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Prévia do material em texto

Organização
Elizabete Freire 
Sônia Cavalcanti Corrêa
Desafios na Educação Física
ConhECimEnto 
ConstruíDo Em 
parCErias
Copyright©2012 Bookmakers Ltda.
ISBN: 978-85-6524-10-3
Capa, diagramação e projeto gráfico:
Algo+ Soluções Editoriais
Revisão:
Renato Bittencourt
Impressão: 
Singular Digital
Coordenação editorial:
Thalita Uba
 
[2012]
Bookmakers Editora Ltda.
Rua Treze de Maio, 23, grupo 721
20031-007 - Centro
Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (21) 3648-1351
www.bookmakers.com.br
1ª edição / Novembro de 2012
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
F933c
 
Freire, Elisabete dos Santos
 Conhecimento construído em parcerias [recurso eletrônico] : desafios na educação física 
/ Elisabete dos Santos Freire... [et al.]. - 1.ed.. - Rio de Janeiro : Bookmakers, 2012. 
 262p., recurso digital : il. 
 
 Formato: ePub
 Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
 Modo de acesso: World Wide Web
 ISBN 978-85-6524-10-3 (recurso eletrônico)
 
 1. Educação física - Estudo e ensino 2. Prática de ensino 3. Livros eletrônicos. 
I. Título.
 12-6691. CDD: 372.86
 CDU: 372.86
 14.09.12 01.10.12 039170
INTRODUÇÃO, 7
FADIGA NA CORRIDA: 
Uma abordagem multidisciplinar, 17
PERSPECTIVAS SOBRE A FORMAÇÃO 
DO TALENTO NO ESPORTE, 47
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA 
GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA: O uso da Web 2.0 
e do Moodle, 71
OS TEMPERAMENTOS HUMANOS: Uma experiência interdisciplinar 
da docência ao voleibol, 99
MOTIVAÇÃO E ANSIEDADE NO ESPORTE: da iniciação ao 
alto rendimento, 121
PROJETO SALVAMENTO AQUÁTICO, 147
A BIOMECÂNICA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: 
Ensinos Fundamental e Médio, 169
PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO 
FÍSICA SOBRE SUAS APRENDIZAGENS EM UM PROJETO DE 
INTERVENÇÃO INTERDISCIPLINAR, 197
APRENDER COM A PRÁTICA: Uma experiência de formação 
de professores de educação física, 219
MOSTRA DE ATIVIDADES RÍTMICAS E GINÁSTICA: A Experiência 
de Aproximar Diferentes Disciplinas, 243
AUTORES, 261
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Elisabete dos Santos Freire
Sonia Cavalcanti Corrêa
Em 1º de setembro de 1999, o Conselho Universitário da Universidade 
Presbiteriana Mackenzie autorizou a implantação do curso de graduação 
em educação física. O professor mestre Marcel Mendes, então magnífico 
vice-reitor e relator, apresentou a segunda matéria da pauta afirmando que:
A criação do curso de graduação em educação física 
traz em seu bojo fortes componentes históricos, que 
realçam a “tradição e o pioneirismo” do Mackenzie na 
área de educação física e esporte no Brasil. A essa sig-
nificativa credencial somam-se as disponibilidades de 
infraestrutura já implantada e a excelência do corpo 
docente. (ATA DA REUNIÃO, 1999, p. 2)
A proposta inicial do curso é sustentada por projeto da Coordenadoria 
de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie, assinada pelo 
professores mestres Marcos Merida, então coordenador, e Jonilio Orlando, 
que na época representavam os anseios de todos os professores da área.
Tal proposta levou em consideração as diretrizes estabelecidas pela Lei 
9.394/1996 (LDBEN) e pela Resolução CFE 03, de 16 de julho de 1987, 
abrangendo a licenciatura e o bacharelado. 
A sólida formação geral e a possibilidade de opção para aprofunda-
mento de conhecimentos foi ponto marcante do currículo pleno propos-
to, com duração mínima de oito semestres, compreendendo uma carga de 
3.234 horas e apresentação obrigatória de trabalho de conclusão de curso, 
em nossa universidade denominado trabalho de graduação interdisciplinar. 
Esse currículo foi guiado pela orientação científica, a integração entre teo-
8 |Conhecimento Construído em Parcerias 
ria e prática, o conhecimento filosófico, do ser humano e da sociedade, bem 
como, pelo conhecimento técnico, representado pelos estudos das diversas 
manifestações clássicas e emergentes da cultura do movimento humano.
Vale ressaltar que a Universidade Presbiteriana Mackenzie esteve 
acompanhando as discussões em torno das mudanças da legislação desde 
a elaboração do documento da Comissão de Especialistas de Ensino em 
Educação Física (Coesp-EF) do MEC/Sesu, encaminhado ao CNE, em 13 
de maio de 1999, e do Parecer CNE/CSE 1.070, de 23 de novembro de 1999; 
passando pela Resolução CNE/CP 01, de 18 de fevereiro de 2002; a Resolu-
ção CNE/CP 02, de 19 de fevereiro de 2002; e o Parecer CNE/CES 138, de 
03 de abril de 2002; bem como seus desdobramentos.
O curso foi implantado a partir do primeiro semestre de 2000 no Cam-
pus Tamboré, tendo em vista as instalações e equipamentos disponíveis. 
Refletindo a seriedade e o compromisso característicos do Mackenzie, a 
entrada dos alunos foi feita por admissão em processo seletivo único (ves-
tibular), inicialmente, com duas turmas de 40 alunos no período noturno 
e, a partir do primeiro semestre de 2001, mais uma turma de 40 alunos 
no período vespertino. O professor mestre Marcos Merida foi designado 
para responder, sit et in quantum, pela instalação e a implementação da 
Faculdade de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie, 
por meio da Portaria da Reitoria 67, de 20 de setembro de 1999.
A partir daí, começou a contratação da equipe de operacionais e de 
docentes, concomitantemente ao planejamento e a execução de ampliações, 
reformas e adequações dos espaços físicos e das instalações esportivas. Te-
ve-se, inicialmente, compromisso especial com a aquisição de um acervo 
bibliográfico, priorizando a bibliografia básica das disciplinas a serem im-
plantadas a cada semestre, mas não esquecendo as obras complementares.
O reitor, professor doutor Claudio Lembo, designou o professor mestre 
Marcos Merida para exercer o cargo de diretor da FEF, por meio da Portaria 
da Reitoria 89, de 13 de dezembro de 1999. Designou, também, a professora 
mestra Rita de Cássia Garcia Verenguer como chefe do Departamento Di-
dático-Científico da Atividade Física, por meio da Portaria da Reitoria 07, 
de 17 de fevereiro de 2000, e o professor mestre Ronê Paiano como chefe do 
Introdução | 9
Departamento de Aptidão Física, Esporte e Qualidade de Vida, por meio da 
Portaria da Reitoria 06, de 07 de fevereiro de 2000.
Em setembro de 2003, o curso de educação física passou pelo processo de 
reconhecimento. A Comissão de Avaliação das Condições de Ensino, desig-
nada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, atribuiu os 
conceitos CB, CMB e CMB, respectivamente, às dimensões corpo docente, or-
ganização didático-pedagógica e instalações. Vale ressaltar que o resultado CB 
na dimensão corpo docente significou que, na época, o número de professores 
em regime de contrato parcial e integral foi considerado insuficiente. 
O resultado do reconhecimento dos cursos de bacharelado e licenciatu-
ra foi publicado no Diário Oficial da União, respectivamente em 20 de maio 
de 2004, Portaria 1.417/2004, e 04 de maio de 2005, Portaria 1.494/2005.
Em novembro de 2004, pela primeira vez, os graduandos dos cursos 
de educação física do país realizaram o Exame Nacional de Desempenho 
Estudantil (Enade) como parte do Sistema Nacional de Avaliação da Edu-
cação Superior (Sinaes). O Enade-2004 foi respondido por uma amostra 
de 156 estudantes, sendo 72 concluintes e 84 ingressantes. O resultado, 
obtido por meio de análise considerando o peso amostral, correspondeu 
ao conceito 4.
Em fevereiro de 2005, houve a primeira reestruturação administrativa 
na universidade, com a extinção das chefias de departamento e o surgimen-
to da coordenação do curso. Do ponto de vista dessa nova estrutura, o cur-
so continuou a contar com o professor mestre Marcos Merida na direção 
da unidade e foi designada, pela Portaria da Reitoria 168/2005, a professora 
doutora Rita deCássia Garcia Verenguer para responder pela coordenação 
de curso.
Em julho de 2006, a universidade acolheu a segunda reestruturação ad-
ministrativa: surgiu o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), 
cuja direção ficou a cargo da professora doutora Beatriz Regina Pereira Sa-
eta. No CCBS, ficaram locados os cursos de ciências biológicas, educação 
física, farmácia e psicologia e, seis meses depois, a ele foram incorporados 
os cursos de fisioterapia e nutrição.
