores, garantindo um bom relacionamento com eles; e Realizar um controle efetivo do processo de compras com uso de ferramentas gerenciais. Mesmo seguindo todos os procedimentos listados acima, nem sempre a aquisição é concluída com sucesso. Os principais motivos de uma compra ineficiente são: Identificação de necessidades incompleta; Especificação inadequada do item a ser adquirido; Gestão de fornecedores ineficiente; e Displicência no recebimento de materiais / gestão de contratos Como se vê, a função é ampla e não deve ser exclusiva do setor: sua atividade só será bem-sucedida se houver a colaboração de outros segmentos com o fornecimento dos insumos necessários. 1.2 Evolução das Compras O processo de compras, assim como várias outras atividades, sofreu forte evolução nas últimas décadas, como mostra o quadro abaixo: 7 COMPRA REATIVA (antes dos anos 80) COMPRA PROATIVA (após anos 80) Área de compras vista como centro de custos Área de compras deve adicionar valor Compradores respondem às condições de mercado Área de compras contribui para o desenvolvimento de mercado Os problemas são de responsabilidade do fornecedor Os problemas tem responsabilidade compartilhada Ênfase no hoje Ênfase estratégica que pode ser no longo prazo Negociações ganha-perde Negociações ganha-ganha Muitos fornecedores significam mais segurança Muitos fornecedores significam perda de oportunidade Estoques elevados significam mais segurança Estoques elevados significam desperdício Informação é poder Informação é valiosa se for compartilhada 1.3 Fluxo de Compras 1. Recebimento e análise de demandas As requisições tem origem no usuário final e devem conter informações essenciais como identificação do requisitante, justificativa para a compra, especificações do material (incluindo quantidade e unidade de medida), prazo necessário para a entrega e qualquer informação complementar que se fizer necessária. 2. Realização de cotações Primeiramente, é necessário identificar fornecedores capazes de suprir a demanda com a agilidade necessária para que o setor de compras encaminhe solicitações de cotações por escrito. Com as informações devolvidas pelos fornecedores, as cotações são analisadas quanto ao preço, especificações e prazo de entrega. 3. Análise de modalidade de aquisição 8 Com base no orçamento disponível, é necessário definir a forma como o material será adquirido (compra direta ou processo licitatório). A decisão deverá ser autorizada por autoridade competente. 4. Emissão do pedido de compra Cumpridas as etapas anteriores, o setor de compras deverá solicitar a emissão de nota de empenho. Quando recebê-la, deverá encaminhar cópia ao fornecedor selecionado e original ao setor responsável(almoxarifado ou patrimônio, conforme tipo de material) para o acompanhamento da entrega. 5. Recebimento e aceitação do material O material deverá ser recebido, inspecionado e aceito ou não pelo setor responsável (almoxarifado, se material de consumo; e patrimônio, se material permanente). 1.4 Escolha de Fornecedores A principal responsabilidade de compras é localizar bons fornecedores e negociar preços, o que nem sempre é fácil. Há três fontes básicas para se identificar estes fornecedores: Fonte única: apenas um fornecedor está disponível devido a patentes, especificações técnicas, matéria-prima, localização, entre outros. Em órgãos públicos, este tipo de contratação ocorre por inexigibilidade de licitação. 9 Fonte múltipla: Mais de um fornecedor disponível para um item, garantindo competitividade. Fonte simples: Decisão planejada pela organização no sentido de selecionar um único fornecedor para um item quando existem várias fontes disponíveis no mercado para estabelecer parcerias de longo prazo. Esta situação não se aplica a órgãos públicos. Esta escolha de fornecedores, por exemplo, é complexa e fortemente influenciada por fatores como: Habilidade técnica Capacidade de produção Confiabilidade Serviço pós-venda Localização do fornecedor Preços e qualidade Garantir a cumplicidade entre as duas partes, de tal forma que as propostas sejam vantajosas para as organizações e as condições de fornecimento também sejam favoráveis aos fornecedores, é a base para um importante ativo intangível: o relacionamento positivo com parceiros comerciais. Por isso, é importante durante a negociação levar em consideração fatores como: Preços Prazos de entrega Condições de pagamento Fatores pós-vendas Condições de reajustes dos preços Garantias contratuais e respectivas extensões Garantias de qualidade Custos de transporte Custos de embalagens ou introdução de embalagens especiais Acréscimos ou reduções de quantidades 10 1.5 Desafios para o Setor de Compras Para o setor público: Aquisições lentas; Baixa qualidade dos materiais; Descumprimento de prazos de entrega; Falta de materiais; Ineficiência de fornecedores; Insatisfação dos clientes internos; Para o comprador: Tempo; Qualidade; Custo; e Ciclo de vida dos produtos. 1.6 Centralização x Descentralização Vantagens da centralização: Oportunidade de negociar maiores quantidades; Homogeneidade da qualidade das aquisições; e Maior controle de materiais e estoques. Vantagens da descentralização: Distância geográfica; Tempo necessário para aquisição; e Facilidade de diálogo com fornecedores. 11 II ESPECIFICAÇÕES 2.1 Definições De acordo com a Lei Nº 8.666/93, art. 15, as compras, sempre que possível, deverão: I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas; II - ser processadas através de sistema de registro de preços; § 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca; II - a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação; III - as condições de guarda e armazenamento que não permitam a deterioração do material. 