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Noções de Direito de Família 
Introdução ao Direito de Família e sua Evolução Histórica
Um dos institutos mais antigos do mundo é a família. No Brasil, o que entendemos hoje por família sofreu diversas influências, como do que era considerado família na Roma, na Alemanha e, principalmente, influência da igreja (canônica). O Código Civil vigente em 1916 era de base tradicionalista, influenciado pela igreja, em que família era aquela formada pelo casamento, de modo que toda e qualquer entidade fora do casamento não era protegida pelo direito de família. 
No entanto, a realidade social era muito diferente do que a legislação previa. Logicamente, naquela época já haviam “filhos fora do casamento”, uniões estáveis, uniões homoafetivas, relações extraconjugais – todas desprotegidas do direito vigente. A partir de então, é que a JURISPRUDÊNCIA passou a adquirir importante papel.
Na década de 40/50, visando as modificações sociais ocorridas, o STF passou a interpretar a realidade social e conferir efeitos jurídicos para entidades formadas fora do casamento, tais como o concubinato PURO e IMPURO.
Concubinato Puro
Era quando as pessoas se uniam, eram habilitadas para casar, mas não queriam. Nessa espécie, era possível converter em casamento. É o que hoje chamamos de União Estável. Na CF/88, o concubinato puro foi transformado em entidade familiar, passando a ser chamado de União Estável.
Concubinato Impuro
Era a união informal de pessoas que não poderiam casas, de modo que não poderia ser convertida em casamento. Ex.: pessoa já casada que se une com outra
O reconhecimento do concubinato, puro e simples, se da através das sumulas 380 e 382 do STF.
· Súmula 380, STF “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.”
· Súmula 382, STF: “A vida em comum sob o mesmo teto "more uxório", não é indispensável à caracterização do concubinato.”
A perspectiva civil-constitucional da família
A noção tradicional de família esteve ligada durante muito tempo à ideia de casamento. Esse modelo passou a sofrer alterações, principalmente durante a segunda metade do século XX, quando o laço formal do matrimônio passou a ser substituído pela afetividade e por um projeto de vida em comum. 
A Constituição Federal de 1988 tem um capítulo próprio que trata da família, da criança, do adolescente e do idoso (Capítulo VII, do Título VIII – Da Ordem Social). O artigo 226 trata da prevalência da dignidade da pessoa humana. 
Sobre a perspectiva civil-constitucional da família, a CF/88, na perspectiva da dignidade da pessoa humana, prevê expressamente outros núcleos familiares de afeto: a união estável e a família monoparental. 
Função social da família 
A família não é um instituto que garante apenas direitos privados. Deve ser interpretada como um instituto com papel e função social de propiciar o bem de toda a comunidade. Assim, a CF protege diferentes modalidades de família.
· No Art. 226, CF/88 estabelece que a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado, conforme o parágrafo 3º.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
Pluralismo familiar
Agora iremos conhecer as várias formas de construir uma família:
· Família Matrimonial: formada pelo casamento civil. 
· Família Informal: A união é formada sem registro de acordo com a lei civil, sendo o vínculo criado com a convivência e ânimo de constituir família. Ex.: União estável. 
· Família Monoparental: É aquela formada por um dos pais (pai ou mãe) e seu(s) filho(s). 
· Família Anaparental: É considerado família aquela formada por apenas uma pessoa, como a pessoa solteira, viúva ou separada. Ex.: proteção do patrimônio impenhorável por ser bem de família. 
· Família Socio-afetiva: vínculo familiar é criado pela afetividade entre as partes, não pelos vínculos biológicos. 
· Família multiespécie: É aquela formada pelos animais de estimação e seus tutores. 
· Família recomposta/reconstituída: É formada pela união de casal que já possuía filhos de relacionamentos anteriores. Ex: enteados/madrasta/padrasto. 
A família e a eficácia horizontal dos direitos fundamentais 
A eficácia horizontal dos direitos fundamentais é a aplicação dos direitos constitucionais fundamentais nas relações entre particulares/pessoa privadas – relações horizontais. 
Em regra, nas relações familiares as partes são pessoas privadas (e não o Estado), em forma horizontal. Mesmo assim, todos os direitos fundamentais constitucionalmente previstos devem ser necessariamente respeitado nas relações familiares. 
Outro exemplo de constitucionalização das relações familiares, pode-se citar o reconhecimento da união estável homoafetiva (ADI 4277), devendo o art. 1.723 do CC ser interpretado conforme a Constituição. 
Afinal, o que é família atualmente?
Não há um consenso, conceito absoluto e uniforme na jurisprudência e doutrina do que é família atualmente. No geral, é um ente despersonificado, base da sociedade (art. 226 da CF), baseado vínculo da afetividade.
Em 2011, quando o STF foi realizado o julgamento da ADI 4277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Britto, foi conferido por este tribunal um moderno conceito do que se entende por família, conforme se depreende da leitura de parte da ementa. Salienta-se que neste acórdão aplicou-se a união estável entre pessoas do mesmo sexo as mesmas regras e mesas consequências da união estável heteroafetiva, com base na constitucionalização do direito de família, que acabamos de explicar.
“Família em seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. A Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita sua formação a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa...”
ADPF 132, de 2011
Fundamentos constitucional
Os fundamentos utilizados para que seja declarada a constitucionalidade, foram baseados na concepção ultramoderna de família, baseada exclusivamente nos vínculo de afeto, na dignidade da pessoa humana, na proibição de discriminação, preconceito, pluralismo como valor cultural e liberdade para escolher a orientação sexual. 
...Família como instituição privada que, voluntariamente constituída entre pessoas adultas, mantém com o Estado e a sociedade civil uma necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de concreção dos direitos fundamentais que a própria Constituição designa por “intimidade e vida privada”.
inciso X do art. 5º).” (STF. ADI 4277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Britto, j. 05.05.2011
Características da família
SOCIOAFETIVA: É baseado no vínculo da afetividade. 
EUDENOMISTA: A família serve para que cada um dos seus membros busque a sua felicidade individual, realizando-se como pessoa. 
APARENTAL: Poderá ser formada também por pessoas que não tenham entre si vínculo técnico ou consanguíneo de parentesco.
Como exemplo, temos a lei Maria da Penha, que conceitua como relações domésticas – familiares o seguinte:
Inciso I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
Inciso II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;”
Art. 5º, Lei 11.340
Dos princípios do Direito de Família
O direito de Família é regido por alguns princípios, destacando-se os seguintes:
Princípio da Afetividade
A noção de família é moldada pelo sentimento da afetividade. Por isso, o STJ possui diversas decisões em que a socioafetividade prevalece sobre o caráter biológico. Por exemplo, o STJ reconhece a possibilidade da pessoa aos 18 anos, incluir no registrode nascimento o pai afetivo (ou seja, aquele que criou a pessoa, não o que deu origem biológica).
Princípio da Solidariedade
A união dos entes familiares é baseada na fraternidade, reciprocidade, ajuda mútua, ou seja, na solidariedade. Exemplo. Artigo 1511 do Código Civil.
Princípio da monogamia
No ordenamento jurídico brasileiro é proibido o casar-se simultaneamente com mais de uma pessoa. Nos termos do artigo 1566, I, CC, é dever entre os cônjuges a fidelidade recíproca. Ademais, as pessoas casadas estão impedidas de casar (art. 1521, VI CC)
Princípio da Pluralidade de Entidades Familiares
A proteção estatal é para TODA e QUALQUER família, consagra-se uma pluralidade de formas pelas quais a família poderá ser formada. Ex: Família matrimonial, Informal, Monoparental, Anaparental, Socio-afetiva, família multiespécie. Os parágrafos do artigo 226 da CF apresenta um rol exemplificativo dos possíveis jeitos que poderá ser constituída a família
Princípio da Proteção Especial
É expressamente previsto na CF que a família possui papel tão importante, que deve ser especialmente protegida pelo Estado. Caput do art. 226 da CF: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”
Princípio da Igualdade
Há 2 espécies de igualdade que regem o direito de família. 
Igualdade entre os filhos: historicamente, os filhos havidos fora do casamento não possuíam os mesmos direitos dos filhos tidos no casamento. A CF/88 passou a prever a igualdade constitucional (patrimonial e existencial) entre eles “Artigo 227, §6º, CF: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”
Igualdade entre cônjuges: O artigo 226, § 5º, da Constituição Federal de 1988 prevê que os direitos e obrigações para com a família são iguais entre o homem e a mulher, sem qualquer tipo de distinção ou discriminação. 