10 |Conhecimento Construído em Parcerias 
Nesta segunda reestruturação, surgiu o cargo de coordenador de curso 
do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e para a coordenação do curso 
de educação física foi designada, em Portaria da Reitoria 105/2006, a pro-
fessor doutora Rita de Cássia Garcia Verenguer. 
No ano de 2006, no âmbito da universidade e do curso, fortaleceram-
-se as discussões para a implantação das novas matrizes curriculares dos 
cursos de educação física, considerando a Resolução CNE/CP 02/2002 (li-
cenciatura) e a Resolução CNE/CES 07/2004 (bacharelado).
Em novembro de 2007, os graduandos do curso realizaram, pela segun-
da vez, o Enade. O resultado, divulgado em agosto de 2008, é o apresentado 
abaixo.
Enade 2007 IDD CGC
Conceito 5 3 4
Em termos comparativos, o curso de educação física da UPM foi o único 
a alcançar esse resultado considerando as instituições privada do estado de São 
Paulo e compõe um grupo com outras 11 instituições brasileiras que alcança-
ram nota máxima no Enade-2007. 
Em março de 2009, passou a exercer a função de coordenador de curso 
o professor doutor Ronê Paiano.
A construção do projeto pedagógico do curso de educação física da 
Universidade Presbiteriana Mackenzie considera que o ensino universitá-
rio assume papel social diferenciado no contexto da sociedade do século 
XXI. O século XXI vem sendo considerado como aquele em que conhe-
cimento, riqueza, soberania racional e qualidade de vida estão ligados por 
um mesmo fio: uma população educada e com autonomia para buscar e 
produzir informação.
A sociedade do conhecimento, como tem sido chamada, caracterizar-
-se-á como aquela em que o conhecimento é a mola propulsora para a so-
ciedade. Em outras palavras, a geração de riqueza dependerá do incentivo à 
pesquisa e à educação universal e de pessoas altamente preparadas.
Introdução | 11
Nesse sentido, delineia-se para o processo de preparação profissio-
nal um novo paradigma que vai exigir mudança de comportamento. A 
aprendizagem deverá ser contínua e vitalícia, pois o conhecimento tem 
meia-vida e a aprendizagem, não. É preciso pensar na abordagem “apren-
der a aprender”, ou seja, a prioridade deve ser o processo de aprendiza-
gem, uma vez que os conteúdos são transitórios. E, sobretudo, criar um 
ambiente para que seja desenvolvida a autonomia, a responsabilidade e a 
automotivação.
Às tarefas tradicionais da universidade (produção e divulgação do 
conhecimento, preparação profissional, prestação de serviços à comunidade 
e preservação do patrimônio cultural) serão adicionadas outras, como por 
exemplo a criação de novos tipos de certificação de competências e ciclos 
de formação, a aproximação do conhecimento acadêmico, do profissional e 
do popular e, principalmente, a diminuição do déficit de conhecimento da 
sociedade em geral com currículos alternativos e flexíveis. 
Diante dessa nova realidade, desenham-se novos desafios aos atores 
universitários. Aos docentes caberá, além da competência técnica (conhe-
cimento da sua área e dos processos de ensino e aprendizagem), a compe-
tência política (conhecimento do tempo/espaço social, da cidadania). Entre 
as ideias de curiosidade, rigor intelectual, autonomia e atitudes éticas, o 
docente por excelência será aquele que tem uma atitude positiva frente ao 
conhecimento e vive um estado permanente de indagação ou, em outras 
palavras, é um pesquisador.
Dos discentes serão exigidas novas atribuições: de receptores para co-
laboradores de conhecimento, de críticos passivos para solucionadores de 
problemas e propositores de soluções, de espectadores para protagonistas 
de suas competências.
Se os docentes e discentes têm novos desafios e papéis, aos gestores uni-
versitários cabem a construção de um cenário acadêmico que vise à agilidade 
nas decisões e a diminuição da burocracia, o treinamento constante do cor-
po docente e administrativo, o incremento das atividades extracurriculares 
(grupo de estudos e/ou pesquisa, viagens pedagógicas, etc.) e o investimento 
e acesso ilimitado à tecnologia informacional.
12 |Conhecimento Construído em Parcerias 
Assim, o desafio atual dos cursos de graduação tem sido a reorganização 
da estrutura curricular, propondo mecanismos que possam aproximar teoria 
e prática, ciência e profissão. Como fruto do amadurecimento e sensibilidade 
dos docentes-pesquisadores, observa-se atualmente uma preocupação maior 
em legitimar a pesquisa aplicada como aquela que poderá trazer mudanças 
significativas para intervenção profissional.
Nessa perspectiva, é preciso que o graduando também assuma o papel 
de produtor do conhecimento, participando da elaboração e da implemen-
tação de pesquisas. Nesse sentido, a problematização científica também 
deve se originar no próprio cotidiano do aluno, em sua relação com a reali-
dade da profissão. Com isso, será possível superar a dicotomia entre teoria e 
prática, integrando conhecimentos acadêmicos e intervenção profissional.
A preparação profissional em educação física e a constituição da estru-
tura curricular precisam considerar o fenômeno ensino-pesquisa-extensão, 
pois é ele que sustenta a universidade e dá respaldo científico à profissão. As 
atividades que compõem o ensino - matriz curricular, estágio curricular su-
pervisionado, prática como componente curricular e atividades acadêmico-
-científico-culturais - precisam estar integradas de modo a se complementa-
rem.
Quanto ao estágio, ele não pode ser considerado um apêndice na for-
mação: é peça fundamental para a reflexão do cotidiano profissional e 
deve estar inserido, principalmente, nas disciplinas de orientação à inter-
venção. No projeto pedagógico, procurou-se aproximar a realização dos 
estágios dos conhecimentos disseminados no curso, fazendo com que o 
contato com o ambiente real de intervenção estimule a construção de co-
nhecimento de maneira significativa
As atividades que compõem a pesquisa desenvolvimento de projetos, 
participação em grupos de estudo, realização de trabalhos disciplinares e 
interdisciplinares, apresentação de trabalhos em eventos científicos poten-
cializam o processo de profissionalização e dão vitalidade ao conhecimento 
da área, e por isso mesmo são frequentemente estimuladas no curso. Em 
média, são oferecidos oito grupos de estudos, que, com frequência, origi-
Introdução | 13
nam projetos de iniciação científica, posteriormente apresentados em even-
tos científicos. Muitos desses projetos transformam-se em artigos, publica-
dos nos diversos periódicos da área. 
Considerando que a educação física é uma profissão academicamente 
fundamentada, a extensão não pode ser relegada ao segundo plano, visto que 
se caracteriza por um espaço privilegiado para o aperfeiçoamento da inter-
venção profissional, por meio de uma intervenção supervisionada e acom-
panhada por profissionais/docentes experientes. Tem sido característica do 
curso o estímulo à participação dos alunos em projetos de extensão, sendo 
oferecidos os projetos nas seguintes áreas: educação física infantil; educação 
física na adolescência; educação física adaptada; e educação física escolar. 
Dessa forma, é tradição no curso que os graduandos, em algum momento, 
vivam a experiência com a extensão.
Faz parte da história do curso um cuidado com a construção de um 
currículo que abranja a construção de saberes de natureza conceitual,pro-
cedimental e atitudinal. Já em 2002, na construção coletiva do projeto pe-
dagógico, foram discutidos os conteúdos de cada disciplina e, a partir dessa 
discussão, houve a elaboração de planos de ensino nos quais se optou por ex-
plicitar a presença de cada uma das dimensões do conteúdo. A comprovação 
de que esse era o caminho correto veio depois, com a publicação das diretri-
zes curriculares para os cursos de graduação em educação física, aprovadas 
pelo Conselho Nacional de Educação no parecer 58/2004. Nessas diretrizes, 
defende-se que o graduado deve “dominar os conhecimentos conceituais, 
procedimentais e atitudinais”.
Vale a pena destacar uma entre tantas atitudes estimuladas no curso: 
a competência para trabalhar em equipe. Ela aparece no perfil profissional 
esperado, tanto no curso de licenciatura quanto no de bacharelado, por se 
considerar que ela é fundamental na sociedade atual. Para preparar profis-
sionais com tal competência, é condição sine qua non que docentes, equipe 
técnica e gestores consigam trabalhar de maneira articulada. 
