Buscar

RESUMO DIR CIVIL V

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL
As causas terminativas da sociedade conjugal estão especificadas no art. 1.571 do Código Civil:
■ morte de um dos cônjuges;
■ nulidade ou anulação do casamento;
■ separação judicial; e
■ divórcio.
Cumpre-nos, inicialmente, distinguir entre o término da sociedade conjugal e a dissolução do vínculo matrimonial.
■ Término da sociedade conjugal
O casamento estabelece, concomitantemente, a sociedade conjugal e o vínculo matrimonial. 
Sociedade conjugal é o complexo de direitos e obrigações que formam a vida em comum dos cônjuges. O casamento cria a família legítima ou matrimonial, passando os cônjuges ao status de casados, como partícipes necessários e exclusivos da sociedade que então se constitui.
	Tal estado gera direitos e deveres, de conteúdo moral, espiritual e econômico, que se fundam não só nas leis como nas regras da moral, da religião e dos bons costumes.
■ Dissolução do vínculo matrimonial
O casamento válido, ou seja, o vínculo matrimonial, porém, somente é dissolvido pelo divórcio e pela morte de um dos cônjuges, tanto a real como a presumida do ausente, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva (arts. 1.571, § 1º, e 6º, segunda parte).
A separação judicial, embora colocasse termo à sociedade conjugal, mantinha intacto o vínculo matrimonial, impedindo os cônjuges de contrair novas núpcias. Pode-se, no entanto, afirmar que representava a abertura do caminho à sua dissolução.
De um modo geral, pois, somente autorizam os ex-cônjuges a contrair novo matrimônio:
■ a morte real ou a presumida do ausente nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva;
■ a nulidade ou a anulação do casamento; e
■ o divórcio.
INOVAÇÃO INTRODUZIDA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 66/2010
	Anterior redação do § 6º do art. 226 da Constituição Federal
	Atual redação do § 6º do art. 226 da Constituição Federal
	“§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.”
	“§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.”
Extinção das causas subjetivas e objetivas da dissolução do casamento
A nova redação da norma constitucional determinou não apenas o fim da separação de direito, como também a extinção das causas subjetivas (culpa) e objetivas (lapso temporal).
■ Causas subjetivas
O Código Civil admite, nas ações de separação litigiosa, a discussão da culpa pelo término da relação conjugal, para os seguintes fins:
■ o cônjuge culpado perde o direito de pleitear alimentos, exceto se estiver inapto ao trabalho ou se necessitar e não houver nenhum outro parente capaz de pensioná-lo — hipótese em que os alimentos serão os indispensáveis à subsistência (CC, art. 1.704);
■ o cônjuge culpado perde o direito de continuar utilizando o sobrenome do outro, exceto se a alteração acarretar prejuízo evidente para a sua identificação, ou manifesta distinção entre o seu nome e dos filhos da união dissolvida, ou, ainda, dano grave reconhecido na decisão judicial (CC, art. 1.578);
■ o cônjuge separado de fato há mais de dois anos será excluído da sucessão de seu consorte, se culpado pela separação (CC, art. 1.830).
	Dispõe o art. 1.572 do referido diploma que será culpado pela separação o cônjuge que pratique algum ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum. Por sua vez, estabelece o art. 1.573 que podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida o adultério, a tentativa de morte, a sevícia ou injúria grave, o abandono voluntário do lar conjugal durante um ano contínuo, a condenação por crime infamante e a conduta desonrosa.
	A inovação constitucional impede a discussão sobre a culpa, uma vez que a ação de divórcio não a admite e a separação de direito deixou de existir. Poderá ela ser discutida, todavia, em ação indenizatória por danos materiais e morais, de um cônjuge contra o outro, uma vez que a culpa é elemento da responsabilidade civil. Poderá ser discutida, também, nas hipóteses de anulabilidade do casamento por vícios da manifestação da vontade aplicáveis ao casamento, como a coação e o erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge. Nesses casos, a culpa importará na perda das vantagens havidas do cônjuge inocente e no cumprimento das promessas feitas no pacto antenupcial (CC, art. 1.564).