2.2 Elementos Essenciais De maneira geral, é importante começar as especificações do produto “pelo que não se quer comprar” para chegar o mais próximo possível “do que se quer comprar”. Para isso é preciso definir: Funcionalidades (tudo o que o produto faz e oferece); Componentes (peças que entram na composição de um produto); Forma e acabamento (cor, medidas, forma, peso, etc.); Desempenho (rendimento de um material quando em uso); Acessórios; Dados complementares (embalagem, unidade de medida, certificações); 12 Observação: Certificações não são previstas por lei, mas podem ser solicitadas como diferencial desde que sem caráter eliminatório. 2.3 Fontes Fornecedores (mercado); Especialistas; Sites especializados; Catálogos impressos; Bancos de dados de órgãos públicos; 2.4 Direcionamento De acordo com o Art. 3º da Lei 8.666/93, “é vedado aos agentes públicos: admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos convocatórios, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinção”. Conforme orienta o Manual de Licitações e Contratos do TCU – 4ª edição, 2010, “o estabelecimento de condições a que apenas um licitante possa atender leva ao direcionamento da licitação ou a um procedimento licitatório deserto ou fracassado”. O mesmo TCU, no Acórdão 2.300/2007, afirma ser aceitável o uso de MARCA desde que acompanhada dos termos SIMILAR ou EQUIVALENTE nas descrições de materiais, bem como reforça a necessidade de apresentação de laudos ou atestados para marcas diferentes das utilizadas como referência. 13 Observação: Apesar de a lei proibir o gestor de indicar marcas ou características exclusivas, não é impedido que uma aquisição seja realizada com base em especificações de marcas e modelos para manutenção de padrões previamente definidos e alheios à sua vontade pessoal (exemplos: pisos e revestimentos de uma unidade). 2.5 Padronização Vantagens: Redução do trabalho da área de compras; Simplificação de materiais; Redução de itens, quantidades e custos de estoque; Maior qualidade e uniformidade Desvantagens: Padrão imutável; Não acompanhamento da evolução dos produtos; 2.6 Segmentação de produtos É possível classificar os produtos de acordo com o público-alvo a que se destinam e facilitar a identificação daqueles mais adequados às necessidades de quem realizará a aquisição. Não se devem tratar todos os produtos de uma mesma forma, já que cada um possui características e funcionalidades distintas e ainda detém uma imagem diferenciada perante o mercado consumidor. Eis um exemplo de segmentação para aquisição de um veículo de representação: 14 PRODUTO: Automóvel, tipo sedã médio FABRICANTE / MARCA CLASSE A B C Audi A4 BMW Série 3 Mercedes-Benz Classe C Honda Civic Toyota Corolla Chevrolet Cruze VW Jetta Renault Fluence JAC J5 Lifan 620 PRODUTO: Automóvel, tipo sedã médio CLASSE MARCA VALOR MÉDIO (R$) A Audi, BMW, Mercedes- Benz 130.000 B Honda, Toyota, Chevrolet, VW, Renault 70.000 C JAC, Lifan 55.000 15 III ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO (MODALIDADES DE COMPRAS) 3.1 Licitação São modalidades de licitação (Lei 8.666/93, Art. 22): Tomada de preços Modalidade entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. É determinada para obras e serviçosde engenharia no valor de até R$ 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil reais) como também para compras e serviços no valor de até R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais). Concorrência Modalidade entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. É determinada para obras e serviços de engenharia de valor acima de R$ 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil reais) como também para compras e serviços acima de R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais). Convite Modalidade entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. 16 É determinada para obras e serviços de engenharia no valor de até R$ 150.000 (cento e cinquenta mil reais) como também para compras e serviços no valor de até R$ 80.000 (oitenta mil reais). Observações: - Existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) (Art. 22, § 6º) - Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do convite. (Art. 22, § 7º) Concurso Modalidade entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. Leilão Modalidade entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) São tipos de licitação (Lei 8.666/93, Art. 45): Menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; Melhor técnica; 17 Técnica e preço; e Maior lance ou oferta - nos casos de alienção de bens ou concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) “Para contratação de bens e serviços de informática, a administração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em seu parágrafo 2º e adotando obrigatoriamento o tipo de licitação „técnica e preço‟, permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Executivo.” (Lei 8666/93, Art. 45, § 4º) Observação: Melhor Técnica ou Técnica e Preço são tipos que deverão ser utilizados exclusivamente para “serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior”. (Lei 8666/93, Art. 46) 3.2 Pregão (Presencial ou Eletrônico) Pregão presencial Modalidade de licitação instituída pela Medida Provisória Nº 2.026 (04 de maio de 2000) e regulamentada pela Lei Nº 10.520 (17 de julho de 2002) para aquisição de bens e serviços comuns (oferecidos por diversos fornecedores e facilmente comparáveis entre si – Decreto Nº 3.555 de 8 de agosto de 2000) em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de propostas e lances, para classificação e habilitação do licitante que ofertar a proposta de menor preço. A convocação de interessados deverá levar em consideração o valor estimado para a aquisição de bens e serviços (Decreto Nº 3.555, de 8 de agosto de 2000, Art. 11): 18 Até R$ 160.000 (cento e sessenta mil reais): - Diário Oficial da União / Estado; e - Meio eletrônico (internet) Acima de R$ 160.000 (cento e sessenta mil reais) até R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais): - Diário Oficial da União / Estado; - Meio eletrônico (internet); e - Jornal de grande circulação local Acima de R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais): - Diário Oficial da União / Estado; - Meio eletrônico (internet); e - Jornal de grande regional ou nacional Observação: O pregão (presencial ou eletrônico) não é válido para a contratação de obras e serviços de engenharia, as locações imobiliárias e as alienações em geral. Pregão eletrônico Modalidade de licitação regulamentada pelo Decreto Nº 5.450 (31 de maio de 2005) para a aquisição de bens e serviços comuns em que a disputa pelo fornecimento é feita à distância em sessão pública com o uso de sistema que promova a comunicação pela internet (http://www.comprasnet.gov.br/). Observação: A partir da publicação do Decreto Nº 5.504 (05 de agosto de 2005) ficou estabelecido que será exigida a utilização de pregão, preferencialmente na forma eletrônica para entes públicos ou privados, nas contratações de bens e serviços comuns, realizadas em decorrência de transferências voluntárias de recursos públicos da União, decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres, ou consórcios públicos. 19 Assim como no pregão presencial, a convocação de interessados deverá levar em consideração o valor estimado para a aquisição de bens e serviços (Decreto Nº 5.450, de 31 de maio de 2005, Art. 17), mas para o pregão eletrônico os limites são maiores: Até R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais): - Diário Oficial da União / Estado; e - Meio eletrônico (internet) Acima de R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais) até R$ 1.300.000 (um milhão e trezentos mil reais): - Diário Oficial da União / Estado; - Meio eletrônico (internet); e - Jornal de grande circulação local Acima de R$ 1.300.000 (um milhão e trezentos mil reais): - Diário Oficial da União / Estado; - Meio eletrônico (internet); e - Jornal de grande regional ou nacional Vantagens do pregão eletrônico: - Agilidade (inversão de fases); - Transparência (evita arranjos entre concorrentes); - Preservação do sigilo das informações e da integridade de agentes públicos e licitantes; - Independência em relação ao valor estimado; - Redução de custos do processo; Desvantagens do pregão eletrônico: - Dificuldades tecnológicas; - Segurança da informação; - Restrição de competitividade (situação de pequenos fornecedores); 20 3.3 Compra por Dispensa de Licitação É dispensável a licitação (Lei 8.666/93, art. 24): I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior (valor de R$ 15.000), desde que não se refiram a parcelas de uma mesmaobra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior (valor de R$ 8.000) e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos; V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas; VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação 21 direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48) VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; (Regulamento) X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade. 22 XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico; (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010) 23 XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida. (Incluído pela Lei nº 10.973, de 2004) XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestaçãode serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. (Redação dada pela Lei nº 11.445, de 2007). XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007). XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do 24 fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força. (Incluído pela Lei nº 11.783, de 2008). XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Incluído pela Lei nº 12.188, de 2.010) Vigência XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) Parágrafo único: Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) 3.4 Compra por Inexigibilidade de Licitação É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial (Lei 8.666/93, art. 25): I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação; 25 III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. § 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. § 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. 3.5 Compra por Adiantamento (Suprimento Individual) O suprimento de fundos é um instrumento de exceção que, a critério do ordenador de despesas e sob sua inteira responsabilidade, poderá ser concedido suprimento de fundos (adiantamento) a servidor – chamado de agente suprido -, sempre precedido de empenho na dotação própria às despesas a realizar, e que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação (Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986, Capítulo III, Seção V). Poderá ser concedido nos seguintes casos: I - para atender despesas eventuais, inclusive em viagem e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento em espécie; (Redação dada pelo Decreto nº 2.289, de 4 de agosto de 1997) Il - quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se classificar em regulamento; e III - para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapassar limite estabelecido em Portaria do Ministro da Fazenda. 