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FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Penal | Material Complementar Professor Antonio Pequeno. CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS 1- CONCEITO: Segundo Guilherme de Souza Nucci: “É a situação que ocorre quando ao mesmo fato parecem ser aplicáveis duas ou mais normas, formando um conflito apenas aparente entre elas”. Já para o Professor Cleber Masson: “Ocorre quando a um único fato se revela possível, em tese, a aplicação de dois ou mais tipos legais, ambos instituídos por leis de igual hierarquia e originárias da mesma fonte de produção, e também em vigor ao tempo da prática da infração penal”. 2- PRESSUPOSTOS DO CONFLITO APARENTE DE NORMAS A) UNIDADE DE FATO B) PLURALIDADE DE NORMAS SIMULTANEAMENTE VIGENTES. 3- FINALIDADE A) ASSEGURAR A HARMONIA E A COERÊNCIA DO SISTEMA E, AO MESMO TEMPO, B) EVITAR A POSSIBILIDADE DO “BIS IN IDEM” QUE PODERIA OCORRER CASO DUAS NORMAS INCIDISSEM SOBRE O MESMO FATO. 4- PRINCÍPIOS PARA SOLUÇÃO DO CONFLITO APARENTE A) PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE - Cuida-se daquela lei cuja previsão reproduz, de modo expresso ou elíptico, a da lei geral, tornando-a especial pelo acréscimo de outros elementos, denominados especializantes. Visualiza-se na especialidade uma relação lógica de dependência própria de uma situação de subordinação legislativa, eis que toda conduta que atende ao tipo especial realiza também, necessariamente e de forma simultânea, o crime previsto na lei geral, o que não ocorre em sentido diverso. Há entre as leis relação de gênero e espécie, ou seja, todos os elementos descritos pela lei geral são reproduzidos pela lei especial. Por tal razão a primeira é excluída quando comparada com a última. O princípio da especialidade impõe sejam os delitos genérico e específico praticados em absoluta contemporaneidade, no mesmo contexto fático. As disposições genérica e específica podem ser integrantes de um mesmo diploma legal (ex.: homicídio – art. 121 do CP – e infanticídio – art. 123 do CP) ou constar de leis distintas (ex.: contrabando – art. 334 do CP – e tráfico internacional de drogas – art. 33, caput, da Lei 11.343/2006). As leis podem ter sido promulgadas ao mesmo tempo ou em épocas diversas, e, nesse caso, tanto pode ser posterior a lei geral como a especial. Sua aferição se estabelece em abstrato, ou seja, para saber qual lei é geral e qual é especial, prescinde-se da análise do fato praticado. É suficiente a comparação em tese das condutas definidas nos tipos penais. Finalmente, a lei especial pode contemplar crime mais grave ou menos grave do que o previsto na lei geral. A questão não repousa na gravidade, e sim na especialidade. B) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE - Estabelece que a lei primária tem prevalência sobre a lei subsidiária (lex primaria derogat legi subsidiarie). Há subsidiariedade entre duas leis penais quando se trata de estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais ampla e dotada de maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a menos ampla, contida na subsidiária, ficando a aplicabilidade desta condicionada à não incidência da outra. O crime tipificado pela lei subsidiária, além de menos grave do que o narrado pela lei primária, dele também difere quanto à forma de execução, já que corresponde a uma parte deste. Assim, a lei subsidiária exerce função complementar diante da principal. De fato, somente se aplica quando esta última (lei principal) não puder incidir no tocante ao fato punível. Corolário disso, ao contrário do que se opera na especialidade, aqui o fato tem de ser apreciado em concreto, para aferir qual a disposição legal em que se enquadra. Na subsidiariedade não existem elementos especializantes, mas descrição típica de fato mais abrangente e mais grave. Na hipótese de restar configurada a lei primária, instituidora de fato apenado mais gravemente, jamais terá incidência a lei subsidiária, com conduta sancionada mais levemente. Esta somente será utilizada na impossibilidade daquela, atuando como verdadeiro “soldado de reserva” 1 FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Penal | Material Complementar Professor Antonio Pequeno. B.1) SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA OU EXPLÍCITA - nas situações em que este caráter é declarado pela própria lei (exemplo: CP, art. 163, parágrafo único, II) B.2) SUBSIDIARIEDADE TÁCITA OU IMPLÍCITA - nas hipóteses em que a lei não declara expressamente seu caráter subsidiário, mas esta circunstância é extraída da análise do caso concreto, a exemplo da relação entre estupro (CP, art. 213) e constrangimento ilegal (CP, art. 146). C) PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO - De acordo com o princípio da consunção, ou da absorção, o fato mais amplo e grave consome os demais fatos menos amplos e graves, os quais atuam como meio normal de preparação ou execução daquele, ou ainda como seu mero exaurimento. Por tal razão, aplica-se somente a lei que o tipifica: lex consumens derogat legi consumptae. A lei consuntiva prefere a lei consumida. Pressupõe, entre as leis penais em conflito, relação de magis para minus, ou seja, de continente para conteúdo, de forma que a lei instituidora de fato de mais longo espectro consome as demais. Como decorrência da sanção penal prevista para a violação do bem jurídico mais extenso, torna- se prescindível e inaceitável a pena atribuída à violação do bem jurídico mais restrito, evitando-se a configuração do bis in idem, daí decorrendo a sua indiscutível finalidade prática. Seus fundamentos são claros: o bem jurídico resguardado pela lei penal menos vasta já está protegido pela mais ampla, e a prática de um ilícito definido por uma lei penal é indispensável para a violação de conduta tipificada por outra disposição legal. Ao contrário do que se dá no princípio da especialidade, aqui não se reclama a comparação abstrata entre as leis penais. Comparam-se os fatos, inferindo-se que o mais grave consome os demais, sobrando apenas a lei penal que o disciplina. A distinção com o princípio da subsidiariedade também é evidente. Na regra da subsidiariedade, em função do fato concreto praticado, comparam-se as leis para saber qual é a aplicável. Por seu turno, na consunção, sem buscar auxílio nas leis, comparam-se os fatos, apurando-se que o mais amplo, completo e grave consome os demais. O fato principal absorve o acessório, sobrando apenas a lei que o disciplina. E, em oposição ao que se visualiza nos princípios da especialidade e da subsidiariedade, na consunção não há um fato único buscando amoldar-se em uma ou outra lei, mas uma sucessão de fatos em que o mais amplo e mais grave absorve os menos amplos e menos graves. A consunção pode ter sua origem tanto em virtude da expressa declaração da leicomo também na sua zelosa interpretação, utilizando-se para tanto de elementos de ordem gramatical, lógica, histórica e sistemática na apreciação jurídica do caso concreto. O princípio da consunção se aplica em quatro situações: C.1) CRIME PROGRESSIVO - É o que se opera quando o agente, almejando desde o início alcançar o resultado mais grave, pratica, mediante a reiteração de atos, crescentes violações ao bem jurídico. Pressupõe necessariamente a existência de um crime plurissubsistente, isto é, uma única conduta orientada por um só propósito, mas fracionável em diversos atos. O ato final, gerador do evento originariamente desejado, consome os anteriores, que produziram violações mais brandas ao bem jurídico finalmente atacado, denominados de crimes de ação de passagem. Possui como requisitos, portanto, a unidade de elemento subjetivo e de conduta, composta de vários atos, e a progressividade no dano ao bem jurídico. Desde o início de sua empreitada, o crime mais grave é desejado pelo sujeito, que vem a praticar uma única conduta, decomposta em vários executórios, lesando gradativamente o bem jurídico que se propôs a lesionar. Imagine-se a hipótese em que alguém, desejando eliminar um desafeto, começaa golpeá-lo em várias regiões do corpo, iniciando o processo de matá-lo, vindo finalmente a atingi-lo na cabeça, ceifando sua vida. As diversas lesões corporais, necessárias para a execução do homicídio, ficam por este absorvidas. C.2) PROGRESSÃO CRIMINOSA - Dá-se quando o agente pretende inicialmente