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Problema 3 módulo 8

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Problema 3 módulo 8 
 
Exame físico do RN: 
O exame físico de rotina do RN é o que mais revela anomalias do que qualquer outro 
exame físico, é sempre bom fazer esse exame na presença dos pais da criança para que 
eles vejam junto com o médico os achados normais e anormais do bebê além de 
aproveitarem o tempo para retirar possíveis dúvidas. 
O primeiro exame é focado em: 
 Determinar possíveis anomalias congênitas; 
 Verificar se o RN fez uma transição bem sucedida do meio intra para 
extrauterino; 
 Checar até que ponto a gestação, uso de medicamentos, o trabalho de parto e 
o parto afetaram o RN; 
 Verificar se o RN apresenta qualquer sinal de infecção ou doença metabólica. 
No exame físico o RN deve estar completamente sem roupas, em uma sala com boa 
iluminação e luzes de aquecimento para evitar que fique hipotérmico. Em seguida, o 
médico deve seguir uma ordem de realização do exame, geralmente se inicia com o 
sistema cardiorrespiratório, caso o bebê esteja acordado e alerta é sempre bom 
aproveitar essa chance para fazer o exame oftalmológico. 
Devem-se avaliar os sinais vitais do RN como a temperatura (axilar em torno de 36,5 a 
37,4°C), frequência cardíaca (entre 95-160 bpm), frequência respiratória (30-60 irpm), 
pressão arterial (não é rotineira essa aferição), oximetria de pulso e mensurações de 
peso, comprimento e circunferência cefálica. 
 Alguns bebês podem apresentar respiração periódica normal, nela acontecem 
pausas curtas de 5 a 10 segundos, acima disso é bom se manter atento devido 
ao risco de apneia. 
Sistema cardiorrespiratório: 
 O RN saudável se apresenta no exame físico com coloração rosa-avermelhado, sua 
respiração deve se apresentar sem esforço, sem grunhido, sem batimento da asa do 
nariz e nem retrações intercostais. Além disso, o médico também deve observar a 
atividade precordial, FC, ritmo, características das bulhas cardíacas e a existência ou 
não de sopros, determinar se o coração está do lado esquerdo ou direito do tórax, pela 
palpação do ponto de impulso máximo (PMI) e ausculta. 
Deve-se auscultar as bulhas cardíacas, com especial atenção para confirmar a 
ocorrência de desdobramento da segunda bulha cardíaca (evidência da existência de 
duas valvas semilunares), a detecção de qualquer galope e a detecção de cliques de 
ejeção, que podem indicar estenose da valva pulmonar ou da aorta ou uma valva da 
aorta bicúspide. 
Tórax: 
As clavículas devem ser palpadas. Crepitação ou, menos comumente, um “degrau” 
pode ser encontrado em caso de fratura de clavícula. A palpação da clavícula deve 
sempre ser repetida no exame de alta, pois algumas fraturas podem ser mais 
aparentes no segundo ou no terceiro dia de vida. 
Deve-se inspecionar a forma e a simetria do tórax. Ocasionalmente, são observados 
um ou mais mamilos acessórios na linha mamária. Minúsculos acrocórdons 
periareolares na pele, que geralmente secam e caem nos primeiros dias de vida, 
também podem ser observados. 
Abdômen: 
Ao palpar o abdome, comece com leve pressão ou deslizamento, movendo-se dos 
quadrantes inferiores para os superiores, a fim de revelar as bordas do fígado ou do 
baço. A borda hepática normal pode se estender até 2,5 cm abaixo da margem costal 
direita. O baço geralmente é não palpável. Lembre-se de que pode haver situs 
inversus. 
Os órgãos abdominais anteriores (p. ex., fígado, baço, intestino grosso) podem ser 
vistos pela parede abdominal, especialmente em recém-nascidos magros ou pré-
termo. A borda do fígado é vista ocasionalmente e o padrão intestinal às vezes é 
visível. A diástase do músculo reto do abdome é frequentemente encontrada em 
recém-nascidos, e mais evidente durante o choro. 
Após o abdome ter sido palpado delicadamente, a palpação profunda é possível, não 
só por conta da falta de musculatura desenvolvida, mas também porque não há 
alimento e existe pouco ar no intestino. Os rins podem ser palpados. 
O coto umbilical deve ser inspecionado. Deve ser identificada a veia umbilical e uma ou 
duas artérias umbilicais, bem como a quantidade de geleia de Wharton. Observe se há 
secreções, odor ou eritema periumbilical. As hérnias umbilicais são vistas com 
frequência em recém-nascidos e geralmente são benignas e desaparecem 
espontaneamente. 
Órgãos genitais e ânus: 
O pênis, quase invariavelmente, tem fimose importante. O comprimento do pênis 
esticado inferior a 2,5 cm é anormal e requer avaliação. O escroto muitas vezes é 
bastante grande, pois é um análogo embrionário dos lábios vaginais do sexo feminino 
e responde aos hormônios maternos. A hiperpigmentação da bolsa escrotal deve levar 
a suspeita de uma das síndromes adrenogenitais. Os testículos devem ser palpados, 
com identificação do epidídimo e do ducto deferente. Os testículos devem ter o 