26 A Portaria nº 95/2002 do Ministério da Fazenda em seu Artigo 1º, por sua vez, regulamentou os valores para suprimento de fundos na esfera federal: I — 5% do valor estabelecido na alínea a do inciso I do art. 23, da Lei n. 8.666/93, para execução de obras e serviços de engenharia (5% de R$ 150.000 = R$ 7.500); II — 5% do valor estabelecido na alínea a do inciso II do art. 23, da lei acima citada, para outros serviços e compras em geral (5% de R$ 80.000 = R$ 4.000). § 1º Quando a movimentação do suprimento de fundos for realizada por meio do Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal, os percentuais estabelecidos nos incisos I e II deste artigo ficam alterados para 10%. A mesma Portaria em seu Artigo 2º estabelece o percentual de 0,25% do valor constante na alínea "a" do inciso II do art. 23 da Lei no 8.666/93 como limite máximo de despesa de pequeno vulto (R$ 200,00), no caso de compras e outros serviços, e de 0,25% do valor constante na alínea "a" do inciso I do art. 23 da Lei supramencionada, no caso de execução de obras e serviços de engenharia (R$ 375,00). Observações: - Considerando que o limite estipulado para as despesas de pequeno vulto, através do suprimento de fundos, é de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) e que suas despesas são efetuadas sem qualquer necessidade de processo licitatório, e considerando que o limite por dispensa de valor, com fulcro no art. 24, II, da Lei nº 8.666/93, é de R$ 8.000,00 (oito mil reais); deve-se observar que as despesas realizadas por suprimento e as com fulcro no art. 24, II, da Lei nº 8.666/93 deverão ser somadas para fins de verificação quanto ao limite global (R$ 8.000,00). - O suprimento de fundos não poderá ser utilizado para aquisição de material e de equipamentos e para realização de obras por serem estas despesas que podem subordinar-se ao processo normal de aplicação. - Ao agente suprido só é permitido ser responsável por no máximo dois suprimentos ao mesmo tempo, desde que estes suprimentos sejam de elementos de despesa diferentes (consumo e serviço, por exemplo). 27 3.6 Sistema de Registro de Preços (SRP) Regulamentado pelo Decreto Nº 3.931 de 19 de setembro de 2001 (posteriormente revogado pelo Decreto nº 7.892 de 23 de janeiro de 2013), o Sistema de Registro de Preços (SRP) é um conjunto de procedimentos com base no planejamento de um ou mais entes públicos para registro formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição de bens, para contratações futura, em que as empresas vencedoras se comprometem a fornecerbens e serviços a preços e prazos registrados em uma ata específica. É importante observar estas definições essenciais para o correto entendimento do que é o SRP: I - ata de registro de preços - documento vinculativo, obrigacional, com característica de compromisso para futura contratação, em que se registram os preços, fornecedores, órgãos participantes e condições a serem praticadas, conforme as disposições contidas no instrumento convocatório e propostas apresentadas; II - órgão gerenciador - órgão ou entidade da administração pública responsável pela condução do conjunto de procedimentos para registro de preços e gerenciamento da ata de registro de preços dele decorrente; III - órgão participante - órgão ou entidade da administração pública que participa dos procedimentos iniciais do Sistema de Registro de Preços e integra a ata de registro de preços; e IV - órgão não participante - órgão ou entidade da administração pública que, não tendo participado dos procedimentos iniciais da licitação, atendidos os requisitos desta norma, faz adesão à ata de registro de preços. 3.6.1 Competências Cabe ao órgão gerenciador: 28 I - registrar sua intenção de registro de preços no Portal de Compras do Governo federal; II - consolidar informações relativas à estimativa individual e total de consumo, promovendo a adequação dos respectivos termos de referência ou projetos básicos encaminhados para atender aos requisitos de padronização e racionalização; III - promover atos necessários à instrução processual para a realização do procedimento licitatório; IV - realizar pesquisa de mercado para identificação do valor estimado da licitação e consolidar os dados das pesquisas de mercado realizadas pelos órgãos e entidades participantes; V - confirmar junto aos órgãos participantes a sua concordância com o objeto a ser licitado, inclusive quanto aos quantitativos e termo de referência ou projeto básico; VI - realizar o procedimento licitatório; VII - gerenciar a ata de registro de preços; VIII - conduzir eventuais renegociações dos preços registrados; IX - aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório, as penalidades decorrentes de infrações no procedimento licitatório; e X - aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório, as penalidades decorrentes do descumprimento do pactuado na ata de registro de preços ou do descumprimento das obrigações contratuais, em relação às suas próprias contratações. Cabe ao órgão participante: I - garantir que os atos relativos a sua inclusão no registro de preços estejam formalizados e aprovados pela autoridade competente; II - manifestar, junto ao órgão gerenciador, mediante a utilização da Intenção de Registro de Preços, sua concordância com o objeto a ser licitado, antes da realização do procedimento licitatório; e III - tomar conhecimento da ata de registros de preços, inclusive de eventuais alterações, para o correto cumprimento de suas disposições. Parágrafo único. Cabe ao órgão participante aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório, as penalidades decorrentes do descumprimento do pactuado na ata de 29 registro de preços ou do descumprimento das obrigações contratuais, em relação às suas próprias contratações, informando as ocorrências ao órgão gerenciador. Por fim, cabem ao órgão não participante: I - os atos relativos à cobrança do cumprimento pelo fornecedor das obrigações contratualmente assumidas e a aplicação, observada a ampla defesa e o contraditório, de eventuais penalidades decorrentes do descumprimento de cláusulas contratuais, em relação às suas próprias contratações, informando as ocorrências ao órgão gerenciador. 3.6.2 Aspectos fundamentais O SRP deve ser adotado, preferencialmente, nas situações a seguir (Art. 3º): I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações frequentes; II - quando for mais conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços necessários à Administração para o desempenho de suas atribuições; III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; e IV - quando pela natureza do objeto não for possível definir previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração. Nestes casos a licitação deverá ser realizada nas modalidades de concorrência ou de pregão do tipo menor preço. 