Partindo dessa premissa, desde seu início, tem sido uma característi-
ca do curso o trabalho integrado entre os professores, integração esta es-
14 |Conhecimento Construído em Parcerias 
timulada pelos gestores. Assim, estabelecer parcerias para construir co-
nhecimentos tem sido nossa prática. A construção dessas parcerias conta 
frequentemente com o envolvimento dos graduandos. Geralmente, elas 
seguem percursos distintos e resultam em produtos diversificados: alguns 
docentes se aproximam para realizar pesquisas e produzir conhecimentos 
científicos, outros realizam experiências de ensino e/ou extensão. Apresen-
tar alguns dos trabalhos construídos em parceria é o objetivo deste livro.
A primeira parte apresenta ensaios e textos sobre temas escolhidos pe-
los professores. A motivação para a construção desses trabalhos surge em 
diferentes momentos: em reuniões de grupos de estudo, nas bancas de defe-
sa dos trabalhos de conclusão de curso ou, ainda, em discussões informais, 
realizadas na sala de professores, no refeitório ou na lanchonete. 
O primeiro capítulo, escrito por Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e 
Hirota, apresenta o olhar de diferentes áreas do conhecimento sobre a fadi-
ga. Nele, os autores fazem uma síntese de discussões realizadas em diferen-
tes disciplinas que trataram do tema de maneira interdisciplinar, discussão 
amadurecida em reuniões do grupo de estudo. 
No segundo capítulo, Uezo, Masseto, Massa e Campanelli analisam 
o talento esportivo, ideia que toma forma nas discussões realizadas no 
grupo de estudos sobre esse tema, organizado pelos autores.
Outro capítulo que surge a partir das análises em grupo de estudo foi o 
elaborado por Verenguer e Costa, discutindo assunto recente, que merece o 
olhar dos pesquisadores da educação física: a WEB 2.0. 
Conversas informais entre os professores, sobre os alunos e suas rea-
ções a determinados temas discutidos em aula, originam os dois capítulos 
seguintes. 
Matos e Bojikian analisam como os temperamentos humanos se apre-
sentam nas atividades de ensino durante a graduação de futuros profissio-
nais de educação física e na organização de equipes de voleibol. 
Hirota, Tondato e Knijnik procuram integrar conhecimentos de dife-
rentes pesquisas para compreender as relações entre motivação, ansiedade 
e lesões no esporte. 
Introdução | 15
Na segunda parte do livro estão reunidos textos que apresentam relatos 
de experiências ou propostas pedagógicas aplicadas e avaliadas pelos seus 
autores. 
Assim, no sexto capítulo Masseto, Ressurreição e Cossote descrevem 
uma proposta pedagógica para discutir o salvamento aquático nos cursos de 
graduação, a partir da integração entre as disciplinas teoria e prática dos es-
portes aquáticos e socorros de urgência.
Na mesma linha, Corrêa, Freire, Ladeira, Piceda e Rodrigues analisam 
aspectos biomecânicos do equilíbrio e apresentam propostas para desen-
volver esse tema nas aulas de educação física. 
Nos dois capítulos seguintes, de autoria de Filgueiras e Paiano e de Fil-
gueiras, Rodrigues e Silva, os resultados da aplicação de projetos interdisci-
plinares são relatados. Os autores se fundamentam em uma epistemologia 
da prática e apresentam dois exemplos de integração entre ensino, pesquisa 
e extensão. 
Encerrando o livro, Grillo, Pichiliani, Souza Jr., Merida e Ferreira Filho re-
latam a experiência com a Mostra de Ginástica, evento que, realizado semes-
tralmente há sete, usa a ginástica como meio para tratar diferentes temas apre-
sentados nas disciplinas envolvidas. 
Com a apresentação deste livro, pretendemos compartilhar experiên-
cias e disseminar conhecimento produzido, esperando que nossos escritos 
tragam contribuições tanto para aqueles que estão diretamente envolvidos 
com o ensino, a pesquisa e a extensão quanto para os demais graduandos e 
profissionais que constroem a educação física diariamente.
FADIGA NA CORRIDA: 
Uma abordagem multidisciplinar
Sonia Cavalcanti Corrêa
Erico Caperuto
André Costa, 
MarcelaMeneguello Coutinho 
Vinicius Barroso Hirota
Nos Jogos Olímpicos de Verão de 1984, realizados em Los An-geles, durante a maratona feminina (a primeira maratona olím-
pica feminina), ganha pela norte-americana Joan Benoit, a suíça Gabriela 
Andersen-Scheiss, completamente desidratada e desorientada pelo esforço 
no calor, além de estar com uma forte cãibra na perna esquerda, camba-
leou nos últimos 200 metros, levando dez minutos para completá-los, até 
cair desacordada nos braços dos médicos, sobre a linha de chegada. Após a 
prova, ela disse aos jornalistas que queria terminar o percurso, pois aquela 
talvez fosse sua única oportunidade olímpica, por causa dos seus 39 anos. A 
corredora chegou apenas na 37ª colocação entre 44, mas foi mais aplaudida 
que a medalhista de ouro Joan Benoit. Por causa desse incidente, a Interna-
tional Association of Athletics Federations (IAAF) - Federação de Atletis-
mo Internacional - fez o artigo “Andersen-Scheiss”, que permite aos atletas 
receberem auxílio médico durante o percurso sem serem desclassificados.
O fato é considerado, até hoje, um dos maiores exemplos de perseve-
rança, gana e espírito olímpico, um exemplo exacerbado de determinação e 
força de vontade capaz de superar até mesmo os limites de autopreservação 
do corpo humano.
Características como as apresentadas pela atleta são os mais evidentes 
sintomas de fadiga que o organismo pode apresentar. Além de se tornar um 
exemplo de determinação, a atleta colocou em cheque alguns importan-
18 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
tes conceitos de fadiga que serão discutidos neste capítulo. Os mecanismos 
desses conceitos e do processo de fadiga serão discutidos sob a óptica da 
fisiologia, da bioquímica e da biomecânica.
1. Aspectos históricos da fadiga
Um dos mais antigos registros em relação à fadiga data do século 
XVIII. O livro La fatica (MOSSO, 1904) justifica a fadiga por dois fatores: 
o primeiro é pela diminuição da força muscular, e o segundo, como uma 
sensação. Ou seja, temos um fato físico que pode ser medido e comparado, 
e um fato psíquico, que não consegue ser medido.
As descrições de fadiga da literatura, bem como a própria definição do 
termo fadiga, ainda gera intenso debate frente à quantidade de significados 
que o termo e o fenômeno podem assumir. Bainbridge (1931), um dos pri-
meiros autores de fisiologia do exercício, relatava que, geralmente, a fadiga 
havia sido atribuída apenas a alterações na capacidade cardíaca, mas os fa-
tos como um todo indicavam que a soma das mudanças que acontecem no 
corpo culmina na cessação final do esforço. 
O Dicionário Oxford traz, como definição de fadiga, “cansaço extremo 
depois do esforço, redução na eficiência muscular, dos órgãos etc., depois 
de atividadeprolongada”. O Dicionário Aurélio caracteriza a fadiga como 
“s.f. (substantivo feminino) sensação penosa causada pelo esforço ou traba-
lho intenso; cansaço. Estafa, esgotamento”. 
Nas ciências do exercício, existe uma variação enorme na definição de 
fadiga. Afirmações clássicas como “falha em manter a força esperada ou 
exigida” (EDWARDS, 1981), ou “perda na capacidade de gerar força máxi-
ma” (BIGLAND-RITCHIE et al., 1986), ou ainda “um estado reversível de 
depressão na força, incluindo um ritmo menor de aumento da força e um 
relaxamento mais lento” (FITTS; HOLLOSZY, 1978) são colocadas.
É possível que exista uma grande variedade de explicações para a fa-
diga, de desequilíbrios metabólicos na unidade motora a mecanismos me-
diados pelo sistema nervoso central (ENOKA; DUCHATEAU, 2008). O 
balanço entre esses mecanismos, que podem ser divididos como centrais 
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 19
e periféricos, pode ser parcialmente dependente da duração e da intensi-
dade da fadiga, e também do grupo muscular que está sendo investigado 
(BEHM; ST-PIERRE, 1997).
Mesmo não havendo um consenso quanto ao conceito de fadiga, gran-
de parte dos pesquisadores concorda que é um fenômeno subjetivo, multi-
causal, cuja gênese e cuja expressão envolvem aspectos físicos, cognitivos e 
emocionais como os apresentados por Gabriela Andersen-Scheiss no final 
da maratona de 1984 (MOTA; PIMENTA, 2002). 
2. Pesquisas em fadiga: qual será o futuro? 
Considerações sobre o futuro do estudo da fadiga trazem perguntas in-
teressantes. Por exemplo, pesquisadores com objetivo de estudar os limites 
da performance humana devem estar familiarizados com duas proposições 
muito aceitas, porém incompatíveis. 
A primeira diz que sem o uso de ergogênicos artificiais, como manipu-
lação genética ou drogas, será difícil ver futuras melhoras significantes nos 
recordes de esportes como natação ou atletismo (NEVILL, 2005). 