mesmo tamanho e não devem parecer azuis (sinal de torção) atrás da pele do escroto. 
O tamanho do testículo normal em um recém-nascido a termo varia de 1,6 cm 
(comprimento) × 1,0 cm (largura) até 2,9 cm × 1,8 cm. 
Os grandes lábios de recém-nascidas a termo são frequentemente avermelhados e 
inchados devido à influência dos hormônios maternos, que também são responsáveis 
por secreção vaginal clara ou branca nos primeiros dias de vida. O introito vaginal deve 
ser examinado e o hímen deve ser identificado. O tamanho médio do clitóris em 
recém-nascidas a termo ± 1 DP é de 4,0 ± 1,24 mm (ver referência Oberfield). 
Deve-se verificar cuidadosamente a perviedade, a posição e o tamanho do ânus. 
Ocasionalmente, uma grande fístula é confundida com um ânus normal. 
Pele: 
O ressecamento é comum, às vezes acompanhado de fissuras ou descamação da pele, 
especialmente em recém-nascidos pós-termo. 
As mílias, cistos de inclusão preenchidos por restos celulares queratinosos, são 
pequenas pápulas brancas bem definidas, muitas vezes solitárias, comumente 
encontradas no rosto e couro cabeludo. A mília resolve-se espontaneamente nas 
primeiras semanas ou meses de vida. 
A hiperplasia sebácea aparece como diminutas pápulas foliculares brancas 
amareladas,mais comumente agrupadas no nariz. Tais pápulas desaparecem 
espontaneamente nas primeiras semanas de vida. 
O eritema tóxico neonatal ocorre em cerca de metade dos recém-nascidos a termo. 
Classicamente, as lesões do eritema tóxico são pápulas amareladas sobre uma base 
eritematosa, levando o nome de dermatite em “picada de pulga”. As manifestações 
podem variar de algumas lesões espalhadas isoladas a áreas extensas de pápulas ou 
pústulas, às vezes confluentes, com eritema circundante. 
O nevus simplex ou mancha salmão é uma malformação capilar frequente, encontrada 
na testa (geralmente em forma de V), na nuca, nas pálpebras, no nariz e no lábio 
superior. Embora a maioria das manchas salmão do rosto (“beijo de anjo”) desapareça 
no primeiro ano de vida, aquelas da nuca (“bicadas de cegonha”) às vezes persistem. 
A melanose pustulosa transitória neonatal (MPTN), mais comum em recém-nascidos 
de pigmentação mais escura, consiste em pústulas frágeis de 2 a 10 mm que se 
rompem espontaneamente e contêm neutrófilos, deixando um colar de escamas e 
máculas hiperpigmentadas subjacentes, que acabam desaparecendo (em semanas ou 
meses). Frequentemente, as crianças apresentam máculas hiperpigmentadas de MPTN 
no nascimento, de modo que a fase pustulosa supostamente ocorreu no útero. 
A melanose dérmica (“mancha mongólica”) é comumente vista em pessoas de pele 
mais escura e em pacientes de origem asiática. Consiste em coleções dérmicas de 
melanócitos que aparecem como máculas ou manchas de tamanho variável de cor 
azul, cinza ou ardósia preta, na maioria das vezes nas nádegas, embora possam ocorrer 
também em muitos outros locais. É prudente
anotar no prontuário o achado de 
melanose cutânea no exame do recém-nascido, para que no futuro não haja confusão 
com hematomas traumáticos. 
Linfonodos: 
Linfonodos palpáveis são encontrados em cerca de um terço dos neonatos normais. 
Eles são geralmente têm menos de 12 mm de diâmetro e são frequentemente 
encontrados nas regiões inguinal, cervical e, ocasionalmente, axilar. 
Membros: 
Anomalias dos dígitos, como polidactilia (especialmente a polidactilia pósaxial, que 
pode ser de origem hereditária), clinodactilia ou algum grau de membranas 
interdigitais ou sindactilia, são vistas com relativa frequência. As pregas palmares 
devem ser examinadas. Por conta da posição fetal, muitos recém-nascidos têm adução 
do antepé, curvatura da tíbia ou mesmo torção tibial. A adução do antepé, também 
conhecida como metatarso varo, muitas vezes corrige-se em algumas semanas e pode 
ser acompanhada atentamente com exercícios de alongamento. Graus leves de 
curvatura ou torção tibial também são normais. O pé equinovaro, ou pé torto, sempre 
requer intervenção ortopédica, que deve ser procurada o mais rápido possível após o 
nascimento. 
Articulação: 
Todos os recém-nascidos devem ser examinados quanto à presença de displasia do 
desenvolvimento do quadril. Os “clunks” de quadril podem ser procurados tanto pela 
manobra de Barlow, que provoca uma luxação posterior do quadril instável, quanto 
pela manobra de Ortolani, que provoca a redução da luxação. Os “cliques” de quadril, 
decorrentes do movimento do ligamento redondo no acetábulo, são muito mais 
comuns do que os “clunks” de quadril e não são motivo de preocupação. 
Coluna: 
A criança deve ser virada e suspensa com a face para baixo, com a mão do examinador 
apoiando o tórax. As costas, em especial as áreas lombar inferior e sacral, devem ser 
examinadas. É fundamental a busca cuidadosa de trajetos fistulosos pilonidais, 
achados na pele ou pequenas tumefações medianas de consistência mole que podem 
indicar uma pequena meningocele ou outra anomalia. 
 