3.6.3 Vantagens do SRP Simplificação do processo de compras; 30 Otimização / redução de estoques; Otimização do tempo; Melhoria do planejamento de aquisições; Padronização de especificações de bens e serviços; 31 IV COMPRAS E GESTÃO DE CONTRATOS 4.1 Aspectos fundamentais A compreensão da figura jurídica do contrato administrativo depende do entendimento de dois aspectos fundamentais: o encargo e a remuneração. O encargo representa o que a Administração estabeleceu para satisfazer sua necessidade e deve preservar o mínimo indispensável para fazê-la, não necessariamente precisando a ele se limitar. A remuneração, por sua vez, representa o que o contratado necessita para cumprir o compromisso estabelecido e receber a devida contrapartida financeira. A fixação da remuneração é feita com base no encargo, nas condições de mercado, na ordem jurídica vigente e na expectativa de lucro do licitante. É essencial, portanto, que haja uma equivalência econômico-financeira entre encargo e remuneração para assegurar um equilíbrio durante a relação contratual. 4.2 Formalização contratual O contrato administrativo é o instrumento que formaliza em um único documento as obrigações recíprocas entre contratante e contratado a partir do encontro entre encargo e remuneração. É simplesmente unir o que já está formalizado no edital e na proposta vencedora para facilitar a organização e o controle. O simples fato de inexistir um contrato escrito não significa dizer que não há contrato, já que o edital e a proposta vencedora, que são instrumentos escritos, são suficientes para formalizar um acordo de vontades. Diante disso, é importante reforçar que o contrato é formalizado durante a própria licitação, e não depois dela. 32 4.3 Encargo e remuneração Formalizado o contrato, cabe à Administração exigir o cumprimento do estabelecido em edital e remunerar o contratado conforme estabelecido desde que o encargo tenha sido integralmente cumprido. O responsável pela fiscalização contratual designado pela Administração deverá registrar todas as ocorrências durante a vigência do acordo em meio próprio, cabendo ao contratado executar fielmente o que foi acordado, sendo este obrigado a “reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o encargo quando forem verificados vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou dos materiais empregados” (MENDES, 2012). Somente a Administração poderá alterar unilateralmente o encargo – a alteração pelo contratado configura descumprimento de contrato e enseja a devida punição. É vedada à Administração, entretanto, a alteração unilateral da remuneração. A alteração de ambos deve ser sempre motivada por razões objetivas. Considerando que o pressuposto básico de um contrato é a equivalência entre as duaspartes, existem situações capazes de promover o desequilíbrio na equação, indicando a necessidade de reajuste ou repactuação (MENDES, 2012): Alterações nas especificações do encargo; Alterações nas quantidades do encargo; Alterações dos custos de materiais empregados; Alterações dos custos de mão de obra; Alterações de impostos ou encargos legais; Eventos naturais (casos fortuitos); Eventos humanos (força maior); e Eventos da própria administração. A inexecução de um contrato pode estar relacionada ao não cumprimento do encargo ou da remuneração. Em relação à primeira situação, pode haver culpa do 33 contratado, da Administração, por atos de terceiros ou em decorrência de eventos naturais e esta inexecução pode ser parcial ou total. Sendo total, há motivo para rescisão contratual. Sendo parcial, não necessariamente há a rescisão, mas sim consequências para a parte que deixa de cumprir obrigações – algumas destas consequências já são previamente definidas em edital. Por fim, sendo necessário qualquer tipo de alteração contratual, é importante verificar se a situação implica ou não em alterações materiais. Havendo modificação do acordo de vontades em sua essência, será necessário um termo aditivo, já que as bases foram alteradas. Se a alteração for apenas na remuneração e decorrente de condição já prevista em edital ou contrato, bastará um registro simples com o motivo da modificação. 34 MATERIAIS I CONCEITOS E DEFINIÇÕES 1.1 O que é Gestão de Materiais? A gestão de materiais pode ser definida como o conjunto de atividades conduzidas em uma organização para supri-la com os materiais necessários ao desempenho de suas atribuições. Também pode ser definida como uma função coordenadora responsável pelo planejamento e controle do fluxo de materiais que busca maximizar a utilização de recursos da instituição e fornecer o nível de serviços requerido pelo usuário. (ver fluxo abaixo) 35 São objetivos da gestão, portanto: suprir a organização de materiais nas quantidades certas, na hora certa, no momento certo, na qualidade desejada, praticando preços econômicos, armazenando-os de maneira e nos locais adequados e buscando minimizar estoques. 1.2 Atividades da Gestão de Materiais A gestão de materiais pode ser classificada em três grandes atividades, complementares entre si: Gestão de estoques É a parte responsável por adequar os níveis de estoques às necessidades e à política de gestão de materiais do órgão; Gestão de compras É a parte responsável pelas aquisições/contratações solicitadas pelos diversos setores do órgão, bem como atender às solicitações da área de estoques; e Gestão de almoxarifados É a parte responsável pelo controle físico dos materiais, incluindo recebimento, movimentação, armazenagem e distribuição interna. 