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FICHAMENTO GEO ECONOMICA

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GEOGRAFIA ECONOMICA: AS CATEGORIAS CENTRAIS DA ECONOMIA 
POLITICA E AS RELAÇÕES COM O CONCEITO DE FORMAÇÃO SOCIAL. 
 
 
WALLACE JORDAN SOUSA MOTA. 
 
FICHAMENTO 
 
“O objetivo da Economia Política é histórico. Análise histórica do seu objeto que a 
Economia Política extrai as categorias com as quais o tratam, categorias que devem ser 
compreendidas num duplo sentido: ontológico e reflexivo (ou intelectivo)”. (PG 66). 
“Elas são ontológicas na medida em que têm existência real, histórico-concreta: elas são 
formas, modos de existência de ser social, que funcionam e operam efetivamente na 
vida em sociedade, independentemente do conhecimento que tenham a seu respeito”. 
(PG 66). 
“Quando, enfim, é possível reproduzem-las, no seu dinamismo e nas suas relações, 
através de meios conceituais, então elas aparecem como produto do pensamento, 
tomando a forma de categorias reflexivas”. (PG 66-67). 
“Expressão imediata de uma categoria de Economia Política, o valor: diariamente, 
realiza com ele várias operações, compra, vende, não é enganado nas trocas, revela-se 
cuidadoso com seu orçamento pessoal, pede e concede empréstimos e até talvez faça 
algum investimento”. (PG 67). 
“Observe-se: o seu desconhecimento teórico não impede que manipule adequadamente 
o dinheiro”. (PG 67). 
“Foi há cerca de uns quarenta mil anos - culminando uma evolução de milhares de anos 
- que os primeiros grupos propriamente humanos surgiram sobre a Terra. Habitando 
áreas diversas, esses grupos experimentaram distintos graus de evolução social”. (PG 
67-68). 
 
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Categorias da [crítica da] Economia Política. In 
Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Editora Cortez, 2006. 
“Nem ‘ comunismo primitivo’, em que imperavam a igualdade resultante da carência 
generalizada e a distribuição praticamente equitativa do pouco que se produzia, a 
diferenciação social era mínimo”. (PG 68). 
“A domesticação animal e o surgimento da agricultura. As comunidades que avançavam 
nessa direção logo se distinguiram das outras, dedicando-se ao pastoreio e ao cultivo de 
terras, com o que deixaram o nomadismo e passaram a vincular-se a um território”. (PG 
68). 
 “No interior das comunidades, as tarefas agrícolas (o pastoreio, o cultivo) 
diferenciaram-se daquelas que instauraram o artesanato (a fabricação de utensílios de 
cerâmica e de metal, rodas e veículos rudimentares e dos primeiros tecidos)”. (PG 68-
69). 
“Numa palavra, estava surgindo o excedente econômico: a comunidade começava a 
produzir mais do que carecia para cobrir suas necessidades imediatas”. (PG 69) 
“Produzem-se bens que, não sendo utilizados no autoconsumo da comunidade, 
destinam-se à troca com outras comunidades- estão nascendo à mercadoria e, com ela, 
as primeiras formas de troca (comércio)”. (PG 69). 
“O conjunto desses elementos designa-se por forças produtivas. Se a produção depende 
da existência dos meios e dos objetos de trabalho- que constituem os meios de 
produção-, é a intervenção da força de trabalho que a viabiliza”. (PG 70). 
“A divisão sexual é a primeira forma da repartição do trabalho; posteriormente, dividiu-
se também o trabalho entre o artesanato e as ocupações agrícolas, num processo que, 
muito mais tarde, desembocaria na divisão entre cidade e campo e na grande clivagem 
entre atividades manuais e atividades intelectuais”. (PG 70). 
“O trabalho é, por sua própria condição, um processo social, ainda quando realizado 
individualmente; as forças produtivas operam dentro de relações determinadas entre os 
homens e a natureza e entre os próprios homens”. (PG 71). 
 