Cabeça e pescoço: 
O couro cabeludo deve ser inspecionado a procura de cortes, escoriações ou contusões 
do processo de nascimento. A tumefação deve ser observada e identificada, 
distinguindo entre uma bossa serosanguinolenta, céfalo-hematomas e hemorragia 
subgaleal. A bossa serosanguinolenta, muitas vezes de textura amolecida, é 
simplesmente a tumefação dos tecidos moles pelo processo de nascimento, ela 
geralmente se situa na região occipital, embora também possa ter uma forma de 
salsicha na região parietal, atravessa as linhas de sutura e, mais frequentemente, 
desaparece no período de 1 ou 2 dias. Os céfalo-hematomas, mais comuns no 
contexto de um parto vaginal instrumentado, e que na maioria das vezes envolve um 
dos ossos parietais, são decorrentes de hemorragia subperiosteal. Assim, não cruzam 
as linhas de sutura. 
Os céfalo-hematomas são uma fonte de excesso de produção de bilirrubina, que pode 
contribuir para a icterícia neonatal. 
Os ossos do crânio (occipital, parietal e frontal) devem ser examinados e as linhas de 
sutura (sagital, coronal, lambdoidal e metópica) devem ser palpadas. A mobilidade das 
suturas descarta a possibilidade de craniossinostose. A mobilidade pode ser apreciada 
pela colocação de um polegar nos lados opostos da sutura e, em seguida, empurrando 
alternadamente ao sentir o movimento. 
As fontanelas devem ser palpadas. Quando a circunferência cefálica é normal e não há 
movimento das linhas de sutura, dá-se pouca atenção ao tamanho das fontanelas 
(grandes ou pequenas). Muitas fontanelas grandes refletem atraso na ossificação e 
podem estar associadas a hipotireoidismo. Elas devem ser moles, particularmente 
quando a criança está em uma posição vertical ou sentada. Fontanelas tensas ou 
fechadas devem causar preocupação por pressão intracraniana elevada devido a 
causas como meningite ou hemorragia intracraniana aguda. 
Os olhos devem ser examinados a procura de hemorragias das escleras, icterícia, 
exsudato conjuntival, coloração da íris, movimentos dos músculos extraoculares e 
tamanho, simetria, reatividade e centralização da pupila. Deve-se avaliar o reflexo 
vermelho e descartar a existência de catarata. 
As orelhas deve-se observar o tamanho, a forma, a posição e a existência de meato 
acústico, bem como a ocorrência de seio pré-auricular, covas ou marcas na pele. 
O nariz deve ser inspecionado, observando qualquer deformação pela posição 
intrauterina, a permeabilidade das narinas ou evidências de lesão septal. 
A boca deve ser inspecionada por fissuras palatinas. Pérolas de Epstein (pequenos 
cistos de inclusão brancos, agrupados sobre a linha média na junção dos palatos duro e 
mole) são um achado frequente e normal. O frênulo lingual também deve ser 
inspecionado. 
Como os recém-nascidos têm pescoços curtos, o queixo deve ser levantado para expor 
o pescoço a uma avaliação completa. Deve-se estimar a amplitude de movimento do 
pescoço, avaliando-o também por bócio e arcos branquiais e ducto tireoglosso. 
Reflexos primitivos: 
São as respostas motoras involuntárias a um estímulo, eles estão presentes em bebês 
desde antes do nascimento até por volta dos 6 meses de vida. 
 
 SUCCÇÃO – Manifesta-se quando os lábios da criança são tocados por 
algum objeto, desencadeando-se movimentos de sucção dos lábios e da 
língua. Somente após 32 a 34 semanas de gestação é que o bebê 
desenvolve sincronia entre respiração, sucção e deglutição, tornando a 
alimentação por via oral difícil em RN pré-termo. 
 VORACIDADE – O reflexo da voracidade ou de procura manifesta-se 
quando é tocada a bochecha perto da boca, fazendo com que a criança 
desloque a face e a boca para o lado do estímulo. Este reflexo não deve ser 
procurado logo após a amamentação, pois a resposta ao estímulo pode ser 
débil ou não ocorrer. Está presente no bebê até os 3 meses de idade. 
 PREENSÃO – A preensão palmoplantar se obtém com leve pressão do dedo 
do examinador na palma das mãos da criança e abaixo dos dedos do pé. 
 MARCHA – A marcha reflexa e o apoio plantar podem ser pesquisados 
segurando-se a criança pelas axilas em posição ortostática. Ao contato das 
plantas do pé com a superfície, a criança estende as pernas até então 
fletidas. Se a criança for inclinada para a frente, inicia a marcha reflexa. 
 FUGA À ASFIXIA – O reflexo de fuga à asfixia é avaliado colocando-se a 
criança em decúbito ventral no leito, com a face voltada para o colchão. Em 
alguns segundos o RN deverá virar o rosto liberando o nariz para respirar 
adequadamente. 
 CUTÂNEO-PLANTAR – O reflexo cutâneo-plantar em extensão é obtido 
fazendo-se estímulo contínuo da planta do pé a partir do calcâneo no 
sentido dos artelhos. Os dedos adquirem postura em extensão. 
 MORO – O reflexo de Moro é um dos mais importantes a serem avaliados, 
devido à grande quantidade de informações que pode trazer. É 
desencadeado por algum estímulo brusco como bater palmas, estirar 
bruscamente o lençol onde a criança está deitada ou soltar os braços 
semiesticados quando se faz a avaliação da preensão palmar. O reflexo 
consiste em uma resposta de extensão-abdução dos membros superiores 
(eventualmente dos inferiores), ou seja, na primeira fase os braços ficam 
estendidos e abertos, com abertura dos dedos da mão, e em seguida de 
flexão-adução dos braços, com retorno à posição original. Tem início a 
partir de 28 semanas de gestação e costuma desaparecer por volta dos 6 
meses de idade. A assimetria ou a ausência do reflexo pode indicar lesões 
nervosas, musculares ou ósseas, que devem ser avaliadas. 
 MAGNUS-DE-KLEIJN – Em que, com a criança posicionada em decúbito 
dorsal, o examinador com uma das
mãos estabiliza a região anterior do 
tórax e com a outra vira a cabeça da criança para o lado. A resposta 
esperada é a extensão dos membros do lado para o qual a face está voltada 
e a flexão dos membros voltados para o outro lado. 
 REFLEXO DE BABKIN – É uma reação à pressão simultânea das palmas das 
mãos do bebê. Com esse estímulo, a criança abre a boca e mantém a 
cabeça na linha média levantando sua cabeça. Pode também haver 
fechamento dos olhos e flexão do antebraço do bebê. 
 