Por outro lado, há aqueles que acreditam em eventos de super-resistên-
cia, como os exploradores antárticos ou indivíduos que faziam caminhadas 
intercontinentais, como exemplos de que o ser humano não consegue saber 
realmente até aonde pode ir, uma vez que raramente são colocados em situ-
ação de risco de vida (NOAKES, 2006). 
Observando a chegada da atleta Gabriela Andersen-Scheiss e refletindo 
sobre essas duas colocações surge a pergunta: os limites para a performance 
são mecânicos e imutáveis, ou sugestionáveis e indefinidos? 
3. Aspectos gerais da fadiga
A fadiga causada pelo exercício é uma sensação comum que todos já 
experimentamos. Durante o exercício, a sobrecarga pode criar tal sensa-
ção de intensidade que o sujeito precisa reduzir o ritmo de exercício, ou 
até mesmo parar sua realização. Qualquer atividade física consome energia 
20 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
e, mais cedo ou mais tarde, vai esvaziar os estoques de energia do corpo, 
forçando-o a parar. Um consumo ilimitado desses estoques sem reabas-
tecimento teria efeitos prejudiciais no equilíbrio do ser humano e em sua 
saúde física. Portanto, as sensações de fadiga e exaustão acabam sendo es-
senciais para manter nossa integridade física. Essas sensações representam 
o elemento psicológico, que vai, ao longo do tempo, promover mudanças 
no comportamento. As mudanças físicas e bioquímicas que acompanham a 
realização do exercício são os elementos fisiológicos responsáveis pela sina-
lização de fadiga. O fenômeno da fadiga e da exaustão durante o exercício 
compõe campos de interesse de diversas disciplinas, especialmente da fisio-
logia e da psicologia do esporte (AMENT; VERKERKE, 2009).
A fadiga muscular pode se referir a um déficit motor, uma percep-
ção ou declínio na função mental; pode descrever a diminuição grada-
tiva na capacidade de o músculo gerar força ou o ponto final de uma 
atividade sustentada. Ela pode ser medida como uma redução na força 
muscular, mudança na atividade eletromiográfica ou exaustão da fun-
ção contrátil. Tal amplitude de conceito é um problema, porque nesse 
contexto a fadiga pode abranger vários fenômenos que são consequên-
cias de diferentes mecanismos fisiológicos. Isso reduz a probabilidade 
de identificarmos a sua causa de maneira específica. Para contornar essa 
limitação, a maioria dos pesquisadores invoca uma definição mais fo-
cada, como por exemplo a redução, causada pelo exercício, na capaci-
dade do músculo para produzir força ou potência, independentemente 
se a tarefa pode ou não ser sustentada (BIGLAND-RITCHIE; WOODS, 
1984; SØGAARD et al., 2006).
Embora um consenso seja uma espécie de utopia quando se trata do 
conceito de fadiga, todos os autores trazem elementos comuns em suas ob-
servações. Um dos elementos mais apontados é a interdependência ou a 
íntima relação dos aspectos do sistema nervoso central com os aspectos 
musculares. Uma colocação simplista poderia classificar como uma divisão 
entre fadiga central e periférica, levando-se em consideração todos os de-
talhes que permeiam cada uma dessas classificações e culminam em exem-
plos como o da maratonista, como ilustrado na Figura 1.
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 21
Figura 1. Relação dos elementos bioquímicos, fisiológicos e psicológicos da Fadiga 
com a geração das alterações imunológicas, biomecânicas e de saúde.
A fadiga parece, então, um evento em que diversas variáveis estão en-
volvidas, entre elas elementos fisiológicos, bioquímicos e psicológicos, que 
culminam em alterações mecânicas, imunológicas e, por fim, de saúde que 
podem ser observadas em suas mais diferentes e, em alguns casos, mais 
extremas manifestações.
4. A fisiologia da fadiga 
Do ponto de vista fisiológico, navegando entre o simplismo e dando es-
paço a todos os detalhes do preciosismo, podemos considerar fadiga como 
qualquer espécie de interrupção do processo de comunicação entre o cére-
bro e o músculo. Esse processo nasce no desejo, controlado exclusivamente 
pelo sistema nervoso central (SNC), de realizar determinado movimento 
em determinado ritmo e com determinada força. A informação é então 
transferida através do sistema nervoso periférico para os músculos, que se 
contraem para compor o movimento desejado. 
Os aspectos bioquímicos específicos e locais de cada um desses sítios 
são determinantes para a realização ou não do movimento. Entretanto, 
quando observamos o fenômeno de uma forma mais integrativa, podemos 
acrescentar peças importantes no seu complexo quadro.
22 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
5. A fadiga central: podemos literalmente “morrer de 
cansaço”?
Múltiplos processos no sistema nervoso e no músculo podem contri-
buir para a fadiga muscular. Diversos deles iniciam-se juntamente com o 
início da contração voluntária. A fadiga progride junto com o exercício e 
começa a se recuperar quando ele cessa. Em algum momento, durante o 
exercício, dependendo de sua intensidade, a força ou potência voluntária 
máxima vai ser consideravelmente reduzida pela fadiga. Se o exercício é 
submáximo, a fadiga pode ocorrer (uma fadiga mensurável) sem perda da 
performance na tarefa, por conta do recrutamento de outras unidades mo-
toras em substituição às fadigadas.
Já a fadiga central se refere a processos superiores e pode ser definida 
como uma falha na ativação voluntária do músculo progressivamente in-
duzida pela realização do exercício (HOLTZHAUSEN et al., 1994). A fadiga 
central pode ser demonstrada como no estudo clássico de Merton (1954), 
quando se consegue um aumento na força gerada por uma estimulação 
nervosa (artificial) durante um esforço voluntário máximo. Se esse aumen-
to extra pode ser provocado pela estimulação nervosa durante o esforço 
voluntário máximo, ou algumas fibras não tinham sido recrutadas ou os 
neurônios não as estavam recrutando rápido o suficiente para produzir ascontrações no momento da estimulação (HERBERT; GANDEVIA, 1999). 
Esse aumento forçado na ativação (chamado de contração superimposta) 
significa que a fadiga central e os processos centrais alterados, próximos ao 
local de estimulação do axônio do neurônio motor, estão contribuindo para 
uma perda de força. Alguns mecanismos supraespinhais também podem 
contribuir para a fadiga central (GANDEVIA et al., 1996; TAYLOR et al., 
2006). Para os flexores do cotovelo, por exemplo, a estimulação magnética 
transcraniana (EMT) do córtex motor gera contrações forçadas a despeito 
do esforço máximo do sujeito (TODD et al., 2003). Isso indica que, no mo-
mento da estimulação, a produção de estímulo do córtex motor não é má-
xima (parte dela permanece inalterada) e não é suficiente para ativar todas 
as unidades motoras necessárias para produzir a força muscular máxima. 
Portanto, a produção de estímulo pelo córtex motor não é suficiente. Um 
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 23
aumento na contração superimposta (forçada) provocada pela estimulação 
cortical durante o exercício pode ser considerado um marcador de fadiga 
supraespinhal (TAYLOR; GANDEVIA, 2008).
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, acrescentam Seifert e Peter-
sen (2010) que mudanças na informação sensorial de músculos ativos ocor-
rem durante exercícios fatigantes deteriorando a capacidade do organismo 
para gerar força. Portanto, o comando motor central deve ser ajustado de-
pendendo da tarefa a ser realizada, contando com a sinalização periférica. 
Os potenciais de ação do músculo evocados pela estimulação magnética 
transcraniana (EMT) mudam durante o desenvolvimento da atividade 
muscular, o que demonstra mudanças nas redes espinhal e cortical duran-
te o exercício extenuante. O trabalho desses autores sugere que, conforme 
a fadiga se estabelece durante o exercício, existe um aumento paralelo na 
excitação dos circuitos inibitórios que controlam a estimulação corticoespi-
nhal. Esse trabalho corrobora as ideias defendidas por Noakes et al. (2004).
Noakes et al. (2004) questionam os conceitos baseados nos modelos 
de fisiologia do exercício de limitação ou “catástrofe” (EDWARDS, 1983). 
Esses modelos dizem que a fadiga se desenvolve depois de um ou mais sis-
temas orgânicos serem estressados além de sua capacidade, levando rapi-
damente a uma falha completa do sistema que nós reconhecemos como 
exaustão. 