	O divórcio sem culpa já era previsto na redação originária do § 6º do art. 226 da Constituição. Dependia, todavia, do preenchimento do requisito temporal. A atual redação vai além, ao excluir a conversão da separação judicial, pois afasta, desse modo, os ressentimentos decorrentes da imputação de culpa ao outro cônjuge, que comprometiam o relacionamento pós-conjugal, em detrimento da formação dos filhos comuns.
■ Causas objetivas
Também foram extintas as causas objetivas da separação judicial, que independem da vontade ou da culpa dos cônjuges. Para a separação judicial havia duas causas objetivas:
■ a ruptura da vida em comum há mais de um ano;
■ a doença mental de um dos cônjuges, manifestada após o casamento (CC, art. 1.572, §§ 1º e 2º).
Para o divórcio direto, havia apenas uma: a separação de fato por mais de dois anos (art. 1.580, § 2º). “Todas desapareceram. Não há mais qualquer causa, justificativa ou prazo para o divórcio.”
 MORTE DE UM DOS CÔNJUGES. MORTE REAL E MORTE PRESUMIDA
	A morte a que se refere o art. 1.571, no inc. I e no § 1º, primeira parte, do Código Civil, como causa terminativa da sociedade conjugal e de dissolução do vínculo matrimonial, é a real. O cônjuge supérstite é autorizado a contrair novas núpcias, respeitado, quanto à mulher, o prazo do art. 1.523, II, do mesmo diploma, exigido para se evitar a turbatio sanguinis.
	O Código Civil, porém, incluiu entre as causas de dissolução, como mencionado, a morte presumida do ausente (art. 1.571, § 1º, segunda parte), que se configura “nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva” (art. 6º, segunda parte). A abertura desta poderá ser requerida “após dez anos de passada em julgado a sentença que conceder a abertura da sucessão provisória” ou provando-se que “o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele” (arts. 37 e 38). Antes disso, os efeitos da declaração de ausência serão apenas patrimoniais, limitando-se a permitir a abertura da sucessão provisória. Tal abertura, que antes só acarretava efeitos de ordem patrimonial, passa a produzir também efeitos pessoais, na medida em que constitui, tal como a morte real, causa de dissolução do casamento do ausente. Uma vez declarada judicialmente, permite a habilitação do viúvo a novo casamento.
	Se o cônjuge do ausente, por razões de ordem pessoal, preferir não pleitear o divórcio direto, requerendo a citação do ausente por edital, mas esperar o seu retorno, não necessitará, não ocorrendo tal regresso, e desde que preenchidos os requisitos para a abertura da sucessão definitiva, requerer o divórcio, pois estará configurada a morte presumida daquele e dissolvido o vínculo matrimonial ex vi legis. Nesse caso, poderá obter declaração judicial nesse sentido e habilitar-se a novo casamento.
■ Retorno do presumido morto, estando seu ex-cônjuge já casado com terceira pessoa
Não traz o novo diploma expressa solução para essa hipótese. No entanto, estando legalmente dissolvido o primeiro casamento, contraído com o ausente, prevalecerá o último.
Nesse sentido a manifestação de Yussef Cahali: “Entende-se assim que, no sistema ora implantado em nosso direito, a declaração judicial da ausência de um dos cônjuges produz os efeitos de morte real do mesmo no sentido de tornar irreversível a dissolução da sociedade conjugal; o seu retorno a qualquer tempo em nada interfere no novo casamento do outro cônjuge, que tem preservada, assim, a sua plena validade”[12].
■ Morte presumida, sem decretação de ausência
O Código Civil admite ainda a declaraçãoda “morte presumida, sem decretação de ausência”, para todos os efeitos,“se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida” e se “alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra” (art. 7º, I e II). Nesses casos, a sentença fixará “a data provável do falecimento” (art. 7º, parágrafo único).