Exames de triagem neonatal: 
 Os exames de triagem neonatal são testes que têm como objetivo identificar 
precocemente algumas doenças e alterações físicas para que suas manifestações e 
sequelas possam ser prevenidas. 
 
Quais são eles? 
 Teste do pezinho 
 Teste da orelhinha 
 Teste do olhinho 
 Teste do coraçãozinho 
 
O teste do pezinho tem por objetivo identificar precocemente possíveis doenças: 
metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas. 
 
Quando deve ser realizado? Recomenda-se que o período ideal de coleta da primeira 
amostra de sangue esteja compreendido entre o 3° e o 5° dia de vida do bebê. 
 
Como é realizado? Por meio da coleta de sangue de uma das laterais da região plantar 
do calcanhar do RN, pois este é um local com pouca possibilidade de atingir o osso. 
Para que haja uma boa circulação de sangue nos pés da criança, suficiente para a 
coleta, o calcanhar deve sempre estar abaixo do nível do coração. Desse modo, a mãe 
ou o acompanhante deve segurar a criança com a cabeça dela encostada no seu 
ombro. A punção só deverá ser realizada após a assepsia e secagem completa do 
álcool. Aguardar a formação de uma grande gota de sangue. Retire-a, pois ela pode 
conter outros fluidos teciduais que podem interferir nos resultados dos testes. 
Encostar região demarcada para a coleta (círculos) do papel-filtro na nova gota que se 
formou e fazer movimentos circulares com o cartão, até o preenchimento de todo o 
círculo. Repita a mesma operação até que todos os círculos estejam totalmente 
preenchidos. Após a coleta, colocar a criança deitada, comprimir levemente o local da 
punção com algodão ou gaze até que o sangramento cesse. Se desejar, utilize curativo. 
 
 
Resultado – Se algum valor de referência vier alterado deve ser feito uma nova coleta 
para confirmar a alteração no exame. Se realmente alterado, o RN deve ser 
encaminhado para consulta com especialista. 
 
O teste da orelhinha (ou triagem auditiva neonatal – TAN) tem por objetivo identificar 
precocemente uma possível deficiência auditiva nos neonatos e lactentes. 
 
Quando deve ser realizado? A TAN deve ser realizada, preferencialmente, nos 
primeiros dias de vida (24h a 48h) na maternidade, e, no máximo, durante o primeiro 
mês de vida. 
Como é realizado? A presença ou ausência de fatores de risco indica a conduta. Quais 
são esses fatores de risco? (1) Preocupação dos pais com o desenvolvimento da 
criança, da audição, fala ou linguagem, (2) Antecedentes familiares, (3) 
consanguinidade, (4) permanência na UTI por mais de cinco dias, (5) ventilação 
extracorpórea; ventilação assistida; exposição a drogas ototóxicas como antibióticos 
aminoglicosídeos e/ou diuréticos de alça; hiperbilirrubinemia; anóxia peri- natal grave; 
Apgar Neonatal de 0 a 4 no primeiro minuto, ou 0 a 6 no quinto minuto; peso ao 
nascer inferior a 1.500 gramas, (6) infecções congênitas, (7) anomalias na orelha e no 
osso temporal, (8) Síndromes genéticas que usualmente expressam deficiência 
auditiva, (9) distúrbios neurodegenerativos, (10) infecções bacterianas ou virais pós-
natais, (12) traumatismo craniano e (13) quimioterapia. Para neonantos-lactentes sem 
fatores de riscos: utilizar o exame de Emissões Otoacústicas Evocada – EOAE – que 
tem como função: de registrar o PA gerado pela cóclea em resposta a sons emitidos no 
meato acústico dos mesmos. Motivo: ele é rápido, simples, barato e consegue 
identificar a maioria das perdas auditivas cocleares em torno de 30-35 dB (ou seja, que 
ocorrem pelo mau funcionamento das células ciliadas da orelha interna e, com isso, a 
cóclea não é mais capaz de transformar as informações sonoras que chegam da orelha 
média em impulsos nervosos enviados pelo nervo vestibulococlear ao cérebro). Porém, 
não possibilita a identificação de perdas auditivas retrococleares, ou seja, que 
acontece quando a alteração que causa a perda está no próprio nervo, ou seja, a 
informação sonora chega corretamente na orelha interna, é processada pela cóclea e 
transformada em impulsos nervosos. Porém, o nervo vestibulococlear não é capaz de 
transmiti-los para o cérebro. E estas são as mais prevalentes em neonatos-lactentes 
com fatores de risco. Mas enfim... Caso não se obtenha resposta satisfatória-falha, 
repetir o teste de EOAE. Caso a falha persista, realizar de imediato o BERA. Para 
neonatos-lactentes com fator de risco: utilizar o exame Potencial Evocado Auditivo de 
Tronco Encefálico – PEATE ou BERA – que tem como função: avaliar a integridade das 
vias auditivas até o tronco cerebral. dBnNA. Caso a resposta não seja satisfatória, o 
neonato deverá retornar (reteste) no período de 30 dias para nova avaliação. Para 
neonatos com más-formações na orelha: deverão ser encaminhados diretamente para 
diagnóstico otorrinolaringológico e audiológico. 
 