 
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Categorias da [crítica da] Economia Política. In 
Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Editora Cortez, 2006. 
“As relações técnicas de produção dependem das características técnicas do processo de 
trabalho”. (PG 71) 
“Mas elas se subordinam às relações sociais de produção, que as especificam 
historicamente e que são determinadas pelo regime de propriedade dos meios de 
produção fundamentais”. (PG 71) 
“A propriedade privada dos meios de produção fundamentais divide-os em dois grupos, 
com interesses antagônicos: os proprietários e os nãos proprietários dos meios de 
Produção fundamentais- em síntese, na propriedade privada está a raiz das classes 
sociais”. (PG 72). 
“A articulação entre forças produtivas e relações de produção- a que se denomina modo 
de produção- é extremamente complexa”. (PG 72). 
“Os modos de produção, portanto, não são resultantes harmoniosos e/ou estáticos do 
desenvolvimento histórico-social; ainda que perdurando por séculos, são atravessados 
por contradições”. (PG72-73) 
“Esquematicamente, pode-se afirmar que no modo de produção encontra-se a estrutura 
(ou base) econômica da sociedade, que implica a existência de todo um conjunto de 
instituições e de ideias com ela compatível”. (PG 73). 
“Por isso mesmo, cada modo de produção apresenta leis que lhe são peculiares, donde a 
decisiva descoberta de Marx conforme a qual cada época histórica, marcada pelo modo 
de produção nela dominante, tem suas próprias leis de desenvolvimento”. (PG 73). 
“Uma época de revolução social - isto é, a um lapso temporal que não é breve e em cujo 
decurso, que configura a transição de um modo de produção a outro”. (PG 74). 
“Formação econômico-social (ou, simplesmente, formação social) para designar a 
estrutura econômico-social específica de uma sociedade determinada, em que um modo 
de produção dominante pode coexistir com formas precedentes (e, mesmo, com formas 
que prenunciam elementos a se desenvolverem posteriormente)”. (PG 75). 
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Categorias da [crítica da] Economia Política. In 
Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Editora Cortez, 2006. 
“O trabalho humano, a ação do homem sobre a natureza, cria bens que constituem 
valores de uso para os membros da sociedade”. (PG 75). 
“O consumo é o processo no qual um bem é utilizado para a satisfação de uma 
necessidade determinada”. (PG 76). 
“Ao cabo de algum tempo, a escravidão deixa de envolver apenas os capturados em 
guerras, estendendo-se a membros da própria sociedade em questão”. (PG 78). 
“O escravismo, com todos os seus horrores, significou, em relação à comunidade 
primitiva, um passo adiante na história da humanidade: introduzindo a propriedade 
privada dos meios fundamentais de produção e a exploração do homem pelo homem, 
diversificou a produção de bens e, com o incremento da produção de mercadorias, 
estimulou comércio entre distintas sociedades”. (PG 79) 
“Compreende-se, pois, que no escravismo, dividida a sociedade em duas classes sociais 
fundamentais e diferenciados os demais grupos sociais, tenham surgido as primeiras 
formas de poder político condensadas no que se denominará Estado”. (PG 79). 
“Assim, quando o Império Romano, sob a pressão das chamadas ‘’invasões bárbaras’’, 
desintegrou-se na metade inicial do primeiro milênio da nossa era, também foi abaixo o 
escravismo”. (PG 80). 
“A propriedade da terra constituía o fundamento das estruturas social: a sociedade se 
polarizava entre os senhores e os servos - e é preciso recordar que a Igreja católica,cuja 
alta hierarquia provinha da nobreza e com ela se identificava, detinha grandes extensões 
de terras, fonte da riqueza que respaldava seu enorme poder”. (PG 80-81). 
“A economia mercantil urbana, cada vez mais consolidada e ampliada, a pouco e pouco 
iniciou uma irreversível expansão. Do ponto de vista político, ocorre uma centralização 
do poder, que vai encontrar a sua expansão maior na formação do Estado nacional 
moderno, através do surgimento do Estado absolutista”.(PG 84). 
“Mas os instrumentos do Estado absolutista que favoreciam tais grupos não eliminavam 
a contradição entre os interesses de nobreza e os novos ricos. A expansão 
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Categorias da [crítica da] Economia Política. In 
Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Editora Cortez, 2006. 
das atividades mercantis, que agora tinham amplitude internacional e na Europa 
Ocidental viam o nascimento da manufatura”. (PG 86). 
“A Revolução Burguesa, vê-se, constitui mesmo toda uma época de revolução social - 
inicia-se com os grupos mercantis tornando-se numa nova classe social, o que se 
processa entre os séculos XV e XVII”. (PG 87). 
“Modo de produção capitalista, gestado no ventre do feudalismo e no interior do qual a 
produção generalizada de mercadorias ocupa o centro da vida econômica”. (PG 88). 
“O papel do espaço em relação à sociedade tem sido freqüentemente minimizado pela 
Geografia. Esta disciplina considerava o espaço mais como teatro das ações humanas”. 
(PG 81). 
“O espaço, ele mesmo, é social”. (PG 81). 
“A base mesma da explicação é a produção, isto é, o trabalho do homem para 
transformar, segundo leis historicamente determinadas, o espaço com o qual o grupo se 
confronta”. (PG 82). 
“Categoria de Formação Econômica, Social e Espacial mais do que de uma simples 
Formação Econômica e Social”. (PG 82). 
“Natureza e Espaço são sinônimos, desde que se considere a Natureza como uma 
natureza transformada, numa Segunda Natureza, como Marx a chamou”. (PG 82). 
“Apesar de sua importância para o estudo das sociedades e para o método marxista, não 
mereceu, durante um longo período, estudos e discussões que levasse a renovar e 
aperfeiçoar o conceito”. (PG 82). 
“Para Sereni, esta categoria expressa a unidade e a totalidade das diversas estrelas - 
econômica, social, política, cultural - da vida de uma sociedade, daí a unidade da 
continuidade e da descontinuidade de seu desenvolvimento histórico”. (PG 83). 
 