O exemplo mais estabelecido, talvez a fonte original dessa forma de pensar, 
é a teoria de que há uma limitação de oxigênio para o músculo, levando a uma 
hipóxia muscular ou anaerobiose, com consequente desequilíbrio na produ-
ção/utilização de ATPs, sendo portanto a causa da fadiga durante exercícios de 
curta duração e alta intensidade o conhecido modelo de catástrofe anaeróbica 
cardiovascular (KRETCHMAR, 2007). Entretanto, a falha que passa desper-
cebida nessa teoria é que, se o ritmo de produção de ATPs fosse menor que o 
ritmo gasto, essa diferença causaria, em última instância, o rigor muscular. Mas 
se o rigor muscular não se desenvolve em nenhum tipo de exercício em ver-
tebrados, então alguma outra forma de controle deve existir para determinar 
o fim do exercício, mesmo com o ritmo de produção e utilização de ATPs em 
equilíbrio.
24 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
Dessa forma, Jones et al. (2004) concluem que os modelos atuais, que 
postulam a fadiga sendo regulada exclusivamente por mudanças ocorridas 
nos músculos que se exercitam, não explicam a maior parte das formas de 
fadiga provocadas pelo exercício. A maior evidência disso é os trabalhos que 
mostram como o recrutamento motor em músculos ativos nunca é absoluta-
mente máximo (MARINO, 2009; DUFFIELD et al., 2009; MOCK et al., 2000; 
GABBET, 2008) durante exercícios voluntários em humanos. 
Alguns autores (ROYAL et al., 2006), estabelecendo um novo modelo, 
dizem que a fadiga periférica é um sistema dinâmico e linear no qual a 
falha resulta de um aumento progressivo na quantidade de alguns meta-
bólitos ou variáveis, até que estes alcancem um nível máximo. Em relação 
a esta hipótese, Noakes et al. (2004) dizem que em humanos com um SNC 
intacto ainda não foi identificado nenhum metabólito que se acumule se-
gundo esse modelo linear.
Também é examinada pelos autores a hipótese do modelo de fadiga 
neural central, baseada na evidência de que sempre existe uma “reserva de 
recrutamento” (GANDEVIA, 2001; ST CLAIR GIBSON et al., 2001) no mús-
culo esquelético em todas as formas de fadiga, indicando que o SNC regula, 
e na verdade limita, o recrutamento muscular especificamente para manter 
o equilíbrio e evitar o colapso, a “catástrofe”. O sistema seria controlado pro-
vavelmente por uma regulação em antecedência de estruturas corticais ou 
inibição reflexa dos comandos neurais aferentes pelos quimiorreceptores III 
e IV, reagindo a mudanças na concentração de substratos ou metabólitos, 
ou talvez até mesmo de informações dos mecanoreceptores dos músculos 
esqueléticos, pulmonares e cardíacos.
Com base em estudos próprios, St Clair Gibson et al. (2001), Kay et al. 
(2001) e outros, como Lucia et al. (2003) e Noakes et al. (2004), propõem 
uma versão mais compreensiva e atualizada do modelo original descrito 
(NOAKES et al., 2001).
De acordo com o modelo do “governador central”, eles propõem que 
durante o exercício espontâneo, diferentemente do ambiente do labora-
tório, o SNC continuamente modifica o ritmo como parte de um sistema 
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 25
complexo dinâmico e não linear. Neste modelo, a produção de trabalho 
(o ritmo de exercício) é continuamente ajustado com base em “cálculos” 
metabólicos realizados em níveis subconscientes do SNC. Esses cálculos 
levam em conta o conhecimento prévio adquirido em sessões de exercício 
anteriores, o fim planejado da sessão de exercício atual, o ritmo metabó-
lico atual, entre outras tantas variáveis em potencial. Esses cálculos sub-
conscientes criam um ajuste contínuo no ritmo de produção de trabalho 
e, portanto, no ritmo de exercício durante a sessão. 
Este modelo dá uma visão revolucionária de que a fadiga não é um 
evento físico, e sim uma sensação, que é a manifestação consciente desses 
cálculos subconscientes realizados pelo SNC (ST CLAIR GIBSON et al., 
2001; ST CLAIR GIBSON et al.,2003). Dessa maneira, o modelo prevê que 
o controle final do desempenho em exercícios está na habilidade do cérebro 
para variar o ritmo de trabalho e a demanda metabólica alterando o núme-
ro de unidades motoras recrutadas durante o exercício.
Portanto, a partir do que foi explanado, pergunta-se: quais parâmetros 
fisiológicos determinam o número de unidades motoras recrutadas pelo 
SNC nos músculos esqueléticos ativos?
Lambert et al. (2004) examinam, em um estudo, a regulação periféri-
ca da atividade metabólica e como o processo periférico é integrado nos 
centros do SNC. Eles revisam a evidência que mostra que metabólitos 
periféricos podem fornecer informações aos centros regulatórios no cé-
rebro pela via aferente, sendo, portanto, parte importante no processo 
regulatório. Alterações nas vias eferentes geradas como resultado de uma 
entrada periférica sensorial aferente tem um atraso natural que leva a um 
ajuste contínuo, com consequente produção de trabalho oscilante, ou 
seja, com ritmo variável de exercício, como parte do sistema dinâmico, 
não linear, complexo e que regula o corpo todo. Lambert et al. (2004) ar-
gumentam ainda que essas alterações no ritmo de esforço também podem 
ser parcialmente determinadas por sistemas regulatórios que existam na 
periferia. Esses sistemas contribuem para um sistema de controle hierár-
quico com propriedades redundantes, e essa redundância de processos de 
comando cria um sistema mais robusto, mais complexo, capaz de manter 
26 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinara homeostase com mais eficiência do que se contasse com apenas um pro-
cesso de controle, no qual faltem a integração central ou a presença de re-
dundâncias. Finalmente, eles mostram que as respostas neurais e metabó-
licas ao exercício podem ser reprogramadas por fatores como a exposição 
anterior ao exercício. Até mesmo uma única sessão de exercícios, antes 
de um evento particular, pode alterar a atividade metabólica e a sensação 
consciente de fadiga durante a próxima sessão de exercícios, indicando 
que o processamento do governador central pode ser mutável e continua-
mente reprogramado com base na continuidade e em novas experiências. 
Dessa forma, essas informações podem se interligar com as propostas por 
Noakes et al. (2004) em um diagrama, como representado na Figura 02.
Figura 2. Ações do sistema nervoso central (SNC) associadas à fadiga central 
(adaptado de NOAKES et al., 2004).
Organizando as ideias da Figura 2, notamos três proposições diferen-
ciadas.
Primeiro, tanto no repouso quanto em qualquer forma de exercício, 
todas as funções fisiológicas são reguladas por mecanismos de controle do 
sistema nervoso central em busca do equilíbrio para evitar que qualquer 
prejuízo aconteça ao organismo.
Segundo, a sensação consciente de fadiga não vem diretamente da ação 
dos metabólitos na periferia, mas dos centros regulatórios em partes sub-
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 27
conscientes do cérebro, com a função de garantir a homeostase durante o 
exercício (ST CLAIR GIBSON et al., 2003). Portanto, a sensação distinta de 
fadiga não está diretamente relacionada com o término do exercício, mas 
sim com uma interpretação contínua do efeito do atual nível de atividade 
sobre a capacidade futura de se exercitar, e consequentemente, de quaisquer 
ameaças dessa atividade na manutenção da homeostase (ST CLAIR GIB-
SON et al., 2003; TUCKER et al., 2004).
Terceiro, como a sensação de fadiga é mais uma emoção que um estado 
físico, as estratégias de treino e seu controle durante o exercício espontâneo 
e todo o processo envolvido, mais que apenas o resultado final, são prova-
velmente o fenômeno mais importante da fisiologia do exercício. Os auto-
res desenvolveram o argumento de que as “limitações” ou o modelo de “ca-
tástrofe” em fisiologia do exercício não são válidos especificamente porque 
não explicam o mais óbvio. Isto é, longe de ser limitado pela falência de um 
ou mais sistemas fisiológicos durante o exercício, a realidade é que todos os 
sistemas fisiológicos do organismo, tanto no repouso quanto no exercício, 
são equilibradamente regulados em um processo contínuo, especificamente 
para prevenir a catástrofe, incluindo a exaustão física, amplo dano celular 
ou até mesmo a morte como resultado do exercício.
Embora esse embasamento teórico seja sólido, uma vez mais Gabriela 
Andersen-Scheiss coloca, na prática, esses conceitos em xeque, gerando 
uma dúvida - que permanece sem resposta - em relação a quanto con-
trole o sistema nervoso central exerce sobre o desempenho no exercício, 
especialmente em situações extremas, tanto do ponto de vista psicológico 
quanto do ponto de vista fisiológico, como foi a sua chegada na maratona 
da Olimpíada de 1984.
Ainda nessa linha de raciocínio, concordam Amann et al. (2008), 
que induziram vários graus de fadiga nos músculos antes de uma tarefa 
em que o desempenho foi medido. Os autores mostraram um efeito dose 
dependente da fadiga periférica no comando central durante o exercício. 