O Teste do Reflexo Vermelho (TRV) tem como objetivo detectar precocemente 
problemas oculares congênitos que comprometem a transparência dos meios oculares. 
As principais causas de TRV alterado são a catarata congênita, glaucoma congênito, 
retino-blastoma, leucoma, inflamações intraoculares da retina e vítreo, retinopatia da 
prematuridade (ROP) no estágio 5, descolamento de retina, vascularização fetal 
persistente e hemorragia vítrea, estrabismo, anisometropia, altas ametropias, luxações 
de cristalino e malformações como o coloboma de polo posterior. 
 
Quando ele deve ser feito? O Ministério da Saúde recomenda o teste como parte do 
exame neonatal e no decorrer das consultas pediátricas de rotina, pelo menos, duas a 
três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida. 
Como ele deve ser feito? Por meio de um oftalmoscópio direto, cuja luz projetada nos 
olhos, atravessa as estruturas transparentes, atinge a retina e se reflete, causando o 
aparecimento do reflexo vermelho observado nas pupilas. Um fenômeno semelhante 
pode ser notado nas fotografias com flash. A cor vermelha do reflexo ocorre devido à 
vasculatura da retina e coroide e do epitélio pigmentário. Durante o teste, a sala 
escurecida (penumbra) facilita a observação dos reflexos, não havendo a necessidade 
de dilatação das pupilas com colírios midriáticos. O oftalmoscópio, com a lente do 
aparelho ajustada no “0” (zero, sem poder dióptrico), deve ser posicionado a uma 
distância de 50 cm a um metro dos olhos do recém-nascido (cerca de um braço 
esticado). Em seguida, localizam-se os olhos da criança através do orifício do equipa- 
mento e iluminam-se suas pupilas. Observa-se então, o reflexo vermelho em cada uma 
delas, avaliando-se sua presença ou ausência e na presença, comparar a intensidade e 
simetria entre os olhos. 
 
Resultados – No resultado do TRV consideram-se três respostas possíveis: reflexo 
presente, ausente ou duvidoso, este último quando há assimetria evidente ou suspeita 
do reflexo alterado em um e outro olho. Se o reflexo for ausente em um ou ambos os 
olhos ou duvidoso, a criança deverá ser encaminhada ao oftalmologista para ao exame 
oftalmológico completo para elucidar o diagnóstico e assegurar a conduta necessária. 
 
O teste de triagem para Cardiopatias Congênitas Críticas (CCC) que, por sua vez, são 
malformações que necessitam de tratamento
cirúrgico ou de cateterismo no primeiro 
ano de vida. Exemplos: hipoplasia de ventrículo esquerdo, atresia pulmonar com septo 
interventricular integro, tetralogia de Fallot, drenagem anômala total de veias 
pulmonares, transposição das grandes artérias, atresia tricúspide, truncus arteriosus, 
coarctação de aorta, dupla via de saída de ventrículo direito, anomalia de Ebstein, 
interrupção de arco aórtico e ventrículo único. Essas malformações correspondem a 
25% dos casos de cardiopatia congênita. 
 
Quando ele deve ser feito? Entre 24-28h de vida do RN, antes da alta hospitalar. 
Como ele deve ser feito? Consiste em aferir a saturação periférica de oxigênio, através 
de um oxímetro de pulso com sensor neonatal, que deve ser colocado no membro 
superior direito (pré-ductal) e em algum dos membros inferiores (pós-ductal). 
 
Resultado normal – Saturação periférica maior ou igual a 95% em ambas as medidas 
(membro superior direito e membro inferior) e diferença menor que 3% entre as 
medidas do membro superior direito e membro inferior. 
Resultado anormal – Caso qualquer medida da SpO2 seja menor que 95% ou houver 
uma diferença igual ou maior que 3% entre as medidas do membro superior direito e 
membro inferior. Conduta: uma nova aferição deverá ser realizada após 1 hora. Caso o 
resultado se confirme, um ecocardiograma deverá ser realizado dentro das 24 horas 
seguintes. 
 
O alojamento conjunto: 
É o local em que a mulher e o recém-nascido, logo após o nascimento, permanecem 
juntos, em tempo integral, até a alta. 
 