produzir um resultado e, depois de alcançá-lo, opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra conduta, produzindo um evento mais grave. Exemplo: O agente que, após praticar vias de fato, opta por produzir lesões corporais na vítima, e, ainda não satisfeito, acaba por matá-la responde exclusivamente pelo homicídio. O sujeito é guiado por uma pluralidade de desígnios, havendo alteração em seu dolo, razão pela qual executa uma diversidade de fatos (mais de um crime), cada um correspondente a uma vontade, destacando-se a crescente lesão ao bem jurídico. Por tal motivo, a resposta penal se dará somente para o fato final, mais grave, ficando absorvidos os demais. Com a punição do crime final, o Estado também sanciona os anteriores, efetuados no mesmo contexto fático. A penalização autônoma constituiria indisfarçável bis in idem, tendo em vista que seriam castigados como parte do resultado final e também de maneira independente. 2 FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Penal | Material Complementar Professor Antonio Pequeno. C.3) “ANTEFACTUM” IMPUNÍVEL - são os que funcionam como meios de execução do tipo principal, ficando por este absorvidos. No caso do roubo da bolsa da vítima que se encontra no interior de um automóvel, eventual destruição do vidro não acarreta na imputação ao agente do crime contido no art. 163, caput, do Código Penal. Em conformidade com a definição do princípio da consunção, o fato anterior componente dos atos preparatórios ou de execução apenas será absorvido quando apresentar menor ou igual gravidade quando comparado ao principal, para que este goze de força suficiente para consumir os demais, englobando-os em seu raio de atuação. Nesse contexto, manifesto o equívoco técnico da Súmula 17 do Superior Tribunal de Justiça, assim redigida: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. O enunciado jurisprudencial destina-se, precipuamente, às hipóteses em que o sujeito, com o escopo de praticar estelionato, falsifica materialmente uma cártula de cheque, documento particular equiparado a documento público por expressa determinação legal, nos termos do art. 297, § 2º, do Código Penal. Ora, tal crime é punido com reclusão de dois a seis anos, e multa. Sendo o fato mais amplo e grave, não pode ser consumido pelo estelionato, sancionado de forma mais branda. C.4) “POSTFACTUM” IMPUNÍVEL - são visualizados quando, depois de realizada a conduta, o sujeito pratica nova ofensa contra o mesmo bem jurídico, buscando alguma vantagem com o crime anterior. O exaurimento deve ser aferido em consonância com a lógica do razoável, pois não há dúvida de que, exemplificativamente, o larápio usualmente vende os bens subtraídos, visando lucro financeiro. Se o furto ou roubo se deu por força de ânimo de lucro, não seria correto puni-lo mais uma vez por ter lucrado.Cuida-se de previsível exaurimento, ficando consumidos os atos posteriores. C.5) CRIME COMPLEXO OU COMPOSTO - É a modalidade que resulta da fusão de dois ou mais crimes, que passam a desempenhar a função de elementares ou circunstâncias daquele, tal como se dá no roubo, originário da união entre os delitos de furto e ameaça ou lesão corporal, dependendo do meio de execução empregado pelo agente. Indicado por relevante parcela doutrinária como hipótese da consunção, parece-nos não ser esta a melhor escolha. Em apertada síntese, alegam seus defensores que o crime complexo absorve os delitos autônomos que compõem a sua estrutura típica, razão pela qual prevalece a lei responsável pela sua definição. Na verdade, o crime complexo constitui verdadeiro concurso de crimes, ainda que, pela escolha técnico-legislativa, exista a opção de castigar a atuação do agente pela figura final, que deverá prevalecer, por estabelecer uma valoração conjunta dos fatos em concurso. Destarte, não se desnatura o concurso de crimes existente no complexo delitivo, convertendo-o em conflito aparente de leis penais. É óbvio, contudo, que o conflito aparente se realizará entre a figura complexa, de um lado, e as figuras simples, do outro. Além disso, é fundamental que no conflito aparente todas as leis penais devem qualificar os mesmos fatos, atentatórios