Como a morte presumida extingue o vínculo conjugal, será permitido ao ex-cônjuge contrair novas núpcias, uma vez que a declarada por sentença, mesmo sem decretação de ausência, nas condições do aludido art. 7º, desfruta da mesma eficácia correspondente à morte real, como causa da dissolução do casamento[14].
 NULIDADE OU ANULAÇÃO DO CASAMENTO
A nulidade ou a anulação do casamento rompem o vínculo matrimonial, extinguindo a sociedade conjugal e permitindo que os cônjuges se casem novamente.
■ Cumulação da ação anulatória com a de divórcio
Aduza-se que nada impede a referida cumulação, em ordem sucessiva (CPC, art. 289). Não ocorre, na hipótese, simples “ligação consequencial entre os pedidos”, mas o que os processualistas chamam de “cúmulo objetivo eventual”
■ Existência de anterior sentença de separação judicial ou de divórcio
Também tal fato não constitui óbice para a propositura da ação anulatória. Não é necessário antes anular ou rescindir a sentença de separação judicial ou de divórcio, pois tal sentença não decide sobre a validade do casamento. 
SEPARAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL
Separação de direito ocorrida antes do advento da Emenda Constitucional n. 66/2010
As pessoas já separadas ao tempo da promulgação da emenda em epígrafe não podem ser consideradas divorciadas.Permanecem na condição de separadas, até que promovam o divórcio direto, por iniciativa de um ou de ambos, sem necessidade de observarem qualquer prazo, mantidas as condições acordadas ou judicialmente decididas. Faculta-se-lhes, todavia, restabelecer a sociedade conjugal, por ato regular em juízo ou mediante escritura pública, como autoriza a Lei n. 11.441/2007.
Modalidades de divórcio
Com o desaparecimento do divórcio por conversão, provocado pela emenda constitucional, restaram três modalidades de divórcio:
■ divórcio judicial litigioso;
■ divórcio judicial consensual; e
■ divórcio extrajudicial consensual.
Em todos, exige-se apenas a exibição da certidão de casamento.
■ Questões correlatas
As questões correlatas, como as concernentes à guarda e proteção dos filhos, alimentos, sobrenome e partilha dos bens, poderão ser discutidas e definidas, embora não tenham nenhuma influência na decretação do divórcio.
Permanece incólume a regra constante do art. 1.581 do Código Civil, no sentido de que “O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens”, bem como a Súmula 197 do Superior Tribunal de Justiça, na mesma linha: “O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens”.
■ Divórcio judicial litigioso
É o adequado para os casais que não acordaram sobre a própria separação ou sobre algumas das mencionadas questões correlatas. Sobre elas apenas poderá haver contestação ao pedido, mas não sobre as causas da separação.
Na pretensão a alimentos, discutir-se-ão apenas a necessidade do postulante e a possibilidade do outro cônjuge de pagar a pensão pretendida, sem perquirição da culpa.
Na questão da guarda dos filhos, verificar-se-á apenas qual dos cônjuges revela melhores condições de exercê-la,afastadas quaisquer indagações sobre o culpado pela separação. A indenização por eventuais danos materiais ou morais deverá ser pleiteada em ação autônoma de indenização.
■ Divórcio judicial consensual
Essa via poderá ser utilizada pelos casais que não desejarem ou não puderem se valer do divórcio extrajudicial consensual, por terem filhos menores, por exemplo. Efetivamente, o divórcio extrajudicial consensual, realizado mediante escritura pública lavrada por notário e assistência de advogado ou defensor público, exige a inexistência de filhos menores e acordo sobre todas as questões essenciais, inclusive sobre a partilha dos bens (Lei n. 11.441/2007).
Efeitos decorrentes da “PEC do Divórcio”
O novo texto constitucional, como já dito:
■ suprimiu a prévia separação como requisito;
■ eliminou qualquer prazo para a propositura do divórcio judicial ou extrajudicial;
■ afastou, em consequência, qualquer possibilidade de se discutir a culpa pelo término do casamento.