Teoria Geral do Casamento
Vamos passar agora a estudar uma das formas pelas quais a família pode se iniciar: o casamento. Começaremos pelo conceito. 
O casamento pode ser conceituado como a união de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família e baseado em um vínculo de afeto.” 
Tartuce, 2019
O casamento é a união de duas pessoas, que necessariamente deverá ser realizado através de procedimento formal regulamentado pelo Estado, que busca a comunhão plena de vida, baseado em um vínculo de afeto. 
No Art. 1.511. Código Civil - O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. Observe que a ideia de casamento deixou de ter uma finalidade reprodutiva para ter a finalidade de comunhão de vida. 
O planejamento familiar é livre e de deliberação do casal. A intangibilidade do casamento garante que essa comunhão de vida esteja a salvo da intervenção de terceiros. 
Originalmente, o casamento somente era considerado entre duas pessoas de sexos distintos. No entanto, o STF passou a entender em 2011 que o casamento também pode ocorrer entre pessoas do mesmo sexo.
Casamento homoafetivo
Não há lei prevendo expressamente o casamento homoafetivo, e, por conta de artigos como o art. 1.517 do Código Civil /02, a maior parte da doutrina e da jurisprudência considerava um eventual casamento homoafetivo como inexistente.
· No entanto o a partir de 2011, em decisão do STF, na ADPF 132 + ADIN 4277, a família homoafetiva passou a ser juridicamente reconhecida. E ainda, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da sua Resolução n. 175, de 2013, veda às autoridades competentes, (responsáveis pelos Cartórios de Registro Civil) a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
Natureza Jurídica do Casamento
O que o casamento é para o direito? A natureza jurídica do instituto responde à esta questão. E quanto a ela, existem três teorias.
· Teoria contratualista: o casamento tem natureza jurídica negocial, é um contrato celebrado e desfeito, exclusivamente, pela vontade das partes. 
· Teoria institucionalista: considera que as partes, uma vez que aderem à instituição do casamento, estão submetidas às suas normas e seus efeitos, estabelecidos pelo Estado. Em nosso Código Civil anterior (1916), a visão institucionalista predominava, uma vez que o casamento era tido como uma instituição da sociedade e era protegido como tal. 
· Teoria mista: defendida por autores como Flávio Tartuce, dispõe que: “Desse modo, melhor considerar o casamento como um negócio jurídico bilateral sui generis, especial. Trata-se, portanto, de um negócio híbrido: na formação é um contrato, no conteúdo é uma instituição.” (Tartuce, 2019). Assim, ele se inicia por um contrato, porém, não tem a finalidade exclusivamente patrimonial, assim, no conteúdo é uma instituição. 
As doutrinas mais atualizadas são unânimes em considerar que a Teoria Institucionalista está superada, vez que baseada em valores morais e religiosos. Assim, independente de se adotar a teoria contratualista ou mista, certo é que o casamento é um negócio jurídico. E como tal, aplicam-se as regras específicas do Código Civil em seu tratamento, e na falta destas, as previstas na parte Geral do negócio jurídico do Código Civil.
Tipologia básica do casamento
Todas as modalidades de casamento têm natureza civil. 
Casamento civil
O casamento civil é aquele realizado perante a autoridade oficial do Estado (juiz de direito ou de paz).
Casamento religioso com efeito civil
O casamento religioso com efeito civil é aquele realizado por autoridade religiosa. (Por sermos um Estado laico, não temos uma religião oficial). Assim, são admitidas todas as cerimônias de todas as religiões, inclusive espírita e candomblé. Porém, o casamento religioso, precisa obrigatoriamente ser registrado, sob pena de se constituir uma união informal.
Da capacidade matrimonial
Pode haver incapacidade ou impedimento para o matrimônio. A incapacidade matrimonial é a falta de aptidão para realizar o ato. Esta é geral, ou seja, impede a pessoa de casar-se com qualquer outro que seja.
Os incapazes para o casamento são apenas os absolutamente incapazes, ou seja, somente os menores de 16 anos, nos termos do art. 1.517 do Código Civil e do novo art. 3.º do Código Civil. “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos”.
Porém entre 16 e 18 anos incompletos, é necessária a autorização dos pais ou representantes legais. Se for emancipado, não há necessidade de autorização. Se houver divergência entre os pais, a questão será levado ao Juiz para que ele autorize; nestes termos o art. 1.519, “Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz”. 
Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. O casamento é causa de emancipação legal, nos termos do artigo 5º do Código Civil. Os menores de 16 anos não poderão se casar em hipótese nenhuma, conforme artigo 1520 do CC.
Como já vimos é proibido o casamento de menor de 16 anos em qualquer caso.
Artigo 217 – A CP – Estupro de Vulnerável
“O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente”.
Súmula 593 do STJ (2017)
O artigo 1520 foi modificado em 2019, até então, admitia-se que em casos excepcionais o casamento do menor de 16 anos fosse autorizado, para evitar, inclusive, o cumprimento de pena criminal (estupro de vulnerável). Porém, tal visão foi superada. 
Em 2019, o Código Civil consolidou o entendimento da proibição do casamento do menor de 16 anos, mesmo diante de seu consentimento ou gravidez. Inclusive, sendo considerado, pela lei crime de estupro de vulnerável, a conjunção carnal ou ato libidinoso com menor de 14 anos.
Dos impedimentos matrimoniaisO impedimento é a proibição para o casamento diz respeito a legitimação, ou seja, a capacidade ou condição especial para realizar determinado ato. Quando presente qualquer das hipóteses do artigo 1521 do Código Civil, há a impossibilidade de celebração do casamento. 
É matéria de ordem pública, por isso, pode ser oposto por qualquer pessoa capaz. Tem a finalidade de proteção da família no âmbito biológico, moral e social.
Passamos agora à análise das hipóteses taxativas dos impedimentos matrimoniais. O Artigo 1521 do Código Civil traz um rol taxativo de pessoas que não podem casar:
I - Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
Os ascendentes não podem se casar com os descentes, até o infinito. A proibição pelo impedimento se dá pelo parentesco consanguíneo (ex. filho não pode casar com a mãe, neto com o avô, e assim por diante). Por razões morais (incesto) e biológicas. 
II - Os afins em linha reta;
Para os afins em linha reta, o impedimento decorre do parentesco por afinidade, ou seja, o parentesco entre um cônjuge (ou companheiro) e os parentes do outro consorte (ou convivente). Por exemplo, sogra com o genro. Porém, não há impedimento entre afins colaterais (assim, o ex-cunhados podem se casar.) O parentesco por afinidade em linha reta não se dissolve após o fim do casamento ou união estável.
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
A adoção imita a família consanguínea no que diz respeito aos impedimentos matrimonias.
IV - Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
Os parentes colaterais até terceiro grau, inclusive (impedimento por parentesco consanguíneo), por razões morais e biológicas. Os irmãos (que são colaterais de 2º grau) sejam bilaterais (mesmo pai e mesma mãe) ou unilaterais (mesmo pai ou mesma mãe). O Decreto-lei 3.200/1941, autoriza o casamento entre tios e sobrinhos (chamado casamento avuncular), somente se uma junta médica apontar que não há risco biológico - Enunciado n. 98 do CFJ/ STJ.
V – O adotado com o filho do adotante;
Como visto, o adotado imita a família consanguínea. Dessa forma, pode haver casamento do adotado com o irmão do adotante, porque esse é como se seu tio fosse, e não há risco biológico.
VI - As pessoas casadas;
As pessoas já casadas são impedidas de casar, impedimento decorrente de vínculo matrimonial, pois o Código adota o Princípio da Monogamia para o casamento
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Impedimento decorrente de crime. Somente quando o crime é doloso e há trânsito em julgado da sentença penal condenatória antes do casamento. Se o casamento ocorrer durante o processo penal, será válido
Os impedimentos, por tratarem de matéria de ordem pública, podem ser opostos por qualquer pessoa capaz, inclusive o juiz ou oficial de registro. Podem ser opostos até o momento da celebração do casamento. E podem também ser opostos na habilitação através declaração escrita, assinada e com provas. Assim:
Art. 1.522. do Código Civil. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.”