do mesmo bem jurídico, D) PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE - Seu conceito, em consonância com as posições fornecidas pela doutrina, deve levar em conta dois pontos de partida distintos. Inicialmente, a alternatividade é definida como a situação em que duas ou mais disposições legais se repetem diante do mesmo fato (alternatividade imprópria). De outro campo, notam-se também autores que entendem configurada a alternatividade na hipótese em que o tipo penal contém em seu corpo vários fatos, alternativamente, como modalidades de uma mesma infração penal (alternatividade própria). Assim, praticados pelo mesmo sujeito um ou mais núcleos, sucessivamente, restará configurado crime único.22 São os chamados tipos mistos alternativos, de ação múltipla ou de conteúdo variado, identificados assim quanto à conduta, ao modo de execução, ao resultado naturalístico, ao objeto material, aos meios de execução, às circunstâncias de tempo, às circunstâncias de lugar, ou ainda perante outras situações apontadas pelo legislador. O princípio da alternatividade não é aceito por relevante parcela da doutrina como útil para a solução do conflito aparente de leis penais. Na alternatividade imprópria existe, na verdade, uma situação de falta de técnica legislativa, a ser resolvida pelas regras que disciplinam o conflito de leis no tempo. De outro lado, na alternatividade própria, opera-se um conflito na própria lei penal, e não entre leis penais, e sua função é esvaziada pelo princípio da consunção. 1-INFRAÇÃO PENAL, CRIME, DELITO E CONTRAVENÇÃO PENAL O conceito de infração penal varia conforme o enfoque. Sob o enfoque formal, infração penal é aquilo que assim está rotulado em uma norma penal incriminadora, sob ameaça de pena. Num conceito material, infração penal é comportamento humano causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal. 3 FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Penal | Material Complementar Professor Antonio Pequeno. O conceito analítico leva em consideração os elementos estruturais que compõem infração penal, prevalecendo fato típico, ilícito e culpável. 2- DIFERENÇAS ENTRE CRJME E CONTRAVENÇÃO PENAL 2.1. Quanto à pena privativa de liberdade imposta 2.2. Quanto à espécie de ação penal 2.3. Quanto à admissibilidade: da tentativa 2.4. Quanto à extraterritorialidade da lei penal brasileira 2.5. Quanto à competência para processar e julgar 2.6. Quanto ao limite das penas 2.7. Quanto ao período de prova do sursis 2.8. Quanto ao cabimento de prisão preventiva e temporária 3. SUJEITOS (ATIVO E PASSIVO) DO CRIME Sujeito ativo do crime é a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física capaz e com 18 (dezoito) anos completos pode ser sujeito ativo de crime. 0 Pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de crime? O sujeito passivo é a pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Pode figurar como sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, destituído de personalidade jurídica (ex: coletividade, família, etc.), caso em que o crime é chamado pela doutrina de vago. O sujeito passivo classifica-se em: A) sujeito passivo constante ':mediato, formai, geral ou genérico): será sempre o Estado, interessado na manutenção da paz pública e da ordem social.(B) sujeito passivo eventual (imediato, material, particular ou acidental): é o titular do interesse penalmente protegido. Morto pode ser sujeito passivo? Animal pode ser sujeito passivo? Pode o homem ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo do crime? 4. OBJETOS (MATERIAL E JURÍDICO) DO CRIME MATERIAL 4.1-Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. É possivel crime sem objeto material? 4.2-Objeto jurídico do delito ou bem jurídico tutelado ou, também, objetividade jurídica - revela o interesse tutelado pela norma, o bem jurídico protegido pelo tipo penal TEORIA GERAL DO CRIME 1-TEORIA CLÁSSICA OU MECANICISTA Fato Típico Antijurídico ou ilicitude Culpabilidade Conduta (dolo e culpa) imputabilidade Resultado naturalístico DOLO E CULPA Nexo de causalidade Tipicidade 2- Teoria adotada pelo Código Penal e pela doutrina no conceito analítico de crime. 