Os efeitos da inovação se estendem para toda a legislação infraconstitucional que revelar incompatibilidade com a nova ordem, uma vez que deve esta apresentar compatibilidade, e não conflito, com o texto constitucional. Assim, encontram-se automaticamente revogados os seguintes dispositivos do Código Civil:
■ art. 1.571, inc. III (que insere a separação judicial no rol das hipóteses de dissolução da sociedade e do vínculo conjugal) e § 2º (que se reporta ao divórcio por conversão e à separação judicial);
■ arts. 1.572 e 1.573, que regulam as causas de separação judicial;
■ arts. 1.574 e 1.576, que dispõem sobre as espécies e efeitos da separação judicial;
■ art. 1.577, que permite a reconciliação dos casais separados judicialmente;
■ art. 1.578, que pune o cônjuge culpado com a perda do sobrenome do outro;
■ art. 1.580, que regulamenta o divórcio por conversão;
■ arts. 1.702 e 1.704, que dispõem sobre os alimentos devidos por um cônjuge ao outro, em razão de culpa pela separação judicial.
Por outro lado, deverá ser desconsiderada a expressão “separação judicial”, exceto quando estejam envolvidos casais que já detinham esse estado civil antes da EC n. 66/2010, mantidos os seus efeitos para os demais aspectos, nos seguintes artigos do Código Civil: 10, I; 25; 27, I; 792; 793; 980; 1.562; 1.583; 1.597, II; 1.683; 1.721; 1.775 e 1.830.
Espécies e efeitos da separação judicial e extrajudicial
Prescrevia o art. 1.576 do Código Civil:
“A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens”.
Permaneciam, porém, os outros três deveres impostos pelo art. 1.566 do Código Civil: mútua assistência; sustento, guarda e educação dos filhos; respeito e consideração mútuos.
No sistema inaugurado pela Emenda Constitucional n. 9/77 e pela Lei do Divórcio, a regra era o divórcio-conversão, reservando-se o divórcio direto, excepcionalmente, aos casais que se encontrassem separados de fato havia mais de cinco anos, desde que iniciada essa separação anteriormente a 28 de junho de 1977.
A Constituição de 1988 e a Lei n. 7.841/89 possibilitaram a escolha pelos cônjuges da via de separação judicial e sua conversão em divórcio após um ano, ou o divórcio direto após dois anos de separação de fato, iniciada a qualquer tempo. Essa alternativa, a critério dos interessados, foi mantida no Código Civil de 2002 (art. 1.580, §§ 1º e 2º), remanescendo as modalidades de separação judicial consensual ou por mútuo consentimento e a separação judicial litigiosa, pedida por um cônjuge contra o outro.
Como já dito, a Emenda Constitucional n. 66/2010 atendeu aos reclamos dos juristas e de inúmeros doutrinadores, eliminando o sistema dual para romper o vínculo legal do casamento, suprimindo a separação como requisito para o divórcio. Ocorreu, em consequência, ressalvadas respeitáveis opiniões em contrário, a extinção da separação de direito, bem como das causas subjetivas (culpa) e das causas objetivas (lapso temporal), como já explanado. Revogados se encontram, pois, os dispositivos legais retromencionados, quais sejam, o art. 1.576 do Código Civil e o art. 3º da Lei do Divórcio. Remanesce apenas o divórcio como modo de dissolução do casamento(sociedade e vínculo conjugal).
 Caráter pessoal da ação
O caráter personalíssimo da separação judicial vem estampado no parágrafo único do aludido art. 1.576:
“O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges...”.
Somente eles têm a iniciativa da ação, que é privativa e intransmissível, não comportando intervenção de terceiros. Assim, se um deles morrer, a açãoserá extinta. A morte, por si, já é causa de dissolução da sociedade conjugal. Também a ação de divórcio extingue-se com a morte de um dos cônjuges.