Art. 1.522. do Código Civil
Caso o casamento seja celebrado, ele será nulo de pleno direito, nulidade absoluta, nos termos do artigo 1548, II do Código Civil 
Das causas suspensivas
As causas suspensivas do casamento são situações capazes de suspender a realização do casamento, relacionadas a questões patrimoniais e de ordem privada. Não geram a nulidade absoluta ou relativa do casamento, o casamento é apenas irregular, mas impõem sanções patrimoniais aos cônjuges, tornando obrigatório o regime da separação legal ou obrigatória de bens.
A violação não gera vício, gera apenas sanção, consistente em não permitir que os nubentes escolham o regime de bens a ser adotado no casamento. Resguardam situações particulares (proteção da família dos nubentes ou eles mesmos), assim, o interesse é privado, desta forma, não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. Não incidem no caso de ser constituída união estável. 
O artigo 1523, faz uma recomendação que não devem se casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e  der partilha aos herdeiros;
· Além da imposição de regime de separação obrigatória de bens, essa causa gera uma segunda sanção, a de uma hipoteca legal a favor dos filhos sobre os bens imóveis dos pais que passarem a outras núpcias antes de fazerem o inventário do cônjuge falecido. Só se aplica se o filho for do cônjuge falecido e da viúvo ou viúva. Quando for somente de um dos dois, não se admite interpretação extensiva ou analogia.
I - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
· O objetivo é evitar confusão sobre a paternidade do filho que nascer nesse espaço de tempo, porém com o avanço da medicina e dos exames de DNA, essa causa tende a desaparecer.
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
· A lei exige apenas a homologação ou decisão da partilha e não que ela seja efetivada
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
· Essa causa é atribuída para afastar qualquer coação moral sobre a pessoa que tem autoridade sobre o incapaz. O tutor ou curador poderia induzir o incapaz a erro e provocar prejuízo a seu patrimônio.
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
· Essa causa é atribuída para afastar qualquer coação moral sobre a pessoa que tem autoridade sobre o incapaz. O tutor ou curador poderia induzir o incapaz a erro e provocar prejuízo a seu patrimônio.
Em todas as hipóteses, desaparecerá a causa suspensiva, se for comprovado a ausência de prejuízo aos envolvidos. É possível que não seja aplicada a sanção, se comprovado a ausência de prejuízo. 
O artigo 1523
Parágrafo único. “É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo(...)”
s causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos diretamente interessados na relação jurídica patrimonial que se constituirá com o casamento. Desta forma, o artigo 1524 do Código civil determina que as causas suspensivas serão arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins (pais, avôs, sogros), e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins (irmãos, cunhados).
· Artigo 1.524 – As causas suspensivas podem ser arguidas pelos: -parentes em linha reta ou pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins. Sua oposição deve ser feita no processo de habilitação até 15 após os proclamas.
Enunciado n. 262 do CFJ/ STJ, da III Jornada de Direito Civil: “A obrigatoriedade da separação de bens nas hipóteses previstas nos incs. I e III do art. 1.641 do Código Civil não impede a alteração do regime, desde que superada a causa que o impôs.”
Ação de alteração de Regime de bens – artigo 1.639, § 2º, do CC.
Do processo de habilitação para o casamento
A celebração do casamento
Passaremos a estudar o processo de habilitação para o casamento e sua celebração.
Como já visto, o casamento é um negócio jurídico formal e solene. Assim, tem diversas normas e regras que devem ser seguidas para sua realização. 
· O casamento civil, de acordo com o Código, tem garantidoa sua celebração gratuita. Também é possível que que haja a gratuidade do registro, certidão e habilitação, para isso basta que os nubentes apresentem declaração de pobreza, sem a necessidade de instruir com provas. 
· O casamento pode ser civil ou religioso com efeitos civis. A celebração civil depende de prévia habilitação, já a religiosa pode ter habilitação anterior ou posterior. 
· O processo de habilitação está previsto em nosso Código Civil nos artigos 1525 e seguintes, conforme veremos a seguir.
Habilitação para o casamento
A habilitação é um procedimento formal, administrativo, (não judicial, dispensa a obrigatoriedade de advogado e juiz, mas com a intervenção do Ministério Público), que verifica os pressupostos de existência e validade do casamento. A Habilitação ocorre em quatro fases.
Requerimento e documentação
Editais de Proclama
Registro
Entrega de Certidão
Artigo 1525, Código Civil: o requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho ou por procuração, e deve ser instruído com os documentos previstos neste artigo.]
Deve ser instruído com os seguintes documentos:
· Certidão de nascimento ou documento equivalente; 
· autorização dos responsáveis, se necessário; 
· declaração de 2 testemunhas que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; 
· declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais; 
· certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, ou do registro da sentença de divórcio.
A habilitação tramitará perante o Cartório de Registro Civil do domicílio dos noivos. Se esses residirem em domicílios distintos, será no cartório de um deles. 
· Art. 1.526, Código Civil. 
A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. 
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz. 
Se toda a documentação estiver em ordem, o oficial extrairá o EDITAL DE PROCLAMAS. Este ficará fixado durante 15 dias na circunscrição do Registro Civil de ambos os nubentes e será publicado na imprensa, nos termos do Artigo 1527. A autoridade pode dispensar a publicação, em caso de urgência.
Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.”
Das causas suspensivas e invalidade 
Oposição de causas suspensivas e impedimentos:
· Os impedimentos e as causas suspensivas podem ser opostas neste momento (até a celebração, porém este é o momento mais adequado).
Declaração escrita e assinada, com provas:
· Serão opostos em declaração escrita e assinada, com provas do alegado ou com indicação do lugar onde podem ser obtidas, conforme artigo 1529 do Código Civil. Nesta constará o nome de quem apresentou a oposição, os fundamentos e as provas desta. 
Nota de oposição:
· Os nubentes recebem do oficial – Nota de Oposição (com os fundamentos, provas e nome de quem ofereceu), e podem requerer prazo para apresentar provas em sentido contrário.
· Se o oponente agir de má fé, os nubentes podem promover ações civis e criminais, nos termos do artigo 1530 do Código Civil.
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
O artigo 1528 ainda prevê que é dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens. Com isso, tenta-se evitar futuras alegações de nulidade do casamento. 
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.
· Após todo este procedimento de habilitação que vimos, cumprido, e verificada a inexistência de fato que possa obstar o casamento, o oficial extrairá o CERTIFICADO DE HABILITAÇÃO. Esse certificado tem prazo de 90 dias.
Celebração do Casamento
A celebração deve ser feita por autoridade competente. No civil por Juiz ou Juiza de paz, ou no religioso com efeitos civis, pela autoridade religiosa.
Será feita em dia, hora e lugar previamente designados por quem presidir o ato, mediante petição dos contratantes, que se mostrem habilitados. Nos termos do artigo 1533 do Código Civil: “Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531 .”’
Em virtude do Princípio da Publicidade, o artigo 1534, determina que deve ser realizado em cartório ou se realizado será na sede do Cartório, com portas abertas e 2 testemunhas. (4 se algum dos contraentes analfabeto), sem do realizado em outro edifício, as portas devem estar abertas e devem ter quatro testemunhas. 
Da cerimônia
· A instalação da cerimônia
· Se dá com a presença mínima dos noivos, (pessoalmente ou por procurador especial), as testemunhas, e a autoridade celebrante competente.
· Declaração de vontade dos noivos 
Os nubentes devem fazer a declaração de vontade de que aceitam o casamento. Esta não precisa necessariamente ser a palavra SIM, porém precisa ser afirmativa sem qualquer brincadeira, dúvida, receio ou hesitação, uma vez que se isso ocorrer, a autoridade deverá suspender a celebração e retornar apenas 24 horas depois.
· Leitura da fórmula sacramental 
O momento existencial do casamento, aquele em que há a leitura da fórmula sacramental, conforme artigo 1535: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados.” Assim, nos termos do artigo 1535 e 1514, a celebração do casamento se consuma com a declaração de vontade dos noivos e a declaração da autoridade de que os declara casados
Se dá com a presença mínima dos noivos, (pessoalmente ou por procurador especial), as testemunhas, e a autoridade celebrante competente.
Se dá com a presença mínima dos noivos, (pessoalmente ou por procurador especial), as testemunhas, e a autoridade celebrante competente.