36 II PREVISÃO DE DEMANDAS 2.1 O que é Previsão de Demandas? O primeiro passo antes de se falar em controle de estoques é realizar a previsão de demandas, ou seja, a previsão de consumo de um determinado material que seja a mais próxima da realidade. Caso existam informações incorretas sobre esta previsão podem ocorrer: Aumento dos custos de estoque, quando há manutenção de itens sem demanda; e Custos da falta de estoque, quando a quantidade mantida no almoxarifado é inferior à demanda. 2.2 Padrões de Demanda O comportamento da demanda nem sempre é linear ao longo do tempo, por isso é importante compreender a existência de diferentes padrões para realizar uma previsão correta: Tendência, quando a demanda demonstra estar aumentando ou diminuindo continuamente a cada ano. Sazonalidade, quando a demanda flutua dependendo do período do ano, podendo a flutuação ser resultado de eventos particulares. Variação aleatória, quando vários fatores afetam a demanda durante períodos específicos, mas em base aleatória. Ciclo, quando aumentos ou diminuições ondulatórias na economia influenciam a demanda. 37 2.3 Técnicas de Previsão Antes de prever demandas é preciso partir dos princípios de que: As previsões geralmente estão erradas; As previsões devem incluir estimativas de erros; As previsões são mais precisas para famílias ou grupos; e As previsões são mais precisas para períodos de tempo mais próximos Geralmente as informações utilizadas para a previsão se baseiam em dados históricos, manipulados de alguma forma por especialistas ou através de técnicas estatísticas. A qualidade da previsão, portanto, depende de alguns princípios de coletas de dados: 1. Os dados devem ser registrados nos mesmos termos exigidos pela previsão. Se o propósito é prever a demanda de consumo, os dados devem ser baseados nesta demanda. Se a programação de tempo for em trimestres, a previsão também deve ser feita para o mesmo intervalo. 2. As circunstâncias relativas aos dados devem ser registradas. Eventos particulares que causam alterações artificiais nas demandas precisam ser relacionados ao histórico para que possam ser incluídos ou excluídos ao considerarmos condições futuras. 3. A demanda deve ser registrada separadamente para grupos de clientes diferentes. Considerando as características próprias de cada segmento requisitante as demandas devem ser registradas de forma diferente para cada um deles sempre que possível. Por categorias, as técnicas de previsão podem ser classificadas como: 38 Qualitativas, de natureza subjetiva, quando são provenientes de especialistas ou da opinião de usuários e normalmente utilizadas para prever demandas futuras para grandes grupos de materiais; Extrínsecas, quando baseadas em indicadores externos para prever demandas por famílias de produtos; e Intrínsecas, quando baseadas em dados históricos da organização, supondo demandas futuras com base no que aconteceu no passado. Por serem as mais comuns entre as organizações pelo fácil acesso às informações, apresentamos algumas das técnicas intrínsecas mais utilizadas: Método do último período Adota-se o consumo do período anterior para prever o consumo do próximo. Método da média móvel ou média aritmética Adota-se a média aritmética simples dos consumos dos períodos anteriores para prever o consumo futuro. É ideal para prever produtos com demanda estável. MM = (C1 + C2 + C3) / 3 ↓ Onde: C1 / C2 / C3 = consumo dos meses 1, 2 e 3 Método da média móvel ponderada Adota-se uma média ponderada dos consumos dos períodos anteriores para prever o consumo futuro, atribuindo-se maior peso aos períodos mais recentes. MMP = [(C1*0,20) + (C2*0,30) + (C3*0,50)] ↓ Onde: C1 / C2 / C3 = consumo dos meses 1, 2 e 3 Método da média móvel com suavização exponencial Adota-se uma média ponderada dos consumos dos períodos anteriores, eliminando variações acentuadas que tenham ocorrido no intervalo de tempo 39 considerado. Uma das vantagens é que se pode atribuir qualquer peso aos novos dados. MSE = [(C1*0,10) + (C2*0,60) + (C3*0,30)] ↓ Onde: C1 / C2 / C3 = consumo dos meses 1, 2 e 3 40 III ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAISAs especificações dos materiais a serem adquiridos precisam estar de acordo com o Art. 15º da Lei 8.666/93, que diz que as compras, sempre que possível, deverão: I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas; II - ser processadas através de sistema de registro de preços; § 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca; II - a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação; III - as condições de guarda e armazenamento que não permitam a deterioração do material. É fundamental, portanto, que o setor de materiais trabalhe em parceria com o setor de compras para garantir na especificação dos itens a serem adquiridos a observância a critérios como impossibilidade de direcionamento, definição de elementos essenciais, padronização, segmentação de mercado e fontes de consulta. 41 IV AGRUPAMENTO E CLASSIFICAÇÃO Considerando que a maioria dos almoxarifados possui uma grande quantidade de itens, torna-se praticamente impossível identificar todos eles por nomes, marcas, modelos ou por outras características. Por isso, para facilitar a localização de materiais estocados no almoxarifado, as organizações costumam utilizar sistemas de codificação. A classificação, portanto, é o processo de catalogação, simplificação, especificação, normalização, padronização e codificação de todos os materiais que compõem o estoque de uma organização. Vejamos o significado de cada uma destas etapas: 1. Catalogação: listagem de todos os itens existentes, sem omissão de nenhum deles. 2. Simplificação: redução da grande diversidade de itens empregados para uma mesma finalidade, favorecendo a normalização. 3. Especificação: descrição detalhada de um item (medida, formato, peso, tamanho), facilitando aquisições futuras, o processo de recebimento, etc. 4. Normalização: maneira pela qual o material deve ser utilizado em suas aplicações. 