O comando motor central e, consequentemente, a produção de trabalho e 
performance foram mais altos quando a tarefa avaliada foi feita sem a exis-
tência prévia de fadiga periférica, e a performance (produção de trabalho e 
28 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
ativação do comando motor central) foi mais baixa quando havia um grau 
severo de fadiga muscular pré existente, realizada anteriormente a tarefa 
avaliada. Entretanto, a fadiga muscular induzida pelo exercício no final da 
tarefa avaliada foi quase idêntica, a despeito das diferenças significativas na 
performance durante o exercício (a tarefa) e dos níveis de fadiga preexis-
tentes, confirmando que a fadiga muscular é uma variável cuidadosamente 
regulada e integrada com o sistema nervoso central.
Apesar de Martin et al. (2010) afirmarem que os fatores centrais são os 
principais responsáveis pela grande perda de torque máximo apresentada 
pelos músculos depois de um evento de ultraendurance, especialmente nos 
quadríceps, eles também apontam que a redução no comando central pode 
ter contribuído para a preservação relativa da função periférica, o que afe-
tou a evolução da velocidade da corrida durante um teste de 24 horas. 
A despeito da importante contribuição da bioquímica, como no caso 
da geração de energia e nos demais fatores localizados na periferia muscu-
lar, fica claro que há uma intensa comunicação entre esses dois núcleos (a 
periferia muscular e o controle neural central), que, embora influenciados 
por diversos elementos, compõem o quadro de fadiga. Com isso, fica bem 
caracterizado que a fadiga periférica parece ser controlada por instâncias 
superiores.
6. Alterações bioquímicas na fadiga 
Existem diversos fatores bioquímicos que também são importantes 
causadores de fadiga, como elencados no Quadro 1. 
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 29
Quadro 1. 
Fatores bioquímicos associados à fadiga periférica 
 
 
Fadiga Periférica
DEPLEÇÃO ACÚMULO
ATP
PCR
Glicose plasmática
Glicogênio muscular
Mg2+
ADP
Pi
Lactato
H+
NH3
EROs
(Sendo ATP, trifosfato de adenosina; PCr, creatina fosfato; Mg2+, íons de magnésio; 
ADP, difosfato de adenosina; Pi, fosfato inorgânico; H
+, íons de hidrogênio; NH3, 
amônia; e EROs, espécies reativas de oxigênio.)
Assim, tanto a depleção de substratos energéticos (trifosfato de adenosina 
ATP, creatina fosfato PCr, glicose plasmática e glicogênio muscular) como o 
acúmulo de derivados metabólicos (íons de magnésio - Mg2+, difosfato de ade-
nosina ADP, fosfato inorgânico Pi, íons lactato, íons de hidrogênio - H+, amô-
nia - NH3 e as espécies reativas de oxigênio EROs) interferem no equilíbrio 
dinâmico entre a síntese e a utilização do ATP (PELLEY, 2007; LEHNINGER et 
al., 2006; MAUGHAN et al., 2000; NEWSHOLME; LEECH, 1988).
As funções biológicas – como a função contrátil muscular, entre outras 
são mantidas, primariamente pela energia química gerada pela hidrólise 
do ATP. Pelo fato de sua concentração absoluta no músculo esquelético ser 
extremamente limitada (aproximadamente 24 mmol/kg de músculo seco) 
e insuficiente, por exemplo para suprir a demanda energética durante o 
exercício físico, as células exibem diferentes sistemas para a ressíntese de 
ATP (MAUGHAN et al., 2000).
30 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
No início do exercício físico, há maior contribuição dos processos ana-
eróbios ou imediatos para a ressíntese de ATP, por meio da degradação 
de PCr e da hidrólise de glicogênio e/ou da glicose a lactato (FOSS; KE-
TEYIAN, 2000; DI PRAMPERO; FERRETTI, 1999). Com a continuidade 
da sessão (exercícios com intensidade abaixo do limiar anaeróbio), tais sis-
temas diminuem sua participação e observa-se aumento da atividade oxi-
dativa (sistema aeróbio), com a demanda energética passando a ser suprida 
predominantemente por esta via, com a utilização de carboidratos e lipíde-
os pelas mitocôndrias das células musculares, via ciclo do ácido cítrico ou 
de Krebs.
A contribuição relativa dos diferentes substratos energéticos para a 
continuidade do exercício físico é determinada pela dieta, as ações hormo-
nais, a intensidade e a duração do esforço, e os níveis de treinamento. Em 
exercícios aeróbios (intensidade abaixo do limiar anaeróbio), a manuten-
ção da ressíntese de ATP pelos processosoxidativos (ciclo de Krebs e fosfo-
rilação oxidativa) ocorre preferencialmente pela oxidação de ácidos graxos 
a acetil coenzima A (acetil-CoA) e pela conversão de glicogênio/glicose a 
oxaloacetato. Ambos os substratos, intermediários importantes do ciclo de 
Krebs, devem estar presentes em quantidades proporcionais na matriz mi-
tocondrial para que as reações oxidativas sejam realizadas. 
A condensação de oxaloacetato e acetil-CoA em citrato, regulada pela 
enzima citrato sintase, controla diretamente a oxidação do acetil-CoA de-
rivado tanto do piruvato como dos ácidos graxos. Entretanto, pelas carac-
terísticas do exercício (intensidade abaixo do limiar anaeróbio), o acetil-
-CoA passa a ser derivado basicamente dos ácidos graxos estocados nas 
células musculares (na forma de triacilglicerol) e também dos ácidos graxos 
livres, presentes na corrente sanguínea e transportados até a célula muscu-
lar, ligados à albumina (CHAMPE et al., 2007; MAUGHAN et al., 2000; 
NEWSHOLME; LEECH, 1988). 
A contribuição dos ácidos graxos em intensidades abaixo do limiar 
anaeróbio é evidente e, em decorrência dos grandes estoques destes 
substratos no organismo, dificilmente este seria um fator limitante do 
exercício. Assim, os estoques de glicogênio e a oferta de glicose passam 
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 31
a ser fatores importantes tanto para a manutenção da oxidação de acetil-
-CoA como para a ressíntese de ATP.
Estima-se que no homem haja cerca de 400g de glicogênio estocado no 
músculo esquelético e apenas 100g de glicogênio no fígado (CHAMPE et 
al., 2007; MAUGHAN et al., 2000). Dessa forma, em exercícios prolonga-
dos a contribuição de glicose via glicogenólise torna-se uma etapa limitante 
por causa do baixo estoque de glicogênio no organismo. A depleção dos 
estoques hepático e muscular de glicogênio, possível de ocorrer durante o 
exercício prolongado, limita a produção de oxaloacetato e a atividade oxi-
dativa, sendo um dos fatores limitantes da produção de ATP por esta via, e 
portanto, um causador de fadiga.
Com isso, fica clara a importância de se manter o equilíbrio no funcio-
namento do ciclo de Krebs para evitar a formação de metabólitos limitan-
tes da produção de ATP, como se pode observar na Figura 3, que ilustra a 
formação de NH3.
Figura 3. Funcionalidade do ciclo de Krebs, relação dos processos de 
cataplerose e anaplerose na formação da amônia (sendo NH3, amônia; 
CO2, dióxido de carbono).
32 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
Como ilustrado na Figura 3, outro ponto importante a destacar no 
metabolismo oxidativo é a constante formação de dióxido de carbono 
(CO2) e glutamina, que representam perdas de carbonos (cataplerose) 
com a funcionalidade do ciclo de Krebs, as quais precisam ser repostas 
continuamente. O ponto de inserção de novas moléculas no ciclo (ana-
plerose) ocorre com a síntese de oxaloacetato a partir de moléculas de 
piruvato (derivado do glicogênio/glicose), pela ação da enzima piruvato 
carboxilase, ou por aminoácidos não essenciais como o aspartato, a as-
paragina e o glutamato. Assim, pelos baixos estoques de glicogênio no 
organismo, em atividades prolongadas a via anaplerótica passa a ter a 
contribuição dos aminoácidos, gerando a amônia, um dos metabólitos 
que também podem gerar a fadiga (CURI; PROCÓPIO, 2009; CHAMPE 
et al., 2007; MAUGHAN et al., 2000).
Já em exercícios físicos cuja intensidade é acima do limiar anaeróbio, 
caracterizado pela demanda energética extremamente elevada em curto 
intervalo de tempo, a ressíntese de ATP é suprida prioritariamente pelos 
sistemas anaeróbios ou imediatos (PCr, glicogenólise hepática/muscu-
lar e glicólise muscular). Por causa de sua maior velocidade de ressíntese, 
observa-se no decorrer do exercício grande acúmulo intramuscular de di-
versos metabólitos, dentre os quais se destacam ADP, Pi, lactato e H+, que 
são agentes associados à fadiga (CURI; PROCÓPIO, 2009; CHAMPE et al., 
2007; MAUGHAN et al., 2000). A seguir, iremos discutir suas contribui-
ções no desenvolvimento da fadiga, embora ainda exista muita controvérsia 
sobre o papel de cada um deles nesse processo.