2.1- A teoria adotada pelo código Penal é a finalista bipartida O crime segundo esta teoria é composto pelo fato típico e antijurídico, que seria a concepção bipartida e finalista, onde também a culpabilidade seria apenas um pressuposto para a aplicação da pena Crime é o Fato típico + antijurídico- culpabilidade (pressuposto para aplicação da pena) Fato típico Antijurídico ou ilicitude Conduta (dolo e culpa) 4 FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Penal | Material Complementar Professor Antonio Pequeno. Resultado naturalístico Nexo de causalidade Tipicidade 2.2- A teoria adotada pela doutrina é a finalista tripartida A Teoria Tripartida exige que, para que haja crime, o fato seja típico, ilícito e culpável, faltando um desses elementos o crime é afastado. Para que não haja crime, o fato precisa ser: ou atípico; ou enquadrado em uma das hipóteses de exclusão da ilicitude (estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito, CP, art. 23, incisos I, II e III); ou que seja cabível ao caso concreto alguma das excludentes de culpabilidade (inimputabilidade; potencial consciência da ilicitude; e inexigibilidade de conduta diversa). Fato Típico Antijurídico ou ilicitude Culpabilidade Conduta (dolo e culpa) imputabilidade Resultado naturalístico Potencial consciência da ilicitude Nexo de causalidade Exigibilidade de conduta diversa Tipicidade 3- Fato Típico e seus elementos Fato típico – conceito: é a conduta (positiva ou negativa) que provoca um resultado (em regra) que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal O fato típico é composto dos seguintes elementos: conduta, resultado naturalístico, nexo de causalidade e tipicidade FATO TÍPICO CONDUTA RESULTADO NATURALÍSTICO NEXO DE CAUSALIDADE TIPICIDADE 3.1-CONDUTA Conduta é o agir humano consciente e voluntário, dirigido a uma finalidade O tipo penal não descreve qualquer fato, mas somente condutas. *obs.: 1 São características da conduta: A) comportamento humano, consistente num movimento ou abstenção de movimento corporal; B) voluntariedade *Obs .: 2 Toda conduta humana deve ser consciente e voluntária. 3.1.1-FORMAS DE CONDUTA A conduta compreende duas formas: o agir e o omitir-se (desde que voluntários). A) Ação: O termo ação, em sentido amplo, as abarca, embora seja mais interessante seguir os exemplos do Código, e usar a palavra ação como sinônimo de ação positiva. O crime comissivo — praticado por ação — é o mais fácil de conceituar. Corresponde a um movimento corpóreo do indivíduo. Uma alteração da posição dos músculos, determinada pelo cérebro de acordo com a vontade do indivíduo. Faz-se o que não se poderia fazer. B) omissão: termo omissão para designar a ação negativa. Conduta seria a palavra mais apropriada como denominador comum. Os crimes omissivos, por sua vez, apresentam maior dificuldade, eis que não é a atuação do indivíduo que causa o dano. Pune-se o agente por ter deixado de agir conforme a norma penal não fez o que tinha obrigação de fazer. Logo, a omissão só é verificável confrontando-se a conduta praticada com a conduta exigível, o que implica, necessariamente, uma valoração por parte do juiz. Crimes omissivo próprios e crimes omissivos impróprios Há duas espécies de crimes omissivos. Os omissivos próprios e os omissivos impróprios. 5 FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Penal | Material Complementar Professor Antonio Pequeno. Os omissivos próprios contém, na definição do tipo penal, um verbo que indica a falta de ação, normalmente o verbo deixar. A descrição típica alude a um não-fazer (omissão de socorro, abandono intelectual, omissão de notificação de doença etc.). Já os omissivos impróprios são crimes comissivos praticados mediante uma omissão. Um exemplo: quem deixa de alimentar uma criança, e causa-lhe a morte, pratica um homicídio por omissão. O tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por uma inação. A diferença básica entre um e outro consiste em que, no primeiro, o resultado é produzido por conta da omissão, enquanto, no segundo, outra causa produz o resultado, mas se exigia do agente uma ação positiva no sentido de evitá-lo, rompendo o nexo de causalidade. Há duas espécies de crimes omissivos. Os