 
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Categorias da [crítica da] Economia Política. In 
Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Editora Cortez, 2006. 
“Para Lênin seu estudo deveria cobrir de maneira ’coucrela’ ‘todas as formas do 
antagonismo econômico na Rússia’ e ‘traçar um quadro de conjunto da nossa realidade 
como um sistema determinado de relações de produção’”.(PG 84). 
“Não há uma ‘sociedade em geral’, mas que uma sociedade existe sempre sob um 
invólucro histórico determinado. Cada sociedade veste a roupa de seu tempo. Aí está a 
distinção entre F. E. S. e sistema social, podendo este segundo conceito ser aplicado a 
qualquer forma de sociedade”. (PG 84). 
“Nenhuma sociedade tem funções permanentes, nem um nível de forças produtivas fixa, 
nenhuma é marcada por formas definitivas de propriedade, de relações sociais”. (PG 84) 
“O modo de produção seria o ’gênero’ cujas formações sociais seriam as ’ espécies’; o 
modo de produção seria apenas uma possibilidade de realização, e somente a formação 
econômica social seria a possibilidade realizada”. (PG 85). 
“A noção de Formação Econômica e Social é indissociável do concreto representado 
por uma sociedade historicamente determinada”. (PG 86). 
‘’Uma F. E. S. é ’um objeto real que existe independente de seu conhecimento, mas que 
não pode ser definido a não ser por seu conhecimento’. ’’ (PG 86). 
‘’Modo de produção, formação social, espaço - essas três categorias são 
interdependentes. Todos os processos que, juntos, formam o modo de produção 
(produção propriamente dita, circulação, distribuição, consumo) são histórica e 
espacialmente determinados num movimento de conjunto, e isto através de uma 
formação social”. (PG 86) 
“ As diferenças entre lugares são o resultado do arranjo espacial dos modos de produção 
particulares. O ‘valor’ de cada local depende de níveis qualitativos e quantitativos dos 
modos de produção e da maneira como eles se combinam”. 
“... a formação social, totalidade abstrata, não se realiza na totalidade concreta senão por 
uma metamorfose onde o espaço representa o primeiro papel”. (PG 88) 
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Categorias da [crítica da] Economia Política. In 
Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Editora Cortez, 2006. 
“Se abandonarmos o ponto de vista da sociedade em geral e abordamos a questão sob o 
ângulo de determinações especificas que a tornam concreta, essas determinações 
especificas se tornariam uma mera potencia, uma simples vocação. Elas tornam-se 
realidade pelo espaço e no tempo”. (PG 89) 
“O espaço é a matéria trabalhada por excelência. Nenhum dos objetos sociais tem uma 
tamanha imposição sobre o homem, nenhum está tão presente no cotidiano dos 
indivíduos”. (PG 92) 
“Como pudemos esquecer por tanto tempo esta inseparabilidade das realidades e das 
noções de sociedade e de espaço inerentes a categoria da formação social? Só o atraso 
teórico conhecido por essas duas noções pode explicar que não se tenha procurado 
reuni-las num conceito único. Não se pode falar de uma lei separada da evolução das 
formações espaciais. De fato, é de formações sócio-espaciais que se trata”. (PG 93)

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