■ Substituição processual excepcional
Na segunda parte, o citado parágrafo único do art. 1.576 do Código Civil abre uma exceção, permitindo que, no caso de “incapacidade” do cônjuge, seja este representado “pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão”. O legislador tem sido criticado por falar em representação, e não em substituição processual, como seria correto.
A ordem enunciada é preferencial: havendo curador, nomeado em regular processo de interdição, unicamente a ele caberá a “representação” do cônjuge que se tornou incapaz após o casamento; somente se não houver curador a representação passará sucessivamente ao ascendente e ao irmão, este à falta daquele. Entretanto, se o cônjuge incapaz figurar no polo passivo da ação de separação ou de divórcio, será representado exclusivamente por seu curador.
DA UNIÃO ESTÁVEL
A união prolongada entre o homem e a mulher, sem casamento, foi chamada, durante longo período histórico, de CONCUBINATO. O conceito generalizado do concubinato, também denominado “união livre”, tem sido invariavelmente, no entender de Washington de Barros Monteiro[1], o de vida prolongada em comum, sob o mesmo teto, com a aparência de casamento.
A união livre difere do casamento sobretudo pela liberdade de descumprir os deveres a este inerentes. Por isso, a doutrina clássica esclarece que o estado de concubinato pode ser rompido a qualquer instante, qualquer que seja o tempo de sua duração, sem que ao concubino abandonado assista direito a indenização pelo simples fato da ruptura.
A expressão “concubinato” é hoje utilizada para designar o relacionamento amoroso envolvendo pessoas casadas, que infringem o dever de fidelidade, também conhecido como adulterino. Configura-se, segundo o novo Código Civil, quando ocorrem “relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar” (CC, art. 1.727).
“Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.
A partir daí a relação familiar nascida fora do casamento passou a denominar-se UNIÃO ESTÁVEL, ganhando novo status dentro do nosso ordenamento jurídico.
A conceituação da união estável consta do art. 1.723 do Código Civil de 2002, verbis:
“É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.
A UNIÃO ESTÁVEL NO CÓDIGO CIVIL DE 2002
O novo diploma tratou, nesses dispositivos, dos aspectos pessoais e patrimoniais, deixando para o direito das sucessões o efeito patrimonial sucessório (CC, art. 1.790).
■ Não estabelecimento de período mínimo de convivência
Na mesma linha do art. 1º da Lei n. 9.278/96, não foi estabelecido período mínimo de convivência pelo art. 1.723 do novo diploma. Não é, pois, o tempo com determinação de número de anos que deverá caracterizar uma relação como união estável, mas outros elementos expressamente mencionados: “convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.
■ Admissão da união estável entre pessoas casadas, porém separadas de fato
Foi admitida expressamente, no § 1º do aludido dispositivo, a união estável entre pessoas que mantiveram seu estado civil de casadas, estando, porém, separadas de fato, nestes termos:
“A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente”.
■ Manutenção dos deveres impostos aos cônjuges
No campo pessoal, reitera o novo diploma os deveres de “lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos”, como obrigação recíproca dos conviventes (CC, art. 1.724).
Em face da equiparação do referido instituto ao casamento, aplicam-se-lhe os mesmos princípios e normas atinentes a alimentos entre cônjuges.
■ Incabível pedido de indenização por serviços prestados, em caso de dissolução da união estável
Anote-se que, havendo previsão legal para a concessão de alimentos aos companheiros desde a vigência das leis especiais supracitadas, não mais se justifica falar em indenização por serviços prestados ao que não deu causa à dissolução da união estável, conforme vem reconhecendo a jurisprudência[
■ Incidência do regime da comunhão parcial de bens, salvo contrato escrito entre os companheiros
No tocante aos efeitos patrimoniais, o Código Civil de 2002 determina a aplicação, no que couber, do regime da comunhão parcial de bens, pelo qual haverá comunhão dos aquestos, isto é, dos bens adquiridos na constância da convivência, como se casados fossem, “salvo contrato escrito entre os companheiros” (art. 1.725).