Pré-requisitos: 
 Mulheres clinicamente estáveis e sem contraindicações para a permanência 
junto ao seu bebê. 
 Recém-nascidos clinicamente estáveis, com boa vitalidade, capacidade de 
sucção e controle térmico; peso maior ou igual a 1800 gramas e idade 
gestacional maior ou igual a 34 semanas. 
 Recém-nascidos com acometimentos sem gravidade, como por exemplo: 
icterícia, necessitando de fototerapia, malformações menores, investigação 
de infecções congênitas sem acometimento clínico, com ou sem 
microcefalia. 
 Recém-nascidos em complementação de antibioticoterapia para 
tratamento de sífilis ou sepse neonatal após estabilização clínica na UTI ou 
UCI neonatal. 
 
Vantagens: 
 Favorece e fortalece o estabelecimento do vínculo afetivo entre pai, mãe e 
filho. 
 Propicia a interação de outros membros da família com o recém-nascido. 
 Favorece o estabelecimento efetivo do aleitamento materno com o apoio, 
promoção e proteção, de acordo com as necessidades da mulher e do 
recém-nascido, respeitando as características individuais. 
 Propicia aos pais e acompanhantes a observação e cuidados constantes ao 
recém-nascido, possibilitando a comunicação imediata de qualquer 
anormalidade. 
 Diminui o risco de infecção relacionada à assistência em serviços de saúde. 
 Propicia o contato dos pais e familiares com a equipe multiprofissional por 
ocasião da avaliação da mulher e do recém-nascido, e durante a realização 
de outros cuidados. 
 
Cabe à equipe multiprofissional no Alojamento Conjunto: 
 Avaliar as puérperas diariamente, com atenção aos sinais de alerta para 
complicações no período pós-parto, tais como sangramento vaginal 
aumentado, febre, dor exacerbada, edema assimétrico de extremidades, 
sinais inflamatórios de ferida cirúrgica, sinais de sofrimento psíquico e 
depressão pós-parto. 
 Promover e proteger o aleitamento materno sob livre demanda, apoiando a 
puérpera na superação de possíveis dificuldades de acordo com suas 
necessidades específicas e respeitando suas características individuais. 
 Garantir à mulher o direito a acompanhante, de sua livre escolha, durante 
toda a internação e a receber visitas diárias, inclusive de filhos menores. 
 Estimular e facilitar a presença do pai sem restrição de horário, inclusive de 
genitor sócio-afetivo. 
 Oferecer à mulher orientações relativas à importância de não ofertar ao 
recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida, além do leite materno, 
exceto em situações especiais com prescrição médica ou de nutricionista, 
destacando que, nesses casos, deverá ser oferecido, preferencialmente, 
leite humano pasteurizado de Banco de Leite Humano. 
 Oferecer à mulher orientações relativas à importância de não usar 
protetores de mamilo e não oferecer bicos artificiais ou chupetas ao recém-
nascido. 
 Oferecer à mulher orientações sobre os riscos da amamentação cruzada 
amamentar outro recém-nascido que não seja o próprio filho, e da 
proibição desta prática no Alojamento Conjunto. 
 Apoiar, incentivar e orientar a participação da mãe e do pai nos cuidados ao 
recém-nascido, bem como de outros familiares, de acordo com o desejo 
dos pais da criança. 
 Orientar e estimular o contato pele a pele, posição canguru, pelo tempo 
que a mãe e o pai considerarem oportuno e prazeroso, especialmente 
quando se tratar de recém-nascido com peso inferior a 2500g. 
 Realizar o exame clínico do recém-nascido em seu próprio berço ou no leito 
materno, preferencialmente na presença da mãe e do pai. 
 Realizar o banho do recém-nascido na cuba de seu próprio berço ou 
banheira e assegurar a limpeza e a desinfecção entre o uso de acordo com 
padronização da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar das 
respectivas maternidades. Durante o banho, orientar os cuidados 
necessários para a prevenção de hipotermia, incentivando a participação 
materna e paterna ou de outro acompanhante. 
 Avaliar o peso do recém-nascido de acordo com necessidades individuais. 
 Adotar técnicas não farmacológicas de prevenção/redução da dor para a 
coleta de sangue e outros procedimentos dolorosos. Recomenda-se a 
sucção ao seio materno previamente, durante a realização de 
procedimentos. 
 Identificar e enfatizar os recursos disponíveis na comunidade e na rede de 
saúde local para atendimento continuado das mulheres e das crianças, 
referindo-as ou agendando-as para acompanhamento no serviço de saúde 
na primeira semana após o parto. 
 Realizar atividades de educação em saúde, preferencialmente em grupo, 
com o objetivo de: a) ampliar o autocuidado das mulheres e de cuidados 
com os recém-nascidos; b) desfazer mitos relacionados à maternidade, à 
paternidade, ao aleitamento materno, ao puerpério, ao retorno à vida 
sexual, entre outros) oferecer orientações quanto aos cuidados de saúde, 
nutrição, higiene, saúde sexual e reprodutiva, destacando o direito a uma 
vida sexual livre, prazerosa e segura e o direito à escolha sobre a 
reprodução se, quando e quantas vezes engravidar, com esclarecimento 
sobre métodos contraceptivos disponíveis e importância do uso do 
preservativo masculino ou feminino. 
 Ofertar a inserção de método contraceptivo de longa duração e alta eficácia 
antes da alta, caso seja escolha da mulher. 
 