Na via dos fosfagênios, a ressíntese de ATP ocorre por meio da ener-
gia liberada pela dissociação da PCr (por meio da ação da enzima creati-
na quinase) em Pi e creatina livre (VOLEK; RAWSON, 2004; SPENCER; 
GASTIN, 2001; MAUGHAN et al., 2000; NEWSHOLME; LEECH, 1988). 
Entretanto, os estoques de PCr permitem a predominância desta via por 
poucos segundos, com aumento das concentrações intracelulares de ADP 
e Pi, que também podem interferir na manutenção da intensidade e da 
duração do exercício. Assim, observa-se maior fluxo de substratos pelas 
vias glicolítica e glicogenolítica, que passam a responder pela demanda 
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 33
energética nessas condições. Com a predominância da via glicolítica e, 
dessa forma, maior utilização da glicose para a ressíntese de ATP, temos 
o acúmulo muscular e sanguíneo de lactato e íons H+ (GLEESON; GREE-
NHAFF, 2000; NEWSHOLME; LEECH, 1988).
Vale a pena destacar que, segundo estudos recentes, a síntese muscular 
e o acúmulo sanguíneo de lactato resultam da interação de fatores como 
utilização de substratos, cinética da glicólise, atividade das enzimas fosfo-
frutoquinase e lactato desidrogenase, recrutamento de unidades motoras e 
aumento da taxa da remoção de lactato, e não apenas da hipóxia tecidual.
Na literatura temos, classicamente, o acúmulo de lactato como o me-
tabólito mais citado como principal agente causador da fadiga, principal-
mente em livros de fisiologia do exercício. Entretanto, alguns autores têm 
questionado a ação negativa do lactato per se, principalmente sobre a ação 
nos processos contráteis ou de transferência de energia, creditando aos íons 
de H+ (resultantes da dissociação do ácido láctico) a capacidade de inibir 
enzimas da via glicolítica (fosforilase e fosfofrutoquinase) por causa da di-
minuição do pH intramuscular, além de prejudicar diversas etapas do pro-
cesso contrátil.
Embora a origem dos íons H+, se ocorre a partir da dissociação do áci-
do láctico ou a partir da elevada taxa de hidrólise de ATP não mitocondrial, 
seja debatida entre alguns autores, diversas evidências in vivo corroboram 
a hipótese de que a acidose intramuscular seja uma das principais causas 
da fadiga em exercícios de alta intensidade. Independentemente da origem 
dos íons H+, há evidencias significativas de que a acidose contribui de for-
ma decisiva para a queda no rendimento e, dessa forma, durante o exercício 
de alta intensidade a regulação do pH torna-se extremamente importante.
Com base no exposto, conclui-se que as alterações metabólicas podem 
causar fadiga por meio da ação nos processos neurais previamente discuti-
dos que ativam os músculos esqueléticos com comprometimento tanto do 
sistema nervoso central quanto do periférico. Assim, programas adequados 
de treinamento podem elevar à resistência à fadiga e ao rendimento es-
portivo, principalmente por meio do aumento da capacidade muscular de 
regular a produção de ATP.
34 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
7. Aspectos gerais da biomecânica em relação à fadiga
Outro elemento que, afetado pelas mudanças no ambiente central e no 
ambiente periférico, pode ser observado como a manifestação mais exter-
na tanto do movimento quanto da queda de sua adequada realização é os 
parâmetros biomecânicos. A biomecânica do movimento pode ser medida, 
registrada e contextualizada, tornando-se não apenas uma manifestação do 
movimento e da fadiga, mas também uma importante ferramenta na sua 
análise.
Estudos biomecânicos da corrida de longa distância têm tentado 
identificar como a estrutura corporal e a mecânica de corrida intera-
gem para a execução, relacionando economia de movimento e lesões.Partindo do pressuposto de que quanto mais econômica for a corrida 
mais tarde se instalará a fadiga, diversos fatores têm sido analisados 
pelos pesquisadores. Autores têm mostrado mudanças cinemáticas ao 
longo de uma corrida prolongada - aumento do comprimento da passa-
da; alteração da mecânica do pé e alteração dos ângulos articulares em 
pontos-chave da corrida. Isso sugere que a fadiga faz com que o execu-
tante realize um certo número de adaptações para manter uma certa 
velocidade. Em geral, espera-se que o aumento de velocidade se dê pela 
manutenção da frequência e o aumento da amplitude de passada. Em 
duas revisões de literatura, uma especificamente sobre corrida em di-
versas velocidades (NOVACHECK, 1998) e outra mais específica sobre 
fadiga na corrida (SILVA et al., 2007), é possível verificar os parâmetros 
mais estudados, que são:
 ◆ cinemáticos – comprimento e frequência de passada e, no plano 
sagital, ângulos de flexão e extensão de quadril, joelho e tornozelo; 
 ◆ atividade elétrica dos músculos, especialmente: reto femural, 
quadríceps como um todo, extensores do quadril, flexores do jo-
elho, gastrocnêmio e tibial anterior; e
 ◆ cinéticos – valores de potência gerada nas articulações para con-
trole da absorção do choque, controle da postura e geração de 
energia para propulsão para cima e para frente.
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 35
Com relação à fadiga, Mizrahi et al. (2000) verificaram em seu estudo 
que, paralelamente ao desenvolvimento da fadiga, houve um declínio na fre-
quência de passada, um aumento gradual dos ângulos de extensão do joelho 
(na posição de extensão máxima, isto é, fase precedente ao contato), e redu-
ção gradual nos ângulos de flexão do joelho realizada após o contato, ocor-
rendo também um aumento no deslocamento vertical do quadril. Segundo 
Mizrahi et al. (2001), esse aumento no deslocamento vertical do quadril 
ocorre por uma maior dorsiflexão do tornozelo e não por maior flexão do jo-
elho. Esse mecanismo ocasiona uma diminuição da absorção de choque e se 
torna relevante para entender o mecanismo de atenuação de impacto, lesões 
relacionadas à fadiga e talvez mudanças degenerativas. Siler e Martin (1991) 
relataram que com a fadiga ocorreu aumento do comprimento de passada, 
da amplitude de movimento da coxa, da flexão máxima da coxa, da flexão 
do joelho, do ângulo do tronco com a vertical na extensão máxima da coxa, 
assim como diminuição da extensão do joelho. Os autores descreveram que a 
maior inclinação do tronco pode ser derivada das dificuldades de respiração, 
pois a posição gera uma atividade eletromiográfica menor do diafragma e 
dos músculos inspiratórios acessórios e menor diminuição da pressão entre o 
esôfago e o estômago. Não encontraram diferenças de sincronização da pas-
sada decorrente da fadiga entre corredores rápidos e lentos. 
Hanon et al. (2005) apontaram que durante a corrida a alteração na fre-
quência de passada parece uma parte indispensável da avaliação da fadiga 
muscular e descreveram que os músculos biarticulares - reto femural e bí-
ceps femural -, que apresentam dois diferentes picos de ativação durante 
um ciclo de corrida, parecem ser os músculos que mostram os primeiros 
sinais de fadiga, com o vasto lateral e o tibial anterior apresentando pos-
teriormente sinais de fadiga. Trazem a hipótese de que, dependendo da 
velocidade, quando o exercício é contínuo os músculos que fadigam mais 
cedo podem ser diferentes: o gastrocnêmio e o vasto lateral em baixas velo-
cidades e o bíceps femural e o reto femural em velocidades maiores. Fraga 
et al. (2007) relataram uma diminuição de amplitude da passada sem di-
ferença na frequência e aumento da ativação do músculo vasto lateral em 
decorrência da fadiga na corrida, não encontrando diferença significativa 
na ativação do reto femural para atletas de triatlon.
36 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
Em estudos mais recentes, Petersen et al. (2007) e Saldanha et al. (2008) 
relatam que a fadiga em força muscular mostrada pelos indivíduos após 
uma corrida prolongada ou maratona, parece estar relacionada a mecanis-
mos centrais e não periféricos. Petersen et al. (2007) descreveram que após 
a corrida de maratona a contração voluntária máxima dos músculos flexor 
plantar e extensores do joelho foi reduzida sem nenhuma alteração acen-
tuada nas propriedades contráteis evocadas do músculo. Saldanha et al. 
(2008) demonstraram que após uma corrida prolongada houve uma redu-
ção na força voluntária máxima do flexor plantar que estava principalmente 
vinculada à fadiga central.