Planos de existência e validade
O casamento, por ser considerado um negócio jurídico, tem os três planos: Validade e Eficácia e Existência.
· Validade
Casamento nulo – inválido absolutamente – art. 1.548 do CC/02.
Casamento anulável – art. 1.550, CC/02.
· Eficácia
art. 1.565 e seguintes do CC/02. 
· Quanto a Existência 
Quanto a existência, a hipótese clássica de casamento inexistente era o entre pessoas do mesmo sexo, porém, esse é juridicamente possível
Casamento nulo e anulável
NULO - art. 1.548 do CC 
· Hipóteses: impedimentos para casar (art. 1.521 )
· Não pode ser confirmada pelas partes
· Não produz efeitos
· Não convalesce com o passar do tempo
· Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz; legitimidade ativa do Ministério Público ou do interessado
· As hipóteses de nulidade do casamento não se confundem com as hipóteses de anulabilidade. A nulidade é vício mais grave, sendo matéria de ordem pública, podendo ser reconhecida de ofício pelo juiz, requerida pelo Ministério Publico ou pelos interessados. As hipóteses são as mesmas que os impedimentos para casar. 
ANULÁVEL - art. 1.550 do CC
· Hipóteses do art. 1.550 do CC
· Por vício de vontade: 1.556 a 1.558
· Admite convalidação pelas partes
· Produz efeitos até decisão judicial
· Submete-se a prazos decadenciais
· Não pode ser reconhecida de ofício. 
· Legitimidade ativa somente do interessado
· Nas hipóteses previstas no artigo 1.550 do CC, e, quando por vício de vontade, nas hipótese dos artigos 1556 a 1558 do CC. Sendo defeitos menos grave, nestes casos a decisão judicial não terá efeitos retroativos, sendo o casamento produzirá efeitos até a data da sentença. Ademais, mesmo existindo tais vícios, as partes poderão convalidar o casamento. Outrossim,não poderá ser reconhecido de efeito pelo juiz, nem requerido pelo Ministério Público, devendo haver pedido da parte interessada. 
Hipóteses em que o casamento poderá ser anulado
1. Do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal.
Para que se possa casar entre os 16 e 18 anos, e necessário a autorização do representante legal dos menores. O casamento contraído por menor nesta idade, sem autorização do representante legal é anulável. O prazo decadencial para alegação é de 180 dias. Completando a maioridade, o casamento será convalidado.
2. Por vício da vontade
O vício de vontade pode ser dar de 2 formas: erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge e coação.
Erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge
No caso de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (ou error in persona) o prazo decadencial é de 3 anos: As hipóteses são:
Erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge- art. 1.556 e 1.557
2.1 O que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. Ex: casar com um ex-transexual operado.
2.1.2. Crime anterior ao casamento + insuportável vida em comum.
A ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal. Ex.: estupro, homicídio, latrocínio. 
2.1.3. Defeito físico irremediável (Impotência Coeundi) ou de moléstia grave transmissível + anteriores ao casamento + risco à saúde. 
Obs: não inclui a impotência generandi.
A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; O defeito físico deve ter aquele que impede a prática de relações sexuais (Impotência Coeundi). A incapacidade de gerar filhos (generandi - esterilidade) não é causa de anulação do casamento. 
Coação
2.2 Coação psicológica –
 art. 1.558, CC: prazo decadencial de 3 anos.
*Temor de mal considerável + iminente + atinge a vida, saúde ou honra + sua ou dos familiares.
· Haverá coação psicológica (vis compulsiva) quando o consentimento para o casamento de um dos nubentes foi fundado em temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra do cônjuge ou de seus familiares. Se a coação fosse física, o casamento seria inexistente ou nulo.
3. A pessoa com deficiência mental ou intelectual 
· IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; 
· § 2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.
· A pessoa com deficiência mental ou intelectual poderá contrair o matrimônio expressando sua vontade, ou fazendo por terceira pessoa (seu responsável ou curador).Somente se for incapaz de consentir ou manifestar DE MODO INEQUÍVOCO sua vontade, é que será anulável.
4. Mandatário + desconhecimento prévio da revogação + não sobrevindo coabitação dos cônjuges 
§ 1º: Invalidade do mandato judicialmente decretada é equiparada à revogação. 
· O casamento poderá ser realizado através de mandato (por escritura pública) conferido à outrem. O casamento será anulável caso o instrumento de mandato seja revogado pelo mandante, antes da realização do casamento sem que as partes soubessem, bem como que, depois da realização deste casamento, os nubentes não venham a morar juntos (coabitar).
5. Incompetência da autoridade celebrante. 
Da autoridade celebrante. Salienta-se que trata-se de incompetência relativa, em razão do local (Ratione loci), motivo pelo qual poderá ser convalidada. 
Provas do casamento
Sendo o casamento uma entidade solene e formal, o código civil prevê expressamente, nos artigos 1.543 a 1.547 quais são os meios que podem provar a existência do casamento.
Casamento realizado no Brasil:
Prova direta
No caso de casamento realizado no Brasil, em regra, a prova será feita diretamente com a apresentação do registro feito no cartório de registro civil. Art. (1.543, CC).
Prova indireta
No entanto, há casos que não é possível a apresentação desta certidão cartorária, quando deverá ser produzida prova indireta. Neste caso, o casamento será provado indiretamente através de todo e qualquer meio de prova permitido pelo ordenamento jurídico. (Art. 1.543, parágrafo único).
As provas deverão ser produzidas na ação de justificação de casamento, de a ser proposta pelos cônjuges ou por terceiros (filhos, credores), de jurisdição voluntária e competência da Vara de Família. Salienta-se que todos os interessados no caso deverão ser citados (art. 721 do CPC). Os efeitos da sentença será ex tunc: ou seja, seus efeitos retroagirão à data da realização do casamento. 
Obs.: Ação de justificação de casamento: 
· Princípio in dubio pro casamento (Art. 1.547, CC). 
· Jurisdição voluntária. Efeitos ex tunc (Art. 1.546, CC).
· 
. Casamento realizado no estrangeiro:
Trata-se do casamento de brasileiro celebrado em outro país. 
FORMA: Sua celebração no exterior deverá ocorrer perante autoridades ou cônsules
REGISTRO: Quando os nubentes retornarem ao Brasil, deverão realizar o registro cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
PRAZO: O prazo para registro é de 180 dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil.
O casamento celebrado no estrangeiro será comprovado através do registro no Cartório do domicílio, no prazo até 180 dias após o regresso ao Brasil. O casamento celebrado no estrangeiro, é plenamente existente, válido e eficaz. O Registro, nos termos do art. 1.544 do CC, é apenas para fins de prova. 
Situação-Problema
Duas pessoas querem se casar...
Um homem de 18 anos, residente em São Paulo e um rapaz, de 16 anos, residente em Curitiba, desejam contrair matrimônio. Eles pedem a você, como advogado, para que elabore um parecer jurídico fundamentado, orientando-os, sobre a possibilidade ou não de se casarem (diante do fato de serem do mesmo sexo e diante da idade), e o procedimento a ser adotado.
Resolução da Situação-Problema
Para resolver a Situação-Problema proposta nesta unidade teremos que analisar os seguintes pontos:
1. Possibilidade do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo.
2. Capacidade matrimonial. Idade núbil.
3. Habilitação para o casamento.
4. Celebração do casamento.
1. Primeiramente você deve abordar sobre a possibilidade do casamento homoafetivo. Conforme verificamos nas aulas, apesar de não haver lei expressa que o preveja, a partir de 2011, em decisão do STF, na ADPF 132 + ADIN 4277, a família homoafetiva passou a ser reconhecida. E ainda, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da sua Resolução n. 175, de 2013, obriga as autoridades competentes a fazer a habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
2. Em seguida, o você deve abordar a questão da idade dos nubentes. Ambos possuem capacidade matrimonial, visto que já tem mais de 16 anos (artigo 1517 do Código Civil). Porém, rapaz, com 16 anos precisa da autorização de ambos os pais ou dos responsáveis. De acordo com o artigo 1519 do Código Civil, se houver divergência entre os pais sobre a autorização, ele poderá pedir ao Juiz que a supra.