omissivos próprios e os omissivos impróprios. Os omissivos próprios contém, na definição do tipo penal, um verbo que indica a falta de ação, normalmente o verbo deixar. A descrição típica alude a um não-fazer (omissão de socorro, abandono intelectual, omissão de notificação de doença etc.). Já os omissivos impróprios são crimes comissivos praticados mediante uma omissão. Um exemplo: quem deixa de alimentar uma criança, e causa-lhe a morte, pratica um homicídio por omissão. O tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por uma inação. A diferença básica entre um e outro consiste em que, no primeiro, o resultado é produzido por conta da omissão, enquanto, no segundo, outra causa produz o resultado, mas se exigia do agente uma ação positiva no sentido de evitá-lo, rompendo o nexo de causalidade. 3.1.2-Ausência de conduta A) coação física irresistível B) Estados de inconsciência (sonambulismo, hipnose,etc...) C) Atos reflexos 3.2- RESULTADO Resultado é uma modificação no mundo exterior que se segue, como conseqüência, à primeira modificação, que é a conduta. O resultado é, dentre os efeitos da prática da conduta, o que a lei penal entende como suficiente à configuração do crime. Há, no entanto, delitos sem resultado, nos quais o legislador procurou antecipar a punição, recaindo esta, unicamente, sobre a prática da conduta. 3.2.1 – Resultado Naturalístico De acordo com o resultado naturalístico, as infrações penais classificam-se em: A) Crime material: também chamados “crimes de ação e resultado”, pois o tipo penal descreve tanto a conduta quanto seu efeito. Se este não ocorrer, por circunstâncias alheias à vontade do agente, haverá tentativa. Ex.: homicídio (o resultado é a morte); furto (subtração); peculato (apropriação); estupro (conjunção carnal). B) Crime Formal: existe um resultado possível e desejado pelo agente, mas o tipo penal não exige sua ocorrência, punindo a simples prática da conduta. Ex.: corrupção ativa (basta prometer a vantagem, ainda que esta não seja aceita); extorsão (consuma-se somente com a prática da violência ou grave ameaça); calúnia (não é necessário comprovar que a honra foi lesionada, bastando o ato de ofender). C) Crime de mera conduta: o tipo descreve apenas a conduta, sem se referir a qualquer resultado. Ex.: violação de domicílio, desobediência, porte de arma etc 3.2.2- Resultado normativo ou jurídico Refere-se à própria lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado (ex.: a incolumidade e a saúde públicas, nos crimes contra a saúdepública; a fé pública, nos crimes de falsidade documental; a vida, no crime de homicídio; o patrimônio, no crime de furto). Pode-se dizer, portanto, que nem todo crime acarreta resultado naturalístico, mas todo crime exige resultado jurídico ou normativo, como afirma SANTIAGO MIR PUIG, não responde à questão do porque ser este ou aquele fato contrário ao direito, surgindo, como resposta a essa indagação, o conceito de antijuridicidade ou ilicitude material, ou seja, o próprio conteúdo do injusto. 3.2.3 – Resultado previsto no art.13 do CÓDIGO PENAL 6 FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Penal | Material Complementar Professor Antonio Pequeno. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera- se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 3.3-NEXO DE CAUSALIDADE (entre a conduta e o resultado, salvo nos crimes de mera conduta e formais) 3.3.1-Conceito: É a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. Adotou o CP a teoria da equivalência dos antecedentes, que considera causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera- se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 3.3.2- Teoria da equivalência dos antecedentes causais: É a adotada pelo art.13 do Código Penal *procedimento hipotético de eliminação de Thyrén - Para saber se determinado fato é ou não causa do resultado, utiliza-se o método hipotético de Thyrén: se não houvesse o fato, o resultado teria ocorrido? Se se concluir que não, é porque o fato foi causador do resultado. Assim, quando se procura definir se uma conduta foi ou não causa de determinado resultado pergunta-se: caso a conduta não tivesse sido praticada, o