Hayes et al. (2004) tiveram como objetivo examinar a relação da resis-
tência muscular localizada dos flexores com os extensores, tanto do joelho 
como do quadril, e também as alterações biomecânicas geradas durante a 
corrida até a exaustão. A hipótese era de que, quanto maior a resistência, 
menores as alterações nas variáveis mecânicas. Os autores encontraram que 
as alterações no comprimento da passada tiveram uma correlação alta e 
negativa com a resistência muscular localizada dos extensores do quadril e 
flexores do joelho, o que confirmou a hipótese do estudo.
Como se pode ver pelos diversos resultados apresentados, vários ele-
mentos podem ser identificados para a determinação do estado de fadiga 
durante o exercício. Esses elementos, somados aos elementos bioquímicos, 
compõem o quadro fisiológico da fadiga. Entretanto, diante da grande va-
riabilidade biológica individual, não existem padrões universais facilmente 
identificáveis de movimento eficiente e, portanto, de fatores que levam à 
fadiga. É importante que os indivíduos sejam estudados individualmente 
com relação a medidas da estrutura anatômica (amplitude de movimento 
nas várias articulações), habilidades funcionais (flexibilidade, força muscu-
lar), histórico de lesões, calçados, método de treinamento e outros fatores 
(WILLIAMS, 2007).
De posse dessas informações, quando observamos novamente o caso 
da atleta Gabriela Andersen-Scheiss, bem como de outros atletas que su-
peraram seus próprios limites, imaginamos que os fatores que os levaram 
a desafiar a fisiologia e a bioquímica, e a ultrapassar a hipótese de autopre-
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 37
servação a qualquer custo do sistema nervoso central, claramente demons-
trando a fadiga em seu padrão biomecânico particular, evidenciado por 
seus movimentos descontrolados, completamente diferentes de qualquer 
padrão apresentado por um corredor descansado, deveriam estar dentro do 
próprio sistema nervoso central. Abordaremos aspectos que confirmam a 
complexidade e integralidade do conceito de fadiga e apontam como o ser 
humano lida com esses desafios do ponto de vista psicológico. 
8. Fatores psicológicos atuantes na superação dos limites 
durante o desempenho esportivo 
É fato que a união dos fatores referentes ao treinamento desportivo 
(físico, motor, técnico, tático, nutrição e psicológico) deve estar em equilíbrio 
a fim de obtermos um bom resultado em uma competição. Dentre esses 
fatores podemos destacar o psicológico como sendo um momento decisivo, 
a ser tomado pelo atleta com a finalidade de superar um desafio, ou superar 
um desafio a mais, ultrapassando os próprios limites e o levando a quebrar 
recordes, ou a superar as maiores necessidades de sobrevivência ligadas às 
necessidades biológicas do ser humano.
Mas que força é essa que move o atleta a superar os seus limites e se co-
locar a vencer a uma competição qualquer custo? Que motivos determinam 
esses fatores relacionados ao desempenho do atleta? Esses motivos são re-
lacionados aos fatores internos (motivação intrínseca) ou a fatores externos 
(motivação extrínseca)?
No exemplo da maratonista suíça, podemos refletir que a prática da 
atleta em sua tentativa de terminar a prova da maratona a fez quebraros paradigmas referentes à fadiga, ultrapassando os limites fisiológicos e 
bioquímicos de consumo de energia (glicogênio muscular, ácidos graxos, 
etc.), mas, sobretudo, passando pelas forças que regem o desempenho e 
o planejamento do treinamento desportivo, no sentido de que o ser hu-
mano encontra seus limites em si próprio, assim como quebra os seus 
limites, tendo como referência suas experiências anteriormente vividas e 
desempenhadas.
38 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
Então, as necessidades dos indivíduos estão pautadas em suas expecta-
tivas de desempenho, variando com o momento vivenciado por cada um.
De acordo com a teoria de Maslow (apud WEITEN, 2008), podemos 
determinar algumas necessidades referentes à motivação de cada ser hu-
mano para cada tipo de atividade a ser desempenhada, como ilustrado na 
a escala da Figura 4.
Figura 4. Hierarquia das necessidades de Maslow (cf. WEITEN, 2008, p. 284).
Na figura acima, podemos observar que a base é as necessidades fisiológicas, 
como citado anteriormente, e no topo da pirâmide se encontra a necessidade de 
autorrealização, ou seja, a realização do potencial, ou ainda necessidade de maxi-
mizar o potencial de desempenho. 
Entretanto, conforme o lado direito da figura, pode ocorrer um pro-
cesso de regressão ou de progressão, à medida que as necessidades são sa-
tisfeitas podemos alterar a escala das necessidades, porém nem todas as 
pessoas chegam ao topo da pirâmide, pois não conseguem melhorar seu 
desempenho. 
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 39
Esse desempenho pode ser variável de acordo com a ocorrência de 
eventos – por exemplo, a fadiga, em que o indivíduo está dentro ou próxi-
mo de seus limites, e no caso da atleta poderíamos verificar a assertiva de 
conquistar o topo da pirâmide. 
Ainda assim podemos afirmar que, aumentando o valor do incentivo, au-
mentariam, como no caso da atleta, os fatores internos. A torcida ovacionando e 
estimulando a atleta (fatores extrínsecos) aumentaria ou acrescentaria o motivo 
de realização da atleta, reafirmando a hipótese de atingir o topo das necessidades 
expresso na figura acima.
Sendo assim, Thomas afirma que “[...] motivos não conduzem à ação. 
São situações em um determinado momento que despertam e estimulam 
motivos de modo a conduzi-los efetivamente à ação” (apud DE MARCO; 
JUNQUEIRA, 1995, p. 87), como representado na Figura 5.
Figura 5. Representação motivacional (cf. THOMAS apud DE MARCO; 
JUNQUEIRA, 1995, p. 87).
Podemos observar que para haver motivação é necessária uma predis-
posição, ou seja, algo que mova cada indivíduo até a realização de algo, 
ou de uma ação. Por isso cada indivíduo dispõe subjetivamente de seus 
motivos.
Dando sequência a esse pensamento, Birch e Veroff colocam que o es-
tudo da motivação “é a busca para alguns dos mais intrincados mistérios 
da existência - suas próprias ações” (BIRCH; VEROFF, 1970, p. 3). O ponto 
de partida para este estudo é a atividade, dizendo que o comportamento de 
um organismo é uma sequência da atividade. A atividade pode ser consu-
matória ou instrumental. As atividades consumatórias são referidas como 
objetivo e as instrumentais, como dirigidas para um objetivo.
Contudo, alcançando a excelência, Birch e Veroff concluem que
40 | Fadiga na Corrida:Uma abordagem multidisciplinar
Como resultado de um tipo de atividade instrumental, 
a dificuldade de desempenho daquela atividade psico-
logicamente modifica-se para o futuro. Torna-se algo 
mais fácil. O valor consumátorio da realização da ati-
vidade se altera na medida em que muda a dificuldade 
psicológica. À medida que se torna mais fácil, ela não 
será de interesse para realização. A tendência para uma 
atividade mais difícil é intensificada. (BIRCH; VEROFF, 
1970, p. 117)
E, como afirma Damasio (1996), em muitas circunstâncias de nossa 
vida como seres sociais sabemos que as emoções só são desencadeadas após 
um processo mental de avaliação que é voluntário e não automático.
Vemos que, conforme Magill (1984), a motivação é importante para 
a compreensão da aprendizagem e o desempenho de habilidades motoras 
desde o aprendizado, passando pela manutenção e chegando a níveis de 
intensidade, assim influenciando o desenvolvimento do ser humano nas 
suas relações e inter-relações.
Dessa maneira - não justificando, mas colocando em prática as ques-
tões relacionadas ao desempenho humano e aos processos psicológicos -, 
podemos observar que os motivos podem ser alterados de acordo com as 
necessidades momentâneas do ser humano na busca da superação dos pró-
prios limites, por acreditar em seu esforço, ser mais persistente e buscar a 
sua satisfação pessoal.
9. Conclusão
Com base nas informações apresentadas, podemos concluir que o pro-
cesso de estabelecimento da fadiga, embora já tenha sido experimentado 
por todos que praticam algum tipo de atividade física, é mais complexo e 
intrincado que seu resultado final, com a interrupção do exercício ou a que-
da no desempenho, podendo chegar a casos extremos como o quadro apre-
sentado pela atleta Gabriela Andersen-Scheiss. A importância das informa-
ções apresentadas fica clara quando as colocamos em prática, analisando o 
Corrêa, Caperuto, Costa, Coutinho e Hirota | 41
calendário esportivo de determinadas modalidades, ou a periodização do 
treinamento de atletas, ou mesmo quando nos perguntamos qual é o papel 
da motivação no desempenho do indivíduo. Sabendo da necessidade de 
aprofundamento nesse assunto, esperamos que este capítulo traga informa-
ções relevantes e também tenha suscitado novas perguntas que contribui-
rão para a evolução da investigação do tema.
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