■ Conversão da união estável em casamento
Prevê ainda o art. 1.726 do Código Civil que “a união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil”.
REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVE
Uma das características da união estável é a ausência de formalismo para a sua constituição. Independe de qualquer solenidade, bastando o fato da vida em comum.
Recomenda por isso o mencionado autor, embora não exigível instrumentação escrita, seja formalizada a constituição da união estável “por meio de um contrato de convivência entre as partes, que servirá como marco de sua existência, além de propiciar regulamentação do regime de bens que venham a ser adquiridos no seu curso”.
Vários são, portanto, os requisitos ou pressupostos para a configuração da união estável, desdobrando-se em subjetivos e objetivos, conforme quadro esquemático abaixo:
Pressupostos de ordem subjetiva
Convivência “more uxorio”
É mister uma comunhão de vidas, no sentido material e imaterial, em situação similar à de pessoas casadas. Envolve a mútua assistência material, moral e espiritual, a troca e soma de interesses da vida em conjunto, atenção e gestos de carinho, enfim, o somatório de componentes materiais e espirituais que alicerçam as relações afetivas inerentes à entidade familiar.
Se o casal, aduz Zeno Veloso, “mesmo morando em locais diferentes, assumiu uma relação afetiva, se o homem e a mulher estão imbuídos do ânimo firme de constituir família, se estão na posse do estado de casados, e se o círculo social daquele par, pelo comportamento e atitudes que os dois adotam, reconhece ali uma situação com aparência de casamento, tem-se de admitir a existência de união estável,  aduzindo o mencionado autor que “no direito brasileiro já não se toma o elemento da coabitação como requisito essencial para caracterizar ou descaracterizar o instituto da união estável
Esse tem sido, com efeito, o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça:
“Não exige a lei específica (Lei n. 9.278/96) a coabitação como requisito essencial para caracterizar a união estável. O que se mostra indispensável é que a união se revista de estabilidade, ou seja, que haja aparência de casamento”
“Affectio maritalis”: ânimo ou objetivo de constituir família
O elemento subjetivo é essencial para a configuração da união estável. Afora outros requisitos, é absolutamente necessário que haja entre os conviventes, além do afeto, o elemento espiritual caracterizado pelo ânimo, a intenção, o firme propósito de constituir uma família, enfim, a affectio maritalis. O requisito em apreço exige a efetiva constituição de família, não bastando para a configuração da união estável o simples animus.
Não configuram união estável, com efeito, os encontros amorosos mesmo constantes, ainda que os parceiros mantenham relações sexuais, nem as viagens realizadas a dois ou o comparecimento juntos a festas, jantares, recepções etc., se não houver da parte de ambos o intuito de constituir uma família.
Pressupostos de ordem objetiva
Diversidade desexos
Por se tratar de modo de constituição de família que se assemelha ao casamento, apenas com a diferença de não exigir a formalidade da celebração, entendia-se, até recentemente, que a união estável só poderia decorrer de relacionamento entre pessoas de sexo diferente. A doutrina considerava da essência do casamento a heterossexualidade e classificava na categoria de ato inexistente a união entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo a lição de Álvaro Villaça Azevedo, “com a Constituição Federal, de 5-10-1988, ficou bem claro esse posicionamento, de só reconhecer, como entidade familiar, a união estável entre o homem e a mulher, conforme o claríssimo enunciado do § 3º do seu art. 226”[17].
Na jurisprudência, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul passou a reconhecer a união entre homossexuais como possível de ser abarcada dentro do conceito de entidade familiar, sob a forma de união estável homoafetiva, ao fundamento de que “a ausência de lei específica sobre o tema não implica ausência de direito, pois existem mecanismos para suprir as lacunas legais, aplicando-se aos casos concretos a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, em consonância com os preceitos constitucionais (art. 4º da LINDB)”[19].