3. Quanto ao procedimento, o você deve abordar as questões de habilitação e celebração do casamento. Assim, os nubentes devem requerer a habilitação, em uma das duas cidades (São Paulo ou Curitiba) em um Cartório de Registro Civil, apresentando os documentos do artigo 1525 CC. Após, os documentos serão enviados ao Ministério Público e será expedido o Edital de proclamas que deve ser divulgado nas duas comarcas (São Paulo e Curitiba).
Não havendo oposições de impedimentos e verificadas todas as formalidades, será expedido certificado de Habilitação.
4. Assim, a autoridade competente marcará data, hora e local para a celebração do casamento. A instalação da cerimônia se dá com apresença mínima dos noivos, pessoalmente ou por procurador especial para o ato, as testemunhas, no mínimo 02 ou 04, conforme estudamos, e a autoridade celebrante competente. A seguir, os nubentes devem fazer a declaração de vontade de que aceitam o casamento. Na sequência, há o momento existencial do casamento, aquele em que há a leitura da fórmula sacramental, conforme artigo 1535: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados.”
Assim, nos termos do artigo 1535 e 1514, a celebração do casamento se consuma com a declaração de vontade dos noivos e a declaração da autoridade de que os declara casados.
Dos efeitos do casamento
Casamento putativo
Como já sabemos, o casamento pode ser nulo ou anulável. Tanto o casamento nulo, quanto o anulável, pode ser enquadrado como putativo. O inexistente não pode. O casamento nulo ou anulável pode produzir efeitos para quem está de boa-fé. A putatividade pode ser conhecida de oficio pela sentença que declara a nulidade a anulabilidade do casamento ou pode ser analisada em ação autônoma. É preciso comprovar a boa-fé, ou seja, é preciso comprovar que o cônjuge não tinha conhecimento da causa de nulidade ou anulabilidade.
O art. 1.561 do Código Civil determina “Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. 
· § 1º. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
· § 2º. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.”
Eficácia do casamento
Passamos agora à analise de quais são os efeitos produzidos com a celebração do casamento, qual seja, a sua eficácia no meio social. Primeiramente, insta salientar que existem diversas espécies de efeitos, a citar: econômicos, pessoais e sociais.
Efeitos econômicos
São os efeitos patrimoniais, decorrentes do regime de bens adotado no casamento.
Efeitos pessoais
São os efeitos produzidos no entre o cônjuges, em seu íntimo.
Efeitos sociais
São os que decorrem da relação dos cônjuges com terceiras pessoas.
Passamos agora à análise pormenorizada das hipóteses de cada um desses efeitos.
Efeitos pessoais do casamento
“Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.” O domicílio conjugal é o lugar escolhido por eles, conjuntamente. Se um dos cônjuges tiver que se ausentar, o outro automaticamente administrará o domicilio comum. 
A contribuição é proporcional aos ganhos dos cônjuges, não é igualitária. Assim, nos termos do artigo 1568 CC: “Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial.”
Ambos os cônjuges têm o direito de acréscimo do sobrenome do outro. Contudo, o acréscimo do nome é facultativo, mas se dá independente da vontade do outro. O nome é direito de personalidade e adere a pessoa, assim o cônjuge que o alterou em eventual divórcio, decide, se mantem ou não. O STJ também decidiu que pode haver o acréscimo do nome mesmo após a celebração do casamento, por ação judicial. (STJ, Resp 910.094/SC, Rel. Raul Araújo, j. 04.09.2012, publicado no seu Informativo n. 503). O casamento impõe deveres a ambos os cônjuges, conforme veremos a frente. (fidelidade, coabitação, assistência recíproca, guarda, sustento e educação da prole, respeito e consideração).
Efeitos sociais
Os efeitos sociais são erga omnes. 
a. Constituição da entidade familiar, protegida em nossa legislação. 
b. O cônjuge incapaz é emancipado e não retorna ao status quo ante, no caso de dissolução do casamento ou no caso de casamento anulável ou no caso de putatividade. Porém, se o casamento for nulo, não produz efeitos.
c. Presunção pater is est – CC 1.597 – presunção de paternidade dos filhos nascidos durante o casamente, seja por fertilização sexual ou fertilização assistida.
Há a mudança do estado civil com o matrimônio, o que não acontece com a união estável.
Há o estabelecimento do parentesco por afinidade entre cada cônjuge e os parentes do outro, porém limita-se aos ascendentes, descendentes e aos irmãos. Sogra, Sogro, Enteado, Cunhado. Não existe parentesco por afinidade de tios ou sobrinhos do cônjuge. 
E ainda, o parentesco por afinidade em linha reta não se dissolve nunca, e conforme vimos, mantem-se como impedimento matrimonial. O de linha colateral se dissolve (pode se casar com ex-cunhado).
Direção da sociedade conjugal
O art. 233 do Código Civil de 1916 proclamava que o marido era o chefe da sociedade conjugal, competindo-lhe a administração dos bens comuns e particulares da mulher, o direito de fixar o domicílio da família e o dever de prover à manutenção desta. Todos esses direitos são agora exercidos pelo casal, em sistema de cogestão, devendo as divergências ser solucionadas pelo juiz.
(CC, art. 1.567, parágrafo único).
O dever de prover à manutenção da família deixou de ser apenas um encargo do marido, incumbindo também à mulher, de acordo com as possibilidades de cada qual (art. 1.568).” Gonçalves, 2018. Os deveres também passaram a ser os mesmos para ambos, conforme veremos a seguir.
Deveres de ambos os cônjuges
O dever de fidelidade é decorrente do caráter monogâmico do casamento. A vida em comum no domicilio conjugal obriga os cônjuges a coabitarem, porém não é absoluta, conforme vimos acima. O abandono do lar, se configura se não houver mais a intenção do cônjuge voltar ao domicilio comum. 
A mútua assistência obriga os cônjuges a se auxiliarem mutuamente. Obrigação de socorro material e moral entre si.
O dever de sustento ou de prover à subsistência material dos filhos compreende o fornecimento de alimentação, vestuário, habitação, medicamentos e tudo mais que seja necessário à sua sobrevivência; o de fornecer educação abrange a instrução básica e complementar, na conformidade das condições sociais e econômicas dos pais; e o de guarda obriga à assistência material, moral e espiritual, conferindo ao detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive pais.
(Gonçalves, 2018).
O casamento tem os deveres da norma jurídica, porém não são obrigações, ou seja, não geram o direito do credor exigir prestação do devedor. Quando há o descumprimento de um dos deveres do casamento, a jurisprudência considera que o desrespeito a um dos deveres do casamento ou da união estável, não necessariamente, gera o dever de indenizar. Não há como se impor o dever de amar. Não se pode transformar a desilusão pelo fim dos vínculos afetivos em obrigação indenizatória. 
Contudo, o descumprimento a esse dever pode, diante de peculiaridades do caso concreto, acarretar danos morais, como na situação analisada pelo STJ, em que de fato restou demonstrado o abalo emocional.
Dos regimes de casamento
Noções gerais: regime de bens no direito civil brasileiro
São as regras de ordem patrimonial do casamento. Produz efeito entre o casal e perante terceiros. É regido pelos princípios da liberdade de escolha (autonomia privada), da variabilidade (não existe regime único) e da mutabilidade (o regime pode ser modificado no curso do casamento).
No direito das sucessões o cônjuge ou companheiro não concorre com os descendentes do falecido. - A herança caberá apenas aos descendentes.
Separação convencional de bens
Os nubentes podem convencionar o regime de separação de bens, porém é necessário que seja por pacto nupcial. Os bens permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. Assim, há a absoluta incomunicabilidade dos bens adquiridos antes e durante o casamento. Neste caso, não se aplica a Súmula 377 do STF. No direito das sucessões o cônjuge ou companheiro concorre com os descendentes do falecido. A herança caberáao cônjuge ou ao companheiro e, também, aos descendentes.
Do regime de comunhão parcial
Na comunhão parcial, disciplinada no art. 1.658 à 1666 do Código Civil, a regra geral é no sentido de preservar o patrimônio anterior dos cônjuges, porém garantindo o direito de meação quanto aos bens adquiridos onerosamente por um ou por ambos os cônjuges na constância do casamento. “Art. 1.658. CC No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.” Veremos a seguir os bens que se comunicam e os incomunicáveis.
Bens comunicáveis
Os bens comunicáveis são aquele que os cônjuges adquirem durante o casamento e irão integrar a meação. 