 
 
 
O Alojamento Conjunto contará com os seguintes recursos físicos: 
 Os quartos devem ser ambientes destinados à assistência à puérpera e ao 
recém-nascido com capacidade para um ou dois leitos, com banheiro 
anexo. 
 As enfermarias devem ser ambientes destinados à assistência à puérpera e 
ao recém-nascido com capacidade para três a seis leitos, com banheiro 
anexo. 
 Para cada leito materno, deve ser disponibilizado um berço para o recém-
nascido e uma poltrona para acompanhante. O berço o recém-nascido deve 
ficar ao lado do leito da mãe e deve ser respeitada a distância mínima de 
um metro entre leitos ocupados. 
 Os quartos devem ter tamanho adequado para acomodar mulher e recém-
nascido. 
 
Critérios de alta: 
Para a mãe receber a alta hospitalar ela deve estar: 
 Em bom estado geral, com exame físico normal, sem sinais de infecção 
puerperal/sítio
cirúrgico, com loquiação fisiológica. 
 Sem intercorrências mamárias como fissura, escoriação, ingurgitamento ou 
sinais de mastite, e orientada nas práticas de massagem circular e ordenha 
do leite materno. 
 Com recuperação adequada, comorbidades compensadas ou com 
encaminhamento assegurado para seguimento ambulatorial de acordo com 
as necessidades. 
 Bem orientada para continuidade dos cuidados em ambiente domiciliar e 
referenciada para Unidade Básica de Saúde (retorno assegurado até o 7o 
dia após o parto). 
 Estabelecimento de vínculo entre mãe e bebê. 
 Com encaminhamento para unidade de referência para acesso a ações de 
saúde sexual e reprodutiva e escolha de método anticoncepcional, caso a 
mulher não receba alta já em uso de algum método contraceptivo, ou para 
seguimento pela atenção básica da prescrição ou inserção de método pela 
equipe da maternidade. 
 
Para o RN receber a alta hospitalar ele deve estar: 
 
 A termo e com peso adequado para a idade gestacional, sem comorbidades 
e com exame físico normal. 
 Com ausência de icterícia nas primeiras 24 horas de vida. 
 Com avaliação de icterícia, preferencialmente transcutânea, e utilização do 
normograma de Bhutani para avaliar a necessidade de acompanhamento 
dos níveis de bilirrubina quando necessário. 
 Apresentando diurese e eliminação de mecônio espontâneo e controle 
térmico adequado. 
 Com sucção ao seio com pega e posicionamento adequados, com boa 
coordenação sucção/deglutição, salvo em situações em que há restrições 
ao aleitamento materno. 
 Em uso de substituto do leite humano/formula láctea para situações em 
que a amamentação é contra-indicada de acordo com atualização 
OMS/2009 "Razões médicas aceitáveis para uso de substitutos do leite". 
 
 Revisão das sorologias da mulher realizadas durante a gestação ou no 
momento da internação para o parto, assim como investigação de infecções 
congênitas no recém-nascido, conforme necessidade. Entre as sorologias, 
merecem destaque: sífilis, HIV, toxoplasmose e hepatite B. Outras doenças 
infectocontagiosas, como citomegalovírus, herpes simplex e infecções por 
arbovírus deverão ser investigadas se houver história sugestiva durante a 
gestação e/ou sinais clínicos sugestivos no recém-nascido. 
 Realização de tipagem sanguínea, Coombs da mãe e do recém-nascido, 
quando indicado. 
 Oximetria de pulso (teste do coraçãozinho) e Triagem Ocular (Teste do 
Reflexo Vermelho ou teste do olhinho) realizado. Triagem Auditiva (teste da 
orelhinha) assegurada no primeiro mês de vida e Triagem Biológica (teste 
do pezinho) assegurada preferencialmente entre o 3o e 5o dia de vida. 
 Avaliação e vigilância adequadas dos recém-nascidos para sepse neonatal 
precoce com base nos fatores de risco da mãe e de acordo com as diretrizes 
atuais do Ministério da Saúde para a prevenção de infecção pelo 
estreptococo do grupo B. 
 A mãe, o pai e outros cuidadores devem ter conhecimento e habilidade 
para dispensar cuidados adequados ao recém nascido, e reconhecer 
situações de risco como a ingestão inadequada de alimento, o agravamento 
da icterícia e eventual desidratação nos primeiros sete dias de vida. 
 Avaliação do serviço social para os fatores de risco psíquicos, sociais e 
ambientais, como o uso de drogas ilícitas, alcoolismo, tabagismo, 
antecedentes de negligência, violência doméstica, doença mental, doenças 
transmissíveis e situações de vulnerabilidade social. 
 Agenda com a Atenção Básica, o retorno da mulher e do recém-nascido 
entre o terceiro e o quinto dia de vida (5o Dia de Saúde Integral). 
 Preenchimento de todos os dados na Caderneta da Gestante e na 
Caderneta de Saúde da Criança. 
 