À falta de legislação específica, os casais que viviam em união homoafetiva buscavam os seus direitos junto ao Poder Judiciário. Os tribunais reconheciam, nesses casos, o direito de inclusão do companheiro como dependente no plano de saúde; de recebimento de pensão em caso de morte do parceiro segurado no INSS ou em plano de previdência privada[21]; de guarda de filho, em caso de um dos parceiros ser mãe ou pai biológico da criança; de adoção por casal formado por duas pessoas do mesmo sexo; e de participação no patrimônio formado pelo esforço comum de ambos.
o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) 4.277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceu a união homoafetiva como entidade familiar, regida pelas mesmas regras que se aplicam à união estável dos casais heterossexuais. Proclamou-se, com efeito vinculante, que o não reconhecimento da união homoafetiva contraria preceitos fundamentais comoigualdade, liberdade (da qual decorre a autonomia da vontade) e o princípio da dignidade da pessoa humana, todos da Constituição Federal. 
O Superior Tribunal de Justiça, logo depois, ou seja, no dia 11 de maio do mesmo ano, aplicou o referido entendimento do Supremo Tribunal Federal, por causa de seu efeito vinculante, reconhecendo também o status de união estável aos relacionamentos homoafetivos[22].
Notoriedade
Exige o art. 1.723 do Código Civil, para que se configure a união estável, que a convivência, além de contínua e duradoura, seja “pública”. Não pode, assim, a união permanecer em sigilo, em segredo, desconhecida no meio social. Requer-se, por isso, notoriedade ou publicidade no relacionamento amoroso, ou seja, que os companheiros se apresentem à coletividade como se fossem marido e mulher (more uxorio). Relações clandestinas, desconhecidas da sociedade, não constituem união estável[23].
Estabilidade ou duração prolongada
A denominação “união estável” já indica que o relacionamento dos companheiros deve ser duradouro, estendendo-se no tempo. Não obstante, tal requisito foi enfatizado no art. 1.723 do Código Civil, ao exigir que a convivência seja pública, contínua e “duradoura”. Malgrado a lei não estabeleça um prazo determinado de duração para a configuração da entidade familiar, a estabilidade da relação é indispensável.
Continuidade
Para que a convivência possa ser alçada à categoria de união estável faz-se necessário que, além de pública e duradoura, seja também “contínua”, sem interrupções (CC, art. 1.723). A sua solidez é atestada pelo caráter contínuo do relacionamento. A instabilidade causada por constantes rupturas desse relacionamento poderá provocar insegurança a terceiros, nas suas relações jurídicas com os companheiros.
Inexistência de impedimentos matrimoniais
O § 1º do art. 1.723 do Código Civil veda a constituição da união estável “se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521”, ressalvado o inc. VI, que proíbe o casamento das pessoas casadas, se houver separação judicial ou de fato. Assim, não podem constituir união estável:
■ os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
■ os afins em linha reta, ou seja, sogro e nora, sogra e genro, padrasto e enteada, madrasta e enteado, observando-se que o vínculo de afinidade resulta tanto do casamento como da união estável, como dispõe o art. 1.595, caput;
■ os irmãos, unilaterais ou bilaterais, os colaterais até o terceiro grau inclusive; e
■ o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra seu consorte.
 Relação monogâmica
Como também ocorre nas uniões conjugais, o vínculo entre os companheiros deve ser único, em face do caráter monogâmico da relação. Não se admite que pessoa casada, não separada de fato, venha a constituir união estável, nem que aquela que convive com um companheiro venha a constituir outra união estável. A referência aos integrantes da união estável, tanto na Constituição Federal como no novo Código Civil, é feita sempre no singular. Assim, “a relação de convivência amorosa formada à margem de um casamento ou de uma união estável caracteriza-se como proibida, porque adulterina, no primeiro caso, e desleal no segundo”[32].

Continue navegando