1. Os bens adquiridos durante o casamento, mesmo que adquirido em nome de apenas um dos cônjuges, deverá ser dividido igualmente entre ambos. Há uma presunção de que o bem foi adquiridos por ambos.
2. Os bens por fato eventual, mesmo que sem colaboração do outro cônjuge. Por exemplo, ganhar na loteria. Se o cônjuge ganha um prêmio, precisa dividir com o outro cônjuge.
3. Há a comunicação dos bens, uma vez que adquirido por ambos.
4. As benfeitorias valorizam a coisa principal, por isso presume-se que foi feito com o valores de ambos os cônjuges na constância do casamento.
5. Os frutos civis (rendimentos) ou naturais decorrentes de bens comuns ou particulares recebidos durante o casamento ou pendentes no fim dele. Incluem-se os produtos, as verbas trabalhistas já pleiteadas. 
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I. Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar.
II. Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares. 
III. As obrigações anteriores ao casamento. 
IV. As obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal. 
V. Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão. 
VI. Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge. 
VII. As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. 
“Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento.” 
Bens comunicáveis
No regime da comunhão universal, opera-se uma fusão tanto do patrimônio anterior ao casamento como do patrimônio posterior ao casamento, inclusive, na forma da lei, as respectivas dívidas de cada um.
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I. Os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar. 
II. Os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva. 
III. As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum. 
IV. As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade. 
V. Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 . (instrumentos de trabalho).
VI. 
Livre escolha: regime de bens
Assim, os nubentes podem escolher algum dos quatro tipos de regime de bens ou até mesmo pode criar suas próprias regras, desde que não violem as normas de ordem pública da matéria. Se os nubentes não escolherem nenhum regime ou se o que escolherem for nulo, o artigo 1640, determina que o Regime da Comunhão Parcial de Bens será o adotado. Não é possível que um cônjuge adote um tipo de regime e outro tipo, principio da indivisibilidade. Exceção casamento nulo ou anulável que somente um dos cônjuges agiu de boa fé.
Mudança de regime de bens
O artigo 1640, §2º CC determina que “É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.” Para a alteração do regime de casamento, os cônjuges devem ajuizar ação judicial. O pedido precisa ser de ambos, ou seja, não pode haver divergência de vontades quanto a alteração. Os cônjuges devem apresentar um motivo justo que será analisado pelo juiz. A decisão judicial que determina a modificação deve explicitar direito de terceiros.
Administração dos bens no casamento
Estabelecem os artigos 1643 e 1644 CC um série de atos que os cônjuges podem praticar livremente, como por exemplo: 
I. Praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão. 
II. Administrar os bens próprios. 
III. Desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial. 
IV. Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos. 
V. Praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.
Art. 1.643: 
I. Comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica. 
II. Obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir. Porém, se resultar em dívida a responsabilidade é solidária entre os cônjuges.
 
Pacto antenupcial
Os nubentes fazem a escolha do regime de bens por meio de um contrato solene, lavrado em registro público, denominado “pacto antenupcial”. Desde 1977, e ainda hoje, nos termos do art. 1.640 do CC, o regime legal supletivo é o da comunhão parcial de bens. “Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.”
Separação de bens
O regime da separação de bens é o que determina a incomunicabilidade dos bens adquiridos durante o casamento. A separação obrigatória de bens é o regime imposto por lei artigo 1641 CC. São 3 hipóteses previstas. Como vimos anteriormente as causas suspensivas do casamento estão previstas no artigo 1523 do Código Civil. Para evitar as inconveniências do regime de separação obrigatória, bem como o enriquecimento sem causa de uma das partes, o STF editou a súmula 377, que assim dispõe: “regime da separação legal comunicam-se os bens adquiridos na constância do casamento.” Assim, a separação legal não é absoluta. A contribuição do cônjuge, para efeito de meação, no âmbito desta súmula, pode ser indireta ou psicológica, não precisa ser contribuição econômica.
Participação final nos aquestos
Durante o casamento há uma separação de bens. No caso de dissolução da sociedade conjugal, os bens adquiridos onerosamente durante a relação serão objeto de partilha. É diferente da comunhão parcial de bens, porque somente os bens que foram adquiridos com esforço mútuo serão partilhados.
Dissolução do casamento
Em regra, o direito brasileiro adota a facilitação da dissolução do casamento, de modo que casar e dissolver o casamento é direito com a mesma força jurídica, baseada no direito da autodeterminação afetiva. O interesse é meramente privado. 
No entanto, nem sempre foi assim. Antigamente, entendia-se que havia interesse público na manutenção do casamento. Durante o CC/16 até 1977, o direito brasileiro adotou a indissolubilidade do casamento, por influências religiosas. Apenas com a Lei 6.515/77 (Lei do Divórcio) é que passou a existir um divórcio em caráter excepcional. 
Atualmente, as hipóteses de dissolução do casamento são através do divórcio (consensual ou litigioso) ou separação consensual e litigiosa). Passamos a analisa-las agora.
Como pode ser dissolvido?
Está previsto em nosso ordenamento jurídico a dissolução do casamento no Art. 226, § 6º, da Constituição Federal e Art. 1.571, do Código Civil.
No Brasil, o casamento pode ser dissolvido: 
1. Pela morte, que pode ser real ou presumida por ausência.
2. Pelo Divórcio: este sim põe fim a todos os deveres do casamento. Salienta-se que atualmente não é mais necessário requerer primeiro a separação, depois o divórcio.Querendo a dissolução do casamento, a parte pode requerer diretamente o divórcio.
Com relação a separação judicial, salienta-se que a doutrina e jurisprudência não são uníssonas quanto a sua existência atualmente no ordenamento jurídico. No entanto, é certo que a ela não dissolve o casamento, apenas colocando fim a determinados deveres. 
Os efeitos jurídicos da dissolução e bens de família
Vários são os efeitos da dissolução do casamento. O primeiro é o fim do vínculo conjugal, fim das obrigações matrimoniais, Permissão para ter nova união estável ou casamento (Depois de dissolvido o casamento, a pessoa pode constituir união estável, nos termos do art. 1.723, §1º ou novo casamento), poderá retirar o sobrenome do outro cônjuge. 
Outrossim, haverá também a partilha dos frutos e bens comuns, a depender do regime de bens adotados, conforme já estudamos. Segundo o STJ 
Na separação e no divórcio, sob pena de gerar enriquecimento sem causa, o fato de certo bem comum ainda pertencer indistintamente aos ex-cônjuges, por não ter sido formalizada a partilha, não representa automático empecilho ao pagamento de indenização pelo uso exclusivo do bem por um deles, desde que a parte que toca a cada um tenha sido definida por qualquer meio inequívoco. 
(STJ, Resp 1250362/RS).
Divórcio
Antes da EC 09/77, não existia o divórcio. Apenas o desquite, que colocava fim a sociedade conjugal, mas não poderia casar novamente.
EC 09/77: divórcio era possível apenas excepcionalmente
CF/88: o divórcio perdeu o caráter excepcional
EC 66/10: *Eliminação dos prazos para o divórcio (superação da distinção entre divórcio direto e divórcio indireto).
*Impossibilidade de discussão sobre a causa/culpa do divórcio (afastamento da discussão sobre culpa).
*O divórcio é um direito protestativo : não exige causa e não exige tempo. Só depende da vontade. 
Houve aparente abolição do instituto da separação do sistema jurídico brasileiro (ruptura do sistema dualista). No entanto, O STJ entende que não houve verdadeira abolição. Na prática, a separação perdeu a utilidade, pois pode divorciar de uma vez só. A posição predominante na doutrina, diferente do STJ, entende que a separação não existe mais. A base legislativa do divórcio está no artigo 226, § 6º, CF e 733 do Código Civil. Nos termos do Art. 733 do Código Civil, 
O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731. 
(Código Civil, art. 733).
Assim, o divórcio ocorre quando as partes estão de comum acordo em terminar a relação, sendo o consensual. Ou quando uma das partes não quer terminar o casamento, ou há algum aspecto que elas não estar de acordo, hipótese que será litigioso, necessitando do poder judiciário para resolver a controvérsia.