5. Padronização: estabelecimento de padrões idênticos de peso, medidas e dimensões para os materiais como forma de evitar muitas variações. Já a codificação, decorrência das etapas anteriores, é a apresentação de cada item por meio de um código contendo informações necessárias e suficientes por meio do uso de números e/ou letras e, de modo geral, deve substituir o nome do material nas requisições dentro da instituição. Os sistemas de codificação mais utilizados são: Sistema alfabético Materiais codificados através de um conjunto de letras, cada qual identificando características e especificações. Por ser de difícil memorização e por limitar o número de itens, é pouco utilizado. 42 Sistema alfanumérico Materiais codificados através de um conjunto de letras e números, com as letras identificando a classe do material e seu grupo naquela classe, e os números, o código indicador do item. AB - 123 ↓ Onde: A = classe de materiais (exemplo: materiais de escritório) B = grupo de materiais (exemplo: caneta esferográfica) 123 = código indicador do material (marca BIC, cor AZUL, escrita FINA) Sistema numérico Também conhecido como sistema decimal, é o mais utilizado pela facilidade de informação e pelo número ilimitado de itens que abrange. 00 – 00* – 00** – 0*** ↓ Onde: 00 = classificação geral (classe de materiais) 00* = classificação individual (grupo de materiais) 00** = classificação definidora (identificação) 0*** = dígito de controle 43 V CONTROLE DE ESTOQUES 5.1 Gestão de Estoques Os estoques são materiais e suprimentos necessários à manutenção do funcionamento de uma organização. São as composições não utilizadas em um determinado momento, mas que precisam existir em função de necessidades futuras. Embora algumas empresas privadas já trabalhem sem estoques, as características próprias do serviço público, como a burocracia e os prazos maiores para a conclusão de uma aquisição, exigem a manutenção de um estoque mínimo ou de segurança capaz de garantir o bom funcionamento de um órgão. Assim, os estoques devem ser utilizados porque: Podem proteger as organizações de eventuais oscilações de demandas; Podem proteger as organizações de eventuais oscilações de mercado; Podem ser uma oportunidade de investimento; Podem proteger de atrasos; e Podem implicar em economia de escala. Para que a gestão de estoques seja eficiente é necessário garantir que haja: Excelência no atendimento aos clientes (exemplo: porcentagem de pedidos entregues pontualmente); Eficiência operacional; e Investimento mínimo em estoque. Por outro lado, um controle de estoques impreciso resulta em: Falta de materiais; Excesso de estoque de materiais errados; 44 Baixa produtividade; e Baixo desempenho no atendimento de solicitações. 5.2 Causas de Erro em Registros Alguns dos exemplos abaixo representam causas de erro nos registros de estoques: Retirada de material sem autorização; Ausência de segurança adequada em depósito; Equipe mal treinada; Registros de transações ruins; Sistemas de registro de transações ruins; e Falta de capacitação para realizar auditorias. 5.3 Classificação de Estoques De acordo com a função que desempenham os estoques podem ser classificados como: Estoque de antecipação É aquele criado antecipando uma demanda futura. (exemplo: época de eventos) Estoque de flutuação ou de segurança É aquele feito para cobrir flutuações aleatórias e imprevisíveis e garantir que não haja esvaziamento do estoque em função de demandas maiores do que o esperado. Estoque de tamanho do lote ou de ciclo 45 É aquele em que os materiais são adquiridos em quantidades maiores do que o necessário, geralmente para se tirar vantagem dos descontos sobre quantidades maiores ou nos casos em que é impossível comprá-los na velocidade em que são consumidos. 5.4 Classificação ABC A classificação ABC, também chamada de Curva de Pareto, baseia-se no princípio de que um número reduzido de itens concentra a maior parte dos investimentos em materiais de uma organização. Geralmente se observa que a relação entre a porcentagem de itens e a porcentagem de utilização anual em valores monetários segue um padrão: Aproximadamente 20% dos itens correspondem a cerca de 80% da utilização; Aproximadamente 30% dos itens correspondem a cerca de 15% da utilização; e Aproximadamente 50% dos itens correspondem a cerca de 5% da utilização. Para realizar uma classificação ABC é necessário: 1. Estabelecer características do material que influenciam a gestão de estoques (exemplos: valores monetários, escassez de material); 2. Classificar os materiais em grupos com base nos critérios estabelecidos; e 46 3. Aplicar um grau de controle proporcional à importância do grupo. Desta forma é possível definir três classes de itens: Classe A (alta prioridade), constituída de poucos itens (cerca de 20% do total) que representam aproximadamente 80% da utilização, exigecontrole cerrado com registros completos e precisos, revisões regulares pela administração; Classe B (média prioridade), constituída por uma quantidade média de itens (cerca de 30% do total) que representam aproximadamente 15% da utilização, exige controles normais e atenção regular; e Classe C (baixa prioridade), constituída por uma grande quantidade de itens (cerca de 50%) que representam aproximadamente 5% da utilização, exige controles mais simples. Logo abaixo, um exemplo prático do uso da classificação ABC com base no valor monetário dos itens: Classificação Código do item Custo unitário (R$) Consumo médio mensal Valor do consumo (R$) % do total % acumulada Classe 1 A1043 R$ 7,89 17000 R$ 134.130,00 29,02% 29,02% A 2 D0102 R$ 3,42 22000 R$ 75.240,00 16,28% 45,30% A 3 V1044 R$ 5,77 10000 R$ 57.700,00 12,48% 57,78% A 4 D1001 R$ 1,99 28800 R$ 57.312,00 12,40% 70,18% A 5 S0200 R$ 3,45 13500 R$ 46.575,00 10,08% 80,26% A 6 X2140 R$ 4,06 4000 R$ 16.240,00 3,51% 83,77% B 7 J0032 R$ 1,45 11000 R$ 15.950,00 3,45% 87,22% B 8 M0375 R$ 9,17 1200 R$ 11.004,00 2,38% 89,60% B 9 B0094 R$ 2,30 4200 R$ 9.660,00 2,09% 91,69% B 10 A1114 R$ 3,00 3000 R$ 9.000,00 1,95% 93,64% B Demais - R$ 0,42 70000 R$ 29.400,00 6,36% 100,00% C TOTAL 184700 R$ 462.211,00 100,00% 47 Utilizando a classificação ABC, duas regras gerais devem ser seguidas para garantir um controle eficiente: Ter grande número de itens de baixo valor (Classe C), já que eles pouco impactam no valor do estoque e podem geram números menores de pedidos ao longo do exercício; e Reduzir o estoque de itens de alto valor. 