resultado teria ocorrido? Se o resultado se modificasse, é porque a conduta lhe foi causa. Boa parte dos crimes contém, em sua descrição típica, uma conduta (fazer ou não fazer humano), da qual resulta uma lesão ou perigo de lesão a algum bem juridicamente tutelado. A responsabilidade penal não se baseia unicamente no resultado, mas sobretudo na vontade e na intenção apresentadas pelo agente. Necessário, entretanto, ligar-se o agente ao resultado por meio de uma relação lógica de causa-efeito, em que a conduta seja condição sine qua non para que o resultado ocorra. É o que faz o Código, ao considerar causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 3.3.3-Limites ao regresso ad infinitum ou complemento à teoria conditio sine qua non *Análise de dolo ou culpa - Depois de se estabelecer o nexo de causalidade, atenta-se para a culpa (lato sensu) do agente. Assim, a responsabilidade penal só se dará com a presença do aspecto objetivo (nexo causal) e do aspecto subjetivo (culpa). Não há lugar, no Direito Penal, para a responsabilidade objetiva2 3.3.4- ESPÉCIES DE CAUSAS 3.4.1 – CAUSAS ABSOLOTUMANTE INDEPENDENTES Quando a causa é absolutamente independente, não há nexo NAS TRÊS HIPÓTESES ABAIXO, A CONDUTA DO AGENTE NÃO POSSUI RELAÇÃO COM O RESULTADO. 3.4.1.1-CAUSA PREEXISTENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE (ART.13 CAPUT). Ex.: Esposa, de forma insidiosa, às 20:00 h põe veneno na comida do seu marido, Antônio, e este come a comida envenenada. Logo depois, um desafeto deste, efetua três disparos tentando matá-lo. Ocorreu o resultado, entretanto, a perícia constatou que a causa da morte foi o veneno. O agente que efetuou os disparos não responderá pelo resultado morte, homicídio, e sim por tentativa de homicídio. 3.4.1.2- CAUSA CONCOMITANTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE Ex.: Esposa, de forma insidiosa, às 20:00 h põe veneno na comida do marido e este no momento que está comendo a comida envenenada é alvejado com três disparos efetuado por um desafeto, que tinha ameaçado matá-lo. Ocorreu o resultado morte, tendo em vista os tiros. O agente que efetuou os disparos responderá pelo resultado morte, homicídio, e a esposa por tentativa de homicídio. 3.4.1.3-CAUSA SUPERVINIENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE Ex.: Esposa, de forma insidiosa, às 20:00 h põe veneno na comida do seu marido, Antonio Natalino, e este come a comida envenenada. Natalino no momento que está descansando no sofá, após ter ingerido a alimentação, o lustre cai na sua cabeça e ele vem a falecer por traumatismo craniano. A esposa responderá pelo seu ato anterior, ou seja, por tentativa de homicídio. 3.4.2-CAUSAS RELATIVAMENTES INDEPENDENTES 7 FOCUSCONCURSOS.COM.BR Direito Penal | Material Complementar Professor Antonio Pequeno. 3.4.2.1-CAUSA PREEXISTENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE o indivíduo é ferido mas, por ser diabético, não consegue a cicatrização, e morre em virtude das complicações advindas do ferimento 3.4.2.2. CAUSA CONCOMITANTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE Diversas pessoas agridem, a socos e pontapés, a vítima, que morre em decorrência de todos as pancadas. 3.4.2.3- CAUSA SUPERVINIENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE QUE NÃO CAUSA,POR SI SÓ, O RESULTADO. Alguém é ferido e, levado ao hospital, a ferida infecciona, produzindo sua morte. 3.4.2.4- CAUSA SUPERVINIENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE QUE CAUSA, POR SI SÓ, O RESULTADO (ART.13, §1º DO CP). o ferido é levado ao hospital e, no caminho, por imprudência do motorista, a ambulância abalroa um poste, causando a morte do paciente por traumatismo craniano. (Note-se que o desdobramento fugiu do que normalmente acontece). 4-TIPICIDADE (enquadramento do fato material a uma norma penal). Exemplo : A praticou a conduta esfaquear (conduta); B morreu (resultado); B morreu em conseqüência das lesões produzidas pelas facadas (nexo causal); todo esse acontecimento se enquadra no artigo 121 do Código Penal (tipicidade). Atenção: nos crimes formais não se exige a produção do resultado. 8
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