Divórcio litigioso
Nos termos do artigo 1581 do Código Civil e súmula 197 do STJ, “O divórcio (direto ou indireto/separação) pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.”. Neste caso, o bens permanece na titularidade de ambos os cônjuges, em condomínio. Falaremos agora do divórcio litigioso. Por haver uma lide resistida, o divórcio litigioso sempre será realizado em juízo. Trata-se de ação disciplinada pelos artigos 693 até 699 do Código de Processo Civil. Código de processo civil. Será adotado procedimento comum ordinário. Sugiro que vocês leiam depois da aula estes artigos do CPC.
Divórcio consensual
Divórcio consensual é o amigável, e pode ser obtido:
a. em cartório, tratando-se de procedimento administrativo. Para que possa ser feito assim, necessariamente não pode envolver nascituro ou filhos incapazes, deve ser realizado por escritura pública, e conter o previsto no art. 731 , CC. Salienta que as partes não são obrigada a fazer em cartório. Neste caso , não será necessária homologação judicial, assim, o § 1o do artigo 733 do CC preconiza que a escritura não depende de homologação
	Antes da EC 66/2010
	Depois da EC 66/2010
	§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.
	§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. 
DIRETO: não há mais prazo
b. judicial e constitui título hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. Quanto à o§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. 
c. Em juízo, através de procedimento de jurisdição voluntária, em que as partes pedem a homologação. A petição inicial deve conter as cláusulas obrigatórias elencadas no artigo 731 do CPC.
Separação
A separação extingue a sociedade conjugal, colocando fim apenas aos deveres conjugais de coabitação e fidelidade, bem como ao regime de bens (art. 1.571, III, do Código Civil) sem, no entanto, dissolver o casamento. Ela é medida temporária. As partes poderão escolher, a qualquer tempo, se querem restabelecer a sociedade conjugal ou converter definitivamente em divórcio. Veremos a seguir os efeitos da emenda constitucional 66/2010, que alterou substancialmente o instituto da separação. Antigamente, para que a pessoa se divorciasse, ela necessariamente deveria ficar mais de um ano separada. Atualmente, esse período não é mais necessário para que ocorra o divórcio, tornando sem qualquer necessidade prática o instituto. 
Doutrina e jurisprudência divergem se ainda existe no ordenamento jurídico a separação.
POSIÇÃO DO STJ: A EC 66/2010 não revogou, expressa ou tacitamente, a legislação ordinária que trata da separação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.431.370-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 15/8/2017 (Info 610). STJ. 4ª Turma. REsp 1.247.098-MS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 14/3/2017 (Info 604).Fundamenta-se no fato de que o CPC/2015 ainda prevê a separação.
STF: matéria encontra-se em repercussão geral, aguardando julgamento.
Na V Jornada de Direito Civil foi aprovado um enunciado adotando a 1ª corrente:
Enunciado 514: Art. 1.571. A Emenda Constitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto da separação judicial e extrajudicial.
Separação litigiosa e por mútuo consentimento
Espécies de separação litigiosa: 
Separação sanção
Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum. 
Separação falência
§ 1º: se um dos cônjuges provar ruptura da vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição.
Separação remédio
§ 2º: quando o outro cônjuge estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável.
Separação amigável
Nos termos do artigo 1.574 do CC, para a separação amigável, é necessário o preenchimento dos: 
Requisito material: Estar casado há pelo menos 01 ano. 
Requisito processual: ser realizado perante o juiz ou extrajudicialmente ( em cartório, somente quando não tem interesse de incapaz), com assistência por advogado. Ademais, as partes devem estar de comum acordo sobre a partilha dos bens (que pode ser postergado com base na súmula do STJ), pensão alimentícia, o uso do sobrenome e guarda e visitação dos filhos.
Situação-problema
Duas pessoas querem se divorciar
Duas pessoas mantinham casamento registrado civilmente, desde 12 de fevereiro de 1997. Da união, resultaram 3 filhos, com 19, 14 e 12 anos. No entanto, em 2020, eles não desejam mais continuar casados. Eles são casados no regime de comunhão parcial de bens e adquiriram uma casa após o casamento. Considerando essa situação, as partes te procuram para orientação sobrecomo proceder.
Resolução da situação-problema
Primeiramente você deve abordar que atualmente não é mais necessário a realização de prévia separação, podendo as partes irem diretamente ao divórcio, tendo em vista a EC 66/10.
1. Após, deverão ser analisadas 2 possibilidades:
2. Mesmo se as partes estiverem em comum acordo sobre os termos da dissolução, não poderá ser realizado extrajudicialmente, pois possui interesse de incapaz no caso – já que 2 filhos possuem 14 e 12 anos.
3. Assim, obrigatoriamente será realizado em juízo, através de procedimento de jurisdição voluntária, em que as partes pedem a homologação dos termos ajustados. A petição inicial deve conter as cláusulas obrigatórias elencadas no artigo 731 do CPC.
4. A segunda possibilidade será se as partes não estiverem se divorciando em comum acordo. Por haver uma lide resistida, o divórcio litigioso sempre será realizado em juízo. Será necessário a propositura de ação ordinária, disciplinada pelos artigos 693 até 699 do Código de Processo Civil.
5. É importante também orientar os clientes que, nos termos do artigo 1581 do Código Civil e súmula 197 do STJ, “O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.”. Neste caso, o bens permanece na titularidade de ambos os cônjuges, em condomínio.
Da União Estável
Histórico. Concubinato
A única forma de constituição de família era por meio do casamento durante o Código Civil de 1916. Assim, não era reconhecida a união estável como entidade com efeitos jurídicos. Por isso, o que hoje se considera união estável, naquela época chamava-se concubinato, mera sociedade de fato, produzindo apenas efeitos obrigacionais.
No entanto, a realidade brasileira apresentava muitas uniões sem o casamento, de modo que passou a ser necessário que o ordenamento jurídico brasileiro se adequasse a esta realidade. Diante disso, o STF passou a conferir alguns efeitos ao concubinato, editando as seguintes súmulas:
· Súmula 380 do STF – possibilidade de partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum dos concubinos.
· Súmula 382 do STF – poderia ser reconhecido o concubinato mesmo nos casos em que os concubinos não morassem no mesmo local.
· Concubinato puro: quando as partes poderiam contrair matrimônio, não possuem impedimento. Já o impuro as partes possuem impedimentos para contrair matrimônio.
Apenas com a Constituição Federal de 1988 é que foi dado tratamento jurídico legal ao concubinato, que passou a ser chamado de união estável (concubinato puro) e ser considerado como uma entidade familiar, merecendo proteção do Estado.
Perceba que o concubinato impuro não é uma entidade familiar, nos termos do art. 1.727 do CC. Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar-se, constituem concubinato.
União estável
Nos termos do código civil, “Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.”
A união estável é Diferente do Namoro ou noivado, pois nestes a intenção de constituir família é apenas para o futuro, tratando-se de planos para o futuro. Já na união estável é indispensável a vontade das partes de que já haja no presente a família constituída.
Segundo o STJ: 
O propósito de constituir família, alçado pela lei de regência como requisito essencial à constituição da união estável - a distinguir, inclusive, esta entidade familiar do denominado "namoro qualificado" -, não consubstancia mera proclamação, para o futuro, da intenção de constituir uma família. É mais abrangente. Esta deve se afigurar presente durante toda a convivência, a partir do efetivo compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio moral e material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de fato, restar constituída.
STJ. REsp 1.454.643/RJ - 2014/0067781-5. 3ª Turma. Rel. Marco Aurélio Bellizze. Julg. 03/03/2015
Perceba que o concubinato impuro não é uma entidade familiar, nos termos do art. 1.727 do CC. Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar-se, constituem concubinato.
Requisitos da União Estável
Nos termos do Código Civil, são requisitos para a caracterização da União Estável: 
Convivência
O casal deve dividir a vida, conviver. No entanto, segundo entendimentos recentes, não necessariamente precisa morar na mesma casa. 
Convivência Pública
A convivência deve ser notória e conhecida por todos da sociedade que as partes convivem.
Contínua
Não deve a convivência sofrer interrupções
Duradoura
Apesar da lei não prever um tempo determinado, o tempo precisa ser o suficiente para configurar “família”.
A união deve ser feita com o objetivo de constituição de família (“animus familae”). 
Para a caracterização da união estável, não podem as partes ter iniciado o relacionamento com os impedimentos matrimoniais. Se presentes, caracterizará o Concubinato (sociedade de fato, não é entidade familiar) “§ 1 o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521 ; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. § 2 o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.”