5.5 Outros Métodos de Controle Sistema de duas gavetas Método simplificado em que o estoque é armazenado em duas caixas ou gavetas, com a primeira contendo uma quantidade de material equivalente ao consumo previsto para o período e a segunda, para atendimento das requisições quando a primeira fica vazia, devendo possuir quantidade suficiente mais estoque de segurança durante o período de reposição. Não é indicado quando os materiais são estocados em locais diferentes. Sistema dos máximos-mínimos Também denominado sistema de quantidades fixas, é utilizado quando há dificuldade para determinar o consumo ou quando há variação no tempo de requisição. Consiste em estimar os estoques máximo (E max) e mínimo (E min) – este última sendo a quantidade em estoque que, quando atingida, gera a necessidade de reposição, também chamado de ponto de pedido (PP) - para cada item em função do consumo estimado para um determinado período (intervalo de reposição – IR). 48 E min = ER + d*t ↓ Onde: ER = estoque de reserva d= consumo médio do material; t= tempo de espera, em dias, para reposição ↓ E max = E min + lote de compra Tem como principal vantagem a relativa automatização do processo e pode ser utilizado para todos os itens da classificação ABC. Sistema das reposições periódicas Também denominado sistema de revisões periódicas, consiste em fazer pedidos de reposição de estoques em intervalos de tempo estabelecidos para cada material, com a quantidade pedida devendo ser igual à necessidade de consumo para o próximo período. Planejamento das necessidades de materiais (MRP) Do inglês material requiriments planning, consiste em sistema operado em ambiente computacional que inter-relaciona previsão de consumo, planejamento de compras e gerenciamento de estoques, permitindo ainda cadastro de materiais, acompanhamento de rotinas administrativas e verificação de saldos disponíveis. (exemplo: sistema ASI) 49 5.6 Avaliação de Estoques Avaliar estoques é levantar o valor financeiro dos materiais armazenados no almoxarifado com base no preço de custo ou de mercado. Este controle financeiro é importante para garantir que o capital imobilizado se mantenha em nível razoavelmente baixo, de acordo com a política de gestão de materiais vigente na organização, bem como para obter uma importante ferramenta para tomada de decisões. A avaliação de estoques pode ser realizada através de quatro métodos: Custo médio Indicado pela Receita Federal (Art. 295 do Decreto nº 3.000 de 26 de março de 1999), o método mais utilizado é baseado num preço médio entre todas as entradas e saídas de materiais e funciona como moderador de preços ao minimizar eventuais flutuações. 50 DATA ENTRADAS SAÍDAS SALDO Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total 02/04/2012 200 R$ 2,00 R$ 400,00 200 R$ 2,00 R$ 400,00 03/05/2012 200 R$ 4,00 R$ 800,00 400 R$ 3,00 R$ 1.200,00 01/06/2012 100 R$ 3,00 R$ 300,00 300 R$ 3,00 R$ 900,00 03/07/2012 100 R$ 3,00 R$ 300,00 200 R$ 3,00 R$ 600,00 13/07/2012 100 R$ 3,00 R$ 300,00 100 R$ 3,00 R$ 300,00 31/07/2012 100 R$ 4,50 R$ 450,00 200 R$ 3,75 R$ 750,00 Método PEPS (FIFO) Abreviação da frase “primeiro a entrar, primeiro a sair” – em inglês, “first in, first out” (FIFO) -, avalia o estoque com base na ordem cronológica das entradas, ou seja, sai o material que entrou antes. O que resta no estoque, portanto, são os itens com preços de mercado mais atualizados – a grande vantagem deste método. Ver exemplo a seguir: DATA ENTRADAS SAÍDAS SALDO Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total 02/04/2012 200 R$ 2,00 R$ 400,00 200 R$ 2,00 R$ 400,00 03/05/2012 200 R$ 4,00 R$ 800,00 400 R$ 3,00 R$ 1.200,00 01/06/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 300 R$ 3,33 R$ 999,00 03/07/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 200 R$ 4,00 R$ 800,00 13/07/2012 100 R$ 4,00 R$ 400,00 100 R$ 4,00 R$ 400,00 51 Método UEPS (LIFO) Abreviação da frase “último a entrar, primeiro a sair” – em inglês, “last in, first out” (FIFO) -, avalia o estoque com base no preço do último lote a entrar no almoxarifado. A vantagem é a simplificação dos cálculos, mas ao mesmo tempo supervaloriza o preço dos itens e deixa no estoque os itens com preços mais desatualizados. Não é permitido pela Receita Federal. Ver exemplo a seguir: DATA ENTRADAS SAÍDAS SALDO Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total 02/04/2012 200 R$ 2,00 R$ 400,00 R$ 0,00 200 R$ 2,00 R$ 400,00 03/05/2012 200 R$ 4,00 R$ 800,00 R$ 0,00 400 R$ 3,00 R$ 1.200,00 01/06/2012 100 R$ 4,00 R$ 400,00 300 R$ 2,66 R$ 798,00 03/07/2012 100 R$ 4,00 R$ 400,00 200 R$ 2,00 R$ 400,00 13/07/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 100 R$ 2,00 R$ 200,00 Custo de reposição Método que ajusta o valor do estoque em função dos preços de mercado. Ver exemplo a seguir: DATA ENTRADAS SAÍDAS SALDO Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total 02/04/2012 200 R$ 2,00 R$ 400,00 R$ 0,00 200 R$ 2,00 R$ 400,00 03/05/2012 200 R$ 4,00 R$ 800,00 R$ 0,00 400 R$ 4,00 R$ 1.600,00 01/06/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 300 R$ 4,00 R$ 1.200,00 03/07/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 200 R$ 4,00 R$ 800,00 13/07/2012 100 R$ 4,00 R$ 400,00 100 R$ 4,00 R$ 400,00 52 5.7 Custos de Estoques Todo material armazenado gera custos de estocagem. Estes custos dependem de duas variáveis: a quantidade em estoque e o tempo de permanência. Didaticamente
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