Dermatoses comuns do RN: 
O ressecamento é comum, às vezes acompanhado de fissuras ou descamação da pele, 
especialmente em recém-nascidos pós-termo. 
As mílias, cistos de inclusão preenchidos por restos celulares queratinosos, são 
pequenas pápulas brancas bem definidas, muitas vezes solitárias, comumente 
encontradas no rosto e couro cabeludo. A mília resolve-se espontaneamente nas 
primeiras semanas ou meses de vida. 
A hiperplasia sebácea aparece como diminutas pápulas foliculares brancas 
amareladas,mais comumente agrupadas no nariz. Tais pápulas desaparecem 
espontaneamente nas primeiras semanas de vida. 
O eritema tóxico neonatal ocorre em cerca de metade dos recém-nascidos a termo. 
Classicamente, as lesões do eritema tóxico são pápulas amareladas sobre uma base 
eritematosa, levando o nome de dermatite em “picada de pulga”. As manifestações 
podem variar de algumas lesões espalhadas isoladas a áreas extensas de pápulas ou 
pústulas, às vezes confluentes, com eritema circundante. 
O nevus simplex ou mancha salmão é uma malformação capilar frequente, encontrada 
na testa (geralmente em forma de V), na nuca, nas pálpebras, no nariz e no lábio 
superior. Embora a maioria das manchas salmão do rosto (“beijo de anjo”) desapareça 
no primeiro ano de vida, aquelas da nuca (“bicadas de cegonha”) às vezes persistem. 
A melanose pustulosa transitória neonatal (MPTN), mais comum em recém-nascidos 
de pigmentação mais escura, consiste em pústulas frágeis de 2 a 10 mm que se 
rompem espontaneamente e contêm neutrófilos, deixando um colar de escamas e 
máculas hiperpigmentadas subjacentes, que acabam desaparecendo (em semanas ou 
meses). Frequentemente, as crianças apresentam máculas hiperpigmentadas de MPTN 
no nascimento, de modo que a fase pustulosa supostamente ocorreu no útero. 
A melanose dérmica (“mancha mongólica”) é comumente vista em pessoas de pele 
mais escura e em pacientes de origem asiática. Consiste em coleções dérmicas de 
melanócitos que aparecem como máculas ou manchas de tamanho variável de cor 
azul, cinza ou ardósia preta, na maioria das vezes nas nádegas, embora possam ocorrer 
também em muitos outros locais. É prudente anotar no prontuário o achado de 
melanose cutânea no exame do recém-nascido, para que no futuro não haja confusão 
com hematomas traumáticos. 
 
O clic no quadril: 
Antes conhecida como luxação congênita, atualmente, o termo mais correto para 
denominar possíveis alterações que atingem o quadril ao nascimento é displasia do 
desenvolvimento do quadril (DDQ). Os recém-nascidos podem nascer com articulação 
do quadril luxada ou subluxada, o chamado quadril instável, e se essas afecções não 
forem diagnosticadas precocemente podem prejudicar posteriormente o 
desenvolvimento motor da criança. 
Alguns quadris podem parecer normais ao nascimento, porém tornarem-se 
progressivamente luxados ou subluxados tardiamente e por isso o exame físico em 
busca dessa alteração deve ser feito rotineiramente em lactentes. 
Existem alguns fatores de risco que tem relação com maior incidência da DDQ, são 
eles: 
 sexo feminino 
 primiparidade 
 mãe jovem 
 raça branca 
 apresentação pélvica ao nascimento 
 história familiar 
 oligodramnia 
 presença de malformações na coluna ou nos pés 
 
Principalmente quando há dois desses fatores acima somados, deve-se fazer a 
investigação para presença de DDQ, que começa pelas manobras de Ortolani e Barlow, 
que podem ser feitas já na sala de parto. Para executá-las, o recém-nascido deve ser 
posicionado de frente para o examinador, em posição supina, com os quadris e os 
joelhos em posição de flexão de 90 graus e uma das mãos deve estabilizar a pelve. 
Na manobra de ortolani fazemos um movimento leve de abdução do quadril, de 
preferência um lado de cada vez, com leve rotação externa da coxa; no caso da 
existência da luxação, com esse teste haverá a redução do quadril, com a colocação da 
cabeça femoral dentro do acetábulo, provocando a sensação de um “ressalto”
ou 
“clique” (manobra de ortolani positiva). 
A manobra de Barlow, por outro lado, é provocativa, e permite o diagnóstico de 
instabilidade do quadril. Após a redução do quadril com a manobra de ortolani, faz-se 
a adução da coxa e exerce-se uma leve pressão em direção posterior, pelo joelho na 
direção vertical, provocando o deslocamento da cabeça femoral para fora do 
acetábulo. Se positiva, o examinador também sentirá um “clunck” ou “pistonagem” no 
quadril. Os dedos indicador e médio devem ser posicionados sobre o trocanter maior e 
o polegar na face interna da coxa. 
Além do exame físico, podemos pesquisar a DDQ com exames de imagem. A 
radiografia de quadril não costuma ser útil porque as estruturas ainda são 
predominantemente cartilaginosas ao nascimento. Nesse caso, o exame mais indicado 
é a ultrassonografia de quadril, que pode confirmar o diagnóstico. Já a tomografia 
computadorizada é mais utilizada no controle da redução. 
Após a confirmação do diagnóstico, o tratamento deve ser logo instituído, com 
redução da articulação seguida de imobilização. Até os três meses de vida, a órtese 
mais utilizada para manter o quadril na posição correta (flexão e abdução) é o 
suspensório de Pavlik, que tem ótimas taxas de correção quando instalado 
precocemente. Após os três meses pode ser necessário uso de gesso ou até mesmo 
cirurgia.

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