Efeitos da União Estável
Acréscimo do sobrenome
Arts. 56 a 58 da Lei de Registros Públicos – por Requerimento judicial para que haja uma retificação no registro (art. 109 da Lei de Registros Públicos). Procedimento de jurisdição voluntária.
Parentesco por afinidade 
O parentesco por afinidade, nos termos art. 1.595 do CC, será estabelecido tanto no casamento quanto na união estável. É o parentesco existente entre um companheiro e os parentes do companheiro, que será estudado mais a fundo nas próximas aulas.
Preferência para o exercício de curadoria 
O companheiro terá preferência para ser curador, nos casos de ausência ou interdição do outro companheiro
Presunção de paternidade 
O STJ entende que a presunção de paternidade também alcança a união estável. A presunção de concepção dos filhos na constância do casamento prevista no art. 1.597, II, do CC se estende à união estável.
Observação: A união estável, diferente do casamento, não altera o estado civil e não emancipa a pessoa.
Deveres recíprocos dos companheiros
Os deveres recíprocos dos companheiros são diferentes dos casados – artigo 1566:
· Na união estável está estabelecido o dever de lealdade e no casamento, o dever de fidelidade:
Art. 1.724, CC. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
· No casamento, há a exigência de vida em comum, no domicílio conjugal – coabitação, já na união estável não existe este dever. Assim, o STJ decidiu que:
Não exige a lei específica (Lei n. 9.278/96) a coabitação como requisito essencial para caracterizar a união estável. Na realidade, a convivência sob o mesmo teto pode ser um dos fundamentos a demonstrar a relação comum, mas a sua ausência não afasta, de imediato, a união estável. Diante da alteração dos costumes, além das profundas mudanças pelas quais tem passado a sociedade, não é raro encontrar cônjuges ou companheiros residindo em locais diferentes. O que se mostra indispensável é que a união se revista de estabilidade, ou seja, que haja aparência de casamento.
REsp 474.962-SP, 4ª T., rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU, 1º-3-2004
Efeitos patrimoniais
Na união estável, aplicam-se as regras do regime da comunhão parcial de bens, salvo contrato escrito em sentido diverso.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
O regime legal da união estável é a comunhão parcial. Em relação aos bens adquiridos durante a união, há meação, sem a necessidade da prova do esforço comum (Enunciado 115, I Jornada de Direito Civil).
As parte podem optar por fazer um Contrato de Convivência, por instrumento público(efeito perante terceiros) ou particular (efeitos entre as partes). No contrato pode escolher outro regime de bens.
Porém, é nula a cláusula que atribui eficácia retroativa ao regime de bens pactuado em escritura de união estável, segundo o STJ.
Na união estável de pessoa maior de setenta anos (art. 1.641, II, do CC/02), impõe-se o regime da separação obrigatória, sendo possível a partilha de bens adquiridos na constância da relação, desde que comprovado o esforço comum.
Direitos dos conviventes em união estável
O convivente em união estável terá os mesmos direitos à herança que decorrem do casamento, aplicando-se o disposto no art. 1.829 do CC, tendo em vista que o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC.
O direito real de habitação - refere-se ao direito de continuar residindo no imóvel que servia de lar à entidade familiar. Os companheiros, assim como os casados, também possuem o direito real à habitação.
Ementa: Direito constitucional e civil. Recurso extraordinário. Repercussão geral. Aplicação do artigo 1.790 do Código Civil à sucessão em união estável homoafetiva. Inconstitucionalidade da distinção de regime sucessório entre cônjuges e companheiros. (RE 646721, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-204 DIVULG 08-09-2017 PUBLIC 2017).
Benefícios previdenciários
Há a mesma presunção de dependência decorrente do casamento.
Assim, nos termos do art. 16, I da Lei nº 8.213/91, o companheiro sobrevivente será considerado dependente prioritário, sem necessidade de comprovação da dependência material para o recebimento da pensão por morte de seu outro companheiro.
Salienta-se que atualmente, com a lei 13.846/2019, para a comprovação junto ao INSS de que as partes viviam e União estável, não é suficiente apenas a existência de prova testemunhal.
O companheiro sobrevivente terá que trazer, ao menos, início de prova material. Ex: conta bancária conjunta; beneficiário de plano de saúde.
Art. 16 (...) § 5º, Lei nº 8.213/91: As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento.
Alimentos
Direito de alimentos dos companheiros são equiparados aos dos cônjuges.
A pensão alimentícia é conferida aos conviventes em união estável, nas mesmas hipóteses do casamento, devendo obedecer ao trinômio:
· Necessidade de quem recebe;
· Capacidade contributiva de quem presta;
· Proporcionalidade.
CC, art. 1.694: Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. § 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Conversão ao casamento
A Constituição Federal prevê que a lei facilitará a conversão da união estável em casamento. Já o art. 1.726 do CC prevê que para haver a conversão da união estável em casamento é necessário formular pedido ao juiz e assentar no Registro Civil.
CC, art. 1.726: A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
No entanto, o STJ entende que o casal poderá fazer o pedido diretamente no Registro Civil, caso assim o queira, ou perante o juiz. Na prática, em muitas unidades da Federação, a conversão é feita unicamente no Cartório de Registro Civil.
Do parentesco e filiação
Parentesco
As pessoas unem-se em uma família em razão de vínculo conjugal ou união estável, de parentesco por consanguinidade ou outra origem, e da afinidade.
Gonçalves, 2019
Parentesco é o vínculo existente entre as pessoas que descendem do mesmo tronco comum; entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou companheiro; e entre adotante e o adotado e seus parentes.
O parentesco gera diversos efeitos jurídicos, além do direito civil. Exemplo: proibição do nepotismo. 
CF – prevalência da afetividade e da dignidade da pessoa humana. A família, objeto do deslocamento do eixo central de seu regramento normativo para o plano constitucional, reclama a reformulação do tratamento jurídico dos vínculos parentais à luz do sobreprincípio da dignidade humana (art. 1º, III, da CRFB) e da busca da felicidade. Exemplo: multiparentalidade.
Conforme veremos a seguir, existem 3 modalidades de parentesco: Consanguíneo, por afinidade e civil.
Parentesco consanguíneo ou natural
Há um vínculo biológico ou de sangue. As pessoas descendem do mesmo ancestral comum, de forma direta (em linha reta) ou indireta (em linha colateral):
Na linha reta com ascendentes ou descendentes 
"Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes.”
Na linha colateral ou transversal 
“art. 1.592 do CC/2002 que “são parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra”
Parentesco por afinidade
I. Existente entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro.
“Marido e mulher não são parentes”.
II. O parentesco por afinidade pode ser:
· Na linha reta: sogra, sogro e seus ascendentes; enteado, enteada e seus descendentes. Há vínculo perpétuo, com impedimento matrimonial.
· Na linha colateral: entre cunhados. O vínculo não é perpétuo e não há impedimento matrimonial.
Art. 1.595: Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1º. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2º. Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
Parentesco civil
· Aquele que tem “outra origem”.
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.
· Adoção.
Reprodução assistida heteróloga: envolve material genético de terceiro. O vínculo será estabelecido com aquele que planejou e não com o doador do material genético.
Parentalidade socioafetiva (segundo doutrina amplamente majoritária): fundada da posse de estado de filho – “Filho de criação”.
Das considerações prévias da filiação
Filiação é o vínculo de parentesco no primeiro grau, na linha reta, determinado pela paternidade e/ou maternidade. É vínculo entre uma pessoa e aqueles que o geraram ou que o acolheram, com base no afeto e na solidariedade. O conceito de filiação vem da maternidade e/ou paternidade, mas já não é atrelado apenas à biologia e ao casamento. ,
O artigo 1596 CC, assim como o artigo 227, §6º CF, determinam a igualdade entre os filhos:
Art. 1.596. CC Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
Art. 227, § 6º CF: Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Prova da filiação
A maternidade é presumida pela gestação. Contudo, trata-se de uma presunção relativa, uma vez que é possível que ocorra troca de bebês na maternidade (responsabilidade objetiva do hospital), bem como o uso de gestação por substituição ou em útero alheio.
Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do nascimento do filho, a mãe só poderá contestá-la, provando a falsidade do termo, ou das declarações nele contidas.
Prova da paternidade
A presunção legal, é uma presunção relativa, podendo ser desfeita através da produção de prova ao

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